EvaluationofthePlanforIntensificationofMalariaControlActionsinthe
BrazilianAmazonRegion,BasedonaDecentralizationProcess
ControledaMalárianaregiãodaAmazôniaLegal,Brasil,
nocontextodadescentralização
Endereçoparacorrespondência: JoséLázarodeBritoLadislau
SecretariadeVigilânciaemSaúde,MinistériodaSaúde,Brasília-DF
MariadoCarmoLeal
EscolaNacionaldeSaúdePública,FundaçãoInstitutoOswaldoCruz,RiodeJaneiro-RJ
PedroLuizTauil
UniversidadedeBrasília,Brasília-DF
Resumo
EsteestudotemporobjetivoavaliarosresultadosobtidoscomaimplantaçãodoPlanodeIntensificaçãodasAçõesde ControledaMalária(PIACM)nosMunicípiosdaAmazôniaLegal,nocontextodadescentralizaçãodasaçõesdevigilânciaem saúde.Trata-sedeumapesquisaavaliativa,deanálisedoimpactodoPIACMnesseprocessoenaestruturadosserviços,bem comonareduçãodaincidênciadamalárianosMunicípiosbeneficiados.Constatou-seaefetividadedoPlanonareduçãoda morbimortalidadepormalárianosMunicípiosdaregiãoamazônica.OsMunicípiospequenosemédiosapresentarammelhor desempenhonosindicadoresmalariométricos,comparativamenteaosmaiores.Verificou-se,também,queosresultadosnos Municípiosdemédioepequenoportenãocertificadosforammelhoresquenoscertificados,aocontráriodoqueocorreunos degrandeporte.OPIACMcontribuiuparaalteraradinâmicadatransmissãodamalárianaregiãoamazônica,promovendo diminuiçãodadispersãodadoençanaregiãoefavorecendoaaplicaçãodasaçõesdecontrole.
Palavras-chave:malária;avaliaçãodeprogramasdesaúde;descentralizaçãodasaçõesdesaúde;vigilânciaemsaúde.
Summary
TheobjectiveofthisworkistoevaluatetheresultsfollowingimplementationofthePlanforIntensificationofMalaria ControlActions(PIACM)inendemicmunicipalitiesoftheBrazilianAmazonRegion,inthecontextofdecentralization ofhealthsurveillance.ThissurveyinvestigatedtheimpactofPIACM onboththestructureandfunctionofhealthser-vices,andonmalariaincidenceinthesemunicipalities.Theeffectivenessoftheplaninreducingmalariamorbidity andmortalityinmunicipalitiesoftheAmazonRegionwasconfirmed.Thereductioninmalariometricindicatorswas greaterinsmall-andmedium-sizedmunicipalitiescomparedtothoseoflargersize.Theobserveddecreaseinmalaria morbiditywasalsohigherinsmall-andmedium-sizedmunicipalitiesnotcertifiedcomparedtothosecertified,contrary toresultsobservedinlargermunicipalities.PIACMcontributedtoachangeinthedynamicsofmalariatransmission patternsintheAmazonRegion,withareductionindiseasedispersion,resultinginanepidemiologicalsituationmore receptivetocontrolactions.
Introdução
AmaláriaéumgraveproblemadeSaúdePúblicaem nívelmundial,quecolocaemrisco40%dapopulação demaisde100países.DeacordocomaOrganização MundialdaSaúde(OMS),estima-sequeocorramcer-cade300a500milhõesdenovoscasoseummilhão demortesaoano,nomundo.1
O Brasil, no começo da década de 40, contava 1.986Municípios,dosquais70%,aproximadamente, registravam casos de malária. A área global desses Municípiosequivaliaa85%dasuperfíciedoPaísea uma população de 30.972.572 habitantes, excluído o Distrito Federal. Estima-se que, anualmente, seis milhõesdepessoassejamacometidospeladoença.2
ApósintensotrabalhodesenvolvidopelaCampanha de Erradicação da Malária (CEM), a incidência da doençafoireduzida,comaocorrênciademenosde 100milcasosanuaisnosanos60.
Apartirdadécadade70,comapolíticadoGover-nodepromoçãodaintegraçãoedodesenvolvimento econômicodaregiãoamazônica,foramabertasvárias estradas,construídasusinashidroelétricas,iniciadaa exploraçãodegarimposelançadosgrandesprojetos de colonização e reforma agrária.3 Esses fatores
provocaram crescimento demográfico acentuado e desordenado da região (34,4%), acima da média nacional (24,4%), no período de 1980 a 1991,4 o
que contribuiu para a ocorrência de epidemias de maláriaemdiversaslocalidadesdaAmazônia,princi-palmentenosassentamentosdecolonospromovidos pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária(Incra).3
Na década de 90, além de uma estabilização do númerodecasosdemalária,emmédia,de500mil anuais, houve redução importante nas suas formas graves,produzidaspeloP.falciparum,econseqüente declínio da mortalidade pela doença. Uma possível explicaçãoparaessefatoestánaexpansãodarede dediagnósticoetratamentodamalárianoperíodo, aumentandoopercentualdetratamentosprecocese reduzindoasfontesdeinfecção.5
Em 1992, iniciou-se a mudança de estratégia mundialdeerradicaçãoparacontroleintegradoda malária,apartirdaConferênciaInterministerialda OMS,realizadaemAmsterdã,queestabeleceu,como objetivosprincipais,preveniramortalidadeereduzir agravidade.Paratanto,anunciou-seumaestratégia
Nosanos90,houveestabilização
nonúmerodecasos,redução
importantenasformasgraves
edeclíniodamortalidadepor
malária.
