MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO Título: Implementação de ferramenta de gestão em organizações públicas: o caso Embrapa Gado de Leite
Autora: Sorele Carpanez Veiga Orientador: Ricardo Corrêa Gomes Data da defesa: 25/06/2007
A utilização de ferramentas que contribuam para a melhoria do proces-so administrativo das organizações não ficou restrito ao setor privado. No de-correr dos anos, os contribuintes e clien-tes das instituições públicas e sem fins lucrativos passaram a exigir maior efici-ência quanto à prestação de serviços dessas organizações. Foi a partir de en-tão que instrumentos anteriormente de-senvolvidos e utilizados no setor priva-do começaram a ser adaptapriva-dos de for-ma a atender às necessidades de tais ins-tituições. Mas, devido ao fato de o con-texto organizacional das instituições pú-blicas ser diferente, este trabalho se pro-pôs verificar quais fatores influenciam o processo de implantação de uma ferra-menta de gestão em uma empresa públi-ca brasileira. O estudo foi feito analisan-do-se a implementação do modelo adap-tado da ferramenta de gestão Balanced Scorecard denominado Modelo de Ges-tão Estratégica desenvolvido de forma a atender às necessidades da Empresa Bra-sileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Embora o processo tenha ocorrido em toda a organização, a pes-quisa, descritiva e exploratória, foi de-senvolvida na unidade Embrapa Gado de Leite, localizada na cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais. Para a coleta de dados, utilizou-se a análise de documentos, valendo-se da análise de conteúdo nas
entrevistas semiestruturadas realizadas na instituição estudada. Além do fato de o presente trabalho ter examinado como se deu a implementação do BSC, este também observou a institucionalização da ferramenta. A partir da coleta de da-dos, foi possível identificar aspectos que contribuíram para a implantação do BSC e visualizar o que ocasionou a des-continuidade da ferramenta. Quanto ao institucionalismo, este permitiu o enten-dimento do posicionamento dos funcio-nários da instituição com relação à fer-ramenta durante a sua implementação.
Título: Criminalidade violenta em Minas Gerais: uma proposta de alocação de re-cursos em segurança pública
Autor: Paulo Roberto Scalco
Orientador: Adriano Provezano Gomes Data da defesa: 15/08/2007
O presente trabalho teve como objetivo apresentar uma nova proposta de combate à criminalidade em Minas Gerais, com base na realocação de re-cursos em segurança pública. A ideia pro-posta é alocar os recursos com base em critérios definidos que reflitam a real ne-cessidade de cada município, somado a indicadores de eficiência, criando assim um ranking de necessidades de recursos entre os 851 municípios mineiros anali-sados. Para isso, primeiramente, foi rea-lizado um estudo sobre a evolução e dis-persão da criminalidade durante o perí-odo de 1986 a 2005 no estado mineiro. Por meio do coeficiente de Gini, coeficien-te de variação e técnicas de análise exploratória de dados espaciais, foi possí-MESTRADO EM ECONOMIA
vel verificar que, em média, as taxas de criminalidade aumentaram mais de 459% no período analisado; apenas as taxas de crimes violentos contra o patrimônio tive-ram crescimento superior a 1.000%. Além disso, foram verificadas maior distribuição das taxas entre os municípios de pequeno porte e, por meio do coeficiente de Gini, tendência de convergência e consequente homogeneização das taxas entre os muni-cípios mineiros. Entretanto, embora o ta-manho dos municípios seja fator determinante das taxas de criminalidade, essa tendência de homogeneização tem ocorrido à custa do aumento das taxas de criminalidade nos menores municípios do estado. Os resultados encontrados por meio das técnicas de econometria espacial evidenciam a existência de dependência espacial entre os municípios mineiros. As-sim, verificou-se que, em média, municípi-os com altas taxas de criminalidade são circundados por outros também com altas taxas de criminalidade; pôde-se identificar a formação de quatro clusters espaciais para taxas de crimes violentos contra a pes-soa e contra o patrimônio. A partir deste estudo, pôde-se, portanto, identificar algu-mas características importantes, que de-vem ser consideradas em qualquer políti-ca de segurança públipolíti-ca. Nesse contexto, construiu-se a proposta de realocação de recursos em segurança pública, a qual con-siste na utilização de taxas espaciais de criminalidade, que captam a dependência espacial observada entre os municípios, além de considerar o tamanho e a eficiên-cia técnica na alocação dos recursos de cada município. Assim, a proposta apre-sentada consiste num modelo dinâmico que tende a ser estável no ponto de equilíbrio equitativo, pois municípios com maiores taxas de criminalidade e eficiência técnica
