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O impacto da internet nos contratos de trabalho e a sua interferência nas relações de emprego

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JONATAS JURAK DA ROSA

O IMPACTO DA INTERNET NOS CONTRATOS DE TRABALHO E A SUA INTERFERÊNCIA NAS RELAÇÕES DE EMPREGO

Ijuí (RS) 2016

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JONATAS JURAK DA ROSA

O IMPACTO DA INTERNET NOS CONTRATOS DE TRABALHO E A SUA INTERFERÊNCIA NAS RELAÇÕES DE EMPREGO

Tcc do Curso de Graduação em Direito objetivando a aprovação no componente curricular Monografia.

UNIJUI – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

DCJS – Departamento de Ciências Jurídicas e Sociais

Orientadora: MSc. Nelci Lurdes Gayeski Meneguzzi

Ijuí (RS) 2016

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Este trabalho é dedicado a todos que de uma forma ou outra me auxiliaram e ampararam-me durante esta minha caminhada acadêmica.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, pela vida, saúde, sabedoria e força durante estes últimos anos, permitindo que eu alcançasse com êxito meus objetivos.

Aos meus pais por estarem comigo em todos os momentos, sendo meu porto seguro, e sempre transmitindo amor, fé e esperança.

A namorada, por ser minha fiel companheira e minha melhor amiga e estar do

meu lado em todos os momentos,

compreendendo o período perturbado de minha vida, por me ouvir chorar e permitir que eu compartilhasse minhas alegrias e dificuldades neste momento importante, iluminando os meus dias com muito amor e carinho.

Agradeço de coração a minha

orientadora pela paciência, apoio e compreensão, por me fazer acreditar que tudo pode dar certo. Agradeço pelo conhecimento e sabedoria repassados, o tempo e confiança depositados em mim, durante todo esse período.

Agradeço também a todos meus amigos e a todos que colaboraram de alguma maneira durante essa trajetória, acrescentando e permanecendo ao meu lado neste momento importante.

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RESUMO

A pesquisa intitulada “O impacto da internet nos contratos de trabalho e a sua interferência nas relações de emprego” teve como objetivo analisar o impacto da internet nos contratos de trabalho, voltando o olhar para a interferência nas relações de emprego, assim como verificar os reflexos positivos e negativos na relação empregado x empregador. Trata-se de uma pesquisa do tipo exploratório, que utilizou para o seu delineamento a coleta de dados em fontes bibliográficas disponíveis em meios físicos e na rede de computadores e do método dedutivo. Como resultados, verificou-se que o avanço da tecnologia e, consequentemente, a incorporação da internet no Brasil, mudou significativamente a vida das pessoas em todos os aspectos. No que se refere ao trabalho e às relações de emprego, é preciso que ambas as partes envolvidas saibam como proceder para a utilização das novas tecnologias. No tocante ao empregador, a legislação possibilita a utilização do seu poder no sentido de exigir que, no ambiente de trabalho, somente se utilize a tecnologia para os fins de execução do contrato de emprego. Há também que se ter o cuidado, pelo empregador, na utilização destas ferramentas para que não ultrapassem os limites do contrato de modo a assegurar os momentos de descanso do empregado, possibilitando que o mesmo se desconecte do trabalho. Já no caso da conduta do empregado, quanto à utilização da internet no horário de trabalho, é preciso que este se utilize dos preceitos da ética para utilizar esta tecnologia no meio ambiente laboral.

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ABSTRACT

The study entitled "The impact of the Internet in employment contracts and their interference in employment relations" aimed to analyze the impact of the Internet on the employment contract, turning his gaze to the interference in employment relationships, as well as checking the reflexes positive and negative x in employee employer relationship. This is an exploratory research, which used to design its data collection in bibliographic sources in the media and on the computer network and the deductive method. As a result, it was found that the advancement of technology and hence the incorporation of the Internet in Brazil, significantly changed the lives of people in all aspects. With regard to labor and employment relations, it is necessary that both parties know how to use new technologies. With regard to the employer, the law allows the use of its power to require that, in the workplace, only to use the technology to use for performance purposes. We must also take care by the employer in using these tools so they do not exceed the limits of the contract so as to ensure the moments of employee rest, allowing it to disconnect from work. In the case of the employee's conduct regarding the use of the Internet during working hours, it is necessary that this is the use of ethical precepts to use this technology on the workplace.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 7

1 CONTORNOS INTRODUTÓRIOS ACERCA DA INTERNET ... 9

1.1 Evolução da internet no mundo e no Brasil ... 10

1.2 Internet no mercado de trabalho ... 1.3 Marco legal da internet ... 18

2 A UTILIZAÇÃO DA INTERNET NAS RELAÇÕES DE EMPREGO ... 22

2.1 As relações de emprego no século XXI ... 22

2.2 A internet nas relações de emprego ... 28

2.3 Limites à utilização da internet durante a relação de emprego ... 31

3 AS CONSEQUÊNCIAS JURIDICAS DA UTILIZAÇÃO DA INTERNET NAS RELAÇÕES DE EMPREGO ... 38

3.1 Consequências da utilização para o empregador ... 38

3.2 A vida privada do empregado e a interferência da internet decorrente do contrato de emprego ... 40

3.3 Análise jurisprudencial do Tribunal Superior do Trabalho (TST) ... 43

CONCLUSÃO ... 45

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INTRODUÇÃO

A internet tem exercido uma influência positiva nas relações de trabalho, no sentido de facilitar a execução das atividades propostas, encurtamento de distâncias, rompimento de fronteiras, tornando a atividade do empregador, em especial, mais dinâmica e possibilitando o cumprimento do preceito fundamental do livre exercício da atividade econômica.

Associado a isto, percebe-se que a utilização da internet pelo poder econômico tem gerado reflexos também nas relações de emprego em que o empregador pode utilizar-se livremente desta ferramenta para limitar ou extrapolar os termos do contrato de trabalho e da legislação trabalhista. Nesse sentido, com a pesquisa “O impacto da internet nos contratos de trabalho e a sua interferência nas relações de emprego”, procurou-se analisar o impacto da internet nos contratos de trabalho, voltando o olhar para a interferência nas relações de emprego, bem como verificar os reflexos positivos e negativos na relação empregado x empregador. Trata-se de uma pesquisa do tipo exploratório, que utilizou para o seu delineamento a coleta de dados em fontes bibliográficas disponíveis em meios físicos e na rede de computadores. Procurou, também, responder a seguintes questões: “Quais os impactos da internet para os contratos de trabalho? Qual a interferência nas relações de emprego e na vida privada do empregado e seus reflexos jurídicos?”

Para tal, a pesquisa foi estruturada em três capítulos. O primeiro apresenta uma introdução acerca da internet. O segundo capítulo versa sobre a utilização da interne nas relações de emprego. Para finalizar, o terceiro capítulo aborda as consequências jurídicas da utilização da internet nas relações de emprego.

Como resultado, verificou-se que o avanço da tecnologia e, consequentemente, a incorporação da internet no Brasil, mudou significativamente a

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vida das pessoas em todos os aspectos. No que se refere ao trabalho e às relações de emprego, é preciso que empregador e empregado saibam como proceder para a utilização das novas tecnologias. Quanto ao empregador, a legislação possibilita a utilização do seu poder no sentido de exigir que, no ambiente de trabalho, somente se utilize a tecnologia para os fins de execução do trabalho. Este, por sua vez, não pode fazer uso dessas ferramentas para ultrapassar os limites do contrato de trabalho, ou seja, ocupar o empregado fora de seu horário de trabalho ou no seu direito de gozar suas férias. Por outro lado, no caso do empregado, é preciso que este se utilize dos preceitos da ética para utilizar esta tecnologia no meio ambiente laboral, evitando, assim, transtornos no uso indevido dessas ferramentas no local de trabalho, o que pode gerar uma demissão por justa causa. Ambos, como fora dito - empregado e empregador - precisam usar o bom senso e a ética numa relação empregatícia.

