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O processo de ensino-aprendizagem de língua inglesa: abordagens e métodos utilizados em escolas públicas e de idiomas

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Academic year: 2021

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UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DHE – DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCAÇÃO CURSO DE LICENCIATURA EM LETRAS – LÍNGUA INGLESA

E RESPECTIVAS LITERATURAS

O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE LÍNGUA

INGLESA: ABORDAGENS E MÉTODOS UTILIZADOS

EM ESCOLAS PÚBLICAS E DE IDIOMAS

DENISE MEGIER RAKOWSKI

Ijuí – RS 2015

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DENISE MEGIER RAKOWSKI

O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE LÍNGUA

INGLESA: ABORDAGENS E MÉTODOS UTILIZADOS

EM ESCOLAS PÚBLICAS E DE IDIOMAS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, como requisito parcial para obtenção do Grau de Licenciatura em Letras – Língua Inglesa e Respectivas Literaturas.

Orientadora: Me. Taíse Neves Possani

Ijuí – RS 2015

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DEDICATÓRIA

DEDICATÓRIA

DEDICATÓRIA

DEDICATÓRIA

A todas as pessoas que, direta ou indiretamente, me

incentivaram, apoiaram e contribuíram para essa

conquista, fica aqui o meu sincero agradecimento.

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AGRADECIMENTOS

AGRADECIMENTOS

AGRADECIMENTOS

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pela vida, saúde, força e

coragem. Por me iluminar, abençoar e ter colocado as pessoas

certas no meu caminho.

Agradeço a minha mãe Luiza e meu pai Gilberto, que são tudo

para mim e não mediram esforços ao longo de todos esses anos

para me ajudar em tudo o que eu precisei. Sempre estiveram

comigo me apoiando, incentivando e aconselhando a escolher o

melhor caminho. A presença de vocês fez toda a diferença e com

certeza essa conquista não é apenas minha, mas de vocês

também.

Agradeço a todos os professores que de uma forma ou de outra

contribuíram para o meu crescimento pessoal e intelectual. Em

especial a minha orientadora Taíse pela atenção, conhecimento

e dedicação prestados na realização desse trabalho. E também à

professora Fabiana que esteve comigo do início até o término do

curso.

Agradeço a todos os ex-colegas e colegas, pelo companheirismo e

amizade ao longo desses quatro anos. Em especial aos amigos

Anaíza e Mathias que estiveram comigo em todos os momentos.

E também ao colega Junior, sempre disposto a ajudar no que é

necessário.

Agradeço as escolas que me acolheram para que eu realizasse os

estágios necessários, aos professores que gentilmente me

cederam algumas de suas turmas e também aos alunos que

participaram das minhas aulas e realizaram todas as atividades

propostas.

Agradeço a todos os professores das escolas públicas e de

idiomas que dedicaram alguns minutos do seu tempo para

responder a minha pesquisa de TCC, sua colaboração foi

essencial para a realização desse trabalho.

Agradeço também a todas aquelas pessoas que duvidaram da

minha capacidade e me desestimularam, pois suas críticas só me

fizeram mais forte para ir em busca dos meus objetivos e

mostrar que o impossível é apenas uma questão de opinião.

A todos vocês o meu muito obrigado!

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Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas

ao tocar uma alma humana seja apenas outra alma

humana.

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RESUMO

Muitas são as diferenças e especificidades que podemos encontrar ao confrontar ou conhecer a realidade das escolas públicas e de idiomas. Diante disso, esse trabalho objetiva descrever e analisar como se encontra a situação do processo de ensino-aprendizagem de língua inglesa, a fim de compreender acerca das abordagens e métodos de ensino, bem como os materiais didáticos utilizados pelos professores. Essa pesquisa também espera mostrar os pontos positivos encontrados, bem como verificar os obstáculos e dificuldades que os professores enfrentam, para assim contribuir com o contexto profissional e acadêmico. Para tanto, foi realizada uma pesquisa através de uma entrevista e de um questionário, bem como por meio da análise de planos e materiais das escolas públicas e de idiomas de seis cidades da região noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. Os resultados apontam que, de acordo com a visão dos professores, os alunos são os principais responsáveis pelo fracasso do processo de ensino-aprendizagem de língua inglesa e o livro-didático é um suporte para as aulas. Ainda se observa a falta de conhecimento das abordagens e métodos utilizados por esses professores e que a maioria pensa utilizar o método comunicativo. Porém, na verdade centram-se ainda em abordagens e métodos tradicionais de ensino como, por exemplo, a tradicional ou gramática e tradução e a estrutural ou áudio-lingual. Então, espera-se que essa pesquisa possa melhorar as práticas de ensino e a formação inicial dos professores nessa área.

Palavras-chave: Processo de Ensino-aprendizagem. Abordagem. Método. Escolas

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ABSTRACT

There are many differences and particularities that we can find when we confront or understand the reality of public schools and private language schools. Therefore, this work aims to describe and analyze how is the situation of teaching-learning process of English Language, in order to comprehend about the approaches and teaching methods, as well as the teaching materials used by teachers. This research also hopes to show the positive points found, as well as verify the obstacles and difficulties teachers have met, so as to contribute with the professional and academic context. For this, it was realized a research through an interview and a questionnaire, as well as by plans analysis and materials of the public schools and private language schools of six cities of the northwestern region of Rio Grande do Sul State. The results show that, according to the teachers’ vision, students are the mainly responsible for the failure of the teaching-learning process of English Language and the textbook is a support for classes. It is still observed a lack of knowledge of the approaches and methods used by these teachers and that most of them think to use the communicative method. However, actually they still focus on approaches and traditional methods of teaching like, for example, traditional or grammar and translation and structural or audio-lingual. So, it is expected that this research can improve teaching practices and initial formation of the teachers in this area.

Keywords: Teaching-learning Process. Approach. Method. Public Schools. Private

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BNCC – Base Nacional Comum Curricular

ENADE – Exame Nacional de Desempenho de Estudantes LDB – Lei de Diretrizes e Bases

LE – Língua Estrangeira LI – Língua Inglesa

PCNs – Parâmetros Curriculares Nacionais PPP – Projeto Político-Pedagógico

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SUMÁRIO

CONSIDERAÇÕES INICIAIS ... 9

1 ABORDAGENS E MÉTODOS UTILIZADOS NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE LÍNGUA INGLESA ... 13

1.1 O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA NO CONTEXTO BRASILEIRO ... 13

1.2 AS ABORDAGENS ... 26

1.3 OS MÉTODOS ... 31

2 ANÁLISE DA ENTREVISTA, QUESTIONÁRIO, PLANO DE ESTUDO E PROPOSTA DIDÁTICA DAS ESCOLAS PÚBLICAS E DE IDIOMAS ... 35

2.1 O CONTEXTO ... 35

2.2 OS CRITÉRIOS DE ANÁLISE ... 36

2.3 A VISÃO DOS PROFESSORES: ENTREVISTA E QUESTIONÁRIO ... 38

2.3.1 Prática Pedagógica e Motivos ... 38

2.3.2 Recursos Tecnológicos e Motivos... 39

2.3.3 Abordagens ... 41

2.3.4 Métodos ... 44

2.3.5 Respostas do Questionário ... 46

2.4 PLANO DE ESTUDO E PROPOSTA DIDÁTICA ... 50

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 56

REFERÊNCIAS ... 58

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CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Esse trabalho visa desenvolver uma pesquisa nas escolas públicas e de idiomas, a fim de entender acerca das abordagens e métodos existentes e quais são mais utilizadas (os), bem como sobre os materiais didáticos utilizados pelos professores. Espero auxiliar no entendimento do processo de ensino-aprendizagem de uma língua estrangeira, mais precisamente a língua inglesa, contribuir com os estudos já realizados nessa área e também para minha formação como futura professora de língua inglesa.

