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O Direito Romano

4) Pessoa - Conceitos gerais - liberdade/escravidão, cidadania e família

 Pessoa: o termo pessoa provém de persona ou “per sonare”.

Persona era uma máscara de teatro que, em Roma, os atores usavam em cena - essa máscara possuía um recurso acústico que aumentava o som (como um megafone natural -daí “per sonare” = ou para produzir som). Com o tempo, persona passou a designar o próprio personagem representado pelo ator.

Mais tarde, pessoa passou a ser sinônimo de indivíduo.

Em Roma, para ser considerado pessoa era necessário satisfazer duas condições: I. era necessário o nascimento com vida, além de ter viabilidade física e orgânica para continuar a viver.

Lembrem-se que, segundo a Lei das XII Tábuas, o pai poderia sacrificar o filho que nascesse com deficiências; e

II. Status

Para o Direito Romano, a palavra Status significa condição, situação.

STATUS é a posição que cada indivíduo ocupa dentro do grupo social a que pertence. Assim, é a situação de um indivíduo relativamente à sociedade

Quanto ao Status (condição, situação perante a sociedade e capacidade civil) havia: a) O Status Libertatis - que definia a condição da pessoa quanto à liberdade:

escravo ou livre;

b) O Status Civitatis - que definia a condição da pessoa quanto à cidade de Roma: cidadão romano ou não, e

c) O Status familiae - que definia a condição da pessoa dentro de sua família. Poderia ser:

 Paterfamilias (o patriarca, o chefe da família, que tinha direito de vida e de morte sobre todos os seus familiares e escravos) ou

 subordinado a um Paterfamilias (mulher, filhos e filhas).

O Status Libertatis - A liberdade é o bem mais precioso do ser humano. Assim, a

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A escravidão é conhecida desde os tempos mais remotos. Sua origem provém dos aprisionamentos de guerra, nos quais os vencidos passavam ao domínio dos vencedores.

Era uma das penas mais cruéis que se impunham aos vencidos.

É uma pratica contrária ao Direito Natural, pois todo ser humano deve ser livre. Mas em Roma a escravidão era admitida pelo Direito.

Eram duas as fontes da escravidão:

1- a captura como prisioneiro de guerra:

Os inimigos capturados que sobreviviam eram reduzidos à escravidão.

Eram considerados escravos não só os inimigos que fossem capturados nas guerras, como também, da mesma forma, os cidadãos romanos que, nas guerras, caíssem prisioneiros de uma nação estrangeira. Contudo, estas capturas só transformavam o romano em escravo se ocorressem em guerras declaradas oficialmente. Os aprisionamentos por piratas ou por lutas entre particulares não eram capazes de transformar, para as leis romanas, cidadãos romanos em escravos.

O Direito Romano previa, também, que, se o romano fugisse do cativeiro e voltasse a Roma, voltava a adquirir todos os seus direitos de cidadão livre.

2- O nascimento:

A regra que valia era o filho seguir a condição da mãe. Filho de escrava escravo era.

Contudo, com o tempo essa regra sofreu alterações. Primeiro considerou-se que se a mãe tivesse sido livre na época do parto o filho era livre. Mais tarde, admitiu-se que se a mãe, entre a concepção e o parto tivesse sido livre, o filho era considerado livre.

O Direito antigo também acolheu a escravidão. Mas, as fontes da escravidão eram outras. Vejamos:

1- A recusa em prestar serviço militar; 2- A deserção;

3- A recusa em inscrever-se no censo (que ocorria a cada cinco anos); 4- A insolvência (falta de capacidade de pagar as dívidas);

5- A prisão em flagrante por furto;

6- A ingratidão do escravo libertado para com quem o libertou (tal fato conduzia-o novamente à escravidão);

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7- A fraude daqueles (maiores de vinte anos) que se fingiam de escravos e eram vendidos a terceiros para auferir lucro;

8- A prática sexual entre uma mulher livre e um escravo alheio também era passível de torná-la escrava do dono do escravo (mas, para isso, a mulher precisava ser advertida três vezes e não atender à proibição).

O escravo não tinha direitos políticos (de votar e de exercer qualquer magistratura), não podia se casar, era considerado coisa (res).

O senhor tinha direito de vida e de morte sobre o escravo.

Havia também escravos que não tinham Senhor. Esses eram considerados escravos das penas. Por exemplo:

 Os criminosos que eram condenados às feras nos circos (tinham que lutar até à morte contra leões e outros animais selvagens para divertir o público - contudo, eram diferentes dos gladiadores, porque estes eram contratados por seus senhores); ou

 Criminosos que eram condenados a trabalhos forçados (nas minas, nas pedreiras, remando embarcações de guerra, etc...).

Alforria ou Manumissão.

Manumissão era o ato pelo qual o senhor libertava seu escravo (deixava de ser escravo).

O escravo livre recebia o nome de libertus (em relação ao Senhor) ou libertinus (em relação às demais pessoas).

Para manumissão (alforria) havia formas solenes e não-solenes:

FORMAS SOLENES:

1- Pelo censo: o Senhor inscrevia o escravo no censo, assim ele ficava livre. Da mesma forma, o libertinus (escravo manumitido ou alforriado) que deixasse de se inscrever no censo, a partir daquele instante, voltava a ser escravo.

2- Pela vindicta: tratava-se de um ritual ao qual deveriam comparecer perante um magistrado: o Senhor, o escravo, e uma terceira pessoa. Essa terceira pessoa tinha a função especial de declarar, perante o magistrado, a liberdade daquele escravo. Então, o declarante (a terceira pessoa), com uma varinha (que se chamava vindicta), tocava no escravo pronunciando palavras solenes e afirmava: “declaro este homem livre”.