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1 CONTORNOS INTRODUTÓRIOS ACERCA DA INTERNET

A rede que interliga os computadores de várias partes do mundo veio para ficar, e cada vez mais as pessoas se tornam dependentes dela. Com origem na evolução de uma rede de uso militar, é a mais forte fonte para comunicação entre as pessoas nunca vista. Essa “rede das redes”, como é conhecida, traz, cada vez, a tão esperada revolução nos meios de comunicação. Todos utilizam esse sistema diariamente, através de e-mail, redes sociais ou endereço eletrônico, podendo ser classificado como um cep pelo qual, no seu computador, pode ser encontrado. Dessa forma, as pessoas passam a se comunicar, receber e-mails e mensagens enviadas de qualquer parte do mundo.

A internet facilitou muito a vida dos seus usuários, uma transferência bancária, por exemplo, pode se feita diretamente no site do banco; é possível ler jornais ou revistas online; fazer compras de praticamente todos os itens necessários. A melhor parte é que se consegue fazer tudo isso sem sair do conforto de casa. Atualmente, é possível também trabalhar em casa, administrando o próprio horário. Isso tudo se deve a essa tecnologia extremamente inovadora, que permanece em constante evolução, com o objetivo de melhorar o desempenho da rede, e continuar facilitando a vida das pessoas. Porém, atualmente muitas doenças estão surgindo em virtude do uso excessivo dessa tecnologia. Infelizmente, algumas pessoas não estão conseguindo lidar com esse avanço tecnológico. Os usuários excessivos precisam aprender a manter o controle sobre ela, pois é um excelente facilitador para o uso pessoal, entretanto, se não for usada com controle e moderação, poderá acarretar grandes problemas.

A geração atual precisa ser regrada para minimizar o uso excessivo da internet, com o auxílio dos pais e das escolas, para não desencadear problemas futuros. Os limites são necessários, pois as crianças já nascem imersas nesse mundo tecnológico.

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1.1 Evolução da internet no mundo e no Brasil

A Internet começou a dar seus primeiros passos no mundo em plena guerra fria, mais precisamente em 04 de outubro de 1957. A União Soviética colocou o primeiro satélite artificial que permitia uma ótima e facilitadora relação entre sinais de rádio frequência para qualquer pessoa no mundo que tivesse um rádio, e esse projeto soviético foi uma resposta pela tecnologia que se desenrolava nos Estados Unidos (CARVALHO, 2006).

Ainda, segundo Carvalho (2006), no final dos anos cinquenta e início dos anos sessenta, fruto de um projeto de pesquisa militar (ARPA: Advanced Research Projects Agency), veio a resposta do governo americano ao lançamento do Sputnik pela ex-União Soviética.

Inicialmente, a ideia era conectar os mais importantes centros universitários de pesquisa americanos com o Pentágono para permitir não só a troca de informações rápidas e protegidas, mas também para instrumentalizar o país como uma tecnologia que possibilitasse a sobrevivência de canais de informação, no caso de uma guerra nuclear. No entanto, os seus criadores não tinham ideia que isso tomaria a proporção de expansão que teve. O crescimento e o aperfeiçoamento do projeto se tornou essencial naqueles dias e nos dias de hoje (CARVALHO, 2006).

Com isso, foi criado um programa que passou a se chamar Wide Area Networks (WAN), para facilitar ainda mais a comunicação na rede mundial de computadores. Inicialmente, com objetivos militares, seria uma forma das forças armadas dos Estados Unidos manter as comunicações em caso de ataques inimigos que destruíssem os meios convencionais de telecomunicações. Em 1970 e 1980, além de ser utilizada para fins militares, a internet também foi um importante meio de comunicação acadêmico. Estudantes e professores universitários, principalmente dos EUA, trocavam ideias, mensagens e descobertas. Dessa forma, a internet começou a chegar à população em geral na década de 90 (PAIVA, 2007).

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A diferença entre a internet e outros meios de telecomunicação é que ela faz uso de uma linguagem ou protocolo específico, chamado Transmission Control Protocol/Internet Protocol (TCP/IP), que passa uma informação transmitida e a envia para o destino estabelecido pelo usuário.

No ano de 1989, o sistema contava com mais de cem mil servidores envolvidos no desenvolvimento desse projeto. Já em 1992, o WWW (World Wide Web) foi testado e aprovado, sendo assim liberado para os seus usuários, aumentando consideravelmente o número de servidores conectados ao sistema (mais de um milhão). Com o WWW, a internet ganhou muitos usuários em todo o mundo. Agora eles podiam fazer suas buscas de pesquisa sem sair de suas casas, informações antes inacessíveis, através de pesquisas online, além de conhecer novas pessoas neste lugar até então desconhecido (GIFFHORN; HENDRYO, 2016).

A rápida evolução da internet no mundo fez com que se chegasse a números extraordinários de usuários, estando na casa dos 3,2 bilhões no mundo, segundo dados divulgados União Internacional das Telecomunicações, órgão vinculado à Organização das Nações Unidas (G1, 2015).

Com esse número, podemos ver que a maioria das pessoas estão em países em desenvolvimento. Essa quantificação é tão significante que para cada internauta que vive em um país desenvolvido há dois nos países em desenvolvimentos que surgem para conectar a rede mundial de computadores.

No mundo, há 15 anos as pessoas que utilizavam a internet eram aproximadamente 400 milhões, número divulgado pela UIT em 2015 (G1, 2015).

Mesmo com essa quantidade expressiva de usuários, ainda existem 4 bilhões de pessoas desconectadas em todo o mundo, localizadas especialmente em países em desenvolvimento. Nestes locais, o avanço da internet é mais demorado devido ao limitado poder econômico dos países (G1, 2015).

No Brasil, a internet surgiu em 1988, quando o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), no Rio de Janeiro, conseguiu acesso à Bitnet,

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através de uma conexão de 9600 bits por segundo estabelecida com a Universidade de Maryland (HISTÓRICO DA INTERNET, 2016). Sendo assim, se passaram dois meses e a Fundação de Amparo à Pesquisa do estado de São Paulo se conectou a Bitnet. Após, várias universidades começaram a se conectar também. Uma das universidades que se destacou foi a Universidade Federal do Rio de Janeiro.

A internet, no Brasil, foi progredindo a passos lentos. Somente no final do ano de 1994 o governo brasileiro, que até o momento não tinha investido na internet, anunciou, juntamente com o Ministério de Ciência e Tecnologia e do Ministério das Comunicações, a intenção de fazer um investimento nessa tecnologia, porque esta apresentava um crescimento muito importante fora do país, e no Brasil estava estagnada sem objetivos maiores. O primeiro passo para a exploração comercial da internet ficou de responsabilidade da Embratel (ORÇAMENTO..., 2012).

A Embratel iniciou no mesmo ano o serviço de acesso à internet em caráter experimental. A empresa optou em escolher mais ou menos cinco mil usuários para começar os testes, e, com isso, em maio de 1995, com os testes aprovados pelos usuários, a Embratel começou a funcionar de modo definitivo (ARRUDA, 2011). Essa iniciativa começou a apresentar resultados satisfatórios imediatamente, no entanto, não agradou as empresas de iniciativa privada no Brasil. Com a preferência e exclusividade da Embratel no serviço de acesso, temia-se que a empresa dominasse o mercado, criando um monopólio estatal de internet no país, o que não seria nada bom. Essa reivindicação das empresas privadas surtiu efeito. O Ministério das Comunicações tornou pública a posição do governo de que não haveria monopólio e que o mercado de serviços da internet no Brasil seria aberto, e que o monopólio estatal não iria ocorrer. Com isso, nessa mesma época, foi criado o comitê gestor de internet Brasil. Ele tinha o dever de traçar rumos da implantação, administrativa e uso da internet (CAMARGO; CRESPO, 2015).