global, definida pelos seguintes elementos básicos de ação:adoção do diagnóstico precoce e pronto tratamentodoscasos;planejamentoeimplementa-çãodemedidasdecontroleseletivasesustentáveis, ajustadas às características particulares de trans-missão existentes em cada localidade; prevenção ou detecção oportuna e contenção de epidemias; e monitoramento regular da situação da malária, particularmente de seus determinantes ecológicos, sociaiseeconômicos.1
Aprofundaalteraçãodaestratégiaglobaldecontro-ledamaláriacoincidiu,internamenteaoBrasil,com aimplantaçãodocontroledasendemiaspeloSistema Único de Saúde (SUS), de forma descentralizada e integrada aos serviços de saúde permanentes, em substituiçãoaomodelodecontrole“campanhistaou vertical”,cujasaçõeseramexecutadasdeformacen-tralizada,peloGovernoFederal.EstadoseMunicípios, àexceçãodoEstadodeSãoPaulo,nãoexecutavam ações de controle de endemias. A partir de então, buscou-se o estabelecimento de competências para astrêsesferasdegoverno,comointuitoderomper comapráticaverticalizada,6fatoquefoiconcretizado
em dezembro de 1999, com a edição da Portaria doMinistériodaSaúde,MS/GMnº1.399,de15de dezembrode1999,7retificadapelaPortariaMS/SEnº
950,de23dedezembrodomesmoano.8
OPlanodeIntensificaçãodasAçõesdeControleda MalárianaAmazôniaLegal(PIACM)foielaboradopor técnicosdoentãoCentroNacionaldeEpidemiologiada FundaçãoNacionaldeSaúde(Cenepi/Funasa),atual Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde(SVS/MS),eporprofessoresepesquisadoresem doençastropicaisdediversasinstituiçõesbrasileiras, paraconteroaumentoacentuadodaincidênciada doençaregistradonosanosde1998e1999.10Entreas
principaisrecomendaçõesdaproposta,destacava-se anecessidadedeamaláriatornar-seumaprioridade naagendapolíticadaSaúde.
Oapelopolíticoqueamaláriarepresentaparao desenvolvimentodaregiãoamazônicaculminoucom olançamentodoPIACMpeloPresidentedaRepública, noPaláciodoPlanalto,comaparticipaçãodosmi-nistrosdaSaúde,doMeioAmbiente,dosTransportes e do Desenvolvimento Agrário, dos governadores e secretáriosdeEstadodaSaúdedaAmazôniaLegal,5
demonstrando que, para o controle da malária, é necessáriaumaaçãoconjuntadosdiversosníveisde gestãopolíticaecorrespondentessetoressociaiseeco-nômicos.OPlanotevecomoobjetivosreduzirem50%, atéofinaldoanode2001,aincidênciadamalária, evitarosurgimentodeepidemiaslocalizadas,reduzir asuagravidadee,conseqüentemente,onúmerode internaçõeseóbitos.3
OPIACMconcedeuprioridadea254Municípiosda AmazôniaLegal,estratificadosapartirdosseguintes critérios:seremdealtorisco;seremMunicípios,no seuconjunto,responsáveispor,nomínimo,80%dos casosdemalárianoseuEstado;seremMunicípioscom proporçãodemaláriafalciparumigualousuperiora 20%dototaldecasos;seremcapitaisdosseusEstados; econtaremcomtransmissãourbanadamalária.3
O objetivo deste estudo é avaliar os resultados obtidoscomaimplantaçãodoPlanodeIntensificação dasAçõesdeControledaMalárianaAmazôniaLegal, combasenadescentralizaçãodasaçõesdevigilância emsaúdeparaosMunicípiosdaAmazôniaLegal,no períododejulhode1999adezembrode2002.
Metodologia
Trata-se de uma pesquisa avaliativa, do tipo de análise de efeitos relativos ao contexto, estrutura, processo e impacto de uma intervenção em Saúde Pública,naregiãodaAmazôniaLegal,noperíodode
1999a2002.AAmazôniaLegal,regiãocriadapela Leinº1.806,de6dejaneirode1953,comsuperfície de5.217.423km²,correspondea,aproximadamen-te,61%doterritórionacionalepopulaçãoestimada de 21.912.618 habitantes.11 Foram selecionados os
Municípios responsáveis, no seu conjunto, por, no mínimo, 80% dos casos de malária. Segundo esse critério, permaneceram no estudo 113 Municípios, estratificadosemtrêscategorias,conformeotamanho da população residente: Estrato 1 – Municípios de grandeporte,demaisde100.000habitantes;Estrato 2–Municípiosdemédioporte,de20.000a100.000 habitantes;eEstrato3–Municípiosdepequenoporte, commenosde20.000habitantes.Essesestratosforam subdivididos,segundoacondiçãodecertificaçãodos Municípios,emcertificadosenãocertificados.Muni- cípiosouEstadoscertificadossãoosqueforamapro-vadospelasComissõesIntergestoresBipartite(CIB) deseusEstadosenaComissãoIntergestoresTripartite (CIT)paraexecutarasaçõesdevigilânciaemsaúde deacordocomaPortariaMS/GMn°1.399/99.7Para
esteestudo,foramconsideradoscertificadossomente aquelesMunicípiosqueobtiveramacertificaçãoatéo dia31dedezembrode2001.
