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Utilização de medicamentos potencialmente inapropriados por idosos hospitalizados/ Potentially inappropriate medication in hospitalized older adults

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17952-17966 oct. 2019 ISSN 2525-8761

Utilização de medicamentos potencialmente inapropriados por idosos

hospitalizados

Potentially inappropriate medication in hospitalized older adults

DOI:10.34117/bjdv5n10-061

Recebimento dos originais: 10/09/2019 Aceitação para publicação: 04/10/2019

Larissa Yoshinari Ramos de Lima

Farmacêutica pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS). Residente no Programa de Residência Multiprofissional em Cuidados Continuados Integrados (UFMS).

Instituição: Universidade Federal do Mato Grosso do Sul

Endereço: Cidade Universitária, Av. Costa e Silva – Pioneiros, Campo Grande – MS, Brasil E-mail: larissayoshinari1@gmail.com

Danielle Mayara Rodrigues Palhão de Rezende

Farmacêutica pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul

Instituição: Prefeitura Municipal de Rio Brilhante/MS

Endereço: Rua Athayde Nogueira, 1033, Centro, Rio Brilhante – MS, Brasil E-mail: danipalhao@hotmail.com

Juliana Galete

Farmacêutica pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS). Residente no Programa de Residência Multiprofissional em Cuidados Continuados Integrados (UFMS).

Instituição: Universidade Federal do Mato Grosso do Sul

Endereço: Cidade Universitária, Av. Costa e Silva – Pioneiros, Campo Grande – MS, Brasil E-mail: julianagalete@hotmail.com

Letícia Ribeiro Moreira

Farmacêutica pela Universidade Federal do Mato Grosso do Sul. Residente no Programa de Residência Multiprofissional em Cuidados Continuados Integrados (UFMS).

Instituição: Universidade Federal do Mato Grosso do Sul

Endereço: Cidade Universitária, Av. Costa e Silva – Pioneiros, Campo Grande – MS, Brasil

E-mail: mribeirolee@gmail.com

Renata Silva Moreira

Farmacêutica pela Universidade da Grande Dourados. Especialista em Farmácia Clínica pela Faculdade Inspirar – Polo Campo Grande/MS. Residente no Programa de Residência Multiprofissional em Cuidados Continuados Integrados da Universidade Federal de Mato

Grosso do Sul (UFMS).

Instituição: Universidade Federal do Mato Grosso do Sul

Endereço: Cidade Universitária, Av. Costa e Silva – Pioneiros, Campo Grande – MS, Brasil

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17952-17966 oct. 2019 ISSN 2525-8761 Suzi Rosa Miziara Barbosa

Fisioterapeuta pela Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul. Mestre em Fisioterapia pelo Centro Universitário do Triângulo, Uberlândia/MG. Doutora em Ciências da Saúde da

Universidade Federal de Uberlândia.

Instituição: Universidade Federal do Mato Grosso do Sul

Endereço: Cidade Universitária, Av. Costa e Silva – Pioneiros, Campo Grande – MS, Brasil

Email: suzi.barbosa@ufms.br Ramon Moraes Penha

Enfermeiro pela Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul. Especialista em Gerontologia pela Universidade Federal de Santa Catarina. Mestre e Doutor em Enfermagem

na Saúde da Pessoa Adulta pela Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. Instituição: Universidade Federal do Mato Grosso do Sul

Endereço: Cidade Universitária, Av. Costa e Silva – Pioneiros, Campo Grande – MS, Brasil

Email: ramon.penha@ufms.br Camila Guimarães Polisel

Farmacêutica pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Especialista em Farmácia Hospitalar e Farmácia Clínica pelo Instituto Racine. Mestre e Doutora em Toxicologia

Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo. Instituição: Universidade Federal do Mato Grosso do Sul

Endereço: Cidade Universitária, Av. Costa e Silva – Pioneiros, Campo Grande – MS, Brasil Email: camila.guimaraes@ufms.br

RESUMO

A alta prevalência de doenças em idosos é uma das responsáveis pela elevada utilização de medicamentos. Várias estratégias foram desenvolvidas para reduzir o impacto das prescrições na população idosa, entre elas, a detecção de Medicamentos Potencialmente Inapropriados (MPI). Existe uma grande variedade de estudos descrevendo a prevalência de MPI prescritos para idosos, sendo os Critérios de Beers o mais utilizado para determinar a seleção dos medicamentos a serem considerados potencialmente inapropriados. Objetivos: Verificar a prevalência de Medicamentos Potencialmente Inapropriados (MPI) prescritos para idosos em um Hospital Terciário. Metodologia: Tratou-se de um estudo transversal, realizado no período de novembro de 2017 a novembro de 2018. Os medicamentos potencialmente inapropriados foram avaliados nas prescrições dos pacientes idosos através dos Critérios de Beers de 2015. Resultados: Dos 34 pacientes idosos, 97,1% (n= 33) fizeram uso de pelo menos 1 medicamento potencialmente inapropriado (91,9%) segundo o critério de Beers 2015. A média de MPI prescritos por paciente foi de 2,2. Os cinco medicamentos inapropriados mais prescritos foram: óleo mineral (16,0%), dexclorfeniramina (13,3%), omeprazol (13,3%), levomepromazina (6,6%) e risperidona (6,6%). Conclusões: Os resultados deste estudo evidenciaram a elevada incidência e os potenciais impactos fisiológicos dos medicamentos prescritos à população idosa estudada, superior quando comparada a outros estudos com metodologia semelhante.