Participaram do comitê membros do Ministério das Comunicações e do Ministério de Ciência e Tecnologia, representantes de provedores e prestadores de serviços ligados à internet e representantes de usuários e da comunidade acadêmica. Mesmo com todos esses procedimentos de criar regras, comitês de análises e com a internet pedindo passagem no Brasil, o processo continuou lento

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por todo o ano de 1995. Um dos maiores problemas foi que a Embratel e o Ministério das Comunicações dificultaram as iniciativas das empresas privadas, o que começou a gerar revolta nas empresas privadas, o que fez com que o andamento do processo fosse tomando rumo certo, e não demorou muito. Questão de um ano (1996) melhorou os serviços prestados pela Embratel, e com o crescimento natural do mercado, a internet no Brasil crescia tanto em número de usuários quanto de provedores e de serviços prestados através da rede de computadores (HISTÓRICO DA INTERNET, 2016).

Um fato que marcou o avanço da internet no Brasil foi o lançamento de uma música do cantor e compositor Gilberto Gil, mais precisamente no dia 14 de dezembro de 1996, em que o mesmo cantou uma versão acústica da música ao vivo (HISTÓRICO DA INTERNET, 2016).

As primeiras experiências foram feitas por estudantes e, posteriormente, liberadas para a população. A internet é uma tecnologia decisiva da era da informação e com a imensa progressão da comunicação sem fio do século XXI. Atualmente, a população brasileira está quase toda ligada à internet, ainda com uma imensa desigualdade na navegação, por motivo dos valores, que acarreta na eficiência da navegação para cada usuário.

A tecnologia é uma realidade na vida do ser humano. A mesma se faz presente nas atividades do dia-dia, como no lazer, diversão, trabalho e estudos. A tecnologia não é algo a ser levado em conta depois da formação de umas estratégias de negócio, e sim a razão e o caminho que leva até a estratégia. A internet possibilita não somente que os usuários melhorem seus processos, produto/serviço e diminua os custos, como também permite que ela se aproxime dos seus objetivos.

Com a evolução, alguns fatos que marcaram a trajetória da internet no Brasil:

1989 - Delegação do Código de País de Domínio de topo (ccTLD) .br ao Brasil;

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1993 - A BBS Canal Vip, criada em 1986 por Paulo Cesar Breim, primeiro sistema do Brasil a oferecer uma conta de e-mail internet, gratuita, a qualquer pessoa.

1995 - Criação do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), Site do Jornal do Brasil.

1995 - Canal Vip recebe primeiro IP comercial no Brasil e registra o primeiro domínio .com do Brasil: canalvip.com.br.

Primeiros sites de empresas: sites do Biquini Cavadão e Barão Vermelho são os primeiros de música a entrar no ar. UOL entra no ar; fundação da MediaLab, uma das primeiras agências digitais do País.

Nasce a primeira rede de IRC brasileira, a Brasirc.com.br.

1997 – Pela primeira vez o Imposto de Renda pode ser entregue pela internet; O Brasil já possui mais de 1,8 milhões de usuários;

Um provedor de São Paulo lança o Zipmail, serviço de e-mail gratuito;

O Tribunal Superior Eleitoral divulga em tempo real o resultado das eleições; 1999 - Iniciativa do Consultor em Marketing Demethrius Lucena, executa a primeira transmissão de vídeo/audio em real time, pela internet de um evento externo AO VIVO em parceria com provedoras e empresa de tv a cabo. Em Belém do Pará (Amazônia);

O UOL lança um software de conversação instantânea;

2000 - A internet 2 de alto desempenho em desenvolvimento pelo governo; Globo.com e iG entram no ar;

2003 - É fechado um acordo de colaboração entre América Latina e Estados Unidos que beneficia pesquisadores e instituições, permitindo a conexão e a troca de tráfego entre as duas redes;

2014 - Marco da Internet lei 12965/14 aprovada na câmara dos deputados em 25 de março de 2014 e em 23 de abril aprovada no senado federal. Sendo sancionado logo depois pela presidente Dilma Rousseff (MENDES, 2014).

Explanando brevemente sobre a evolução da internet, passa-se à análise de suas interferências no mercado de trabalho.

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1.2 Internet no mercado de trabalho

Essa tecnologia fantástica que veio para ficar mudou as relações das pessoas em todos os aspectos. No mercado de trabalho, por exemplo, através da internet, empresas e contratantes anunciam vagas de emprego e os trabalhadores buscam emprego ou alguma ocupação. Com isso, o resultado é satisfatório e rápido. Também as redes sociais viabilizam negócios e ampliam toda uma rede de contatos e facilitam a comunicação.

Com relação ao mercado de trabalho, a internet está inteiramente ligada à comunicação. É preciso observar os profissionais que interagem entre si e pela internet, permitindo a facilidade de novos canais para propagar informações úteis e facilitar as operações que ocorrem numa empresa, o que levaria muito tempo se a internet não existisse. Essa tecnologia é responsável por transmitir dados e informações pertinentes para que os trabalhadores se mantenham atualizados e competitivos num mercado no qual a economia se baseia na oferta e procura de materiais, serviços e na própria qualificação de indivíduos.

A internet mudou a forma de comunicação das pessoas. Agora, as pessoas falam menos cara a cara e mais pelas redes sociais; tem mais acesso à informação. Mudou também a rotina dos seus usuários, trouxe mais possibilidades e facilidades no mercado de trabalho.

Com a internet, criou-se um novo cenário, como por exemplo, alguns cargos receberam novos nomes, outros se misturam com os já existentes, dando espaço para surgimento, muitas vezes, de novos departamentos dentro do mercado de trabalho. Com isso, surgiram novas demandas, responsabilidades e novas funções, o que contribui para termos uma oportunidade a mais na empresa, com funções novas e com salários atrativos que motivam o trabalhador a se qualificar.

No mercado de trabalho, a internet possibilita uma aproximação e interação valiosa com os clientes. Não tem uma regra. A empresa pode ser pequena, de médio ou grande porte, mas ela deve buscar a tecnologia na sua área de atuação

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sem deixar de lado os princípios básicos, como o respeito e a clareza, sendo assim, aproximando o seu atual cliente e ganhando novos.

No local de trabalho, muitas vezes se observa que as pessoas, com o avanço da tecnologia, não deixam de acessar as suas redes sociais, seus e-mails, ficar teclando em sites de bate papo e até mesmo dar uma espiada em sites pornográficos. O trabalhador deve ter muita atenção, pois essa conduta pode provocar uma demissão por justa causa e a perda dos direitos trabalhistas, como por exemplo, seguro desemprego, aviso prévio e a retirada do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS.

O bom senso deve sempre ser preservado, sendo possível o empregador aplicar uma punição ao empregado, e assim às permissões, proibições e limitações podem ser impostas e devem ser respeitadas pelos empregados. As penalidades que o empregado pode receber depende das circunstâncias do ato praticado, podendo se configurar em uma advertência, suspensão, inclusive, em uma demissão por justa causa. O empregado deve cuidar que, mesmo que for liberado o uso da internet com ou sem acesso restrito no ambiente de trabalho, deve ser observada a ética, a disciplina e a seriedade.

Usar a internet de forma inteligente pode ser uma boa saída para quem deseja se manter no mercado de trabalho ou para aqueles que desejam ingressar no disputado mercado de trabalho ou melhorar seus conhecimentos. Também não pode esquecer de destacar o direito à desconexão, que o empregado tem que estar disponível para o empregador nas suas horas de descanso, feriados.

