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Educação física escolar: desafios formativos vivenciados pelos pedagogos / School physical education: formative challenges experienced by pedagogues

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Academic year: 2020

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 10, p.83553-82563, oct. 2020. ISSN 2525-8761

Educação física escolar: desafios formativos vivenciados pelos pedagogos

School physical education: formative challenges experienced by pedagogues

DOI:10.34117/bjdv6n10-619

Recebimento dos originais: 13/09/2020 Aceitação para publicação: 28/10/2020

Éderson Andrade

Doutor em Educação, Centro Universitário de Várzea Grande – UNIVAG,

Endereço: Av. Dom Orlando Chaves, n. 2655, Cristo Rei – Várzea Grande, MT CEP 78118-900 E-mail: ederson.andrade@univag.edu.br

Sávio Antunes dos Santos

Mestre em Educação, Centro de Formação e Atualização dos Profissionais da Educação de Mato Grosso – CEFAPRO Cuiabá,

Endereço:Av. José Rodrigues do Prado, nº 96, Cohab Nova, Cuiabá, MT CEP 78025-413 E-mail: savioantunes1@hotmail.com

Jaqueline Mendes da Silva

Mestra em Educação, Centro Universitário de Várzea Grande – UNIVAG,

Endereço:Av. Dom Orlando Chaves, n. 2655, Cristo Rei – Várzea Grande, MT CEP 78118-900 E-mail: jaqueline.mendes@univag.edu.br

Verônica Ramos de Assis

Mestra em Educação, Secretaria de Estado de Educação – SEDUC/MT,

Endereço:Rua Engenheiro Edgar Prado Arze, 303 Quadra 01, Lote 05, CPA, Cuiabá, MT, CEP 78049-906

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 10, p.83553-82563, oct. 2020. ISSN 2525-8761

RESUMO

As aulas de educação física têm sido um desafio desde abertura democrático no Brasil, pois entrou no cenário escolar proposições críticas pedagógicas que deslocaram este componente curricular da pura repetição do movimento, bem como a prática esportivista com busca ao rendimento técnico, para um contexto pedagógico da cultura coporal de movimento. Este relato, formação com parceria entre UNIVAG e CEFAPRO, tem como objetivo analisar a inserção das aulas de educação física dada por professores pedagogos a partir de discussões realizadas durante um momento de formação. A problematização da experiência formativa trazida aqui foi feita a partir de diálogos com os professores participantes, bem como de observações das atividades práticas em educação física. A formação aconteceu em Nossa Senhora do Livramento, com cerca de 100 professores pedagogos que lecionam em turmas da educação infantil e do anos iniciais do ensino fundamental. A formação foi estruturada em três momentos: discussão sobre a educação física escolar, atividades práticas e uma reflexão final sobre a articulação teórico prática. Durante a formação analisamos que os professores demostram conhecimento sobre jogos e brincadeiras, contudo desconhecem outras práticas corporais, tais como lutas, danças, esportes, ginásticas, dentre outras, como objetos de conhecimento/trabalho da educação física no cotidiano escolar. Consideramos que é necessária uma formação inicial que problematize tais práticas corporais, bem como processos formativos contínuos, para que estes professores possam trabalhar com educação física e os elementos da cultura corporal de movimento de forma crítica e reflexiva.

Palavras-chave: Educação Física, Pedagogos, Formação. ABSTRACT

Physical education classes have been a challenge since the democratic opening in Brazil, because critical pedagogical propositions that displaced this curricular component of the pure repetition of the movement, as well as the sports practice with search for technical performance, to a pedagogical context of the coporal culture of movement, entered the school scene. This report, a partnership between UNIVAG and CEFAPRO, aims to analyze the insertion of physical education classes given by pedagogical teachers based on discussions held during a period of training. The problematization of the formative experience brought here was made from dialogues with the participating teachers, as well as observations of practical activities in physical education. The training took place in Nossa Senhora do Livramento, with about 100 pedagogical teachers who teach in kindergarten and elementary school classes. The training was structured in three moments: discussion about physical education at school, practical activities and a final reflection on theoretical and practical articulation. During the training we analyzed that teachers demonstrate knowledge about games and jokes, however they are unaware of other body practices, such as fights, dances, sports, gymnastics, among others, as objects of knowledge / work of physical education in daily school life. We consider that an initial training is necessary to problematize such body practices, as well as continuous formation processes, so that these teachers can work with physical education and the elements of the body culture of movement in a critical and reflective way.

