• Nenhum resultado encontrado

IMPARIDADES: O CASO EUROPEU

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2019

Share "IMPARIDADES: O CASO EUROPEU"

Copied!
58
0
0

Texto

(1)

0

M

ESTRADO

C

ONTABILIDADE

,

F

ISCALIDADE E

F

INANÇAS

E

MPRESARIAIS

T

RABALHO

F

INAL DE

M

ESTRADO

DISSERTAÇÃO

A

CRISE FINANCEIRA E O RECONHECIMENTO DE

IMPARIDADES: O CASO EUROPEU

ANABELA DUARTE PEREIRA

(2)

M

ESTRADO EM

C

ONTABILIDADE

,

F

ISCALIDADE E

F

INANÇAS

E

MPRESARIAIS

T

RABALHO

F

INAL DE

M

ESTRADO

DISSERTAÇÃO

A

CRISE FINANCEIRA E O RECONHECIMENTO DE

IMPARIDADES: O CASO EUROPEU

ANABELA DUARTE PEREIRA

O

RIENTAÇÃO

:

PROFESSORA CRISTINA BELMIRA GAIO MARTINS

DA SILVA

(3)

I

Resumo

O presente estudo pretende analisar o potencial impacto da recente crise

financeira no reconhecimento de imparidades de ativos não correntes registados pelas

empresas cotadas europeias. Para o efeito, foram analisadas 1.383 empresas de 14

países europeus durante o período de 2005 a 2014. Os resultados sugerem que as

empresas durante a crise financeira reconhecem menos imparidades de ativos, quer nos

países com ajuda financeira, quer nos países sem ajuda financeira. Há também evidência

de que o nível de enforcement, a dimensão da empresa e o endividamento explicam o

reconhecimento de imparidades de ativos, ou seja, as empresas com um reduzido nível

de enforcement, maior dimensão e mais endividadas tendem a reconhecer mais

imparidades de ativos.

Palavras-chave: crise financeira, reconhecimento de imparidades de ativos,

magnitude de imparidade de ativos, IAS 36, empresas europeias cotadas, países com

(4)

II

Abstract

The present study analyses the potential impact of the recent financial crisis in

the recognition of impairment of non-current assets recorded by European listed

companies. For this purpose, were analyzed 1.383 companies from 14 European

countries during the period 2005 to 2014. The results suggest that companies during the

financial crisis recognize less impairment of assets, so much those of countries with

financial assistance as the country without financial assistance. There is also evidence

that the level of enforcement, the size of the company and the debt explain the

recognition of impairment of assets, that is companies with a low level of enforcement,

larger and more indebted tend to recognize more impairment of assets.

Keywords: financial crisis, recognition of impairment of assets, magnitude of

(5)

III

Agradecimentos

Em primeiro lugar, quero agradecer à minha orientadora, pela disponibilidade

para orientar este trabalho e por todos os comentários, esclarecimentos e sugestões que

me ajudaram ao longo da elaboração deste trabalho.

Quero agradecer à minha família, em especial aos meus pais e ao meu irmão

por todo o apoio e compreensão inigualável, que me motivou e deu força durante este

percurso.

Agradeço igualmente aos meus amigos e aos colegas do mestrado que se

tornaram também amigos pela ajuda, partilha de ideias e também por me motivarem e

acreditarem em mim.

Adicionalmente, agradeço ao professor Vítor Barros por me ter ajudado a

extrair os dados da Thomson Reuters e a alguns colaboradores desta base de dados que

(6)

IV

Índice

Resumo I

Abstract II

Agradecimentos III

Lista de abreviaturas V

Lista de anexos VI

1. Introdução 1

2. Revisão da Literatura 3

2.1 Crise Financeira 3

2.2 Imparidade de Ativos 4

2.3 A crise financeira e as imparidades de ativos 7

2.4 Imparidades e países intervencionados 12

3. Dados e Metodologia 14

3.1 Objetivos e Hipóteses de estudo 14

3.2 Descrição da Amostra e Recolha de Dados 16

3.3 Metodologia Adotada, Modelos e Variáveis 17

4. Análise de Resultados 23

4.1 Estatísticas Descritivas 23

4.2 Teste de Igualdade de Médias 25

4.3 Matriz de Correlação 26

4.4 Análise dos Resultados 26

4.5 Análises de Robustez dos Resultados 31

5. Conclusões e Investigação Futura 32

Referências Bibliográficas 35

(7)

V

Lista de Abreviaturas

CEO –Chief Executive Officer

ESMA - European Securities and Market Authority

IAS –International Accounting Standards

IASB - International Accounting Standards Board

(8)

VI

Lista de Anexos

Anexo 1 – Composição da amostra por país ... 42

Anexo 2 –Composição da amostra por setor de atividade ... 42

Anexo 3 – Índice do enforcement (ENF) por país no ano de 2008 ... 43

Anexo 4 – Estatísticas Descritivas ... 43

Anexo 5 –Reconhecimento de imparidades de ativos por país para o período de crise ... 44

Anexo 6 –Teste de Igualdade de Médias por período ... 44

Anexo 7 –Teste de Igualdade de Médias por país ... 44

Anexo 8 – Matriz de correlação das variáveis ... 45

Anexo 9– Reconhecimento e magnitude de imparidade de ativos ... 46

Anexo 10– Modelos com as observações referentes aos países intervencionados e não intervencionados ... 47

(9)

1

1.

Introdução

Durante o ano de 2008, e também 2009, as empresas em todo o mundo, mais

concretamente na Europa, enfrentaram na opinião de alguns autores (Shamkuts, 2010;

PriceWaterhouseCoopers, 2011), a pior crise financeira de sempre consequentemente,

neste período muitas empresas tiveram de rever os seus negócios, assim como o valor

dos seus ativos, visto que estes poderiam não estar a refletir o seu verdadeiro valor.

Deste modo existe todo o interesse em estudar a relação existente entre a crise

financeira e o reconhecimento de imparidades de ativos ao nível dos países europeus, na

medida em que durante a crise existe uma deterioração rápida dos ativos e a decisão de

reconhecer imparidades é de extrema importância, visto que as mudanças negativas na

economia (como a crise) são uma das indicações externas que são referidas nas

disposições da IAS 36 –“Imparidade de Ativos”.

De facto, segundo a ESMA (2013), o tema da crise financeira relacionada com as

imparidades de ativos é extremamente pertinente, uma vez que a crise tem contribuído

para gerar imparidades de ativos, defendendo que a qualidade da informação pode

melhorar se forem descritos os eventos e as circunstâncias que levaram ao

reconhecimento de imparidades de ativos.

Desde de Janeiro de 2005 que as empresas da União Europeia (UE), cujos títulos

são negociados publicamente, são obrigadas elaborar as suas demonstrações financeiras

consolidadas, segundo as International Accounting Standards (IAS) / International

Financial Reporting Standards (IFRS), segundo o Regulamento nº 1606/2002, do

Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de Julho de 2002. Este Regulamento tem

(10)

2

elevado grau de transparência e de comparabilidade das demonstrações financeiras, o

que contribui para uma melhor qualidade destas.

Assim, este estudo tem dois grandes objetivos: analisar se as empresas europeias

reconhecem mais imparidades durante a crise financeira e, em particular, se as empresas

dos países que tiveram ajuda financeira também o fizeram.

De modo a realizar este estudo utilizou-se a base de dados Thomson Reuters e ainda

a base de dados Pordata para as variáveis macroeconómicas de controlo. A amostra é

constituída por 1383 empresas cotadas, referente a 14 países europeus, para o período

de 2005 a 2014. Neste estudo foram utilizados os modelos de Yammine & Olivier

(2014), que permitem avaliar o reconhecimento de imparidades de ativos para empresas

cotadas.

