• Nenhum resultado encontrado

As patentes no Sistema Agroindustrial Brasileiro e os produtos Brasileiros patenteados por estrangeiros.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "As patentes no Sistema Agroindustrial Brasileiro e os produtos Brasileiros patenteados por estrangeiros."

Copied!
75
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM SISTEMAS AGROINDUSTRIAIS (PPGSA)

XANGAI GUSTAVO VARGAS

AS PATENTES NO SISTEMA AGROINDUSTRIAL BRASILEIRO E OS PRODUTOS BRASILEIROS PATENTEADOS POR ESTRANGEIROS

POMBAL - PB 2017

(2)

XANGAI GUSTAVO VARGAS

AS PATENTES NO SISTEMA AGROINDUSTRIAL BRASILEIRO E OS PRODUTOS BRASILEIROS PATENTEADOS POR ESTRANGEIROS

Dissertação apresentada à Universidade Federal de Campina Grande como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Sistemas Agroindustriais do PPGSA\CCTA.

Orientadores: Prof. MSc. Patrício Borges Maracajá e Profª. Doutoranda Aline Carla de Medeiros e

POMBAL - PB 2017

(3)

XANGAI GUSTAVO VARGAS

AS PATENTES NO SISTEMA AGROINDUSTRIAL BRASILEIRO E OS PRODUTOS BRASILEIROS PATENTEADOS POR ESTRANGEIROS

Aprovada em:_____/ _____/ 2017

BANCA EXAMINADORA:

____________________________________________ Profª. Doutoranda Aline Carla de Medeiros (UFCG) – Orientadora

____________________________________________ Prof. MSc. José Ozildo dos Santos (UFCG/CDSA) – Orientador

_____________________________________________ Prof D.Sc. Patrício Borges Maracajá (UFCG/CCTA) - Orientador

____________________________________________ Profª. MSc. Rosélia Maria de Sousa - Examinadora Externa

POMBAL - PB 2017

(4)

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, por me conceder o dom da vida, me dando inteligência e oportunizando a realização do curso e a tudo que tem me concedido mesmo não sendo merecedor.

Aos colegas de classe, pelo companheirismo, dedicação, momentos de descontração, alegria por andarmos lado a lado e ajuda mútua.

Aos professores e mestres, por terem estado ao lado dos mestrandos 04 semestres e que por sinal foram promissores.

(5)

Dedico o presente trabalho a minha família que pacientemente aceitou minha ausência em muitos momentos de nossas vidas e em especial a minha família e minha esposa Laura que em sua infinita sabedoria se dispuseram a me proporcionar todas as condições e incentivos para avançar nos estudos.

(6)

RESUMO

Sabe-se que a Amazônia é um berço natural da fauna e flora mundial. Desta forma desperta interesses e cobiças dos mais variados povos estrangeiros. Nas últimas décadas tem-se notado o número crescente de produtos naturais amazônicos patenteados por empresas e nações estrangeiras como se fossem produtos originários daquele lugar. Desta forma, o objetivo do trabalho é realizar estudo sobre patentes de produtos amazônicos e seus aspectos jurídicos, dado ao quadro crescente de biopirataria que vem ocorrendo na Amazônia, o grande aumento de contrabando de plantas, derrubada de árvores nativas e até mesmo apropriação indevida de produtos originários nesta parte do planeta. Várias ONGs, associações, entidades e pessoas camuflam-se para buscar aqui o que é riqueza do povo amazonense. E assim, é necessário que o governo aumente a fiscalização fronteiriça, estreite os paralelos judiciais e medidas contra tal situação. Dentro do contexto, serão tratados assuntos pertinentes ao tema do trabalho, com isso espera-se que a pesquisa satisfaça pelo menos em parte, acentue e instigue a necessidade e tomada de providências.

(7)

ABSTRACT

It is known that the Amazon is a natural cradle of flora and fauna worldwide. Thus awakens desires and interests of various foreign peoples. In recent decades it has been noticed the increasing number of natural products Amazon patented by corporations and foreign nations like products originating from that place. Thus, the objective is to conduct study on patents for Amazon products and their legal, given the growing cadre of biopiracy that has been occurring in the Amazon, the great increase in smuggling of plants, felling of native trees and even misappropriation of products originating in this part of the planet. Several NGOs, associations, organizations and persons camouflage themselves to look here what is the people's wealth Amazon. And so, it is necessary that the government, increase thereby border surveillance, narrow the parallels and judicial measures against such great absurdity. Within the context will be treated matters pertaining to the subject of study, it is expected that satisfies not in all, but at least partially, thereby sharpen and instigates the need and outlet arrangements.

(8)

LISTA DE FIGURAS

(9)

LISTA DE SIGLAS

APPI - Agência Paranaense de Propriedade Industrial CA - Certificado de adição de invenção

CEDIN - Centro de Divulgação e Informação Tecnológica CF - Constituição Federal

CUP - Convenção da União de Paris d.C - Depois de Cristo

DI - Desenho industrial

DICOD - Diretoria de Cooperação para o Desenvolvimento DIRPA - A Diretoria de Patentes

EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária EUA - Estados Unidos da América

GMBH - Gesellschaft mit beschränkter Haftung INPI - Instituto Nacional de Propriedade Industrial LDA - Lei de Direitos Autorais

LPI - Lei de Propriedade Industrial

MDIC - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Exterior MMA - Ministério do Meio Ambiente

OMC - Organização Mundial do Comércio

OMPI - Organização Mundial da Propriedade Intelectual ONU - Organização das Nações Unidas

PCT - Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes PI - Privilégio de invenção

SAESP - Sistema de Arquivos do Estado de São Paulo SCP - Sociedade in Conta de Participação

SEBUS - Seção de Buscas

SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem industrial SPLT - Substantive Patent Law Treaty

SRLT - Scenic . Rivers Land Trust

TRIPS - Trade-Related Aspects of Intellectual Property Rights UM - O modelo de utilidade

(10)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... Erro! Indicador não definido. 1 PROPRIEDADE INTELECTUAL ... Erro! Indicador não definido.

1.2 A FUNÇÃO ECONÔMICA DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL ... 14

1.2.1 A propriedade intelectual e a redução dos custos de transação ... 15

2 PROPRIEDADE INDUSTRIAL ... 17

2.1 A PROPRIEDADE INDUSTRIAL E A POLITICA DA CONCORRÊNCIA: UMA RELAÇÃO DE INTERDEPENDÊNCIA ... 20

2.2 A PROPRIEDADE INDUSTRIAL E O DIREITO DA CONCORRÊNCIA INTERAGEM DE DUAS MANEIRAS DIFERENTES ... 211

2.3 HISTÓRICO SOBRE PATENTES ... 21

2.3.1 Depósito de patentes ... 244

2.3.2 Como depositar um pedido de patente ... 255

2.3.3 Natureza da patente, validade e território ... 266

2.3.4 Condições de patenteamento ... 278

2.4 OLIGAÇÕES DO DEPOSITANTE ... 289

2.5 DIREITOS DO TITULAR DA PATENTE... 3030

2.6 PATENTE NAS UNIVERSIDADES E CENTROS DE PESQUISA ... 30

2.7 DIREITO AUTORAL ... 31

3 O SISTEMA INTERNACIONAL DE PATENTES ... 33

3.1 TRATAMENTO NACIONAL ... 35

3.2 DIREITO DE PRIORIDADE UNIONISTA ... 35

3.3 PCT (PATENTE COOPERATION TREATY) TRATADO DE COOPERAÇÃO EM MATÉRIA DE PATENTE ... 35

3.4 FASES DO DEPÓSITO DE PATENTES ... 36

3.6 O OBJETO DO DIREITO DE UMA PATENTE: A INVENÇÃO ... 38

3.7 A DESCRIÇÃO DA INVENÇÃO COMO CONDIÇÃO FORMAL ... 42

3.8 O DIREITO À PATENTE ... 43

3.9 A ESTRUTURA DO SISTEMA DE PATENTES E SUA EVOLUÇÃO DO ÂMBITO NACIONAL AO INTERNACIONAL ... 444

3.10 PRIMEIRA LINHA DE TENSÃO - O TÍTULO DE SISTEMA DE PATENTES LINHAS DE TENSÃO E POSSÍVEIS E NÃO POSSÍVEIS SOLUÇÕES ... 466