tendem a receber mais recursos num pri-meiro momento; contudo, como as variá-veis utilizadas apresentam valores relati-vos, é esperado que num segundo instante esses municípios apresentem redução de suas taxas de criminalidade e eficiência. Dessa forma, à medida que os municípios que foram contemplados com mais recur-sos tendam a reduzir esses indicadores, a necessidade de alocar mais recursos passa a ser daqueles que não receberam nenhum recurso no primeiro momento. A simula-ção realizada para Minas Gerais indicou que, atualmente, os municípios que mais necessitariam de recursos seriam Uberlândia, Montes Claros, Contagem, Sete Lagoas e Betim e, respectivamente, os que menos necessitariam seriam Belo Horizonte, Governador Valadares, Ipatinga, Barbacena e Juiz de Fora. A ex-pectativa é de que, com a adoção dessa política, no longo prazo, tanto as taxas de criminalidade quanto as disparidades ob-servadas sejam reduzidas.
Título: Análise das condições de traba-lho dos educadores numa perspectiva ergonômica: o caso do Laboratório de Desenvolvimento Infantil
Autora: Adla Alves Alexandre
Orientadora: Simone Caldas Tavares Mafra
Data da defesa: 28/06/2007
A forma de organização do espaço de uma sala-ambiente onde são realiza-das atividades pedagógicas e a dinâmica definida para a relação entre os seus di-versos componentes irão refletir o cená-MESTRADO EM ECONOMIA DOMÉSTICA
rio da aprendizagem e do processo de desenvolvimento infantil. Considerando este aspecto, o espaço deve, além de aten-der a seus objetivos, proporcionar con-forto, bem-estar, saúde e segurança aos seus usuários para a realização do seu trabalho. Logo, problematiza-se que o fato de o trabalhador/educador atuar em um ambiente projetado para atender às crianças poderá ocasionar problemas referentes à saúde, ao bem-estar, à segu-rança e ao conforto, o que influenciará, diretamente, a sua qualidade de vida no trabalho. O objetivo deste estudo foi analisar as condições de trabalho e suas implicações nas atividades realizadas na sala-ambiente e sobre a qualidade de vida no trabalho (QVT) dos educadores que atuam nas instituições de educação infantil com crianças de 2 a 5 anos de idade. A pesquisa foi realizada no Labo-ratório de Desenvolvimento Infantil (LDI), localizado no campus da Univer-sidade Federal de Viçosa, em Viçosa, Minas Gerais, sendo a população do es-tudo as educadoras da sala 3, que aten-dem a crianças de 3 a 4 anos de idade. Para a coleta de dados, foram utilizadas entrevistas com os educadores e obser-vações das atividades realizadas na sala, utilizando-se filmagens e fotografias como instrumentos de registro. Os da-dos obtida-dos indicam que há aspectos positivos e negativos em relação à QVT das educadoras; que as funções prescri-tas pela instituição são condizentes com a rotina e as atividades desenvolvidas; que as educadoras adotam posturas ina-dequadas na realização destas ativida-des, havendo necessidade de uma inter-venção ergonômica nesse sentido; e que, em relação ao mobiliário, a cuba, onde é realizada a higienização das crianças, é
o equipamento que mais causa prejuízo à manutenção de posturas adequadas. A análise dos dados obtidos subsidiou a estruturação de uma proposta de instru-mento de avaliação das condições de tra-balho dos educadores de crianças de 2 a 5 anos de idade, considerando o uso do corpo. Este instrumento é composto por três fichas de observação, relacionando-se as posturas corporais adotadas nas diferentes áreas de interesse e o tempo de permanência, a frequência de com-portamentos e a representação das pos-turas adotadas durante a execução do trabalho. Concluiu-se que a organização do ambiente nas salas não oferece condi-ções de trabalho às educadoras no que se refere à adoção de posturas laborais adequadas na realização de determina-das atividades e que a partir da análise das suas condições de trabalho podem ser feitos um diagnóstico e uma propos-ta de ação para promover melhoria na sua QVT.