Palavras-chave: Segurança do paciente; Erros de medicação; Lista de Medicamentos Potencialmente Inapropriados; Assistência Integral à Saúde.

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17952-17966 oct. 2019 ISSN 2525-8761 ABSTRACT

The high prevalence of diseases in older adults is one of the responsible for the high use of medication. Several strategies have been developed to reduce the impact of prescriptions on the elderly population, including the detection of Potentially Inappropriate Medications (PIM). There is a wide variety of studies describing the prevalence of PIMs prescribed for the elderly, with the Beers Criteria being the most used to determine the selection of drugs to be considered potentially inappropriate. Objectives: To verify the prevalence of Potentially Inappropriate Medications (PIM) prescribed for older adults in a Tertiary Hospital. Methodology: It was a transversal study. Data was collected between November of 2017 and November of 2018. Medications were evaluated in the prescriptions of the participants using the 2015 Beers Criteria. Results: Of the 34 older adults, 97.1% (n = 33) used at least 1 potentially inappropriate medication (91.9%) according to the 2015 Beers criteria. The mean PIM prescribed per patient was 2.2. The five most PIM prescribed were mineral oil (16%), dexchlorpheniramine (13.3%), omeprazole (13.3%), levomepromazine (6.6%) and risperidone (6.6%). Conclusions: Results have shown a high incidence as well as the potential physiological impacts of PIM prescribed to older adults evaluated, superior when compared to other studies that have similar methodology.

Keywords: Patient Safety; Medication Errors; Potentially Inappropriate Medication List; Comprehensive Health Care..

1

INTRODUÇÃO

Em consequência do envelhecimento populacional, o Brasil, assim como outros países em desenvolvimento, tem passado por uma alteração no perfil dos problemas relacionados à saúde pública, com predomínio das doenças crônicas não transmissíveis. O aumento das doenças crônicas na população idosa aumenta a demanda por medicamentos e o número de medicamentos, a complexidade dos regimes terapêuticos, especialmente na vigência de comorbidades e as alterações farmacocinéticas e farmacodinâmicas inerentes ao processo de envelhecimento são elementos que aumentam a vulnerabilidade desse grupo etário aos eventos adversos (1).

Os riscos à saúde da pessoa idosa associados ao uso de medicamentos têm impulsionado o desenvolvimento de diversas estratégias, entre elas, a criação de listas de Medicamentos Potencialmente Inapropriados (MPI) para essa população. Entre os instrumentos disponíveis para avaliar a qualidade e a segurança da farmacoterapia dos idosos, os Critérios de Beers (2) representam uma das fontes mais consultadas e são amplamente utilizados na medicina geriátrica e no desenvolvimento de indicadores de qualidade do cuidado.

De acordo com o disposto nos Critérios de Beers (2), um MPI é assim conceituado quando

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17952-17966 oct. 2019 ISSN 2525-8761 com precaução/monitoramento. Além disso, tais medicamentos não possuem evidências suficientes de benefícios, possuem risco elevado de reações adversas e/ou existem alternativas terapêuticas mais seguras (2). Diante do exposto, a identificação dos MPI nas prescrições torna-se estorna-sencial como estratégia de trabalho interprofissional e colaborativo para reduzir o impacto dos eventos adversos associados à complexidade da farmacoterapia prescrita para a população idosa (3,4).

Por outro lado, o processo de seleção da farmacoterapia no idoso é complexo e inclui vários aspectos tais como decidir qual medicamento é indicado e melhor, determinar a posologia apropriada de acordo com o estado clínico do paciente, acompanhar a efetividade e a segurança, orientar o paciente sobre as possíveis reações adversas e sobre quando procurar atendimento médico, entre outros (5). Além disso, os estudos clínicos pré-comercialização de medicamentos geralmente excluem idosos e isso leva a aprovação de doses que podem não ser apropriadas nessa população, contribuindo com os desafios da prescrição (6). Faz-se necessário, portanto, equilíbrio entre prescrição insuficiente e prescrição excessiva, tendo em vista que vários medicamentos por vezes são necessários para a gestão das múltiplas comorbidades do idoso. Diante do exposto, recomenda-se uma abordagem sistemática da equipe multiprofissional de saúde direcionada à adequação da farmacoterapia com as necessidades do paciente, incluindo a análise racional dos medicamentos que devem ser descontinuados ou substituídos (5,7), o que demonstra as possíveis contribuições deste estudo, que se debruçou em identificar os MPI em prescrições direcionadas a idosos hospitalizados.