3.11 A SEGUNDA LINHA DE TENSÃO – EXIGÊNCIA DE INFORMAÇÕES SOBRE QUESTÕES NÃO ESSENCIAIS À INVENÇÃO (AS PATENTES, DE ATESTADOS DE INVENÇÃO A ATESTADOS DE BOM COMPORTAMENTO) ... 477

3.12 A TERCEIRA LINHA DE TENSÃO: A TRANSFORMAÇÃO DE PATENTES EM PRODUTOS FINANCEIROS (AS PATENTES, DAS FÁBRICAS PARA AS BOLSAS DE VALORES) ... 47

4 PRODUTOS BRASILEIROS PATENTEADOS POR ESTRANGEIROS: LÁTEX/BORRACHA E A BIOPIRATARIA ... 500

4.1 CUPUAÇU (Theobroma Grandiflorum) ... 533

(11)

4.3 A ANDIROBA (Carapa Guanensis Aubi) ... 545

4.4 A COPAÍBA (Copaifera Langsdorfi) ... 555

4.5 O CURARE ... 555

4.6 A KININA (Chinchona Afficinallis) ... 566

5 PESQUISA DE CAMPO ... 577

CONCLUSÃO ... 62

(12)

1 INTRODUÇÃO

O objetivo desta dissertação de mestrado é demonstrar a pouca importância que se dá a proteção jurídica das patentes no Brasil, visto que se tem observado na atualidade a apropriação de produtos brasileiros por outros países que por fim, patenteiam como se fossem de origem destes.

Considerando o enfoque do estudo, buscou-se realizar um levantamento acerca de tais fatores, evidenciando no ordenamento jurídico vigente que existe forma de neutralizar essas ações, contra o patrimônio material brasileiro (produtos de origem) e de certa forma intelectual em virtude das ditas nações desenvolvidas, patentearem como se seus fossem, após o aperfeiçoamento industrial ou não.

De acordo com relatório da ONU, o Brasil possui cerca de duas patentes por milhão de habitantes, estando em total desvantagem com outros países, visto que o Japão possui 994 patentes por milhão de habitantes. A grande falta de cultura na área de proteção de propriedades industriais é um dos fatores que deixa em ínfimos níveis o depósito de patentes no Brasil e no mundo.

No ano de 2016, o Brasil confirmou esse fraco desempenho no setor de patentes, com apenas 221 depositadas nos EUA, ficando em desvantagem com países como Cingapura, com 313 patentes, África do Sul com 376 patentes, Índia com 611 e da China com 611 pedidos de patentes depositadas nos EUA1.

Um grande agravante para o Brasil é a pouca importância que se tem dado para a proteção jurídica do imaterial em virtude de ter um baixo índice de depósitos de patentes no Brasil e no mundo, que por sua vez não elabora políticas públicas voltadas para o que este direito representa para o Brasil. Com isto negligenciam na proteção do patrimônio material e imaterial, permitindo que outros países patenteiem os produtos brasileiros, amazônicos, principalmente nas comunidades tradicionais e indígenas. Assim, traz prejuízos para a sociedade como um todo, sejam eles econômicos, morais, inclusive atentando contra a soberania do Estado brasileiro.

Se não houver uma mudança rígida nas políticas públicas, as futuras gerações herdarão um país sucateado pelas nações desenvolvidas, que ora colonizam as nações em desenvolvimento e subdesenvolvidas para exploração econômica, através

(13)

da apropriação indiscriminada dos fatores de produção, como: os recursos naturais e os recursos humanos, o que gerará por certo, prejuízos imensuráveis.

A problemática deste trabalho está voltada, para a preocupação do que se deve fazer para coibir a exploração dos recursos naturais (Patrimônio Natural) e do conhecimento das comunidades tradicionais e indígenas (Patrimônio Cultural ou Imaterial), pelas nações ditas desenvolvidas. Considerando também como patrimônio natural a biodiversidade de cada Estado, no caso específico do Brasil, esta tem a sua proteção regulamentada pela Lei n. 11.105/2005.

Os objetivos específicos norteiam em buscar a implementação de políticas públicas de proteção aos recursos naturais e esclarecimento aprimorado as populações das regiões afetadas, para que desta forma norteiem-se acerca de direitos e obrigações para que assim seja aplicada a legislação e que se tomem as medidas cabíveis com relação aos infratores.

A justificativa permeia sobre a necessidade de conhecimentos tanto teóricos quanto práticos com relação à proteção a tais bens naturais e culturais.

O estudo é de cunho bibliográfico, com pesquisa de campo voltado para trabalho monográfico e está dividido em cinco partes: a primeira trata-se da propriedade intelectual e industrial e suas várias nuances. Na segunda parte, trata-se das patentes e estabelece-se um ligeiro histórico destas, bem como, sua natureza e características. Já na terceira, traz-se uma inserção sobre o Sistema Internacional de Patentes e analisa o PCT (Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes). Na última etapa, enumera-se e comenta-se sobre os produtos brasileiros, patenteados por estrangeiros.

Finaliza-se com conclusão a respeito da problemática levantada e com sugestões para estudos futuros, voltados para o possível estabelecimento de políticas públicas de proteção ao acervo patrimonial natural e cultural.

(14)

2 PROPRIEDADE INTELECTUAL

A propriedade intelectual divide-se em duas áreas: o direito autoral (protege as obras científicas, literárias, artísticas e publicitárias) e a propriedade industrial (as marcas e patentes).

Os Direitos de autor é a possibilidade de proibir terceiros de reproduzir, copiar, fixar, traduzir, adaptar e comunicar a obra protegida. “Portanto, nessa distinção muito sucinta, o direito de autor (bem como os direitos que lhe são conexos) é um direito de proibir a reprodução, mas não o uso. Já na propriedade industrial é um direito de proibir o uso, mas não a cópia e a reprodução”. (CARVALHO 2009, p. 24).

Já Propriedade industrial constitui-se em um conjunto de normas jurídicas, que integram o sistema normativo, tem como objetivo regular tal instituto, como: alocação de rendas e de custos, estabelecendo objetivos e valores coletivos fundamentais, com a criação de ativos intangíveis diferenciadores.

A propriedade industrial divide-se em três áreas:

a) Criações técnicas proprietárias – as quais compreendem, mas não se

limitam em: invenções, modelos de utilidade, obtenções vegetais ou culturais, topografias de circuitos integrados, desenhos industriais;

b) Sinais distintivos – são objetos de um direito de propriedade; marcas

de comércio, indústria e serviços incluindo marcas coletivas, nomes comerciais, incluindo as insígnias ou título de estabelecimento, expressões de propaganda (slogans, indicações de procedência e indicações geográficas);

c) Vantagens competitivas – não-proprietários, isto é, não cobertos por

um direito formal de propriedade, podendo gerar certos tipos de exclusividade – são, portanto, objeto de interesses dos proprietários, mas não necessariamente de direitos de proprietários, como: a reputação do comerciante, o estabelecimento em geral.

“De uma forma geral, esta terceira área corresponde à repressão da concorrência desleal, mas estão hoje em desenvolvimento alguns tipos de propriedade intelectual que são diferentes, pois não implicam o elemento de fraude”. (CARVALHO, 2009 p. 24).

Segundo Carvalho (2009, p. 25) há algumas áreas cinzentas separando ou aproximando os direitos autorais da propriedade industrial como: os desenhos

(15)

industriais, que podem ser protegidos pela Convenção de Berna, art. 2 (7)2 que preceitua que os países reservam-se a faculdade de determinar, nas legislações nacionais, o âmbito de aplicação das leis referentes às obras de arte aplicada e aos desenhos e modelos industriais, assim como as condições de proteção de tais obras, desenhos e modelos, levando em conta as disposições do artigo 7.4 da presente Convenção.

Para as obras protegidas exclusivamente como desenhos e modelos no país de origem, não poderá ser reclamada, em outros países, senão a proteção especial concedida aos desenhos e modelos nesses países. Entretanto, se tal proteção especial não for concedida nesse país, estas obras serão protegidas como obras artísticas ou pela propriedade industrial – Convenção de Paris, Art. 5 que dispõe: "A introdução pelo privilegiado, no país em que o privilégio tiver sido concedido, de objetos fabricados em um ou outro dos Estados da União, não lhe trará perda de direito. Todavia, o privilegiado ficará sujeito à obrigação de usar de seu privilégio de conformidade com as leis do país onde introduzir os objetos privilegiados”.