Título: A emigração sob o olhar de quem fica: uma análise das experiências de fa-mílias do município de Ipaba-MG Autora: Luciane Germano Simões Coe-lho
Orientadora: Neide Maria de Almeida Pinto
Data da defesa: 30/05/2007
A migração internacional de brasi-leiros ganha destaque nas últimas déca-das. O Brasil, historicamente conhecido como destino de diversas correntes mi-gratórias, especialmente a partir de 1980, presencia um volume expressivo de bra-sileiros em direção a outros países. Com o processo de globalização
contemporâ-neo e as profundas modificações que as-solam o mundo do trabalho, esta tem sido a saída encontrada por muitos brasileiros na busca pela melhoria do nível de vida. Com a ausência desse integrante, a família que fica passa a vivenciar novas experiên-cias e transformações. Portanto, este tra-balho teve como objetivo analisar as consequências da migração internacional nas famílias que tiveram um ou mais de seus membros migrando para o exterior e o significado dessa experiência para o grupo, bem como analisar as transforma-ções que a migração internacional vem provocando na economia e no espaço ur-bano do município de Ipaba-MG. A pes-quisa de abordagem qualitativa contou com entrevista semiestruturada realizada com 12 famílias de migrantes desse muni-cípio, além de discussão teórica sobre as temáticas migração internacional, família e rede social. Os resultados demonstra-ram que em Ipaba os indivíduos migdemonstra-ram para os Estados Unidos em busca do so-nho de obtenção da casa própria. Para realização desse projeto, contam com a presença dos membros da família, que auxiliam tanto nos recursos da partida, nos interesses deixados pelo migrante no município de origem, como também pres-tam apoio necessário para a chegada do migrante por meio da rede social. Com as remessas enviadas pelo migrante às famí-lias que ficam, a economia do município vem gradativamente se desenvolvendo, especialmente no setor da construção ci-vil, por meio das casas que são construídas, modificando o espaço urbano da cidade. Ainda assim, a migração provoca trans-formações na organização familiar, espe-cialmente no que se refere às mudanças de papéis sociais ocorridas nas famílias de pais migrantes. Com a saída do pai,
cabe à mãe, “sozinha”, comandar a casa, os filhos e até as finanças, ampliando o seu papel diante do grupo familiar. No entan-to, observou-se também a existência de estratégias criadas para a manutenção do poder e da autoridade do pai que migrou e da perda do papel das esposas, que pas-sam a viver com a ausência dos maridos. Para as famílias, a experiência migratória pode significar a possibilidades de melhoria das condições de vida, possibi-lidades de aprendizagem de uma convi-vência longe de quem migrou e possibili-dades de melhorias das relações familia-res promovidas pela distância e pela au-sência. Conclui-se que a migração inter-nacional do município de Ipaba é um pro-jeto coletivo, ao refletir os anseios do gru-po familiar, que, para ser efetivado, tem a participação efetiva dos membros da fa-mília nas esferas financeira, social e emo-cional, além de ser um projeto com tem-po e finalidade determinados, implicando continuamente perdas e ganhos para as famílias e para os migrantes.
