Integrais de superfície
Prof. Dr. Gustavo A. Lanfranchi
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Integral de superfície.
Superfícies, área.
Integral de superfície.
Fluxo de uma grandeza vetorial.
Teorema de Gauss.
Superfícies parametrizadas
Assim como é possível descrever uma curva por uma função r(t), pode-se representar uma superfície por uma função vetorial de duas variáveis r (u,v). Seja: ⃗r (u , v )=x (u , v )^i+ y (u , v )^j+z(u , v) ^k
O conjunto de pontos (x,y,z) em R³ :
x=x (u , v ) y= y (u, v) z=z (u , v )
É a superfície parametrizada S e as equações são as equações paramétricas de S.
Superfícies parametrizadas
Exercício 1: identifique a superfície com equação vetorial:⃗r (u , v )=2 cosu ^i+v ^j+2 sen u ^k x=2cos u y=v z=2 sen u
Para qualquer ponto em y: x2+z2=4 cos2u+4 sen2u=4
Exercício 2: determine uma representação paramétrica da esfera: x2+ y2+z2=a2
ρ=a x=a senϕcosθ y=a senϕsenθ z=a cosϕ
Superfícies parametrizadas
Exercício 3: determine uma representação paramétrica do cilindro:
Exercício 4: determine uma função vetorial que represente o paraboloide elíptico:
x2+2 y2=z
x=x y= y z=x2+2 y2 r ( x , y )=x ^i+ y ^j+(x2+2 y2) ^k x2+ y2=4 0≤z≤1
r=2 x=2cosθ y=2 senθ z=z 0≤θ≤2π r (θ, z)=2cosθ^i+2 senθ^j+z ^k
Superfícies de revolução
Quando uma curva é girada ao redor de eixo, uma superfície é formada – superfície de revolução.
A esfera, por exemplo, é uma superfície de revolução de uma circunferência.
y=
√
a2−x2Superfície de revolução também podem ser parametrizadas. Suponha uma superfície S obtida pela revolução da curva y = f (x), a ≤ x ≤ b, em torno do eixo x, sendo θ o ângulo de rotação.
Superfícies de revolução
Exercício 5: determine as equações paramétricas da superfície gerada pela rotação da curva y = sen x, 0 ≤ x ≤ 2π, em torno do eixo x.
x=x y=f ( x)cosθ z=f ( x)senθ
Planos tangentes
Dada uma superfície parametrizada S, determinada por uma função vetorial
r(u,v), é possível determinar um plano tangente em um ponto P0, com vetor posição r(u0,v0). ⃗ rv=∂x ∂v (u0, v0)^i+ ∂ y ∂v (u0, v0) ^j+ ∂z ∂v (u0, v0) ^k O vetor tangente a C1 (curva com u constante) em P0, é dado pela derivada parcial de r em relação à v.
É possível fazer o mesmo com uma curva C2 (com v constante) em P0. P vetor tangente será dado pela derivada parcial de r em relação à u.
⃗ ru=∂ x ∂u(u0, v0) ^i+ ∂ y ∂u (u0, v0) ^j+ ∂z ∂u (u0, v0) ^k
Se ru x rv ≠ 0 então a superfície S é chamada lisa e, nesse caso, o plano tangente é o que contém os vetores ru e rv e o vetor normal ao plano tangente é dado por ru x rv .
Planos tangentes
Exercício 6: determine o plano tangente à superfície com equações paramétricas x = u² , y = v² , z = u + 2v no ponto (1, 1, 3).