A distinção entre direito autoral e propriedade industrial corresponde à dicotomia prevista no art. 9.2 do TRIPS que dispõe: “a proteção do direito do autor abrangerá expressões e não ideias, procedimentos, métodos de operação ou conceitos matemáticos como tais”.

A esse respeito Carvalho (2009, p. 26) baseando-se no Art. 9.2 do TRIPS deixa claro que “de um modo geral, as ideias são cobertas pela propriedade industrial. Já as expressões são objeto do direito do autor”.

As interpretações, por exemplo, em princípio, dizem respeito a obras protegidas pelo direito do autor. Mais uma vez essa regra não é absoluta. Cita-se como exemplo: uma determinada radiodifusão, que é protegida com direito conexos ao do autor, que por sua vez, este é identificado como intérprete, executante, que se interpreta com base nos artigos 93 e 95 da Lei 9.610 de 1998, que confere titularidade originária à pessoa, quando produtor fonográfico e empresa de radiofusão.

1.2 A FUNÇÃO ECONÔMICA DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

(16)

A propriedade industrial tem a função de priorizar a importância coletiva dada a certos ativos intangíveis diferenciadores e alocar os custos da geração desses ativos, bem como estabelecer como renda da sua exploração será extraída e por quem. “Significa que o sistema normativo, em primeiro lugar, reconhece o mérito da própria existência da propriedade intelectual. Em segundo lugar, a norma jurídica identifica quem deve pagar – e a quem - os custos e a renda dessa propriedade”. (CARVALHO 2009, p. 28).

O papel da propriedade intelectual é o de implementar ao máximo possível os custos que as transações decorrentes da geração e da exploração dos ativos intangíveis podem gerar, quer no plano social, quer no plano individual.

1.2.1 A propriedade intelectual e a redução dos custos de transação

A principal função da propriedade industrial é o de reduzir ao máximo possível ônus que as transações em função da geração e exploração dos ativos intangíveis podem gerar, seja no plano social ou plano individual.

A propriedade industrial assegura que ninguém seja enganado pelo concorrente. O sistema de patentes garante que só o proprietário da desta terá exclusividade de sua invenção. Essa exclusividade cria as condições necessárias para a comparação entre ativos intangíveis e os respectivos preços. Também contribui para uma determinação mais exata do objeto da propriedade privada.

A propriedade industrial gera este efeito tanto para as patentes, quanto para os desenhos, à reputação do comerciante, assegurando que as forças do mercado atuem livremente e que os concorrentes sejam colocados sob a pressão da concorrência. Evitando desta forma que o consumidor seja levado a agir sob a influência de informações propositadamente equivocada.

Outro elemento dos custos de transação que os direitos de propriedade intelectual reduzem é o exercício contra terceiros, devido à possibilidade de recurso judicial. Uma definição clara de direitos reduz esses custos, pois assegura às partes envolvidas que os seus direitos poderão ser impostos coativamente. No caso de haver descumprimento voluntário e algo sair errado nas suas transações. (CARVALHO 2009, p. 36).

(17)

O papel da propriedade intelectual é o de organizar a alocação de recursos voltados para a criação e a preservação de ativos intangíveis diferenciadores, como: a reputação, o conhecimento entre outros que diferenciam um negócio do outro, por isso sua importância para a economia competitiva.

Uma economia sem diferenças, uma economia monótona, cinzenta, uniforme, pode ser criado por meio da implantação de uma ideologia anti-mercado, o socialismo, ou simplesmente mediante a eliminação da propriedade intelectual. (CARVALHO 2009 p. 37).

Sem uma propriedade intelectual devidamente estruturada naquilo que se refere aos mecanismos para sua proteção jurídica, não há que se falar em diferenças na criatividade intelectual de tal direito, e quando há, são rapidamente absorvidos por imitadores.

(18)

2 PROPRIEDADE INDUSTRIAL

A propriedade industrial é um dos mecanismos jurídicos espontâneos que impregna o tecido estrutural de todas as sociedades organizadas, visando aquilatar os conhecimentos científicos e tecnológicos voltados para a criação na produção de bens e serviços, e que tem estado presente na vida social dos povos desde tempos mais remotos.

Assim, pode-se dizer, que na primeira vez que um indivíduo exigia ou recebia um favor em troca da comunicação de alguma outra coisa que só ele tinha conhecimento e que era útil para a vida material do grupo, estabelecia e exercia um direito de propriedade industrial.

O Código de Hamurabi, como um conjunto de normas que chegou a sociedade, já naquele tempo continham regras que estabeleciam mecanismos de regulação da apropriação privada dos conhecimentos técnicos – no caso de proteção dos segredos industriais, conforme dispõe as normas dos artigos 188 e 189 deste Código que será transcrito in verbis:

Art. 188. Se um artesão tomou uma criança como filho de criação e lhe

ensinou o seu ofício, ele (o filho) não poderá ser reclamado (de volta).

Art. 189. Se ele não ensinou o seu ofício, esse filho de criação voltará à casa

de seu pai. (CÓDIGO DE HAMURABI p. 34-5).

Na realidade, o Código de Hamurabi vem regulamentar neste particular o poder familiar, na relação dos pais com seus filhos, no entanto não se deve deixar despercebida a importância que se dava ao conhecimento e a técnica dos artesãos, que para o estudo é como se fosse a gênese do Direito da Propriedade Industrial.

Na verdade, a lei nº 122 do Código de Hamurabi não iniciou nesse campo. Já a codificação de Lipit- Ishtar (O “Código de Lipit-Ishtar”, rei de Isin, escrito cerca de 1880 anos antes de Cristo, encontrou-se o prólogo, o epílogo e 37 artigos. Era destinado a estabelecer o direito nas regiões da Suméria e da Acádia. Lipit-Ishtar foi o quinto rei da dinastia de Isin).

Se alguém entrega um filho para a instrução deste, seja como carpinteiro, como ferreiro, como tecelão, como seleiro ou como batedor [de lã], o salário do que instrui

(19)

é de 6 siclos de prata. Se este (o mestre) o transforma num perito, (o pai aprendiz) deve entregar-lhe uma pessoa3.

Se um homem não criasse de acordo com suas aptidões a criança que havia tomado para criar (e tal coisa) se confirmasse perante os juízes (a criança) regressaria à mãe que o havia gerado.

Carvalho (2009, p. 49) deixa claro que:

Portanto, exatamente como determinava o código de Hamurabi, as leis Lipt Ishtar diziam que o artesão tinha o poder de reter o filho adotado quando lhe tivesse transferido seu conhecimento técnico. Caso contrário, os juízes determinavam que o pai adotivo devolvesse o filho à sua família de sangue.

A retenção do aprendiz era essencial para a preservação de modo de vida do artesão.

A lei nº 188 não era um dispositivo isolado, avulso, mas inseria-se em um esquema deliberado de proteção de elementos diferenciadores do negócio.

Os sumérios, portanto, desenvolveram as primeiras regras sobre propriedade industrial.

A propriedade industrial tem estado presente na sociedade desde que a evolução tecnológica e o desenvolvimento dos mercados dependeram da iniciativa individual, independente da coordenação estatal.

Nos primórdios da história do direito, a lei das XII Tábuas, aprovada em 450 a. C., e que serviu de arcabouço jurídico à república romana, também como à sua expansão territorial, que começava, já continha um preceito que pode ser associado à propriedade industrial.

Diz a norma 4 da Tábua VIII “quando um comerciante enganar o seu cliente que ele seja amaldiçoado”.4

No século V da era atual, o código de Justiniano que sistematizou e reformou os preceitos positivos já continha leis/normas que protegiam segredos e motivavam a criação técnica.

O parágrafo III do título IX, Livro XL, do código de Justiniano, refere aos fabricantes:

3 Alberto Bernabé e Juan Antonio Álvarez Pedrosa (eds), História y Leyes los Hititas, p. 209 (Akal, Madrid, 2000). 4 A lei federal suíça sobre a concorrência desleal define como ilícitas as práticas de desrespeito às normas trabalhistas. CF, o artigo 7º da lei federal contra a concorrência desleal, de 19 de dezembro de 1986. Disponível em www.admin.ch/chf/rs/241.