Os resultados sugerem que durante a crise as empresas europeias reconheceram

menos imparidades de ativos, sugerindo que os gestores gerem os seus resultados de

modo a atingir os seus objetivos de curto prazoc e assim disfarçar o baixo desempenho

característico em épocas de crise. Através dos resultados obtidos, também é possível

concluir que as empresas cujos países recorreram a ajuda financeira também

reconhecem menos imparidades durante o período de crise.

As principais motivações para a realização deste trabalho são o facto de a crise

ser um tema atual e serem poucos os estudos que analisam o possível impacto da crise

financeira em termos do reconhecimento de imparidades de ativos. Constatou-se que

existem alguns estudos que focam a sua investigação na imparidade do goodwill, porém

relativamente a outros ativos, como os fixos tangíveis e intangíveis, os estudos são

(11)

3

intangível crítico e assim estar associado a uma maior subjetividade e discricionariedade

no que diz respeito ao reconhecimento de imparidade deste ativo intangível.

Este tema focalizado nos países que pediram ajuda financeira também é atual e de

extrema importância.

Este estudo encontra-se dividido em cinco capítulos. No segundo capítulo

apresenta-se a revisão da literatura, onde são evidenciados os principais estudos que sustentam

este estudo. No terceiro capítulo, são definidos os objetivos do estudo, as hipóteses, a

amostra utilizada, a metodologia adotada e as variáveis utilizadas nos modelos. No

capítulo quatro, apresenta-se as estatísticas descritivas dos dados, analisa-se os

resultados obtidos e a robustez dos resultados. Por fim, no capítulo cinco, apresentam-se

as principais conclusões deste estudo, limitações e possíveis sugestões para

investigações futuras.

2.

Revisão da Literatura

2.1 Crise Financeira

O evento desencadeador da crise financeira de 2008, também denominada

“crise do sub-prime”, foi a falência do banco de investimento norte-americano

Lehman Brothers, em Setembro desse ano, que conduziu a uma turbulência nos

mercados financeiros e à propagação da crise para muitos países (Bordo, 2008). Tal,

desencadeou uma acentuada contração da economia, quer nos últimos meses de

2008, quer no ano de 2009, caracterizando-se como a maior contração económica

desde a Segunda Guerra Mundial (PriceWaterhouseCoopers, 2011; Barth &

(12)

4

Esta crise financeira pode ser traduzida como o resultado de um conjunto de

vários fatores (Mala & Chand 2012) e teve um grande impacto no ambiente

empresarial na Europa e em todo mundo de uma forma geral, tendo sido

considerada a pior crise desde a Grande Depressão de 1930 (Shamkuts 2010;

PriceWaterhouseCoopers, 2011).

Segundo Cristina-Maria (2008) e Ryan (2008), a crise financeira teve

significativas implicações na contabilidade, sendo que uma dessas implicações

consiste no facto de a crise contribuir para gerar perdas por imparidade de ativos

(ESMA 2013).

2.2 Imparidade de Ativos

O conceito contabilístico de “imparidade” (impairment) pode ser definido como

uma redução ou perda do valor recuperável de um ativo, derivada à necessidade do

ajustamento do seu valor à sua real capacidade de retorno económico (Cunha et al.,

2010). Quer isto dizer, que um ativo está em imparidade se a quantia pelo qual está

registado na contabilidade não for possível de ser recuperada pela empresa, seja pela via

do seu uso ou da sua venda. Deste modo, garante-se que o ativo não se encontra

sobrevalorizado e respeita-se o princípio da prudência e do acréscimo.

De acordo com IAS 36 –“Imparidade de Ativos”, norma contabilística internacional

que estabelece as circunstâncias nas quais uma empresa deverá registar a imparidade de

um ativo, a sua reversão (parcial ou total) e divulgação, uma empresa terá que avaliar os

seus ativos no mínimo a cada data de balanço e caso haja indícios de imparidade,

proceder ao respetivo teste de imparidade. De referir, que no que diz respeito aos ativos

(13)

5

esta norma exige que sejam efetuados testes de imparidade anuais, independentemente

de existir ou não indícios de imparidade (§10).

Estabelece ainda que as empresas deverão ter em consideração fontes externas,

nomeadamente aumentos das taxas de juro e redução do valor de mercado do ativo, bem

como fontes internas, como a redução no desempenho económico e obsolescência de

um ativo, por forma a verificarem se existem indícios de imparidade, (§12).

De ressaltar que tanto os testes de imparidade do goodwill, como de outros ativos,

têm por base um elevado grau de estimativas, interpretações e julgamentos. Por isso, em

termos de informação financeira, é um exercício complexo e demorado, podendo o grau

de subjetividade limitar de alguma forma a sua eficácia (KPMG, 2014). Assim, torna-se

importante compreender quais os pressupostos e como foram efetuadas as estimativas

que serviram de base para as empresas procederem à redução do ativo (reconhecimento

da imparidade), por forma a analisar a evolução da empresa (Neves, 2012).

Duh et al., (2009) salientam que se podem destacar duas perspetivas de

investigação, em termos de imparidade dos ativos. A primeira examina a reação do

público e do mercado em relação à divulgação de perdas por imparidade, enquanto a

segunda estuda as características e as motivações das empresas em relação ao

reconhecimento de tais perdas. Esta última perspetiva é também defendida por

Albuquerque et al. (2011), que considera necessário compreender as motivações que

conduzem ao reconhecimento das perdas por imparidade e que podem afetar a decisão

dos utilizadores da informação financeira.

Amiraslani et al. (2013) investigam o grau de conformidade com as IFRS,

(14)

6

uma amostra de 4.474 empresas europeias cotadas para o período de 2010-2011.

Analisam ainda, de modo a complementar o seu estudo e explicarem as diferenças no

reconhecimento das imparidades, o nível institucional do país, agrupando as empresas

europeias em três grupos consoante o nível de desenvolvimento dos mercados de

capitais, da concentração de propriedade, da proteção dos investidores e da divulgação

da informação. Concluem que existe uma periocidade assimétrica das imparidades em

todos os grupos de países, isto é, o estudo sugere a manifestação de conservadorismo

condicional no reconhecimento das imparidades, sendo esta mais reduzida nos países

onde a eficácia das instituições e o nível de divulgação é mais baixo.

Kvaal (2005), no seu estudo sobre 238 empresas da FTSE 350 index - London

Stock Exchange, para o período de 2002, utiliza várias variáveis para explicar o

reconhecimento de imparidades, nomeadamente o endividamento, a dimensão da

empresa, resultados e alterações nas equipas de gestão. Os resultados sugerem que as

grandes empresas reconheçam mais imparidades, uma vez que dispõem de mais

recursos disponíveis na preparação dos relatórios financeiros e estão mais preparadas

para descobrir eventuais imparidades. Os resultados indicam também que há um maior

reconhecimento de imparidade nas empresas com resultados mais baixos, reflexo das

mudanças de gestão. Por sua vez, as empresas mais alavancadas tendem a reconhecer

menos imparidades, de modo a não reduzir os seus resultados e assim, cumprirem as

cláusulas contratuais.

De salientar, que a European Securities and Markets Authority (ESMA 2013),

que focou o seu estudo em 235 empresas cotadas europeias para o ano de 2011,

(15)

7 goodwill (apenas 36%), enquanto para os outros ativos intangíveis esse reconhecimento

é ainda mais limitado.

