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A participação da soja, milho e carne suína nas exportações do Rio Grande do Sul

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

ELIAS BUSSLER

A PARTICIPAÇÃO DA SOJA, MILHO E CARNE SUÍNA NAS EXPORTAÇÕES DO RIO GRANDE DO SUL

Ijuí (RS) 2013

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ELIAS BUSSLER

A PARTICIPAÇÃO DA SOJA, MILHO E CARNE SUÍNA NAS EXPORTAÇÕES DO RIO GRANDE DO SUL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Ciências Econômicas, do Departamento de Ciências Administrativas, Contábeis, Econômicas e da Comunicação (DACEC), da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUI), como requisito final para a obtenção do grau de Bacharel em Ciências Econômicas.

Orientador: Prof. Dr. Argemiro Luis Brum

Ijuí (RS) 2013

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço a Deus por ter me guiado nestes anos de estudo.

Ao meu pai e minha mãe, que me ajudaram em todos os momentos desta caminhada, principalmente no início dela.

Também agradeço, de forma especial, a minha noiva Nairana, que teve papel fundamental nestes últimos semestres e na confecção deste trabalho.

Agradeço igualmente a meu professor orientador, Dr. Argemiro Luis Brum, por todo o auxilio e tempo dispensado na realização da monografia.

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RESUMO

A participação da exportação da soja, milho e carne suína nas exportações gaúchas é o tema deste trabalho. O mesmo faz uma análise do quanto representam as exportações gaúchas, para fora do país, dos produtos produzidos pelo setor primário rio-grandense. A exportação destes produtos é relevante para a economia gaúcha. Com o passar dos anos e a ampliação da tecnologia utilizada para a produção destes os valores alcançados têm sido cada vez mais significativos e rentáveis aos produtores. Porém, como conclusão, fica bastante evidente a dependência do setor para com fenômenos climáticos, como o que foi registrado em 2005. Nota-se que a soja é o principal produto de exportação do Estado, sendo que os dois outros produtos possuem um consumo regional e nacional importante.

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ABSTRACT

The share of exports of soybeans, corn and pork exports in gaucho is the subject of this work. The same analyzes as representing the Gaucho exports out of the country, the products produced by Rio Grande primary sector. The export of these products is relevant to the state's economy. Over the years and the expansion of the technology used to produce these figures achieved have been increasingly significant and profitable for producers. However, in conclusion, it is quite evident the dependence of the sector towards climate phenomena, such as the one recorded in 2005. We notice that soy is the main export of the State, and the two other products have an important regional and national consumption.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Vantagens absolutas ... 12

Tabela 2 - Vantagens comparativas dois países ... 13

Tabela 3 - Médias históricas da tarifa medias de importação do Brasil ... 22

Tabela 4 - Intercâmbio Comercial Brasileiro Mercado Comum do Sul (US$ 1000 FOB) ... 25

Tabela 5- Exportações Brasileiras com vinculo ao Agronegócio em Bilhões de US$... 28

Tabela 6 - Outros Grãos de Soja mesmo triturados em US$ ... 33

Tabela 7– Evolução do preço médio/ano ao produtor (1995-2010) ... 34

Tabela 8 - Exportação de milho em grãos exceto para semeadura em US$ ... 37

Tabela 9 - Evolução dos preços da saca de milho entre 1995 e 2010 ... 38

Tabela 10 - Exportação de outras carnes de suíno congeladas em US$ ... 40

Tabela 11 - Valor pago ao produtor pelo KG da carne suína ... 42

Tabela 12 - Representatividade da soja, milho e carne suína nas exportações do Rio Grande do Sul ... 44

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Evolução das exportações gaúchas período 1995-2010 ... 30 Gráfico 2 - Participação dos estados na produção da safra de milho por safra (2009) ... 36

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 8

1 COMÉRCIO INTERNACIONAL ... 10

1.1 História do Comércio Internacional ... 10

2 ACORDOS INTERNACIONAIS E O MERCOSUL ... 19

2.1 O GATT e a Rodada Uruguai de 1986 ... 19

2.2 O Processo de Desoneração Tarifária Brasileira ... 22

2.3 O Brasil e o Comércio com o MERCOSUL ... 24

2.4 O Cenário Comercial Gaúcho e o MERCOSUL ... 25

2.5 As Exportações do Agronegócio no Brasil... 28

2.6 As Exportações Gaúchas no Período 1995-2010 ... 29

3 A PARTICIPAÇÃO DA SOJA, MILHO E CARNE SUÍNA NAS EXPORTAÇÕES DO RIO GRANDE DO SUL ... 31

3.1 Peso da Soja para as Exportações do Estado ... 31

3.2 O Milho no Cenário Econômico Brasileiro ... 35

3.3 A Importância do Milho nas Exportações Gaúchas ... 36

3.4 A Disseminação da Carne Suína no Rio Grande do Sul ... 39

3.5 O Tamanho Monetário das Exportações da Soja, Milho e Carne Suína no RS ... 43

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 45

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INTRODUÇÃO

O comércio é algo tão antigo quanto a historia do surgimento das nações. Inicialmente o escambo, que pode ser classificado como primeira forma de transação comercial, era a prática adotada para obtenção de algo que não se possuía. Porém sem o intermédio monetário, somente o excedente produtivo de cada parte era trocado para que satisfizesse as necessidades apresentadas.

A evolução ocorreu também na forma de fazer comércio. O fator monetário passou a intermediar as negociações. O mercantilismo. onde a acumulação de metais preciosos era o principal fator de definição de poderio econômico de uma nação. passou por diversas fases. Com a disseminação do comércio intercontinental outros países passaram a se destacar no cenário mundial.

A integração comercial mundial provocou algumas alterações nas relações entre os países. A criação de mecanismos que visam à proteção do mercado interno de cada nação se tornou cada vez mais comum e necessária, a adoção de tarifas tanto para barrar a importação quanto de exportação fez com que o comércio entre as nações fosse prejudicado, o que levou a criação de órgão que buscam a regulação nas operações comerciais internacionais.

A criação de blocos econômicos, uma medida que visa à ampliação do comércio internacional, é relativamente nova. Países que possuem uma proximidade geográfica buscam estabelecer um regramento para suas negociações. Estas operações comerciais são regidas através de acordo firmado e reconhecido por todos os integrantes, que tem por principal objetivo a ampliação das relações comerciais entre estes países membros.

A participação do Brasil como agente importante no comércio do MERCOSUL, vem sendo comprovada nos últimos anos. Fazendo jus a suas dimensões continentais o Brasil vem contribuindo de forma significativa para a evolução do comércio entre os países membros do bloco econômico, principalmente com a Argentina, que não por coincidência se for levado sua proporção geográfica, tem sido responsável pelas principais negociações entre os parceiros.

O Rio Grande do Sul historicamente apresenta uma vocação agrícola bastante forte. A produção dos produtos soja, milho e carne suína possui forte ligação cultural com o estado. A produção da soja a cada ano vem ganhando mais importância, ampliando a sua contribuição na geração de receita ao Estado, seja para exportação, ou comercialização interna. O milho gaúcho possui algumas características particulares, como a existência de somente uma safra anual, diferente de estados como Paraná e Mato Grosso do Sul, que possuem duas. A

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produção do milho gaúcho é basicamente voltada para o consumo interno, porém a exportação do produto possui representatividade, pequena, mas existente.

A produção de carne suína vem passando por diversas transformações no estado. Com a abertura do mercado do leste europeu para a comercialização da carne suína gaúcha, esta vem sofrendo constantes pressões principalmente em função das barreiras sanitárias impostas por autoridades competentes daquela região para com a forma de abate e armazenagem da carne gaúcha. Inúmeras sanções sanitárias foram impostas e o preço ao produtor oscilou bastante, prejudicando as perspectivas dos produtores quanto à comercialização de seu produto. Porém, o fator positivo desta situação que novos mercados foram abertos, e os produtores gaúchos passaram a conquistar outros mercados, a Argentina é um exemplo claro desta situação.