No processo de ensino-aprendizagem, a abordagem e o método que os professores utilizam exerce um papel muito importante e contribui para a qualidade do ensino e da aprendizagem dos alunos de modo determinante. Desse modo, é necessário verificar se as práticas pedagógicas utilizadas nas escolas públicas são diferentes ou semelhantes daquelas adotadas pelas escolas de idiomas ou particulares.

Além disso, outros questionamentos também são importantes, como por exemplo, será que a abordagem utilizada pelo professor é a mesma ou difere de uma realidade para a outra? E em relação ao método? Se a abordagem empregada é a mesma e os conteúdos ensinados também e apenas os resultados durante ou no final do processo são diferentes, pode ser que o problema não esteja na abordagem ou no método utilizado pelo professor, e sim nos alunos.

Atualmente, se sabe que tanto a escola pública como a de idiomas tem um papel importante na formação dos alunos. A escola pública deve tentar conduzir o aluno a um processo de emancipação pessoal e intelectual, formando um cidadão crítico e reflexivo. Para isso, precisa dar conta dos conhecimentos científicos, filosóficos, linguísticos, de mundo, etc. Enquanto isso, a escola de idiomas está mais

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preocupada com a aprendizagem linguística e a inserção social do aluno através do idioma ensinado.

Dessa forma, é importante questionar se os alunos possuem a mesma motivação e interesse pela língua inglesa na escola pública e de idiomas. E ainda, será que tanto a abordagem e o método utilizada (o) pelo professor, como o comportamento do aluno não podem contribuir juntos para a diferença do ensino-aprendizagem da língua inglesa nas escolas públicas e de idiomas?

Podemos considerar que raramente encontramos o mesmo processo de ensino-aprendizagem. Isso acontece devido a uma série de fatores, mas imagina-se que o principal deles é que a realidade da escola de idiomas para a pública é diferente. O professor pode ser o mesmo, a disciplina de língua inglesa é a mesma, os conteúdos a serem trabalhados e a abordagem utilizada pelo professor também podem ser os mesmos, mas o processo de ensino-aprendizagem é diferenciado.

Assim, imagina-se que são muitas as diferenças que podemos encontrar ao comparar ou conhecer a realidade das escolas públicas e de idiomas. Dentre algumas delas podemos citar: a infraestrutura, o uso ou não da tecnologia, a utilização ou não do material didático, o método de ensino diferenciado, a formação recebida pelos professores, a remuneração dos mesmos, a busca pelo aprimoramento ou especialização, o interesse dos alunos, incentivo dos pais, dentre muitos outros. Todos esses fatores influenciam e fazem parte do processo de ensino-aprendizagem, o que pode variar é a intensidade dessas influências, pois uns influenciam de forma mais direta e outros indiretamente.

Além disso, outros fatores que podem levar a essa profunda diferença no processo de ensino-aprendizagem, por exemplo, é a falta de interesse dos alunos pela disciplina, o descaso, muitas vezes, da própria escola em usar quase sempre o tempo destinado à aula de língua estrangeira para outras atividades escolares, baixa remuneração e falta de reconhecimento dos professores. Na escola de idiomas, o professor pode ter um material didático diferente daquele que a escola pública disponibiliza, talvez o professor também possa utilizar de recursos tecnológicos que a escola pública não dispõe ou não seja possível trabalhar com um grande número de alunos, dentre outros.

Outra hipótese que podemos descrever é que se o conteúdo e a abordagem empregados pelo professor e algumas vezes, o método também é igual da escola de idiomas para a pública, então o problema pode não estar aí, e sim no aluno. Muitas

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vezes, na escola pública o aluno diz que não gosta da disciplina de língua inglesa ou que não irá ocupá-la para nada em sua vida e decide que não quer aprender e prestar atenção na aula. Essas atitudes do aluno são causadas pela falta de interesse e muitas vezes de motivação, que podem vir da família, da escola, das abordagens e materiais didáticos utilizados para o ensino, ou até mesmo do professor de língua estrangeira.

Já quando o aluno procura uma escola de idiomas, a situação parece ser bem diferente, pois provavelmente se ele procurou é porque tem interesse em aprender, foi motivado por seus pais, ou até mesmo vai só pela vontade e insistência dos próprios pais. Outra hipótese para essa diferença no processo de ensino-aprendizagem que deve ser levada em conta é que, algumas vezes, pode ser tanto o aluno quanto o professor que contribuem juntos para essa realidade. O que é mais do que certo é que todos esses fatores ou pelo menos alguns deles, influenciam e muito o processo de ensino-aprendizagem nas escolas públicas e de idiomas.

Então, levando em consideração esses aspectos, o principal objetivo dessa pesquisa é analisar e descrever como se encontra a situação do ensino-aprendizagem de língua inglesa e observar a realidade das escolas públicas e de idiomas em seis cidades da região noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. A pesquisa também objetiva comparar as abordagens e métodos utilizadas (os) pelos professores, apontar os pontos positivos encontrados, verificar os obstáculos e as dificuldades enfrentadas e contribuir com o contexto profissional e acadêmico, a fim de melhorar as práticas de ensino e para a formação inicial de futuros professores.

Dessa forma, essa pesquisa poderá colaborar na busca de possíveis alternativas para melhorar a atual realidade em que se encontram as escolas públicas e o processo de ensino-aprendizagem, principalmente, no que diz respeito às práticas pedagógicas utilizadas pelos professores. Também poderá contribuir para uma profunda reflexão e um entendimento claro acerca das diferentes abordagens e métodos empregados, servindo para qualificar a ação pedagógica, bem como de incentivo para uma maior utilização da língua inglesa entre os alunos e o professor.

Além disso, a realização dessa pesquisa é essencial, pois poderá trazer significativas contribuições para as práticas de ensino e a formação inicial dos professores. O conhecimento da realidade das escolas públicas e de idiomas é fundamental para os futuros professores se inserirem melhor no contexto

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profissional, assim como para os professores em exercício da profissão, a fim de melhorarem as suas práticas.

Para tanto, foi feita a realização de uma entrevista e um questionário, a análise dos planos de estudo da disciplina e de uma proposta/sequência didática. Para a realização da pesquisa e análise dos materiais, foi necessário contar com a colaboração dos professores (as), das escolas públicas e de idiomas, da região noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

O seguinte trabalho está dividido em dois capítulos. O primeiro deles traz uma breve contextualização de como se apresenta o processo de ensino-aprendizagem no Brasil, no que se refere ao contexto das escolas públicas, privadas ou particulares, de idiomas e também os cursos de formação de professores. Esse capítulo também apresenta as principais abordagens e métodos utilizados no processo de ensino-aprendizagem da disciplina de língua inglesa.

E o segundo capítulo apresenta as análises das entrevistas, questionários e demais materiais coletados das escolas públicas e de idiomas. Para isso, buscou-se, além de uma análise das pesquisas com bases em critérios estabelecidos, utilizar de embasamento teórico e documentos relacionados ao tema desse trabalho.

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1 ABORDAGENS E MÉTODOS UTILIZADOS NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM DE LÍNGUA INGLESA

1.1 O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA NO CONTEXTO BRASILEIRO

É importante verificarmos de que forma era o ensino há muitos anos atrás, seu processo de evolução e, principalmente, como se encontra atualmente. Verificar as mudanças ocorridas no decorrer do tempo é imprescindível para o entendimento das transformações positivas e negativas no processo de ensino/aprendizagem de línguas. De acordo com Chagas, 1967 (apud OLIVEIRA E PAIVA, 2003, p. 54), “no Brasil, o ensino oficial de língua estrangeira teve início em 1837”.

Isso se deve ao fato de que, primordialmente, as línguas eram ensinadas por leigos, ou seja, pessoas sem uma formação acadêmica adequada para o exercício da função. Isso sem falar que era um ensino muito centralizado na forma, isto é, estruturalista. A situação no ensino de línguas começa a se modificar a partir de 1930, quando o mesmo passa a ser ofertado no currículo escolar regular e as pessoas deveriam obter uma formação específica na área para poder ensinar. No que diz respeito ao ensino estruturalista, a situação começa a se modificar a partir de 1978, quando surge o comunicativismo, também conhecido como abordagem comunicativa. (ALMEIDA FILHO, 2003).