Paraessaavaliação,foramutilizadososindicadores de:
a)Contexto–importânciapolítica,importânciajurídi-co-administrativaedinâmicapopulacional. b)Estrutura–percentualdeexpansãodaestrutura
nosEstados,proporcionadapeloPlano,emrelação aosseguintescomponentes:contrataçãodepessoas; capacitação;unidadesdediagnósticoetratamento; equipamentosdeaspersãodeinseticida;emeios de transportes, para deslocamento das equipes decampo.
c)Processo–índicedelâminaspositivas(ILP)(ou: percentual de lâminas positivas em relação às examinadasdaáreatrabalhada);eíndiceanualde examesdesangue(IAES)(ou:percentualdonúme-rodelâminasexaminadasemrelaçãoàpopulação daáreatrabalhadanoano).
delâminaspositivasdemalária);taxadeinternação pormalária(ou:númerodeinternaçõesporma-lária/anopormilhabitantes);taxademortalidade pormalária(ou:númerodeóbitospormalária/ano por100milhabitantes);etaxadeletalidadepor malária(ou:númerodeóbitospormalária/anopor milcasosdemalária).
Foramutilizadosdadosdasseguintesfontes:Sistema deInformaçõesdeMalária(Sismal),daSecretariade VigilânciaemSaúdedoMinistériodaSaúde(SVS/MS); Sistema de Internações Hospitalares (SIH/SUS) e SistemadeInformaçõessobreMortalidade(SIM),do DepartamentodeInformáticadoSUS(Datasus/MS); FundaçãoInstitutoBrasileirodeGeografiaeEstatística (IBGE);arquivosdaDiretoriaTécnicadeGestão(Di-ges),daSVS/MS;arquivosdaCoordenação-Geraldo ProgramaNacionaldeControledaMalária(PNCM), daSVS/MS;arquivosdascoordenaçõesestaduaisdo PNCMedaAtençãoBásicadeSaúde,dassecretarias deEstadodaSaúdedaAmazôniaLegal;erelatóriosdo ComitêdeAcompanhamentodoPIACM/SVS/MS.
Paraavaliaçãodosdadosnãoquantitativos,foire-alizadaanálisedescritivacombasenosrelatóriosdas reuniõesdoComitêdeAcompanhamentodoPIACMe nosarquivosdaDiges/SVS/MSedaCoordenação-Geral doPNCM,alémdascoordenaçõesestaduaisdoPNCM edaatençãobásicadassecretariasdeEstadodaSaúde daAmazôniaLegal.
Paraanáliseestatística,osdadosforamsubmetidos aotestequi-quadrado,comoobjetivodeanalisara homogeneidadedasproporções.Utilizou-seovalor de p<0,05 para consideração dos achados signifi-cativos.
Resultados
OeventodelançamentodoPlanodeIntensificação dasAçõesdeControledaMalárianaAmazôniaLegal tornouevidenteaprioridadepolíticaqueoGoverno Federalpassouadaraocontroledamalárianaregião amazônica,aqualserefletiu,igualmente,naagenda dosgestoresestaduaisemunicipais.12
PoucosmesesantesdolançamentodoPIACM,teve inícioaimplantaçãodoprocessodedescentralização das ações de vigilância em saúde para Estados e Municípioscertificados,propiciandoatransferência sistemáticaderecursosdaUnião,viaFundoNacio-nal de Saúde (FNS), do Ministério da Saúde para
osfundosdesaúdedosEstadoseMunicípios,bem comoadefiniçãodasatribuiçõesdostrêsníveisde governo. O fato possibilitou uma melhor estrutu-ração dos Estados e Municípios para execução das açõesdevigilânciaemsaúde.12
OPIACMpropôscoordenações
emnívelfederal,estaduale
municipal,comprofissionais
capacitadoseinfra-estruturapara
odesempenhodesuasfunções.
Emdezembrode2002,existiam,naAmazôniaLegal, 805Municípios,dosquais607seencontravamcer-tificadosparaexecutaraçõesdevigilânciaemsaúde, correspondendoa75%decertificação;emrelaçãoaos Estados,todosseencontravamcertificados;eentreas capitais,somenteManauseRioBranconãoestavam certificadas.OsEstadoseosMunicípioscertificados receberam,noperíododoPlano,recursosfinanceiros doFNSnovalordeR$102.812.078,97porano,refe-renteaoTetoFinanceirodeEpidemiologiaeControle deDoenças.13
O processo de descentralização possibilitou um reordenamentoinstitucional,comaincorporaçãode servidoresdaFundaçãoNacionaldeSaúde(Funasa) às secretarias de Estado e municipais de saúde, e estruturação e/ou fortalecimento das suas áreas de vigilânciaemsaúde.