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Braz. J. of Develop.,Curitiba, v. 6, n. 10, p.83553-82563, oct. 2020. ISSN 2525-8761 1 INTRODUÇÃO

Nossa! O professor de Educação Física faltou. E agora? O porteiro está livre? Chama ele! Embora muita gente (muita mesmo) considere ser algo muito fácil dar aulas de Educação Física, as suas práticas pedagógicas são muito mais complexas do que se pensa, ou seja, são profundas e interligadas (MORIN, 2007) com muitas outras áreas do cenário educativo.

Destarte, pensar e fazer a Educação Física Escolar precisa ser dentro do contexto do pensamento complexo, “capaz de contextualizar e globalizar, mas, ao mesmo tempo reconhecer o que é singular e concreto” (MORIN, 2007, p.76), reconhecer as culturas, entrelaçar os saberes, vivenciar de forma crítica e reflexiva o movimento humano.

A Educação Física vista não mais com uma mera repetição de exercícios físicos ou de práticas aleatórias, ou esportivista, tornou-se complexa. Temos um cenário produtivo que propõe a problematização de práticas corporais das múltiplas culturas, portanto complexa, capaz de enredar muitas vivências corporais.

Este é um dos desafios do professor pedagogo quando assume o trabalho pedagógico com a Educação Física para a Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental. E agora? Eles conseguem? Não conseguem? Podem? Não podem? As questões são muitas, mas querendo ou não ele está lá! Está dando aulas de Educação Física.

O que pode auxiliar este profissional quanto a este desafio? Acreditamos que a formação inicial precisa ser repensada e alargada no tocante a cultura corporal, bem como a formação continuada pode problematizar tais questões articulando teoria e práticas com as vivências destes professores.

Não se trata aqui apenas da compreensão sobre a construção de uma identidade profissional para o trabalho com a Educação Física, mas sim de uma questão de construção de saberes docentes, de conhecimentos sobre a cultura corporal de movimento, de condições de trabalho (PEREZ; SILVA; MONTEIRO, 2020)

Este relato tem como objetivo analisar a inserção das aulas de educação física dada por professores pedagogos a partir de discussões realizadas durante um momento de formação. A problematização da experiência formativa trazida aqui foi feita a partir de diálogos com os professores participantes, bem como de observações das atividades práticas em educação física.

A formação aconteceu em Nossa Senhora do Livramento, com cerca de 100 professores pedagogos que lecionam em turmas do anos iniciais do ensino fundamental. A formação foi estruturada em três momentos: discussão sobre a educação física escolar, atividades práticas e uma reflexão final sobre a articulação teórico prática.

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Este encontro formativo nasceu de uma parceria entre o curso de Educação Física do UNIVAG, o Centro de Formação de Professores de Cuiabá e da Secretaria de Estado de Educação-MT.

Durante o planejamento do encontro formativo, os professores de Educação Física, buscaram formas de problematização da cultura corporal de movimento, ou seja, como introduzir o objeto central da Educação Física no contexto das aulas ministradas por professores pedagogos.

A seguir problematizamos alguns aspectos da Educação Física Escolar e sobre a formação continuada, apresentamos reflexões sobre o encontro formativo e tecemos algumas considerações sobre a importância de se alargar a formação dos Pedagogos sobre as culturas corporais de movimentos.

2 EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: OUTROS OLHARES

E o porteiro pode substituir o professor de Educação Física? Parece óbvio que não! E o fato não é desmerecimento enquanto pessoa do porteiro, mas sim da complexidade, já mencionada, da ação docente em Educação Física, dos aspectos pedagógicos formativos oriundos dessa área de conhecimento.

O olhar para a Educação Física como um espaço de mera descontração física, desprovida de aspectos pedagógicos formativos, deu lugar a perspectivas críticas e reflexivas na vida dos alunos, na vida da escola, nas aulas de Educação Física.

Nesse sentido podemos sinalizar que as décadas de 1980 e 1990 foram frutíferas para a Educação Física Escolar no Brasil. Go Tani et al. (1988), Freire (1989), Soares et al. (1992), Betti (1992), Kunz (1994), Daólio (1995), dentre outros, trouxeram a Educação Física para um contexto pedagógico.

