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RBEBBM -02/2001

Um guia de construção de Posters para

estudantes

(A student guide for designing poster presentations)

Autores:Manuel João Costa

Afiliação:Universidade dos Açores, Departamento de Ciências Tecnológicas e Desenvolvimento

mmcosta@notes.uac.pt

Posters are probably the means of communicating information used most frequently by young scientists. In this work, a guide for building better posters is presented: It provides students with objective information and practical suggestions that may facilitate poster design an improve quality and impact. In my experience, students generally appreciate the contribution of the guide.

INTRODUÇÃO

A apresentação de um poster, constitui freqüentemente a forma segundo a qual os jovens divulgam os seus primeiros resultados científicos. Para ser bem sucedida, os recém-licenciados em áreas científicas devem dominar a preparação de trabalhos neste formato. Por conseguinte, não é surpreendente que a construção de posters tenha vindo a ser adoptada como método de trabalho no âmbito de diferentes Disciplinas, em

alternativa a formas mais usuais, como por exemplo a escrita de relatórios.

A construção de posters é muitas vezes transmitida aos estudantes como um processo essencialmente intuitivo. Porém, à semelhança doutros tipos de trabalho (como a escrita de relatórios ou a planificação de ensaios experimentais), a preparação de posters com qualidade obedece a critérios definidos e apela a competências particulares. Por exemplo, o seu carácter esquemático exige uma síntese da informação em períodos obrigatoriamente curtos, objectivos e pertinentes e que devem surgir integrados no trabalho final, de forma cientifica e graficamente coerentes. Implícito a um poster de sucesso, está também o uso de

competências do foro não científico, como a capacidade de tornar o "produto final" apelativo e o saber tirar partido de softwares apropriados. Os posters sobre abordagens biomoleculares não são excepção.

Alguns critérios implícitos ao método de construção de posters podem encontrar-se em livros (Briscoe 1996, Malmfors et al. 2000, Valiela 2001), artigos publicados em revistas de ensino de áreas da especialidade (Brown 1997) e guias online, que vão desde as descrições mais exaustivas sobre o poster e as etapas da sua construção (Radell 1999) até à sistematização de elementos chave (U.S Department of energy 1998) e aos guias para a aplicação de software (Health Services - University of Washington ). Uma vez que estes materiais se encontram predominantemente escritos em inglês - uma pesquisa na internet (Setembro de 2001) resultou apenas num "hit" em Português (IC-online 1997) - tenho observado que a sua consulta constitui um problema para alunos com domínio rudimentar desse idioma (estes constituem uma percentagem apreciável dos alunos de Licenciaturas em que tenho lecionado).

Os motivos expostos anteriormente motivaram-me para esboçar um ?Guia prático para a concepção e elaboração de posters?, que incluo seguidamente. O guia é fornecido aos alunos de aulas práticas no âmbito de disciplinas de Bioquímica de duas licenciaturas da Universidade dos Açores, como material de apoio para a produção de um destacável de um poster.

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dum poster com sucesso. Não se pretende que o mesmo seja tão exaustivo quanto alguma bibliografia

incluida. Em depoimentos recolhidos, verifica-se que a utilidade do guia é apreciada. Além disso, tem-se vindo a observar que os mesmos alunos constroem posters de qualidade em disciplinas que frequentam

posteriormente.

Guia prático para a concepção e elaboração de posters

"...posters are an established method of reporting scientific findings..." Bernard Brown (1997) A maioria dos cientistas apresenta os seus primeiros resultados em trabalhos sob a forma de Posters. O

respeitar dum conjunto de regras na sua construção, contribui positivamente para o sucesso dum poster. 1. Os posters em congressos: exposição e análise

As sessões de exposição de Posters são geralmente bastante movimentadas (principalmente nas horas de coffee break). Estas têm a duração de um dia (ou parte), e incluem geralmente dezenas de trabalhos (em Congressos de maiores dimensões esse número pode atingir as centenas) expostos simultaneamente. Os posters são afixados em Placards, onde ficam à disposição da Comunidade Científica, que os analisa na maior parte das ocasiões sem os autores estarem presentes. Por conseguinte, os posters devem "falar por si".

A consulta de posters é feita de pé, pelo que constitui um exercício extremamente cansativo. Por esse motivo, os posters têm que competir entre si pela conquista da atenção da audiência. É vital que os autores invistam fortemente na captação do interesse de leitores - entre eles, potenciais colaboradores, orientadores ou empregadores futuros - sob o risco de os mesmos passarem desinteressadamente pelo poster.

As comissões organizadoras dos Congressos estipulam um período durante o qual um dos autores deve estar presente junto do painel. Esse período é fundamental pois permite a troca de impressões com a comunidade científica presente no Congresso. Não raramente, são estabelecidos contactos e colaborações preciosas. 2. Princípos gerais para o sucesso dum poster

À semelhança de qualquer cartaz publicitário, os posters devem ser sintéticos e apelativos. A informação apresentada deverá ser retida facilmente, pelo que deve ser perfeitamente sistematizada. Um poster será mais apetecível se:

os pontos chave do poster forem evidentes a 2m de distância

 o poster for visualmente apelativo, tiver uma concepção agradável e/ou inovadora;  o número de palavras não for abusivo (máximo de 200 em texto corrido);

 a leitura for fácil e intuitiva;

o leitor precisar de pouco tempo - 2 minutos - para perceber o trabalho.

IDEIA CHAVE: O MUITO É INIMIGO DO BOM !!!! 3. Alguns detalhes e algumas máximas

3.1. Preparação

 "Nunca é cedo demais para pensar no poster" (1). A concepção do poster começa no momento em que surge a pergunta/o problema a esclarecer. Já devia ter começado a pensar no assunto!

 O enunciar do problema da forma mais clara e sucinta é um excelente primeiro passo. Enunciei claramente

o problema?

 Uma pesquisa sistematizada é um contributo importante para o sucesso da preparação do poster. Definir

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 As linhas e/ou etapas sistematizadas para a pesquisa da informação podem constituir secções do Poster.

Manter um ficheiro de ideias.

 Durante a pesquisa, devem ser recolhidas imagens o mais apelativas e elucidativas possível: Uma imagem

pode valer 1000 palavras.

 Desde o início, deverão ser produzidos esboços da organização do poster em folhas de papel, pois tal ajuda à estruturação progressiva do trabalho . Realizar estudos escritos!

3.2. Organização no papel

 A informação deve ser simples de ler e compreender: O leitor tem pouco tempo.

 São 3 os itens a trabalhar: espaço livre, texto e imagens. Estes devem aparecer equilibrados, o que

geralmente envolve 1 de 2 opções: a) 1/3 para cada,; b) 50% de texto e 50% de imagens. Não favoreci um

componente?

ATENÇÃO: Frequentemente, priveligia-se o texto o que desencoraja o leitor - imagine-se a ler em pé dezenas de trabalhos assim!...

 Dados numerosos devem ser sistematizados em Gráficos ou sob a forma de Tabelas ou desenhos ilustrativos. As tendências é que importam!

3.3. Sequência da informação no formato final

 A mesma de uma leitura normal, geralmente do topo esquerdo até ao fundo direito. O pescoço do leitor é

importante!

 Numerar, usar setas ou cores indicativas, ajuda a orientar o leitor. Não posso torná-lo menos confuso? 3.4. Formato do texto

 Deve poder ser lido perfeitamente a 2m de distância. O tamanho das letras é suficiente?  Parágrafos de texto apenas em maiúsculas são difíceis de ler.

 A leitura é facilitada quando o espaçamento de texto é de linha única e o dos parágrafos de linha dupla.

Mudar o espaçamento facilita a leitura?

 As frases longas desanimam. Curto e directo s.f.f.!

 Sugestões: para tamanhos de letra para o formato A4: título: 20 pt; cabeçalhos: 10 pt; texto: 5pt.

Alterando o tamanho da letra a informação fica melhor sistematizada?