O trabalho está dividido em três capítulos. No primeiro faz-se um resgate da teoria pura do comércio internacional, apresentando vários autores e explanando suas teorias, dentre os quais estão Adam Smith, David Ricardo e Schumpeter. No segundo capitulo a abordagem recai sobre a formação e desdobramentos ocorridos após a fundação do MERCOSUL, os avanços conseguidos através deste, e a importância da Rodada do Uruguai do GATT, mais tarde OMC. O terceiro capítulo trata do problema de estudo. Apresenta-se a evolução dos números das exportações gaúchas dentro do período de estudo proposto, a evolução destes e as variações ocorridas no período, possibilitando o dimensionamento da exportação dos três produtos em questão.

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1 COMÉRCIO INTERNACIONAL

O comércio internacional pode ser compreendido como as transações efetuadas entre duas ou mais nações que buscam bens os quais não possuem produção intra-nacional, ou sua representatividade é pequena e não atende a demanda. Da mesma forma um ou mais produto que possua excedente produtivo pode ser comercializado com outra nação.

1.1 História do Comércio Internacional

O comércio internacional ganhou força a partir do final do período feudal. Uma vez que praticamente os feudos eram auto-suficientes e praticamente não demandavam qualquer tipo de transação extra-feudo. Com a derrocada deste sistema e o mercantilismo ganhando muita força, o comércio entre as nações tornou-se não somente regular como necessário, devido à necessidade de acumulo de metais precisos por parte das “novas nações”.

Segundo Brum e Heck (2005, p. 32),

[...] na época mercantilista, tinha-se a impressão, de que para servir os interesses próprios de uma nação, fazia-se necessário encorajar as exportações para outros países e desencorajar as importações provenientes destes mesmos países. Desta forma, as trocas comerciais internacionais eram vistas como uma oportunidade de conflito que favorecia o mais forte. No lugar de regimes fechados, os mercantilistas criaram sistemas que favoreciam um parceiro em detrimento dos demais. Sendo assim, como somente, o mais forte poderia tirar vantagem do comércio internacional, são as vantagens absolutas de um país que determinam as correntes comerciais.

No pensamento mercantilista o poder era definido pela quantidade de estoque de moeda. As nações que detinham grandes quantidades monetárias e/ou metais preciosos eram as nações que possuíam um poder de barganha maior, visto que estas não necessariamente teriam que aceitar os preços praticados por uma nação que não possuísse uma reserva monetária tão volumosa quanto a sua.

Diversas formas de comércio exterior mercantilistas foram instauradas no decorrer do período. Através da exploração praticada por Espanha e Portugal, na America latina, que visava principalmente o envio das riquezas (principalmente metais preciosos) encontrados nas colônias de exploração às metrópoles oportunizando as mesmas o aumento em sua armada

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(exércitos) consolidando a vantagem absoluta no comércio internacional através da força. Os pactos coloniais aplicados principalmente nas colônias inglesas, que consistiam na exclusividade da exportação do excedente produtivo das colônias à metrópole, obviamente com valores extremamente atrativos aos colonizadores. Desta forma, o comércio internacional ficara bastante restrito e pouco atrativo àqueles que não tinham a característica de metrópole colonizadora, como demonstram Brum e Heck (2005, p. 33),

Ora, se o motivo principal de comercializar está no fato de se obter no exterior bens que não podem ser produzidos no país e, igualmente, mesmo que alguns bens possam ser produzidos internamente, pode-se obtê-los a custos mais baixos em outros países, a lógica mercantilista carece de racionalidade. Afinal, o comércio internacional, para ter sucesso, é uma estrada de duas mãos, em que uma vai e outra vem. Na prática, quando bem executado, o comércio internacional permite que um número maior de pessoas possa viver melhor, consumir melhor e mais barato, aumentando seu padrão de vida.

Neste sentido, se um país possui um grande estoque de morda, suas importações aumentam para satisfazer as necessidades de consumo de sua população, instaurando-se um problema de déficit na balança de pagamentos. E o processo de acumulação de capital defendido pelos mercantilistas acaba não acontecendo conforme o previsto.

Durante o período do mercantilismo a questão do bem estar do povo pode ser colocada em segundo plano. Uma vez que a grande preocupação do rei era sim o poderio ibérico de seu país, exemplo principalmente de Portugal e Espanha, desta forma o comércio era positivo somente em um sentido, deixando a outra parte, no caso às colônias latinas, em extrema desvantagem no processo de comércio internacional.

A ótica mercantilista perdurou até o final do século XVIII, quando a teoria clássica passou a prevalecer. Na visão dos clássicos, principalmente liderados por Adam Smith e David Ricardo a produtividade do trabalho era fundamental para a definição da riqueza de uma nação neste sentido após lançar sua obra em 1776, “Pesquisa sobre a Natureza e as Causas da Riqueza das Nações”, Adam Smith defende que quanto maior a produtividade do trabalho mais rica seria esta nação, defende que a demanda interna de uma nação seria fator de dificuldade para a majoração da produtividade já as relações com outros países contribuiriam para o aumento da riqueza nacional (BRUM; HECK, 2005).

Smith (apud BRUM; HECK, 2005, p. 35) baseia seu estudo em alguns argumentos:

O comércio Exterior permite escoar os excedentes; O comércio internacional estimula a divisão do trabalho;

O principio da vantagem absoluta (um país em questão produz aquilo onde os custos por unidade produzida são inferiores aos custos verificados no estrangeiro, abandonando a produção daquilo onde os custos absolutos são mais elevados)

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fundamenta a especialização na comparação dos níveis absolutos dos custos de produção entre os países;

O comércio internacional estimula o crescimento.

Com subsídios nestes argumentos, Smith (apud BRUM; HECK, 2005) propõe o modelo simples de comércio entre dois países, para comprovar que comércio pode beneficiar tanto a importadores quanto a exportadores, contrariando a prática do mercantilismo que tinha por objetivo beneficiar apenas o lado mais forte dentre os envolvidos na negociação.

Para o exemplo de Smith, suponha-se dois países A e B, em que ambos tenham em comum a produção de dois produtos X e Y. Para a produção de X o país A gasta 5 unidades produtivas e para a produção de Y o mesmo país A gaste 15 unidades. Já o País B para produzir X gasta 15 unidades e para produzir Y gasta apenas 5, desta forma o comércio entre as nações iria beneficiar a ambas visto que a custo para importação do produto é muito menor que o custo de produção do mesmo (BRUM; HECK, 2005).

Para melhor compreensão da explicação de Smith utiliza-se a tabela a seguir:

Tabela 1 - Vantagens absolutas

Mercadorias

País X Y

A 5 15

B 15 5

Fonte: Brum e Heck (2005, p. 36).

A partir do modelo apresentado por Smith, Ricardo evoluiu e buscou o desenvolvimento mais aprofundado da teoria. O modelo de Ricardo baseava-se na comparação dos custos efetivos para a produção de determinado bem ou bens. Na análise de Brum e Heck (2005, p. 37) se utilizam os produtos vinho e tecido, e assim apresentam o tema abordado por Ricardo:

De posse dos elementos já existentes, este autor explica que o comércio internacional é baseado não sobre as diferenças de país a país, pelos custos absolutos, mas sim sobre os custos comparativos. Ou seja, se Portugal tem um custo de 80 horas para a produção de uma unidade de vinho e de 90 horas para produzir uma unidade de tecido, contra um custo respectivo de 120 e 100 horas, encontrados na Inglaterra, fica evidente que Portugal tem uma vantagem absoluta na produção de vinho e de tecido em relação a Inglaterra. Também possui uma vantagem comparativa na produção de vinho porque pode produzir uma unidade com somente 67% do esforço Inglês, porém necessita de 90% di esforço Inglês para produzir uma unidade de tecido. Analogamente, a Inglaterra tem uma vantagem comparativa na produção de tecido em relação ao vinho (111% contra 150% do esforço português.

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Fica evidente que para, se referir à vantagem comparativa, são necessários pelo menos dois países e dois bens. Compara-se a razão do custo de produção de um bem em ambos os países (80/120) com a razão do custo de produção de outro bem em ambos os países (90/100).