(20)

Dos imperadores Arcádio e Honório a Ósio, mestre dos oficiais: marcas indeléveis, ou seja, marcas conspícuas devem ser colocadas nos braços dos aprendizes de ofícios, para que desta maneira possam ser facilmente reconhecidas, no caso de tentarem esconder-se e para os que tenham assim sido marcados, bem como seus filhos, possam ser identificados sem qualquer dúvida por sua guilda, quando tentam sobrepticiamente com o propósito de imitarem o trabalho obtido em outra guilda.

Esta regra determinava que os artesãos deviam permanecer em seus negócios, juntamente com seus filhos até que seus trabalhos terminassem com a morte.

A ideia era simplesmente a de evitar que trabalhadores, insatisfeitos com as condições degradantes de trabalho numa corporação, fugissem e se escondessem ao abrigo de outro.

A Escritura Sagrada cujas regras têm as mesmas origens do Código de Hamurabi, no livro de Provérbios cap. 11 diz que “o Senhor detesta balanças desonestas, mas pesos justos são a sua alegria”. No cap. 20:9-10, Salomão repete quem pode afirmar “guardei o meu coração puro; estou limpo e sem pecados? Pesos diferentes e medidas diferentes o senhor detesta ambos”.

Um texto semelhante encontra-se no Corão do século VII d.C., pois Maomé era um comerciante e é natural que a mensagem divina o tenha encontrado especialmente receptivo aos preceitos sobre sua profissão.

Na sétima sura, relativa aos lugares altos, diz o Corão: “meu povo, deveis servir Alá, vós não tendes outro deus senão ele; provas claras chegam a vós vindas do vosso Deus, e, portanto, respeitem as medidas e os pesos certos e não diminua as coisas dos homens e não dê prejuízo a terra depois de sua reforma; isto é para vós se vós seis crentes”.

Na décima primeira sura “O santo profeta” o corão repete “[II, 85] e, o meu povo respeite a medida e o peso certos de forma justa e não tirem do homem as suas coisas, e não ajam de forma correta sobre a terra, causando prejuízo”.

Na verdade, não só a propriedade industrial é um mecanismo essencial à organização de uma sociedade – ela é também um mecanismo de geração espontânea. Isto é, onde existe uma sociedade organizada, existem regras de proteção de ativos intangíveis. Para isso, não e necessário que se trate de sociedades afluentes, dotadas de uma estrutura organizacional complexa. (CARVALHO 2009, p. 52).

(21)

Em uma investigação realizada pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual - OMPI nos anos de 1998-19995 sobre as expectativas que as comunidades indígenas e tradicionais em várias partes do mundo tinham sobre uma eventual proteção de seus conhecimentos tradicionais, constatou-se que:

Na Bolívia, as comunidades indígenas não conhecem os mecanismos de proteção de propriedade intelectual, mas têm a noção de que eles são necessários para proteger o valor econômico e espiritual dos conhecimentos tradicionais por meio de um sistema de apropriação. As informações específicas sempre foram mantidas sem segredo. (CARVALHO 2009, p. 53)

Nos dias atuais, a grande maioria das comunidades indígenas ainda segue a tradição de partilhar, desconhece que muito se aproximam destas a fim de tirarem proveitos próprios.

2.1 A PROPRIEDADE INDUSTRIAL E A POLÍTICA DA

CONCORRÊNCIA: UMA RELAÇÃO DE INTERDEPENDÊNCIA

A propriedade industrial (incluindo as patentes) é na verdade uma ferramenta para a criação e a manutenção de um clima de rivalidade entre concorrentes, propiciando aos comerciantes e industriais a possibilidade de competir.

Sem diferenciação, não pode haver concorrência e sem concorrência não há necessidade de diferenciação. Essas frases resumem a relação entre propriedade e a política da concorrência.

Carvalho (2009, p.58) retrata que:

A função essencial da propriedade industrial é preservar e proteger as diferenças entre os ativos econômicos e seus titulares, os empresários não podem concorrer entre si se não dispunham dos meios jurídicos que lhes permitam disputar a atenção e o interesse da clientela.

Contudo, se os empresários se aglutinam, se ocorre uma monopolização de mercado, de que adianta as empresas quererem diferenciar-se?

(22)

2.2 A PROPRIEDADE INDUSTRIAL E O DIREITO DA

CONCORRÊNCIA INTERAGEM DE DUAS MANEIRAS DIFERENTES

A propriedade industrial e o direito da concorrência interagem de duas maneiras distintas:

a) A propriedade industrial necessita de direito da concorrência para poder apesar de maneira eficaz: sem competitividade a propriedade industrial não exerce a sua função, que é diferenciar negócios e seus ativos; e por outro lado, sem o direito da concorrência, a propriedade industrial pode ser usada de maneira a distorcer a concorrência e reduzir a rivalidade;

b) O direito da concorrência necessita da propriedade industrial: sem um mecanismo jurídico que assegure a proteção de ativos diferenciadores, o direito da concorrência perde o seu significado (CARVALHO, 2009, p. 58-59)

A esse respeito Carvalho (2009, p. 61) ensina que

O direito da concorrência sem o apoio e a interação da propriedade industrial é ineficaz e irrelevante. Mas a propriedade industrial por si só não é o suficiente para promover os seus objetivos sociais, prosperando somente num clima de rivalidade e sem concorrentes não há esse clima.

Em outras palavras, a propriedade industrial e o direito da concorrência são ferramentas inseparáveis e indispensáveis: são as duas faces da mesma moeda a qual constitui a política da concorrência.

2.3 HISTÓRICO SOBRE PATENTES

Desde as épocas mais remotas os governos sentiram a necessidade de limitar seus territórios, garantindo sua subsistência, como também atrair para si o que lhes faltavam, tanto na ordem econômica, cultural e outros. Surgiram então, alguns privilégios dos governantes, que indiscriminadamente no que interessassem, tiravam proveito tanto no que tange os direitos à comercialização e à fabricação de produtos, sendo industriais ou literários.

Foi assim que em 1236, foi concedido em Bordeaux, França, um privilégio exclusivo para a tecelagem e tingimento de tecidos de lã.

Entretanto, como dispositivo legal, a primeira lei de patentes surgiu apenas em 19 de março de 1474, na cidade de Veneza, ficando assim conhecida como lei veneziana.

(23)

Nasciam assim os princípios básicos que perduram até hoje como: novidade, aplicação prática, necessidade de registro e exclusividade por tempo determinado, salvaguardando assim os interesses do estado, a licença para sua exploração, bem como a sanção por infração patente.

Por volta de 1623, foi instituído na Inglaterra o Estatuto dos Monopólios, iniciando assim, o que é hoje conhecido como o sistema moderno de patentes, reconheceu pela primeira vez, que o inventor tem o direito do depósito da patente.

No ano de 1770, mais precisamente no dia 10 de abril, o Congresso Americano aprovou a primeira lei, conhecida como Patent Act. Porém, concedia as diretrizes apenas para a concessão de privilégios, sem, entretanto condicioná-las a um exame prévio.

No dia 7 de janeiro de 1791, a França sancionou uma lei concedendo ao autor de uma nova invenção ou descoberta, o justo reconhecimento deste, garantindo seu direito de exclusividade total, por um determinado tempo.

O Brasil foi o quarto país a criar a lei de patentes, através do alvará imperial, assinado pelo príncipe regente, D. João VI, em 28 de janeiro de 1809.

O parágrafo VI deste alvará é taxativo, como mostra Federman (2006, p. 2):

Sendo muito conveniente que os inventores e introdutores de alguma nova máquina e invenção nas artes gozem do privilégio exclusivo, além do direito que possam ter ao favor pecuniário, que sou servido estabelecer em benefício da indústria e das artes, ordeno que todas as pessoas que estiverem neste caso apresentem o plano de seu novo invento à Real Junta de Comércio; e que esta, reconhecendo-lhe a verdade e fundamento dele, lhes conceda o privilégio exclusivo por quatorze anos, ficando obrigado a fabricá-lo depois, para que, no fim desse prazo, toda a nação goze do fruto dessa invenção. Ordeno, outrossim, que se faça uma exata revisão dos que se acham atualmente concedidos, fazendo-se acima determinada e revogando-se todas as que por falsa alegação ou sem bem fundadas razões obtiverem semelhantes concessões.