Título: A separação judicial litigiosa como drama social: narrativas, versões e motivos da crise conjugal, em Montes Claros – MG
Autora: Elizandra Klem Coutinho Orientadora: Maria de Fátima Lopes Data da defesa: 27/07/2007
Na virada do século XIX para o XX, a proclamação da República trouxe para o país a oportunidade de colocar em prática os ideais burgueses de “mo-dernização”, de “igualdade e liberdade”, que há algum tempo eram discutidos pela elite local. Adequar o país aos propósi-tos do novo regime era, portanto, o ideal
e o objetivo dos republicanos. Para tan-to, foram criados aparatos legais que le-galizassem estes projetos e dessem à República a base jurídica para sua governabilidade. É neste contexto que o primeiro Código Civil foi criado, apre-sentando à sociedade um conjunto de direitos e deveres que passaram a reger juridicamente a vida civil dos brasileiros. No que tange à família, foi legitimado um único modelo de organização familiar por meio do casamento civil, instituição que teve seus pressupostos, direitos e deveres claramente definidos. O modelo de família republicano, apresentado pelo Código Civil, foi caracterizado pela hierarquização entre homens e mulhe-res. Aos homens, foi destinada a chefia do lar, sendo responsabilizados pela manutenção financeira e pela proteção “moral” da família. As mulheres foram consideradas civilmente incapazes, sen-do subjugadas à representação masculi-na e ao exercício da maternidade e orga-nização dos serviços domésticos. Outra característica do modelo legítimo de fa-mília, apresentado pelo Código Civil, foi a indissolubilidade do vínculo conjugal. O casamento civil, assim como o casa-mento sacracasa-mento, legislado no Brasil desde os primórdios da colonização pe-las leis canônicas, permaneceu como um laço indissolúvel, que apenas poderia ser rompido pela morte de um dos cônju-ges. Entretanto, as leis cíveis apresenta-ram às famílias o desquite, que permitia aos cônjuges pôr fim à sociedade conju-gal, determinando a separação de corpus, a guarda dos filhos e o fim do regime patrimonial pela separação dos bens. Es-tabelecia-se uma nova condição civil: a dos desquitados. No entanto, o desquite não deixava livres os cônjuges para
no-vas núpcias. Frente a esta estrutura legal criada pelo “novo regime” para organi-zar as famílias dentro dos moldes repu-blicanos, nesta pesquisa os olhares se voltaram para as famílias que se “desvia-ram” desses ideais e que revelaram à jus-tiça seus conflitos conjugais e comporta-mentos “desviantes” durante a separa-ção judicial litigiosa. Dessa forma, com o objetivo de entender como as famílias interpretaram e se apropriaram, ou não, desses propósitos de organização fami-liar propostos pelas leis cíveis, foram analisados processos de desquite litigio-sos, ocorridos na Cidade de Montes Cla-ros – MG. Foram analisados 26 proces-sos, datados de 1917 a 1977, período em que as leis referentes ao desquite per-maneceram em vigência, sem nenhuma alteração. A separação foi aqui entendi-da como um momento de “drama soci-al”, em que os cônjuges, na busca de redefinir sua condição civil e determinar “o culpado e o inocente” pela crise con-jugal, atuaram como atores da sua pró-pria história, recontando-a em diferen-tes versões e narrativas. O estudo destas narrativas, em especial as dos cônjuges e dos seus advogados, revelou, portanto, como estes atores sociais interpretaram as leis cíveis referentes ao casamento e ao desquite, intitulando-se “esposo” ou “esposa” ideal, conforme o cumprimen-to ou quebra dos deveres conjugais. Nes-te conNes-texto, ao se intitularem cumpridores dos deveres conjugais, reafirmaram o modelo de família, de esposo e esposa apresentados pelo Estado. Mas à medida que acusaram seus parceiros de terem praticado o “adultério, a injúria grave, o abando de lar”, “desconstruíram” este modelo de organização familiar e aponta-ram comportamentos diferenciados de
homens e mulheres, dentro e fora da fa-mília. Esta dissertação traz, assim, uma discussão reflexiva sobre o modelo de fa-mília, de “esposo e esposa” legitimados pelo Estado republicano, por meio do Código Civil de 1916, e de como as famí-lias interpretaram esses modelos durante a separação judicial. Esta análise mostra a família e as relações de gênero fora da concepção de naturalidade, apresentadas pelo Estado e pela Igreja, permitindo problematizar os discursos jurídicos e religiosos como instrumentos de poder que estabeleceram modelos hegemônicos e próprios de família, de esposo e esposa, e que contribuíram para a construção das hierarquias de gênero e para a discrimi-nação de outras formas de organização familiar.