Com relação ao direito à desconexão Souto Maior (2003) esclarece que o não trabalho aqui referido não é visto no sentido de não trabalhar completamente, e sim no sentido de trabalhar menos, até o nível necessário à preservação da vida privada e da saúde, considerando-se essencial esta preocupação (de se desligar, concretamente, do trabalho), exatamente por conta das características deste mundo do trabalho marcado pela evolução da tecnologia, pela definição do Mercado e pelo atendimento, em primeiro plano, das exigências do consumo, como exposto no art. 62 CLT I, II:

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Art. 62. Não são abrangidos pelo regime previsto neste capítulo:

I – os empregados que exercem atividade externa incompatível com a fixação de horário de trabalho, devendo tal condição ser anotada na Carteira de Trabalho e Previdência Social e no registro de empregados; II – os gerentes, assim considerados os exercentes de cargos de gestão, aos quais se equiparam, para efeito do disposto neste artigo, os diretores e chefes de departamento ou filial.

Parágrafo único. O regime previsto neste capítulo será aplicável aos empregados mencionados no inciso II deste artigo, quando o salário do cargo de confiança, compreendendo a gratificação de função, se houver, for inferior ao valor do respectivo salário efetivo acrescido de 40% (quarenta por cento). (Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.966, de 27.12.1994). (BRASIL, 1943).

Com as novas tecnologias e com o acesso à internet, está sendo normal ver os trabalhadores de férias conectados com suas tarefas profissionais, usando algum meio de acesso para dar andamento às suas tarefas, e atividades na empresa. Sendo assim, o mesmo assina as férias, não vai à empresa, mas a empresa e as atividades não saem da vida do trabalhador.

Com o avanço da tecnologia, não se pode servir de escravos. As pessoas que levam o trabalho da empresa para suas casas sofrem com prejuízos, inclusive em sua vida privada que, de uma forma ou de outra, afetam o convívio e o seu bem-estar com a sua família e seus amigos. Sendo assim, existe o direito à desconexão do trabalho, que é justamente para preservar o direito adquirido pelo trabalhador ao seu bem-estar, ao seu descanso, depois de ter cumprindo seus deveres e cumprido oitos horas diárias, conforme estabelecido no Contrato de Trabalho. Isso é representado como a defesa do trabalhador contra, muitas vezes, o abuso do empregador, ficar mais tarde ou levar os afazeres para sua casa.

Com o avanço da tecnologia, a relação do empregado x empregador se fortaleceu e ficou mais sólida, uma vez que o empregado tem a seu dispor a tecnologia, e com isso pode checar seus e-mails, aplicativos ou programas que o ligam ao trabalho. Desconectar do trabalho não é um direito individual do trabalhador, mas da sociedade e da própria família, uma luta que é de todos e por todos.

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1.3 Marco legal da internet

O Marco Civil da Internet foi aprovado no dia 23 de abril de 2014 pela Lei n° 12.965/14. Ela regula o uso da Internet no Brasil, com garantias, direitos e deveres, bem como estabelece as diretrizes para a atuação dos Estados. Em outras palavras, se pode dizer que seria a Constituição da internet.

O Projeto Lei surgiu em 2009, tendo sido aprovado na Câmara dos Deputados em 25 de março de 2014e no Senado Federal em 23 de abril de 2014, sendo sancionado logo depois pela presidente Dilma Rousseff. O Marco Civil foi apresentado como um Projeto de Lei do Poder Executivo à Câmara dos Deputados, sob o nº PL 2126/2011. No Senado, desde 26 de março de 2014, o projeto tramitou sob o nº PLC 21 de 2014, até sua aprovação em 23 de abril de 2014. O texto do projeto trata de temas, como neutralidade da rede, privacidade, retenção de dados,a função social que a rede precisará cumprir especialmente garantir a liberdade de expressão e a transmissão de conhecimento, além de impor obrigações de responsabilidade civil aos usuários e provedores.

O Marco Civil da internet trouxe reflexos diretos e relevantes para os brasileiros usuários da internet. O próprio nome sugere que trata-se de um marco regulatório, ainda pendente de regulamentação e ainda com vários temas a serem discutidos no âmbito. Deve-se lançar um olhar atento quanto crítico para essa experiência recente. Busca-se examinar as repercussões e perspectivas do Marco Civil da Internet em três diferentes campos: nos tribunais, no âmbito da consulta pública sobre a regulamentação e no Legislativo, que já conta com diversos projetos que podem alterar substancialmente as feições da lei – não necessariamente para melhor (GARCIA, 2016).

Também o Marco Civil da internet não pode ser usado como um instrumento de censura, conforme dispõe o artigo 2º da Lei nº 12.965⁄2014, que estabelece a liberdade de expressão como fundamento da própria lei. Um dos pontos que se destaca na referida lei é que os provedores de internet não poderão dar preferência ao tráfego de um conteúdo em detrimento de outro. Todos os dados devem trafegar com a mesma velocidade. Isso impede o privilégio de empresas, por exemplo, que

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autorizam o acesso a redes sociais em detrimento a outras que limitam o acesso a vídeos. Isso para que não ocorra, por decisão política ou comercial, de um provedor boicotar o acesso de um veículo de comunicação. Nessa fase da votação do Marco, se teve vinte e novas ocasiões em que foram adiadas as votações. Tudo isso porque havia alguns grupos que tinha interesses. Os provedores da internet, por exemplo, eram contra a neutralidade na rede, o que esses grupos não queriam. Mas mesmo assim, o projeto foi aprovado em três anos, prazo considerável se comparado a outros projetos.

Do exposto em relação a como surgiu a internet no mundo e no Brasil, pode-se ter uma noção de como avançou a tecnologia no mundo. Com a chegada da internet, houve avanços significativos. Todos foram beneficiados com essa ferramenta para o desenvolvimento das suas atividades na empresa e em suas vidas, bem como a comunicação com outras pessoas do outro lado do mundo, facilidade hoje que gera certa dependência nos seus usuários das tecnologias geradas pela internet. Mas, com esse avanço, algumas regras tiveram que ser impostas no Brasil, e por isso foi criado o Marco da Internet, um Projeto de lei que foi aprovado para impor limites aos seus usuários e, com isso, manter a privacidade e a proteção do mesmo.

Depois de aproximadamente dois anos do surgimento da lei do marco da internet, e, recentemente, no dia 11 de maio do ano de 2016, foi regulamentada pela até então presidente da República Dilma Roussef. Dessa forma, o mesmo foi publicado no Diário Oficial da União e começou a ter validade dentro do prazo de trinta dias. Com isso, as operadoras de internet vão ser proibidas de priorizar pacotes de dados em razão de arranjos comerciais, então, quando as mesmas quiserem vender pacotes com acesso a serviços que não consumam a franquia, não poderá haver um acordo comercial entre o provedor de conexão e o aplicativo para que o serviço seja priorizado em relação às demais.

No Decreto nº 8771, de 11 de maio de 2016, a presidente Dilma assinou as seguintes atualizações sobre a neutralidade de rede:

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Ficam obrigadas as operadoras a prestar um serviço adequado com objetivo de manter a estabilidade, segurança, integridade e funcionalidade da rede, observando alguns requisitos como a restrição de Spam, controle de navegação e ataques; Se a rede principal sofre congestionamento, deve-se oferecer uma rota alternativa para manter a estabilidade; A Anatel deve fiscalizar com afinco eventuais infrações das diretrizes estabelecidas pelo Comitê Gestor da Internet - CGIbr Fica permitido - para preservar a estabilidade e segurança da rede - que as operadoras façam o gerenciamento das redes utilizando as medidas técnicas estabelecidas pelo padrão internacional (BRASIL, 2016).

Um dos pontos que está gerando polêmica é o da neutralidade da web. Com base neste princípio, os provedores de serviços de internet não podem ofertar serviços de conexões diferenciados, como pacotes para acessar os e-mails, vídeos ou alguma rede social que o usuário tenha acesso. A neutralidade é o ponto crítico que gerou todo o transtorno no processo, porque, na sua primeira fase, o texto prevê que as empresas de telecomunicações que oferecem esse tipo de serviços sejam neutras no tráfego de dados, não importando a sua origem ou seu destino. Assim, a pessoa continua livre para usar toda a velocidade de conexão contratada para acessar o que quiser, sem as regras que as operadoras queriam impor, vender pacotes para cada serviço e com velocidades distintas.