Na obra de Go Tani et al. (1988) podemos encontrar uma preocupação com o movimento enquanto objeto central da Educação Física. Dessa maneira as aulas de Educação Física centram-se na aprendizagem do movimento, ou seja, não dá para pensar apenas a aprendizagem esportiva, nessa concepção a Educação Física ampliou seu olhar, encetando para processos formativos. Apesar de ser uma forma de pensar e fazer uma Educação Física comprometida com os processos pedagógicos seu foco fora no desenvolvimento motor e na aprendizagem motora, ou seja, as aulas a nossa ver se tornariam um tanto quanto reducionistas. Contudo, consideramos um avanço para a área.

Em uma perspectiva mais crítica e reflexiva sobre o movimento humano nasceram os trabalhos de Carmem Lúcia Soares et al., de Mauro Betti, Elenor Kunz, dentre outros. Para Soares et al. (1992, p. 18) a Educação Física “trata, pedagogicamente, temas da cultura corporal, ou seja,

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os jogos, a ginástica, as lutas, as acrobacias, a mímica, o esporte e outros", partindo do pressuposto que essa cultura é uma forma de linguagem. Os conteúdos da Educação Física passam a ser oriundos da cultura corporal, sendo os adeptos dessa perspectiva que se alinharem ao pensamento crítico do materialismo histórico-dialético, uma visão sobre a luta de classes no contexto social.

O debate proposto por Mauro Betti (1992) se fez muito interessante para a proposição de uma Educação Física com um olhar pedagógico. A partir do conceito de cultura física o autor propõe que o objetivo da Educação Física é inserir os alunos nessa cultura, promovendo experiências em que os alunos possam produzir, reproduzir, usufruir e partilhar as formas culturais das atividades físicas, ou seja, os jogos, os esportes, as danças, dentre outros.

Denunciando uma Educação Física tecnicista e biologicista que advindas das décadas passadas, a obra de Elenor Kunz (1994), propõe uma ampla discussão sobre a cultura do movimento, bem como as relações que o ser humano possui e constrói no ato de se movimentar, trazendo para as aulas de Educação Física uma profunda necessidade de problematizar o movimento humano e suas relações com o mundo.

Dentro deste cenário frutífero nasceu a Educação Física Cultural que perspectiva as aulas para a problematização de aspectos multiculturais críticos (NEIRA, 2006, 2011, 2014, 2016). A proposta metodológica propõe o mapeamento, tematização, problematização, aprofundamento e a ampliação das práticas corporais culturais que atravessam os espaços tempo de determinada comunidade (NEIRA, 2016).

Nesse cenário a Educação Física Escolar irá mapear, tematizar, problematizar, aprofundar e ampliar práticas corporais dos jogos, dos esportes, das danças, das ginásticas, das lutas. Os processos de significação de cada um destes elementos vão além de práticas motoras repetitivas e descontextualizadas.

Novos olhares foram lançados para a Educação Física a partir da década de 1980, aqui apresentamos algumas, mas ainda existem outras. O que é importante destacar é que o cenário está voltado para a compreensão e problematização da cultural corporal de movimento e/ou de suas aproximações com esse objeto. Dessa maneira cabe o direcionamento formativo para esse objeto a fim de permitir a criação crítica e reflexiva das/nas aulas de Educação Física em toda a Educação Básica.

É preciso entender que nas aulas de Educação Física temos que problematizar de forma crítica e reflexiva o maior número de experiências corporais possíveis. As danças, as ginásticas, os esportes, as lutas, os jogos, as múltiplas atividades corporais, marcadas e atravessadas por culturas,

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devem estar presentes nas aulas de Educação Física durante toda a Educação Básica para que os alunos tenham o máximo de compreensão das culturas corporais de movimentos.

Não se trata aqui de uma proposição em que os futuros Pedagogos, que poderão dar aulas de Educação Física na Educação Infantil e/ou nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, deverão discutir profundamente todas as abordagens/perspectivas pedagógicas da Educação Física Escolar, mas sim de que a formação inicial deverá problematizar essa área de forma ampla, distanciando-se da visão que as aulas de Educação Física se reduzem a jogos e brincadeiras. Além disso, a formação continuada pode ser um espaço profícuo para a compreensão das culturas corporais de movimentos presentes em cada escola.