⃗ rv=∂x ∂v (u0, v0)^i + ∂ y ∂v (u0, v0)^j+ ∂ z ∂v (u0, v0) ^k = ∂u2 ∂v ^i+ ∂v2 ∂v ^j+ ∂(u+2 v) ∂v ^k ⃗ rv=2 v ^j+2 ^k ⃗ ru×r⃗v=
|
⃗i ⃗j ⃗k 2u 0 1 0 2 v 2|
⃗ ru=∂ x ∂u(u0, v0)^i + ∂ y ∂u (u0, v0)^j+ ∂z ∂u (u0, v0) ^k = ∂u2 ∂u ^i+ ∂v2 ∂u ^j+ ∂(u+2 v) ∂u ^k ⃗ ru=2u^i + ^k =(4 uv ) ^k−2 v ^i−(4 u) ^j ⃗ponto (1,1,3) =−2 ^i−4 ^j+4 ^k⃗equação do plano −2( x−1)−4( y−1)+4 ( z−3)=0 x+2 y−2 z+3=0
Área de superfície
Dada uma superfície parametrizada S, determinada pela equação: ⃗r (u , v )=x (u , v ) ^i+ y (u , v )^j+z(u , v) ^k (u , v)∈D a área da superfície é: A( S)=
∬
D
|r⃗u×r⃗v|dA
Se a superfície S for dada com uma equação z = f(x,y), então as equações paramétricas serão: x=x y= y z=f ( x , y) A( S)=
∬
D√
(
∂z ∂x)
2 +(
∂ z ∂ y)
2 +1dAÁrea de superfície
Exercício 7: determine a área de uma esfera de raio a.ρ=a x=a senϕcosθ y=a senϕsenθ z=a cosϕ
r (θ,ϕ)=a senϕcosθ^i+a senϕ senθ^j+a cosϕ ^k D=[0,π]x [0,2π]
⃗ rϕ×r⃗θ =
|
⃗i ⃗j ⃗k ∂ x ∂ϕ ∂ y ∂ϕ ∂z ∂ϕ ∂ x ∂θ ∂ y ∂θ ∂z ∂θ|
=|
⃗i ⃗j ⃗ka cosϕcosθ a senϕsenθ −a senθ
−a cosϕsenθ a senϕcosθ 0
|
=a2sen2ϕcosθ^i+a2sen2ϕsenθ ^j+a2senϕcosϕ ^k →|r⃗ϕ×r⃗θ|=
√
a4sen4ϕcos2θ+a4sen4ϕsen2θ+a4sen2ϕcos2ϕ =a2senϕ A( S)=∬
D |⃗ru× ⃗rv|dA A( S)=∫
o 2π∫
o π a2senϕdϕdθ =a2∫
o 2π dθ∫
o π senϕd ϕ =a2(2π)2=4πa2Área de superfície
Exercício 8: determine a área da parte do paraboloide z = x² + y² que está abaixo do plano z = 9. A( S)=
∬
D√
(
∂z ∂ x)
2 +(
∂ z ∂ y)
2 +1dA x=x y= y z=x2+ y2 → ∂z ∂x=2 x ∂ z ∂ y=2 y → A(S)=∬
D√
(2 x)2+(2 y)2+1dA =∬
D√
4 (x2+ y2+1)dA Em coordenadas polares: A( S)=∫
o 2π∫
0 3√
1+4 r2rdr dθ =∫
o 2π dθ∫
0 3 r√
1+4 r2dr =∫
o 2π dθ∫
1 37 1 8 u 1/2du(
1+4 r2=u 8r dr=du)
=2π 1 8 2 3[
u 3 /2]
1 37 =π 6 (37√
37−1)Integrais de superfície
A relação entre a área de uma superfície parametrizada e a integral de superfície é semelhante àquela entre a integral de linha e o comprimento de um arco.
Para superfícies parametrizadas, suponha uma dada pela equação:
Tem-se então a relação:
∬
S f ( x , y , z) dS=∬
D f (⃗r (u , v))|r⃗u×r⃗v|dA ⃗r (u , v )=x (u , v ) ^i+ y (u , v )^j+z(u , v) ^k (u, v)∈D∬
S 1dS=A (S)=∬
D |r⃗v×r⃗v|dAA integral de superfície também pode ser utilizada para calcular o centro de massa, a massa, o momento de inércia, etc.
m= 1
Integrais de superfície
Exercício 9: calcule a integral de superfície abaixo na esfera de raio unitário x² + y² + z² = 1 .
∬
s
x2dS
x=a senϕcosθ y=a senϕ senθ z=a cosϕ
r (θ,ϕ)=a senϕcosθ^i+a senϕ senθ^j+a cosϕ ^k
⃗ rϕ×r⃗θ =
|
⃗i ⃗j ⃗k ∂ x ∂ϕ ∂ y ∂ϕ ∂z ∂ϕ ∂ x ∂θ ∂ y ∂θ ∂z ∂θ|
=|
⃗i ⃗j ⃗kcosϕcosθ senϕsenθ −senθ
−cosϕsenθ senϕcosθ 0
|
=senϕ
∬
S f ( x , y , z) dS=∬
D f (⃗r (u , v))|r⃗v×r⃗v|dA =∬
D(senϕcosθ)2senϕdA
=
∫
0 2π cos2θdθ∫
o π sen2ϕsenϕdϕ =1 2∫
0 2π (1+cos 2θ)dθ∫
o π 1 2(1−cos2ϕ)senϕd ϕ =1 2[
θ+ 1 2 sen 2θ]
0 2π[
−cosϕ+ 1 3 cos 3 ϕ]
0 π =4π 3Integrais de superfície
Quando a superfície for dada por uma gráfico, a parametrização será:
∬
S f ( x , y , z) dS=∬
D f ( x , y , g( x , y))√
(
∂z ∂x)
2 +(
∂z ∂ y)
2 +1dA x=x y= y z=g( x , y) →Exercício 10: calcule a integral de superfície abaixo em z = x + y², 0 ≤ x ≤ 1, 0 ≤ y ≤ 2 .