Contra os dados dos usuários da internet no Brasil aconteceu um fato curioso. Essa segurança dos dados foi excluída da lei para a mesma ser aprovada com mais facilidade. Uma das causas foi a ideia de grandes empresas de internet terem suas filiais no Brasil foi abandonada. Mas, com isso, foi acordado que em qualquer operação de coleta de dados armazenados e outros dados dos usuários brasileiros será respeitada a legislação brasileira. Uma das mudanças foi a liberdade de expressão, e este foi um dos assuntos que se manteve e foi aprovado. Os provedores de acesso não serão mais responsabilizados por postagens de seus usuários, e o que cada um publicar só vai sair da página com autorização da justiça. Com isso, as empresa dos provedores serão responsabilizadas por danos gerados por seus usuários se não acatarem a ordem da justiça.

Um dos pontos positivos para os usuários foi o veto de as empresas, como facebook e google, de utilizar os dados de seus usuários em estratégias com fins comerciais. Os mesmos utilizavam os dados para enviar anúncios e propagandas pertinentes com duas buscas curtidas e comentários nas páginas. As empresas

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podem ter nos seus arquivos eletrônicos os dados dos usuários durante o período de seis meses, e desde que isso esteja autorizado pelos seus usuários.

O Marco Civil representa uma grande evolução no direito dos usuários brasileiros. Não se está dizendo que com isso se perde a liberdade. Na verdade, a lei veio para garantir justamente que esta liberdade não seja enfraquecida ou ignorada pelas grandes empresas que olham somente o lado do seu crescimento e esquecem os direitos de quem a utiliza.

O Brasil é um dos países que mais utiliza a internet, e o marco coloca em patamares parecidos com o que tem os países de Chile e Holanda, que já tens leis como a brasileira.

O marco da internet já foi elogiado pela ONU, e pelo próprio criador da internet, Tim Berners-Lee. Ele pode se tornar um importante mecanismo de defesa contra danos à privacidade dos internautas, além de garantir, também, que cada um tenha responsabilidade por aquilo que publica e compartilha em redes sociais.

Os usuários vão ter a consciência que esperar do ambiente online, tanto no que diz respeito aos seus dados, quanto a consequência de suas atitudes publicações. A lei pode ser apenas o primeiro passo de algo a ser melhorado no futuro, já que é a primeira que o Brasil tem nestes moldes.

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2 A UTILIZAÇÃO DA INTERNET NAS RELAÇÕES DE EMPREGO

O capítulo anterior mostrou basicamente sobre noções gerais sobre o uso da internet e descreveu rapidamente seu aparecimento e sua utilização inicial de fundo militar. Contudo, espalhou-se em nível global e hoje atinge os mais variados níveis de utilização e áreas de abrangência, sendo, inclusive, utilizada para fins “paramilitares”, em desenvolvimento à ciência e tecnologia dos mais variados itens, também na saúde, e obviamente, no núcleo dos ambientes de trabalho de diferentes maneiras, como já mencionado.

O objeto deste capítulo é apresentar a utilização da internet nas relações de emprego. Num primeiro momento, se destaca as relações de emprego no presente século, a utilização desse singular veículo de comunicação que ela representa no âmbito dos vínculos laborais e os eventuais limites à sua utilização na vigência da relação empregatícia.

2.1 As relações de emprego no século XXI

Num primeiro momento é importante destacar que nem todas as relações estabelecidas com elo de trabalho são efetivamente “relações de emprego”. Desde os primórdios, o homem buscou transformar a natureza a seu favor e utilizou, na maior das vezes, sua inteligência e seus braços para esse fim. Mas, o que hoje se entende por relações empregatícias é relativamente recente na longa trajetória civilizatória.

Importante elucidar a distinção entre trabalho e emprego. Apesar da existência de intrínseca ligação, ambas possuem significados diferenciados. O trabalho é mais antigo que o emprego. Ele existe desde o momento que o homem começou a transformar seu entorno, lutando pela sobrevivência. Por outro lado, o emprego é algo bem mais atual, é um conceito que surgiu à época da Revolução Industrial, e é uma relação entre homens que vendem essa força de trabalho em troca de um salário.

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A ciência do direito realiza clara distinção entre relação de trabalho e relação de emprego. Segundo Delgado (2003, p. 283-284), a relação de trabalho:

[...] tem caráter genérico: refere-se a todas as relações jurídicas caracterizadas por terem sua prestação essencial centrada em uma obrigação de fazer consubstanciada em labor humano. Refere-se, pois, a toda modalidade de contratação de trabalho humano modernamente admissível. A expressão relação de trabalho englobaria, desse modo, a relação de emprego, a relação de trabalho autônomo, a relação de trabalho eventual, de trabalho avulso e outras modalidades de pactuação de prestação de labor (como trabalho de estágio etc.). Traduz, portanto, o gênero a que se acomodam todas as formas de pactuação de prestação de trabalho existentes no mundo jurídico atual.

Entretanto, segundo o mesmo autor, a relação de emprego é, do ponto de vista técnico-jurídico, apenas uma das modalidades específicas da relação de trabalho juridicamente configuradas. Em suas palavras, corresponde:

[...] a um tipo legal próprio e específico, inconfundível com as demais modalidades de relação de trabalho ora vigorantes. Não obstante esse caráter de mera espécie do gênero a que se filia, a relação de emprego tem a particularidade de também constituir-se, do ponto de vista econômico-social, na modalidade mais relevante de pactuação de prestação de trabalho existente nos últimos duzentos anos, desde a instauração do sistema econômico contemporâneo, o capitalismo. Essa relevância socioeconômica e a singularidade de sua dinâmica jurídica conduziram a que se estruturasse em torno da relação de emprego um dos segmentos mais significativos do universo jurídico atual – o Direito do Trabalho. (DELGADO, 2003, p. 284).

Dessa forma, é possível dizer que a relação de emprego é uma relação jurídica singular. Segundo Russomano (2002, p. 79), a “[...] relação de emprego é o vínculo obrigacional que une, reciprocamente, o trabalhador e o empresário, subordinando o primeiro às ordens legítimas do segundo, através do contrato individual de trabalho.”

Na legislação brasileira podem ser extraídos do texto do Art. 3º da CLT conceito da figura do Empregado, como pessoa física que presta serviço não eventual a empregador, sob dependência deste e mediante salário. De outro lado, analisando-se o Art. 2º, onde foi definido Empregador, se observa perfeita correspondência conceitual entre os sujeitos da relação de emprego, com ênfase em relação ao último, para a assunção dos riscos da atividade econômica.

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Da leitura dos dois dispositivos, são identificadas nessa relação de trabalho as seguintes características, sinalizadas por Camino (2004, p. 186):

a) a existência de alguém capaz de empreender atividade econômica e, no intuito de dela obter resultados, entre outros fatores necessários à empresa, empregar força humana de trabalho;

b) a inserção dessa força de trabalho na atividade empresarial, daí decorrendo a pessoalidade da prestação, a não eventualidade dos serviços, a subordinação do empregado e o assalariamento.

Diante disso, cabe por ora examinar cada um desses elementos: trabalho não-eventual, prestado “intuitu personae” (pessoalidade) por pessoa física, em situação de subordinação, com onerosidade.

A lei fala em “serviços de natureza não-eventual” (Art. 3º, CLT), como expressão da habitualidade, da rotina natural da empresa. Para que haja uma relação empregatícia, é necessário que o trabalho prestado tenha caráter de permanência (ainda que por curto lapso temporal), não podendo ser trabalho esporádico. Surge aí a figura da continuidade da prestação laborativa.

Nascimento (2004, p. 533) conceitua a figura jurídica: “Eventual é o trabalho que, embora exercitado continuamente e em caráter profissional, o é para destinatários que variam no tempo, de tal modo que se torna impossível a fixação jurídica do trabalhador em relação a qualquer um deles.”