Ficou a cargo de D. Pedro II, em 14 de outubro de 1882, regulamentar a concessão de patentes no Brasil através da lei 3129, que já estipulava a cobrança pela patente, até então era gratuita sua concessão. Esta lei apresentava alguns artigos que são usados até hoje no ordenamento jurídico brasileiro. Um deles previa a expiração da patente principal e de seu aperfeiçoamento, a possibilidade de desapropriação da patente pelo estado em caso de necessidade pública.

Admitia também patentes fora dos limites do império, se o inventor estrangeiro cumprisse algumas formalidades imposta, ganharia a patente. Nessa época alguns

(24)

países criaram suas leis de patentes. Cita-se como exemplo a Espanha (1869), Alemanha (1877).

Naquele momento histórico o mundo passava pela revolução industrial, confirmando assim a necessidade e importância de um sistema avançado de patentes.

Em 1883, na cidade de Paris, França, quatorze países assinaram o primeiro acordo internacional sobre patentes, conhecido como Convenção da União de Paris - CUP, que entrou em vigência só no ano seguinte.

Até então, era necessário que se depositasse a patente em todos os países contratantes da CUP. Para facilitar esse depósito múltiplo, foi assinado em 1970, um tratado internacional na área de patentes (Patent Cooperation Treaty - PCT ).

Foi possível que o depósito efetuado em um único país (receptor) e em um único idioma, tivesse seu efeito estendido aos demais países que assinaram o respectivo tratado. Em 3 de janeiro de 2005, faziam parte do PCT cento e vinte cinco estados membros.

A Intelectual Property Organization - uma das 16 dezesseis agências da ONU – foi criada em 1967, em Estocolmo, para administrar a propriedade intelectual no mundo. Atualmente mais de 179 países fazem parte da Organização Mundial da Propriedade Intelectual - OMPI.

A Propriedade intelectual é um monopólio concedido pelo estado. Segundo a Convenção da OMPI, é a soma dos direitos relativos às obras literárias, artísticas e científicas, às interpretações dos artistas intérpretes e às execuções dos artistas executantes, aos fonogramas e às emissões de radiodifusão, às invenções em todos os domínios da atividade humana, às descobertas científicas, aos desenhos e modelos industriais, às marcas industriais, comerciais e de serviço, bem como às firmas comerciais e denominações comerciais, à proteção contra a concorrência desleal e todos os outros direitos inerentes à atividade intelectual nos domínios industrial, científico, literário e artístico6.

A Propriedade Industrial é o instituto jurídico criado para proteger as invenções e os modelos de utilidade (por meio de patentes), e das marcas, indicações geográficas e desenhos industriais (através de registros). No Brasil, as propriedades industriais é regulada pela lei 9.279 de 14 de maio de 1996- LPI. Também conhecida

6 Propriedade Intelectual. Instituto Nacional de Propriedade Intelectual – INPI. Disponível em: www.inpi.gov.br. Acesso 18 de abr 2017.

(25)

como lei de patentes. Os pedidos devem ser dirigidos ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial - INPI e podem ser feitos por intermédio e orientação do SENAI Empresas7.

Quanto à Patente é um título de propriedade temporária sobre uma invenção ou modelo de utilidade, outorgados pelo Estado aos inventores ou autores ou outras pessoas físicas ou jurídicas detentoras de direitos sobre a criação. Em contrapartida, o inventor se obriga a revelar detalhadamente todo o conteúdo técnico da matéria protegida pela patente. Durante o prazo de vigência da patente, o titular tem o direito de excluir terceiros, sem sua prévia autorização, de atos relativos à matéria protegida, tais como fabricação, comercialização, importação, uso, venda7.

E por fim, a Marca, segundo a lei brasileira, é todo sinal distintivo, visualmente perceptível, que identifica e distingue produtos e serviços de outros análogos, de procedência diversa, bem como certifica a conformidade dos mesmos com determinadas normas ou especificações técnicas8.

2.3.1 Depósito de patentes

No sentido estrito, a patente deve ser depositada para proteger o parque nacional, garantindo assim divisas para o País. Só é dono quem protege e, para garantir os direitos de propriedade é necessário depositar no INPI e na OMPI. Somente através da patente, que se pode garantir o direito de propriedade de uma invenção industrial, quando consumado esse direito, o proprietário poderá vender, alugar, doar, ou seja, tomar qualquer decisão sobre este bem.

Em 2011, foram depositadas 113 mil patentes no mundo. Desse total, 41 mil (36%) possuem a titularidade americana, 16.700 (15%) a japonesa, e 13.900 (12%) a alemã. Em 2004, a IBM requereu nos EUA 3.248 pedidos de patente, mantendo o primeiro lugar por doze anos na lista das empresas que mais depositam patentes nos EUA, seguida da Canon e a Hewleett-Pack. Fica comprovada assim a necessidade

7 Guia Básico – Patentes. Disponível em: http://www.inpi.gov.br. Acesso em 18 de abr 2017. 8 Guia Básico – Marcas. Disponível em: http://www.inpi.gov.br. Acesso em 18 de abr 2017.

(26)

de se depositarem patentes, tanto para as empresas detentora, quanto para o desenvolvimento do país9.

Qualquer pessoa física ou jurídica poderá depositar o pedido de patente. Independentemente de raça, credo ou classe social. A lei 9.279/96 – Lei de Propriedades Industriais – LPI - esclarece três situações de proteção, diz o artigo 88:

A invenção e o modelo de utilidade pertencem exclusivamente ao empregador quando decorrerem de contrato de trabalho cuja execução ocorra no Brasil e que tenha por objeto a pesquisa ou a atividade inventiva, ou resulte esta da natureza dos serviços para os quais foi o empregado contratado.

Parágrafo 1º - Salvo expressa disposição contratual em contrário, a retribuição pelo trabalho a que se refere este artigo limita-se ao salário ajustado.

Parágrafo 2º - Salvo prova em contrário, consideram-se desenvolvidos na vigência do contrato a invenção ou o modelo de utilidade, cuja patente seja requerida pelo empregado ate 1 (um) ano após a extinção do vínculo empregatício. (BRASIL, 1996).

O que dispõe na citação acima é chamado de invenção de serviço. Salvo se houver disposição de contrato que reze em contrário, limitando-se a salário acertado a retribuição pelo trabalho desempenhado.

A lei faculta ao empregador, titular da patente, poder conceder ao empregado, autor de invento ou aperfeiçoamento, participação nos ganhos econômicos resultantes da exploração da patente, por negociação do interessado ou de acordo com norma da empresa (art. 89 da LPI).

2.3.2 Como depositar um pedido de patente

O primeiro passo é o depósito de um pedido de patente, é a realização de uma busca de anterioridade. O INPI sugere que se faça uma busca em todo o estado da técnica, para que sejam verificadas as novidades, as atividades inventivas e sua utilização industrial. Sem essa busca, o depositante corre o risco de perder a patente, ter a patente negada e perder todas as taxas pagas.

(27)

O segundo passo é o pedido, deve-se obedecer aos critérios do INPI. Em seguida, preencher o formulário específico, pagar as taxas e efetivar o depósito do pedido, através de um protocolo. Depois haverá uma análise técnica feita por profissionais habilitados, para verificação da novidade, atividade inventiva e aplicação industrial.

Hoje, com o avanço tecnológico, o acesso on-line a serviços de consultas de marcas e patentes propiciou maior facilidade. Através do portal do INPI, pode-se realizar busca de marcas e patentes e outros serviços que são de características neste segmento. Pode-se ainda realizar pedidos de informação, pesquisa como frisado anteriormente, publicações e efetuar pagamentos complementares. Tal ferramenta produz forte relação com a clientela que necessite de serviços neste patamar, e ainda, permite que inventores, designers, comerciantes, investigadores e a todos os interessados maior aproximação e acesso à informação de processos de propriedade.

2.3.3 Natureza da patente, validade e território

No Brasil a proteção no campo industrial funciona da seguinte forma:

a) Como patente: a invenção propriamente dita certifica-o da invenção e o modelo industrial;

b) Como Registro: desenho industrial;

 Privilégio de invenção - (PI) é concedido por um período de 20 anos a partir do depósito.