FoicriadoumComitêTécnicodeAcompanhamento doPIACM,constituídodeprofessoresepesquisadores emdoençastropicaisoriundosdediversasinstituições brasileiras,formalizadopelaportariasdaFunasanº 355,de14dejulhode2000,14enº530,de20de
outubrode2001.15
OMinistériodaSaúdeinstituiuaPortariaMS/GM nº44,de8dejaneirode2002,16pararegulamentar
as atividades dos agentes comunitários de saúde (ACS)edasequipesdoProgramaSaúdedaFamília (PSF)nasaçõesdeprevençãoecontroledamalária, narotinadaatençãobásicadesaúde.Asportariasdo MSnº1.350,de26dejulhode2002,17enº1.909,
de17deoutubrode2002,18instituíramoincentivo
nosprogramasdeatençãobásicafoiincipiente,prin-cipalmentepelarigidezdasnormasdessesprogramas: elasnãopermitemaadaptaçãodoreferencial“agente porpessoasaserematendidas”,poisagrandemaioria dosMunicípiosdaregiãoamazônicaapresentabaixa densidadedemográfica,nãosendopossívelatender a esse parâmetro, estabelecido para outras regiões doPaís.Outrofatoquecomprometeuaparticipação doprogramadeaçõesbásicasfoiadificuldadena composiçãodasequipesdeprofissionais,emrazão dafaltademédicoseenfermeirosnosMunicípios. Assim,ainserçãodasaçõesdecontroledamalária pelaatençãobásicadesaúdedoSUSnosMunicípios foidesigualeincipiente,oquepodedificultarama-nutençãodosresultadospositivosobtidosnoperíodo doPIACM.12
Parafazerfrenteaosinúmeroscasosdemalária registradosnosprojetosdeassentamentosagrícolas, osministériosdaSaúdeedoDesenvolvimentoAgrário assinaramaPortariaInterministerialMS/MDAnº279, de9demarçode2001.19EssaportariaeaResolução
doConselhoNacionaldoMeioAmbiente,doMinistério doMeioAmbiente(Conama/MMA),denº289,de25 deoutubrode2001,20tornaramobrigatóriaaemissão,
pelaFunasa,doAtestadodeAptidãoSanitáriaparaos projetosdeassentamentosaseremimplantados,bem comoaadoçãodemedidasdeprevençãoecontrole da malária naqueles já implantados. Esses instru-mentosnormativos,instituídosparaminimizaresses problemas,ficaramprejudicados,possivelmentepela dinâmica de constituição dos novos assentamentos –emgrandeparte,originadosdeinvasõeseacampa-mentosondeadesorganizaçãoambientalesanitária jásehaviainstalado.12
Entre os fatores de risco para a transmissão da malárianaAmazônia,encontram-seosprojetosdesen-volvimentistas.Paraminimizaroseuimpactonegativo sobreomeioambiente,foiinstituídaaResoluçãodo Conama/MMAnº286,de30deagostode2001,21que
estabeleceuaobrigatoriedadedepréviaavaliação,pela Funasa,dosprocessosdelicenciamentoambientalde empreendimentos localizados em áreas endêmicas, paradetectaroimpactodasatividadessobreosfatores condicionantesdamaláriae,apartirdessaanálise, propor recomendações com o objetivo de evitar a transmissão da doença. Essa resolução não surtiu efeito:atéofinaldoPlano,nãofoiregistrada,junto à Funasa, qualquer demanda por parte dos órgãos ambientais.5
OPIACMpropôsoestabelecimentodecoordena-ções junto às esferas federal, estadual e municipal, hierarquicamentepróximasaosrespectivosgestores, orientaçãoseguidapelamaioriadeles.Essesprofissio-naisforamcapacitadosapromoveraorganizaçãodas estruturasadministrativaseoperacionaisdosprogra-masestaduaisemunicipaisnoseuâmbitodeatuação. Outro aspecto importante foi a disponibilidade das condiçõesdeinfra-estruturanecessáriasaoexercício dasfunçõesdessascoordenações.12
Houve melhoria nos serviços de informática das secretarias de Estado e municipais de saúde, com recebimento de computadores, desenvolvimento e elaboração de novo Sistema de Informações de Vi-gilância Epidemiológica da Malária – Sivep-Malária –,emníveldewebelocal,paramaiorrapidezno processamentoeanálisedosdados,divulgaçãodos resultados e monitoramento sistemático das ações previstasnoPlano.5
NotranscorrerdoPIACM,houveregularidadeno abastecimentodosinsumosnecessáriosaoprograma; não faltaram, portanto, materiais para diagnóstico laboratorial,medicamentoseinseticidasnaredede serviços.5
As supervisões do nível nacional aos Estados, e destesaosMunicípios,constituiuumarotinaemtodo operíododevigênciadoPlano.5
OMinistériodaSaúdepromoveuarealizaçãodedez reuniõesnacionaise18estaduais,comopropósitode avaliarasituaçãodamalárianosEstadoseMunicípiose emitirorientaçõesparaencaminhamentodesoluções, demodoasuperarosobstáculosapontados.Emtodas asreuniões,contou-secomaparticipaçãodemembros doComitêTécnicodeAcompanhamentodoPIACM.5
NaTabela1,observa-seoequilíbrioentreosnú-merosdosestratosdeMunicípios,segundotamanho da população e condição de certificação, fato que possibilitoumelhorcomparaçãoemaiorconsistência doestudo.
ApopulaçãodosMunicípiosdoestudoapresentou, noperíododoPlano,aumentode13,9%,contra10,0% naregiãoe6,5%noBrasil–acréscimode112,6%em relaçãoaoPaís.Ocrescimentodapopulaçãonoestrato depequenoporte(24,5%)mostrou-seacimadamédia dosestratos;nosdemaisestratos,ocomportamentofoi próximoaodessamédia(Tabela1).Todososachados foramsignificativos,estatisticamente.