Nessa mesma linha de ideias, escreve Martins (2001, p. 30-31):

O serviço prestado pelo empregado deve ser feito em caráter não eventual. Nota-se que o trabalho deve ser de natureza contínua, não podendo ser episódico, ocasional. Um dos requisitos do contrato de trabalho é a continuidade na prestação de serviços, pois aquele pacto é um contrato de trato sucessivo, de duração, que não se exaure numa única prestação, como ocorre com a compra e venda, em que é pago o preço e entregue a coisa.

Só será empregado o trabalhador que prestar serviços pessoalmente a terceiro. Surge então a figura da pessoalidade, juntamente aliada ao fato de esta ser, necessariamente, pessoa física. Nas palavras de Nascimento (2004, p. 529),

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A atividade deve ser direta e exercida pelo próprio trabalhador. Fica excluída toa espécie de delegação, o que vale dizer que não é empregado aquele que por sua iniciativa se faz substituir no serviço, circunstância que descaracteriza a relação de emprego.

Sobre esse mesmo elemento, escreve Martins (2001, p. 30): “Não é possível ser o empregado pessoa jurídica ou animal. A legislação trabalhista tutela a pessoa física do trabalhador. Os serviços prestados pela pessoa jurídica são regulados pelo Direito Civil.” Acrescenta ainda o autor:

A prestação de serviços deve ser feita pelo empregado com pessoalidade ao empregador. O contrato de trabalho é feito com certa pessoa, daí se dizer que é intuitu personae. O empregador conta com certa pessoa específica para lhe prestar serviços. Se o empregado faz-se substituir constantemente por outra pessoa, como por um parente, inexiste o elemento pessoalidade na referida relação. Esse elemento é encontrado na parte final da definição de empregador (art. 2º da CLT). (MARTINS, 2001, p. 32).

Nessa linha de ideias, Godinho (2003, p. 289) explica:

A prestação de serviços que o Direito do Trabalho toma em consideração é aquela pactuada por uma pessoa física (ou natural). Os bens jurídicos (e mesmo éticos) tutelados pelo Direito do Trabalho (vida, saúde, integridade moral, bem-estar, lazer, etc.) importam à pessoa física, não podendo ser usufruídos por pessoas jurídicas. Assim, a figura do trabalhador há de ser, sempre, uma pessoa natural.

Disserta ainda o mesmo autor que é essencial à configuração da relação de emprego que a prestação do trabalho, pela pessoa natural, tenha efetivo caráter de “infungibilidade” no que tange ao trabalhador:

A relação jurídica pactuada – ou efetivamente cumprida – deve ser, desse modo, intuitu personae com respeito ao prestador de serviços, que não poderá, assim, fazer-se substituir intermitentemente por outro trabalhador ao longo da concretização dos serviços pactuados. Verificando-se a prática de substituição intermitente – circunstância que torna impessoal e fungível a figura específica do trabalhador enfocado – descaracteriza-se a relação de emprego, por ausência de seu segundo elemento fático-jurídico. (DELGADO, 2003, p. 289-290).

A relação empregatícia é uma relação de essencial fundo econômico. Através dessa relação sócio-jurídica é que o moderno sistema econômico consegue garantir a modalidade principal de conexão do trabalhador ao processo produtivo, dando

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origem ao largo universo de bens econômicos característicos do mercado atual. A esse respeito, Delgado (2003, p. 296) diz que:

Desse modo, ao valor econômico da força de trabalho colocada à disposição do empregador deve corresponder uma contrapartida econômica em benefício obreiro, consubstanciada no conjunto salarial, isto é, o complexo de verbas contraprestativas pagas pelo empregador ao empregado em virtude da relação empregatícia pactuada.

No tocante à onerosidade, Nascimento (2003, p. 532) destaca que a “onerosidade significa que só haverá contrato de trabalho desde que exista um salário, convencionado ou pago”. Camino (2004, p. 196) também frisa que:

O trabalho, na relação de emprego, é de natureza produtiva. Portanto, não há lugar para a gratuidade. O trabalho de natureza intrinsecamente cultural, lúdica, esportiva, filantrópica, religiosa, política, filosófica, ou voluntária não constitui objeto da relação de emprego. Eis o porquê de o trabalho assalariado constituir um dos seus traços distintivos, que não deve, contudo, ser tomado isoladamente do contexto dos seus demais elementos conceituais. A expressão mediante salário contida no art. 3º da CLT deve ser tomada como reflexo da onerosidade da relação de emprego. A ausência de salário não caracteriza ausência de contrato de trabalho, mas simples inadimplência de prestação principal do contrato.

Não obstante, a relação de emprego resulte da síntese indissolúvel dos cinco elementos fático-jurídicos que a compõem, será a subordinação, entre todos esses elementos, o que ganha maior proeminência na conformação do tipo legal da relação empregatícia. Segundo Camino (2004), não-eventualidade e subordinação entrelaçam-se, sendo perfeitamente possível associar o estado subordinado do empregado à não-eventualidade dos serviços por ele prestados, eis que a regra é que esses dois atributos andem lado a lado.

O item da subordinação é muito importante e voltará a ser tratado na sequência do trabalho, quando forem trabalhadas as questões sobre tecnologia e ambiente de trabalho. Cabe, neste momento, apresentar a definição desse elemento. Nas palavras de Martins (2001, p. 31), subordinação representa o “estado de sujeição em que se coloca o empregado em relação ao empregador, aguardando ou executando suas ordens.” Nas palavras de Delgado (2003, p. 300):

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A subordinação corresponde ao polo antitético e combinado do poder de direção existente no contexto da relação de emprego. Consiste, assim, na situação jurídica derivada do contrato de trabalho, pelo qual o empregado comprometer-se-ia a acolher o poder de direção empresarial no modo de realização de sua prestação de serviços.

Nas palavras de Nascimento (apud DELGADO, 2004, p. 300), a subordinação traduz-se: “na situação em que se encontra o trabalhador, decorrente da limitação contratual da autonomia de sua vontade, para o fim de transferir ao empregador o poder de direção sobre a atividade que desempenhará.”

Uma vez discorrido sobre a importante diferença entre relação de trabalho e de emprego, é importante também salientar que essa não foi uma exclusividade do século atual, ou melhor dizendo, não representou a mudança mais significativa, afinal de contas, como mencionado, deste o século XIX apresentavam-se mudanças que davam a instituir, após a escravidão nos diversos países, a remuneração como forma de contraprestação a um serviço/trabalho prestado.

O surgimento do capitalismo e a mudança contínua da produção manual para a industrial resultaram numa forte alteração dos ambientes e das condições de trabalho, o que bem sintetiza Miquelin Jr. (2010, p. 21):

Os contornos do trabalho realizado em nossos dias vem sendo traçados há muito tempo, mas as mudanças tecnológicas e mercadológicas responsáveis por sua transformação se acentuaram mais amplamente nas últimas décadas, principalmente com a Pós-Revolução Industrial e com a ascensão vertiginosa da tecnologia.

A respeito desse novo cenário que se apresenta no presente século, Sako (2014) traz obra atual que aborda alguns aspectos do trabalho e do direito do trabalho dentro de um contexto social totalmente remodelado pelas Novas Tecnologias da Informação e Conhecimento (NTIC). Nas palavras da autora,

É grande a dificuldade em tratar, ao mesmo tempo, do antigo e do novo, do dogmático e do liberal, do estático e do flexível, pois ainda estamos aprisionados em compartimentos estanques sem conseguir notar que o processo evolutivo ocupa todos os territórios, especialmente os de trabalho. A tecnologia interage simbioticamente em todas as relações de tal forma íntima, necessária e essencial à sobrevivência da sociedade. O direito do trabalho tem de incorporar as NTIC para manter-se vivo e atual, como

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ocorre nos processos de simbiose no mundo natural. Seus intérpretes terão, a partir das novidades tecnológicas, que redefinir suas estruturas, atualizando-o e remodelando-o para que possa dar respostas a todas as situações que concretamente se apresentem. (SAKO, 2014, p. 15).