Título: Terra, trabalho, parentela e fé: Uma abordagem sobre o espaço social e a herança afrodescendente na comunida-de rural comunida-de Nogueira, Ponte Nova-MG Autora: Ana Luiza Fernandes de Olivei-ra Dias
Orientadora: Márcia Pinheiro Ludwig Data da defesa: 30/07/2007
Este trabalho apresenta uma aná-lise histórico-cultural da Comunidade Rural de Nogueira, Município de Ponte Nova – Zona da Mata Norte de Minas Gerais. Tal espaço é constituído somen-te por famílias negras, sobre o qual qua-se nada qua-se sabia, a não qua-ser que era co-nhecido por “terra de pretos”. Problematizou-se nesse espaço-lugar a configuração de uma identidade e de um possível território afrodescendente. Tem-se como prerrogativa a ideia de que as identidades negras são culturalmente
híbridas e dinâmicas, marcadas, histori-camente, no contexto do escravismo e do racismo. Recorreu-se a uma pesquisa qualitativa, com o uso de análise docu-mental, entrevistas semiestruturadas, observação direta e registro fotográfi-co. A pesquisa revelou que Nogueira é constituída de um agrupamento de 11 famílias de parentelas, cujos ancestrais estão naquelas terras há mais de 100 anos, sendo a terra um patrimônio fami-liar. A cada setembro, as parentelas e as localidades rurais vizinhas atualizam suas fronteiras simbólicas, na devoção a “San-ta Efigênia”, momento extraordinário que concorre com a configuração de um território afrodescendente. Terra, traba-lho, parentela e fé identificam seus mora-dores que até hoje não têm o título da terra e enfrentam intensas desigualdades socioeconômicas.
Título: A institucionalização asilar na per-cepção do idoso e de sua família: o estu-do estu-do “Lar estu-dos Velhinhos” – Viçosa/MG Autora: Ingrid Gomes Dias
Orientadora: Karla Maria Damiano Teixeira
Data da defesa: 18/05/2007
A evolução demográfica brasileira tem marcado significativamente sua con-figuração e, consequentemente, as rela-ções intergeracionais. O processo de en-velhecimento não se resume apenas aos aspectos demográficos, mas estende-se, também, à criação e ao cumprimento de políticas públicas para um segmento que demanda melhores condições de saúde, habitação, aposentadoria e pensões, as-sistência social e condições dignas de existência. Este trabalho buscou analisar
comparativamente a percepção da famí-lia e do idoso quanto aos aspectos asso-ciados à institucionalização asilar dos idosos atendidos no asilo “Lar dos Ve-lhinhos”, na cidade de Viçosa-MG, suas necessidades e expectativas, visando a contribuir com o desenvolvimento e a adequação de políticas sociais na busca pela qualidade de vida deste segmento populacional. As questões que nortearam esta pesquisa foram construídas a partir das seguintes indagações: no asilo “Lar dos Velhinhos”, em Viçosa-MG, quais são os fatores que levaram à institucionalização asilar do idoso, na percepção dos idosos e de suas respec-tivas famílias? Qual é a expectativa apre-sentada pelas famílias ao transferir a res-ponsabilidade do cuidado de seus ido-sos para instituições asilares? Como ocorre o relacionamento intergeracional a partir da institucionalização asilar do idoso? Quais são as perspectivas e ex-pectativas do idoso institucionalizado? O idoso apresenta sentimento de pertencimento à instituição e identifica-ção com suas regras? A justificativa da busca deste conhecimento baseia-se no fato da existência de pouco referencial bibliográfico na literatura brasileira so-bre a questão proposta. Em termos de metodologia, selecionou-se como local de estudo o asilo “Lar dos Velhinhos”, localizado na cidade de Viçosa - MG. A amostra deste estudo foi composta por 11 idosos, que atendiam ao requisito básico da pesquisa, ou seja, de possuir família e capacidade mental normal e memória preservada. A metodologia uti-lizada foi a abordagem qualitativa, tendo sido a técnica de coleta e construção de dados pautada, em um primeiro momen-to, na análise dos registros da instituição