2.3 A crise financeira e as imparidades de ativos

A elevada volatilidade no mercado, as quedas substanciais da rentabilidade das

empresas e do valor das respetivas ações, característico do período de crise, conduzem à

necessidade do registo de imparidades de ativos (Vanza et al., 2011), que

consequentemente contribui para o incremento dos gastos e diminuição dos seus

resultados líquidos. Adicionalmente, os ativos tendem a gerar cash flows inferiores aos

expectáveis, também devido ao aumento de assimetria de informação que se faz sentir

nestes períodos, efeito que reforça o registo de imparidade de ativos (Martins, 2010;

Amiraslani et al., 2013).

Contudo, Vanza et al. (2011) não encontram nenhuma evidência de que a

informação assimétrica conduza a um reconhecimento de imparidade de ativos nas

empresas cotadas australianas durante o período de 2007 a 2009. Os autores apontam

ainda que têm existido algumas críticas ao modelo de valorização assente no justo valor

como sendo um potencial agravador da incerteza durante a crise. Os seus resultados

revelam que as mudanças de CEO estão associadas a um maior reconhecimento de

imparidades de ativos, visto que os gestores recorrem à prática de gestão de resultados

através das imparidades por forma a apresentarem resultados piores do que efetivamente

são e assim mostrar que a anterior gestão teve um pior desempenho. Por sua vez, as

empresas mais endividadas tendem a reconhecer menos imparidades de ativos, de modo

(16)

8

A crise financeira pode ser considerada um indicador de imparidade, uma vez

que durante este período, poderá existir a tendência de os ativos das empresas se

encontrarem em desvio do valor fundamental e não refletirem o seu verdadeiro valor.

Para além da crise financeira, existem outros indicadores relevantes no contexto

financeiro e económico, como por exemplo a mudança no modelo de negócios,

alterações das taxas de juro de mercado ou das taxas de retorno de mercado e as

operações descontinuadas, (PriceWaterhouseCoopers, 2008).

Ernst & Young (2010), no seu estudo refente a 60 empresas europeias cotadas,

menciona que o aumento da instabilidade financeira na Europa pode ter contribuído

para o reconhecimento de imparidades. Isto devido ao elevado número de empresas que

reavaliaram os seus procedimentos, modelos e pressupostos do teste de imparidade, de

modo a refletir a perda de valor económico dos seus ativos de forma atempada.

Apesar disso, Wirtz (2013) demonstrou no seu estudo que são poucas as

empresas a reconhecer perdas por imparidade de ativos durante a crise financeira em

relação ao período pré e pós-crise. O autor revela ainda que durante a crise os auditores

aconselham os gestores a reconhecer pequenas perdas por imparidade e em maior

frequência, devido a um maior escrutínio sobre as demonstrações financeiras.

Yammine & Olivier (2014) também estudaram o impacto da crise financeira em

termos do reconhecimento e da magnitude das imparidades. Numa amostra composta

por 3.170 empresas cotadas, de 17 países europeus, para o intervalo de tempo

2005-2011, os autores mostram que no período de crise registou-se uma diminuição do

reconhecimento de imparidades (modelo logit), apesar de haver um aumento na

(17)

9

facto de as empresas evitarem o reconhecimento de imparidades, de modo a prevenirem

eventuais reduções dos seus resultados. Adicionalmente, estes autores efetuaram uma

análise que tem em conta os indicadores de governance dos países. Assim, tendo em

conta os indicadores Estado de direito, índice de corrupção, transparência jurídica,

qualidade de regulamentação e eficácia governamental, os autores concluíram que no

período da crise, registou-se uma diminuição no reconhecimento de imparidade nas

empresas do grupo de países com baixo nível dos indicadores de governance, por forma

a prevenir eventuais reduções dos seus resultados, que já se apresentavam inferiores ao

habitual devido à crise. Por sua vez, no grupo de países com elevado nível dos

indicadores de governance, registou-se um aumento da magnitude das imparidades dos

ativos como forma de as empresas criarem reservas em períodos pós-crise.

De referir também que estes autores salientam que durante o período de crise, os

gestores tendem a recorrer à prática de gestão de resultados, de modo a atingir um

determinado objetivo estratégico e tentar não demonstrar um baixo desempenho,

característico desse período. Desta forma os gestores evitam o reconhecimento de

imparidades de ativos para atingir tal objetivo.

Glaum et al. (2015) analisaram quais são os fatores que conduzem ao registo de

imparidades do goodwill, numa amostra de 21 países com empresas cotadas para o

período de 2005 a 2011. Estes autores referem que o reconhecimento de imparidades

depende do desempenho das empresas, dos incentivos ao nível da gestão e ainda do

retorno do mercado de capitais, concluindo que as empresas têm tendência a adiar o

reconhecimento de imparidades. O reconhecimento atempado de imparidades

(timeliness) está associado ao nível de aplicação das normas contabilísticas e de

(18)

10

tendem a reconhecer as imparidades de forma atempada (antes, durante e após a crise).

Por outro lado, os países que apresentam um baixo nível de enforcement tendem a adiar

o reconhecimento de imparidades. Adicionalmente, os autores concluem que existe

margem para a gestão de resultados, mesmo nos países que têm um rigoroso nível de

enforcement.

Zhang (2011) centrou o seu estudo em dois países europeus, Alemanha e Reino

Unido, com empresas cotadas para o período de 2005 a 2010, e tem como objetivo

analisar quais são os fatores que conduzem à decisão de reconhecer imparidades do

goodwill. O autor estuda quatro fatores que podem influenciar o registo de imparidades,

nomeadamente fatores económicos (ROA e crise), prática de gestão de resultados,

corporate governance e fatores institucionais. Concluem que o principal fator de

reconhecimento de imparidades e da sua magnitude é o desempenho da empresa,

medido através do ROA, e os resultados indicam que as empresas com um maior

desempenho tendem a reconhecer menos imparidades e em menor magnitude. Isso pode

ser explicado pelo facto de os gestores gerirem o reconhecimento de imparidades, de

modo a conseguirem resultados menos desfavoráveis. Encontram ainda evidência de

que a prática de gestão de resultados parece não afetar o reconhecimento de

imparidades, no entanto afeta a magnitude das imparidades, o que pode indicar que as

empresas tendem a registar mais imparidades quando os seus resultados sofrem uma

redução inesperada. Adicionalmente, concluem que durante a crise as empresas são

menos suscetíveis de reconhecer imparidades, de modo a demostrarem melhores

resultados.

Segundo o estudo da PriceWaterhouseCoopers (2011), menos de metade das

(19)

11

reconhecem perdas por imparidade do goodwill em 2009, enquanto a maioria das

empresas não o faz. Este resultado não era expectável na medida em que no período de

crise existe mais incerteza e as empresas têm de rever os seus planos de negócios e

reduzir as suas estimativas quanto aos ativos. Por isso, seria de esperar um maior

reconhecimento de imparidades, devido também às aquisições que foram realizadas em

anos anteriores, altura em que as estimativas eram mais elevadas. Outra conclusão deste

estudo é o facto de as empresas durante o período de crise recorrerem à

discricionariedade subjacente aos testes de imparidade, com o objetivo de não

colocarem em causa a sua posição no mercado e deste modo alcançarem os resultados

pretendidos, posições de capital e rácios financeiros.

Camodeca & Almici (2012) chegaram a resultados contrários, no que diz

respeito a entidades financeiras para o período 2008 a 2011, explicando que o

reconhecimento de perdas por imparidade do goodwill ocorre quando se verifica uma

crise financeira.