Em suma, os impactos dessas novas tecnologias, em especial da internet, em todos os cenários atuais, inclusive nos ambientes de trabalho, exigem novos olhares pelos operadores do direito, que terão de ser interpretados, se possível, pelo foco dos direitos fundamentais e também de forma não abusiva ao trabalhador. A esse respeito, a pesquisa é apresentada na sequência.

2.2 A internet nas relações de emprego

Desencadeado pelo desenvolvimento da produção técnico-científica (informática, microeletrônica, cibernética etc.), sobretudo nas últimas duas décadas, percebe-se o surgimento de diferenciadas formas de trabalho e de inserção neste vasto “mundo do trabalho”.

Embora a gestão do conhecimento tenha alterado profundamente as formas de trabalho, observa-se sua centralidade na estrutura organizacional da sociedade, ou seja, o trabalho continua sendo uma categoria de produção e de desenvolvimento de boa parte da população e na maior parte do mundo. Mas, como já se afirmou, as modificações advindas de tantas transformações é inegável.

Nesse sentido, surgem novos atores e também novas expressões. Passou-se a ouvir nos ambientes de trabalho corriqueiramente expressões como: “inovação”, “criatividade”, “supranacionalidade”, “descentralização produtiva”, “redes colaborativas”. “capital intelectual”, “terceirização”, “feedback”, “empresa em rede”, “NTICs”, “telesserviço/teletrabalho”, enfim, inúmeras novas terminologias novas que, nas palavras de Sako (2014, p. 36) dão o tom de que até mesmo o direito do trabalho, frente a toda essa nova configuração, e “atingido pelas novas formas de trabalho ditadas pelas tecnologias, o direito laboral sacrifica sua vocação, transformando-se em um direito para o trabalho sem qualquer adjetivo.”

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O modelo de produção centrado na tecnologia, muito diverso dos anteriores, dá origem a novos direitos e abre novas possibilidades de atuação. O cenário é outro – a flexibilidade exigida do trabalhador no que tange ao modo de trabalhar, aos horários de trabalho e local de prestação dos serviços, para aumentar a competitividade, produtividade e lucros, que passou a ser bem maior na última década. Nesse sentido, Sako (2014, p. 37) adverte a necessidade de “[...] afastar dogmas e preconceitos que relativizam a proteção que o direito laboral confere às modalidades juslaborais centradas nas tecnologias, nas quais a subordinação jurídica – a existir – assenta em novas bases, diretrizes e formulações.” No entanto, o desenvolvimento dos meios de comunicação, o surgimento da internet, a automação e o progresso técnico transformaram os hábitos sociais e deram nova feição ao mercado de trabalho. É possível inclusive falar hoje em “empresa”, de modo que a informação destaca-se no núcleo das relações de poder, atuando como vetor de transformações de toda ordem – das gerenciais e mais internas, às macroestruturais e sociais.

Nesse contexto que o trabalho tecnológico, nas palavras de Sako (2014, p. 28), é diferenciado, pois exige “cada vez mais o poder da mente e da criatividade, e cada vez menos o esforço físico.” Essa inovação tecnológica ampliou os limites do ambiente de trabalho e permitiu o surgimento de novas formas de prestação de serviços que se distanciam cada vez mais da relação de emprego clássica, em que as atividades são realizadas no estabelecimento físico do empregador e sob sua constante visualização.

Dentre as formas alternativas de prestação de serviços emerge o denominado “teletrabalho”, realizado pelo trabalhador em seu domicílio ou em quaisquer outros locais que não “a empresa em si”, mas mediante contato com o empregador por meios eletrônicos, telemáticos ou informatizados. Uma vez não tendo a necessidade de comparecer diariamente ao estabelecimento do empregador, aquele que trabalha remotamente economiza tempo e custos com deslocamento e tem mais flexibilidade para controlar sua agenda de trabalho. Em contrapartida, o empregador tem a possibilidade de reduzir suas instalações físicas e despesas operacionais, além de eventuais “abusos” que podem advir dessa nova “subordinação indireta”, ou, como a doutrina tem melhor utilizado, da “subordinação independente”:

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Sob essa perspectiva, trabalhadores que não estejam pessoalmente submetidos a fiscalização podem ser considerados empregados caso a prestação de serviços esteja inserida na dinâmica de seu tomador ou o resultado de seu trabalho seja controlado qualitativa e quantitativamente pela empresa, em especial quando dela dependerem economicamente. A possibilidade de reconhecimento de vínculo de emprego nas novas modalidades de prestação de serviços, como o teletrabalho, confere aos trabalhadores nessa situação maior proteção jurídica, bem como o direito a verbas de natureza trabalhista às quais no passado jamais teriam acesso. (LIRA, 2010).

Nesse cenário, surgem organizações empresariais dotadas de grande potencial econômico e também político. Dependem, em grande medida, de “trabalhadores ativos na rede” e que dominem os sistemas de trabalho ligados à telemática e às telecomunicações, que trabalhem por conta própria, que podem ser mantidos a distância e desvinculados dos centros de decisão. A esse respeito, esclarece Sako (2014) que se impõem novos tipos de prestação de serviços, diferentes do modelo tradicional dominante no trabalho industrial, e onde o “talento” é o elemento central da produção.

As relações de poder, invisíveis e complexas, reforçam a disciplina do trabalho que se mantém sob a aparência de total autonomia. [...] o trabalho, executado por meio de redes ou autoestradas, faz com que o conceito de emprego sobreviva apenas para alguns profissionais, em funções indispensáveis. A maioria dos trabalhadores, denominados “colaboradores”, passa a produzir de acordo com as necessidades momentâneas da empresa, a distância, em tempo parcial e determinado, auferindo retribuição econômica variável, vinculada à produtividade. (SAKO, 2014, p. 32-33).

Especialmente sobre o teletrabalho, Sako (2014, p. 34) salienta que o teletrabalhador recebe, trata e envia o resultado “imaterial” de seu trabalho, por meio das redes, a empresas que, muitas vezes, sequer conhece, com unidades produtivas adotando modelos de organização funcional de gestão de pessoal “flexível e responsabilizante dos próprios trabalhadores”, sendo o trabalho realizado à distância, na “residência do trabalhador (home-based telework), em aeroportos, hotéis ou instalações de clientes (mobile telework), na periferia das grandes cidades (telecentres), em centros de multimídia criados nas zonas rurais (telecottages) etc.”

Mesmo ante á realidade informacional atual e do teletrabalho representar uma estratégia considerável de produção nas economias, e mesmo diante de todos os aspectos positivos que a internet e sua utilização nos ambientes de trabalho pode

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proporcionar, existem determinados limites à sua utilização durante a vigência da relação de emprego, o que é analisado na sequência do trabalho.

2.3 Limites à utilização da internet durante a relação de emprego

Como já dito no capítulo inicial da pesquisa, o bom senso deve sempre ser preservado nas relações de trabalho. Cabe, portanto, ao empregador aplicar uma punição ao empregado, e, assim, as permissões, proibições e limitações podem ser impostas e devem ser respeitadas pelos empregados, mas tudo dentro da lei. As penalidades que o empregado receber depende das circunstâncias em que foi praticado o ato. O empregador pode dar advertência, suspender ou rescindir o contrato por justa causa. Por essa razão, o empregado precisa ter consciência de que, mesmo a empresa tendo liberado o uso de meios tecnológicos, o acesso a algumas ferramentas no ambiente de trabalho preciso ser feito com ética, disciplina e seriedade, além de observar as limitações legais, mencionadas as seguir.