3 A FORMAÇÃO INICIAL E CONTINUADA: PROBLEMATIZAÇÕES NECESSÁRIAS O desafio atual para o desenvolvimento profissional dos professores tem posto para estes sujeitos uma exigência de busca por transformação. A nosso ver é preciso pensar que tal desenvolvimento não é tarefa fácil, pois é um processo marcado por muitas situações como entrada na profissão, condições de formação, condições de trabalho, dentre outros fatores.

Como nos aponta Carlos Marcelo o desenvolvimento profissional é marcado por um atravessamento de muitas condicionantes. Para o autor,

o desenvolvimento profissional docente como um processo, que pode ser individual ou colectivo, mas que se deve contextualizar no local de trabalho do docente — a escola — e que contribui para o desenvolvimento das suas competências profissionais através de experiências de diferente índole, tanto formais como informais (2009, p. 10).

Além disso, a literatura internacional tem mostrado que para ser/estar um bom professor na atualidade precisa de aspectos que se articulam ao desenvolvimento profissional individual e/ou coletivo. Segundo Marcelo (2011, p. 50)

refieren al conocimiento y los valores que maestros y profesores deben poseer para transmitir a los estudiantes, a lo que se agrega el manejo de métodos de enseñanza relacionados con los contenidos, las competencias comunicacionales que les permitan interactuar con estudiantes, padres, colegas; el dominio de técnicas derivadas de los avances más modernos de las tecnologías de la información y la comunicación, las competencias para la investigación y la refl exión acerca de sus propias prácticas.

Ou seja, é exigido que os professores estejam em permanente movimento formativo para alcançar os objetivos de uma formação política social dos estudantes. E esse movimento exige dos professores (formadores e formandos) um diálogo que permita um ato de ensinar com escuta (FREIRE, 1997).

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Ser um bom professor, que abre possibilidades formativas profícuas para os alunos, é estar marcado por necessidades de saber bem o que se ensina, de trabalhar de forma coletiva e colaborativa, ter compromisso social, conhecer a fundo o espaço tempo escolar (NÓVOA, 2009), ou seja, é um exercício permanente para que os professores consigam dentro da própria formação compreender as possibilidade para a construção de práticas pedagógicas inovadoras, críticas e reflexivas, que provoquem a construção de saberes a cada aluno.

Os cenários irão mudar, o mundo sempre traz inovações sociais, inovações tecnológicas, tendo a formação inicial e continuada de professores fomentar uma capacidade reflexiva docente para que este seja capaz de aprender dentro das mudanças ocorrida, para que saiamos do excesso de retórica, para a ampliação de práticas pedagógicas no contexto da prática (NÓVOA, 2009).

Para o trabalho com a Educação Física, a nossa defesa é que este trabalho se paute na Educação Física Cultural, sendo assim a formação inicial e continuada precisara tratar de aspectos mais amplos do objeto da Educação Física Escolar.

A formação inicial cabe a análise, discussão e compreensão de que as aulas Educação Física são marcadas por um universo de práticas corporais, o que chamamos de culturas corporais de movimentos.

A formação continuada cabe a problematização teórica prática para o pleno desenvolvimento profissional, permitindo que os professores de Educação Física e/ou os Pedagogos que trabalham com as aulas de Educação Física, possam tratar da amplitude das culturas corporais de movimentos, ou seja, durante toda a Educação Básica não se pode fixar as práticas pedagógicas da Educação Física em apenas uma manifestação, não é possível que as crianças tenham acesso apenas a jogos e brincadeiras, não é que os adolescentes tenham acesso apenas aos esportes tradicionais brasileiros, a formação deve permitir um olhar ampliado também para as lutas, as ginásticas, as danças, dentre outros.

Podemos sinalizar, a partir deste relato de experiência, que a formação inicial e continuada do professor pedagogo não aprofunda com princípios pedagógicos da Educação Física, dando foco apenas o trabalho com jogos e brincadeira. Nesse sentido os processos formativos precisam voltar-se para as culturas corporais de movimentos e como ela pode voltar-ser vivenciada e problematizada na escola. Espera-se assim que as aulas de Educação Física ministradas pelos Pedagogos tratem das culturas corporais de movimentos: dos esportes, das lutas, das ginásticas, dos jogos, das danças, dentre outros.