3.5. Raciocínios

 trabalho realizado deve ser compreendido mesmo na ausência do autor. O Poster "fala por si"?  As etapas de raciocínios efectuados podem corresponder a secções do poster, na mesma sequência.

Encadear logicamente.

 A leitura do Resumo e da Conclusão deve desafiar o leitor a percorrer o resto do trabalho. Posso expor as

conclusões de forma mais interessante?

4. O "Handout": uma ferramenta útil de trabalho e de divulgação

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resultante, é preparar o poster em computador, e imprimi-lo numa folha A4, sem alterar proporções. Esta impressão designa-se por handout do poster. Um handout confuso, de leitura difícil, sem coerência gráfica ou desproporcionado quanto às suas partes constituintes, indicia que no seu tamanho real o Poster padecerá de características semelhantes. Por outro lado, se o handout estiver bem construido, então o Poster também o estará.

Preparar handouts tem as vantagens adicionais de :  poder ser distribuido em Congressos;

 ser facilmente arquivável

 ser uma forma mais simples e mais económica de aprender a fazer posters, do que fazê-los em tamanho de parede.

AGRADECIMENTOS

O autor gostria de agradecer ao Doutor Francisco Silva Domingues (Center of Applied Molecular Biology, Universidade de Salzburgo, Áustria) pelas sugestões fornecidas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Briscoe, Mary Helen (1996). "Posters," (Chapter 9). Preparing Scientific Illustrations: A Guide to Better Posters, Presentations and Publications, 2nd ed. Springer-Verlag, New York. Pp. 131-149.

Malmfors, B.; Garnsworthy, P. & Grossman, M. (2000). "Poster presentation". Writing and presenting scientific papers. Nottingham University Press, Nottingham. Pp103-110.

Valiela , Ivan (2001). "The poster presentation" (Chapter 9). Doing science: design analysis and communication of scientific research. Oxford University press, Oxford. Pp154-158.

Brown, Bernard S. 1997. "Poster Design: Six Points to Ponder," Biochemical Education. 25(3):136-137. Radel, Jeff (1999). "Designing effective posters"

http://www.kumc.edu/SAH/OTEd/jradel/Poster_Presentations/PstrStart.html (acedido a 12 de Setembro de 2001)

U.S. Department of energy (1998). "Tips for Effective Poster Presentations ";

http://www.osti.gov/em52/workshop/tips-exhibits.html (acedido a 12 de Setembro de 2001) Health Services - University of Washington. "Creating a Poster using MS Powerpoint";

http://courses.washington.edu/~hs590a/modules/19/ppposter.html

Revista da Universidade Federal de Rio Grande do Sul (1997). "O Pôster no trabalho científico: contribuição e significados". IC-online (vol.2, nº 1); http://www.ufrgs.br/revista/n1v2/produz.htm (acedido a 12 de

Setembro de 2001)

Costa, Manuel João (2001). " Separating poster handouts into pieces to enhance student's skills". Biochemistry and Molecular Biology Education 29(3): 98-100.

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RBEBBM -02/2001

Avaliação das potencialidades de um

curso prático de bioquímica como

ferramenta auxiliar ao ensino teórico em

cursos profissionalizantes

Autores:Regis, Wiliam C.B.(1); Gonçalves, Maria Lúcia G.S.(2) Santoro, Marcelo M.(3)

Afiliação:(1)Grupo Biofísica Molecular, Centro de Biologia Molecular Estrutural-LNLS. (2)BIOBRÁS-SA (3) Laboratório de Enzimologia e Físico-Química de Proteínas, ICB, UFMG.

wregis@lnls.br

What we can observe currently about professional formation is the pure and simple fixation of protocols and procedures in a sequential and mechanical way. These procedures deny the students the knowledge of theoretical principles involved in the techniques used in their professional works. In this work we evaluate the idea of implementing small biochemistry modules in technical education in order to assist the formation of professionals with better capacity to take decisions. For such, a good theoretical knowledge is the base of the practical procedures to give the students enough security and independence to manipulate the techniques in their works. The model evaluated here, a practical course of purification and analysis of proteins that is offered to the whole community, was carried out in the Laboratory of Enzimology and Physico-Chemistry of Proteins of the Department of Biochemistry and Immunology, of the Institute of Biological Sciences of the Federal University of Minas Gerais. We have noticed that some constructivist features of this course indicates it as a good instrument for the enrichment of the proffesionnal formation of our students.

1. RESUMO

O que se pode observar atualmente sobre a formação profissionalizante é a pura e simples fixação de protocolos e procedimentos de forma mecânica e seqüencial, o que renega ao estudante o conhecimento dos princípios teóricos que determinam os procedimentos de sua profissão. Este trabalho procura avaliar a tentativa de implantar pequenos módulos práticos de bioquímica no ensino técnico para auxiliar na formação de profissionais com maior capacidade de tomar decisões. Para tal, pressupõe-se ser fundamental uma boa implementação teórica a respeito das práticas executadas, para que realmente se possibilite ao estudante segurança e independência suficientes para manipular as técnicas por eles executadas em suas carreiras profissionais. O modelo aqui avaliado foi o Curso prático de Purificação e Análise de Proteínas realizado no Laboratório de Enzimologia e Físico-Química de Proteínas do Departamento de Bioquímica e Imunologia, através da extensão do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais. Foram encontradas várias características construtivistas na prática executada indicando-o como um bom instrumento para o enriquecimento da formação técnica em nosso país.

2. INTRODUÇÃO

Para que um ambiente de ensino seja construtivista, é fundamental que o professor conceba o conhecimento sob a óptica levantada por Piaget, ou seja, que todo e qualquer desenvolvimento cognitivo só será efetivo se for baseado em uma interação muito forte entre o sujeito e o objeto. É imprescindível que se compreenda que, sem uma atitude do objeto que perturbe as estruturas do sujeito, este não tentará acomodar-se à situação, criando uma futura assimilação do objeto, dando origem às sucessivas adaptações do sujeito ao meio, com o constante desenvolvimento de seu cognitivismo.

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Desta forma, apesar de acreditar ser perfeitamente possível a utilização de um "ambiente empirista" por um professor que não veja o aluno como "tabula rasa" para o desenvolvimento de um conhecimento, na forma como Piaget teorizou, existem alguns pressupostos básicos de sua teoria que devem ser levados em conta, se desejarmos criar um "ambiente construtivista". A primeira das exigências é que o ambiente permita, e até obrigue, uma interação muito grande do aprendiz com o objeto de estudo. Esta interação, contudo, não significa apenas o apertar de teclas ou o escolher entre opções da tela de um aparelho. Esta prática deve ser conduzida de forma a estimulá-lo e desafiá-lo, mas ao mesmo tempo permitindo que as novas situações criadas possam ser adaptadas às estruturas cognitivas existentes, propiciando o seu desenvolvimento. Para tal, a interação deve abranger preferencialmente aluno - aluno e aluno - professor através da troca de suas experiências pregressas e de novos problemas.

Outro aspecto primordial nas teorias construtivistas é a quebra de paradigmas que os conceitos de Piaget trazem; é a troca do repasse da informação para a busca da formação do aluno; é a nova ordem revolucionária que retira o poder e autoridade do mestre transformando-o de todo poderoso detentor do saber para um "educador - educando", segundo as palavras de Paulo Freire. Esta visão deve permear todo um "ambiente construtivista". Rogers complementa que, mais do que repassar conhecimentos, a função de um professor que se propõe a ser facilitador seria "liberar a curiosidade; permitir que os indivíduos arremetam em novas direções ditadas pelos seus próprios interesses; tirar o freio do sentido de indagação; abrir tudo ao questionamento e à exploração; reconhecer que tudo se acha em processo de mudança..."

Becker afirma que "se é esquisito dizer que um método é construtivista, dizer que um currículo é construtivista é mais esquisito ainda." Isto posto, não seria também ridículo falar-se em um "ambiente construtivista"? Ou ainda, qual o resultado que será obtido por um professor cuja concepção do conhecimento for empirista ao utilizar um "ambiente construtivista" ou sua recíproca, o resultado da utilização de um "ambiente empirista" por um professor com uma epistemologia do conhecimento baseada nas teses construtivistas? Esse pode ser um dos principais desafios das instituições de ensino que visam a formação técnica.