Tabela 2 - Vantagens comparativas de dois países

País

Produto Portugal Inglaterra

Vinho 80 120

Tecido 90 100

Fonte: Brum e Heck (2005, p. 38).

Produção em Portugal Produção na Inglaterra: Vinho: 80/120 = 67% Vinho: 120/80= 150% Tecido: 90/120= 90% Tecido: 100/90 = 110%

Na análise apresentada as vantagens absolutas entre os países são bastante evidentes o que restringiria consideravelmente a possibilidade de alguma negociação entre as duas nações. Quando a analise se dá em torno das vantagens comparativas o cenário se modifica tornando possível e viável o comércio.

Na óptica dos neoclássicos a especialização é sempre vantajosa desde que não ultrapasse o preço recebido em troca do mesmo bem no mercado externo, o que favorece em muito o comércio internacional.

Dessa maneira, mesmo em situação de custo crescente, o comércio exterior continua sempre vantajoso às nações, em particular se elas se especializam mais nas produções onde elas se beneficiarem de vantagens comparativas à exportação, sem esquecer que é preferível não se especializar totalmente. (BRUM; HECK, 2005, p. 47).

A teoria moderna em relação às vantagens comparativas está baseada em que os custos comparativos, em sua grande maioria, variam em cada país, em função de que oferta e demanda são diferentes de um país a outro. Esta é a conclusão dos economistas Eli Heckscher e Bertil Ohlin (apud BRUM; HECK, 2005).

O fundamento da teoria HO está baseado nos seguintes motivos:

a) Utiliza fatores de produção em proporções diferentes para produzir diferentes bens; b) A utilização relativa em fatores difere segundo as nações (BRUM; HECK, 2005). A evolução do modelo neoclássico em relação ao modelo proposto por Ricardo (apud BRUM; HECK, 2005) parte de que não somente um fator de produção (o trabalho) é determinante para a exportação de determinado bem por uma nação. Pois neste modelo em

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havendo vantagem comparativa na produção deste bem de uma nação em relação à outra a exportação é conseqüência. Os neoclássicos apresentam um modelo mais apurado de análise que não se preocupa com apenas as vantagens comparativas, mas sim com um conjunto de fatores necessários para a produção de determinado bem.

No fundo, os neoclássicos saem do modelo ricadiano de um único fator de produção, o trabalho (em que vantagem comparativa era determinada pelas próprias condições de produção e, havendo vantagem comparativa na produção de um bem, o país exportaria aquele bem) para uma análise que engloba o conjunto dos fatores de produção e sua intensidade de utilização. Ou seja, o fator preponderante não é a posse em abundancia dos fatores de produção, mas sim a sua intensidade de utilização na produção de um bem. (BRUM; HECK, 2005, p. 48).

A paridade entre os fatores produtivos de nações mais desenvolvidas acaba por aproximar ainda mais estas nações. Já que há uma tendência de que a relação de intercambio comercial entre estes pares seja mais próxima devido a suas semelhanças produtivas e de mercado consumidor. Neste caso o desenvolvimento muito ligado ao nível de desenvolvimento industrial de cada país.

O economista norte-americano Samuelson, ligado ao fato da tendência à equalização da remuneração dos fatores não ter ficado clara, faz um estudo amplo e muito complexo a cerca do assunto, resultando no Teorema de Equalização dos Preços dos Fatores de Produção. Neste, Samuelson (apud BRUM; HECK, 2005) apresenta indícios de que através do comércio internacional as remunerações dos fatores nas seguintes condições tornam-se igualitários.

Após esta constatação, Samuelson se junta com Stolper para a elaboração do teorema Stolper-Samuelson.

Estes dois estudiosos demonstram que, sob certas hipóteses (um país produz dois bens- por exemplo, trigo e tecido- com a ajuda de dois fatores de produção- por exemplo, terra e mão-de-obra, nenhum dos bens é utilizado como insumo de produção do outro bem; um regime concorrencial prevalece; a oferta dos fatores é dada, existe plena utilização dos fatores; um dos dois bens- o trigo- necessita muito de terra enquanto o outro –o tecido- necessita muito de mão-de-obra; que o pais efetue ou não trocas com o exterior. Existe mobilidade entre os dois fatores entre os setores- mas não entre os países; e a abertura das trocas faz subir o preço relativo do trigo) o comércio internacional divide um país em duas categorias bem definidas: aqueles que ganham com o comércio e aqueles que perdem com ele. Assim, o teorema reza que, sob as hipóteses mencionadas anteriormente, a passagem de uma situação sem comércio exterior a uma situação de livre-comércio aumenta sem ambiguidade, as remunerações do fator que é utilizado de forma intensiva junto ao setor em que seu preço se eleva (a terra), e diminui as remunerações do fator que é utilizado de forma intensiva junto ao setor em que seu preço diminui (a mão-de-obra), independentemente dos bens que os ofertantes dos dois fatores preferem consumir. (BRUM; HECK, 2005, p. 50).

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A estrutura teórica apresenta-se de forma bastante ampla, fundamentada pelos mais diversos teóricos, que com o passar dos anos apresentaram uma evolução em suas pesquisas. A partir desta evolução os mais diversos fatores envolvidos no comércio entre as nações foram esmiuçados. Apresenta-se como fator de grande discussão e entraves entre diversas nações o fator política comercial.

A política Comercial tem se apresentado como um dos principais fatores de conflito entre as nações nas ultimas décadas. As medidas adotadas por certos países, principalmente as medidas protecionistas, que tem como principal objetivo viabilizar a produção interna do país e protegê-lo contra concorrentes que possuem maior eficiência na produção de determinado bem.

A política Comercial gera discussão em função do papel que o Estado vem apresentando no passar dos anos, a intervenção estatal apresentada por algumas nações frente ao livre comércio fez com que uma serie de instrumentos regulatórios fossem adotados limitando a atuação do livre comércio entre as nações.

Uma das formas de regulação do comércio está apresentada através da tarifa aduaneira que, em linhas gerais, nada mais são que tarifas, principalmente empregadas na importação de produtos, onde o país não possui tanta eficiência de produção, que servem para que os produtos externos cheguem até os consumidores finais nos mesmos patamares ou ainda mais altos que os produtos nacionais.

A tarifa aduaneira pode se apresentar de três formas específicas, onde esta possui um valor determinado em função de uma unidade de um produto especifico a ser importado. Ad valorem refere-se a um percentual determinado aplicado sobre o valor de venda dos produtos importados, e as tarifas aduaneiras mistas que unificam as tarifas especificas e ad valorem onde a cobrança é realizada através de um valor fixo mais a incidência de um percentual.

A taxa de proteção é outra medida que visa à proteção do mercado e setor produtivo interno. Para observar o “tamanho” da proteção, pode-se fazer a seguinte análise de determinado produto, elege-se o produto e simplesmente o compara a níveis mundiais se o preço interno estiver maior este é a taxa de proteção posta para o determinado produto e denomina-se Taxa de Proteção Nominal.

Para encontrar a taxa de proteção efetiva, o cálculo a ser realizado deve levar em conta os preços dos insumos para a produção do determinado bem, e não somente o preço da venda. A comparação entre os insumos necessários para produzir este bem parte do mesmo principio

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que a taxa de proteção nominal, deve-se comparar os preços internos e externos a fim de observar esta variância.

Há ainda como forma de cálculos que podem ser utilizados o Equivalente Subvenção a Produção (ESP) e o Equivalente Subvenção ao Consumo (ESC). Mecanismos de calculo apresentados na Rodada do Uruguai do Acordo Geral de Tarifas e Comércio - GATT - (1985 a 1993).

Os Subsídios apresentam-se como uma alternativa às tarifas aduaneiras. Pois mesmo sem a aplicação das tarifas na importação estes mecanismos são capazes de inibir a entrada de produtos de origem externa, fazendo com que os produtos nacionais ganhem força no mercado consumidor interno, isto é possível através de incentivos concebidos pelo governo principalmente em produtos do setor primário, de primeira necessidade da nação, mas também estes subsídios podem ter caráter de propulsor da balança comercial fazendo com que através de financiamentos a juros baixos, desoneração no sistema produtivo, o governo de determinada nação possa baratear o custo de produção de determinado bem tornando-o “passível” de exportação.