De acordo com Oliveira e Paiva (2003), a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) de 1961 e de 1971, não incluía a LE como disciplina obrigatória na educação básica. Dessa forma, minimizando a importância da LE, pois ela deveria ser ofertada pelas escolas apenas se elas possuíssem condições. Isso, ainda segundo Oliveira e Paiva (2003):

[...] trouxe como consequência a ausência de uma política nacional de ensino de línguas estrangeiras para todo o país; a diminuição drástica da carga horária, chegando a apenas uma hora aula por semana em várias instituições e um status inferior ao das disciplinas obrigatórias, pois, em alguns estados, as línguas estrangeiras perdem o “poder” de reprovar. (OLIVEIRA E PAIVA, 2003, p. 59).

Levando isso em consideração, esses fatores podem ser facilmente verificados atualmente nos discursos dos professores nas escolas e até mesmo, algumas vezes, no senso comum. Os professores reclamam, principalmente, da

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pouca importância dada à sua disciplina pela escola e até mesmo pelos colegas de trabalho de outras áreas.

Outra reclamação bastante comum é em relação à carga horária, pois é extremamente menor em relação às horas destinadas às outras disciplinas. Porém, isso nem sempre foi assim. Segundo Oliveira e Paiva (2003), a LE foi perdendo a sua carga horária com o passar dos anos. Isso também pode ser verificado nas palavras de Leffa, 1999 (apud OLIVEIRA E PAIVA, 2003, p. 57): “Assim, de 76 horas semanais/anuais, em 1892, chega-se, em 1925, a 29 horas, o que é menos da metade.”.

A partir de 1976 o ensino de LE passa a ser obrigatório para os alunos do ensino médio e deve ser incluído no currículo do ensino fundamental, onde as condições das escolas permitirem. Isso faz com que se torne mais visível o privilégio das classes mais altas em relação às classes populares, pois as elites sempre tiveram acesso ao ensino de língua inglesa (LI), seja nas escolas de idiomas ou particulares. (OLIVEIRA E PAIVA, 2003).

Por meio dessas considerações, pode-se perceber que o ensino de línguas passou por diversas fases, apresentado algumas semelhanças com a situação atual, mas também diferenças profundas. O ensino passa a ser mais semelhante com a forma atual, segundo Oliveira e Paiva (2003), a partir de 1996 com a nova LDB, que estabelece o ensino de LE como obrigatório a partir da quinta série do ensino fundamental.

Nos dias atuais, a LE moderna incluída na grade curricular das escolas públicas e particulares como disciplina específica, na sua grande maioria, é a LI. Isso ocorre, segundo Walker (2003), pelo fato de o espanhol não possuir muitos professores qualificados e somente então as universidades brasileiras estarem se dedicando mais ao estudo da literatura e da língua espanhola.

Ensinar LE na escola é um desafio frequente enfrentado pelos professores. Também, cada escola tem uma realidade diferente, suas diferenças e suas especificidades, que devem ser levadas em consideração.

De acordo com o documento preliminar da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) de 2014, a maioria dos professores ensina, muitas vezes, somente a forma da língua, a gramática. Dessa maneira, acabam deixando de lado aspectos essenciais, como por exemplo, aliar as vivências e experiências dos alunos e o

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propiciar o desenvolvimento do sentido e da criticidade. Ainda, segundo esse documento:

Essa visão de língua apenas como forma é desmotivadora, tanto para estudantes como para professores, porém parecemos encarcerados na tradição de repetir práticas controladas que estudam a língua como um objetivo estático. Perde-se, assim, a rica a chance de oportunizar aos estudantes o desenvolvimento da capacidade de comunicar-se em outra(s) língua e de (re)conhecer diversos modos de ver o mundo e compreender valores. (BNCC, 2014, p. 56). [sic]

O ensino da gramática é importante, mas só ele não propícia o desenvolvimento da comunicação. Por isso, é necessário que os professores tragam para as suas aulas de LE, textos não somente escritos, mas nas suas diversas formas de representação, para a discussão dos mesmos. Dessa forma, os alunos poderão analisar se existem ideologias, representação de poder e até mesmo desconstruir estereótipos sobre os assuntos abordados. Isso fará, principalmente, com que os alunos desenvolvam a sua criticidade. Segundo a BNCC:

[...] a emersão do sujeito “crítico” ocorre a partir de sua relação com o conhecimento, entendido como dinâmico, contingente, situado, e com a reflexão sobre a realidade circundante, permeada por relações de poder e também de dominação. (BNCC, 2014, p. 58).

Dessa maneira, deve-se considerar como se encontra a real situação da LI atualmente, no ensino superior, no ensino básico público, no ensino básico privado ou particular e nas escolas de idiomas. Principalmente, no que diz respeito ao ensino e a formação de professores.

Em geral os Cursos de Graduação em Letras oferecem boas definições dos objetivos que querem alcançar, em relação às competências e habilidades que os graduandos deverão obter, porém não deixam claro como isso será feito. Outro fator muito importante nesse cenário é que a qualidade varia muito entre as universidades, enquanto algumas possuem um ótimo nível, outras deixam a desejar. Acredita-se que isso se deve, em grande parte, pelo pouco aproveitamento dos sete anos de LI por parte de muitos alunos quando estavam na escola. (WALKER, 2003).

Obviamente essa realidade não se aplica a todos os alunos, pois existem exceções. Alguns alunos têm mais interesse pela LI que outros e isso faz com que eles prestem mais atenção na aula ou busquem alternativas fora da escola, seja

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uma escola de idiomas, aulas particulares, etc. Assim, esses alunos saem da escola mais preparados, pelo menos linguisticamente, do que os demais.

Levando em consideração que a falta de domínio linguístico acompanha os alunos desde a escola, imagina-se que alguma coisa não está dando certo ou está falhando nesse contexto. Porém, é difícil afirmar com precisão o que é, se é a forma de ensinar do professor, a maneira de aprender dos alunos ou outros aspectos relacionados a esse processo.

Isso é capaz, segundo Walker (2003), de explicar a grande disparidade de níveis dos alunos, quando ingressam ou até mesmo no decorrer do curso superior. Quando esses mesmos alunos estão se graduando, não realizam nenhuma prova específica que comprova o seu domínio linguístico/cultural e preparo profissional. Isso também se confirma pelo fato dos alunos egressos dos cursos de graduação em LE não realizarem o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE).

A prova do ENADE é responsável por avaliar os conhecimentos e o rendimento dos alunos que estão ingressando e concluindo os cursos de graduação. Porém, os alunos dos cursos de graduação em LI ficam dispensados de prestar a prova, pois a mesma é aplicada apenas para os alunos do curso de Língua Portuguesa e de licenciatura dupla, português-inglês, sendo que no caso dos últimos são cobrados conceitos e conteúdos relacionados apenas à formação em Língua Portuguesa. Isso mostra e confirma a ausência de políticas públicas e medidas capazes de nortear e mapear a formação dos futuros professores de LI.

Além disso, segundo Oliveira e Paiva (2003), a divisão do ensino nos cursos de formação de professor, entre disciplinas específicas e disciplinas pedagógicas é um dos fatores responsáveis pela má formação dos professores de línguas. Ainda, segundo essa mesma autora:

Competirá aos Cursos de Letras, para evitar a sua elitização, oferecer aos seus alunos não apenas as atividades e conteúdos necessários para a formação do professor de LE, mas também atividades e conteúdos para a aquisição daquele idioma. (OLIVEIRA E PAIVA, 2003, p. 78).

