• Nenhum resultado encontrado

Riscos ocupacionais na construção em taipa de pilão mecanizada

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Riscos ocupacionais na construção em taipa de pilão mecanizada"

Copied!
65
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE CONSTRUÇÃO CIVIL

ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO

JOSÉ LUIZ COSTA

RISCOS OCUPACIONAIS NA CONSTRUÇÃO

EM TAIPA DE PILÃO MECANIZADA.

MONOGRAFIA DE ESPECIALIZAÇÃO

CURITIBA 2018

(2)

JOSÉ LUIZ COSTA

RISCOS OCUPACIONAIS NA CONSTRUÇÃO

EM TAIPA DE PILÃO MECANIZADA.

Monografia apresentada para obtenção do título de Especialista no Curso de Pós Graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho, Departamento Acadêmico de Construção Civil – DACOC, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR.

Orientador: Prof. Dr. Adalberto Matoski.

CURITIBA 2018

(3)

JOSÉ LUIZ COSTA

RISCOS OCUPACIONAIS NA CONSTRUÇÃO EM TAIPA DE PILÃO MECANIZADA

Monografia aprovada como requisito parcial para obtenção do título de Especialista no Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho, Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, pela comissão formada pelos professores:

Banca:

_____________________________________________ Prof. Dr. Cezar Augusto Romano

Departamento Acadêmico de Construção Civil, UTFPR – Câmpus Curitiba. ________________________________________

Prof. Dr. Adalberto Matoski (orientador)

Departamento Acadêmico de Construção Civil, UTFPR – Câmpus Curitiba. _______________________________________

Prof. M.Eng. Massayuki Mário Hara

Departamento Acadêmico de Construção Civil, UTFPR – Câmpus Curitiba.

Curitiba 2019

(4)

Este estudo é dedicado a todos os que depositam esperança na técnica e no compromisso diário de cada cidadão para que se possa viver em uma sociedade saudável e equilibrada, por muitas gerações.

(5)

AGRADECIMENTOS

Agradeço principalmente à minha família, por financiar este projeto e todo o curso, além de me manter sempre motivado a seguir adiante, seja na vida pessoal, acadêmica e profissional.

Gostaria de agradecer imensamente à Universidade Tecnológica Federal do Paraná, que vem sendo minha segunda casa desde meu ingresso em 2007 como aluno do curso Técnico-Integrado em Segurança do Trabalho, passando pela graduação em Arquitetura e Urbanismo, sempre proporcionando um ensino de qualidade ímpar.

Aos meus amigos, mesmo àqueles que não estão próximo, mas que de algum modo estiveram sempre dedicando uma palavra de motivação, acreditando nos meus sonhos e no meu potencial.

Ao Sr. Paulo Sabino e ao Sr. Adriano Gregori por despenderem parte do seu tempo me auxiliando de maneira contundente para que este projeto prosperasse, e também aos professores Adalberto Matoski, o orientador desta pesquisa, e Rodrigo Eduardo Catai, sempre prontos a me orientar e sanar minhas dúvidas.

(6)

“A terra ensina-nos mais acerca de nós próprios do que todos os livros. Porque ela nos resiste."

(7)

RESUMO

O objetivo deste trabalho é elencar os principais riscos ocupacionais aos quais os trabalhadores da técnica de taipa de pilão mecanizada estão expostos, por meio do levantamento, observação e simulação de alguns processos inerentes a esta técnica. A taipa de pilão é uma tecnologia construtiva milenar, utilizada no Brasil na época Colonial, consistindo basicamente em erigir edificações utilizando terra compactada. A construção civil, um dos setores mais agressivos ao meio ambiente, investiu em tecnologias limpas e sustentáveis, uma delas foi a ressignificação da taipa de pilão - técnica que já vem sendo empregada em países desenvolvidos e inicia seu novo processo de difusão no Brasil. Esta técnica apresenta diversos benefícios, além do respeito ao meio ambiente, as construções em taipa são econômicas, apresentam qualidade ambiental e grande durabilidade. No entanto, ainda pouco se sabe a respeito da segurança dos trabalhadores envolvidos nos processos de construção em taipa de pilão mecanizada. Esta pesquisa visa analisar os riscos aos quais estes trabalhadores estão expostos, por meio de uma APR (Análise Preliminar de Riscos), bem como propor métodos de prevenção de acidentes, preservando a integridade física dos operários. O que se concluiu nesta pesquisa é que os riscos ocupacionais são semelhantes às técnicas construtivas tradicionais. No entanto, algumas etapas apresentam riscos específicos, como o apiloamento mecanizado, que expõe os operadores a altos índices de vibração e ruído, havendo a necessidade da proposição de medidas mitigadoras.

Palavras-chave: Riscos Ocupacionais; Taipa de Pilão; Construção Civil; Segurança do Trabalho.

(8)

ABSTRACT

The objective of this work is to list the main occupational hazards to which the workers of the mechanized pylon taipa technique are exposed, through the survey, observation and simulation of some processes inherent in this technique. Pylon mudstone is a millenarian constructive technology, used in Brazil in the Colonial era, basically consisting of erecting buildings using compacted earth. Civil construction, one of the most aggressive sectors for the environment, invested in clean and sustainable technologies, one of which was the re-signification of pylon mud - a technique that has already been used in developed countries and begins its new diffusion process in Brazil. This technique has several benefits, in addition to respect for the environment, the constructions in taipa are economic, have good environmental quality and great durability. However, little is known about the safety of the workers involved in the machined pylon machining processes. This research aims to analyze the risks to which these workers are exposed, through an APR (Preliminary Risk Analysis), as well as to propose methods of accident prevention, preserving the physical integrity of the workers of this constructive technology that tends to be disseminated every time more Brazil aside.

What has been concluded in this research is that the predominant risks are similar to traditional construction techniques. However, some steps present worrying risks, such as mechanized piling, which exposes the compactor operators to high vibration and noise levels, and it is necessary to propose mitigating measures.

Keywords: Risk Analysis; Rammed Earth Technique; Civil Construction; Work Safety.

(9)

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 01-GESTÃO DE RISCOS. ... 25

FIGURA 02-MATRIZ DE CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS USADO NA APR. ... 29

FIGURA 03-ESQUEMA EXPLICATIVO DA CONSTRUÇÃO EM TAIPA. ... 30

FIGURA 04-TIPOS DE PILÃO MANUAL (OU SOQUETES). ... 31

FIGURA 05-PILÃO PNEUMÁTICO. ... 31

FIGURA 06-RESIDÊNCIA COLINAS, REALIZADA EM TAIPA DE PILÃO, CONCRETO E MADEIRA. ... 33

FIGURA 07-FÔRMA DE MADEIRA 100X30X30. ... 37

FIGURA 08-COMPACTADOR WACKER NEUSON BS50-2I. ... 37

FIGURA 09-DECIBELÍMETRO MINIPA MSL-1325A. ... 38

FIGURA 10-ACELERÔMETRO AP2042. ... 39

FIGURA 11-MEDIÇÃO DA VIBRAÇÃO COM O ACELERÔMETRO. ... 39

FIGURA 12-GRÁFICO DOS NÍVEIS OBTIDOS DE ACELERAÇÃO REFERENTES A 1H DE EXPOSIÇÃO.O NÍVEL TRACEJADO INDICA O LIMITE DE TOLERÂNCIA DIÁRIO PROPOSTO PELA NR-15. ... 43

FIGURA 13-GRÁFICO DOS NÍVEIS OBTIDOS DE ACELERAÇÃO REFERENTES A 8H DE EXPOSIÇÃO.O NÍVEL TRACEJADO INDICA O LIMITE DE TOLERÂNCIA DIÁRIO PROPOSTO PELA NR-15. ... 44

FIGURA 14-PERSPECTIVA DA FÔRMA E COMPACTADOR SUGERIDOS. ... 54

FIGURA 15-RESULTADO MÁXIMO OBTIDO NA MEDIÇÃO DE RUÍDO. ... 58

FIGURA 16-RESULTADO OBTIDO NA PRIMEIRA MEDIÇÃO DE VIBRAÇÃO. ... 58

FIGURA 17-RESULTADO OBTIDO NA SEGUNDA MEDIÇÃO DE VIBRAÇÃO. ... 59

FIGURA 18-RESULTADO OBTIDO NA TERCEIRA MEDIÇÃO DE VIBRAÇÃO. ... 59

FIGURA 19-CONTRATO DE ALUGUEL DO EQUIPAMENTO. ... 60

FIGURA 20-MANUAL DO EQUIPAMENTO. ... 61

FIGURA 21-FISPQRESINA SINTÉTICA "BIANCO" DA MARCA "VEDACIT". ... 64

(10)