Nãofoipossívelrealizaravaliaçãodaestruturapor Município,hajavistaafaltadedisponibilidadededa-dos.Foiobservado,entretanto,que,demodogeral,o Planoproporcionouaumentosignificativodaforçade trabalho,amploprocessodecapacitaçãoparaasdi-versascategoriasprofissionaiseconsiderávelaumento nainfra-estruturadediagnósticoetratamento,além deincrementodosmeiosdetransporteparadesloca-mentosdasequipesdecampoedosequipamentosde aspersãodeinseticidas.Talreforçoestruturalatendeu, integralmente,àdemandadosMunicípiosconstantes dosplanosestaduais.22
O índice de lâminas positivas (ILP) apresentou redução de 40,5%, no período de 1999 (29,4%) a2002(17,5%).Nosestratosportamanhodapo-pulação, geralmente, a redução aumentou com a diminuiçãodoportedosMunicípios.Essesachados foramsignificativos,estatisticamente.Comrelaçãoà condiçãodecertificação,oILPtevereduçãosigni-ficativaapenasnosMunicípiosdemédioportenão certificados,comparativamenteaoscertificados(Ta-bela2).Oíndiceanualdeexamesdesangue(IAES) reduziu-seem22,6%,naregião,passandode25,9% em1999,para20,1%em2002.Houvediminuição significativadeexamesparamalárianapopulação, em todas as categorias de tamanho populacional. Quantoàcondiçãodecertificação,nosMunicípiosde grandeportenãocertificados,oIAESaumentouem relaçãoaoscertificados(34,0%).Nosdemaisgrupos, houvediminuiçãodoseuvalor,emboraasdiferenças encontradasnãosejamsignificativas,estatisticamente (Tabela3).
Tabela1-PercentualdevariaçãodapopulaçãonosMunicípiosresponsáveispor80%doscasosdemalária, segundotamanhodapopulaçãoecondiçãodecertificação,naregiãodaAmazôniaLegalenoPaís. Brasil,1999e2002
Estratoda
população NúmerodeMunicípios Condiçãodecertificação
População
Variação (%)
1999 2002
Estrato1 5 Certificado 2.087.689 2.368.997 13,5
3 Nãocertificado 1.615.906 1.851.799 14,6
8 Subtotal1 3.703.595 4.220.796 14,0
Estrato2 22 Certificado 1.112.011 1.201.838 8,1
33 Nãocertificado 1.202.634 1.362.442 13.3
55 Subtotal2 2.314.645 2.564.280 10,8
Estrato3 22 Certificado 255.844 326.370 27,6
28 Nãocertificado 371.882 455.376 22,5
50 Subtotal3 627.726 781.746 24,5
TOTAL 113 6.645.966 7.566.822 13,9
AmazôniaLegal 19.927.571 21.912.618 10,0
BRASIL 163.947.436 174.632.932 6,5
Tabela2-PercentualdevariaçãodoILPaedoIAESbnosMunicípiosresponsáveispor80%doscasosdemalária, segundotamanhodapopulaçãoecondiçãodecertificação,naregiãodaAmazôniaLegal.Brasil, 1999e2002
Estratoda
população Condiçãodecertificação
ILP(%)
Variação (%)
IAES
Variação (%)
1999 2002 1999 2002
Estrato1 Certificado 27,1 22,3 -17,6 9,4 7,0 -26,1
Nãocertificado 24,0 15,3 -36,5 8,2 11,0 34,0
Subtotal1 25,9 18,4 -28,8 8,9 8,7 -1,8
Estrato2 Certificado 28,7 21,0 -26,8 28,5 22,0 -22,9
Nãocertificado 32,6 17,3 -47,0 37,3 25,6 -31,4
Subtotal2 31,0 18,9 -39,0 33,1 23,9 -27,7
Estrato3 Certificado 24,0 13,1 -45,6 126,9 89,7 -29,3
Nãocertificado 35,2 17,9 -49,1 81,8 54,0 -34,1
Subtotal3 29,4 15,3 -47,9 100,2 68,9 -31,3
TOTAL 29,4 17,5 -40,5 25,9 20,1 -22,6
a)ILP–índicedelâminaspositivas b)IAES–índiceanualdeexamesdesangue
Fonte:MinistériodaSaúde–SistemadeInformaçõesdeMalária,Coordenação-GeraldoProgramaNacionaldeControledaMaláriaeDiretoriaTécnicadeGestão,daSVS/MS;DepartamentodeInformática doSUS
NosMunicípiosestudados,noperíododevigência doPlano,houvereduçãogeraldonúmerodecasos (47,4%),próximaàdaregiãocomoumtodo(45,2%). Opercentualdereduçãoaumentou,inversamenteao tamanhodosestratosdapopulaçãodosMunicípios; apenasnosMunicípioscertificadosdegrandeporte, areduçãofoimaiorqueaapresentadapelosnãocer-tificados.NoestratodeMunicípiosdegrandeporte, emborahouvessereduçãodonúmerodecasos,ob-servou-seaumentodasuaparticipaçãoproporcional, em relação ao total. Entre os estratos, destaca-se a participação, no ano de 2002, dos Municípios de médioporte,de43,5%,seguidospelosdepequeno porte–31%–edegrandeporte–25,5%.Osresul-tadosforamsignificativos,estatisticamente,tantopara osestratosdepopulaçãoquantoparaacondiçãode certificação(Tabela3).Aincidênciaparasitáriaanual registroucomportamentosemelhanteaodonúmero anualdecasos;contudo,oseudesempenhofoiligei-ramentemelhor,correspondendo,nofinaldoPIACM, aumareduçãode53,9%ede47,6%,respectivamente. TodasasreduçõesobservadasnaIPAforamsignifica-tivas,estatisticamente(Tabela3).