Tendo como base esses aspectos, é possível afirmar que algo deve ser feito para melhorar a situação atual dos cursos de formação de professores. As próprias universidades ou faculdades podem tomar alguma providência, ou os alunos devem buscar alternativas extras para melhorar a sua formação acadêmica. Contudo, nesse

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caso, a busca por uma escola de idiomas pode ficar restrita àqueles que possuem maiores recursos financeiros, o que como salienta a autora, configura a formação acadêmica em LE como sendo elitizada e excludente, o que não está de acordo com a realidade e as necessidades brasileiras.

Para tentar melhorar essa situação, os Cursos de Graduação nessa área estão investindo em algumas soluções a médio e longo prazo. Alguns exemplos são a criação de laboratórios de línguas, que ofereçam cursos com base em abordagens comunicativas e os convênios para intercâmbios, com universidades de LI em outros países. Contudo, isso ainda é um tanto quanto limitado e precisa receber mais atenção por parte dos currículos das universidades. (WALKER, 2003).

Em relação à situação do ensino básico público, a situação não é muito diferente. Muitos alunos apresentam dificuldades de aprendizagem ou não conseguem se adaptar à forma de ensino de determinado conteúdo pelo professor, principalmente quando a disciplina é uma LE.

Assim, os professores precisam ter claro os objetivos que querem alcançar com o que e a maneira como estão ensinando. De acordo com Santos Jorge (2009), para mudar a realidade do ensino de LI na escola é necessário “práticas pedagógicas inovadoras, coerentes com as necessidades de nossos alunos” (p. 166) e ainda as “diferenças precisam ser (re)conhecidas pelo professor, precisam ser aceitas e legitimadas em suas práticas.” (p. 167).

Dessa maneira, a fim de modificar essa realidade é necessária uma adequação no currículo escolar, que leve em consideração a realidade, as experiências e o conhecimento de mundo dos alunos. Também é essencial, muito empenho por parte dos alunos, professores e escola.

De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica (2010, p. 4), o currículo é “o conjunto de valores e práticas que proporcionam a produção, a socialização de significados no espaço social e contribuem intensamente para a construção de identidades socioculturais dos educandos”. Ainda, segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica é possível verificar que o currículo é entendido:

[...] como experiências escolares que se desdobram em torno do conhecimento, permeadas pelas relações sociais, articulando vivências e saberes dos estudantes com os conhecimentos historicamente acumulados e contribuindo para construir as identidades dos educandos. (2010, p. 4-5).

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O entendimento do currículo é muito importante, tanto para a escola como para os professores, pois são eles os principais responsáveis por sua construção. Dessa forma, somente com um bom entendimento, eles poderão desenvolver um currículo que comporte as reais necessidades e interesses dos alunos. No que se refere à aprendizagem de LI, é necessário que o professor seja protagonista da construção do currículo e participe das escolhas relacionadas ao que será ensinado ao longo da formação das crianças e jovens. Somente isso garantirá a relação tão necessária entre as características locais e regionais com as globais. Ambas importantes para um bom aprendizado de LE.

É preciso considerar também que, de acordo com Walker, os profissionais fracos formados por alguns Cursos de graduação prejudicam o ensino, devido ao despreparo, a falta de autoconfiança e domínio linguístico. Entretanto, esse não é o único problema encontrado nesse contexto. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs):

Deve-se considerar também o fato de que as condições na sala de aula da maioria das escolas brasileiras (carga horária reduzida, classes superlotadas, pouco domínio das habilidades orais por parte da maioria dos professores, material didático reduzido ao giz e livro didático etc.) podem inviabilizar o ensino das quatro habilidades comunicativas. (1998, p. 21).

Além disso, a LI é ensinada com foco no desenvolvimento da habilidade de leitura, tendo em vista o propósito educacional e utilitário. Ou seja, é importante que os alunos dominem a habilidade de leitura em LE, pois assim serão capazes de expandir seus horizontes culturais e linguísticos, podendo ainda aprimorar a leitura em língua materna. (MOITA LOPES, 1996).

O privilégio dado ao ensino de leitura, em detrimento das outras habilidades, no ensino fundamental, está estabelecido nos PCNs, sob a alegação de que o aluno precisa aprender aquilo que vai lhe ser útil o mais breve possível. Enquanto isso, os PCNs para o ensino médio colocam a comunicação oral e escrita como objetivo para o ensino de LI. (OLIVEIRA E PAIVA, 2003).

Entretanto, a situação deve se modificar com o surgimento da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), um documento que pretende deixar claro quais são os conhecimentos essenciais, em todas as áreas do conhecimento, que os aprendizes deverão dominar, desde o seu ingresso e até final da trajetória escolar. Além disso, esse documento também servirá de base para a construção e adequação do

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currículo escolar, bem como para orientar a criação do Projeto Político-Pedagógico (PPP) das escolas.

O surgimento desse documento visa o cumprimento das leis relacionadas à educação, bem como a melhoria do processo de ensino-aprendizagem em todas as áreas do conhecimento. Também, poderá propiciar a discussão das formações iniciais e continuadas dos professores, bem como auxiliar na atualização dos materiais didáticos elaborados para o ensino.

Todos esses fatores contribuirão para a unificação e uniformização do ensino público brasileiro, pois todas as escolas, dos diferentes estados e municípios do Brasil terão a mesma base comum para o processo de ensino-aprendizagem em todas as áreas do conhecimento. Através disso, será possível diminuir as diferenças e disparidades nesse processo, sem, contudo, negar e deixar de reconhecer as diferenças, já que o documento prevê a autonomia das escolas na construção curricular, assim como abre possibilidades na parte diversificada do currículo.

A sua elaboração está sendo realizada de forma coletiva, por meio da participação de especialistas de todas as áreas do conhecimento, gestores, professores da educação básica, alunos e cidadãos em geral, onde todos podem contribuir com observações, considerações e opiniões. Para tanto, foi criado um portal, a fim de facilitar a comunicação entre os idealizadores e a sociedade em geral.

Então, no que diz respeito ao ensino de LE na escola e o que este deve contemplar, o documento preliminar da BNCC tem muito a contribuir, pois o mesmo aborda que o foco não deve ser estritamente na leitura. De acordo com esse documento:

Ao conceber a produção de sentidos como algo que se dá, tanto na leitura quanto na escrita, tanto em linguagem verbal, quanto não verbal, é importante considerar, também, que o trabalho com textos é mais produtivo quando feito de forma colaborativa e quando explora modalidades variadas (textos orais, impressos, imagéticos, digitais, multimodais, etc.). (BNCC, 2014, p. 84).

Levando em consideração esses aspectos, é possível perceber que o processo de ensino-aprendizagem da LI, deve levar em consideração os sentidos expressos nas diferentes manifestações, sejam elas escritas ou orais e também propiciar aos alunos a construção dos mesmos. Para tanto, o foco essencialmente

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na leitura não dá conta disso sozinho, sendo necessária a inclusão da oralidade nas aulas.

Dessa maneira, a falta de situações comunicativas orais nas aulas de LI do ensino básico público, muitas vezes não satisfaz todas as famílias, que podem achar que o ensino está insatisfatório. Isso faz com que acabem buscando outras alternativas, como por exemplo, o ensino básico privado ou uma escola de idiomas. Entretanto, isso não é a realidade de todos os alunos brasileiros, o que reafirma a exclusão de muitos no processo de formação e cidadania.

Consequentemente, de acordo com Walker (2003), os pais que colocam os seus filhos no ensino básico particular, devido ao aumento das mensalidades, exercem grande pressão para que a escola atenda a seus objetivos, de uma aprendizagem comunicativa em LI. Levando isso em consideração, é possível verificar que a responsabilidade depositada sobre os professores é cada vez maior, justificando-se também a importância de uma formação acadêmica sólida.

Contudo, além do ensino básico particular, também existem as escolas de idiomas, cada vez mais procuradas por quem deseja aprender uma LE. São famosas por “prometerem” em suas propagandas, o domínio linguístico em LI, por meio de abordagens e métodos diferenciados e ainda proporcionar o aprendizado de uma nova cultura.