Assumindo que as empresas gerem os seus resultados num de dois sentidos,

conforme estes sejam mais ou menos elevados do que o esperado, escolhendo

estratégias que possibilitem a diminuição ou o aumento dos resultados, respetivamente

(Masruki & Azizan, 2012), as empresas irão reconhecer as imparidades ou poderão ter

tendência a tentar não registar imparidades, por forma a não apresentarem resultados

abaixo do esperado.

Segundo Filip & Raffournier (2012), as empresas poderão aproveitar a época de

crise para justificar os baixos resultados, devido a uma maior tolerância por parte do

(20)

12

empresas, no período pós-crise poderão demonstrar ao mercado uma ligeira recuperação

(Masruki & Azizan, 2012), visto que os resultados não irão diminuir devido ao registo

de imparidades relativamente às quais já existissem indícios e podem também ser

revertidas e com isso aumentam os resultados.

2.4 Imparidades e países intervencionados

Tal como foi anteriormente mencionado, a crise financeira desencadeada nos EUA

refletiu-se nos países da Zona Euro em 2009 e originou a “crise da dívida soberana”.

Estas duas crises foram provocadas pelo colapso da bolha imobiliária, conduzindo ao

incumprimento de empréstimos e de hipotecas (Huang 2013).

A crise da dívida soberana é caracterizada pela redução da quantidade de crédito

disponível nos países e o aumento desse mesmo crédito, o que conduziu às políticas de

austeridade. Devido aos elevados níveis de défice orçamental e de dívida pública houve

a necessidade de recorrer ao auxílio financeiro de instituições internacionais, como foi o

caso da Grécia, Itália, Irlanda, Portugal e Espanha (Acharya & Steffen, 2015; Mascitelli

& Park, 2012).

A partir de 2010 a União Europeia (EU), o Fundo Monetário Internacional (FMI) e

o Banco Central Europeu (BCE) começaram a prestar assistência financeira aos países

que estavam em crise, os denominados países intervencionados. A Grécia foi o primeiro

país a requerer ajuda no ano de 2010, depois seguiu-se a Irlanda que também requereu

ajuda no mesmo ano. No ano seguinte, em 2011, foi Portugal e Itália e em 2012 foi a

(21)

13

Albuquerque et al. (2011) analisaram as empresas portuguesas cotadas na Bolsa de

Valores durante 2008 e verificaram que eram tantas as empresas que reconheciam

imparidades, como aquelas que não as reconheciam (47,6% contra 52,4% da amostra,

respetivamente). Estes autores mencionam ainda que a maioria das imparidades é

reconhecida no último trimestre do período de relato financeiro, consequência da

eventual gestão de resultados.

Por sua vez, Carvalho (2013) estudou as perdas por imparidade do goodwill, nas

empresas portuguesas cotadas na Euronext Lisboa durante o período de 2005 a 2012,

com o intuito de avaliar se a crise económica de 2008 favoreceu a frequência e

magnitude das perdas por imparidade. Obteve como resultado que as empresas mais

lucrativas deste país intervencionado tendem a reconhecer menos perdas por imparidade

do goodwill devido à gestão de resultados, enquanto as empresas com resultados

negativos e menor valor do goodwill são as que reconhecem mais perdas por

imparidade. Adicionalmente, os resultados permitem concluir que a crise económica

não originou um aumento considerável no valor das perdas por imparidade do goodwill.

No que diz respeito à frequência das perdas por imparidade do goodwill, foi nos anos de

2011 e 2012 que houve um maior número de registo destas perdas. Significa, portanto,

que durante a crise não se verificou um maior reconhecimento das imparidades, mas sim

apenas passados três anos. Isto porque a decisão de reconhecer imparidades pode

depender tanto de fatores económicos e financeiros, como de interesses da gestão.

Também Hayn & Hughes (2006) chegaram à conclusão que as perdas por

imparidade só eram reconhecidas passados três ou quatro anos depois da respetiva

(22)

14

Este adiamento do reconhecimento das imparidades é visível em períodos de crise

financeira, visto as empresas disporem nestes períodos de informação limitada e

revelarem expetativas fortes quanto aos seus produtos (tendem a acreditar nestes) o que

pode dificultar o reconhecimento das imparidades (Andersson, 2014).

Por sua vez, Izzo et al. (2013) focalizam, a sua investigação nas empresas italianas

cotadas no intervalo de tempo 2007-2011. No primeiro ano da crise (2008), cerca de

43% das empresas da amostra têm perdas por imparidades do goodwill, enquanto que

em 2007 atinge os 19% (valor mais baixo para o período do estudo). Em 2009

aproximadamente 22% das empresas contabilizam uma perda por imparidade do

goodwill, enquanto que em 2010 esta percentagem aumenta para os 35% e em 2011

para aproximadamente 60%, valor mais elevado para o período analisado. Em termos do

rácio de imparidade, que é definido pelos autores como o rácio entre a perda por

imparidade do goodwill e o valor contabilístico do goodwill, assumiu o valor de 1,73%

em 2008 e de aproximadamente 23% em 2011.

3.

Dados e Metodologia

3.1 Objetivos e Hipóteses de estudo

Neste estudo pretende-se analisar o impacto que a crise financeira teve sobre o

reconhecimento de imparidades de ativos, reportado pelas empresas cotadas dos países

da União Europeia.

Adicionalmente, pretende-se analisar o caso particular dos países que recorreram

ao Programa de Assistência Económica e Financeira (Irlanda, Portugal, Espanha, Itália e

(23)

15

Alguns estudos analisam o reconhecimento das imparidades de ativos durante o

período da crise, mas ainda são escassos. Deste modo, torna-se pertinente contribuir

para o estudo do impacto que a crise financeira teve no reconhecimento das imparidades

de ativos não correntes.

Com base na literatura, alguns autores nomeadamente, Wirtz (2013), Zhang

(2011) e PriceWaterhouseCoopers (2011) evidenciam que durante o período de crise as

empresas tendem a reconhecer menos ou mesmo a evitar o reconhecimento de

imparidades de ativos.

Tal como Yammine & Olivier (2014) referem, durante a crise financeira o

reconhecimento das imparidades de ativos pode ser usado pelos gestores como meio

para atingir os seus objetivos estratégicos e consequentemente será expetável que os

gestores não vão agravar ainda mais o registo de imparidades durante a crise. Tendo

como intuito não piorar ainda mais o baixo desempenho, característico em épocas de

crise e assim passar a imagem de que estão a ter melhores resultados do que teriam se

reconhecessem perdas por imparidade.

Portanto, a hipótese que estes autores testaram e que se pretende igualmente

testar nesta investigação vai ser a seguinte:

H1: Durante a crise financeira as empresas vão evitar o registo de imparidade

de ativos

Adicionalmente, pretende-se analisar se durante a crise, as empresas dos países

com ajuda financeira também evitam o reconhecimento de imparidades de ativos, à

semelhança da hipótese anterior, visto que estes países foram aqueles que mais sofreram

(24)

16

Assim, com base em estudos que se focam em alguns países intervencionados,

nomeadamente Albuquerque et al. (2011), Carvalho (2013) e Izzo et al. (2013), que

constatam que são poucas as empresas a reconhecer imparidades de ativos durante a

crise e algumas empresas tendem a adiar esse reconhecimento para depois do período de

crise, a segunda hipótese estudada será:

H2: Durante a crise financeira as empresas cujos países tiveram ajuda

financeira vão evitar reconhecer imparidades de ativos

3.2 Descrição da Amostra e Recolha de Dados

Os dados deste estudo foram recolhidos a partir da base de dados Thomson

Reuters durante o mês de junho de 2016, exceto as variáveis de controlo (PIB e

Inflação) que foram extraídas da base de dados Pordata. Os dados aquando da recolha

foram automaticamente convertidos para euros.