O que se pode observar atualmente sobre a formação profissionalizante é a pura e simples fixação de protocolos e procedimentos de forma mecânica e seqüencial, o que renega ao estudante o conhecimento dos princípios teóricos que determinam os procedimentos de sua profissão.

Este trabalho procura avaliar a tentativa de implantar pequenos módulos práticos de bioquímica no ensino técnico para auxiliar na formação de profissionais com maior capacidade de tomar decisões. Para tal, pressupõe-se ser fundamental uma boa implementação teórica a respeito das práticas executadas para que realmente se possibilite ao estudante segurança e independência suficientes para manipular as técnicas por eles executadas em suas carreiras profissionais.

Para fazer tal avaliação, o modelo aqui estudado será um curso prático de técnicas bioquímicas implantado na extensão da Universidade Federal de Minas Gerais, no qual foram encontradas várias características construtivistas indicando-o como um bom exemplo no auxílio à formação técnica.

3. DESCRIÇÃO DO CURSO

3.1 Histórico do curso:

Outubro de 1998: Projeto Piloto na XI Semana de Estudos de Biologia Novembro de 1998: Encaminhamento do projeto de Extensão

Dezembro de 1998: Aprovação pela Pró-Reitoria de Extensão

Junho de 1999: I Curso Prático de Purificação e Análise de Proteínas Janeiro de 2000: II Curso Prático de Purificação e Análise de Proteínas

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4.1 Extração e Tratamento de Material Biológico

No curso piloto e no primeiro curso pela extensão foi utilizada a hemolinfa de B. glabrata como extrato primário. Ela é extraída por punção cardíaca e colocada imediatamente na presença de inibidores de proteases (EDTA , E-64 , 3,4-DCI, Pepstatina-A), então centrifugada por 10 minutos numa microcentrífuga, Eppendorf Modelo 5415C, a 10.000 r.p.m.

A descrição pura e simples do protocolo como citado acima é usualmente encontrada em artigos de referência sobre o assunto. No curso, nós promovemos a aproximação do aluno com o material, fazendo com que cada um deles realizasse a punção cardíaca no molusco, tendo assim maior interação com a dimensão do processo que envolve as etapas inicias de purificação de proteínas. À medida em que eles iam executando a prática, os detalhes sobre os inibidores, os motivos de utilização de cada classe dos mesmos e as concentrações usadas eram explicitados e problemas nesta etapa eram discutidos. Os erros experimentais eram muitos e com isto eles foram tomando consciência do processo com suas implicações práticas que, na maioria das vezes, parece distante da teoria mencionada.

Figura 1. Extração do material biológico a ser utilizado pelos alunos do II Curso.

Os alunos demonstraram uma grande satisfação ao realizar esta prática, principalmente após a aula teórica que tinha causado uma certa apreensão nos alunos do projeto piloto, o que pode ser constatado nos questionários de avaliação final do curso. Esta negativa à aula teórica e comentários do tipo "Agora estou entendendo o que você estava falando..." reforça a idéia de que um problema proposto através de uma atividade prática, quando bem conduzida, estimula o raciocínio do aluno em cima da teoria relacionada ao tema.

4.2 Diálise

Esta é uma técnica muito utilizada em bioquímica quando se quer alterar os solventes de uma solução ou simplesmente as concentrações da mesma. Como toda a estrutura do curso é prática, mais uma vez os alunos executavam os procedimentos e, nesta etapa, fizemos a pratica também com um corante para que todos pudessem visualizar os princípios bioquímicos da técnica. Foi preparada uma solução com um corante bem concentrado e que passaria facilmente pela membrana de diálise escolhida. Após um determinado período de tempo, ao ser colocada em um recipiente com água, a solução interna da membrana ia perdendo coloração demonstrando a passagem do corante para o lado de fora da membrana.

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Figura 2. Alunos montando sistema para dialisar um corante contra água

Este é um bom modelo que se pode utilizar ao passar conceitos como difusão e osmose. Observamos, através das conversas entre eles, que o fato deles próprios manipularem o corante, escolherem a membrana correta e montarem o sistema gera um maior envolvimento e uma maior elaboração do conceito. Quando o princípio teórico tem de ser verbalizado, para comunicação entre os colegas, os raciocínios sobre os mesmos tornam-se mais coerentes e elucidativos para os próprios alunos. A prática, sob esta abordagem, tem um papel fundamental.

4.3 Cromatografia de Gel Filtração

A cromatografia de Gel Filtração apresentou peculiaridades em cada curso e sofreu modificações em função do observado pelos professores.

Figura 3. Cromatografia de Gel Filtração utilizando-se de colunas montadas pelos próprios alunos do curso No projeto piloto o nível de aula, considerando apenas o aprofundamento que deveria ser dado, foi bem menor do que se esperava. Os alunos apresentavam dúvidas básicas que não eram esperadas considerando que já haviam cursado a disciplina de bioquímica e tinham tido uma aula teórica introdutória no curso. A manifestação dos alunos de ter entendido os conceitos apenas diante do aparelho levou a retirada da aula teórica do curso deixando-o com um caráter essencialmente prático.

No primeiro curso pela extensão, ainda utilizando a hemolinfa do molusco, a técnica pôde ser melhor compreendida devido à visualização da proteína no sistema. As explicações diante do aparelho foram fundamentadas nas dúvidas apresentadas pelos alunos do projeto piloto. Isto fez com que a prática se desenvolvesse com mais tranqüilidade. Uma outra modificação nesta etapa do curso foi o desenvolvimento da

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técnica sem o aparelho. Foi demonstrado aos alunos como montar, com baixo custo, um sistema para purificação em bancada. Esta prática envolveu a montagem do sistema completo, o que possibilitou o aprendizado mais elaborado em conseqüência de maiores discussões sobre a técnica. Este assunto tem a peculiaridade de possuir como um determinante fortíssimo de sua teoria os pequenos detalhes instrumentais. Variações, por exemplo, em fluxo e tamanho da coluna, podem falsificar resultados, levando a uma extrapolação indevida dos dados obtidos pela técnica. Os alunos tiveram a possibilidade de "brincar" com essas variáveis e fixar melhor os conceitos hidrodinâmicos que as determinam. Com isto, eles ganharam uma melhor assimilação das teorias e dos princípios físicos gerais que determinam a sua prática profissional.

No segundo curso, além das modificações anteriores, foi acrescentado um tempo maior no manuseio do aparelho pois não seria de todo útil passar apenas como se liga e quais os botões devem ser apertados. Os alunos propunham condições experimentais e criavam métodos no aparelho para a execução dos mesmos. Este exercício é fundamental para o desenvolvimento do profissional na área bioquímica porque o leva ao treinamento na tomada de decisões, fazendo com que ele não só fixe o princípio bioquímico, mas possa trabalhá-lo de forma a aperfeiçoar o desempenho dos seus métodos. Desta maneira, a teoria foi invadindo o cotidiano instrumental do aluno e deixou de ser, como para muitos, uma desconhecida, passando a ser uma aliada e uma âncora da segurança profissional de cada um, isto pôde ser evidenciado quando os alunos responderam que são capazes de reconhecer e escolher as técnicas de purificação.

4.4 Dosagem espectrofotométrica da Hemoglobina

Esta técnica foi também muito conturbada no projeto piloto devido ao grande número de dúvidas. O procedimento adotado, uma vez que a explicação do aparelho não leva muito tempo, foi o uso de exercícios para cálculo de concentrações protéicas através dos resultados obtidos pelos próprios alunos. Este procedimento causou grande satisfação e interesse nos alunos, pois retrata fielmente os desafios que eles encontram no seu dia a dia como profissionais ligados à área bioquímica. O mais curioso desta técnica e o que a faz relatar tão claramente os problemas cotidianos da bioquímica é que ela se apropria ao mesmo tempo de conceitos de Física, Matemática e Química. É desfeita na cabeça dos alunos, principalmente dos que escolhem profissões de nível técnico ou superior na área biológica, a idéia do conhecimento específico e isolado de cada área, mostrando como as teorias, às vezes tão odiadas, são amplamente utilizadas em biologia e exercem um papel fundamental no seu desenvolvimento.