No entanto, aqueles que resolvem ingressar nas escolas de idiomas, devem prestar atenção na escolha, pois existe um grande número de institutos e franquias, cujo padrão de qualidade varia, assim como o valor da mensalidade. A concorrência entre as escolas de idiomas é muito alta devido ao grande número delas e ao rápido crescimento. Outro fator importante, é que a maior parte do lucro dessas escolas, deve-se à venda do material didático aos alunos, que nem sempre é de boa qualidade. (WALKER, 2003).

Levando em consideração esses aspectos, pode-se notar que a educação e o ensino de LI é, muitas vezes, deixado a cargo das escolas de idiomas. Isso faz com que o ensino seja elitizado e que a exclusão seja reafirmada, pois somente aqueles alunos considerados da elite e que têm condições de pagar pelo ensino, serão privilegiados e receberão a priori uma educação melhor do que os outros, alunos da escola pública.

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Contudo, o acesso à educação de qualidade deve ser assegurado a todas as pessoas e de forma gratuita. Para isso, é necessário que se rompa com essa visão de que só quem tem boas condições financeiras terá acesso a um ensino de LI adequado e de qualidade. É fundamental que a escola seja capaz de garantir o ensino de LI a todos na sua integralidade. Todos esses fatores estão presentes nas Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica, que menciona o

[...] direito de toda pessoa ao seu pleno desenvolvimento, à preparação para o exercício da cidadania e à qualificação para o trabalho, na vivência e convivência em ambiente educativo, e tendo como fundamento a responsabilidade que o Estado brasileiro, a família e a sociedade têm de garantir a democratização do acesso, a inclusão, a permanência e a conclusão com sucesso das crianças, dos jovens e adultos na instituição educacional, a aprendizagem para continuidade dos estudos e a extensão da obrigatoriedade e da gratuidade da Educação Básica. (2010, p. 1).

Dessa maneira, é possível perceber que é responsabilidade do poder público, da família, da sociedade e da escola garantir o ensino gratuito e de qualidade a todos. Ainda, segundo esse mesmo documento, o ensino deve ser baseado em alguns princípios, como por exemplo:

I - igualdade de condições para o acesso, inclusão, permanência e sucesso na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; IV - respeito à liberdade e aos direitos; [...] VII - valorização do profissional da educação escolar; [...] IX - garantia de padrão de qualidade; X - valorização da experiência extraescolar; XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. (2010, p. 2).

Através desses princípios, é possível notar que todos os alunos devem ser tratados igualmente quando se refere ao acesso à educação, que eles têm direito à liberdade de expressão e também devem ser respeitados. Em relação aos professores, os princípios preveem principalmente, a sua valorização como profissionais.

Além disso, segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de nove anos (2010), o ensino deve propiciar aos alunos uma formação que lhes permita exercer a sua cidadania, prepará-los para o mundo do trabalho e permitir que continuem estudando posteriormente. Ainda, de acordo com esse documento:

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Os conteúdos que compõem a base nacional comum e a parte diversificada têm origem nas disciplinas científicas, no desenvolvimento das linguagens, no mundo do trabalho, na cultura e na tecnologia, na produção artística, nas atividades desportivas e corporais, na área da saúde e ainda incorporam saberes como os que advêm das formas diversas de exercício da cidadania, dos movimentos sociais, da cultura escolar, da experiência docente, do cotidiano e dos alunos. (2010, p. 4).

Esses conteúdos da base nacional comum dizem respeito às disciplinas obrigatórias que os alunos devem ter. Já a parte diversificada se refere aqueles que podem ser incluídos, estando nesse lugar o ensino de uma LE. Para isso se afirma que é necessária uma formação acadêmica sólida, a constante reflexão das práticas de ensino e também a formação contínua pelo professor. Nesse sentido, segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de nove anos, os professores devem considerar

[...] a diversidade sociocultural da população escolar, as desigualdades de acesso ao consumo de bens culturais e a multiplicidade de interesses e necessidades apresentadas pelos alunos no desenvolvimento de metodologias e estratégias variadas que melhor respondam às diferenças de aprendizagem entre os estudantes e às suas demandas. (2010, p. 7).

Outro aspecto a ser considerado, é que o contexto brasileiro do ensino de LI ainda apresenta muitas crenças e mitos sobre o processo de ensino- aprendizagem. Essas crenças e mitos são cultivados durante anos e ainda perpassam o ensino básico público e particular, o ensino superior e também as escolas de idiomas, seja através de comportamentos ou discursos de professores ou até mesmo de alguns alunos.

Muitos professores têm a crença de como é a aprendizagem ideal ou sobre como os alunos devem se comportar para aprenderem de forma satisfatória. Alguns exemplos são: a motivação como essencial para acontecer à aprendizagem, que algumas pessoas têm um dom especial para aprender línguas enquanto outras não possuem esse dom e a crença de que não se aprende a falar LI na escola pública. (FÉLIX, 2005).

Ainda de acordo com Félix (2005), muitas das crenças apresentadas pelos professores são resultadas de sua própria experiência, quando eram aprendizes de LI. É importante que eles fiquem atentos a essas crenças, pois elas podem contribuir na definição de atividades e para a seleção de estratégias cognitivas, ou seja,

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quanto mais negativas e reducionistas são as crenças do professor, também serão as atividades e práticas oferecidas por ele aos seus alunos. Isso nos mostra o quanto é preciso romper com o imaginário limitador acerca do ensino e aprendizagem de idiomas na escola pública, principalmente.

Além das crenças apresentadas por professores, também se pode perceber outras, presentes nos discursos dos próprios alunos. Como alguns exemplos, de acordo com Santos Jorge (2009), se pode citar que muitos alunos acreditam que primeiro precisam aprender bem e corretamente a língua portuguesa formal, para depois tentar aprender outra língua.

Outra crença também muito presente, segundo esse mesmo autor, é a de que muitos alunos não têm perspectiva de sair do seu lugar de origem, principalmente aqueles que vivem em cidades pequenas. Então, não veem a utilidade de aprender uma LE. O que se percebe é que muitas das crenças que perpassam o discurso dos alunos, apenas reafirmam o que já fora enunciado pelos professores.

Assim, além dos alunos se questionarem de por que devem aprender determinada disciplina ou conteúdo, também existem alguns professores, principalmente, de outras áreas que, muitas vezes, questionam a utilidade do ensino de LI. É por essas e outras razões que o professor de LE deve estar muito certo da importância da disciplina que ensina e também preparado para enfrentar essas adversidades.

Segundo Santos Jorge (2009), a LE tem um papel educativo. Ou seja, a finalidade de se ensinar a LI não está só no seu uso prático, mas também na educação plena do aluno. Então, aprender uma segunda língua pode possibilitar uma visão crítica do mundo, das diversidades culturais e individuais existentes, além da possibilidade de comunicação.

Dessa maneira, pode-se perceber que o processo de ensinar e aprender línguas está cercado por uma série de crenças, o que torna difícil ignorar ou não levá-las em consideração. Assim, é importante que os professores reflitam sobre essas crenças e busquem também embasamento teórico, a fim de minimizar seus efeitos ou tentar usá-las de alguma forma positiva.

Consequentemente, além das crenças, também existem muitos mitos que cercam o ensino de línguas, segundo Moita Lopes (1996), eles são originados

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principalmente da falta de reflexão sem uma base teórica sólida e experimental, sobre o processo de ensino-aprendizagem. Alguns exemplos mais comuns são:

[...] uma criança aprende mais facilmente uma LE em situação formal de aprendizagem do que adultos; para se ensinar uma LE tem-se que necessariamente ensinar as quatro habilidades linguísticas; é impossível se ensinar uma LE sem um componente cultural no curso; a tradução como solução pedagógica é prejudicial à aprendizagem de LE; o apelo à língua nativa (LN) como um artifício para ensinar a LE é nocivo por causa do fenômeno da interferência da LN na LE; o aluno tem que aprender a pensar na LE; algumas LEs requerem um nível de inteligência maior do aluno para serem aprendidas; [...] quem não ‘sabe’ a LN não pode aprender uma LE; etc. (MOITA LOPES, 1996, p. 65).