e, em um segundo momento, em entre-vistas com os idosos e suas respectivas famílias. Por meio deste estudo, pôde-se observar que os fatores que levaram à institucionalização asilar estavam relaci-onados a problemas de saúde, a confli-tos familiares e à vontade própria. De acordo com a percepção familiar, a institucionalização não é vista como abandono, mas como necessidade e cuidado, motivada pelo desejo das famíli-as de apoiarem seus idosos por meio de um atendimento profissional, fato que gerou satisfação para o idoso e melho-rou a convivência familiar. O idoso institucionalizado, na sua maioria, não pos-sui expectativas em relação à institui-ção, inexistindo um sentimento de pertencimento e identificação dos inter-nos em relação ao asilo. Com base nes-tes resultados, pôde-se concluir que, apesar da existência do Estatuto do Ido-so, muitas vezes suas determinações não são cumpridas pela sua inadequação à realidade brasileira e pela falta de supor-te e incentivo do Estado para com as fa-mílias e as instituições asilares.
Título: Ação social empresarial: o Pro-grama Tim ArtEducAção na perspectiva de participantes da oficina de dança de rua e seus familiares – Viçosa/MG Autora: Michelle Gomes Lelis
Orientadora: Karla Maria Damiano Teixeira
Data da defesa: 10/05/2007
Este trabalho teve como objetivo analisar as ações do Projeto Oficina de Dança de Rua, do Programa Tim ArtEducAção (PTAEA), no município de Viçosa (MG), na perspectiva dos
adoles-centes atendidos e suas famílias. Deteve-se, especificamente, ao Projeto Oficina de Dança de Rua, por ser o de maior procura pelos adolescentes envolvidos. Para esta pesquisa, adotou-se a metodologia qualitativa dividida. A co-leta de dados foi realizada em duas eta-pas: a primeira, de caráter exploratório, visou a caracterizar a trajetória do PTAEA em Viçosa por meio da análise documental; e, na segunda, realizaram-se entrevistas com o auxílio de roteiro semi-estruturado com os adolescentes residentes das áreas urbana e rural e seus responsáveis, abordando questões rela-cionadas ao PTAEA e à Oficina de Dança de Rua. Analisados os dados, os resulta-dos mostraram que o Programa Tim ArtEducAção ainda é desconhecido pela maior parte dos adolescentes e seus fa-miliares, tanto da zona urbana quanto da zona rural. Boa parte dos familiares dos adolescentes que participaram do Pro-jeto Oficina Dança de Rua não tem co-nhecimento do que é essa atividade, para que serve, ou quais benefícios pode tra-zer para aqueles que a praticam. Em contrapartida, os adolescentes e familia-res que conheciam o Programa Tim de-monstraram estar satisfeitos com os re-sultados vivenciados após a entrada na Oficina Dança de Rua. Em termos de comportamento e de disciplina em casa e na escola, o rendimento escolar e das relações familiares do adolescente, pôde-se concluir que o Programa Tim, por meio do referido Projeto, contribuiu para a inclusão social dos adolescentes. No que se refere à proposta de diminuir a evasão escolar, os depoimentos e avalia-ções dos responsáveis mostraram que os adolescentes não gostavam de faltar às aulas, tinham prazer de ir à escola e de