A amostra do presente estudo é composta por empresas cotadas dos 14

Estados-Membros da União Europeia, para o período de 2005 a 2014. O período de estudo

inicia-se em 2005, uma vez que foi a partir de janeiro desse ano que foi obrigatório para

todas as empresas cotadas e consolidadas na UE adotarem as normas internacionais de

relato financeiro (IFRS). Neste estudo considera-se o período de crise entre 2008 a

2009, uma vez que foi neste período que houve uma forte turbulência nos mercados

financeiros e conduziu a uma elevada contração económica (PriceWaterhouseCoopers,

2011; Barth & Landsman, 2010; Bartram & Bodnar, 2009; Zhang, 2011).

Os 14 Estados-Membros da UE em estudo estão agrupados em 2 grupos de

países. O primeiro grupo inclui as empresas cotadas dos países da UE que foram

(25)

17

Itália e Espanha. O segundo grupo de países é constituído pelos países que não

cumpriram programas de assistência financeira, ou seja, os que não foram

intervencionados.

De acordo com estudos prévios (Yammine & Olivier, 2014; Zhang, 2011), o

sector da banca e o financeiro foram excluídos da amostra, porque não aplicam a IAS

36. Foram também excluídas da amostra empresas com insuficiência de dados.

Deste modo, a amostra final é composta por 1.383 empresas e 13.830

observações empresa-ano, para o período de 2005 a 2014.

No anexo 1 encontra-se a distribuição das empresas e das observações por país.

Verifica-se que a amostra é constituída por 14 Estados-Membros da União Europeia,

isto porque, durante a delimitação da amostra, as observações referentes ao

Luxemburgo foram excluídas, dado que continha apenas 5 empresas para este país. A

amostra deste estudo é essencialmente constituída por três países, que representam mais

de metade das observações obtidas, isto é o Reino Unido, com maior peso na amostra

21,33%, seguido da França com 18,73% e por fim está a Alemanha, com 15,11%.

No anexo 2 apresenta-se a distribuição das empresas e das observações por

setores de atividade. Observa-se que 23,86% das empresas constantes na amostra

pertencem ao setor da indústria, seguidamente tem-se os setores do consumo cíclico, da

tecnologia e materiais básicos que também são representativos na amostra, com 22,49%,

13,23% e 12,58% das empresas, respetivamente.

(26)

18

De modo a realizar o objetivo deste estudo, de avaliar o impacto da crise

financeira no reconhecimento de imparidades de ativos, foram adotados os modelos

utilizados por Yammine & Olivier (2014) ajustadas com a introdução de variáveis de

controlo por país e sector de atividade.

Assim, foram utilizados os dois modelos de regressão multivariada: a logit e a

linear múltipla, de modo a testar as hipóteses já referidas anteriormente:

Modelo de Regressão Logit:

IMP DUMit= β0 + β1 ENFit+ β2 CRISEit+ β3 DIMit+ β4 ENDIVit+ β5 PIBit

+ β6 INFit+ β7 PAÍSi + β8 SECTi + uit (1 a)

Modelo de Regressão Linear:

RACIO IMPit = β0 + β1 ENFit + β2 CRISEit + β3 DIMit + β4 ENDIVit + β5

RAIit+ β6 PIBit+ β7 INFit+ β8 PAÍSi + β9 SECTi + uit (2 a)

em que a variável dependente usada no modelo de regressão logit, IMP DUM,

representa a decisão de reconhecer imparidade ou não. Assim, IMP DUM é variável

dummy, que assume valores iguais a 1 quando a empresa reconhece uma imparidade de

ativos ou 0 caso contrário.

Enquanto que variável dependente usada no modelo de regressão linear, RACIO

IMP, representa a magnitude da imparidade de ativos, que é representada pelo rácio

entre o total das imparidades de ativos, líquida de reversões de imparidades (tangíveis,

intangíveis e o goodwill), e o total dos ativos.

(27)

19

ENF: Enforcement das normas internacionais de contabilidade; para esta variável foi

utilizado o índice desenvolvido por Preiato et al. (2014), que consiste no índice do

enforcement público de auditoria (Audit) e da atividade contabilística (Enforce),

definido neste estudo para ao ano de 2008. O índice em questão contém nove items

respeitantes à regulamentação da profissão de auditoria e seis items referentes à

regulamentação dos relatórios financeiros, sendo o índice (ENF) a soma destes items.

Este índice foca-se principalmente em termos do enforcement sobre a auditoria e sobre

as normas contabilísticas, ao contrário de autores de estudos anteriores, como La Porta

et al. (1998), que desenvolve o seu índice de uma forma mais geral. Assim, utilizou-se o

índice de Preiato et al. (2014) por este ser mais atual e como refere o autor este índice

poder ser mais útil e ter mais poder explicativo, na medida em que é mais focalizado e

permite “distinguir os países de acordo com a sua capacidade de enforcement em termos

dos requisitos contabilísticos”. Este índice é apresentado em mais detalhe no anexo 3.

Nos países onde o nível de enforcement é mais elevado constata-se que as

empresas reconhecem imparidades de ativos de uma forma mais atempada e com maior

frequência (Amiraslani et al., 2013; Glaum et al., 2015), o que pode ser explicado pela

redução da prática de gestão de resultados (Leuz et al., 2003; Houqe et al., 2011).

Devido ao enforcement os gestores são encorajados a seguir as normas contabilísticas

previstas, e assim aumentam a precisão das estimativas e reduzem a incerteza dos

analistas (Hope, 2003). Assim, quanto maior for o valor do índice do enforcement

melhor será a qualidade de auditoria e mais efetivas serão as práticas de enforcement, e

portanto, maior será a qualidade da informação nos relatórios financeiros. Note-se que

com o intuito de atingirem determinados objetivos, as empresas tendem a reconhecer

(28)

20

reconhecerem nas suas demonstrações financeiras perdas de imparidade acima do que

seria economicamente necessário. Assim, uma vez que um elevado nível de

enforcement está associado a uma redução da prática de gestão de resultados, é

expectável que um elevado nível de enforcement conduza as empresas a anularem o

valor adicional registado como imparidade e que se encontrava acima do que

economicamente seria necessário (Yammine & Olivier, 2014).

CRISE: variável dummy que assume o valor igual a 1 se a observação da empresa i no

ano t pertence ao período de crise e 0 caso contrário. Neste estudo é considerado o pico

da crise financeira, que corresponde ao intervalo entre 2008 a 2009.

Espera-se um sinal do coeficiente da variável CRISE negativo, pois será de esperar que

esta variável contribua para um menor reconhecimento de imparidades de ativos, ou

mesmo evitar tal reconhecimento, assim como evidenciam os resultados alcançados por

Zhang (2011) e Yammine & Olivier (2014). Estes encontraram evidências de sinal

negativo para o coeficiente da variável CRISE, isto porque segundo os autores em

períodos de declínio económico, como a crise, as empresas são menos suscetíveis de

reconhecer imparidades. Na medida em que durante estes períodos os gestores tendem a

reduzir as imparidades, tendo como principal objetivo demostrar melhores resultados.

DIM: logaritmo natural do total do ativo; neste caso aplica-se o logaritmo, de modo a

reduzir a variação desta variável e limitando também o efeito dos outliers tornando-se

assim esta variável mais robusta. Esta variável tem como objetivo controlar o impacto

da dimensão da empresa, incluindo a capacidade que a empresa tem para aplicar

procedimentos mais complexos ao nível dos testes de imparidade (Ball & Foster, 1982).