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4 O ENCONTRO FORMATIVO: DESAFIOS FORMATIVOS À PRÁTICA COM EDUCAÇÃO FÍSICA

A formação foi realizada a partir da parceria entre o curso de Educação Física do UNIVAG – Centro Universitário e o Centro de Formação dos Profissionais da Educação – Cefapro Cuiabá.

O encontro formativo foi realizado no município de Nossa Senhora do Livramento – MT. A formação foi realizada com a duração de 4 horas seguidas. Tais horas foram divididas da seguinte forma: 1 hora para discussão sobre o objeto de estudo/trabalho da Educação Física Escolar, 2 horas e 30 minutos para a realização de práticas corporais (jogos, danças, esportes e ginásticas) e 30 minutos para uma reflexão teórico prática em torno das atividades vivenciadas.

A formação foi realizada por 4 professores formadores. Um tratou do Objeto da Educação Física na Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental e com práticas corporais de ginásticas, um trabalhou com práticas corporais de danças, um trabalhou com as práticas corporais dos jogos e um tratou das práticas corporais de esportes e mediou as discussões finais.

O grupo de participantes, cerca de 100 professores, foram divididos em 4 grupos de trabalho. Estes grupos fizeram um rodízio vivenciando a cada 30 minutos uma das práticas corporais propostas.

As práticas de ginásticas foram principalmente marcadas por atividades da ginástica rítmica e da ginástica artística. Foi mostrado ao grupo que a ginástica é uma manifestação corporal marcada por muitos movimentos. Os giros, saltos, saltitos, dentre outros movimentos podem ser realizados em várias atividades.

A professora formadora realizou uma discussão prévia com os grupos falando que muitas vezes são movimentos simples, mas que não conhecemos, e que isso faz com que tenhamos medo de trabalhar com ginástica.

Mostrou que os aparelhos da ginástica rítmica podem ser construídos de forma artesanal, por meio do reaproveitamento de materiais: com pano de faz a bola, com canos o arco, com madeira e garrafas pequenas as maças. E que a partir dessa construção os alunos podem vivenciar os movimentos da ginástica rítmica.

Já na dança a professora formadora utilizou apenas um aparelho de som para demostrar pequeno movimentos e em seguida utilizou os sons do próprio corpo para dançar. Ela debateu com os grupos a importância de experimentar vários ritmos, vários tipos de danças.

As crianças dançam desde pequenas, muitas vezes de formas livres. Durante a trajetória escolar é importe que elas experimentem ritmos dos locais que vivem, do estado e país onde moram, bem como conhecer e experimentar até danças de outros países. A professora destacou que isso

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pode ser feito por meio de pesquisa em sites, de apresentação de vídeos, da construção de pequenas coreografias.

Sobre os jogos o destaque foi sobre a importância de vivencias jogos que se ligam as cultuas dos alunos. Muitos jogos estão relacionados a cultura popular, a cultura das famílias das crianças, e é importante que os professores resgatem isso, que tragam para dentro das aulas de Educação Física. Muitas vezes os alunos estão vivenciando uma variedade de tipos de jogos antes do início das aulas, durante os recreios, após as aulas, e estes acabam ficam fora das práticas vivenciadas nas aulas de Educação Física.

Durante a vivência prática a professora formadora trouxe o jogo de taco. A partir dele ela demostrou como esse jogo tem múltiplas variações, e como o professor pode explorar tais variações. Como é possível jogar taco quando se tem seis anos de idade e quando se tem dez anos.

Nas discussões e vivencias sobre esportes a primeira pergunta dos pedagogos foi: esporte para as crianças pequenas? E a resposta foi sim!

O esporte é um elemento importante dentro das culturas corporais de movimentos, portanto uma manifestação importante de ser vivenciada, entendida e problematizada pelas crianças. Contudo, o professor formador ressaltou que em cada idade é importante compreender que as crianças têm tempos de desenvolvimento diferentes e que as práticas esportivas podem ser realizadas de forma adaptada.

Quando vivenciamos as atividades pudemos observar a fragilidade dos professores quanto a compreensão que o objeto da Educação Física e sua complexidade. Apontavam que aprenderam na formação inicial apenas atividades recreativas, e era isso que trabalhava nas aulas.

Nas discussões finais alguns participantes afirmaram que desconheciam a grandiosidade das práticas em Educação Física, destacando a necessidade de formação continuada para a compreensão da Educação Física e da cultural corporal.