∬
s y dS∬
S f ( x , y , z) dS=∬
D f ( x , y , g( x , y))√
(
∂ z ∂ x)
2 +(
∂z ∂ y)
2 +1dA ∂ z ∂x=1 ∂z ∂ y=2 y→∬
S y dS=∬
D y√
(1) 2 +(2 y)2+1dA =∫
0 1∫
0 2 y√
2+4 y2dy dx =∫
0 1 dx∫
0 2 y√
2(1+2 y2)dy =√
2∫
0 2 y√
1+2 y2dy(
1+2 y2=u 4 y dy=du)
→ =√
2 1 4 2 3(
u 3/2)
19 =13 3√
2 =√
2 1 4∫
1 9√
u duIntegrais de superfície
No caso de um campo vetorial, asuperfície deve ser orientada, isto é, com dois lados.
Em cada ponto da superfície existem dois vetores normais unitários n1 e n2 = - n1.
Imagine um fluido com densidade ρ(x,y,z) e campo de velocidade v(x,y,z) escoando através de uma superfície orientada S. A vazão desse fluido será ρ.v.
Para uma pedaço pequeno da superfície S0, pode-se aproximar a vazão na direção do vetor normal por:
(ρ⃗v⋅⃗n) A( S0)
∬
S ρ⃗v⋅⃗n dS=∬
S ρ(x , y , z)⃗v ( x , y , z)⋅⃗n( x , y , z)dSIntegrais de superfície
Essa é a vazão através da superfície S. E a integral é a integral de superfície ou integral de fluxo.
∬
S
⃗
F⋅⃗n dS
Se a vazão (ρ.v) for escrita como um campo vetorial F, a integral fica:
Portanto: se F for um campo vetorial contínuo definido sobre uma superfície orientada S com vetor unitário n, então a integral de superfície de F em S é:
∬
S ⃗ F⋅d ⃗S=∬
S ⃗ F⋅⃗n dS Esse é o fluxo de F através de S.Se a função r(u,v) for conhecida, então:
∬
S ⃗ F⋅d ⃗S=∬
D ⃗ F⋅(r⃗u×r⃗v)dAIntegrais de superfície
Exercício 11: calcule o fluxo do campo vetorial F (x,y,z) = zi +yj + xk através da esfera de raio unitário x² + y² + z² = 1 .
r (θ,ϕ)=a senϕcosθ^i+a senϕsenθ^j+a cosϕ ^k 0≤ϕ≤π , 0≤θ≤2π, a=1 ⃗
rϕ×r⃗θ=a2sen2ϕcosθ^i+a2sen2ϕ senθ ^j+a2senϕcosϕ ^k
∬
S ⃗ F⋅d ⃗S=∬
D ⃗ F⋅(r⃗ϕ×r⃗θ)dA∬
S ⃗ F⋅d ⃗S=∬
Dcosϕsen2ϕcosθ + senϕsenθsen2ϕsenθ + senϕcosθsenϕcosϕdA
=
∫
0 2π∫
0 π(2cosϕsen2ϕcosθ + sen3ϕsen2θ)d ϕ d θ =2
∫
0 2π cosθd θ∫
0 π cosϕsen2ϕdϕ +∫
0 2π sen2θdθ∫
0 π sen3ϕdϕ =0+∫
0 2π sen2θdθ∫
0 π sen3ϕdϕ =1 2∫
0 2π (1+cos 2θ)d θ∫
o π senϕ 1 2(1−cos 2ϕ)d ϕ = 1 2[
θ+ 1 2 sen 2θ]
0 2π[
−cosϕ+ 1 3 cos 3 ϕ]
0 π = 4π 3Integrais de superfície
As integrais de superfície podem também ser aplicadas no estudo de fluxo de calor. Ele é definido com o campo o vetorial:
E a taxa de transmissão térmica é dada pela integral: ⃗
F=−K ∇ ⃗u K : condutividade térmica
∬
S ⃗ F⋅d ⃗S=−K∬
S ∇ ⃗u⋅d ⃗SEm física, dado um campo elétrico E, o seu fluxo e a Lei de Gauss são: ΦE=
∬
S ⃗ E⋅d ⃗S∬
S ⃗ E⋅d ⃗S=εqi 0Teorema de Gauss
O teorema de Gauss (ou da divergência) relaciona a integral de superfície com a integral tripla do divergente do campo vetorial.
∬
S ⃗ F⋅⃗n dS=∭
B div ⃗F dVExercício 12: utilizando o teorema da divergência calcule a integral de superfície do campo F (x,y,z) = x i + yj + z² k na superfície do cilindro x² + y² = 1, 0 ≤ z ≤ 1.