Assim como a tarifa aduaneira na Importação, existe a tarifa aduaneira de Exportação. Esta se refere a um entrave aos produtores de determinado produto onde o preço interno deste é menor que o preço de comercialização externo. A fim de manter os preços internos baixos e desencorajar as exportações o Estado aplica uma tarifa ao exportador fazendo com que este opte em comercializar seu produto no mercado interno.

Prática comum, principalmente por parte de monopólios e muito utilizado para abertura de comércio em determinado espaço de tempo e local é o dumping. Esta prática nada mais é do que uma empresa ou grupo empresarial operar em determinada região com preços abaixo do seu custo de produção, fazendo com que rapidamente amplie sua reserva de mercado e ainda afugente eventuais novos concorrentes.

Apoio e taxas de Exportação são práticas conhecidas que operam da forma a beneficiar o produtor de determinado produto/mercadoria. Esta prática consiste em beneficiar quem produz este determinado produto com um preço superior ao preço mundial, onerando os compradores deste, com o excedente produzido e não comercializado o Estado o adquire e o revende no mercado mundial diminuindo sua perda gerada pela prática da política.

A formação de cartéis também pode acabar por distorcer o livre comércio entre as nações. Cartéis baseiam-se em um grupo de países que possuam um produto comum de relativa importância e de boa aceitação no mercado mundial, uma espécie de monopólio ou

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oligopólio de determinada mercadoria, fazendo com que seus consumidores sem opções para substituição destes produtos sejam obrigados a comprar a produção a um preço que é de interesse aos países membros do cartel visto que todos operam com o mesmo valor de venda.

Por fim, as barreiras não tarifárias são medidas que dificultam ou até mesmo inviabilizam o comércio entre as nações, não em função do custo da transação como uma tarifa, mas sim em conformidade a uma legislação ou determinação legal. Estas barreiras na grande maioria das vezes estão ligadas a questões sanitárias ou de saúde, visto que este tipo de restrição comercial refere-se principalmente a produtos ligados ao setor primário que possam por em risco a saúde de seus cidadãos.

Algumas organizações e/ou órgãos foram criados a fim de eliminar, ou ainda, reduzir os entraves que dificultam a negociação entre países. A criação da Organização Mundial do Comércio (OMC) é uma que busca coibir ações que possam prejudicar o livre comércio entre as nações. Esta organização zela pelo bom funcionamento do comércio entre as nações. Porém foi tem grande responsabilidade na constituição e bom funcionamento dos blocos econômicos, que nada mais são do que um grupo de países em grande parte das vezes “vizinhos”, que se unem a fim de melhorar o comércio entre si e majorar os ganhos nas transações extra bloco.

Os blocos econômicos são fruto de uma tendência econômica que ganhou bastante força principalmente após o final da segunda grande guerra, o processo de integração econômica. As principais economias do mundo buscaram em algum momento esta integração com os demais países, o que acabou por facilitar o processo de expansão comercial internacional.

O exemplo de maior sucesso da integração econômica e formação de bloco econômico, sem sombra de dúvida é o europeu. A união européia passou pelos cinco estágios deste processo, que são:

1) Zona de Tarifa Preferencial; 2) Zona de Livre Comércio; 3) União Aduaneira;

4) Mercado Comum;

5) União Econômica e Monetária (BRUM; HECK, 2005).

Atualmente encontra-se no último estágio, onde o Bloco possui banco central próprio e moeda única entre os países membros. As relações comerciais entre os países membros são extremamente facilitadas em função da modelagem econômica adotada.

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O desenvolvimento socioeconômico fica extremamente facilitado em função do poder de barganha viabilizado através da unificação. É correto afirmar o contrario também quando um país membro do grupo econômico entra em crise, fatalmente em maior ou menor escala todos os países do grupo sentirão algum tipo de impacto em sua economia nacional.

Também a circulação dos fatores de produção e mão-de-obra é bastante beneficiada dentro de um bloco econômico. No caso do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) em sua constituição não poderia ser diferente, segue trecho retirado do site da instituição que nos apresenta:

De acordo com o artigo 1° do Tratado de Assunção, tratado constitutivo do bloco, o MERCOSUL implica “a livre circulação de bens, serviços e fatores produtivos entre os países, através, entre outros, da eliminação dos direitos alfandegários e restrições não-tarifárias à circulação de mercadorias e de qualquer outra medida de efeito equivalente; o estabelecimento de uma tarifa externa comum e a adoção de uma política comercial comum em relação a terceiros Estados ou agrupamentos de Estados e a coordenação de posições em foros econômico-comerciais regionais e internacionais; a coordenação de políticas macroeconômicas e setoriais entre os Estados Partes - de comércio exterior, agrícola, industrial, fiscal, monetária, cambial e de capitais, de serviços, alfandegária, de transportes e comunicações e outras que se acordem, a fim de assegurar condições adequadas de concorrência entre os Estados Partes; o compromisso dos Estados Partes de harmonizar suas legislações, nas áreas pertinentes, para lograr o fortalecimento do processo de integração. (MERCOSUL, s.d., s.p.).

Porém, mais especificamente no MERCOSUL não é o que acontece. Na contramão da integração regional, ou do exemplo europeu, cada vez mais mecanismos são criados com a finalidade de “proteger” os membros do bloco, e este acabam por dificultar cada vez mais o livre comércio e as relações entre eles.

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2 ACORDOS INTERNACIONAIS E O MERCOSUL

O comércio internacional, desde BrettonWoods, em 1944, está monitorado por acordos internacionais. O mais importante deles foi o GATT, do qual o Brasil é membro nato, substituído a partir de janeiro de 1995 pela OMC.

2.1 O GATT e a Rodada Uruguai de 1986

O GATT antes de tudo deve ser entendido como um contrato e não como instituição propriamente dita, pois trata-se de um acordo entre países os quais aderiram aos referidos propósitos e passaram adotar suas orientações como prática, afim de alavancagem e difusão do comércio multilateral mundial.

O regimento do GATT está alicerçado basicamente em dois pilares não-discriminação e reciprocidade. É possível descrever a primeira como uma eventual negociação entre países membros do GATT se algum deles oferecer qualquer tipo de vantagem ao outro, obrigatoriamente terá de oferecer a mesma vantagem a qualquer parceiro intra-contratual. Primando pelo principio da igualdade de vantagens para países membros.

Quanto à reciprocidade atende a um sentido de igualdade de negociações. Novamente tomando como exemplo uma negociação entre países membros do GATT quando um realizar algum tipo de concessão contratual o segundo deve apresentar concessão recíproca a fim de manter o equilíbrio no multilateralismo das negociações.

Em setembro de 1986 o GATT talvez tivesse tido senão a mais importante com certeza a rodada de negociações que mais influenciou os países sul-americanos desde o inicio do acordo. A pauta da rodada apontava para significativas mudanças no comércio mundial.

Foram divididos em 14 grupos a pauta da rodada de negociações que seriam: tarifas, medidas não-tarifarias, produtos tropicais, produtos intensivos em recursos naturais, têxtil e vestuário, agricultura, subsídios, salva-guardas, aspectos comerciais da propriedade intelectual, investimento externo direto, revisão dos artigos do GATT, arbitragem, acordos da rodada Tóquio, funcionamento do GATT e serviços.

Um assunto amplamente abordado foi a questão do artigo XXXVI incorporado a redação do acordo em 1965. Que apontava a não necessidade de reciprocidade dos países em desenvolvimento quando estivessem comercializando com países desenvolvidos. O que

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acabava tornando recorrente a utilização em praticamente todas as negociações que envolvessem as duas partes.

Em contrapartida a importância dos países em desenvolvimento, em termos decisórios âmbito de futuras modificações na redação do acordo era cada vez de menor grau.