No local de trabalho, são presenciadas, muitas vezes, a possibilidade de conexão irrestrita às já mencionadas NTICs, de modo a possibilitar o uso e acesso às redes sociais, a e-mails corporativos e pessoais, e a toda e qualquer informação tecnológica. Enquanto algumas corporações dependem e, portanto, liberam irrestritamente o uso tecnológico, outras empresas limitam seu uso durante a jornada de trabalho. É algo que depende muito da atividade fim da empresa e também de acordos tácitos ou expressos a respeito das NTICs.

É um novo cenário, como já mencionado, de modo que a organização tradicional do trabalho e os direitos dela emanantes se condicionam, necessariamente, a estas modificações advindas da revolução tecnológica. Nas palavras de Sako (2014, p. 34), a “mudança radical de paradigmas na forma de produzir, trabalhar e de se relacionar repercute no direito do trabalho, em aspectos como organização e representação de trabalhadores, tempo e condições de trabalho e remuneração.”

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Nesse sentido, é válido afirmar que, na maioria dos casos, o contrato de trabalho “tradicional” perde seus traços característicos, uma vez que o regime de dependência é alterado e se torna mais flexível. Também o ordenamento jurídico laboral sofre contínuas e substanciais novidades, pois, ainda que a sociedade tenha na categoria “trabalho” sua célula central, desenvolve novos sistemas de gestão e administração que destoam enormemente dos modelos jurídicos tradicionais. No ensinamento de Sako (2014, p. 35),

a dimensão laboral tecnológica traz novos conflitos, especialmente, sobre o uso e limites das novas tecnologias da empresa pelos trabalhadores e seus representantes sindicais, controle empresarial de ditos usos, exercício do poder de direção e vigilância do empresário.

Essa gama de alterações nas estratégias corporativas levam também a crises de solidariedade entre os trabalhadores, a exemplo da fragmentação, individualização, corporativismo, além da precarização das condições de vida e de trabalho de alguns grupos. Até mesmo a atividade sindical é alterada, de modo que, a pretexto de defesa dos direitos dos trabalhadores, centram suas atividades no diálogo e passam a participar até mesmo das decisões estratégicas da empresa e a dividir os riscos do mercado com os trabalhadores. Nas palavras do autor, esse conjunto de fatores “deixa de ser um marco único de referência normativa, cedendo, a cada dia, aos apelos pela desregulamentação e flexibilização.” (SAKO, 2014, p. 35).

Conforme o autor,

Os direitos fundamentais são diretamente afetados nas relações de trabalho, em aspectos como intimidade informática, sigilo das comunicações, meio ambiente informatizado, seguro e saudável, tempo de trabalho, direitos de propriedade intelectual, relações laborais transnacionais, negociação coletiva e direito de greve no trabalho a distância. O trabalho tecnológico afasta-se dos paradigmas conceituais, especialmente, o que se entende por centro de trabalho, relação de emprego, subordinação jurídica. As novas formas de trabalhar rompem o equilíbrio tradicional entre o contrato de trabalho e as partes desse contrato, uma vez que a produtividade não depende mais da presença física do trabalhador e nem da utilização intensiva da mão-de-obra. (SAKO, 2014, p. 35).

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Ainda, destaca Sako (2014, p. 49) que:

A subordinação jurídica, portanto, é evidente; o que muda é apenas a forma como é exercida, provocando inclusive, uma desestabilização do equilíbrio das forças. Mesmo no trabalho intelectual, o teletrabalhador não é menos subordinado que o profissional liberal que se ocupa do software. Surge um novo feudalismo, que exige do trabalhador adaptação tecnológica e digitalizada inerentes ao mundo virtual, que permaneça ligado à rede ou

stand alone, em contato direito com a empresa, devendo responder às

mensagens de seu alphapage, atender às urgências, trabalhar quando chamado ou em condições habituais, a fortiori. Dissipam-se os elementos tradicionalmente exigidos para a configuração da relação de emprego (CLT, art. 3º), sem que desapareça a subordinação jurídica, agora centrada na informática, e a dependência econômica do trabalhador em relação ao tomar de seus serviços.

Sendo o cenário que opera conjuntamente com trabalho & conectividade, para qualificar a relação como de emprego, efetivamente, salienta ainda a autora que será necessário verificar a presença de outros elementos, como: fixação de prazos para conclusão do trabalho, aplicação de sanções por atrasos, exigência de apresentação de resultados satisfatórios, dependência econômica, propriedade dos instrumentos de trabalho e dos programas informáticos etc. (SAKO, 2014).

Nesse contexto, surge na leitura do processo de busca da pesquisa uma expressão que chama a atenção “direito à desconexão”, que pode ser entendido como aquele direito do trabalhador de estar disponível para o empregador nas suas horas de descanso, feriados e momentos diversos. Souto Maior (2003, p. 23) esclarece a esse respeito que o não trabalho aqui referido não é visto no sentido de não trabalhar completamente e sim no sentido de trabalhar menos, até o nível necessário à preservação da vida privada e da saúde, considerando-se essencial esta preocupação (de se desligar, concretamente, do trabalho) exatamente por conta das características deste cenário marcado pela evolução da tecnologia, pela definição do mercado e pelo atendimento, em primeiro plano, das exigências do consumo, como exposto no Art. 62 (I e II), CLT, abaixo transcrito:

Art. 62. Não são abrangidos pelo regime previsto neste capítulo:

I – os empregados que exercem atividade externa incompatível com a fixação de horário de trabalho, devendo tal condição ser anotada na Carteira de Trabalho e Previdência Social e no registro de empregados; II – os gerentes, assim considerados os exercentes de cargos de gestão, aos quais se equiparam, para efeito do disposto neste artigo, os diretores e chefes de departamento ou filial.

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Parágrafo único. O regime previsto neste capítulo será aplicável aos empregados mencionados no inciso II deste artigo, quando o salário do cargo de confiança, compreendendo a gratificação de função, se houver, for inferior ao valor do respectivo salário efetivo acrescido de 40% (quarenta por cento). (Redação dada ao artigo pela Lei nº 8.966, de 27.12.1994). (BRASIL, 1943).

Ante tantas tecnologias que usam meios de comunicação e todos com acesso a internet, torna-se corriqueiro e perceptível ver os trabalhadores de férias conectados com suas tarefas profissionais, usando algum meio de acesso para dar andamento às suas tarefas, e atividades na empresa. O trabalhador assina as férias, não vai à empresa, mas a empresa e as atividades não saem da vida do trabalhador. Isso afeta sua vida, seu bem-estar com a família e com pessoas próximas.

O direito à desconexão do trabalho representa, nas palavras de José Filho (2016), a defesa do empregado contra atos abusivos do empregador, principalmente no que diz respeito ao tempo de sujeição do trabalhador ao poder diretivo empresarial, em

autêntico „jus resistentiae‟, buscas à valorização e concretização do direito fundamental ao lazer como medida profilática de saúde e segurança do trabalho.

[...].

Com o advento da lei 12.551/2011, que alterou a redação do artigo 6ª da CLT, houve a ruptura da subordinação jurídica clássica, surgindo o fenômeno atual da „deslocalização do trabalho‟, no qual há uma crescente flexibilização do local da prestação de serviços com a utilização de mecanismos de controle telemáticos e informatizados. A utilização do „cibertrabalho‟, a despeito de gerar redução de custos para as empresas, apresenta como desvantagem a possibilidade de deterioração das condições do trabalho, fazendo surgir, na feliz expressão de Ricardo Antunes e Ruy Braga, uma nova classe operária, os chamados „infoproletários‟.

Nesse sentido, nota-se que essa força de trabalho invisível está sujeita a uma maior ingerência empresarial nos momentos destinados ao lazer, já que não é possível separar o tempo de ociosidade e de trabalho efetivo. Mas, o avanço tecnológico não poderá implicar retrocesso social ou aumentar a degradação das relações de emprego, devendo-se conferir a esses empregados o direito de permanecer desligados ou “desconectados” do polo patronal e da exigência de serviços nos períodos de descanso, minimamente para que reestabelecerem seu

Referências

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