4.5 Eletroforese

No projeto piloto e no primeiro curso da extensão, a eletroforese foi feita no estilo "Mais Você", apresentando um sistema a ser montado pelos alunos e outro já montado. Isto foi necessário devido à maior complexidade experimental da técnica. Apesar da prática não ser das mais ideais, por apresentar etapas já prontas, vários princípios foram abordados e discutidos amplamente durante as atividades.

Nos cursos seguintes poucas adaptações foram feitas, porém as discussões foram bastante amplas e diversas modalidades da técnica foram discutidas.

5. AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao final de cada curso foi aplicado um questionário de avaliação que teve como intuito inicial apenas colher informações sobre o impacto do curso. A última pergunta desse questionário, porém, levantava uma questão prática: um problema que visava a purificação de alguma substância. O que queríamos dessas respostas era ter uma idéia geral dos conceitos que foram mais bem fixados. Com essas respostas poderíamos também identificar as falhas do curso, caso alguma etapa importante fosse desconsiderada ou mal utilizada. Devido a uma grande parte das respostas terem sido redigidas sob forma de esquema, a avaliação tornou-se pouco conclusiva quanto à verificação de como um conteúdo prático pode auxiliar na fixação de conceitos teóricos. Há, porém, perguntas que nos levam a esses indícios como, por exemplo, uma questão na qual perguntamos diretamente sobre a implementação de conceitos teóricos suficientes ao conteúdo prático do curso. Uma outra questão visava avaliar a segurança dos alunos diante do conteúdo; perguntávamos a eles se sentiam capazes, após o curso, de escolher e reconhecer as técnicas utilizadas em etapas de isolamento de macromoléculas. Podemos, então, agrupar as respostas ao problema formulado da seguinte forma:

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uma insegurança maior quanto ao conteúdo.

2) as que descrevem esquematicamente etapas coerentes e não necessariamente fiéis às vistas no programa. Este grupo de resposta indicaria uma maior capacidade de elaboração dos conceitos, evidenciando um acréscimo na estruturação da teoria pelo indivíduo.

3) respostas que indicaram um esquema de purificação e explicitaram os princípios teóricos gerais de cada etapa, demonstrando uma estratégia bem clara. Este tipo de resposta seria a mais indicada para atestar claramente a eficiência do curso no seu propósito. Porém, a pergunta não deixa clara esta necessidade de explicitação teórica das etapas.

Gráfico 1. Percentual de alunos em cada agrupamento proposto.

Esses dados nos mostram um possível indício de que os conceitos foram fixados considerando que os alunos eram questionados sobre suas dúvidas o tempo inteiro pelos ministrantes. Este é um fator de extrema relevância, uma vez que o ambiente proporcionado era bastante pessoal e os alunos se sentiram bastante à vontade com os professores para sanar qualquer dúvida que ficasse pendente em cada parte experimental executada.

Os professores, neste curso, deixaram de ocupar um lugar central no desenvolvimento da prática, passando a atuar como orientadores e parceiros dos alunos que puderam dialogar sob suas próprias perspectivas como pressupôs FINEMANN e BOOTZ (1995).

No curso os alunos foram considerados como indivíduos ativos na construção do seu próprio conhecimento, uma vez que sempre eram estimulados a utilizar os conhecimentos anteriores, de suas diversificadas formações, para enfrentar as novas situações propostas pelo curso. As opiniões dos alunos, mesmo que por "simples bom senso", eram trabalhadas na forma de discussões em grupo sobre as práticas, como é considerado por STEFFE e GALLE (1995).

Inúmeras ações descritas por BROOKS e BROOKS (1995) a respeito do comportamento do professor puderam ser encontradas na nossa prática pela extensão da UFMG como, por exemplo: o questionamento sobre a compreensão do estudante antes de dividir seus próprios conceitos sobre o tema, prática esta que permeou todos os módulos; o estímulo aos estudantes para que eles dialogassem com o professor e entre si; o encorajamento dos mesmos resolverem problemas abertos e perguntarem uns aos outros sobre o tema, durante a condução das práticas e, principalmente, na discussão dos resultados; e o estímulo para que os estudantes assumissem as responsabilidades e conduzissem as práticas.

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Avaliar a prática de forma mais ampla, como um projeto pedagógico que pretenda possuir bases construtivistas é difícil, pois a estrutura do curso não nos permite isso. O que nos levou à avaliação de suas características construtivistas foi apenas a intenção de colocá-lo como um complemento à teoria relacionada às práticas executadas no ensino médio com o direcionamento para a formação técnica.

6. CONCLUSÕES

De uma forma geral, refletindo sobre o Curso Prático de Purificação e Análise de Proteínas, podemos indicar que esse se apresentou como uma boa iniciativa para o uso no complemento do ensino técnico através de módulos, pois nele puderam ser observados vários elementos da prática construtivista, de acordo com os modelos de BROOKS E BROOKS (apud NCREL, 1995), STEFFE e GALLE (apud BENAIM, 1995) e FINEMANN e BOOTZ (1995) acima descritos, modelos estes que propõem uma formação mais sólida do indivíduo e que desejamos observar em nossos técnicos.

7. BIBLIOGRAFIA

BECKER, F, O que é Construtivismo?, Revista de Educação AEC, Ano 21,Nº23, Abril/Junho de 1992. BENAIM, D. Memorandum for Dalton School's Educational Policy Committee. nov. 1995

BROOKS, J.G., & BROOKS, M.G. (1993). In search of understanding: The case for constructivist classrooms. Alexandria, VA: Association for Supervision and Curriculum Development.

FINEMANN, E. e BOOTZ, S. An introduction to constructivism in Instructional Design. 1995 Technology and Teacher Education Annual. University of Texas, Austin. 1995.

NCREL. North Central Regional Educational Laboratory (1997) Pathways to school improvement. PIAGET, J, O Nascimento da Inteligência na Criança, 4ª edição, Rio de Janeiro, Zahar, 1982

RIBEIRO, J.G. C. G., O ambiente como elemento facilitador da reflexão pedagógica sobre a prática educativa. ROGERS, C.R., Liberdade para aprender em nossa década, Artes Médicas, 1985.

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RBEBBM -02/2001

Expectativas e Fatores de Interesse por

Ensino a Distância na área de

Bioquímica: relatos de uma pesquisa pré

e pós aplicação de uma disciplina de

Bioquímica a Distância

(Expectations and Interest in Distance Education in Biochemistry Classes)

Autores:Daniela K. Yokaichiya, Eduardo Galembeck, Bayardo B. Torres

Afiliação:Depto. de Bioquímica - IB/Unicamp & Depto. de Bioquímica - IQ/USP

dycy@unicamp.br

A brief review about the tools and methods used in biochemical education, published in scientific journals and congresses abstracts, shows a wide distribution of different resources used to support biochemical classes. Lab activities, problem based learning (PBL) approach, educational software and the Internet are some of these resources. The Internet has been quickly introduced to the classrooms and provides a wide research area to be explored in different fields of knowledge, such as Biochemical Education. This work focuses on the expectations and the motivation in a Distance Education (DE) course and on advantages and disadvantages considered before and after taking part in a distance discipline. The data were collected from a survey available on our Biochemical Education Website, answered by people interested in Biochemical Education courses from many Brazilian states. Some of the advantages quoted before the course, are: flexibility in time and place to access the discipline; possibility to access new information; use of new technology. The quoted disadvantages emphasize technical problems and the lack of interaction among the participants. The afterward evaluation showed that the strategies used aiming at improving interaction were efficient. DE was considered a good learning system for deepening knowledge by people with different profiles. The evaluation is considered the most sensitive point of this kind of educational system and must be carefully analyzed. In fact, the evaluation of the impact of new technologies in learning processes is one of the biggest challenges for educators nowadays. The last challenge for educators and evaluators involved on online learning projects is using the Internet as better interaction tool and measuring its efficiency.