Algumas das definições da rodada do Uruguai:

Acordo sobre a Agricultura

As definições teriam prazo para implementação de 1986-1990, dentre as quais estavam em extinção/substituição total de todas as medidas não-tarifárias por tarifas. Tarifas devem ter influência de um redutor de 36% para os países desenvolvidos e de 24% para países em desenvolvimento. Como cita Lampreia (1994, s.p.):

[ ..] na fase derradeira das negociações, a chamada clausula de paz, em cujos termos, certas medidas previstas no Acordo sobre Subsídios não serão aplicadas com respeito a políticas caracterizadas como de Green Box (apoio governamental nas áreas de pesquisa, controle de doenças, infraestrutura e segurança alimentar) bem como de subsídios à produção e a exportação mantido em conformidade com os compromissos pactuados [...]. A cláusula de paz vigorará num período de nove anos, não mais seis, como previsto inicialmente.

Basicamente foram as alterações propostas na rodada para a agricultura, sobretudo a brasileira. Uma vez que compromissos foram assumidos por parte das representações dos países desenvolvidos da diminuição das políticas de exportação e subsídios.

Acordo Geral sobre Comércio e Serviços

Através do acordo é possível citar três grandes pilares resultantes das negociações: um acordo básico aplicável a todos os membros, anexos que tratem de setores a serem considerados de forma individual e ainda as listas nacionais de liberalização assumidas por todas as nações as quais serão passiveis de ampliação no futuro.

Acordo sobre Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio

O acordo de proteção a propriedade intelectual foi, sem dúvida, eficiente no cumprimento de seu papel, pois apresentava formas extremamente eficazes de garantir a

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propriedade do vendedor do produto. O único desconforto provocado pelo acordo foi em relação a o prazo para adequação dos países em desenvolvimento para o cumprimento das novas regras que foi de dez anos (no caso mais especifico de produtos farmacêuticos e químicos para a agricultura), desagradando assim os mentores da redação e grandes interessados na questão os países desenvolvidos.

Estas foram apenas algumas das medidas que foram pauta da Rodada do Uruguai do GATT. Porém, fizeram muito “peso” no processo de abertura comercial brasileira. A partir destas medidas acordadas em 1986 que o Brasil passou a gradativamente adotar, e não somente por vontade política de Presidente A ou B, mas muito por pressão externa, políticas que visavam à integração com o comércio mundial.

O GATT por si só também não foi o grande responsável por uma revolução no comércio mundial. Mas sem duvida foi uma grande ferramenta utilizada pelos países Economicamente mais desenvolvidos a fim de ampliar seus mercados e aumentar seu poderio econômico/financeiro.

Se o GATT não tivesse existido é bem provavelmente o processo de liberalismo econômico imposto pela globalização latente, e ampliação do comércio mundial teria acontecido de qualquer maneira. Mas através do acordo este processo ocorreu de forma mais estruturada e de maneira mais rápida, é claro que os interesses envolvidos em todas as partes era o multilateralismo do comércio mundial, após a entrada dos países em desenvolvimento na mesa de discussão do acordo, passou a existir também uma nova preocupação, o desenvolvimento destas nações.

A redação final do GATT representou grandes avanços para os países em desenvolvimento. Não todos aqueles que seriam necessários para a elevação destes ao patamar dos desenvolvidos, mas positivos ao ponto de apresentarem significativo avanço, tanto nos níveis ampliação de capacidade produtiva do parque industrial destes quanto à abertura de novos mercados principalmente para produtos oriundos da agricultura, um dos grandes fornecedores de produtos de exportação da economia brasileira.

Se para os países em desenvolvimento foi positivo o papel do GATT no comércio internacional, para os países desenvolvidos passou longe de ser um mau negócio. Pois se por um lado algumas medidas protecionistas foram removidas expondo alguns setores do país, por outro a expansão do mercado consumidor de toda a America Latina passou a estar disponível aos EUA e União Européia.

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As definições resultantes da rodada do Uruguai deveriam ser implantadas até o final de 1990. No Brasil como em toda America do Sul já em 1988 as primeiras medidas puderam ser notadas. A Rodada Uruguai do GATT é encerrada no final de 1993 e seus acordos assinados no Marrocos em abril de 1994. Dentre as diversas decisões, definiu-se a criação da Organização Mundial do Comércio (OMC), em substituição ao GATT, com início de seus trabalhos ocorrendo em janeiro de 1995. A OMC absorve as regras existentes junto ao GATT, aprofunda algumas e cria outras tantas. Sua primeira rodada de negociações multilaterais foi lançada em novembro de 2001, em Doha (Catar) e leva o nome de Rodada Doha. A mesma ainda não foi encerrada, pois os mais de 155 países membros da Organização não chegam a um consenso quanto aos pontos de pauta ali negociados visando maior abertura comercial mundial.

2.2 O Processo de Desoneração Tarifária Brasileira

O processo de desoneração da importação/exportação brasileira teve como marco histórico o ano de 1988, o qual foi intensificado em meados dos anos 1990. Porém, em 1988,o governo passou a adotar medidas que justamente visavam à reforma tarifaria brasileira. Algumas ações adotadas em 1988 ficaram muito evidentes, como a diminuição da tarifa média de importação que nos anos anteriores era de 51% e passou a já no primeiro ano da reforma a 41%.

Como mostra a tabela I a seguir, algumas das mudanças implantadas desde o inicio do processo de reforma tarifária ficam evidentes.

Tabela 3 - Médias históricas da tarifa média de importação do Brasil

Ano 1985 1986 1987 1988 1989 1990

Media 51,3 51,3 51,0 41,0 35,5 32,2 Fonte: Azevedo (1997, p. 2).

Também foram alterados os intervalos de variação das alíquotas de importação que ficavam entre 0 e 105% passaram a ter um intervalo menor entre 0 e 85%. Esta foi sem duvidas a grande modificação no sistema de tarifação para importações naquele período. Em continuidade a este processo em 1989 a mudança de percentuais na tarifação continuou a ser

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adotada como política do governo, a tarifa media de importação sofreu um novo corte chegando a 35,5%. Outras políticas anteriormente utilizadas como regulatórias pelo governo foram extintas a fim de facilitar as importações, como exemplo não cumprimento de prazos mínimos para pagamento de financiamentos para importações de bens de capital. Já em 1989 a participação das importações no PIB teve seu percentual elevado, passando de 3,91% registrado no ano anterior para 4,48%, o que representou um incremento de US$3.658 bilhões nos índices registrados (AZEVEDO, 1997).

Em 1990 com a chegada de Fernando Collor de Mello à presidência da republica a política de abertura comercial só ganhou força, medidas como a eliminação das restrições não tarifarias, a manutenção da redução gradual das alíquotas de importação tiveram implantado um cronograma a ser respeitado pelo governo. O cronograma compreendia o período entre janeiro de 1991 e dezembro de 1994.

Para a definição de quais seriam os produtos a serem beneficiados com a redução nas taxas de importação alguns dos critérios utilizados para a definição das faixas tarifarias dos produtos foram: a existência de produção interna, a competitividade da indústria nacional e a estrutura tarifária vigente no exercício anterior. 13500 produtos que seriam beneficiados pelo ajuste tarifário. Que posteriormente foram divididos em sete grupos que tiveram a alíquota de importação fixada entre zero e 40%. Porém, o Cronograma para implantação das medidas adotadas foi antecipado em virtude dos níveis inflacionários, que através das importações conseguiram ser contidos. Até 1993 quase que a totalidade dos regimes especiais de importações foram extintos, mantidos apenas os que possuíssem vinculo a exportação.

Durante os primeiros anos da década de 1990 (governo Collor e Itamar Franco 1990-1993) indicadores tanto de volume quanto de valores das importações apontavam índices satisfatórios às intenções do governo, em relação ao final de 89 este incremento em termos monetários representou US$6.993 bilhões.

Mesmo com a queda do presidente Fernando Collor de Melo através do Impeachment, as medidas anteriormente adotadas como política de fomento as importações foram mantidas pelo seu sucessor Itamar Franco, e não sofreram qualquer tipo de impacto negativo em decorrência da troca de comando.

Após a assinatura pelos países membros e a efetiva validação como bloco econômico o MERCOSUL passa a adotar a Tarifa Externa Comum (TEC). Como se pode observar em trecho retirado do site do Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio Exterior, segue a definição do papel da TEC no MERCOSUL.