(29)

21

imparidade mais complexos e assim estão mais preparadas para descobrir eventuais

imparidades e cumprir os requisitos, ao determinar o montante de imparidade (Giner &

Pardo, 2015; Ramanna & Watts, 2012; AbuGhazaleh et al., 2011). Vários estudos

mostraram que as imparidades de ativos são mais suscetíveis de ocorrer em grandes

empresas (Kvaal, 2005; Saastamoinen & Pajunen, 2012). Desta forma, espera-se que o

sinal do coeficiente da variável DIM seja positivo.

ENDIV: Endividamento que é o rácio entre a dívida total e o ativo total; esta variável

tem sido usada frequentemente em vários estudos, cujo objetivo é medir o nível de

envidamento da empresa. Alguns estudos referem que a associação entre o

endividamento e o reconhecimento de imparidade de ativos tanto pode ser negativa

como positiva. Isto é, por um lado as empresas que são mais endividadas podem evitar

reconhecer imparidades, tendo como finalidade não violar as cláusulas dos contratos de

dívida (Ramanna & Watts, 2012). Mas se essas cláusulas não forem cumpridas a

empresa poderá enfrentar várias consequências, como má reputação e no futuro ter mais

dificuldades em obter empréstimos e o seu custo pode também ser mais elevado (Posti,

2016). Por outro lado, as empresas com maior nível de endividamento podem estar sob

um controlo mais apertado por parte de credores e investidores, o que pode deixar

menos margem para a gestão de resultados nas decisões de imparidade (Strong &

Meyer, 1987; Elliott & Shaw, 1988; Saastamoinen & Pajunen, 2012), podendo assim

conduzir a um reconhecimento de imparidades dos ativos. Desta forma será expectável

que o coeficiente da variável ENDIV tanto possa ser negativo, como positivo, tendo em

conta o que foi explicado.

RAI ajustado às imparidades: é igual ao resultado antes de impostos ajustado às

(30)

22

resultado se as empresas não tivessem reconhecido as imparidades. Kvaal (2005)

utilizou esta variável no seu estudo e referiu que esta variável está associada ao

reconhecimento de imparidades e que as conclusões desta associação está interligada

com a gestão de resultados. Esta variável só é incluída no modelo 2 a) à semelhança do

estudo de Yammine & Olivier (2014). É expetável que as empresas que têm um maior

resultado ajustado às imparidades tendam a reconhecer menos imparidades de ativos,

isto porque as imparidades são um item que reduz os resultados da empresa. Assim, é

expetável que o coeficiente desta variável seja negativo.

ROA: Retorno dos ativos é o rácio entre o resultado líquido e o total do ativo; esta

variável permite medir o desempenho financeiro de uma empresa num determinado

período, de acordo com vários estudos anteriores (Zhang, 2011; Hayn & Hughes, 2006;

Glaum et al., 2015). É expetável que as empresas que apresentam um melhor

desempenho (ROA elevado) tendam a reconhecer menos imparidades de ativos, por

forma a manter um bom desempenho futuramente e portanto que o coeficiente da

variável ROA seja negativo. Esta variável foi adicionada aos dois modelos, como

análise adicional.

Relativamente às variáveis de controlo:

PIB: Taxa de crescimento real do PIB durante o ano; esta variável está presente em

alguns estudos, nomeadamente Loh et al., (2002) e permite fazer comparações entre

diferentes anos e países. Segundo Yammine & Olivier (2014) esta variável tem como

objetivo controlar os fatores económicos que tenham impacto no reconhecimento de

(31)

23

INF: Taxa de Inflação (Taxa de Variação do Índice de Preços no Consumidor) durante

o ano; esta variável está presente em estudos como os de Chia (1994). Tal como o PIB

permite também controlar os fatores económicos que tenham impacto no

reconhecimento de imparidades.

SECT: Variável dummy que assume o valor igual a 1 se a observação da empresa i

pertence a um determinado sector e 0 caso contrário; esta variável serve para controlar o

efeito das diferentes características a nível de sector de atividade.

PAÍS: Variável dummy que assume o valor igual a 1 se a observação da empresa i

pertence a um determinado país e 0 caso contrário; esta variável serve para controlar o

efeito das diferentes características a nível de país.

4.

Análise de Resultados

4.1 Estatísticas Descritivas

O anexo 4 apresenta as estatísticas descritivas da amostra por conjunto de países

para dois períodos, período de crise (2008 a 2009) e período de não crise (2005 a

2007 e 2010 a 2014). Assim, encontram-se neste anexo as estatísticas descritivas das

variáveis dependentes e independentes dos modelos, para o total das empresas por

período (Painel A), para as empresas dos países intervencionados por período

(Painel B) e para as empresas dos países não intervencionados por período (Painel

C).

No painel A, pode-se verificar que em termos médios o valor das imparidades de

ativos é superior no período da crise (28306 milhares de euros), em relação ao

(32)

24

imparidades em termos médios também apresenta um valor superior no período de

crise (2,22%) em comparação com o período de não crise (1,65%). Em termos

médios, durante o período de crise as empresas apresentam um RAI ajustado às

imparidades na ordem dos -1,5%, enquanto no período de não crise apresentou uma

média de 2,73%. As variáveis dimensão e nível de endividamento, em termos

médios não apresentam diferenças significativas entre o período de crise e de não

crise.

No painel B, em termos médios durante o período de crise as empresas dos

países intervencionados apresentam um valor de imparidades de ativos inferior em

comparação com o período de não crise (17835 milhares de euros contra 30115

milhares de euros, respetivamente), em cerca de 69%. Durante o período de crise, os

países intervencionados, apresentam uma média do rácio de imparidades de 0,82%,

enquanto no período de não crise este conjunto de países apresenta uma média de

1,25%.

No painel C, relativamente às empresas dos países não intervencionados para a

variável imparidade de ativos, em termos médios verifica-se o contrário da situação

do painel B. Isto é, o valor médio desta variável durante o período de crise é

superior em comparação com o período de não crise (30753 milhares de euros

contra 25325 milhares de euros, respetivamente). Durante o período de crise, os

países não intervencionados, apresentam uma média do rácio de imparidades de

2,55%. Por outro lado, no período de não crise este conjunto de países apresenta

uma média de 1,74%. Neste painel, à semelhança do que acontece no painel A, o

(33)

25

de crise (-2,41%), enquanto no período de não crise apresenta valor positivo

(2,26%).

No anexo 5 encontram-se distribuídos os países da amostra em função do

reconhecimento de imparidades de ativos durante o período de crise. Constata-se

que os países que reconhecem mais imparidades durante a crise são a Irlanda

(12,13%), Itália (10,84%) e França (10,54%). Por outro lado, os que reconhecem

menos imparidades durante este período são a Grécia (1,92%), Suécia (4,29%) e

Portugal (6,30%). Verifica-se ainda que apenas cerca de 8% das empresas

reconhecem imparidades de ativos durante a crise.

4.2 Teste de Igualdade de Médias

Com o objetivo de testar a hipótese nula da igualdade de médias das variáveis

dependentes por período (crise e não crise) e ainda por país (intervencionado ou

não), usou-se o teste-t para amostras independentes (assumindo que as variâncias

são diferentes). Os resultados deste teste encontram-se no anexo 6 e 71.

No anexo 6 pode-se verificar que se rejeita a hipótese nula, mas apenas da

variável reconhecimento de imparidade de ativos (IMP DUM). Assim, existem

diferenças estatisticamente significativas entre o período de crise e não crise, isto

porque o p-value é inferior a 0,05. Verifica-se ainda que no período de crise, o valor

médio em termos do reconhecimento de imparidade de ativos é superior em

1

Tendo em conta a amostra deste estudo, pode-se constatar que estamos perante uma amostra de

(34)

26

comparação com o período de não crise. Assim, os resultados sugerem que a crise

pode ter influenciado o reconhecimento de imparidades.