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Se o dono do escravo não contestasse naquele momento, o magistrado tinha o dever de declarar o escravo livre.

3- Pelo testamento: o Senhor podia, por testamento, libertar o seu escravo (mais tarde veremos as formas de testamento, quando falarmos de sucessão)

FORMAS NÃO-SOLENES:

1- Per epistolam (por carta): O senhor declarava em uma carta (ao escravo), assinada por cinco testemunhas que o escravo tinha se tornado livre

2- Inter amicos (entre amigos): Na presença de cinco testemunhas, o Senhor declarava que o escravo ficava, a partir daquele instante, livre.

3- Ad mensam: O senhor recebia o escravo à sua mesa de refeição para um banquete ou uma ceia (naturalmente na presença de várias pessoas) e o declarava livre para todos os efeitos.

b) O Status Civitatis

Civitate era o conjunto dos cidadãos que constituíam uma cidade (civitas); daí a expressão civil.

Civitas (era a cidade, assim como a polis, para os gregos) era a comunidade organizada politicamente.

Dessa forma, status civitatis é o estado (ou condição) de cidadão (em termos políticos).

Status civitatis correspondia ao vínculo político que ligava o indivíduo ao Estado, o qual lhe atribuía direitos e deveres de natureza política.

Em Roma, o direito público bem como o privado, a princípio, só valia para os cidadãos romanos (Quirites).

Já vimos que aos estrangeiros (= peregrini) não era aplicado jus civile, mas sim o jus gentium.

Vejamos a situação dos estrangeiros. Pelo jus gentium o estrangeiro podia:

• adquirir propriedades, mesmo em Roma e • podia fazer testamento.

Entre os estrangeiros, destacaram-se os latinos que tinham uma posição privilegiada.

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a dos cidadãos romanos, porque:

• Tinham o direito de votar nos comícios (jus sufragii) quando se encontravam em Roma,

• podiam comerciar (jus commercii) e • contrair matrimônio (jus conubii).

Em 89 a.C., a cidadania romana foi estendida a todos os povos que habitavam a Itália.

A cidadania romana era adquirida por nascimento, caso o pai fosse romano e fosse casado pelo jus civile.

Caso o pai, mesmo romano, não fosse casado com a mãe da criança, o filho seguia a condição da mãe:

• se fosse romana, o filho seria romano • se não fosse romana, o filho não seria.

A cidadania romana podia ser perdida da seguinte forma: 1- pela perda da liberdade.

2- pelo exílio (era uma pena aplicada aos romanos) 3- pela deportação (aplicava-se aos estrangeiros),

4- renúncia (alguém que renunciasse à cidadania romana).

c) Status familiae - Situação Familiar

Já falamos que a família romana era patriarcal. A família era diferente da família atual. Era um clã, no qual o chefe era o ancestral mais velho (por exemplo, se o avô fosse vivo, os filhos mesmo casados, ficavam submetidos ao poder do avô - o avô era o parterfamilias).

O parterfamilias tinha todos os poderes sobre a família.

Para o Direito Romano, chamava-se “Sui Juris” as pessoas que tinham plenos poderes (podiam votar e serem votados, adquirir propriedades, ter escravos, candidatar-se a cargos públicos, fazer testamento).

Os paterfamilias – chefes de família - eram Sui Juris .

Chamava-se “Alieni Juris” as pessoas que, dentro da família, não tinham todos os direitos . Assim, todas as outras pessoas da família que estavam sujeitas ao poder do paterfamilias (a esposa - materfamilias - os filhos - mesmo os casados -, as filhas e as

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noras) eram Alieni Juris.

Todos se subordinavam ao paterfamilias até a sua morte.

Em resumo, o paterfamilias era o ancestral vivo mais velho do clã, era Sui Juris. Os demais membros eram alieni juris.

Dentro da família romana, só o paterfamilias tinha propriedades – todo o patrimônio familiar pertencia a ele.

Assim, para o Direito Romano, uma pessoa para ter plena capacidade civil tinha satisfazer aos três status. Tinha que ser:

1- cidadão romano (status Civittatis) 2- livre (status libertatis) e

3- sui juris (Status familie) Capitis deminutio

Chamava-se Capitis deminutio qualquer mudança (para pior) nos requisitos do status - da capacidade – de determinada pessoa.

Por exemplo, se :

• uma pessoa livre passava a ser escrava; ou

• uma pessoa perdia a cidadania romana, porque foi submetido à pena de exílio ou deportação– por conspiração contra o Estado; ou ainda

• quando uma pessoa passava de uma família para outra – por adoção

Em Roma era comum a adoção de pessoas adultas. Estas pessoas, quando desejavam receber a proteção de alguém mais poderoso poderiam ser adotadas.

Assim, se um paterfamilias (que era sui juris) passasse, por adoção, ao domínio de um outro paterfamilias, tornava-se, a partir de então, alieni juris1.

Assim havia as seguintes mudanças de status (Capitis deminutio):

• Capitis deminutio máxima – significava a perda da liberdade (alteração no status libertatis);

• Capitis deminutio média – significava a perda da cidadania romana (alteração no status civitatis); e

• Capitis deminutio mínima – significava a perda da condição de sui juris, passando a alieni juris (alteração no status familiae).

1 Em geral, nesses casos, quando o paterfamilias não tinha filho do sexo masculino procurava adotar alguém que

pudesse ser seu herdeiro que viria a ocupar seu lugar, ficando com a obrigação de cuidar de toda a família. (O herdeiro era sempre o filho mais velho – veremos mais detalhes a seguir)

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Referências

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