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Segundo as diretrizes estabelecidas, desde 1992, a TEC deve incentivar a competitividade dos Estados Partes e seus níveis tarifários devem contribuir para evitar a formação de oligopólios ou de reservas de mercado. Também foi acordado que a TEC deveria atender aos seguintes critérios: a) ter pequeno número de alíquotas; b) baixa dispersão; c) maior homogeneidade possível das taxas de promoção efetiva (exportações) e de proteção efetiva (importação); d) que o nível de agregação para o qual seriam definidas as alíquotas era de seis dígitos.

A aprovação da TEC também incluiu alguns mecanismos de ajuste das tarifas nacionais, através de Listas de Exceções, com prazos definidos para convergência aos níveis da TEC.

A TEC foi implantada no Brasil pelo Decreto 1.343, de 23/12/94. (MERCOSUL, s.d., s.p.).

O Índice busca regular as alíquotas praticadas nas negociações entre os países componentes do bloco. Esta TEC após este período de inicio de tratativas para a formação do bloco manteve sua média entre 11 e 13%. Porém diversos mecanismos foram criados para que esta alíquota pudesse ser alterada conforme a necessidade de cada país, mais recentemente fora criado um mecanismo que permite a um país membro que achar necessário elevar esta TEC para determinado produto até 35% (teto definido pela Organização Mundial do Comércio), desde que outro país membro não se sinta lesado por tal prática.

São vários os produtos e taxas dentro da Tarifa Externa Comum, porém pode-se fazer uma média dentre todos os produtos compreendidos pela TEC.

2.3 O Brasil e o Comércio com o MERCOSUL

Oficialmente o MERCOSUL teve sua fundação datada em 30 de novembro de 1985, em Assunção no Paraguai, os países associados buscavam o estabelecimento de uma zona de livre comércio com benefícios fiscais entre países mais ao sul da América do sul, Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Porém, as negociações para a efetiva instauração do mercado prolongaram-se por alguns anos após data oficial e até hoje não há um consenso ou sequer o respeito às regras acordadas entre os países membros, sejam elas para circulação de pessoas, mas principalmente para o comércio entre os países membros (FERNANDES, s.d.).

Uma das pautas constantes no momento de discussão do e regramento do bloco econômico foi o desvio de comércio, que poderia ser ocasionado em função da assinatura do acordo. Como todos os países que inicialmente compunham o bloco possuíam características similares algumas situações quanto possibilidade de perdas para determinados países foi levantada. A questão do trigo do sul do Brasil foi um dos fatores de fortes discussões a respeito. Mas fato é que mesmo com estas arestas que os idealizadores do acordo à medida

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que as negociações avançavam eram trazidas a tona, ainda assim o comércio intrabloco e extra bloco cresceu significativamente para todos seus componentes.

Na tabela 4, observa-se a evolução das exportações/importações intra-MERCOSUL após a abertura comercial brasileira iniciada em 1988 no final do governo Collor/Itamar Franco e primeiro Mandato de Fernando Henrique Cardoso.

O comércio Brasil/MERCOSUL foi bastante significativo. Observa-se o desempenho do Brasil principalmente após 2005 que as transações, exportações, para países do MERCOSUL se intensificam. E em 2010 alcançam seu teto dentro do período analisado, mais de 22bilhões de dólares, praticamente 3 vezes e meia a mais que em 1995.

Tabela 4 - Intercâmbio Comercial Brasileiro Mercado Comum do Sul (US$ 1000 FOB)

Brasil MERCOSUL Argentina Paraguai Uruguai

Ano

Total

Exportações Exportação Exportação Exportação Exportação 1995 46.506.282 6.153.768 4.041.136 1.300.733 811.899 1996 47.746.728 7.305.282 5.170.032 1.324.582 810.668 1997 52.982.726 9.045.111 6.769.402 1.406.328 869.381 1998 51.139.862 8.878.234 6.748.204 1.249.436 880.594 1999 48.012.790 6.778.178 5.364.140 744.308 669.730 2000 55.118.920 7.739.599 6.237.684 832.473 669.442 2001 58.286.593 6.374.455 5.009.810 721.253 643.392 2002 60.438.653 3.318.675 2.346.508 559.625 412.542 2003 73.203.222 5.684.310 4.569.768 708.750 405.792 2004 96.677.499 8.934.902 7.390.967 873.353 670.582 2005 118.529.185 11.746.012 9.930.153 962.721 853.138 2006 137.807.470 13.985.829 11.739.592 1.233.639 1.012.598 2007 160.649.073 17.353.577 14.416.946 1.648.191 1.288.440 2008 197.942.443 21.737.308 17.605.621 2.487.561 1.644.126 2009 152.994.743 15.828.947 12.784.967 1.683.902 1.360.078 2010 201.915.285 22.601.501 18.522.521 2.547.908 1.531.072 Fonte: MDIC (s.d., s.p.).

2.4 O Cenário Comercial Gaúcho e o MERCOSUL

O cenário do comércio gaúcho pós-implantação do MERCOSUL mostra-se deficitário consecutivamente em sua balança comercial. Porém, o intercâmbio comercial com países do MERCOSUL cresceu significativamente no período inicial do pós-acordo, chegando ao

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incremento no final do período 1992-1997 de 180 %, ou seja, passando de U$886 milhões em 1992 para U$2.481 milhões no final de 1997.

Neste período o total das exportações gaúchas, foi seis vezes maiores intra-bloco econômico do que as negociações com países não pertencentes ao bloco. Ao observar as importações gaúchas intra-bloco no período nota-se após chegarem a representar 45% do total importado pelo estado em 1993, este numero diminuiu gradativamente e terminou 1997 em 35% (NONNENBERG, s.d.).

O Estado neste período inicial mostrou-se um importante parceiro comercial principalmente para o Uruguai. O Rio Grande do Sul foi responsável pela compra de 32% de tudo que o Uruguai exportou para países membros do MERCOSUL em 1995, e este numero subiu para 34% em 1996 (NONNENBERG, s.d.).

Os principais produtos exportados para o Uruguai pelo Rio Grande do Sul eram fumo (tabaco) e seus derivados, lãs, fios de tecido e crinas e também plásticos e seus derivados. Tiveram um incremento bastante considerável as exportações de carnes, de suínos, bovinos e aves, a questão bovina muito pelo Rio Grande do Sul ter sido considerado no período zona livre de febre aftosa.

Quanto às exportações Uruguaias ao estado os volumes mais elevados referem-se justamente a produtos que são parte da base produtiva da economia gaucha, o arroz (produzido nas áreas mais ao sul do estado) e cereais diversos. Estes produtos foram importados devido a seu baixo custo de produção em terras Uruguaias e seu baixo valor de comercialização naquele país. Desta forma, os produtores gaúchos tiveram extrema dificuldade competição com o produto importado, visto que o preço de mercado em muitas ocasiões foi maior que o custo de produção.

A Argentina mostrou-se neste mesmo período inicial de MERCOSUL como principal parceiro econômico do Rio Grande do Sul. Pois os segmentos industriais de ambos possuíam um nível razoável de diversificação, o que representava possibilidade de intercambio tanto de mercado consumidor quanto de tecnologias.

No período 1991-1996 praticamente 50 % das exportações gauchas para o MERCOSUL foram direcionadas à Argentina. Este número em 1997 chegou a 62,5%, já as importações alcançaram 76,2% (também considerando comércio Argentina-RS no mesmo ano) (FEE, s.d.).

Os produtos de maior interesse da Argentina referiam-se a equipamentos agrícolas (representavam aproximadamente 25% do total importado). Fato que deve ser notado também

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a variação negativa da importação de carnes, principalmente suínos e aves, que oscilou bastante, porém no período analisado apresentou um decréscimo em sua representatividade (FEE, s.d.).

A globalização juntamente com a implantação do MERCOSUL contribuiu de duas formas para o processo comercial gaucho. Se por um lado a abertura comercial propiciou um ganho de mercado num sentido de que os países membros se tornariam potenciais importadores, por outro os produtores gaúchos sofreram muito com a importação principalmente do trigo e arroz, que chegavam até o mercado com valores extremamente abaixo daqueles que os produtores gostariam e acabavam por inviabilizar a produção interna.