LISTA DE TABELAS

TABELA 01-LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA RUÍDO CONTÍNUO OU INTERMITENTE. ... 19 TABELA 02-LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA EXPOSIÇÃO AO CALOR, EM REGIME DE TRABALHO INTERMITENTE

COM PERÍODOS DE DESCANSO NO PRÓPRIO LOCAL DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO. ... 21 TABELA 03-EXEMPLO DE APR:SISTEMA DE CORTE DE VERGALHÃO DE AÇO. ... 27 TABELA 04-CLASSES PARA AVALIAÇÃO QUALITATIVA DE FREQUÊNCIA DE OCORRÊNCIA DOS PERIGOS

IDENTIFICADOS. ... 28 TABELA 05-CLASSES PARA AVALIAÇÃO QUALITATIVA DE SEVERIDADE. ... 28 TABELA 06-ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS REFERENTE AOS OPERÁRIOS DE TAIPA DE PILÃO MECANIZADA,

NA ETAPA DE FUNDAÇÃO. ... 46 TABELA 07-ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS REFERENTE AOS OPERÁRIOS DE TAIPA DE PILÃO MECANIZADA,

NA ETAPA DE MONTAGEM DAS FÔRMAS. ... 47 TABELA 08-ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS REFERENTE AOS OPERÁRIOS DE TAIPA DE PILÃO MECANIZADA,

NA ETAPA DE PREENCHIMENTO DAS FÔRMAS. ... 48 TABELA 09-ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS REFERENTE AOS OPERÁRIOS DE TAIPA DE PILÃO MECANIZADA,

NA ETAPA DE COMPACTAÇÃO DE TERRA. ... 49 TABELA 10-ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS REFERENTE AOS OPERÁRIOS DE TAIPA DE PILÃO MECANIZADA,

NA ETAPA DE VIGAMENTO. ... 50 TABELA 11-ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS REFERENTE AOS OPERÁRIOS DE TAIPA DE PILÃO MECANIZADA,

(11)

LISTA DE SIGLAS ABNT-ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS AEPS-ANUÁRIO ESTATÍSTICO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL APR-ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS

CEEST-CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO CEF-CAIXA ECONÔMICA FEDERAL

CNEN-COMISSÃO NACIONAL DE ENERGIA NUCLEAR

DACOC -DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE CONSTRUÇÃO CIVIL EPC-EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO COLETIVA

EPI-EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL FIOCRUZ-FUNDAÇÃO OSVALDO CRUZ

FISPQ-FICHA DE INFORMAÇÕES DE SEGURANÇA DE PRODUTOS QUÍMICOS FJP-FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO

IBUTG-ÍNDICE DE BULBO ÚMIDO TERMÔMETRO DE GLOBO IPEA-INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA MMA-MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE

MTE-MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO NBR-NORMA BRASILEIRA

NHO-NORMA DE HIGIENE OCUPACIONAL NR-NORMA REGULAMENTADORA

OHSAS-OCCUPATIONAL HEALTH AND SAFETY ASSESSMENT SERIES

ONG-ORGANIZAÇÃO NÃO GOVERNAMENTAL ONU-ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS

PCMAT-PROGRAMA DAS CONDIÇÕES DO MEIO AMBIENTE DE TRABALHO PDCA-PLAN,DO,CHECK,ACT (PLANEJAR,EXECUTAR,CONTROLAR,AGIR) PPRA-PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS

SNIS-SISTEMA NACIONAL DE INFORMAÇÕES SOBRE SANEAMENTO TBN-TERMÔMETRO DE BULBO NATURAL

TBS-TERMÔMETRO DE BULBO ÚMIDO TG-TERMÔMETRO DE GLOBO

(12)

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 13 1.1 PROBLEMA ... 14 1.2 OBJETIVOS ... 14 1.2.1 Objetivo Geral ... 14 1.2.2 Objetivos Específicos ... 14 1.3 JUSTIFICATIVA ... 14 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 16 2.1 CONCEITOS BÁSICOS ... 16 2.1.1 Acidente de Trabalho ... 16 2.1.2 Riscos Ambientais ... 17 2.1.2.1 Riscos Físicos ... 18 2.1.2.1.1 Ruído ... 18 2.1.2.1.2 Vibrações ... 20 2.1.2.1.3 Calor ... 20 2.1.2.2 Riscos Químicos ... 21 2.1.2.3 Riscos Biológicos ... 22 2.1.2.4 Riscos Ergonômicos ... 22 2.1.2.5 Riscos de Acidente ... 23

2.1.3 Segurança do Trabalho na Construção Civil ... 23

2.1.4 Gerenciamento de Riscos ... 24

2.1.4.1 APR - Análise Preliminar de Riscos ... 26

2.1.5 Sustentabilidade ... 29

2.2 TAIPA DE PILÃO ... 30

2.2.1 O que é, vantagens e desvantagens ... 30

2.2.2 Histórico ... 32

2.2.3 Resgate da Taipa ... 32

2.2.4 Descrição das Etapas da Construção ... 34

3 METODOLOGIA 36 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 40 4.1 LEVANTAMENTO DOS RISCOS ... 40

4.1.1 Fundação ... 40

4.1.2 Montagem das Fôrmas ... 41

4.1.3 Preenchimento das Fôrmas ... 42

(13)

4.1.5 Vigamento (Cintamento) ... 45 4.1.6 Acabamento ... 45 4.2 ANÁLISE PRELIMINAR DOS RISCOS ... 46

(14)

1 INTRODUÇÃO

A indústria da construção civil é uma das atividades que registram o maior número de acidentes de trabalho no Brasil. De acordo com o Anuário Estatístico da Previdência Social, em 2015 ocorreram 41.012 acidentes, número inferior somente ao apresentado pela indústria de produtos alimentícios e bebidas (AEPS, 2015).

Levando em consideração estes números expressivos, verifica-se a necessidade de estudar, quantificar e propor melhorias para a preservação da saúde do trabalhador da construção civil.

A taipa de pilão mecanizada é um método construtivo que, devido à abundância de matéria prima (terra), exequibilidade a baixo custo e o reduzido impacto ambiental, pode se tornar uma tendência não somente no Brasil, mas em vários países do mundo que já redescobriram a referida técnica.

De acordo com Oliveira (2012), existem registros de construção em taipa de pilão há cerca de 5000 anos antes de Cristo, inclusive grande parte da Muralha da China foi construída com esta técnica. No Brasil, ela foi trazida pelos portugueses e amplamente utilizada no período colonial (1800-1850), sobretudo em São Paulo, Goiás e Minas Gerais (COLIN, 2010).

De acordo com Colin (2010), a técnica consiste basicamente em amassar o barro vermelho, matéria prima fundamental, colocado em formas de madeira, conhecidas como taipais. Após a secagem, o taipal é deslocado para a posição vizinha e assim sucessivamente.

Atualmente, frente ao aumento da preocupação com a sustentabilidade do planeta, projetistas arquitetos e engenheiros enxergam com bons olhos a retomada do uso da taipa de pilão nas construções contemporâneas, visto que a indústria tradicional da construção é um dos ramos da economia que mais geram resíduos: 60% do lixo sólido das cidades vem da construção civil (PORTAL ECYCLE, 2018), e como já mencionado, também é um dos ramos campeões nos índices de acidente.

Este trabalho é estruturado da seguinte maneira: uma breve contextualização, compreendendo os preceitos históricos e quais foram os motivos pelos quais a taipa de pilão ressurgiu no cenário da construção civil atual. Posteriormente, são descritas as etapas da construção e, por fim, a análise dos riscos ocupacionais inerentes de tais atividades.

(15)

1.1 PROBLEMA

A taipa de pilão é um método construtivo que foi amplamente empregado na época colonial no Brasil. Após décadas em desuso, arquitetos estão resgatando esta técnica nas construções contemporâneas, tendo em vista a sustentabilidade e facilidade de obtenção da matéria prima. No entanto, alguns procedimentos podem causar riscos aos operários. Somado a este fator, a falta de publicações referente à segurança do trabalho na construção em taipa de pilão mecanizada mantém estes operários à margem da legislação específica.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Analisar e quantificar os riscos inerentes ao conjunto de atividades da construção em taipa de pilão mecanizada.

1.2.2 Objetivos Específicos

- Elencar os processos que envolvem a construção em taipa de pilão mecanizada; - Levantar os riscos das atividades inerentes à técnica construtiva em estudo; - Sugerir medidas de controle dos riscos ocupacionais.