Esses mitos são associados, ainda de acordo com Moita Lopes (1996), na maioria das vezes, às classes desprivilegiadas, sob a alegação de deficiência cultural e linguística dos alunos, mas na verdade a deficiência é apenas social e econômica. Dessa forma, esses mitos e crenças associados ao processo de ensino-aprendizagem de LE, que ocorrem principalmente na escola pública, são ideológicos.

Ainda, outra colocação importante é que o centro do processo de ensino-aprendizagem de LI sofreu mudanças com o passar dos anos. Inicialmente, o centro era considerado o professor que deveria “transferir o conhecimento” que possuía para os seus alunos. Obviamente, hoje em dia o professor é responsável por construir o conhecimento juntamente com os alunos.

Depois disso, em alguns casos, o centro deslocou-se para o livro didático, onde o professor e os alunos deveriam segui-lo fielmente. Porém, atualmente o centro do processo de ensino-aprendizagem de LI é o aluno, que recebe o auxílio do professor e algumas vezes do livro didático, a fim de construir seus conhecimentos. Isso está expresso nas Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica, onde diz que:

A escola de qualidade social adota como centralidade o estudante e a aprendizagem, o que pressupõe atendimento aos seguintes requisitos: I - revisão das referências conceituais quanto aos diferentes espaços e tempos educativos, abrangendo espaços sociais na escola e fora dela; II - consideração sobre a inclusão, a valorização das diferenças e o atendimento à pluralidade e à diversidade cultural, resgatando e respeitando as várias manifestações de cada comunidade; [...] IX - realização de parceria com órgãos, tais como os de assistência social e desenvolvimento humano, cidadania, ciência e tecnologia, esporte, turismo, cultura e arte, saúde, meio ambiente. (2010, p. 3).

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Levando em consideração esses aspectos, a escola e os professores devem ser capazes de proporcionar aos alunos conhecimentos e aprendizados, não apenas dentro da sala de aula, mas também fora dela. Para isso, é necessária a parceria com outras entidades igualmente preocupadas com o ensino.

Dessa forma, na maioria das escolas é possível notar, principalmente, atividades esportivas, culturais e artísticas desenvolvidas entre as escolas por meio de parcerias. Isso é muito importante para o pleno desenvolvimento do aluno enquanto ser humano, pois é na convivência que desenvolve não apenas o aprendizado, mas também a sua cidadania.

Pensando nisso, a questão da inclusão também se faz muito importante quando o assunto é cidadania. Atualmente, todos os alunos devem ser incluídos no ensino básico regular, mesmo aqueles que apresentam alguma deficiência ou dificuldade de aprendizagem. É dever, principalmente da escola, garantir a melhor forma de incluí-los nessa realidade. De acordo com Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de nove anos:

O trabalho educativo no Ensino Fundamental deve empenhar-se na promoção de uma cultura escolar acolhedora e respeitosa, que reconheça e valorize as experiências dos alunos atendendo as suas diferenças e necessidades específicas, de modo a contribuir para efetivar a inclusão escolar e o direito de todos à educação. (2010, p. 6).

A inclusão é ainda um grande desafio para todos, seja para a escola, professores, alunos ou para a sociedade em geral. Os alunos incluídos devem assim se sentir, e para isso, muitas vezes, precisam de um acompanhamento especializado na sala de aula, além do professor da turma. Sem contar aquele auxílio prestado por profissionais capacitados para atendê-los em turno inverso.

Muitas vezes, esses alunos “incluídos” não conseguem acompanhar o mesmo conteúdo ou raciocínio dos demais colegas da sala e essa realidade fica ainda mais visível quando a disciplina é a LI. Assim, o professor deve ter a sensibilidade de levar atividades um pouco diferenciadas dos demais, a fim de garantir o seu aprendizado. O importante é que esses alunos estão incluídos na sala de aula e devem relacionar-se com os colegas, pois a convivência é indispensável para o seu desenvolvimento enquanto ser humano, da sua cidadania e a LE na escola tem um papel importante em relação à constituição cidadã do aluno.

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Por fim, é imprescindível conhecer como era a situação do processo de ensino-aprendizagem de línguas, mas principalmente, saber como ele se encontra atualmente. E em seus diferentes contextos, no ensino básico público ou privado, nas escolas de idiomas e cursos superiores. Assim como as crenças e mitos relacionadas a esse processo e como os professores lidam com essa situação.

Além disso, conclui-se, que o conhecimento e a reflexão sobre esses fatores relacionados ao processo de ensino aprendizagem de LI é essencial para que uma mudança contínua e positiva continue ocorrendo. As transformações no ensino são muito importantes para os professores, bem como também para os seus alunos e dessa forma, todos saem beneficiados. Da mesma maneira, o conhecimento por parte do professor, sobre as diferentes abordagens também se faz muito importante. 1.2 AS ABORDAGENS

Para que o processo de ensino-aprendizagem de uma LE seja satisfatório, o professor ao adentrar na sala de aula deve estar preparado para esse grande desafio. Dessa forma, ele precisa ter um conhecimento crítico das abordagens e métodos existentes, para assim ver qual delas melhor se adapta a realidade da sua sala de aula.

A abordagem de ensino é manifestada através da língua/linguagem/língua estrangeira e também por meio do processo de ensinar e aprender uma nova língua. Além disso, o ensino de determinada abordagem pode variar, devido a fatores externos e internos do professor. Consequentemente, o professor influenciado por uma abordagem, baseia seu ensino no planejamento, na escolha ou criação do material, criando experiências na nova língua e avaliando o desenvolvimento dos alunos. (ALMEIDA FILHO, 2005).

O professor precisa ter clareza do conceito de abordagem e conhecer as abordagens que existem, pois somente assim poderá fazer uma escolha crítica de qual delas atende aos seus objetivos de ensino. Segundo Almeida Filho (1998, p. 17): “Uma abordagem equivale a um conjunto de disposições, conhecimentos, crenças, pressupostos e eventualmente princípios sobre o que é linguagem humana, LE, e o que é aprender e ensinar uma língua-alvo.”.

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Além disso, o professor também deve conhecer e desenvolver certas competências e habilidades. Para isso, a formação acadêmica é essencial, e posteriormente a ela, o professor deve seguir seu processo de formação, a fim de aprimorá-las e adequá-las melhor ao contexto em que está inserido.

De acordo com Almeida Filho (1998), o professor, quando entra em uma sala de aula, ensina orientado por uma abordagem que é fundamentada por suas competências. Ainda segundo esse autor, existem quatro tipos de competências: a implícita, a linguístico-comunicativa, a aplicada e a profissional.

A competência implícita é aquela construída através das intuições, crenças e experiências do professor. Já a competência linguístico-comunicativa é aquela que permite ao professor ensinar mesmo que de forma básica. Enquanto que a competência aplicada, é a que permite ao professor ensinar e explicar o porquê ensina daquela forma e porque obtém determinados resultados. E finalmente, a competência profissional é aquela que o professor compreende o que deve fazer, a sua capacidade e importância no ensino de línguas. (ALMEIDA FILHO, 1998).

Dessa maneira, o conhecimento de quais são as competências e como elas se desenvolvem, são extremamente necessárias para uma boa atuação do professor em sala de aula. Da mesma forma, refletir sobre elas também pode aprimorar a ação docente.

Além disso, de acordo com Moita Lopes (apud Félix, 2005), muitos professores acreditam que depois que se formam na graduação, terminaram a sua formação. Entretanto, levando esse aspecto em consideração, isso não é verdade, pois a competência profissional é adquirida ao longo das experiências, mais uma razão para que o processo de formação do professor seja contínuo.