Introdução

A preocupação em desenvolver novas metodologias e diferentes estratégias para aulas de Bioquímica mais atrativas e interessantes não é muito recente. Cada vez mais, estudiosos de universidades de vários países desenvolvem trabalhos de ensino paralelamente a suas pesquisas, demonstrando uma preocupação crescente quanto ao ensino de Bioquímica.

O ensino deixou de ser uma preocupação exclusiva dos estudiosos da pedagogia e passou a ser uma

preocupação das áreas específicas de pesquisa. O "Ensino de Bioquímica" tornou-se uma linha de pesquisa de tanto interesse e relevância quanto outras linhas de pesquisa em Bioquímica. Os congressos, reuniões e eventos científicos, nacionais ou internacionais, incluem palestras, mesas redondas e apresentações de trabalhos sobre o ensino de Bioquímica em suas programações. A International Union of Biochemistry and Molecular Biology, que promove o International Congress of Biochemistry and Molecular Biology a cada três anos, possui um comitê de educação, o IUBMB Committee on Education.

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Os diversos trabalhos na área de ensino já apresentados em eventos científicos de Bioquímica e em revistas da área incluem propostas de atividades laboratoriais, atividades baseadas no estudo de casos (problem based learning - PBL) desenvolvendo estudos dirigidos em grupos, desenvolvimento de softwares como simuladores de práticas ou tutoriais de temas específicos. O uso da Internet também passa a fazer parte dos interesses de expansão e difusão do Ensino de Bioquímica, principalmente porque ela disponibiliza recursos bastante

eficientes para este fim.

A Internet no Ensino de Bioquímica

Muitas experiências com o uso da Internet para complementar o ensino tradicional de Bioquímica e áreas correlatas vêm sendo relatadas (Booth and Maler, 1998; Ingebritsen and Cheany, 1998; Parslow et al., 1998; Hamamoto and Kagawa, 1998; Yokaichiya et al, 2001). Atualmente, a Internet vem também sendo explorada pela educação como ferramenta e ambiente de ensino com uma freqüência crescente, principalmente na Educação a Distância (EAD). Disciplinas de diversos assuntos têm feito uso da Internet para distribuir novas informações e promover discussões entre pessoas de todo mundo, estejam elas onde estiverem (Leach et al., 1997).

Num momento em que a EAD veiculada pela Internet está cada vez mais presente nas discussões sobre o uso das inovações tecnológicas no ensino, faz-se necessário entender quais os agentes motivadores que

despertam o interesse das pessoas em participar de cursos dessa modalidade de ensino, bem como conhecer suas expectativas.

Pesquisa de Interesse no Ensino a Distância de "Bioquímica da Nutrição"

Para determinarmos o interesse pela EAD, em particular, na área biológica e, mais especificamente, envolvendo a Bioquímica, disponibilizamos um questionário na homepage do laboratório de Ensino de Bioquímica da Unicamp (Figura 1), através do qual procuramos obter dados pessoais dos interessados tais como nome, atuação (graduando, pós graduando, professores de ensino fundamental, médio ou superior, ou de outra categoria que não as citada anteriormente), curso de graduação (formação), instituição com a qual mantém vínculo, e-mail e telefone, além de informações sobre: conhecimento de algumas ferramentas

computacionais, formas de acesso à Internet, interesse em cursar uma disciplina a distância sobre Bioquímica da Nutrição, disponibilidade de horário para testes, opiniões sobre vantagens e desvantagens da EAD.

Figura 1 - Página da internet contendo o questionário sobre interesse em EAD para o ensino de Bioquímica. Este questionário de pesquisa está disponível na Internet desde março de 1999. A divulgação da disciplina, na forma de cartazes distribuídos em alguns Institutos da Universidade Estadual de Campinas - Unicamp e

Universidade de São Paulo -USP (ambas no Estado de São Paulo, Brasil) foram feitas em agosto de 1999. Depois do término da disciplina, no final de julho de 2000), os cartazes já haviam sido retirados e o

(15)

questionário passou a ser divulgado somente na homepage do Grupo de Ensino - USP/Unicamp. Deve-se considerar que as pessoas que cursaram a disciplina também tornaram-se fonte de divulgação da disciplina aos possíveis interessados.

Perfil dos interessados

Através da análise das respostas dos questionários enviados ao grupo de Ensino de Bioquímica pudemos traçar um perfil prévio do público interessado em EAD e na disciplina "Bioquímica da Nutrição" apresentados na Tabela 1.

A grande maioria dos interessados (74,4%) pela disciplina foi composta por alunos de graduação de diversos cursos (Ciência Nutricionais, Ciências Biológicas, Ciências Farmacêuticas, Química, Engenharia de Alimentos, Medicina, Enfermagem, Educação Física) e uma pequena parcela de pós-graduandos (7,7%) e professores de nível superior (7,7%). Também houve interesse de 4,4% de professores de ensino médio e 5,5% de pessoas que se classificaram em outra categoria.

Dentre os alunos de graduação que demonstraram interesse, 34,2% deles eram da Unicamp, 28,3% da USP e 37,5%, provenientes de outras Instituições de Ensino Superior do Brasil (entre Instituições Federais, Estaduais e Particulares).

Tabela 1 - Distribuição dos números de interessados pela disciplina a Distância "Bioquímica da Nutrição" por categorias de atuação e pelas entidades vinculadas. (valores computados até dezembro/2000).

Dentre as questões mais pertinentes, envolvendo conhecimentos de utilização do computador e dos recursos disponíveis na Internet, obtivemos os resultados apresentados na Tabela 2 (considerando somente

questionários recebidos até dezembro de 2000):

Tabela 2 - Porcentagem de respostas aos itens do questionário referentes ao uso do computador, aos recursos da Internet conhecidos, ao local de acesso à Internet e ao conhecimento de experiência com disciplina a distância (e impressão dos seus resultados). (valores computados até dezembro/2000).

Considerando que não foi feita uma ampla divulgação da disciplina, já que sua divulgação limitou-se a cartazes distribuídos na Unicamp e na USP e à disponibilização de informações sobre a disciplina no site do Grupo de Ensino de Bioquímica - Unicamp/USP, pode-se supor que os interessados, na sua grande maioria, sabem navegar de maneira satisfatória pela Internet (conhecem e utilizam o correio eletrônico, bem como a World Wide Web), e, conseqüentemente, usam o computador muito bem (somando 87%).

graduandos

pós-graduandos

prof. Ensino

Superior

prof. Ensino

Médio

outros

Unicamp

23

1

---

---

---USP

19

---

1

---

---outras IES

25

6

6

---

---outros vínculos

---

---

---

4

5

Total

67

7

7

4

5

uso do computador

recursos conhecidos

local de acesso

cursou ou conhece alguém que

cursou disiplina a distância

muito bem 38%

e-mail 100%

casa 43%

não 77%

bem 49%

WWW 100%

laboratório 15%

sim 23% *

+ ou - 9%

FTP 32%

trabalho 4%

experiência foi excelente, 28% * 48% acharam que a

declaram que foi boa e 4% acharam a experiência teve resultados satisfatórios.

(16)

Observa-se também que para a maioria dos interessados que responderam ao questionário, o acesso à Internet é facilitado (43% têm acesso de casa). A porcentagem de pessoas com acesso através de salas de informática também é bem significativo, mas refletem especialmente o grande interesse de pessoas vinculadas a Instituições de Ensino Superior (como a USP - com as salas pró-aluno e a Unicamp - com os laboratórios de Informática) que disponibilizam computadores conectados à Internet para uso dos alunos. A porcentagem de pessoas que acessam a Internet nos laboratórios também corresponde essencialmente aos alunos que

desenvolvem atividade de pesquisa (seja iniciação científica ou pós-graduação) em Instituições de Ensino Superior que têm a pesquisa como atividade, além do ensino (novamente a predominância de pessoas vinculadas às duas instituições já mencionadas). Seria ingênuo imaginar que esses valores refletem a realidade do acesso à Internet no Brasil. Sabe-se de antemão que a EAD veiculada pela Internet é

marginalizante e privilegia apenas uma ínfima parte da população brasileira. Ainda assim, os investimentos e as pesquisas nessa modalidade de ensino são importantes para a ampliação (ainda que pareça contraditório) e para o desenvolvimento do ensino em qualquer sociedade.