1.3 JUSTIFICATIVA

A taipa de pilão é um método construtivo que foi muito empregado em diversos países, inclusive no Brasil Colonial, porém esta técnica construtiva passou décadas em desuso, visto que a produção em série de blocos cerâmicos tornava mais fácil e rápida a construção (OLIVEIRA, 2012).

Países como Portugal (GREEN SAVERS, 2013), Canadá e Estados Unidos estão redescobrindo a taipa de pilão. No Brasil, alguns escritórios de arquitetura vêm utilizando a terra como método construtivo em seus projetos contemporâneos, percebendo-se assim, a possibilidade de que este método passe a ser uma tendência construtiva para as próximas décadas.

(16)

A taipa se caracteriza como um método construtivo sustentável, que estende suas vantagens inclusive ao edifício já construído, devido ao fato de apresentar melhor conforto térmico e acústico se comparado aos atuais métodos convencionais (SILVA, 2000).

Vale ressaltar que o resgate da taipa é também um resgate à memória do Brasil Colonial que vem se perdendo ao passar do tempo e com o avançar da tecnologia. Há a necessidade de valorizar os operários que ainda trabalham com esta técnica e incentivá-los a transmitir seu conhecimento, de modo que permaneça vivo durante as próximas gerações.

Frente aos inegáveis benefícios ao meio ambiente, é necessário que se observe a técnica pelo viés social, e nesta pesquisa, o foco serão os cidadãos que trabalham com taipa de pilão mecanizada, portanto, a questão norteadora deste trabalho é: "Quais são os riscos inerentes à construção em taipa de pilão mecanizada?"

(17)

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Este capítulo tem como principal objetivo fornecer subsídios básicos conceituais e históricos para a compreensão da relevância da técnica em estudo, comprovando sua potencialidade em substituição a algumas técnicas tradicionais.

Inicia-se apresentando conceitos fundamentais pertinentes à segurança do trabalho. Em seguida comenta-se o contexto de surgimento e compreensão dos motivos de declínio e de resgate do método construtivo em taipa de pilão. Posteriormente são descritas as etapas construtivas e ao fim, é proposta uma reflexão sobre a rigidez da legislação brasileira e os empecilhos gerados, obrigando milhares de pessoas a viver em locais impróprios e insalubres.

2.1 CONCEITOS BÁSICOS

2.1.1 Acidente de Trabalho

Segundo disposto pela Lei 8213/91, em seu artigo 19, acidente de trabalho é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou a redução, seja ela permanente ou temporária, da capacidade de trabalho.

Já a Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, por meio da NBR 14289/99, que trata do Cadastro de Acidentes de Trabalho, entende este termo como uma ocorrência imprevista e indesejável, instantânea ou não, relacionada com o exercício do trabalho, que provoca lesão pessoal ou de que decorre risco próximo ou remoto dessa lesão.

Alguns acidentes podem não causar vítimas, podendo ser chamados de incidentes. Em algumas empresas estes incidentes são chamados de acidentes sem vítimas, com objetivo de não perder a força do termo e evitar com que esta ocorrência se repita.

Ainda de acordo com a Lei 8213/91, aqueles acidentes que ocorrem fora da empresa e fora do horário de trabalho, no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado é considerado acidente de trajeto, sendo tratado também como acidente de trabalho.

(18)

São considerados acidentes de trabalho também, doenças profissionais, entendidas como aquelas produzidas pelo exercício do trabalho específico a determinada atividade, desde que englobadas pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social.

Os acidentes são classificados como "com afastamento", quando ocorre morte ou impossibilidade imediata de retorno às atividades, ou podem ser entendidos como "sem afastamento", quando o trabalhador acidentado retorna imediatamente às suas atividades, ou no dia seguinte do ocorrido.

Dentre as principais causas dos acidentes de trabalho, Bardi et al (2005, apud Franquelice e Oliveira, 2009), destacam as falhas no sistema de trabalho, o não uso ou o mau uso dos equipamentos de proteção, falhas nas ferramentas utilizadas, deficiências nos processos manutentivos, bem como o fator humano, envolvendo características psicossociais do trabalhador.

A grande incidência de acidentes no Brasil gera um custo de aproximadamente R$71 bilhões ao ano, cerca de 9% da folha salarial do país (ESTADÃO, 2012). A partir desses números alarmantes é que se ressalta a necessidade em investir em políticas de segurança do trabalho, de modo a reduzir o número de acidentes, que além da perda e sofrimento de inúmeras famílias, representa em um gasto considerável para a União.

2.1.2 Riscos Ambientais

No âmbito geral, a palavra risco, segundo Vecchione et al. (2010), denota incerteza perante um evento futuro, podendo ser definido como a probabilidade de ocorrer um acidente, ou a probabilidade de concretização de um perigo.

De acordo com a NR-9, consideram-se riscos ambientais aqueles que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador.

Os riscos podem ser divididos em agentes físicos, químicos, biológicos, de acidente e ergonômicos. Existe ainda uma sexta tipologia de risco, a psicossocial, que a legislação ainda desconsidera. De acordo com Vecchione et al. (2010), os agentes psicossociais estão relacionados à qualidade de vida inadequada, como por exemplo, salário, alimentação, relações pessoais, entre outros.

(19)

O papel da segurança do trabalho é eliminar, reduzir ou neutralizar a ação dos riscos ambientais. O PPRA - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais, regido pela NR-9, é um documento obrigatório e que representa o compromisso da empresa com a segurança dos seus trabalhadores e possui papel fundamental na neutralização dos riscos ambientais.

A seguir serão detalhados os riscos mais esperados que se ocorram na técnica em estudo.

2.1.2.1 Riscos Físicos

De acordo com NR-9 (BRASIL, 1994), os riscos físicos são diversas formas de energia às quais os trabalhadores podem estar expostos, tais como ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes e não ionizantes, bem como o infrassom e o ultrassom.

2.1.2.1.1 Ruído

De acordo com Fernandes (2013), potência sonora, ou ruído, é a quantidade de energia acústica produzida por unidade de tempo. A essa potência sonora corresponde uma intensidade sonora, ou seja, a densidade do fluxo da energia acústica emitida por unidade de tempo, em um determinado ponto.

A NR-15 (BRASIL, 1978), separa o ruído em dois tipos principais: o ruído contínuo (ou intermitente) e o ruído de impacto.

Ruído de impacto, segundo a referida norma, é aquele que apresenta picos de energia acústica de duração inferior a 1 (um) segundo, a intervalos superiores a 1 (um) segundo. Logo, todo ruído que não é de impacto é considerado contínuo.

O Anexo I da NR-15 (BRASIL, 1998) estabelece a relação intensidade sonora/tempo de exposição, sendo valores inversamente proporcionais, ou seja, quanto maior o ruído, menos tempo o trabalhador poderá ficar exposto à fonte ruidosa.

(20)

Tabela 01 - Limites de tolerância para Ruído contínuo ou intermitente. Nível de Ruído

dB(A)

Máxima Exposição Diária Permissível 85 8 horas 86 7 horas 87 6 horas 88 5 horas 89 4 horas e 30 minutos 90 4 horas 91 3 horas e 30 minutos 92 3 horas 93 2 horas e 40 minutos 94 2 horas e 15 minutos 95 2 horas 96 1 hora e 45 minutos 98 1 hora e 15 minutos 100 1 hora 102 45 minutos 104 35 minutos 105 30 minutos 106 25 minutos 108 20 minutos 110 15 minutos 112 10 minutos 114 08 minutos 115 07 minutos Fonte: NR-15 (BRASIL, 1978).

De acordo com o Anexo I da NR-15 (Brasil, 1978), qualquer atividade ou operação que exponha os trabalhadores a níveis de ruído contínuo ou intermitente superiores a 115 dB(A), sem proteção adequada oferecerá risco grave e iminente.

A leitura do nível de ruído pode ser realizada por um medidor de intensidade sonora, conhecido como decibelímetro. No caso de ruído contínuo ou intermitente, este equipamento deve operar no circuito de compensação A e circuito de resposta lenta, aproximando o decibelímetro do ouvido do trabalhador (BRASIL, 1978).

De acordo com a Fiocruz (1998), o ruído age diretamente sobre o sistema nervoso, ocasionando fadiga nervosa, alterações mentais, hipertensão, modificação do ritmo cardíaco, perturbações gastrointestinais, dificuldade na percepção das cores, além da perda temporária ou definitiva da audição.

(21)

Para evitar ou diminuir os danos causados podem ser tomadas algumas medidas de proteção coletiva, como o enclausuramento da fonte ruidosa. Quando ainda insuficiente, deverá ser dimensionado um ou mais EPI a serem utilizados pelo trabalhador exposto, bem como treiná-los para o uso correto. É também imprescindível o acompanhamento médico, através da realização de exames audiométricos periódicos (FIOCRUZ, 1998).