No que diz respeito ainda a este teste, o anexo 7 demonstra uma conclusão

semelhante, ou seja, que também se rejeita a hipótese de igualdade de médias, mas

apenas da variável reconhecimento de imparidade (p-value=0,000). O que sugere

que existe diferença de médias entre as empresas dos países intervencionados e não

intervencionados, sendo que as empresas dos países intervencionados apresentam

um rácio de imparidades superior.

4.3 Matriz de Correlação

O anexo 8 apresenta a matriz das correlações entre as variáveis dos modelos em

estudo. De uma forma geral, as variáveis apresentam uma correlação fraca, sendo de

salientar que a correlação com valor mais elevado se constata entre as variáveis

RACIO IMP e RAI (ajustado às imparidades), de 0,3734 e é estatisticamente

significativa a um nível de significância de 1%. O que sugere que as empresas que

reconhecem uma maior magnitude em termos de imparidade de ativos apresentam

um RAI ajustado às imparidades superior.

Em termos do valor das imparidades de ativos (IMP), este encontra-se

correlacionado positivamente com as variáveis ENF e DIM e negativamente com a

variável PIB, sugerindo que as empresas com maior nível de enforcement e

dimensão e de menor crescimento do PIB estão associadas a um maior

reconhecimento da imparidade de ativos. Em termos da variável dependente,

RACIO IMP, esta encontra-se correlacionada positivamente com o enforcement,

nível de endividamento e com o RAI e negativamente com a dimensão da empresa.

(35)

27

O anexo 9 apresenta os resultados referentes às estimativas dos coeficientes

obtidos e respetivos p-values ao correr as regressões.

Os resultados mostram que no modelo 1 a), todas as variáveis são

estatisticamente significativas e vão ao encontro dos resultados obtidos por

Yammine & Olivier (2014).

O coeficiente da variável ENF no modelo 1 a) apresenta sinal negativo, como

seria expetável, pelo que existe evidência de que, as empresas de países com um

elevado nível de enforcement, em termos de normas contabilísticas e de auditoria,

em média, reconhecem menos imparidade de ativos. Tal justifica-se pelo facto de a

um maior nível de enforcement estar associada uma melhor qualidade de auditoria e

efetividade das práticas de enforcement, que contribuiem para estimativas mais

precisas e redução de margem para gestão de resultados. Assim, é expetável que um

elevado nível de enforcement conduza à anulação do valor adicional registado como

imparidade e que se encontrava acima do que economicamente seria necessário

(Yammine & Olivier (2014). O facto de a amostra só incluir empresas cotadas

pressupõe também que haja uma menor gestão de resultados, isto devido à maior

exposição destas empresas e consequente divulgação que é exigida.

A variável CRISE apresenta um coeficiente negativo, o que sugere que durante o

período de crise as empresas tendem a reduzir o reconhecimento de imparidades de

ativos, não se rejeitando assim a hipótese 1. Este resultado é explicado pelo facto de,

durante a crise, apesar de existir um crescimento das dificuldades económicas e uma

diminuição dos cash flows futuros, as empresas pretendem “melhorar” os resultados

e assim, reconhecem menos imparidades. Tal vai ao encontro também dos

(36)

28

Os resultados do modelo 1 a) evidenciam ainda que as empresas de maior

dimensão e com maior nível de endividamento tendem, em média, a reconhecer

mais imparidades de ativos. O coeficiente da variável DIM é positivo, o que está de

acordo com os resultados dos estudos de Verriest & Gaeremynck (2009), Zhang

(2011) e Glaum (2015). A variável END apresenta sinal positivo, o que evidência

que quanto maior o nível de endividamento da empresa, maior o reconhecimento de

imparidades, o que vai ao encontro dos resultados de Verriest & Gaeremynck (2009)

e Glaum (2015). O coeficiente desta variável reflete a ideia de que as empresas mais

endividadas se encontram sob um controlo e escrutínio mais apertado, conduzindo

assim a uma menor gestão de resultados e, consequentemente, a um maior

reconhecimento de imparidades.

No modelo 2 a) os sinais dos coeficientes são contrários aos resultados

encontrados por Yammine & Olivier (2014), à exceção da variável CRISE, que

apresenta um sinal positivo, sugerindo que durante o período de crise, em termos de

magnitude o reconhecimento de imparidades de ativos é maior em comparação com

um período de não crise. Apesar de esta variável não ser estatisticamente

significativa neste modelo.

No mesmo anexo encontra-se a adição de mais uma variável (ROA), ao modelos

base, que são os modelos 1 b) e 2 b). Esta variável apresenta-se estatisticamente

significativa e com sinal negativo, nos dois modelos o que sugere que o ROA tem

uma relação estatística negativa, tanto com o reconhecimento de imparidades de

ativos, como com a magnitude de tal reconhecimento. Isso evidencia que quanto

maior a rendibilidade dos ativos, menor será a probabilidade das empresas

(37)

29

encontro do estudo de Zhang (2011). Os resultados obtidos para as restantes

variáveis são idênticos aos apresentados no modelo 1 a) e 2 a).

De modo a estudar o reconhecimento de imparidades de ativos e respetiva

magnitude ao nível dos países que foram intervencionados, dividiu-se a amostra

pelos países intervencionados e não intervencionados, sendo os resultados

apresentados no anexo 10.

Neste anexo, no que diz respeito aos resultados para os países intervencionados,

pode-se constatar que todas as variáveis do modelo 1 a) se apresentam

estatisticamente significativas e os resultados obtidos são semelhantes aos

apresentados no anexo 9 para os modelos 1 a) e 2 a), que inclui todos os países da

amostra. O coeficiente da variável CRISE apresenta sinal negativo, o que evidencia

que durante a crise as empresas cujos países tiveram ajuda financeira são menos

suscetíveis de reconhecer imparidades de ativos, pelo que não se rejeita a hipótese 2.

A explicação para tal resultado, pode dever-se ao facto de que durante a crise seria

expetável que os ativos possam estar em maior imparidade, mas isso não implica

necessariamente que as empresas as reconheçam, o que pode evidenciar de alguma

forma que existe gestão de resultados nas empresas dos países intervencionados,

com o objetivo de mostrar um “melhor” desempenho aos mercados, e assim estas

empresas reconhecem menos imparidades nas suas demonstrações financeiras.

De salientar, que apenas a variável enforcement altera o sinal do coeficiente para

positivo, sugerindo que quando o enforcement é elevado, maior será o

reconhecimento de imparidades, por parte das empresas, cujos países tiveram ajuda

(38)

30

mais imparidades, de modo a criarem reservas para períodos após a crise (Yammine

& Olivier, 2014).

Ainda no anexo 10, no que diz respeito ao modelo 2 a), pode-se verificar que a

variável CRISE, apresenta sinal positivo, evidenciando que durante este período de

declínio económico, a magnitude do reconhecimento de imparidades é superior.

Apesar desta variável não ser estatisticamente significativa neste modelo, tal como

nos resultados obtidos por Yammine & Olivier (2014).

No mesmo anexo, são apresentados os resultados para os países não

intervencionados. Constata-se que a única diferença, em comparação com os países

intervencionados em relação ao modelo 1 a), é na variável ENF, que apresenta sinal

negativo e uma relação estatística não significativa com o reconhecimento de

imparidades.

Em relação ao modelo 2 a), verifica-se que o endividamento deixa de ser

estatisticamente significativo e a variável RAI ajustado às imparidades apresenta

coeficiente positivo e também não é estatisticamente significativo, isto comparando

com os resultados obtidos para os países intervencionados.