Com o Paraguai, o menor parceiro comercial gaucho intra-bloco, as relações comerciais possuíam características muito próximas dos outros dois integrantes do bloco. Porém as quantidades transacionadas eram significativamente menores.

A relação comercial com o Paraguai, inicialmente ao acordo, foi bastante restrita no quesito importação a praticamente um segmento de produto, couro e seus derivados. Empresas gaúchas trabalhavam com a importação desta matéria-prima, a transformavam e vendiam o produto com um valor agregado maior ao mercado consumidor paraguaio. Mas estes números nunca foram significativos a ponto de terem grandes impactos na balança comercial gaucha, assim como as transações entre RS e Argentina ou até mesmo RS e Uruguai tiveram.

No período inicial de implantação do MERCOSUL o Rio Grande do Sul veio ampliando suas exportações intra-bloco do bloco. Em contrapartida suas importações tiveram variação negativa quase que constante no período. Muito desta relação inversa se deve ao fato que neste período várias empresas multinacionais tiveram unidades de produção implantadas no estado, assim como também nos países vizinhos, este aporte de capital estrangeiro no RS permitiu a indústria gaúcha melhorar sua competitividade frente aos mercados do MERCOSUL e também fora dele.

As privatizações das estatais durante o governo de Antonio Brito (1994/1998) contribuíram muito para o processo de entrada de capital estrangeiro no RS. Exemplo deste movimento foi a venda da Companhia Rio-grandense de Telecomunicações (CRT) para a Brasil Telecom mais tarde adquirida pela Telefônica (companhia de capital Espanhol). Porém, a partir deste momento de abertura do capital da empresa estatal, as telecomunicações do estado dão um salto tecnológico e passam a oferecer serviços e disputar um mercado antes pertencente apenas a europeus e norte-americanos. Negociações semelhantes ocorreram com a

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Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), concessão de pedágios em rodovias estaduais a empresas privadas, que representaram aporte de capital do exterior na economia gaúcha.

2.5 As Exportações do Agronegócio no Brasil

Para avaliar com clareza a evolução dos números da balança comercial gaúcha, e a participação do noroeste do Estado como agente formador de receita bruta deve-se inicialmente olhar para os dados nacionais. Desta forma, no período de referência 1995-2010 é necessária uma analise genérica inicialmente nos números totais do agronegócio no período proposto.

Na Tabela 5 observa-se a evolução do volume de produção para exportação no agronegócio como um todo.

Tabela 5- Exportações Brasileiras com vinculo ao Agronegócio em Bilhões de US$

Exportações

Ano Total Brasil (A) Agronegócio (B) Part.% (B/A)

1995 46,51 20,87 44,88 1996 47,75 21,15 44,29 1997 52,98 23,37 44,10 1998 51,14 21,55 42,13 1999 48,01 20,49 42,68 2000 55,12 20,59 37,36 2001 58,29 23,86 40,93 2002 60,44 24,84 41,10 2003 73,20 30,65 41,86 2004 96,68 39,03 40,37 2005 118,53 43,62 36,8 2006 137,81 49,47 35,89 2007 160,65 58,42 36,37 2008 197,94 71,81 36,28 2009 153,00 64,79 42,35 2010 201,92 76,44 37,86

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Os dados apresentados referem-se a valores registrados como pertencentes ao agronegócio que é compreendido para analise desta tabela da seguinte maneira: consiste na totalidade das operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas, das operações de produção nas unidades agrícolas, armazenamento, processamento, distribuição, serviços financeiros, transporte, marketing, seguros, bolsas de mercadorias

O Brasil desde muito tempo vem mostrando seu forte potencial exportador de produtos do setor primário principalmente ligado ao agronegócio. Na tabela 5 identifica-se que no ano de 1995 o agronegócio era responsável por aproximadamente 44,88% do total das exportações brasileiras, dando respaldo a esta característica de agente produtor de produtos do setor primário.

As exportações mantiveram um incremento lento, um tanto inconstante, porém gradativo até o inicio dos anos 2000, neste ano muito influenciado pelo inicio do cultivo das culturas transgênicas como fator produtivo, principalmente no cultivo da soja, os valores exportados (puxados principalmente por este produto) passaram a aumentar de forma mais virtuosa chegando a dobrar sua representatividade em apenas cinco anos. A partir deste novo momento tecnológico que o agronegócio passa a viver os números crescem significativamente e em um curto espaço de tempo.

2.6 As Exportações Gaúchas no Período 1995-2010

Como não poderia ser diferente o Rio Grande do Sul, com sua característica de produtor de matéria-prima/alimentos, passa a demonstrar uma evolução, semelhante a do Brasil, significativa nos números das exportações dos produtos ligados ao campo.

Observa-se no gráfico 1 que os valores finais das exportações gaúchas no período apresentam significativo incremento. As exportações se comparados os anos de 1995 (inicio da serie proposta) e 2008 (maior pico apresentado no período) a evolução das exportações apresenta um valor 6 vezes maior fazendo a relação 2008-1995.

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Gráfico 1 - Evolução das Exportações Gaúchas período 1995-2010

Fonte: FEE (s.d., s.p.).

Através dos desdobramentos do GATT, mais especificamente da rodada do Uruguai, e posterior efetiva formação do MERCOSUL o processo de exportação, do Rio Grande do Sul fora bastante beneficiado. O mercado argentino passou a ter grande representatividade no cenário gaúcho, não necessariamente nas exportações dos produtos abordados neste trabalho, exceto a carne suína.

Com o acordo assinado entre as nações membros do MERCOSUL e o vislumbre da possibilidade de redução tarifária entre os países as relações comerciais internacionais ficaram em evidência. Muito pela sua posição geográfica o Rio Grande do Sul viu como possibilidade de expansão de mercado a formação do bloco econômico, e nos primeiros anos de fundação os países integrantes apresentaram-se como grandes parceiros comerciais do estado.

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3 A PARTICIPAÇÃO DA SOJA, MILHO E CARNE SUÍNA NAS EXPORTAÇÕES DO RIO GRANDE DO SUL

Pela característica de sua colonização o Rio Grande do Sul se apresenta fortemente enraizado a condição de produtor de alimentos. Dentre os vários produzidos no estado um merece destaque especial, em função de sua representatividade para a economia gaucha e também brasileira e mesmo mundial. Trata-se da soja!

3.1 Peso da Soja para as Exportações do Estado

A oleaginosa chegou ao Rio Grande do Sul nos anos 1900. O registro mais antigo encontrado no estado data de 1914 da primeira área cultivada de soja. Porém apenas nos anos de 1940 a cultura passou a ter uma representatividade no cenário econômico, foi quando o RS registrou uma área plantada de 640 há e uma produção total de 450 toneladas, uma produtividade média de 700 kg/ha.

Ao final da década de 1949 a produção de soja no Brasil já era de 25000 toneladas, que fez com que o país figurasse pela primeira vez no cenário dos produtores de soja a nível mundial.

O grande salto para o cultivo da soja não só no Rio Grande do Sul como no Brasil se deu na década de 60, quando através de subsídios dados ao trigo a soja conquistou sua autossuficiência como cultura de verão. Pode-se comprovar este impulso se a análise feita se detiver nos números da evolução da produção da cultura, em apenas 10 anos os valores produzidos foram multiplicados por cinco, que eram de 206 mil toneladas em 1960, e passando a 1.056 mil toneladas no final de 1969. Registros mostravam que 98% do total da soja produzido era proveniente dos três estados do sul do Brasil.

Se a década de 1960 foi bastante positiva para a produção de soja a década de 1970 que a cultura se consolidou como grande carro chefe do agronegócio brasileiro. E o crescimento registrado durante a década de 1970 foi ainda mais impressionante, a produção saiu da casa dos 1,5 milhões de toneladas para 15 milhões em 1979. O incremento na produção não é apenas fruto do aumento da área plantada que passou de 1,3 milhões de hectares para 8,8 milhões, mas também é resultado dos investimentos em tecnologia, adubação e manutenção do solo que possibilitaram a majoração da produtividade por há que

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passou de 1,14 T/ha para 1,73 T/ha. E ainda a produção de aproximadamente 80% desta soja era responsabilidade dos três estados da região sul do país.