 Certificado de adição de invenção - (CA) é considerado um aperfeiçoamento introduzido em uma invenção. Tem o mesmo prazo de vigência e acompanha a patente para todos os efeitos legais.  O modelo de utilidade (UM) - refere-se à disposição de um objeto de

uso prático ou parte dele, deve atingir uma melhoria funcional no seu uso ou fabricação.

 Desenho industrial – (DI) é qualquer forma plástica ornamental de um objeto ou conjunto ornamental de linhas e cores a serem aplicados a um produto. Sua validade é de dez anos, podendo ser renovado por um período de três vezes de cinco anos. Essas patentes e registros

(28)

são concedidos somente dentro do território nacional, não se estendendo para outros países.

A Convenção de Paris diz que “as patentes requeridas nos diferentes países da união por nacionais, serão independentes das patentes obtidas para a mesma invenção nos outros países membros ou não da união”.

O pedido de depósito de uma patente deve obedecer ao padrão internacional imposto pela OMPI.

O documento de patente tem suas características, dentre elas podem-se observar: folha de rosto, relatório descritivo, reivindicações, desenhos e resumo.

 Folha de rosto - onde se encontram todas as informações bibliográficas, sobre a matéria que está sendo solicitada, se inventor ou depositante, como nome, data do depósito, pais de origem, classificação internacional e um resumo do que foi solicitado.

 Relatório descritivo - é o local onde estarão descritos o estado das técnicas e seus problemas que motivaram seu esforço inventivo.

 Reivindicações - é o local onde os direitos do inventor estarão definidos. Onde o inventor terá garantido seus direitos. O artigo 25 da lei 9.279 de 14 de maio de 1996 assegura que “as reivindicações deverão ser fundamentadas no relatório descritivo, caracterizando as particularidades do pedido e definindo, de modo claro e preciso, a matéria e o objeto das reivindicações proteção”.

 Desenhos - podem ser apresentados desenhos ou fluxogramas de todo o processo pleiteado.

 Resumo - é uma descrição da matéria que permite visualização de todo o processo pleiteado no estado da técnica e a solução proposta.

2.3.4 Condições de patenteamento

O artigo 8º da lei número 9.279/06 assegura que “é patenteável a invenção que atenda aos requisitos de novidade, atividade inventiva, e aplicação industrial”. Como modelo de utilidade, o artigo seguinte é enfático ao dizer que “É patenteável como modelo de utilidade o objeto de uso prático, ou parte deste, suscetível de aplicação

(29)

industrial, que apresente nova forma ou disposição, envolvendo ato inventivo, que resulte em melhoria funcional no seu uso ou em sua fabricação”.

O Estado da técnica de acordo com o artigo 11, parágrafo primeiro, assegura que: “ O estado da técnica é constituído por tudo aquilo tornado acessível ao público antes da data de depósito do pedido de patente, por descrição escrita ou oral, por uso ou qualquer outro meio, no Brasil ou no exterior, ressalvado o disposto nos artigos. 12,16 e 17”.

Observa-se na Figura 1 a referência da tramitação do pedido de patente

Figura 1: Da tramitação do Pedido de Patente

Fonte: Federman (2006, p. 35)

2.4 OLIGAÇÕES DO DEPOSITANTE

Como já mencionado, a patente é um direito concedido pelo governo, durante certo período de tempo, para o detentor de alguma criação. O depositante deverá acompanhar todo o processo, pagar todas as anuidades, sob pena de nulidade da patente.

(30)

Após três anos o depositante deve requerer do INPI o exame técnico do seu pedido.

Toda patente tem sua importância tanto, econômico, jurídico, técnico e social.  Econômico - quando vai gerar ganhos financeiros.

 Jurídico - a patente é considerada uma propriedade, sendo assim amparada por lei.

 Técnico - quando se ressalta a tecnologia, podendo mudar conceitos de vida.  Social - o patenteado pode mudar os hábitos da sociedade como um todo.

O Brasil jamais quebrou nenhuma patente sobre os remédios da Aids. A verdade é que a lei brasileira (como a de vários países, entre eles os EUA) permite, por exemplo, em caso de emergência nacional declarada em ato do poder executivo federal, que seja concedido uma licença compulsória que, entretanto, terá sua remuneração garantida, conforme o artigo 72 e 73 da lei 9279/96.

Art. 72. as licenças compulsórias serão sempre concedidas sem

exclusividade, não se admitindo o sublicenciamento.

Art. 73. O pedido de licença compulsória deverá ser formulado mediante

indicação das condições oferecidas ao titular da patente.

§ 1º apresentado o pedido de licença, o titular será intimado para manifestar-se no prazo de 60 (manifestar-sesmanifestar-senta) dias, findo o qual, manifestar-sem manifestação do titular, será considerada aceita a proposta nas condições oferecidas.

§ 2º o requerente de licença que invocar abuso de direitos patentários ou abuso de poder econômico deverá juntar documentação que o comprove. § 3º no caso de a licença compulsória ser requerida com fundamento na falta de exploração, caberá ao titular da patente comprovar a exploração.

§ 4º havendo contestação, o INPI poderá realizar as necessárias diligências, bem como designar comissão, que poderá incluir especialistas não integrantes dos quadros da autarquia, visando arbitrar a remuneração que será paga ao titular.

§ 5º os órgãos e entidades da administração pública direta ou indireta, federal, estadual e municipal, prestarão ao INPI as informações solicitadas com o objetivo de subsidiar o arbitramento da remuneração.

§ 6º no arbitramento da remuneração, serão consideradas as circunstâncias de cada caso, levando-se em conta, obrigatoriamente, o valor econômico da licença concedida.

§ 7º instruído o processo, o INPI decidirá sobre a concessão e condições da licença compulsória no prazo de 60 (sessenta) dias.

§ 8º o recurso da decisão que conceder a licença compulsória não terá efeito suspensivo.

É de suma importância observar que as medidas para licenciamento compulsório são taxativas e extremas, sendo que a considerada mais delicada a decretada ao estado.

(31)

2.5 DIREITOS DO TITULAR DA PATENTE

Obviamente que o titular de uma patente não tem só deveres e obrigações, mas também direitos, que podem ser notado nos artigos 41 a 45 da lei 9.279/96. Diz o artigo 42:

Art. 42. A patente confere ao seu titular o direito de impedir terceiro, sem o

seu consentimento, de produzir, usar, colocar à venda, vender ou importar com estes propósitos:

I - produto objeto de patente;

II - processo ou produto obtido diretamente por processo patenteado. § 1º Ao titular da patente é assegurado ainda o direito de impedir que terceiros contribuam para que outros pratiquem os atos referidos neste artigo.

§ 2º Ocorrerá violação de direito da patente de processo, a que se refere o inciso II, quando o possuidor ou proprietário não comprovar, mediante determinação judicial específica, que o seu produto foi obtido por processo de fabricação diverso daquele protegido pela patente.

O direito é conferido ao detentor da patente e não ao depositante de um pedido de patente.

2.6 PATENTE NAS UNIVERSIDADES E CENTROS DE PESQUISA

As universidades são uma grande fonte de conhecimento, visto que realizam publicações de artigos, como forma de comprovar suas pesquisas, assim, quanto mais publicações o profissional acumula, mais valorizado torna-se o pesquisador. Porém, na maioria das vezes estes profissionais não se preocupam em proteger suas invenções, em virtude disso perdem o direito de propriedade sobre estas. No Brasil não há uma cultura de proteção através de patentes.

O pesquisador brasileiro é internacionalmente conhecido por sua capacidade, porém é pouco valorizado em seu país. É necessário que o meio científico conheça e proteja suas pesquisas com patentes, porque se estes não patentearem outros irão fazê-la.

(32)

A defesa dos direitos autorais a cada dia se torna mais difícil. Há uma tendência à pirataria de CD’s e outros neste segmento por parte das pessoas as quais fazem uso da reprodução destes para fins lucrativos.

Em tempos remotos, a cópia não autorizada era feita com qualidade bastante inferior a original, e utilizava-se de artefatos e equipamentos que não eram acessíveis a todos. Hoje, com o surgimento da cultura digital, agravou-se ainda mais a situação, visto que o computador e a internet estão ao alcance da maioria da população.

A cada dia são criados mecanismos de proteção aos direitos autorais, contudo, esses são violados e frequentemente contornados e mais uma vez o direito autoral é corrompido tornando-se desta forma, acessível mais uma vez.