AproporçãodecasosdemaláriaporP.falciparum apresentouaumentosignificativonoperíododoPlano, passandode19,4%em1999,para23,3%em2002; esse aumento ocorreu em todos os estratos. Com relação à condição de certificação, nos Municípios degrandeportenãocertificados,houveredução;nos certificados,aumento.Essadiferençafoisignificativa. Nosdemaisestratos,sobreosachadosemrelaçãoà condiçãodecertificação,emboratenhamapresentado diferenças,estasnãoforamsignificativasdopontode vistaestatístico(Tabela4).Ataxadeinternaçãopor maláriareduziu-se,de2,0internaçõespormilhabi-tantesnoanode1999,para0,8/1000hab.em2002; essa redução foi significativa em todos os estratos populacionais.Emrelaçãoàcondiçãodecertificação, nosMunicípiosdepequenoportenãocertificados,a reduçãofoimaiorquenoscertificados.Essadiferença foi significativa, estatisticamente. Nos demais estra-tos, nos Municípios certificados, embora tenha-se verificado maior redução, as diferenças não foram significativas,estatisticamente(Tabela4).
Tabela4-PercentualdevariaçãodaproporçãodemaláriaporP.falciparumedataxadeinternaçãonos Municípiosresponsáveispor80%doscasosdemalária,segundotamanhodapopulaçãoecondição decertificação,naregiãodaAmazôniaLegal.Brasil,1999e2002
Estratoda
população Condiçãodecertificação
P.falciparum
(%) Variação
(%)
Taxadeinternação Variação (%)
1999 2002 1999 2002
Estrato1 Certificado 20,9 29,3 40,1 0,5 0,4 -21,8
Nãocertificado 23,0 18,9 -17,8 0,9 0,5 -41,2
Subtotal1 21,7 24,6 13,2 0,7 0,5 -32,8
Estrato2 Certificado 17,8 21,9 22,9 3,6 1,5 -58,5
Nãocertificado 18,5 19,1 3,4 2,5 0,8 -68,4
Subtotal2 18,3 20,5 12,2 3,0 1,1 -63,0
Estrato3 Certificado 21,2 25,5 20,4 6,6 3,5 -48,0
Nãocertificado 18,9 26,7 41,0 5,9 0,9 -84,8
Subtotal3 19,9 26,1 31,5 6,2 2,0 -68,3
TOTAL 19,4 23,3 19,8 2,0 0,8 -58,3
Fonte:MinistériodaSaúde–SistemadeInformaçõesdeMalária,Coordenação-GeraldoProgramaNacionaldeControledaMaláriaeDiretoriaTécnicadeGestão,daSVS/MS;DepartamentodeInformática doSUS
Tabela3-PercentualdevariaçãodecasoseIPAanosMunicípiosresponsáveispor80%doscasosdemalária, segundotamanhodapopulaçãoecondiçãodecertificação,naregiãodaAmazôniaLegal.Brasil,1999 e2002
Estratoda
população Condiçãodecertificação
Totaldecasos Variação (%)
Participação em2002
(%)
IPA Variação
(%)
1999 2002 1999 2002
Estrato1 Certificado 53.231 36.784 -30,9 54,3 25,5 15,5 -39,1
Nãocertificado 31.810 31.016 -2,5 45,7 19,7 16,7 -14,9
Subtotal1 85.041 67.800 -20,3 25,5 23,0 16,1 -30,0
Estrato2 Certificado 91.005 55.533 -39,0 47,9 81,8 46,2 -43,5
Nãocertificado 146.397 60.324 -58,8 52,1 121,7 44,3 -63,6
Subtotal2 237.402 115.857 -51,2 43,5 102,6 45,2 -55,9
Estrato3 Certificado 78.001 38.473 -50,7 46,6 304,9 117,9 -61,3
Nãocertificado 107.153 44.080 -58,9 53,4 288,1 96,8 -66,4
Subtotal3 185.154 82.553 -55,4 31,0 295,0 105,6 -64,2
TOTAL 507.597 266.210 -47,6 100,0 76,4 35,2 -53,9
a)IPA–incidênciaparasitáriaanual
Tabela5-PercentualdevariaçãonastaxasdemortalidadeeletalidadenosMunicípiosresponsáveispor 80%doscasosdemalária,segundotamanhodapopulaçãoecondiçãodecertificação,naregiãoda AmazôniaLegal.Brasil,1999e2002
Estratoda
população Condiçãodecertificação
Taxademortalidade Variação (%)
Taxadeletalidade Variação (%)
1999 2002 1999 2002
Estrato1 Certificado 1,0 0,5 -53,8 0,04 0,03 -23,1
Nãocertificado 0,9 0,5 -43,9 0,04 0,03 -34,1
Subtotal1 0,9 0,5 -49,9 0,04 0,03 -29,3
Estrato2 Certificado 2,6 0,8 -68,1 0,03 0,02 -43,8
Nãocertificado 2,6 1,1 -57,3 0,02 0,03 19,0
Subtotal2 2,6 1,0 -62,4 0,03 0,02 -12,0
Estrato3 Certificado 4,7 0,9 -80,4 0,02 0,01 -46,7
Nãocertificado 4,3 0,4 -89,8 0,02 0,01 -66,7
Subtotal3 4,5 0,6 -85,7 0,02 0,01 -60,0
TOTAL 1,9 0,7 -64,3 0,03 0,02 -20,0
Fonte:MinistériodaSaúde–SistemadeInformaçõesdeMalária,Coordenação-GeraldoProgramaNacionaldeControledaMaláriaeDiretoriaTécnicadeGestão,daSVS/MS;DepartamentodeInformática doSUS
em1999,para0,7/100.000hab.em2000.Opercen-tualdereduçãoaumentoucomadiminuiçãodoporte dosMunicípios.Arespeitodacondiçãodecertificação, osachadosnãoforamsignificativos,estatisticamente (Tabela5).