2.1.2.1.2 Vibrações

Vibrações são movimentos oscilatórios presentes em diversas atividades, principalmente em indústrias. Este fenômeno pode ser: localizado, quando são provocados por ferramentas manuais, elétricas e pneumáticas, gerando alterações neurovasculares nas mãos, problemas nas articulações e braços e a perda de substância óssea; e, generalizado, quando as lesões ocorrem no corpo todo, causando dores lombares e dores na coluna (FIOCRUZ, 1998).

Não sendo inevitável, a vibração pode ter suas consequências maléficas à saúde neutralizadas se houver revezamento na atividade dos operários expostos.

Para realizar a medição correta da vibração, a Norma de Higiene Ocupacional NHO-9/2013, da Fundacentro é o procedimento técnico vigente no país.

2.1.2.1.3 Calor

O Anexo III da NR-15 (BRASIL, 1978) trata dos limites de tolerância para exploração do calor, o qual prevê um regime de trabalho de acordo com o tipo de atividade (leve, moderado ou pesado) e faixas de temperatura as quais os trabalhadores estão expostos.

(22)

Tabela 02 - Limites de tolerância para exposição ao calor, em regime de trabalho intermitente com períodos de descanso no próprio local de prestação de serviço.

Regime de trabalho intermitente com descanso no próprio local de trabalho (por

hora)

Tipo de Atividade

Leve Moderada Pesada

Trabalho Contínuo até 30 até 26,7 até 25,0

45 minutos trabalho e 15 minutos de descanso 30,1 a 30,6 26,8 a 28,0 25,1 a 25,9 30 minutos de trabalho e 30 minutos de descanso 30,7 a 31,4 28,1 a 29,4 26,0 a 27,9 15 minutos de trabalho e 45 minutos de descanso 31,5 a 32,2 29,5 a 31,1 28,0 a 30,0 Não é permitido o trabalho, sem medidas

de controle

acima de 32,2 acima de 31,1 acima de 30,0

Fonte: NR-15 (Brasil, 1978).

A exposição solar deve ser avaliada através do "Índice de Bulbo Úmido - Termômetro de Globo" (IBUTG). Para ambientes externos ou externos sem carga solar utiliza-se a equação IBUTG = 0,7tbn + 0,3tg, já para ambientes externos com carga solar utiliza-se IBUTG = 0,7tbn + 0,1tbs + 0,2tg, onde tbn é a temperatura de bulbo úmido natural, tbs é a temperatura de bulbo seco e a tg é a temperatura de globo (Brasil, 1978).

Quando excessivo o calor pode causar desidratação, erupções na pele, câimbras, fadiga, distúrbios psiconeuróticos, problemas cardiocirculatórios e insolação. Para controle das ações nocivas do calor extremo, deve ser prevista a ventilação local e o fornecimento de EPI como protetores solares em caso de exposição solar direta. (FIOCRUZ, 1998).

2.1.2.2 Riscos Químicos

Os agentes químicos podem ser substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo pelas vias respiratórias, ou que, pela natureza da

(23)

atividade de exposição possam ter contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão (BRASIL, 1994).

Os riscos químicos mais frequentes na construção civil são a inalação de poeiras mineriais que causam pneumoconioses e as névoas, gases, vapores e poeiras incomodas, que interagem com outros agentes nocivos presentes no ambiente de trabalho, aumentando a sua potencialidade, podendo causar efeitos anestésicos, asfixiantes e irritantes (DICLER, 2004 apud VECCHIONE ET AL, 2010). O ideal é evitar a emissão desses agentes, no entanto, quando inevitável, é fundamental o uso de EPI por parte dos funcionários expostos.

2.1.2.3 Riscos Biológicos

Agentes biológicos podem ser bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários, vírus, entre outros (BRASIL, 1994).

Na construção civil, de acordo com Dicler (2004, apud Vecchione et al, 2010), os riscos biológicos mais encontrados são vírus, bactérias e protozoários, devido a eventual falta de higiene do canteiro, causando doenças infectocontagiosas. Além disso, fungos e bacilos presentes nos materiais estocados, podem causar diversas infecções externas (dermatites) e internas (doenças pulmonares).

Para evitar a ação destes agentes é fundamental um canteiro com instalações sanitárias bem dimensionadas e higienizadas, bem como a utilização de EPI, como luvas e respiradores.

2.1.2.4 Riscos Ergonômicos

Os riscos ergonômicos, de acordo com a NR-17 são condições de trabalho que incluem aspectos relacionados ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e às condições ambientais do posto de trabalho e à própria organização do trabalho.

Para Dicler (2004, apud Vecchione et al, 2010), o esforço físico, levantamento e transporte manual de pesos, a exigência de posturas específicas, ritmos excessivos e jornadas prolongadas são os agentes ergonômicos mais presentes em obras, causando cansaço, dores musculares, fraquezas, hipertensão arterial, diabetes, problemas da coluna e ainda, aumenta a susceptibilidade da ocorrência de

(24)

acidentes. É necessário, para evitar a ocorrência destas consequências, a adoção de medidas administrativas da jornada, prevendo pausas, além de investir em maquinário que facilite o transporte de materiais pesados. Treinamento específico também apresenta-se salutar.

2.1.2.5 Riscos de Acidente

Entende-se como risco de acidentes as condições que ocasionam lesão corporal ou perturbação profissional que, no exercício ou por motivo do trabalho, pode resultar a morte do empregado ou a sua incapacidade para o trabalho, total ou parcial, permanente ou temporária.

Mais comum na construção civil, os riscos de acidentes mais presentes são: arranjo físico inadequado, causando acidentes e desgaste físico excessivo; máquinas sem proteção, como consequência gerando graves acidentes; iluminação deficiente, causando fadiga, problemas visuais e acidentes de trabalho; ocasionando curto circuito, choques, incêndios, queimaduras e acidentes fatais, destaca-se as ligações elétricas deficientes; o armazenamento inadequado de materiais, bem como as ferramentas defeituosas e o uso inadequado de EPI são responsáveis pela ocorrência de acidentes de trabalho, bem como o surgimento de doenças ocupacionais (DICLER, 2004 apud VECCHIONE ET AL, 2010).

De modo a evitar esses infortúnios, recomenda-se a instalação de um canteiro adequado, limpo e organizado, bem como o fornecimento de máquinas e ferramentas em boas condições de uso. Há também a necessidade de adotar o uso de Equipamentos de Proteção Coletiva e Individual em bom estado, além de treinar os funcionários para o correto uso destes equipamentos e demais maquinários e ferramentas adotadas nas obras.

2.1.3 Segurança do Trabalho na Construção Civil

A construção civil é um dos ramos da economia que mais contribuem no aumento das estatísticas de acidentes de trabalho no Brasil. Em 2015, de acordo com o Anuário Estatístico da Previdência Social ocorreram mais de 41.000 acidentes de trabalho em construções no país. Este número é inferior apenas ao apresentado pela indústria de alimentícios e bebidas (AEPS, 2015).

(25)

Cada etapa de uma obra pode oferecer riscos das mais diversas naturezas aos trabalhadores, desde a limpeza dos terrenos, quando o maior risco é o ataque de animais peçonhentos, até a construção das coberturas, onde o risco preponderante é a queda em altura.

A NR-18 estabelece diretrizes de ordem administrativa, de planejamento e de organização que objetivam a implementação de medidas de controle e sistemas preventivos de segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na indústria da construção.

Em complemento, foi criada em 2012 a NR-35, específica para estabelecer os requisitos mínimos e as medidas de proteção estabelecidas para o trabalho em altura, envolvendo o planejamento, a organização e a execução, de forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores envolvidos direta ou indiretamente com esta atividade.

A fase de fechamento e alvenaria, a que mais se distingue entre construções tradicionais e construções em taipa de pilão, apresenta um alto registro de dermatoses oriundas da manipulação direta com cimentos e demais substâncias químicas incorporadas aos insumos. Além disso, outro risco é o desprendimento de materiais, em especial blocos cerâmicos (ZARPELON et al, 2008).

A falta de organização no canteiro, que além de acarretar no desperdício de materiais e consequente aumento da geração de resíduos é um dos fatores principais na geração de acidentes (PORTAL SIENGE, 2017). De acordo com Vecchione et al (2010) os principais agentes causadores de acidentes na construção civil são aqueles relacionados ao movimento do corpo, como queda da própria altura, tropeções e dores musculares oriundas do levantamento de peso.