Assim, o art. 7º da Lei 9.610/98 (Lei de Direitos Autorais, ou LDA) evidencia quais obras são protegidas pelos direitos autorais. Seus termos são os seguintes:

Art. 7º são obras intelectuais protegidas as criações do espírito, expressas

por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no futuro, tais como:

I - os textos de obras literárias, artísticas ou científicas;

II - as conferências, alocuções, sermões e outras obras da mesma natureza; III - as obras dramáticas e dramático-musicais;

IV - as obras coreográficas e pantomímicas, cuja execução cênica se fixe por escrito ou por outra qualquer forma;

V - as composições musicais, tenham ou não letra;

VI - as obras audiovisuais, sonorizadas ou não, inclusive as cinematográficas; VII - as obras fotográficas e as produzidas por qualquer processo análogo ao da fotografia;

VIII - as obras de desenho, pintura, gravura, escultura, litografia e arte cinética;

IX - as ilustrações, cartas geográficas e outras obras da mesma natureza; X - os projetos, esboços e obras plásticas concernentes à geografia, engenharia, topografia, arquitetura, paisagismo, cenografia e ciência; XI - as adaptações, traduções e outras transformações de obras originais, apresentadas como criação intelectual nova;

XII - os programas de computador;

XIII - as coletâneas ou compilações, antologias, enciclopédias, dicionários, bases de dados e outras obras, que, por sua seleção, organização ou disposição de seu conteúdo, constituam uma criação intelectual.

Nota-se conforme explicito pelo legislador que são protegidas apenas as obras que foram exteriorizadas. Estas idéias por sua vez não são protegidas pelos direitos autorais.

Observa-se ainda que o meio em que a obra é expressa possui nenhuma ou pouca importância, já que não possui exteriorização para dar início ao direito autoral sobre a mesma.

(33)

Já a doutrina da Lei de Direitos Autorais – LDA indica alguns requisitos para a proteção de uma obra sendo eles:

a) pertencer ao domínio das letras, das artes ou das ciências, conforme prescreve o inciso i do art. 7º, que determina, exemplificativamente, serem obras intelectuais protegidas os textos de obras literárias, artísticas e científicas.

b) originalidade: este requisito não deve ser entendido como “novidade” absoluta, mas sim como elemento capaz de diferençar a obra daquele autor das demais. Aqui, há que se ressaltar que não se leva em consideração o respectivo valor ou mérito da obra.

c) exteriorização, por qualquer meio, conforme visto anteriormente, obedecendo-se, assim, ao mandamento legal previsto no art.7º, caput, da LDA.

d) achar-se no período de proteção fixado pela lei, que é, atualmente, a vida do autor mais setenta anos contados da sua morte.

Quando forem atendidos todos os requisitos acima citados, a obra então fará jus a proteção autoral.

(34)

3 O SISTEMA INTERNACIONAL DE PATENTES

Há pouco mais de duas décadas, enquanto ainda não havia sido implementado o tratado de cooperação em matérias de patentes, os pedidos internacionais de patentes eram regulados pelas disposições da Convenção da União de Paris - CUP.

A convenção da União datada de 1883 deu origem ao sistema internacional da propriedade industrial, caracterizou-se como a primeira tentativa de harmonização internacional dos diferentes sistemas jurídicos de cada país relativos à propriedade industrial.

Teve início com a CUP, um elo internacional entre os bens imateriais chamados de industriais e o seu criador, asseguraram-se regras mínimas para a proteção, observância e exercício dos direitos de propriedade industrial além das fronteiras nacionais. As reuniões que deram origem à CUP tiveram início em 1873, em Viena, a qual o Brasil foi uns dos 14 países signatários originais da CUP. A Convenção da União de Paris sofreu diversas revisões, a saber: Bruxelas (1900), Washington (1911) Haia (1925), Londres (1934), Lisboa (1958) e Estocolmo (1967), possui atualmente, mais de 130 países signatários.

A Convenção da União de Paris foi concebida de modo a permitir um razoável grau de liberdade às legislações nacionais, desde que fossem respeitados alguns princípios fundamentais. Tais princípios devem, obrigatoriamente, ser observados pelos países signatários da CUP. Com a CUP, cria-se “território da União”, constituídos pelos países contratantes, no qual se aplica os referidos princípios fundamentais.

De acordo com a art. 4º, letra A, item 1, da CUP, aquele que apresentou pedido de patente possui um prazo determinado para requerer a proteção de sua criação em outros países signatários da convenção, sob pena perder o direito de prioridade de doze meses para apresentar o pedido nos demais países. a) Quem tiver realizado regularmente o depósito de um pedido de patente de invenção, de um modelo de utilidade, de um desenho ou modelo industrial, de uma marca de fábrica ou de comércio, em qualquer dos países contratantes, ou o seu representante legal, gozará do direito de prioridade de doze meses para apresentar o pedido nos outros países. (BARCELLOS, 2004 p. 19)

Portanto, de acordo com a CUP, o depositante de um pedido de patente possui um prazo determinado para requerer a proteção de sua invenção em outros países

(35)

signatários da convenção, sob pena de perder o direito de reivindicar a prioridade de depósito originário.

A importância da observação do prazo de 12 meses para reivindicar a prioridade de depósito da patente em outros países não está apenas no de que outra pessoa ou empresa venha a requerer a mesma patente no curso deste prazo. “Ocorre que, de acordo com o sistema de patentes que impera em todos os países e os modelos de utilidades devem obedecer ao princípio da novidade, ou seja, não podem estar compreendidos no estado da técnica”. (BARCELLOS 2004, p. 19)

Di Blasi, Garcia e Mendes apud (BARCELLOS 2004, p. 20) esclarecem o benefício do direito de prioridade para a manutenção da novidade de invenção: “O direito de prioridade é a grande conquista do inventor reconhecida pela convenção de Paris. Concede o tempo suficiente para que o inventor, sem prejuízo da novidade, possa reivindicar a patente em outras nações”.

Ora, a reivindicação de prioridade constitui-se em um vital instrumento para o depositante das patentes que pretende proteger e explorar a sua criação intelectual além das suas fronteiras de seu país, tendo em vista que, não observado o prazo previsto na CUP, o objeto de sua patente poderá entrar em domínio público no exterior.

Eventual pedido de patente efetivado no exterior após o prazo de 12 meses de prioridade ou não sendo esta reivindicada poderá ser indeferido por falta de novidade, e de modo a frustrar os possíveis interesses do depositante em explorar com exclusividade no exterior o objeto da sua criação intelectual devidamente protegido no Brasil.

Os países da CUP têm total independência para julgar os pedidos de patentes originados das mais diversas partes do mundo, caracterizando o exercício da soberania nacional e desde que observadas às regras de igualdade de tratamento estabelecidas pela convenção de Paris. Esta independência de julgamento possibilita a legalidade de decisões divergentes dos órgãos nacionais competentes quanto à concessão ou indeferimento de um mesmo pedido de patente realizado em países diversos.

(36)

3.1 TRATAMENTO NACIONAL

É aquele que determina que os estrangeiros terão o mesmo tratamento que os nacionais, de modo que além da proteção prevista na CUP lhes é assegurado que nenhuma discriminação lhes será imposta em decorrência da sua nacionalidade diversa.

De acordo com Di Blasi, Garcia e Mendes10, várias propostas para revisões da convenção de Paris, embasadas no fato de que as legislações de alguns Estados quanto a prazos de vigência de patentes, concessão de licenças compulsórias, obrigatoriamente do uso, entre outras disposições divergentes entre os Estados contratantes, foram rechaçadas ferindo o princípios básico da uniformidade previsto na convenção de Paris.

3.2 DIREITO DE PRIORIDADE UNIONISTA

É a previsão de um prazo de 12 meses para que os países-membros da CUP, que sejam titulares de um pedido de patente originalmente depositado em seus respectivos países, possam também depositar o seu pedido de patente, reivindicado a sua data de prioridade do depósito originário, nos demais países-membros da União que sejam do seu interesse, de acordo com o previsto no artigo 4º Art. bis: (1) As patentes requeridas nos diferentes países da União por nacionais de países da União serão independentes das patentes obtidas para a mesma invenção nos outros países, membros ou não da União da CUP.