Os valores de porcentagem de pessoas que já cursaram ou que conhecem alguém que cursou uma disciplina a distância mostram claramente que a EAD ainda é pouco difundida no Brasil.

Interesse pela EAD no Ensino de Bioquímica em nível nacional

Durante o preparo e aplicação da disciplina Bioquímica da Nutrição, recebemos vários pedidos de inscrição, provenientes de diversos estados do país (Tabela 3). Estes pedidos, que ocorreram sem que houvesse uma divulgação específica da disciplina (estava apenas mencionada no "site" do Grupo de Ensino de Bioquímica), indicam com clareza a existência de uma clientela potencial para cursos desta natureza.

Tabela 3 - Distribuição do número das Instituições de Ensino com pessoas interessadas pela disciplina Bioquímica da Nutrição por estado (valores computados até dezembro/2000 - exceto estado de SP).

Vantagens e Desvantagens apontadas Vantagens apontadas antes da disciplina

1. Relacionadas ao tempo

 "Flexibilidade quanto ao estudo, economia de tempo e dinheiro";

 "Uma forma de aprender, na qual você pode adequar o seu próprio tempo (manhã, tarde, noite ou

madrugada...)";

 "A possibilidade de usufruir o curso a qualquer hora".

2. Relacionadas ao acesso à informação

 "Possibilidade de atualizações constantes";  "Aumento de conhecimentos";

 "Enfoque do assunto de interesse particular";  "Riqueza de informações";

 "Facilidade de acesso a informação";

 "Contato próximo do professor e aluno perante as informações disponibilizadas na própria rede mundial

de computadores (Internet)";

 "Permitir a troca de informações entre os participantes";

estado

instituições

estado

instituições

estado

instituições

Alagoas

1

Mato Grosso do Sul

1

Pernambuco

1

Amazonas

1

Minas Gerais

6

Rio de Janeiro

2

Bahia

1

Pará

1

Rio Grande do Norte

1

Distrito Federal

1

Paraíba

1

Rio Grande do Sul

1

Espírito Santo

2

Paraná

4

Santa Catarina

2

(17)

 "Seria uma maneira de complementar o que já se sabe, por um lado e por outro, fornecer mais

informações para as disciplinas normais (em salas de aulas)";

 "Conhecimento ilimitado";

 "Formação em várias disciplinas".

3. Relacionadas à comodidade de não haver espaço físico determinado

 "Disponibilidade de estudar em qualquer lugar";  "Não necessita deslocamento do aluno";

 "Possibilidade de ensino presencial e não-presencial";  "Ser possível cursar matérias em outras instituições";

 "Ele pode integrar pessoas que não poderiam estar presentes no caso de um curso ministrado em uma

sala de aula".

4. Relacionadas à tecnologia e ao método

 "Curiosidade despertada por um novo método de ensino - método à distância";

 "Por ser um método novo, estimula o interesse das pessoas e até mesmo para que ele dê certo";  "Conectividade, contatos, outras facilidades funcionais";

 "E ausência parcial de pressão por cumprimento de prazos";  "Arquivos no computador e não em papel (acúmulo de volume)";

 "Utilização de recursos java / multimídia / interatividade, direcionamento de dúvidas por e-mail";  "Acesso a várias formas de transmissão de conhecimento";

 "Facilidades oferecidas pelo próprio computador";

 "Oportunidade de se estar aprendendo a lidar com o computador";  "Eficiência e Rapidez".

5. Relacionadas às diferenças com o ensino presencial

 "Vagas ilimitadas";

 "Extermínio ou, pelo menos, uma diminuição de aulas teóricas extremamente longas e, muitas vezes,

monótonas";

 "O aluno não ficar limitado a sala de aula, pois o professor pode disponibilizar a matéria e fontes de

pesquisa para o aluno estudar de acordo com seu interesse". 6. Relacionadas ao estímulo à participação do aluno

 "Acredito que o aluno ao fazer um curso a distância terá mais oportunidade de aprender por si mesmo e

maior curiosidade em esclarecer suas dúvidas";

 "Uma maneira de estar estimulando a responsabilidade de se conectar na internet e estudar mais devido

a comunicação ser através da escrita e pela participação nos grupos de estudo. A vantagem é que a cidade que a pessoa mora não atrapalha neste caso (sem contar a questão da prova final)";

 "Pelo computador não há aquela inibição do aluno em fazer perguntas ao professor";  "Aprendizado maior, enriquecimento pessoal".

Desvantagens apontadas antes da disciplina: 1. Relacionadas à falta de contato pessoal (social)

 "Perda do contato pessoal com colegas e professores";  "Impessoalidade";

 "Falta de convivência diaria";  "Individualismo".

(18)

 "A impossibilidade de debates";

 "A falta de obter respostas rápidas em relação às minhas dúvidas";  "A falta de um instrutor no tempo real";

 "Falta da presença do professor".

3. Relacionadas ao método

 "Formas de avaliação";  "Carga horária";

 "Metodologia adotada por alguns cursos (pouco objetiva)";

 "A própria distância, a pratica que não pode ser colocada efetivamente";  "O horário de todos participantes deve ser de igual disponibilidade";  "Um curso composto por aulas práticas e teóricas ficaria inviável";

 "Fraudes nos testes: por isso acho que os testes devem ser feitos em local determinado pela escola";  "Não obrigatoriedade de cumprir horários pode desestimular a frequência e o interesse no curso";

 "Pode não haver motivação suficiente em algumas pessoas devido à "liberdade" em ter acesso às aulas".  "Superficialidade dos tópicos abordados";

4. Relacionadas aos problemas técnicos e de equipamento

 "Custo de equipamento";

 "Insegurança na transmissão de dados";  "Problemas técnicos da rede";

 "Dificuldade de entender os mecanismos de utilização no computador".

Os dados e opiniões fornecidos foram utilizados para organizar horários, criar uma semana inicial dedicada a testes com as ferramentas computacionais, criar um sistema eficiente de monitoria e outras formas de apoio aos estudantes. Desta forma, procuramos eliminar muitas das desvantagens apontadas. Por exemplo, a necessidade de reunir todos os participantes em um mesmo horário foi eliminada com a criação de diferentes horários para participação em atividades comuns. Esta alternativa foi possibilitada pela participação dos estudantes de pós-graduação como monitores da disciplina. A participação dos monitores também atenuou o trabalho intenso que um único professor teria para resolver todas as dúvidas surgidas.

Entre as vantagens apontadas no final da disciplina, observa-se claramente que as estratégias utilizadas para tentar eliminar a maioria das desvantagens previstas foram eficientes. Destacamos a satisfação dos alunos quanto à interação com os monitores e a possibilidade de tirar dúvidas a qualquer hora.

Quanto às desvantagens apontadas no final da disciplina, as mais destacadas referem-se à carga horária insuficiente (de apenas dois créditos) e aos textos relativamente superficiais que exigiam pesquisa por parte dos alunos, e a dificuldade de encontrar a bibliografia indicada para remediar essa deficiência.

A seguir, listamos algumas vantagens e desvantagens apontadas pelos alunos na avaliação final da disciplina. Vantagens apontadas no término da disciplina:

 "Facilidade de acesso ao conteúdo da disciplina";  "Pode ser acessada a qualquer hora";

 "Flexibilidade de horário (o que ajuda bastante quem trabalha!)";  "Plantão de dúvidas" praticamente 24 horas";

 "Interação com os monitores via e-mail, o que possibilita tirar dúvidas a qualquer hora";

 "Possibilidade de discussão através dos chats e interação entre os alunos expondo suas dúvidas e

também seus diferentes pontos de vista, o que faz da matéria mais interessante a medida em que é vista por vários ângulos";

 "Presença de vários monitores";  "Lista de discussão";

(19)

 "Vários horários disponíveis para chat";  "Pode ser acessada de casa";

 "Forma diferente de ensino";

 "Tema relevante a minha formação";

 "Sinceramente, não houve nenhum aspecto negativo. O fato de termos de estudar sozinhos exigiu mais

empenho e dedicação, porém o aprendizado foi bem melhor tanto em termos quantitativos quanto qualitativos".