Frente a este cenário verifica-se a importância de se revisar os processos construtivos e, principalmente, treinar os funcionários, incentivando-os a utilizar os equipamentos de proteção individual corretamente e motivando-os a realizar um trabalho limpo e organizado.

2.1.4 Gerenciamento de Riscos

De acordo com Ruppenthal (2013), a gerência de riscos é a ciência que visa a proteção dos recursos humanos, materiais e financeiros de uma empresa. Após a segunda guerra mundial, com a expansão das indústrias e o consequente aumento

(26)

dos riscos incorporados, tornou-se imprescindível garantir a proteção da empresa quanto aos riscos de acidentes.

Figura 01 - Gestão de riscos. Fonte: Ruppenthal, 2013.

Existe uma série de normas que visam o gerenciamento de riscos. Uma das mais utilizadas no Brasil é a OHSAS 18001 (Occupational Health and Safety Assesment Series). Esta norma de caráter preventivo visa a redução e controle dos riscos no ambiente de trabalho seguindo a abordagem PDCA1. A OHSAS 18001 foi elaborada para ser aplicável em organizações de qualquer porte, segmento de mercado, em qualquer lugar do mundo e seu sucesso está diretamente relacionado com o envolvimento de todos na empresa.

Para Ruppenthal (2013), o processo de gerenciamento de riscos envolve a criação de infraestrutura e cultura adequadas, procurando identificar e conhecer os riscos a fim de permitir que as decisões de controle e eliminação de riscos sejam tomadas. Ainda de acordo com a autora, outra forma de compreender o gerenciamento de riscos é por meio dos seus objetivos:

- Gerenciamento do processo de tomadas de decisão; - Identificação de ameaças e oportunidades no sistema; - Aproveitar incertezas e variabilidade;

- Implementar uma gestão proativa e não reativa; - Reduzir perdas e custos com indenizações;

1De acordo com Vasconcellos (2016), o Ciclo PDCA, ou Ciclo de Deming é um conceito criado na década de 20 e amplamente difundido pelo estatístico norte-americano William Edwards Deming aplicado na melhoria contínua de processos de gestão. P (Planejar), D (Do - Executar), C (Controlar) e A (Agir).

(27)

- Atender as exigências legais;

- Atuar na melhoria da qualidade de vida dos colaboradores, oferecendo segurança com relação à não ocorrência de acidentes.

De acordo com Ruppenthal (2013), primeiramente se faz necessário a identificação do risco e sua posterior análise quantitativa e qualitativa. Após a classificação é necessário decidir pelo tratamento dos riscos, que podem ser:

- Modificação do sistema, visando a eliminação do risco;

- Atuação sobre os fatores que influenciam a expectativa de ocorrência ou as consequências, visando reduzir o risco;

- Transferir o risco, por meio de seguros, por exemplo;

- Quando as opções anteriores não forem possíveis, deve-se tomar a medida contingencial de retenção do risco.

A inspeção de segurança é um procedimento que visa facilitar a identificação de riscos e prevenção de acidentes. Os riscos mais comumente encontrados são: falta de proteção de máquinas e equipamentos, falta de ordem e limpeza, mau estado de conservação das ferramentas, iluminação e instalações elétricas deficientes, pisos escorregadios ou em mau estado de conservação, falhas nos equipamentos de proteção contra incêndio e falhas de operação gerais (RUPPENTHAL, 2013). A autora também ressalta a importância da elaboração de um roteiro de inspeção, além da devida documentação destes procedimentos.

2.1.4.1 APR - Análise Preliminar de Riscos

De acordo com De Cicco e Fantazzini (1994) a Análise Preliminar de Riscos (APR) consiste no estudo, durante a fase de concepção ou desenvolvimento prematuro de um novo sistema, com o fim de se determinar os riscos que poderão estar presentes em sua fase operacional. Trata-se de um procedimento de grande importância quando a experiência em riscos de determinada atividade seja ainda carente ou deficiente. Ruppenthal (2013) ressalta que a APR pode ser aplicada em unidades já em operação, permitindo uma revisão dos aspectos de segurança existentes.

Segundo De Cicco e Fantazzini (1994), as etapas básicas de uma APR devem ser as seguintes:

(28)

- Rever problemas conhecidos: revisar a experiência passada em sistemas similares ou análogos para a determinação de riscos;

- Revisar a missão: revisar os objetivos, as exigências de desempenho, as principais funções e procedimentos, bem como os ambientes das operações;

- Determinar os riscos principais: identificar os riscos com potencialidade para causar direta e imediatamente lesões, perda de função, entre outros;

- Determinar os riscos iniciais e contribuintes de cada risco principal;

- Revisar os meios de eliminação ou controle de riscos procurando as melhores opções compatíveis com as exigências do sistema;

- Analisar os métodos de restrição de danos no caso de perda de controle dos riscos;

- Indicar quem levará a cabo as ações corretivas: designar os responsáveis pelas ações corretivas, atribuindo cada unidade a qual deverão desenvolver.

A APR deverá ser sucedida por análises mais detalhadas ou específicas assim que for possível (DE CICCO E FANTAZZINI, 1994). Segue uma exemplificação de uma Análise Preliminar de Riscos referente a um sistema de corte de vergalhões de aço.

Tabela 03 - Exemplo de APR: Sistema de corte de vergalhão de aço.

Risco Causa Consequências

Nível de Risco Medidas preventivas e/ou corretivas Choque Instalações precárias (desencapada); Falta de aterramento; Excesso de umidade; Falha na operação. Equipamento danificado; Lesão ou morte. III Fazer aterramento; Proteger as instalações e os cabos; Usar EPI. Manutenção dos equipamentos regular.

Ruído Falha de manutenção;

Isolamento inadequado.

Surdez temporária ou definitiva.

II

Usar EPI; Manutenção dos equipamentos; Diminuir o tempo de exposição; Troca do equipamento.

Fagulhas Contato do disco com o

vergalhão.

Queimaduras; Contato com os olhos.

II Usar EPI e EPC. Contato com o ponto de operação Falta de proteção no ponto de operação. Corte; amputação. III

Usar EPI e EPC; Treinar operadores. Postura inadequada Altura inadequada da bancada; Manuseio inadequado. Dores musculares. I Adequar equipamentos; Treinar operadores. Fonte: Ruppenthal, 2013 - Adaptado.

(29)

Tabela 04 - Classes para avaliação qualitativa de frequência de ocorrência dos perigos identificados.

Classe Denominação Descrição

A Extremamente remota

Teoricamente possível, mas de ocorrência extremamente improvável ao longo da vida útil da instalação.

B Remota Ocorrência não esperada ao longo

da vida útil da instalação.

C Improvável Baixa probabilidade de ocorrência ao longo da vida útil da instalação. D Provável Ocorrência esperada até uma vez

ao longo da vida útil da instalação.

E Frequente

Ocorrência esperada se repetir por várias vezes ao longo da vida útil da instalação.

Fonte: Ruppenthal, 2013 (Adaptado).

Tabela 05 - Classes para avaliação qualitativa de severidade.

Classe Denominação Descrição

I Desprezível

Não ocorrem lesões ou mortes de funcionários, terceiros e comunidade ao redor. Pode ocorrer primeiros socorros ou tratamento médico menor.

II Marginal Lesões leves em funcionários, terceiros e comunidade ao redor.

III Crítica

Lesões de gravidade moderada em funcionários em terceiros e/ou comunidade ao redor, com probabilidade remota de morte de funcionários e terceiros. Exige ações corretivas imediatas para evitar seu desdobramento em catástrofe.

IV Catastrófica

Provoca mortes ou lesões graves em várias pessoas (funcionários, terceiros e comunidade).

Fonte: Jeronimo e Sousa (2014 apud Amaral, 2010) - Adaptado.

Com base nas determinações das tabelas de frequência e severidade é possível determinar o nível de risco com o auxílio da matriz a seguir.

(30)

Figura 02 - Matriz de Classificação de Riscos usado na APR. Fonte: Jeronimo e Sousa (2014, apud Camacho e Amorim, 2010). 2.1.5 Sustentabilidade

A taipa de pilão é um dos métodos construtivos que menos agridem o meio ambiente. Comparada às técnicas tradicionais, esta se mostra como uma das tecnologias construtivas mais sustentáveis existentes.

De acordo com a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (1987), uma das precursoras na tratativa do conceito de sustentabilidade, este termo se refere ao desenvolvimento que atende as necessidades das gerações atuais sem comprometer a capacidade das gerações futuras de atenderem às suas. Já para a ONU (2002), por meio da Declaração de Johanesburgo sobre Desenvolvimento Sustentável, a sustentabilidade é composta por três pilares interdependentes: desenvolvimento econômico, desenvolvimento social e proteção do meio ambiente, desde o âmbito local até o global.