3.3 PCT (PATENTE COOPERATION TREATY) TRATADO DE

COOPERAÇÃO EM MATÉRIA DE PATENTE

No sistema tradicional de patentes, para se realizar um depósito em outros países, era necessário depositá-lo no país onde se quisesse patenteá-lo. Os primeiros depósitos deram-se início em 1970, mais exatamente no dia 24 de julho 1978, com 18 contratantes, dentre eles o Brasil. Em 3 de janeiro de 2005, já contava com 125 países

10 DI BLASI, Gabriel; GARCIA, Mario S; MENDES, Paulo Parente. A propriedade industrial. 1. ed., Rio de Janeiro: Forense, 19997, p. 38.

(37)

membros. O objetivo desse tratado era facilitar o depósito do pedido de patentes. Permitiu que o pedido de patente fosse feito em um único país (receptor), com um único idioma e tivesse seus efeitos em todos os outros países. O pedido também passou para a fase interna de cada país (chamada de fase soberana), podendo ganhar ou não a patente nesse país.

3.4 FASES DO DEPÓSITO DE PATENTES

1º) O Depósito

2º) A Busca Internacional 3º) A Publicação Internacional

4º) O Exame Preliminar Internacional

1 - pedido de depósito geralmente é feito no país de origem do depositante.

2 - Para a busca internacional, existem institutos especializados para esse fim, todos designados pela Assembléia da união do PCT, responsáveis pela busca internacional.

3 - Essa fase é feita pelo escritório internacional em Genebra. 4 - A última etapa é realizada pela OMPI, que é o exame preliminar internacional. Para surtir os efeitos nos países de escolha do depositante, ele deve dirigir-se a cada um dos países designados e apresentar a documentação exigida pelo país.

Taxas - no Brasil e no mundo existem taxas, para quase tudo, assim, não

poderia ser diferente no sistema de patentes. A primeira taxa é devida e fixada pelo órgão receptor, também conhecida taxa de transferência. A próxima taxa denomina-se “taxa internacional” cuja função é cobrir os custos pelo trabalho de preparação do pedido, publicação e comunicação aos institutos referentes. Toda fase do processo é taxado.

Diferenças de patentes e marcas - A palavra patente é oriunda do

latim patens, patentis, patere que expressa ser objetivo, evidente ou manifestar-se. Já a palavra marca vem do servo Marka, que significa de acordo com o dicionário

(38)

Aurélio: desenho ou etiqueta de produtos industriais. A marca é um sinal utilizado para fazer distinção entre os produtos ou serviços oferecidos por uma empresa e os produtos de outra.

Elementos que caracterizam o sistema de patentes hoje - A patente é um

título emitido pelo estado que reconhece o direito de impedir terceiros de usar o invento nele reivindicado. Se a patente na verdade atribui ou apenas reconhece um direito (eventualmente pré- existente) é uma questão de natureza eminentemente teórica sem grande importância. “Essa questão surgiu quando a Assembléia nacional constituinte da França decidiu, em 1791, estabelecer uma lei de patentes para reconhecer direitos dos inventores, os quais pré-existiram à concessão da patente”. (CARVALHO, 2009, p.73).

Carvalho (2009, p.74) deixa claro que a estrutura do sistema de patente de hoje é caracterizado por 4 elementos:

(a) a natureza do direito (a patente gera um direito negativo na medida em que se expressa unicamente pelo poder de impedir terceiros de usar a invenção); (b) a natureza do objeto (as patentes são concedidas para proteger invenções); (c) as condições necessárias para que a invenção se torne patenteável (novidade, suficiente atividade inventiva e utilidade), as quais em geram obedecem a um equilíbrio, ou seja, por via de regra têm exatamente o mesmo peso na hora da de determinar se uma determinada invenção é patenteável ou não; Além dessas condições substantivas (porque se refere à forma que pela qual o pedido é apresentado), que é a da descrição da invenção; (d) o direito originário à aquisição de patentes não pertence exclusivamente ao inventor, mas também àqueles que , por contrato, antes mesmo da concessão, recebem do inventor o direito de requerer o direito de propriedade.

Ainda segundo Carvalho (2009, p. 75), o direito da propriedade necessariamente exclui outras pessoas, há necessidade de que ele seja reconhecido pela sociedade. Isto é, a esfera individual do direito do proprietário entra necessariamente na esfera dos direitos dos outros, e por isso, esse direito deve ser expresso numa lei ou mesmo numa regra de direitos da sociedade em geral.

3.5 A NATUREZA DO DIREITO - A PATENTE GERA UM DIREITO DE IMPEDIR TERCEIROS DE USAR SUA INVENÇÃO

As patentes - e a propriedade intelectual em geral - recebem proteção temporária, pois os ativos que elas cobrem a exemplos de todos os direito de

(39)

propriedade, são limitados pelo tempo. A noção de direitos de propriedade perpétua é equivocada. Esses direitos simplesmente não existem. A duração das patentes corresponde ao período médio de vida que a sociedade atribui à tecnologia. Portanto, o que o sistema de patentes faz é introduzir uma morte idealizada, presumida, da tecnologia, ainda que na realidade muitas das invenções continuem a ser utilizadas como ponto de partida para aperfeiçoamentos subseqüentes.

De qualquer modo, o direito de dizer “não” é o único direito que a patente gera para o titular. Esse direito permite-lhe colocar o seu produto no mercado em condições que favorecem perante os concorrentes: ou porque o produto é revolucionário e, portanto o titular ganha uma vantagem no tempo até que produtos concorrentes surjam; ou porque o produto é melhor; ou porque é fabricado por um processo mais eficaz e, portanto seu custo de produção é menor.

Carvalho (2009, p.76-7) ressalta que:

O que a patente faz é dar a seu titular uma vantagem concorrencial que lhe permite vender produtos abaixo do preço. As patentes são instrumentos neutros e servem tanto a objetivos de política industrial quanto a propriedade sobre bens tangíveis que incorporam os inventos (produtos novos e aperfeiçoados- ou simplesmente diferenciados)

O que importa agora assinalar é que as patentes originais tinham como conteúdo principal permitir o exercício de uma atividade econômica. As patentes de hoje, portanto, especificamente instrumentos de políticas industriais, é o conjunto de instituições jurídicas que moldam a sociedade de uma forma eficiente - aquilo que se chama de bom governo - ao reduzir custos de relações econômicas entre os membros de uma sociedade.

3.6 O OBJETO DO DIREITO DE UMA PATENTE: A INVENÇÃO

As patentes de hoje tem como conteúdo invenções, qualquer que seja a sua natureza e seu campo técnico. É o que diz o art. 27.1 do acordo TRIPS11, determina

11 Art. 27.1 do Acordo TRIPS, no sentido de que “qualquer invenção, de produto ou de processo, em todos os setores tecnológicos, será patenteável, desde que seja nova, envolva um passo inventivo e seja passível de aplicação industrial” e de que “as patentes serão disponíveis e os direitos patentários serão usufruíveis sem discriminação quanto a seu setor tecnológico”

Referências

Documentos relacionados

Még épp annyi idejük volt, hogy gyorsan a fejük búbjáig húzták a paplant, és Mary Poppins már nyitotta is az ajtót, és lábujjhegyen átosont a

Os alunos que concluam com aproveitamento este curso, ficam habilitados com o 9.º ano de escolaridade e certificação profissional, podem prosseguir estudos em cursos vocacionais

Mesmo com a maioria dos centenários apresentando elevado percepção qualidade de vida, viu-se que o nível de atividade física e a média de número passo/dia, foram inferiores

De acordo com estes resultados, e dada a reduzida explicitação, e exploração, das relações que se estabelecem entre a ciência, a tecnologia, a sociedade e o ambiente, conclui-se

1- Designar Comissão composta pelos Professores ANGELO MARIO DO PRADO PESSANHA, matrícula SIAPE 311702; CESAR FREDERICO DOS SANTOS VON DOLLINGER, matrícula SIAPE 2321560; FRANCISCO

Este trabalho se refere ao instituto processual conhecido como fundamentação das decisões judiciais, que em razão da divergência doutrinária quanto a nomenclatura

Para aguçar seu intelecto, para tomar-se mais observador, para aperfeiçoar-se no poder de concentração de espí­ rito, para obrigar-se â atençOo, para desenvolver o espírito

A USP se destaca por possuir produção significativamente maior que as dos demais programas (quase 70 artigos). O segundo grupo, composto por Unicamp, UnB, UFRGS