Como apontam Freire (1997) e Marcelo (2009) os processos formativos permanentes são necessários para o desenvolvimento profissional, ou seja, como seres inacabados e em permanente necessidade de conhecer, é preciso que os cursos de formação inicial se atentem as práticas corporais e suas complexidades, e que principalmente os programas de formação continuadas precisam ser perenes para que estes professores possam compreender como tratar a Educação Física Escolar e suas múltiplas práticas corporais culturais.

Dentro deste contexto, propomos um trabalho com a Educação Física Cultural (NEIRA, 2016), em que os professores poderão alargar a compreensão da área em seus contextos culturais, ou seja, a partir do mapeamento das práticas corporais que permeiam as realidades da escola os

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professores podem tematizar e problematizar muitas atividades para os alunos que não se restrinjam a práticas esportivas, técnicas, repetitivas e aleatórias, dando sentido as práticas corporais.

Contudo, destacamos que outras perspectivas podem ser seguidas e problematizadas no contexto da Educação Física Escolar. Salientados ainda que a experiência vivenciada durante a formação fora apenas o início de uma possível mudança quanto aos saberes necessários pelos pedagogos ao ministrarem aulas de Educação Física na Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental.

5 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

Ser professor de Educação Física Escolar é um grande desafio, pois necessita de uma compreensão alargada das práticas corporais culturais que permeiam as vidas dos sujeitos. Quando não se é formado em Educação Física, como no caso dos Pedagogos, os desafios são muito maiores para o trabalho com este componente curricular.

Dentro deste contexto sinalizamos: 1 – a compreensão do objeto da Educação Física; 2 – a fragilidade da formação inicial; e 3 – a formação continuada de forma perene e sensível as práticas corporais culturais.

A discussão aqui apresentada está dentro de um contexto complexo de discussão. Em que muitos municípios possuem professores de Educação Física em todos os níveis da Educação Básica e outros não. Além disso, essa discussão passa pela luta de inserção do profissional de Educação Física em todos os níveis da Educação Básica, em toda a rede de ensino (pública e privada).

Considerando esse cenário ainda conturbado defendemos dois pontos: uma formação inicial e continuada sobre o objeto da Educação Física aos professores Pedagogos e a desejamos a presença do professor de Educação Física em todos os níveis da Educação Básica.

Dentro deste contexto sugerimos que para os professores Pedagogos ministrarem aulas de Educação Física precisarão de uma formação inicial alargada quanto as práticas corporais, sobre as culturas corporais de movimentos. Sugerimos ainda que é preciso criar e fortalecer políticas dos estados e municípios que destinem estas aulas para os professores formados em Educação Física.

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BETTI, M. Educação física e sociedade. São Paulo: Movimento, 1991.

DAOLIO, J. Da cultura do corpo. 7.ed. Campinas: Papirus, 1995.

FREIRE, J. B. Educação de corpo inteiro. São Paulo: Scipione, 1989.

FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia. Cortez: São Paulo, 1997.

KUNZ, E. Educação Física: ensino & mudanças. Ijuí: Unijuí, 1991.

PEREZ, C. A.; SILVA, S. A.; MONTEIRO, F. M. A. Problematizando identidades docentes: tentativas de construção. Brazilian Journal of Development, Curitiba, v. 6, n. 6, p. 34754-34769 jun. 2020.

MARCELO, C. Desenvolvimento Profissional Docente: passado e futuro. Sísifo. Revista de Ciências da Educação, 08, pp. 7-22, 2009.

NEIRA, M. G. e NUNES, M. L. F. Pedagogia da cultura corporal: crítica e alternativas. São Paulo: Phorte Editora, 2006

NEIRA, M. G. Educação Física: a reflexão e a prática do ensino. São Paulo: Blucher, 2011.

NEIRA, M. G. Práticas corporais: brincadeiras, danças, lutas, esportes e ginásticas. São Paulo: Melhoramentos, 2014.

NEIRA, M. G. Educação Física cultural. São Paulo: Blucher, 2016.

NÓVOA, A. Professores: imagens do futuro presente. Lisboa: Educa, 2009.

SOARES, C. L. et al. Metodologia do ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.

TANI, G. et al. Educação Física escolar: fundamentação de uma abordagem desenvolvimentista. São Paulo: EPU/EDUSP, 1988.

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