A construção civil é uma atividade geradora de impactos ambientais: além do intenso consumo de recursos naturais, grandes empreendimentos acarretam a alteração da paisagem e geram resíduos, que, embora sejam classificados como de baixa periculosidade, o impacto fica a cargo da grande quantidade gerada (IPEA, 2012). A quantidade de resíduos sólidos coletada em 2008 somou a marca de 14.557.938,9 toneladas, sendo composto, em sua maioria, por argamassa, concreto e blocos (SNIS, 2010 apud IPEA, 2012).

Frente aos números preocupantes, segundo Corrêa (2009), a incorporação de práticas de sustentabilidade na construção civil vem se tornando uma tendência crescente no mercado. Para o autor, sua adoção é um "caminho sem volta", tendo em vista a crescente pressão, advindas das diferentes esferas sociais, para que as práticas de sustentabilidade sejam incorporadas.

(31)

Uma construção sustentável deve atender a quatro requisitos: adequação ambiental, viabilidade econômica, justiça social e aceitação cultural. A noção de construção sustentável deve estar presente em todo o ciclo de vida do empreendimento (CORRÊA, 2009).

Uma das possíveis soluções é o investimento em novas técnicas e materiais. É nesse contexto que a bioconstrução2 se insere, considerando resíduos como recursos e propondo a utilização de materiais locais, reduzindo custos e gastos energéticos. Terra, pedra, palha e madeira, trabalhados com diferentes técnicas, como a taipa de pilão, são materiais compreendidos pela bioconstrução. Se bem trabalhados, esses materiais e técnicas podem conferir durabilidade e atributos de conforto ambiental superiores se comparadas às técnicas tradicionais (MMA - Ministério do Meio Ambiente, 2008).

2.2 TAIPA DE PILÃO

2.2.1 O que é, vantagens e desvantagens

Taipa de pilão é um método construtivo milenar de origem mourisca que consiste basicamente na compactação de barro vermelho, através do apiloamento, que pode ser manual ou mecanizado, dentro de fôrmas de madeira, os chamados taipais. A medida que se conclui uma fiada, ou seja, quando o nível de terra atinge a parte mais alta do taipal, este é desmontado e em seguida remontado ao alto da parede para assim seguir subindo (MMA, 2008).

Figura 03 - Esquema explicativo da construção em taipa. Fonte: Curso de Bioconstrução - MMA, 2008.

2

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (2008), bioconstrução é o termo utilizado para a construção de ambientes sustentáveis por meio do uso de materiais de baixo impacto ambiental, adequação da arquitetura ao clima local e tratamento de resíduos.

(32)

Os materiais empregados são basicamente terra, madeira e pregos (MMA, 2008). No método não mecanizado, em algumas regiões são misturados alguns aditivos à terra, para garantir durabilidade, como areia, cal, cascalho, fibra vegetal e até o estrume de animais (ALBERNAZ E LIMA, 1998 apud PISANI, 2004). O apiloamento pode ser realizado com pilões ou soquetes de diferentes tipos, inclusive mecanizados (MMA. 2008).

Figura 04 - Tipos de pilão manual (ou soquetes). Fonte: Curso de Bioconstrução - MMA, 2008.

Figura 05 - Pilão pneumático.

Fonte: Taipal. Disponível em: http://taipal.com.br/ Acesso em: 12 Jan. 2018

De acordo com a MMA (2008), as paredes construídas em taipa de pilão possuem de 30 a 120cm de espessura. Cada camada de terra apiloada possui de 10 a 15cm de altura e os taipais variam de 1 a 1,5m de altura e 2 a 4m de comprimento. Dentre as vantagens deste sistema construtivo destaca-se o baixo custo, a sua rápida execução, qualidades ambientais e a sustentabilidade. Já dentre as desvantagens, a principal é a fragilidade do material contra a umidade, além disso apresenta limitação vertical e há a formação de trincas com a secagem da terra. Outra desvantagem é que, devido ao fato de não ser um material padronizado, este deve ser analisado em cada local que se deseja construir para que sejam propostas correções com aditivos de maneira assertiva (PISANI, 2004).

(33)

De acordo com Schimdt (1946 apud Pisani, 2004), a tipologia de terra a ser utilizada deve ser a vermelha, no entanto são bem aceitas também a roxa e a parda graças a boa trabalhabilidade apresentada, devendo ser isenta de areias, pedregulhos e material orgânico.

São várias as técnicas que usam a terra como matéria prima. Existe uma segunda tipologia de taipa, chamada taipa de mão, conhecida como pau-a-pique, no entanto esta técnica se diferencia substancialmente da taipa de pilão e, portanto, não será considerada nesta pesquisa.

2.2.2 Histórico

Existem registros de construções em terra há cerca de 5000 anos antes de Cristo, ao longo do Rio Amarelo, na China. Nos primórdios de seu uso, a taipa foi utilizada como uma conversão de um recurso disponível em uma parede de proteção (OLIVEIRA, 2012).

Segundo Oliveira (2012), no início do século XX importantes arquitetos como Le Corbusier projetaram edifícios em taipa, sendo esta técnica uma solução para os períodos pós guerra na Europa, devido a escassez de materiais. De acordo com Hoffmann (2017), na América, os mais antigos monumentos em terra são devidos às culturas pré-incaicas estabelecidas ao norte do Peru.

No Brasil, a construção em taipa foi trazida pelos portugueses e os escravos africanos também contribuíram para a difusão do uso da terra crua (MILANEZ, 1958 apud OLIVEIRA, 2012). De acordo com Colin (2010), a técnica foi bastante utilizada no país principalmente durante a época colonial.

De acordo com Schmidt (1946, apud Pisani, 2004), a taipa de pilão caiu em desuso a partir da década de 1940, devido à maior rapidez em se construir com os tijolos maciços comuns. Além disso, a mão de obra formada por taipeiros começou a desaparecer, dando lugar aos pedreiros, cuja formação profissional é mais rápida.

2.2.3 Resgate da Taipa

De acordo com Oliveira (2012), a preocupação com o meio ambiente e a crise energética fez acender no mundo, intensas discussões a partir da década de 1970.

(34)

Na construção civil pesquisas desenvolveram uma verdadeira infinidade de materiais e técnicas capazes de reduzir o impacto ambiental das obras. Alguns estudos ficaram pautados em observar técnicas construtivas antepassadas e a taipa de pilão passou novamente a ser valorizada, principalmente em países como Estados Unidos, França, Austrália e Índia

No Brasil, alguns arquitetos já utilizam a técnica, como é o caso de uma construtora de Piracicaba/SP, uma das precursoras na construção em taipa de pilão mecanizada no país.

Figura 06 - Residência Colinas, realizada em taipa de pilão, concreto e madeira. Fonte: Taipal. Disponível em: http://taipal.com.br/

Acesso em: 12 Jan. 2018

Apesar de ser o centro das atenções de alguns seminários e debates no Brasil, o uso da arquitetura em terra ainda se encontra concentrado no uso da técnica vernacular, sendo ensinado de maneira superficial em ONGs e ecovilas ou utilizado em obras de restauro arquitetônico (OLIVEIRA, 2012).

Apesar de apresentar fragilidades, a taipa de pilão pode apresentar qualidade construtiva similar às técnicas convencionais, basta observar as casas bandeiristas paulistas, com mais de três séculos de existência. Quanto à proteção contra a umidade é aconselhada a instalação de beirais maiores, além de se construir patamar em concreto de modo a evitar a formação de umidade nas bases da obra, oriunda de enxurradas (PISANI, 2004). Logo, verifica-se a perfeita aplicabilidade da técnica nos dias atuais, desde que sejam tomados alguns cuidados necessários.

(35)

2.2.4 Descrição das Etapas da Construção

De acordo com Oliveira (2012), a construção em taipa de pilão obedece a sete etapas básicas: fundação, montagem dos taipais, preenchimento dos taipais, realização das esquadrias e aberturas, cintamento e cobertura e, por fim, acabamento. Cada uma destas etapas serão descritas para entendimento e posterior levantamento de riscos oriundos de cada uma delas.

A fase inicial, a de fundação, consiste na construção de uma sapata corrida nivelada, em toda a extensão de onde as paredes de taipa de pilão se apoiarão. Esta estrutura tem parte subterrânea e parte acima do solo, de modo a evitar a ação da água por capilaridade nas paredes quando em contato direto com o solo. Com a finalidade de melhorar a aderência da fundação com a parede podem ser instaladas peças de madeira ou bambu fincadas verticalmente (OLIVEIRA, 2012).