Assim, conclui-se que em termos da variável CRISE, que é o foco deste estudo,

não existem diferenças em termos do sinal desta variável, tanto no modelo 1 a),

como no modelo 2 a), comparando os países intervencionados com os não

intervencionados. É apenas de salientar que o valor deste coeficiente, que apresenta

sinal negativo, no modelo 1 a), é ligeiramente inferior nos países intervencionados,

o que sugere que estes países reconhecem menos imparidades em relação aos países

(39)

31

Por fim, os valores apresentados do Pseudo R2 para o modelo logit e do

R-squared para o modelo linear são similares aos do estudo de Yammine & Olivier

(2014). De salientar ainda que o p-value dos dois modelos foram iguais a 0,00 pelo

que se rejeita a hipótese da nulidade conjunta dos coeficientes das variáveis e desta

forma, os modelos estudados são válidos para explicar o reconhecimento de

imparidades de ativos, assim como da respetiva magnitude.

4.5 Análises de Robustez dos Resultados

Adicionalmente, foi efetuada uma análise de robustez aos resultados dos dois

modelos deste estudo, tendo excluído da amostra os três países que tinham uma

maior representatividade. Deste modo, foram retirados da amostra o Reino Unido,

França e Alemanha, tendo-se obtido os resultados que são apresentados no anexo

11. Estes países representam mais de metade da amostra deste estudo, mas o facto

de os retirar da amostra não altera os resultados em relação ao modelo 1 a),

continuando as variáveis a serem estatisticamente significativas. O mesmo não

acontece no modelo 2 a), em que a variável CRISE apresenta agora sinal negativo e

é estatisticamente significativa. Isso significa que durante a crise as empresas

reconhecem menores montantes de imparidades de ativos, de modo a prevenir uma

redução adicional nos resultados, que como reflexo da crise financeira já são baixos.

Com esta análise conclui-se que os três países retirados da amostra têm impacto

apenas no modelo que estuda o reconhecimento de imparidades de ativos em termos

da sua magnitude e é um impacto importante.

Adicionalmente, para proceder à análise da robustez dos resultados ao nível da

magnitude das imparidades de ativos foram consideradas apenas as observações

(40)

32

em que a variável CRISE, apresenta coeficiente negativo, apesar de continuar a não

ser estatisticamente significativa.

5.

Conclusões e Investigação Futura

O presente Trabalho Final de Mestrado teve como objetivo analisar se a crise

financeira, que afetou vários países, nomeadamente os europeus teve impacto no

reconhecimento de imparidades de ativos. Também se pretendeu analisar este tema ao

nível dos países que recorreram a ajuda financeira.

Durante a crise financeira alguns ativos podem não estar a evidenciar de forma

verdadeira e fidedigna o montante dos seus benefícios económicos futuros, deste modo

este tema é de grande importância no contexto contabilístico.

Os resultados sugerem que as empresas cotadas europeias evitam o

reconhecimento de imparidades de ativos durante o período de crise, o que vai ao

encontro dos resultados dos estudos de Yammine & Olivier (2014) e Zhang (2011). Este

resultado pode evidenciar que a empresa gere os seus resultados por forma a demonstrar

melhores resultados e dar a entender que não foi afetada tão negativamente pela crise

financeira.

Por sua vez, os resultados sugerem que não é afetada pela crise a magnitude das

imparidades de ativos, o que também foi ao encontro do estudo de Yammine & Olivier

(2014).

Os resultados demonstram ainda que existe um maior reconhecimento de

imparidades por parte de empresas cotadas de maior dimensão, com um nível de

(41)

33

baixo. Adicionalmente, constata-se que são as empresas que apresentam rendibilidade

mais elevada, que tendem a reconhecer menos imparidades de ativos.

Com este estudo também se conclui que durante a crise, as empresas

reconhecem menos imparidades, independentemente de pertencerem a países que

tiveram ajuda financeira ou não, visto que, de uma forma geral, todos os países foram

afectados pela crise financeira. Contudo, é de salientar que durante a crise, as empresas

dos países que tiveram ajuda financeira revelam-se menos suscetíveis de reconhecer

imparidades de ativos, comparativamente às empresas dos países que não tiveram ajuda

financeira.

Em termos da análise de robustez dos resultados, existem diferenças ao nível da

magnitude das imparidades de ativos, em que os resultados sugerem que durante a crise

as empresas reconhecem menores montantes de imparidades. Assim, verifica-se que os

resultados podem estar a ser influenciados pelos países que são mais representativos da

amostra, no caso da magnitude das imparidades de ativos. Por outro lado, mantém-se

inalterados os resultados para o reconhecimento de imparidades de ativos.

Espera-se assim, que este estudo contribua para a literatura, de modo a analisar o

impacto da crise financeira no reconhecimento de imparidades de ativos e em particular

nos países que recorreram a ajuda financeira.

A principal limitação deste estudo foi a falta de dados, pelo que se teve de

excluir um número considerável de empresas, dado que estas não apresentavam

informação para algumas variáveis que se pretendia estudar. Também não foi possível

ter acesso ao item de imparidades de ativos desagregado, ou seja imparidades de ativos

(42)

34

Ainda, o facto de neste estudo não se ter em consideração eventuais influências

dos normativos contabilísticos dos diferentes países da amostra pode ser visto como

uma limitação. Todavia, isso foi ultrapassado por se utilizar a Dummy País nos modelos,

para fazer face a essas influências.

Por último, referir que a interpretação dos resultados está condicionada ao

período de crise 2008-2009 (PriceWaterhouseCoopers, 2011; Zhang, 2011) escolhido

para este Trabalho Final de Mestrado.

Dado que este tema é atual e de extrema relevância seria interessante realizar

este mesmo estudo para empresas não cotadas, visto existirem poucos estudos e assim

comparar com os resultados alcançados.

Outra sugestão de pesquisa futura poderia ser fazer uma análise comparativa do

reconhecimento de imparidades de ativos fixos tangíveis, intangíveis e goodwill durante

o período de crise.

Adicionalmente, também se poderia incluir nos modelos adotados outras

variáveis, como a cotação das ações da empresa e variáveis relacionadas com o sistema

Referências

Documentos relacionados

a) Solicitações cujo curso anteriormente frequentado é o mesmo da matrícula atual na Unopar – caso o requerente cumpriu regularmente com aprovação integral

O candidato e seu responsável legalmente investido (no caso de candidato menor de 18 (dezoito) anos não emancipado), são os ÚNICOS responsáveis pelo correto

A espectrofotometria é uma técnica quantitativa e qualitativa, a qual se A espectrofotometria é uma técnica quantitativa e qualitativa, a qual se baseia no fato de que uma

Nas últimas décadas, os estudos sobre a fortificação alimentar com ferro no país têm sido conduzidos na tentativa de encontrar uma maneira viável para controle da anemia

O enfermeiro, como integrante da equipe multidisciplinar em saúde, possui respaldo ético legal e técnico cientifico para atuar junto ao paciente portador de feridas, da avaliação

Apothéloz (2003) também aponta concepção semelhante ao afirmar que a anáfora associativa é constituída, em geral, por sintagmas nominais definidos dotados de certa

A abertura de inscrições para o Processo Seletivo de provas e títulos para contratação e/ou formação de cadastro de reserva para PROFESSORES DE ENSINO SUPERIOR

Na minha opinião o veiculo mais importante para a divulgação da veiculo mais importante para a divulgação da marca a Ocidente marca a Ocidente foi mesmo o MIUI, visto que esta