estudar, tiravam notas boas e demons-traram melhorias na disciplina e respei-to nas aulas e para com os colegas. Ape-sar de serem duas realidades sociais di-ferentes, os adolescentes da zona urba-na e da zourba-na rural mostraram a impor-tância da arte por meio da dança, para seu rendimento escolar e comportamen-to, em geral para suas vidas e de suas famílias. Vale ressaltar a importância da aliança intersetorial criada entre a em-presa Tim Maxitel (setor privado), o Es-tado e municípios (setor público) e a ONG HumanizArte (setor social), em benefí-cio dessas crianças e adolescentes aten-didos pelo Programa Tim ArtEducAção. Assim, com base na discussão dos da-dos, verificou-se que o Programa Tim desenvolve o papel estabelecido em suas propostas no que se refere ao envolvimento artístico, cultural e social dos adolescentes em atividades que pro-movem a inclusão social e semeiam em suas vidas maiores e melhores expecta-tivas em relação ao futuro.
Título: Avaliação de egressos de um pro-grama de ação formativa para Promo-ção Social de famílias rurais
Autora: Maria das Dores Rodrigues de Oliveira
Orientadora: Tereza Angélica Bartolomeu
Data da defesa: 26/07/2007
A pesquisa apresentada nessa dis-sertação consistiu numa avaliação de egressos de um programa de capacitação com vistas à promoção social de famíli-as rurais, na iminência de estimar famíli-as mu-danças, possivelmente decorrentes das atividades educativas, a partir da análise
de suas experiências cotidianas, nos con-textos da vida pessoal, familiar e profis-sional, relativas ao trabalho artesanal. Partiu-se do pressuposto de que os de-safios e necessidades enfrentados pela área de educação, no início do século XXI, decorrem de transformações sociais e culturais geradas pela revolução tecnológica e pela globalização. A supe-ração do círculo da pobreza e a viabilização da inclusão social de dife-rentes segmentos da população para uma sociedade mais justa e igualitária supõem políticas de educação formal, não-formal e informal capazes de gerar mudanças na economia, na sociedade e no mundo do trabalho. Ao complemen-tar o ciclo de implementação destas po-líticas, a avaliação dos resultados das atividades formativas constitui elemen-to-chave para subsidiar a emissão de juízos e instrumentalizar tomadas de de-cisões. A relevância social e científica desta proposta de investigação reside na geração de subsídios para as organiza-ções dos sistemas de formação, no senti-do de avaliar a aplicabilidade de seus programas e deliberar conscientemente sobre o prosseguimento e/ou redirecionamento de suas atividades educativas de cunho social. A análise re-flexiva das experiências dos sujeitos, em conformidade com as proposições teó-ricas, fez uso do modelo de avaliação pro-posto por Donald Kirkpatrick, conside-rando os níveis e as implicações da avali-ação e incluiu abordagens das categori-as: educação, avaliação e trabalho com o artesanato têxtil. O delineamento con-templou a caracterização do público, motivações e aplicação de competênci-as, supostamente adquiridas em treina-mentos dirigidos a um segmento do
pú-blico alvo do Senar Minas, constituído de familiares de produtores e trabalha-dores rurais, residentes nas Microrregiões da Mata de Ubá e de Juiz de Fora. A partir de pesquisa documen-tal, utilizou-se uma amostra de doze gru-pos de egressos, treinados em 2005. Uma subamostra de três grupos apre-sentou evidências de atitudes, compor-tamentos, opiniões e percepções acerca de experiências pós-treinamento, vivenciadas nas diferentes atividades do artesanato têxtil. No trabalho de cam-po, identificou-se a realidade concreta do treinado, com abordagem qualitativa e quantitativa, após um tempo mínimo de seis meses de finalização do treinamen-to. A técnica de entrevista focalizada em grupos ou grupo focal foi adaptada e tes-tada para