A etapa seguinte consiste na montagem das formas, semelhante ao método vernacular, mencionado no capítulo anterior. Segundo Oliveira (2012), são comumente utilizadas fôrmas para concreto armado, podendo ser de madeira, ferro, alumínio ou plástico e os instrumentos de suporte e fixação, metálicos.

Após a montagem do taipal, ocorre o preenchimento destes. De acordo com Oliveira (2012), o transporte da terra é realizado com o auxílio de tratores e esteiras rolantes, ou mesmo manualmente. Após a deposição da terra, esta é comprimida por golpes realizados por pilões pneumáticos, primeiramente nos cantos da forma, e depois no centro, de 3 a 4 vezes na mesma superfície (VERALDO, 2015). Após a compactação são realizadas ranhuras na camada inferior de modo que a camada superior fique melhor aderente.

Para a realização de aberturas, existem duas possibilidades: as janelas de peitoris, em que o peitoril é construído em taipa de pilão, e as janelas rasgadas, que possuem abertura do chão ao teto e posteriormente são preenchidas por tijolos de adobe3 ou madeira. Os marcos de madeira das esquadrias são robustos e resistentes para suportar as cargas. Estes marcos são afixados por chumbadores embutidos em rasgos feitos na parede e assentados com argamassa composta por material similar do qual é feito a parede (OLIVEIRA, 2012).

3

De acordo com o MMA (2008), tijolo de adobe é um bloco composto por barro e palha mesclados, moldado e seco naturalmente.

(36)

No topo das fôrmas são construídas vigas armadas de concreto ou madeira, que transferem a carga da cobertura para as paredes autoportantes. As instalações hidráulicas e elétricas podem ser colocadas externamente ou embutidas à parede, durante o preenchimento destas (OLIVEIRA, 2012).

As paredes podem ser finalizadas com a aplicação de argamassa para revestimento cerâmico, gesso ou massa corrida. Empregam-se ainda, azulejos lisos e tábuas. A pintura é comumente realizada com tintas de origem natural ou à base d'água (OLIVEIRA, 2012). Se a escolha do projetista é de manter o aspecto natural das paredes em taipa de pilão, é aconselhado o uso de materiais hidrofugantes, de modo a evitar a penetração de umidade.

(37)

3 METODOLOGIA

A metodologia inicialmente escolhida para elucidar a pesquisa foi elencar obras que utilizassem a taipa de pilão mecanizada como método construtivo para posterior contato com seus responsáveis de modo a realizar uma visita a alguma destas obras.

Após o retorno de um dos construtores contatados, a visita ocorreu no dia 01 de fevereiro de 2018, em uma obra no bairro Vila Mariana, na cidade de São Paulo/SP. O canteiro é de um edifício de apartamentos tipo quitinete, que possuiria um muro frontal em taipa de pilão.

A visita já havia sido previamente agendada, no entanto devido às chuvas intensas do mês de janeiro, a terra enviada para compactação estava encharcada, o que atrasou o processo. Foi possível apenas observar as primeiras fases da construção do muro, como a fundação e fôrmas já finalizadas. De acordo com o arquiteto responsável, a compactação de terra iniciaria no dia 05 de fevereiro, com duração estimada de dois dias.

Estava prevista a medição de ruído, com o auxílio de um medidor de intensidade sonora emprestado pela Universidade, bem como a observação da atividade seguida de uma conversa com o empreiteiro e o operário responsável pela compactação. Algumas informações foram enviadas posteriormente via correio eletrônico pelo arquiteto responsável pela construção do muro.

O muro, com aproximadamente 13 metros de extensão e 3 metros de altura, conta com cabeamento embutido e, associado ao paisagismo do novo empreendimento, cria um elemento de destaque.

Frente ao ocorrido, não foi possível realizar as medições e, frente a impossibilidade de realização de uma nova visita, devido a até então escassez de obras, a estratégia de análise dos riscos baseou-se em uma simulação reduzida do processo. Por meio desta será possível aferir o nível de intensidade sonora, bem como os índices de vibração que o equipamento de apiloar expõe o operário.

Com o auxílio do técnico responsável pelo canteiro experimental da UTFPR, foi realizada a construção de uma fôrma retangular de chapas de madeira (100x30x30) para posterior preenchimento com terra e sua compactação com o auxílio do compactador de solo, da marca Wacker Neuson, modelo BS50-2i movido a gasolina. O equipamento foi alugado da empresa Casa do Construtor, em

(38)

Curitiba/PR. Este modelo é o mais similar ao utilizado encontrado no mercado de locação de equipamentos na região e obtém resultados semelhantes.

Figura 07 - Fôrma de madeira 100x30x30. Fonte: Autor (2018).

O compactador utilizado possui 58Kg, com uma energia de impacto de 50 Joules, conferindo um rendimento de 301m2/hora. Seu consumo médio é de 1,0 litro de combustível por hora de uso.

Figura 08 - Compactador Wacker Neuson BS50-2i. Fonte: Autor (2018).

Além da observação do processo, previu-se a medição de ruído emitido da máquina, bem como a aferição da vibração de mãos e braços do operário.

(39)

A aferição do ruído deu-se, seguindo as orientações da NR-15. O ruído foi identificado como contínuo, portanto utilizando a curva A e velocidade de resposta lenta (SLOW). O equipamento utilizado foi um decibelímetro digital da fabricante Minipa, modelo MSL-1325A, obtido como empréstimo da Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

Figura 09 - Decibelímetro Minipa MSL-1325A. Fonte: Autor (2018).

Já a vibração foi aferida com o auxílio do mestrando em Engenharia Civil da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Sr. Adriano Gregori. Esta medição ocorreu utilizando um acelerômetro de modelo AP2042, cujas células de captação foram fixadas na mão do operador. Estavam previstas três medições de aproximadamente um minuto cada. Uma delas seria sem o uso de luvas, outra com o uso de uma luva de borracha comum e uma terceira medição com a operação conjunta de dois usuários.

(40)

Figura 10 - Acelerômetro AP2042. Fonte: Autor (2018).

Figura 11 - Medição da vibração com o acelerômetro. Fonte: Autor (2018).

A previsão era de se realizar as medições no canteiro experimental do bloco IJ da sede Ecoville da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, no entanto, o manual de instruções do compactador proíbe expressamente o uso deste equipamento em local fechado, optando-se assim, por realizar as medições na área externa da residência do autor desta monografia.

Esta simulação, portanto, ocorreu no dia 26 de março de 2018, entre as 14h e 15h30, no bairro Santa Felicidade, em Curitiba/PR.

Após a obtenção dos dados, pretende-se confrontá-los com as normas vigentes, em especial a NR-9 e NR-15, estabelecendo critérios de segurança para as atividades.

(41)

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Com base na acurada análise dos processos de construção em taipa de pilão é possível plotar uma análise preliminar de riscos, observando os perigos, as causas, suas consequências e respectiva severidade de cada uma, bem como prospectar medidas de prevenção, controle ou correção dos riscos levantados.

4.1 LEVANTAMENTO DOS RISCOS

4.1.1 Fundação

A fase de fundação de uma obra em taipa de pilão é muito semelhante à das técnicas tradicionais que vêm sendo empregadas na construção civil e, portanto, os riscos também são análogos.

A primeira condição identificada é compartilhada com praticamente todas as outras fases posteriores da obra: o trabalho a céu aberto, deixando o trabalhador exposto às intempéries, principalmente em caso de temperaturas extremas, que podem causar queimaduras e insolações, em caso de calor, ou doenças respiratórias no caso de baixas temperaturas.

A escavação de terra manual, realizada com o auxílio de foices e pás, apresenta riscos de acidente com as ferramentas e também riscos ergonômicos, devido à má postura exigida, além do levantamento de peso excessivo.

Para montagem da fôrma que posteriormente receberá as armaduras e o concreto, se faz necessário um trabalho de carpintaria, envolvendo atividades de prega por exemplo, que podem causar ferimentos, como cortes, punções e esmagamentos de membros, especialmente dedos.

A base da escavação precisa ser bem nivelada. Para tal podem ser utilizados compactadores, que representam riscos a serem discutidos posteriormente.

A falta de organização e asseio do canteiro é outra condição que pode gerar acidentes. Pisos desnivelados e com presença de material espalhado pode favorecer, por exemplo, o acontecimento de quedas de própria altura dos trabalhadores. A falta de limpeza, de um modo geral, pode atrair animais peçonhentos, bem como insetos indesejados que transmitem doenças.