Nas décadas subsequentes 1980 e 1990 a região sul do Brasil foi perdendo em produção para a região centro-oeste. A região que no final de 1970 era responsável por apenas 20% do total da soja produzida no Brasil ao final dos anos 1990 já representava 60% de toda a soja produzida no país. Principalmente pela característica da região que apresenta grandes áreas disponíveis para o cultivo e pela característica das propriedades de grande extensão territorial e extremamente mecanizadas possibilitando os ganhos por escala aos proprietários.

O Rio Grande do Sul cujas características nos apontam para características produtivas extremamente ligadas ao setor primário, nos remetem a uma situação um pouco diferente da apresentada principalmente na região centro-oeste do país. Como a grande parte dos agricultores gaúchos podem ser classificados em pequeno e médio, a rotatividade de culturas fica bastante comprometida. O cultivo da soja, em função dos valores de mercado da commodity, torna-se quase que “obrigatório” por apresentar rendimentos bastante elevados e com um custo de produção aceitável. Desta forma as pequenas e medias propriedades gaúchas apresentam um importante papel na geração e distribuição de renda no estado, ao contrario do registrado nas grandes propriedades do centro-oeste.E é esta pequena e media propriedade que são parte fundamental no processo de exportação gaúcho.

Na tabela 4 pode-se identificar a evolução dos valores em dólares e ainda a quantidade em quilos exportados pelo estado durante o período de 1995-2010. Nota-se claramente a influência do efeito climático nas exportações. Em 2005, ano em que o Rio Grande do Sul como um todo fora bastante castigado pela estiagem, os valores da exportação em US$ e em KG reduzem significativamente, e ficam próximos aos registrados em 1999, onde a tecnologia utilizada nas propriedades era de intensidade bem menor. Mesmo assim, a produção em KG, se comparada a 2005, ainda fica acima daquela registrada no ano do evento climático.

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Tabela 6 – Exportação de Soja do RS em milhões de US$ de 1995 a 2010

Ano Exportação soja (A)

Total Exportação RS (B) A/B (%) 1995 ND 5.181 0 1996 ND 5.663 0 1997 302,2 6.271 4,82 1998 282,9 5.628 5,03 1999 104,0 4.998 2,08 2000 264,8 5.779 4,58 2001 483,4 6.345 7,62 2002 347,4 6.375 5,45 2003 839,3 8.013 10,47 2004 630,5 9.878 6,38 2005 107,4 10.453 1,03 2006 738,1 11.774 6,27 2007 1.605,2 15.017 10,69 2008 1.617,5 18.460 8,76 2009 1.933,5 15.236 12,69 2010 1.781,5 15.382 11,58

ND=Dados Não Disponíveis ou Não encontrados Fonte: MDIC (s.d., s.p.).

Percebe-se que de 1997 a 1999 os valores tanto do total da produção exportada KG/liquido exportada quanto os valores de em US$ são bem a baixo dos registrados já em 2000, quando se verifica um salto produtivo, principalmente se comparados 1998/1999 a 2000/2001 o incremento é significativamente importante e uma das causas para esta evolução está na adoção da transgenia como processo produtivo nas lavouras do estado, a partir daí os números das exportações passam a manter um ritmo gradual de crescimento, destoado principalmente em 2005 em função da estiagem.

Após 2005 o incremento na produção bruta exportada é bastante notório uma das prováveis causas deste podem ser os avanços tecnológicos que vão desde o melhoramento genético da semente até o desenvolvimento de novas inseticidas. Porém não somente este é o principal motivo da majoração nas exportações da commodity no período, a questão cambial também favoreceu para a oscilação dos saldos na conta de exportações.

O valor bruto exportado após 2006 tem ficado na casa dos 4.366.000.000 kg, porém nota-se a flutuação dos valores monetários do período. Nos anos seguintes a 2006 até o final

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do período em estudo fica claro a variação cambial como componente importante na formação do valor final de exportação do estado.

Para um melhor entendimento quanto a esta variação monetária nos valores referentes à exportação da soja é necessária uma analise na evolução do preço da saca de 60 kg da commodity.

Tabela 7 - Evolução do Preço Médio Anual da Soja Pago ao Produtor e a Variação do Dólar em Média Anual (1995-2010)

Ano R$ por US$ R$/saco 60 quilos

1995 0,91 27,62 1996 1,00 36,40 1997 1,07 38,80 1998 1,16 30,47 1999 1,84 32,31 2000 1,82 30,90 2001 2,34 35,53 2002 2,92 43,49 2003 3,07 42,80 2004 2,92 41,59 2005 2,43 27,70 2006 2,17 23,57 2007 1,94 30,37 2008 1,83 43,54 2009 1,99 43,98 2010 1,75 37,29

Fonte: AGROLINK e BACEN (s.d., s.p.).

A variação apresentada na tabela 5 mostra a grande sensibilidade da commodity em relação ao cambio. Em uma analise com os valores iniciais de 1995 e finais de 2010, a variação representou aproximadamente 35%. Mas na analise ano a ano a variação apresentada é bem maior e inclusive negativa em determinados anos.

Nota-se que a variação de 2004 para 2005, ano em que o estado do Rio Grande do Sul como um todo foi muito afetado por uma estiagem muito grande, no preço foi negativa ultrapassando a casa dos 33%. Desta forma, os números das exportações gaúchas para a commodity naquele ano foram pouco representativos, pois além de não haver produção o valor para comercialização ficou muito abaixo do esperado pelos produtores e exportadores gaúchos.

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Em 2006 registra-se, dentro do período em analise, o menor valor para a saca R$23,57. Neste ano o problema da seca não interferiu nas exportações, porém a fatores externos fizeram com que os valores ficassem ainda abaixo daquele registrado em 2005, o que também contribuiu para os volumes monetários em relação às negociações da commodity terem sido melhores que os anos de 2004 e 2005, mais ainda assim abaixo daqueles registrados em 2003.

O principal destino do da soja gaucha, principalmente in natura, tem sido a China. O país tem desde o inicio dos anos 2000 se apresentado como principal comprador da commodity, não só do Rio Grande do Sul, mas também do Brasil. Fato este que se apresenta como de certo risco uma vez que concentrando as vendas em apenas um comprador, a partir do momento que este imponha qualquer tipo de barreira, como já ocorreu no passado, o saldo das exportações do Estado pode ficar comprometido.

3.2 O Milho no Cenário Econômico Brasileiro

O milho juntamente com a soja é responsável por aproximadamente 80% do total de grãos produzidos no Brasil. A grande diferença entre as duas culturas está na posição de commodity mundial assumida pela soja ao passar dos anos, o que oportuniza a mesma a liquidez imediata. Durante os anos 80 e até a metade dos anos 90 o milho possuía como seu grande mercado de consumo o mercado interno. Com a expansão das fronteiras de mercado externo às carnes brasileiras e por se tratar senão do principal, mas um dos principais alimentos do rebanho esta característica ganhou força.

Nos últimos anos, porém a exportação do milho brasileiro vem aumentando gradativamente. O país ganhou lugar de destaque no mercado internacional, em 2009 segundo o Departamento Norte Americano de Agricultura (USDA) o Brasil estava entre os quatro grandes produtores de milho do mundo, atrás de EUA, China e União Européia.

As exportações possibilitaram a manutenção do preço do grão no mercado interno, contribuindo para o avanço da cultura no Brasil como um todo. O grande produtor de milho dentro do Brasil é o estado do Paraná, consegue manter este “status” graças à capacidade de produção de duas safras com boa produtividade tanto na safra de verão quanto na de inverno. Mas o Paraná é apenas um dos pelo menos 13 estados brasileiros onde há registro do cultivo do grão, é claro que a representatividade de alguns é bastante reduzida, mas há este registro.

Estados como Mato Grosso e Mato Grosso do Sul registro valores bastante significativos em suas áreas de milho na safra de Inverno, visto a característica climática da

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