Desvantagens apontadas do término da disciplina:

 "Carga horária insuficiente";  "Aumentar a carga horária";

 "No fim, as discussões já estavam cansativas";  "Necessidade de acessar o site muitas vezes";  "Diminuir o número de discussões on line";  "Os textos às vezes não eram suficientes";  "Bibliografia difícil de ser encontrada".

Expectativas sobre o curso a distância "Bioquímica da Nutrição"

Logo no início da disciplina, procuramos conhecer também a expectativa dos alunos selecionados quanto à disciplina e pudemos verificar grande expectativa quanto ao aprofundamento no tema, mas também quanto à inovação da metodologia. Listamos a seguir manifestações de alguns alunos que refletem as expectativas da maioria dos alunos:

 "Estou muito ansiosa para cursar esta disciplina pois ela reúne duas coisas que gosto muito: estudar e

usar computadores. Confesso que não sei utilizar o computador de maneira satisfatória, mas pretendo ler com atenção os tópicos de ajuda no "site" da disciplina e conseguir aprender o que terei de usar. Gostei da idéia de aliar a aprendizagem de uma disciplina junto a aprendizagem de informática visto a aplicabilidade dos recursos computacionais".

 "Eu espero que este curso me ofereça informações mais específicas na área de nutrição. O que não

aconteceu na minha disciplina de Bioquímica Básica. Espero também conseguir acompanhar o curso sem muitos problemas relacionados à tecnologia, área que eu não domino nem um pouco (as orientações que vocês nos deram até agora têm sido de grande utilidade)".

 "Minhas expectativas são muito boas. Além do tema e do conteúdo serem muito interessantes, espero

que com a ajuda da Internet, haja mais motivação para o estudo!!!"

 "Espero desvendar mitos com relação à alimentação e para também auxiliar nos temas na escola, pois

dá para explorar bastante tema!"

 "Espero que este curso a distância aumente meus conhecimentos na área de bioquímica da nutrição e da

informática, algo que dificilmente ocorreria se esta mesma disciplina fosse ministrada de forma

tradicional (salas de aula, bibliotecas, etc). Além disso, é uma grande satisfação fazer parte deste grupo de estudantes a distância, pois tal fato representa uma grande evolução no ensino de uma forma geral".

 "Eu espero melhorar meus conhecimentos de bioquímica em geral e aprender sobre Bioquímica aplicada

à nutrição e a casos especiais. Na minha opinião, um curso a distância possibilita o desprendimento da figura do professor à matéria em si e a compromissos com horário rígido. Dessa forma, o aluno tem mais autonomia para administrar seu tempo e período de estudo e sua "autodidática", que serão

imprescindíveis numa futura carreira científica, repleta de atualizações. Além disso, usando o

computador, desenvolve-se uma linguagem mais apurada, dado que não há como se expressar de outra forma que não seja pelo texto escrito".

 "Espero poder utilizar todas as ferramentas disponíveis do micro para um melhor desempenho na

disciplina e, é claro, quanto ao conteúdo da matéria, tenho certeza de que será bastante interessante, principalmente porque teremos os chats à disposição".

Conclusões

Os comentários sobre as expectativas prévias dos alunos mostram que existe um grande entusiasmo pela maioria quanto à possibilidade de conciliar o uso de computadores aos seus estudos. Alguns atribuem à

(20)

Internet a responsabilidade de tornar as aulas mais interessantes e o estudo mais motivador e outros ainda esperam que as ferramentas computacionais auxiliem na obtenção de bons resultados de desempenho. De fato, a Internet pode ser uma grande aliada no ensino, como já se estima, por permitir acesso às mais recentes informações de forma relativamente rápida e prática. Entretanto, da mesma forma que é possível divulgar descobertas novíssimas no campo da ciência, é também possível encontrar muita informação

equivocada na Internet. Ao fazer uso de "sites" como referências para aula, deve-se ter a preocupação de ser extremamente crítico em relação ao conteúdo que esses "sites" trazem. Dessa forma, trabalhar com a Internet como ferramenta de ensino exige também uma vasta, minuciosa e criteriosa pesquisa do que realmente pode ser aproveitado e do que deve ser evitado.

É comum também desenvolver a idéia de que a tecnologia poderá resolver todos os nossos problemas! O desempenho em qualquer tipo de atividade depende quase que exclusivamente do interesse de cada um. Por vezes a tecnologia facilita alguns processos, mas é preciso ter um certo domínio da mesma para que

exatamente ela não crie novos empecilhos para o sucesso da atividade.

O oferecimento de uma disciplina a distância apropriadamente reestruturada poderia atender um grande número de pessoas interessadas, distribuídas por várias regiões do país. Os resultados da pesquisa de interesse em EAD realizada nesse trabalho mostram claramente que pessoas de todo Brasil, de variadas formações e com interesses diversos vêem na EAD uma boa oportunidade de aprofundamento dos seus conhecimentos. Por outro lado, a instalação de iniciativas semelhantes deve ser cuidadosamente monitorada através de uma avaliação adequada. De fato, um dos desafios mais críticos que os educadores têm enfrentado é o desenvolvimento de novas metodologias e ferramentas para avaliar o aprendizado online. A natureza final dos projetos de aprendizado online, as múltiplas vias de interações e os padrões de participação em listas de discussão e debates expõem novos desafios aos avaliadores.

Referências

Booth, A.G. and Maber, J.R. (1998) Simulation and the Internet in teaching Protein purification to undergraduate students. FASEB J. 12:(8) A1335-A1335 Suppl. S Apr. 24.

Hamamoto, T. and Kagawa, Y. (1998) Internet assisted learning of biochemistry in Japan. Biochemical Education 26: (1) 27-29.

Ingebritsen, T.S. and Cheaney, J. (1998) Teaching Biotechnology via the World Wide Web. FASEB J. 12:(8) A1336-A1336 Suppl. S Apr. 24.

Leach, C.K., Jenkins, R.O and Van Dam-Mieras, M.C. (1997) Enhancing the Internationalization of Distance Education in the Biological Sciences: the DUNE Project and Genetic Enginnering. Biochemical Education, 25(2) 102-104.

Parslow, G.R.; Wood, E.J. and Livett, B. (1998) Miscellaneous Bytes. Biochemical Education 26: 44-49.

Yokaichiya,D.K.; Galembeck,E. & Torres, B.B. (2001) Distance Education as a Tool for Deepening Biochemistry Learning. EJB The FEBS Journal vol.268 suppl.1 pp256.b

(21)

RBEBBM -02/2001

Revisão do Programa: Multimedia

Methods in Molecular Biology; 2nd. Ed.

(Software Review: Multimedia Methods in Molecular Biology; 2nd. Ed.)

Autores:Andre Kimura Okamoto

Afiliação:Depto. de Físico-Química - IQ/UNICAMP

a_k_okamoto@mac.com

During this past two decades, multimedia methods have been frequently highlighted as an alternative teaching solution, thus they must be constantly evaluated and corrected in order to avoid a banal use of these tools. This software review evaluated the level of agreement between the authors/editors proposals and its actual relevance and ease o use. Future corrections are expected due to major flaws found in its use.