A taxa de letalidade por malária reduziu-se, de 0,03óbitospor100casosdemalárianoanode1999, para0,02óbitos/100casosem2002.Emtodosos estratos e condição de certificação, entretanto, as reduções não foram significativas, estatisticamente (Tabela5).
Discussão
AprioridadepolíticaqueoGovernoFederalpassou a dar ao controle da malária na região amazônica refletiu-senaagendadosgestoresestaduaisemuni-cipais,demonstradapelaindicaçãoecapacitaçãode coordenadoresespecíficosparaoPlano,naestrutura-çãoeorganizaçãodosserviçosdevigilânciaemsaúde nosEstadoseMunicípios,e,dessaforma,namelhor programaçãodasaçõesdecontrole.1,2
A criação do Comitê de Acompanhamento do PIACM permitiu a disponibilidade de um ponto de apoioimportanteparaosgestores,quepassarama
contarcomumainstânciatécnicaexterna,capacitada paraavaliarepropororedirecionamentodasações previstasnoPlano.
Pela magnitude que a malária assume na região amazônica, acredita-se que o seu controle pelos serviçoslocaisdesaúde,duranteoPIACM,podeter funcionadocomocatalisadordoprocessodedescen-tralizaçãodasaçõesdevigilânciaemsaúde.
Verifica-se maior crescimento proporcional da populaçãonosMunicípiosqueconcentram80%dos casosdemalária,emrelaçãoàregiãoeaoPaís.O fatochamaatenção,segundooutrosautores,23,24para aimportânciadadinâmicapopulacionalnaexpansão damalárianaregiãoamazônica.Odeslocamentode grandes contingentes populacionais – sem contato préviocomamalária–paraáreasendêmicasaumenta, enormemente,aincidênciadadoença.
Umaspectoimportantenadinâmicadetransmis-sãodamalária,ocorridonoperíododoPIACM,foio aumentodoriscodeurbanizaçãodadoença,contra-riamenteaoqueoPlanoprevianoseuinício.Se,por umlado,issoconstituiumdesafio,dopontodevista doProgramaNacionaldeControledaMalária,éuma condição de mais fácil resposta, do ponto de vista operacional:emprimeirolugar,porqueconcentraos casosemumadeterminadaáreageográfica;eemse-gundolugar,porqueessescasosestãolocalizadosonde osserviçosdesaúdeencontram-se,comfreqüência, melhorestruturadosparaenfrentaressesproblemas. Nãosepodedesconsiderar,entretanto,asdificuldades advindasdasprecáriascondiçõessociaisdessesgrupos depopulação,desterritorializados,recebidosnessas cidadescomomigrantes.25
Verificou-sereduçãonaproporçãoanualdeexames desangueparaodiagnósticodamalárianapopulação, acompanhadapelaredução,maisacentuada,dapro-porçãodelâminaspositivas.Essefatosugereque,no decorrerdoPlano,houvediminuiçãodatransmissão dadoença,bemcomodesintomáticos.
Oresultadodivergenteentrereduçãodastaxasde internaçãoe–nãoacompanhadonamesmaproporção de–reduçãodastaxasdemortalidadeeletalidade deveráseranalisadotomando-seporbaseaqualidade dossistemasdeinformaçõesemsaúde.Supõe-seque melhorias na estrutura dos serviços de saúde e na qualificação dos profissionais devem redundar em aprimoramentodosistemadenotificaçãodecasos, internaçõeseóbitosemáreasdebaixacoberturapelos sistemasdeinformaçõesemsaúde.Essasmudanças ocorremsimultaneamente,dificultandoumaavaliação maiscriteriosadosresultadosdoPlano.
Quanto ao aumento proporcional da malária falciparum, pode-se argumentar que a mudança introduzida pelo Plano aumentou a oportunidade e qualidadedodiagnóstico.Areduçãonasinternações, na mortalidade e letalidade, não obstante,
testemu-nhamemfavordamaioroportunidadedetratamento precocedadoença.Deve-seaprofundaraanálisede fatores determinantes e condicionantes da doença poressaespécie,principalmentenoquedizrespeito àefetividadedasdrogasantimaláricaseàadesãodo doente ao tratamento completo, pois as condições dediagnósticoetratamentoforamasmesmaspara todasasespécies.Outroaspectoimportanterefere-seàmenorreduçãodamortalidadeeletalidadeem relaçãoàsinternações,queapontaparaamanutenção do padrão de assistência hospitalar, anterior à im-plantaçãodoPlano,emostraanecessidade,comoum deseusobjetivos,demelhoraraatençãohospitalaraos casosgravesdemalária.