(42)

O uso da carriola também faz-se necessário para o transporte de insumos. Esta atividade representa riscos de origem ergonômica, como má postura e transporte de peso excessivo.

Após a montagem das fôrmas são alocadas as ferragens. O transporte destes materiais de grandes dimensões podem causar acidentes no canteiro, como perfurações e colisões em caso de descuido.

Se for necessário algum ajuste, o corte e a dobra do aço gera riscos de acidentes: durante o corte com auxílio de equipamentos mecânicos podem ocorrer cortes de membros, entorses, além de queimaduras em caso de contato do motor com a pele, bem como choques se o equipamento não estiver em dia com a sua manutenção. Outro risco inerente a esta atividade é o ruído intenso provocado pelo contato do disco com a ferragem.

Alocadas as ferragens ocorre, finalmente, a concretagem. O uso da betoneira inspira cuidados: esta, além de expor os operadores a ruídos intensos, pode projetar agregados, causando ferimentos. Esta pode também liberar poeiras, propiciando problemas respiratórios, alergias e até queimaduras na pele nos operadores. Tanto o carregamento, quanto o descarregamento da betoneira gera riscos de levantamento de peso excessivo. A operação de betoneiras não aterradas adequadamente representa risco de choques elétricos.

Em seguida ocorre a deposição e espalhamento de concreto na fôrma, com o auxílio de pás, apresentando riscos ergonômicos, devido à má postura exigida.

4.1.2 Montagem das Fôrmas

A fase de montagem das fôrmas, ou taipais, ocorre, geralmente, a céu aberto, expondo os trabalhadores às ações climáticas.

As fôrmas são compostas de peças metálicas e chapas de madeira, havendo a necessidade de trabalho de carpintaria, como pregas e cortes de chapas, representando risco de cortes, perfurações e esmagamentos de membros. O transporte das peças metálicas, muitas delas de grandes dimensões, pode causar acidentes, bem como sobrecarga física dos operários devido à má postura exigida para o trabalho, além de carregamento de peso excessivo.

(43)

Existe ainda, a condição de trabalho em altura, no posicionamento das peças acima de dois metros, conforme estabelecido pela NR-35, havendo o risco de queda de nível.

4.1.3 Preenchimento das Fôrmas

Uma vez montadas as fôrmas, inicia-se o processo de preenchimento para posterior apiloamento da terra em seu interior.

Como nas etapas anteriores, esta fase da obra é geralmente executada a céu aberto, expondo os trabalhadores a fatores climáticos.

O transporte de terra é feito com o auxílio de carriolas e pás, representando riscos ergonômicos, como sobrecarga e distensões devido à má postura exigida pela atividade, bem como carregamento manual de peso excessivo. Quando as paredes já estão em certa altitude, o carregamento de terra é feito pelo içamento de baldes, também representando riscos ergonômicos.

Outra condição geradora de riscos da referida atividade é o trabalho em altura, tendo em vista que as paredes geralmente são construídas com mais de dois metros, o que, associado a outros fatores, pode possibilitar a ocorrência de quedas dos trabalhadores, além da queda de ferramentas e materiais.

4.1.4 Compactação da Terra

Esta é a fase mais importante das obras em taipa de pilão mecanizada - é a que dá forma ao projeto - mas também que expõe os operários envolvidos a alguns riscos específicos.

Ao passo que a técnica mecanizada confere rapidez e eficiência se comparado ao processo antigo da taipa de pilão, esta pode expor o trabalhador a riscos mais severos, destacando-se a vibração e o ruído.

De acordo com a simulação realizada, os índices de vibração se apresentam muito acentuados, possibilitando ao operário uma exposição muito pequena ao risco. Segundo a NR-9, em seu item 4.2.3, o limite de exposição ocupacional diária à vibração em mãos e braços corresponde a um valor de aceleração resultante de exposição normalizada (aren) de 5m/s2, considerando o nível de ação sendo 50% deste índice.

(44)

Na primeira medição, de 50 segundos, obteve-se uma aceleração resultante de 0,38m/s2, indicando que o operário, segundo a NR-9, poderia realizar a atividade de compactação por, no máximo, 10 minutos e 58 segundos.

Na segunda medição, com a utilização de luvas de borracha, ocorreu uma atenuação. A aceleração resultante obtida foi de 0,35m/s2 em uma medição de 55 segundos, podendo o operário realizar a atividade por, no máximo, 13 minutos e 6 segundos.

Na terceira aferição, realizada com dois operários em conjunto, houve uma piora do quadro, quando a terra já se encontrava mais compactada. A medição durou 36 segundos, apresentando uma aceleração de 0,49m/s2, podendo o operário realizar a atividade por, no máximo, 6 minutos e 7 segundos.

Considerando-se a alínea 4.2.2 da NR-9, para a adoção de níveis de ação, basta atingir 50% dos tempos anunciados, ou seja, números muito baixos, exigindo a adoção de medidas administrativas, como rodízios ou a substituição do equipamento, por exemplo, tendo em vista que os compactadores encontrados no mercado não são específicos para este tipo de trabalho, sendo interessante também, o desenvolvimento de um compactador adaptado à realidade da atividade.

Nos gráficos a seguir, é possível observar que, mesmo com apenas 1 hora de exposição os níveis de vibração já estariam, pelo menos, quatro vezes acima do nível desejado para uma jornada de trabalho completa de 8h (representado pela linha pontilhada, de acordo com a NR-15).

Figura 12 - Gráfico dos níveis obtidos de aceleração referentes a 1h de exposição. O nível tracejado indica o limite de tolerância diário proposto pela NR-15.

(45)

Figura 13 - Gráfico dos níveis obtidos de aceleração referentes a 8h de exposição. O nível tracejado indica o limite de tolerância diário proposto pela NR-15.

Fonte: Autor (2018).

Ao que se diz respeito ao ruído, o índice máximo obtido nas medições foi de 97dB(A), podendo o operário estar exposto por um período de, no máximo, 1 hora e 15 minutos, de acordo com o Anexo I da NR-15.

Além dos altos índices de vibração e ruído, a compactação mecanizada representa outros riscos. O peso excessivo do próprio equipamento, cerca de 58Kg, é um fator que gera riscos, em especial de origem ergonômica, tendo em vista que não existem dispositivos que facilitem seu carregamento.

O próprio ato de apiloar gera riscos. De acordo com o arquiteto especialista na técnica, já ocorreram casos em que os operários golpearam os próprios pés com o compactador. Ainda segundo ele, devido ao fato de a atividade ocorrer a céu aberto já houveram casos de insolação, bem como queixas de dores nas costas oriundas do carregamento de peso excessivo. Como as fôrmas são geralmente estreitas (variando entre 30 e 60cm), de acordo com o arquiteto consultado, é comum que os operários choquem seus membros contra a estrutura das fôrmas, causando pequenas lesões, especialmente nos joelhos.

Ainda existe o perigo de trabalho em altura, tendo em vista que, geralmente, as estruturas de taipa de pilão possuem mais de dois metros de altura.

Referências

Documentos relacionados

A espectrofotometria é uma técnica quantitativa e qualitativa, a qual se A espectrofotometria é uma técnica quantitativa e qualitativa, a qual se baseia no fato de que uma

Considerando que essa despesa foi utilizada para fins de gerenciamento de resultados visando alinhá-lo a previsão dos analistas, espera-se que o efeito da mudança da ETR do quarto

Sem desconsiderar as dificuldades próprias do nosso alunado – muitas vezes geradas sim por um sistema de ensino ainda deficitário – e a necessidade de trabalho com aspectos textuais

Os desempregados com idade compreendida entre 17 e 64 anos residentes na Finlândia têm direito a um subsí- dio de apoio ao mercado de trabalho no caso de terem esgotado o direito

Mesmo com a limitac¸˜ao de ter uma perna de pau (a esquerda), ele ganhou seis medalhas na gin´astica: trˆes de ouro, duas de prata e uma de bronze.. O gerente de uma loja de

Preparamos alguns desenhos da consciência negra para você professor imprimir e ajudar os alunos a colorir enquanto aprendem mais sobre esta data..!. A equipe do Minhas

Centro Caraívas Rodovia Serra dos Pirineus, Km 10 Zona Rural Chiquinha Bar e Restaurante Rua do Rosário Nº 19 Centro Histórico Codornas Bar e Restaurante Rua Luiz Gonzaga

No que diz respeito ao reforço de construções de taipa já existentes, a forma mais comum e antiga consiste na execução de contrafortes (geralmente em alvenaria de pedra) que