Multimedia Methods in Molecular Biology; 2nd. Ed. Editado por: T. Patridge, P. Jones, D. Rickwood Chapman and Hall, 2000

website:http://www.multimediamethods.com/ preço: GBP 295,00

Aspectos Gerais

A proposta do pacote é prover uma ambiente customizado de referência, com a possibilidade de adição de registros protegidos por senha. Os métodos de laboratório mais comuns já estão inclusos, e podem ser abertos por qualquer pessoa que tenha autorização para utilizar o pacote. Isso é feito através de um usuário

administrador, que confere a cada usuário um nome para autenticação e uma senha, e controla o acesso aos registros adicionais inseridos pelos próprios usuários.

Portanto, vemos que este é um pacote cuja principal utilização deve ser o uso como referência. Dentro podemos encontrar elementos que abrigam os conceitos básicos dos bons aplicativos modernos - instalação rápida e facilidade de uso - e esses elementos estão bem direcionados para a solução de gerenciamento de descrição de metodologias utilizados comumente na maioria dos laboratórios de biologia molecular, provendo acesso às informações pertinentes de métodos conhecidos na área, e de armazenamento de métodos

modificados ou inéditos, que podem ser salvos e acrescentados ao conjunto pré-existente no pacote.

O pacote pode incuir um CD-ROM para as plataformas Apple Macintosh, ou Intel/Windows, e um livreto que contém desde as instruções básicas de instalação até um guia para a inserção de seu próprio conjunto de protocolos, ressaltando mais uma vez esta característica deste programa, que o torna atrativo. Mas a interface de uso é bastante espartana, como pode ser observado logo na inicialização do programa. Mesmo com a capacidade de gerar gráficos a 1024x768 pixels por polegada de resolução em Milhões de Cores (Millions of Colours, equivalente ao "True Color" no sistema operacional Windows), a qualidade das figuras é a mesma daquela gerada em 640x480 pixels, portanto, alterar as configurações de seu computador não servirá em nada para incrementar a visualização da parte gráfica. Provavelmente, esse é o motivo pelo qual os requerimentos básicos para instalação são bastante modestos.

Um aspecto negativo é a alteração de configuração das teclas de atalho (ou "shortcuts") mais comuns. Usuários da plataforma Windows não devem pensar que isso seja realmente um problema (uma vez que parece não existir padrão ou lógica para isso na plataforma) entretanto muitos desses atalhos são bem conservados nos programas mais diversos para MacOS, mesmo em versões de idiomas diferentes, o que

(22)

facilita bastante da criação de teclas de atalho (e faz juz ao uso). Portanto, deve-se estar atento a essas mudanças, que felizmente estão devidamente descritas no livreto que acompanha o pacote.

Fig.1.: A Tela Principal: após a autenticação do usuário, as mais diversas ferramentas são acessadas clicando-se nos botões, que podem requerer acesso à Internet.

O Poder Necessário: Necessidades Básicas:

Macintosh (configuração mínima):

Processador Motorola 68030, 15MB de memória RAM, 8MB de disco rígido (HD), MacOS 7.x, Quick Time, resolução gráfica de 640x480 pixels por polegada em 256 colours, unidade de CD-ROM de velocidade quádrupla.

Intel x86/Windows (configuração mínima):

Processador 80486 ou equivalente, 15MB de memória RAM, 8MB de HD, Microsoft (MS) Windows 3.x ou 9x ou NT, MS Video for Windows (fornecido no CD-ROM), resolução gráfica de 640x480 pixels por polegada em 256 cores, unidade de CD-ROM de velocidade quádrupla.

Sistemas Usados nos testes: Macintosh:

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pixels por polegada em 256 cores, 4xCD-ROM drive.

PowerMac 7100AV/66, 54MB de RAM, 280MB de HD, MacOS 9.1, Quick Time 5.0.1, resolução gráfica de 1024x768 pixels por polegada em Milhões de Cores, 4xCD-ROM drive.

As Duas Faces da Mesma Moeda:

A instalação é bastante simples: após a inserção do CD-ROM no drive uma janela será aberta na área de trabalho. Com um duplo-clique no ícone do instalador todo o processo é inicializado. Você deve reiniciar o computador após a instalação; no entanto, é possível iniciar o programa, mesmo sem a reinicialização, que deve ser necessária provavelmente devido à instalação do QuickTime, no entanto, isso não é aconselhável, como observado nos testes. Também é necessário que o CD-ROM esteja inserido no drive pois o programa necessita carregar informações contidas no CD, e não se inicializará se isso não ocorrer.

Como mencionado anteriormente, este é um CD-ROM de referência, portanto o usuário tem acesso a muitas informações úteis à respeito dos procedimentos experimentais mais comuns no dia-a-dia de um laboratório de biologia molecular, incluindo informações detalhadas dos reagentes usados, riscos na manipulação desses reagentes, noções de segurança laboratorial, 'receitas' de preparo dos reagentes, e como conduzir o

experimento em si. Filmes curtos no formato QuickTime e esquemas também estão disponíveis para alguns protocolos, mas, infelizmente parece que os editores preferiram manter a compatibilidade com sistemas computacionais antigos ao invés de desenvolver mais este tipo de material.

Quanto ao uso, basicamente, um usuário Mestre ("Master") é inicialmente configurado. Esse usuário controla todas as permissões e acessos às ferramentas do pacote: adiciona/remove usuários, administra grupos e atualiza o software quando necessário. As ferramentas do pacote não estão acessíveis ao usuário Mestre, portanto mesmo se você é o único usuário, você deve criar sua própria conta. Todos os usuários devem

autenticar-se através de nome de usuário e senha, e ao final de cada sessão deve-se fechar o acesso, e fechar o aplicativo, se necessário.

(24)

Fig.2.: Tela de autenticação ("logon"). O usuário Mestre ("Master") deve configurar previamente o acesso dos outros usuários.

Como o aplicativo permite a inserção e edição de protocolos novos, existem algumas 'precauções' a serem tomadas: estes novos protocolos, recém adicionados, devem ser mantidos à salvo dos 'espiões', requisito necessário deste mundo moderno cheio de novas paranóias, infelizmente. Daí a funcionalidade da existência de um administrador e de nomes de autenticação e senha para usuários. Mas reside aí também outra

infelicidade, pois os arquivos podem ser lidos por outros aplicativos, portanto o usuário deve se preocupar bastante se adicionar suas informações confidenciais. O Simple Text, WordPad, ou qualquer outro processador de textos são capazes de reconhecer o formato dos arquivos deste pacote. Essa é uma falha que certamente precisa ser removida em versões futuras do pacote. Se essa falha não for corrigida, qual a necessidade de se criar grupos e usuários para manter o sigilo de informações, se isso não é barreira (tampouco proteção

eficiente) contra o acesso indiscriminado das informações, as quais, no meu conceito (e, certamente de muitos outros), são muito mais importantes do que uma interface de usuário "bonitinha". Portanto, tenha isso em consideração antes de adquirir esta versão do pacote!

(25)
(26)

Fig.3c.: Portanto, isto não deveria acontecer... 3rd miss... Game Over!!!

Entretanto, é claro que se isso não for importante, deiso aqui o registro na última linha de que o pacote ainda se mostra bastante útil.

Espaço: A Fronteira Final

Existem muitas qualidades observadas neste pacote: acesso a páginas de hipertexto no endereço dos

publicadores, uma grande quantidade de informação útil no dia-a-dia de um laboratório de biologia molecular experimental, adição de dados customizada (ou seja, editável), além da idéia da aplicação deste tipo de metodologia em si. Este é um material multimídia bastante interessante apesar da baixa qualidade gráfica e o problema do mecanismo de (in)segurança, se levado em consideração a proposta do pacote. É um bocado caro pelo que deve ser pago, mas ainda vale a pena dar uma olhada. Com tantas características antagônicas, ainda vale a pena adquirí-lo caso você tenha "um dinheirinho sobrando", ou se você é bastante generoso e gosta de incentivar este tipo de idéia. Mas ainda é bastante difícil adiquirir um pacote desses, vivendo num país como o Brasil, onde GBP1,00 equivale a BRR4,25 (não só isso, mas se isso equivale a 130% do valor dos ganhos mensais do autor desta revisão, em setembro de 2000). Realmente, esperamos observar futuras melhoras no pacote o mais breve possível.

Referências

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