Emboraamaláriacontinueaser
umgraveproblemanaregião,
onovoperfildetransmissãoda
doençatornamaisfactívelsua
abordagempelosserviçosde
saúde.
MerecedestaqueomelhordesempenhodosMu-nicípiosdepequenoemédioportenãocertificadose daquelesdegrandeportecertificados.Adescentrali-zaçãodasaçõesdevigilânciaemsaúdeé,ainda,um processonovo,poucoestudado.Assim,acertificação deMunicípiosparaexecuçãodasaçõesdevigilância emsaúdedeve-seinstituircombastanterigor,espe-cialmenteparaaquelesdemédioepequenoporte;o estudo demonstrou que essas ações, desenvolvidas pelos Estados, apresentaram melhor desempenho nessesestratosdeMunicípios.
outrosindicadores.Nopresenteestudo,auniformi-dadedoscritériosutilizadosparaacomparaçãodos anosincluídoseosresultadossignificativos,estatisti-camente,paraasdiferençasdosindicadores–com exceção da letalidade e mortalidade – diminuem o viés;porém,nãooeliminam.
OPIACMfoiefetivo,segundoamaioriadosindica-doresmalariométricosestudados,comdestaquepara osresultadospositivosnosMunicípiosdepequenoe médioportenãocertificados.Essecréditodeveser dadoaosEstados,osquais,naausênciadacertificação dosMunicípios,assumiramaexecuçãodasaçõesde controle da malária. A criação e/ou fortalecimento de estruturas regionais de vigilância em saúde nos Estadospodeseradequada,estrategicamente,paraa manutençãodosresultadospositivosecontençãode epidemiasnasuafaseinicial,demodoaprevenira expansãodadoença.
Outrossim,noâmbitomaisgeral,oestudomostrou quealgunsdesafiosseapresentam:anecessidadede aprimoramento da capacidade de monitoramento e gestãodosserviçosdesaúdenastrêsesferasdegover-no,principalmentenamunicipal;anecessidadedese fortalecerosserviçoslocaisdesaúde,paraatendera integralidadedasaçõescombasenarealidadedoseu território,tornando-osmaiseficienteseefetivos;ane-cessidadederedirecionarasestratégiasdecontroleda malária,considerando,particularmente,osinsucessos doPlano–porexemplo,noenfrentamentodanova dinâmicadetransmissãoemumcontextodeurbani-zação,emcidadesmédiasegrandesdaregião–; anecessidadedesemobilizarforçasmultissetoriais quepromovam,deformaarticulada,aordenaçãode movimentospopulacionaisedocontrolededoenças, demodoanãosubmeteressaspopulaçõesdesterrito-rializadasaoriscodeadoecer;eanecessidadedese manteraprioridadedasaçõesdecontroledamalária naagendapolíticadosgestoresdostrêsníveisdego-verno,paraaconsolidaçãoeexpansãodosresultados positivosobtidos.
Assim, registra-se a importância de se manter a mobilizaçãopolíticadessesgestores,enfocadapara
priorizar,nassuasagendas,asaçõesdecontroleda malária,bemcomofortaleceraaçãointersetorialentre aáreadaSaúdeeosórgãospúblicosquetrabalham naregiãoamazônica.Nocasoespecíficodamalária,a parceriadoIncracomoIbama,oInstitutoBrasileiro doMeioAmbienteedosRecursosNaturaisRenová-veisdoMinistériodoMeioAmbiente,éindispensável parasealcançarosresultadosesperadosnocontrole da doença. Embora tenha-se instituído instrumento normativo, na prática, o trabalho interinstitucional nãopôdeserdesenvolvidocomoseesperava,oque contribuiuparaqueareduçãodaincidênciadamalária emalgunsEstadoseMunicípiosfossemenorquea desejada.22
Conclui-seque,emboraamaláriacontinuesendo umgraveproblemadeSaúdePúblicanaregiãoama-zônica,elaépassíveldeterasuaincidênciareduzida pormeiodaaçãodosserviçosdesaúde,comojáfoi demonstradonoBrasil,nesseeemoutroscontextos. OPIACMcontribuiuparaareduçãodatransmissãoda doençanaregião,alcançandoresultadospromissores nosMunicípiosdetamanhopequenoemédio,embora persistaaconcentraçãodecasosnosgrandesemédios. Onovoperfildatransmissãodamaláriatornamais factívelaabordagemdoproblemapelosserviçosde saúde.Estesautoreschamamatenção,ainda,parao papelfundamentaldaanálisesistemáticadosdados produzidospelossistemasdeinformaçãodosserviços desaúde,quepermiteidentificarmudançasnadinâ-micadatransmissãodadoença,alémdepromover a readequação, em tempo hábil, das estratégias de controle.
Agradecimentos
PrestamosnossosagradecimentosaJarbasBarbosa, FabianoPimenta,ExpeditoLuna,PauloSabroza,Ro-bertoMontoya,InezMattos,RoseliLaCorte,Ivenise Braga,Wânia,LuciannaeLeonardoLadislau;eàsequi-pesdaCoordenação-Geralecoordenaçõesestaduais doProgramaNacionaldeControledaMalária.
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