Existem muitas abordagens diferentes, algumas priorizam o material didático, outras o aluno e outras ainda o professor. De acordo com Neves (2005), as abordagens que mais influenciaram o processo de ensino-aprendizagem no Brasil foram:

Abordagem Tradicional ou Gramática e Tradução: Prioriza o ensino de gramática, por meio de explicações gramaticais na língua materna do aluno. O professor se encontra no centro do processo de ensino-aprendizagem, onde ocorrem interações aluno-professor e a avaliação é feita de acordo com os critérios do professor.

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Abordagem Direta: Têm o objetivo de propiciar a comunicação desde o início e assim, utiliza exclusivamente da LE. A gramática é ensinada de forma contextualizada, a partir do uso de textos. O papel do professor e os critérios de avaliação continuam os mesmos da abordagem anterior.

Abordagem Estrutural ou Áudio-Lingual: O processo de ensino-aprendizagem é desenvolvido por meio de estímulo e resposta. Essa abordagem considera que todos os alunos aprendem da mesma maneira: por repetição. O papel do professor continua o mesmo das abordagens anteriores.

Abordagem Comunicativa: Tenta produzir situações reais de uso da LI na sala de aula. Utiliza das quatro habilidades linguísticas. Ocorrem mudanças no papel do aluno e do professor, o aluno passa a ser mais ativo e responsável pelo seu aprendizado, enquanto que o professor deixa de ser autoritário, passando a ser um orientador do processo de ensino-aprendizagem.

Com o passar dos anos, o que deve ser priorizado no ensino, em termos de habilidades e competências que os alunos precisam desenvolver sofreu modificações. O mesmo ocorre com as necessidades dos alunos que também mudam. Isso faz com que algumas abordagens deixem de ser utilizadas ou se modifiquem, a fim de atender aos objetivos que se pretende alcançar.

Além disso, também se podem notar diferenças nos papéis desempenhados pelos professores, alunos e até mesmo no material didático utilizado. Isso ocorre porque dependendo da abordagem que o professor opta por utilizar, ela pode enfatizar mais um aspecto e restringir outros.

Assim, o professor desempenha um papel de extrema importância, pois ele deve ter claro os seus objetivos, o quê pretende ensinar e o que é necessário que os alunos aprendam. Ainda, deve saber qual a abordagem melhor se adapta a esses fatores e se ele utilizará uma das abordagens existentes ou até mesmo mais de uma delas para ter sucesso.

Ao escolher a abordagem que considera adequada para os seus alunos e objetivos, o professor deve ter cuidado para não ficar “preso” a ela. É necessário que ele esteja sempre refletindo sobre a sua prática, a fim de ter a sensibilidade de sentir se determinada abordagem está gerando os resultados que almeja.

Outro aspecto a ser considerado é que há ainda outra abordagem, a qual não pode ser desconsiderada no processo de ensino-aprendizagem: a abordagem de ensinar. Segundo Almeida Filho (1998), cada professor possui a sua própria

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abordagem de ensinar, que de acordo com ele “se compõe do conjunto de disposições de que o professor dispõe para orientar todas as ações da operação global de ensinar uma língua estrangeira.” (p.13).

Outro problema enfrentado pelos professores é a respeito do material que utilizam para dar aula. Muitos professores têm dificuldade de encontrar materiais que satisfaçam as suas expectativas e a dos alunos, por isso muitas vezes, acabam aderindo ao livro didático, pensando ser a melhor opção. Então, outro cuidado também deve ser tomado, pois privilegiar o material didático pode não ser o mais adequado no processo de ensino-aprendizagem.

De acordo com Weininger (2006, p. 50), “O aluno, com seus interesses e suas necessidades comunicativas, deve estar no centro do processo de aprendizagem de língua estrangeira.”. Assim, percebe-se que o centro do processo, não deve ser nem o professor e muito menos o material didático, mas sim o aluno.

Dessa forma, o aluno desempenha um papel importante nesse contexto, pois deve ser autônomo, ou seja, buscar as alternativas que necessita para aprender. Para isso ele deve ter interesse, ser motivado e entender que a sua aprendizagem depende mais do que qualquer outra coisa, de si próprio. No entanto, em muitos contextos de ensino os alunos não sabem disso, não sabem como aprender, logo o professor é também responsável por ensinar a aprender.

Cada aluno tem uma forma diferente de aprender aquilo que o professor está ensinando. Isso, segundo Almeida Filho (1998, p. 13) se deve ao fato de que “A abordagem (ou cultura) de aprender é caracterizada pelas maneiras de estudar, de se preparar para uso, e pelo uso real da língua-alvo que o aluno tem como ‘normais’.”.

Baseando-se nesses aspectos, se pode afirmar que atualmente a abordagem de ensino que melhor se adapta ao processo de ensino-aprendizagem de uma LE é a abordagem comunicativa. Ela é considerada a mais adequada hoje em dia, pois considera as exigências dos alunos e professores.

Dessa forma, de acordo com Almeida Filho (1998), para um ensino satisfatório e eficaz de LE, o professor não deve apenas ensinar as competências gramaticais aos alunos, mas também as competências comunicativas. Além disso, quando se quer aprender algo novo é necessário que faça sentido para o aprendiz. Então, o ensino comunicativo tem muito a contribuir, pois segundo Almeida Filho:

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O ensino comunicativo é aquele que organiza as experiências de aprender em termos de atividades relevantes/tarefas de real interesse e/ou necessidade do aluno para que ele se capacite a usar a língua-alvo para realizar ações de verdade na interação com outros falantes-usuários dessa língua. (ALMEIDA FILHO, 1998, p.36).

Isso pode ser facilmente verificado nas salas de aula, pois os alunos perdem facilmente o interesse por algum conteúdo ou atividade, quando aquilo não faz sentido para eles ou quando não veem a utilidade. Dessa maneira, ao perder o interesse eles não aprendem e muitas vezes, nem deixam o professor ensinar.

Então, no ensino comunicativo, segundo Almeida Filho (1998), é imprescindível que o professor saiba a diferença existente entre “aprender a regra (conhecimento sobre a língua) e aprender o uso da língua (conhecimento da língua para realizar tarefas através dela).” (p. 58). Isso irá influenciar diretamente a forma de como o professor ensina uma LE e também como os alunos irão aprendê-la.

Dessa maneira, é importante que o professor não ensine apenas a gramática e suas regras nas aulas de LI, pois mesmo sendo indispensáveis para o aprendizado da língua, só elas não garantem o êxito na comunicação. São necessárias outras atividades que despertem o interesse e a atenção dos alunos.

Atividades reais relacionadas com o cotidiano têm mais chance de proporcionar um aprendizado satisfatório, pois estão ligadas ao conhecimento de mundo que os alunos já possuem. Dessa forma, poderão relacioná-las e ver que tem um sentido e uma utilidade para a sua vida.

Adequar-se a abordagem comunicativa e colocá-la em prática não é uma tarefa nada fácil e exige muito empenho por parte dos professores. Primeiramente, eles precisam saber o que é o ensino comunicativo, para depois pensar em formas de colocá-lo em prática.

De acordo com Almeida Filho (1998), para um professor ser verdadeiramente comunicativo, ele precisa conhecer as críticas feitas sobre um ensino baseado somente na gramática, deve conhecer as teorias que propiciam o estudo de novas formas para se ensinar de maneira comunicativa e deve fazer a leitura e ter conhecimento dos resultados das pesquisas sobre os processos de ensino-aprendizagem de LE. Além disso, também precisa ter a consciência de que a aula pode não ser a maior porção do ensinar e do aprender, mas é com certeza a parte mais impactante.