obtenção e/ou construção de dados envolvendo grupos de treinados. Os resultados evidenciaram elevação da autoestima, bem como da autoconfiança do egresso quanto à qualidade na produ-ção das peças do artesanato têxtil e quan-to à utilização e conservação de materi-ais, utensílios e equipamentos de produ-ção. Identificou-se comprometimento do treinado em utilizar racionalmente os recursos ambientais, preservar o meio ambiente e cumprir seus direitos e deve-res no consumo de artigos têxteis. Cons-tataram-se melhoria da capacidade gerencial em termos de planejamento e organização do trabalho, redução de custos e estabelecimento de metas para empreendimentos futuros. Tais resulta-dos se mostraram coerentes com os objetivos de promoção social do pro-grama, uma vez que apontaram para a existência de uma relação positiva entre o treinamento e as mudanças na vida pes-soal, social, profissional e familiar dos
treinados, em decorrência da capacida-de produtiva e da integração social e fa-miliar. Constatou-se que o desenho metodológico para avaliações de progra-mas educativos que visam à promoção social, envolvendo grupos de treinados, foi economicamente viável e permitiu identificar mudanças concretas na reali-dade dos treinados.
Título: Vulnerabilidade e exclusão soci-al: uma abordagem sobre representações sociais de catadores de materiais recicláveis em Ipatinga-MG
Autora: Michele Morais Oliveira Orientadora: Márcia Pinheiro Ludwig Data da defesa: 14/06/2007
A sustentabilidade, a vulnerabilidade e a exclusão social permeiam as discussões sobre a proble-mática dos resíduos sólidos que, nas últi-mas décadas, têm se tornado uma preo-cupação mundial. Novos e velhos lixos, produção que se avoluma e destino final, coleta seletiva, educação ambiental, in-dústria de reciclagem – várias são as dis-cussões atuais – pondo em destaque, em última análise, uma questão polêmica: a relação da sociedade com suas supostas sobras, sobras materiais e “sobras hu-manas”. Inseridos nesse contexto estão os catadores de materiais recicláveis, que constituem a unidade de análise deste es-tudo. De forma geral, buscou-se identifi-car e analisar as representações sociais do catador de materiais recicláveis do município de Ipatinga, Vale do Aço, Mi-nas Gerais, acerca do lixo e questões a ele relacionadas. A abordagem qualitati-va foi escolhida como perspectiqualitati-va metodológica e como técnicas de coleta
de dados foram utilizados o questioná-rio, a entrevista semiestruturada, a ob-servação direta e o registro fotográfico. Os dados foram interpretados pela aná-lise de seu conteúdo. O desemprego e a falta de qualificação profissional puderam ser constatados como razões principais para inserção na atividade de coleta de materiais recicláveis. A rotina do catador é desgastante e envolve, na maioria dos casos, mais de oito horas de trabalho por dia, sendo necessária, algumas ve-zes, a catação também no período no-turno. As representações dos catadores sobre o “lixo” demonstraram valoriza-ção do termo promovendo-o a material reciclável. A dualidade trabalho x marginalidade, presente na realidade dos catadores, muitas vezes acaba sendo uma das grandes motivações para o enfrentamento desse trabalho tão pre-cário e discriminado em prol da sobre-vivência. Nessa luta diária, muitos catadores possuem uma visão pessimis-ta do futuro, não conseguindo vislumbrar possibilidade de melhorias ou realização de sonhos. Portanto, reconhecê-los como indivíduos portadores de direitos e de-veres e principalmente como protago-nistas da ação da reciclagem de lixo é uma meta, com a qual atualmente a soci-edade já vem se deparando.