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Isso se deve ao fato, de que é na aula que o aluno vai ser apresentado a LE, aos seus conteúdos, formas gramaticais e linguísticas, etc. Assim, a maneira como professor fará essa apresentação é que influenciará na atitude dos alunos perante a língua. Se eles tiverem um estímulo e contato positivo com a mesma, provavelmente buscarão novas fontes de conhecimento, mas se a aula não foi capaz de atraí-los dificilmente buscarão algo além da aula.

Assim, entende-se que atingir o ensino comunicativo, considerado como um dos bons métodos de ensino para o processo de ensino-aprendizagem de LI, atualmente, não é nada fácil. É necessária muita reflexão das práticas desenvolvidas e das atividades empregadas na sala de aula por parte dos professores, além do aperfeiçoamento continuo através de cursos, palestras, especializações, etc.

Diante de tudo, verifica-se a importância do professor conhecer e diferenciar as abordagens existentes, sempre verificando e refletindo qual delas melhor se adapta a realidade da sua escola, sala de aula e alunos. Outro fator importante é que o professor necessita ter clareza do seu papel enquanto educador e deve estar sempre disposto ao aperfeiçoamento das suas práticas pedagógicas, competências, habilidades e também como ser humano.

Além disso, conclui-se, que o aperfeiçoamento profissional através do contato com a teoria, tentando aliá-la à prática é também igualmente importante. Então, teoria e prática aplicadas conjuntamente na sala de aula podem aprimorar o processo de ensino-aprendizagem de língua inglesa e melhorar a relação entre professor, aluno e conteúdo. Do mesmo modo, o conhecimento dos métodos de ensino pelo professor, a fim de utilizar um que seja adequado à realidade dos alunos e da sala de aula também é essencial ao tentar aliar teoria e prática.

1.3 OS MÉTODOS

Inicialmente é essencial entender como o método é originado, seu conceito e com o que o ele está relacionado. Posteriormente, também é necessário que os professores saibam os tipos de métodos existentes e qual é o foco de cada um deles, para assim poderem escolher qual é o mais adequado a sua realidade.

O método se origina de um conjunto de regras, que podem ser linguísticas ou da aprendizagem. Além disso, existem muitas variáveis que interferem no processo de aprendizagem, como por exemplo, variáveis relacionadas ao ensino, ao

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aluno, ao contexto sociocultural e ao professor. Dessa maneira, pode-se dizer que o método se origina entre essas variáveis, podendo tornar o processo de aprendizagem satisfatório ou insatisfatório. (BOHN, 2009).

O método também tem uma estreita ligação com a abordagem, pois ele muitas vezes, resulta dela ou está dentro da mesma. Isso permite que o método coloque determinada abordagem em prática. E para isso, ele utiliza de várias técnicas e procedimentos.

O conceito de método e aprendizagem está relacionado com as explicações e compreensões do processo de aquisição da linguagem e também com a noção de linguagem. Como existem diferentes concepções de linguagem ao longo do tempo, também são originados diversos métodos de ensino. (BOHN, 2009).

Levando isso em consideração, também se pode dizer que uma abordagem pode originar vários métodos. Assim, conhecer os métodos e as abordagens de ensino que existem, é de fundamental importância para a formação e atuação do professor na sala de aula.

Assim, alguns métodos carregam o mesmo nome da abordagem a partir da qual foram originados. Dessa maneira, facilitando o seu reconhecimento pelo professor, pois ele saberá quais os objetivos que aquele método pretende alcançar em relação ao ensino e a aprendizagem.

Todos esses fatores relacionados ao professor interferem diretamente na sua forma de ensinar e na escolha de qual é o método mais adequado. Muitos professores acreditam, de acordo com Bohn (2009), que o melhor método é o comunicativo, pelo menos se o objetivo é fazer com que o aluno fale na língua estrangeira. Contudo, é necessário segundo a BNCC (2014, p. 78), que os professores fiquem atentos na escolha do método, pois:

[...] não se pode determinar, a exteriori, quais escolhas metodológicas devem ser priorizadas pelos professores ao ensinar uma Língua Estrangeira em um país continental como o Brasil. As escolhas dependem das configurações de cada contexto específico e, para tanto, é importante o desenvolvimento de ações reflexivas por professores e estudantes, a fim de promover novas sensibilizações e graus variados de autonomia, reconfigurando, assim, modos de pensar, de ser e de fazer.

A maneira com que o professor ensina está em constante avaliação pelos alunos, muitas vezes, os alunos perdem o interesse por não estar se adaptando a

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essa maneira adotada. Muitos professores querem mudanças no comportamento dos alunos, mas não sabem como fazer para que isso ocorra. É necessário inovar, ser criativo, isso vai fazer que a aula se torne mais atrativa aos olhos dos alunos, fará com que eles tenham interesse em aprender. Segundo Gandin (1994): “querer uma transformação não é tudo, são necessárias uma proposta consistente e uma metodologia adequada para alcançar algo”.

O professor também deve refletir sobre a sua prática, ou seja, ver aquilo que deu e não deu certo e saber o porquê, para poder fazer diferente na próxima vez. Também é importante, segundo Bohn (2009), que o professor converse com os outros professores a respeito do processo de ensinar, exponha as suas crenças e quem ele é a fim de encontrar respostas para melhorar o ensino.

A melhor maneira de encontrar soluções e respostas para aquilo que se necessita é através do diálogo, por isso os professores precisam estar abertos. Oportunidades para isso não faltam, seja uma conversa informal na sala dos professores ou até mesmo em alguma reunião.

Dessa maneira, expondo as suas incertezas e dificuldades, o professor poderá encontrar algum colega que já passou pela mesma situação e que já tenha uma solução ou um conselho para compartilhar. Ou então ambos podem tentar encontrar juntos, uma alternativa viável.

Consequentemente, é importante que o educador seja consciente de sua condição de inacabamento, busque sempre pensar de forma crítica e estar em constante reflexão, visando melhorar a sua prática pedagógica. Também é necessário buscar novas fontes de conhecimento, pesquisar novas informações, etc. (FREIRE, 1996).

Assim, através de pesquisas, cursos, palestras e especializações é que o professor reflete sobre a sua prática pedagógica, sendo capaz de perceber erros e acertos. Isso é imprescindível para que se desenvolva uma educação crítica e de qualidade, onde tanto os alunos como o próprio professor saem beneficiados.

Além disso, de acordo com Paulo Freire (1996), o professor deve tentar desenvolver no aluno uma postura crítica, despertando sua curiosidade e uma inquietação indagadora acerca dos conteúdos de sua disciplina. Também deve respeitar os saberes trazidos pelos alunos para a sala de aula, podendo ainda discutir a relação entre eles e os conteúdos.

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Dessa maneira, os alunos terão uma postura crítica e autônoma perante a disciplina. Eles tendo a consciência da importância da LI aliada a sua curiosidade, buscarão fora da sala de aula outras formas de aprender ou até mesmo solicitarão dicas ou atividades extras para o professor.

Ainda segundo Paulo Freire (1998), o professor também precisa demonstrar segurança, conhecimento e generosidade para obter a autoridade na sala de aula. Um professor competente consegue exercer mais facilmente a sua autoridade e recebe respeito dos alunos.

Dessa forma, o professor precisa ser merecedor da atenção dos alunos, ainda mais com a globalização e o crescente avanço tecnológico. Para isso é necessário que ele demonstre o domínio da LI, mostre respeito aos alunos e aos conhecimentos que já possuem, tenha uma autoridade incentivadora para que os alunos desenvolvam um aprendizado satisfatório, etc.

Levando em consideração esses aspectos, nota-se que o conhecimento sobre os métodos e a sua escolha são imprescindíveis para um ensino adequado e satisfatório. Assim como a postura do professor frente ao conteúdo e aos alunos também faz toda a diferença.

Além disso, conclui-se que é igualmente essencial conhecer a situação do processo de ensino-aprendizagem atualmente, bem como quais são as abordagens e métodos de ensino existentes. Dessa forma, possibilitando ao professor refletir que ações e escolhas melhor se adequam a realidade do contexto em que está inserido.

Referências

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