2 MÉTODOS

Tratou-se de um estudo transversal, realizado no período de novembro de 2017 a novembro de 2018 por residentes farmacêuticos de um Programa de Residência Multiprofissional em Cuidados Continuados Integrados (PREMUS/CCI). O local do estudo foi a Unidade de Cuidados Continuados Integrados de um hospital sem fins lucrativos localizado na região Centro-Oeste do Brasil, que presta assistência médica básica em diversas especialidades por meio de convênio com o Sistema Único de Saúde (SUS).

A população do estudo foi constituída por todos os indivíduos internados no setor, a partir dos critérios de inclusão previamente estabelecidos, a saber: ter idade igual ou superior a 60 anos, estar internado na Unidade de Cuidados Continuados Integrados durante o período de coleta de dados e estar em uso de pelo menos um medicamento. Todos os potenciais participantes receberam informações sobre o estudo e aqueles que demonstraram interesse em

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17952-17966 oct. 2019 ISSN 2525-8761 participar foram incluídos somente após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

A coleta de dados ocorreu por meio de um instrumento padronizado pelo serviço de farmácia clínica do PREMUS/CCI, preenchido durante uma consulta farmacêutica individual e privativa, com duração aproximada de 20 minutos e realizada pelos farmacêuticos residentes. O instrumento utilizado envolveu quatro grupos de dados: perfil do participante, histórico social, história clínica e história medicamentosa. Os dados relacionados ao perfil do participante, sua história social e clínica compreenderam: sexo, idade, escolaridade, profissão ou ocupação, etilismo, tabagismo, prática de atividade física, limitações físicas, presença ou não de cuidador, autonomia para a gestão dos medicamentos e identificação dos problemas de saúde. Já a história medicamentosa abrangeu a identificação e a quantidade de medicamentos prescritos, além da posologia.

A identificação de MPI para idosos nas prescrições foi realizada por meio de consulta aos Critérios de Beers (8), selecionados como método por representarem uma das fontes mais consultadas e amplamente utilizadas na medicina geriátrica e no desenvolvimento de indicadores de qualidade do cuidado (8). Além disso, é a ferramenta mais adequada para a população deste estudo, considerando o perfil clínico e medicamentoso dos participantes.

Os MPI identificados foram classificados em: a) medicamentos potencialmente inapropriados para idosos; b) medicamentos potencialmente inapropriados, mas que podem ser usados com cautela em idosos; e c) medicamentos que requerem ajuste de dose baseado na função renal. Para a quantificação do número total de medicamentos e análise da inadequação do uso, foi considerado o número de vezes que o fármaco foi prescrito, ou seja, contabilizaram-se as repetições de um mesmo medicamento para identificar a exposição dos idosos aos MPI. As prescrições foram avaliadas em três momentos (admissão, internação e alta).

Para a análise dos resultados, os dados foram tabulados e interpretados por meio de estatística descritiva sendo estimadas medidas de tendência central e de variabilidade

Para tanto, o programa Microsoft Excel, versão 2010, foi utilizado.

O estudo atendeu às normas do Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (CEP/UFMS) e foi aprovado pelo parecer nº 2.355.503.

3 RESULTADOS

Participaram do estudo 34 idosos com idade média de 68,1 (±6,6) anos e todos submetidos à polifarmácia. Desses, 61,8% (n= 21) eram do sexo masculino. A tabela 1

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17952-17966 oct. 2019 ISSN 2525-8761 apresenta, em detalhes, o perfil dos participantes e da prevalência de MPI, estratificada por presença ou não destes. Dos 34 idosos avaliados, 34 (100,0%) estavam submetidos à polifarmácia e 33 (97,1%) tiveram pelo menos 1 MPI prescrito em algum momento da internação. Quando estratificados pelo sexo, a frequência da prescrição de MPI na admissão foi maior em idosos do sexo masculino (n= 13; 61,9%).

Tabela 1 – Perfil dos idosos e prevalência de MPI em uma unidade hospitalar de Cuidados Continuados Integrados. Brasil, 2018. Informações Total de Pacientes (n= 34) Ausência de MPI na admissão (n= 13)

Até dois MPI na admissão (n= 16)

Maior que dois

MPI na admissão (n= 5) Sexo % (n) Feminino 38,2 (13) 38,4(5) 61,6(8) - Masculino 61,8 (21) 38,1(8) 38,1(8) 23,8(5) Idade média (DP) 68,1 (±6,6)

Faixa etária (anos) % (n)

60 a 69 73,6 (25) 36,0(9) 44,0(11) 20,0(5)

70 a 79 20,6 (7) 42,9(3) 57,1(4) -

≥80 5,8 (2) 50,0(1) 50,0(1) -

DP: desvio padrão

Tabela 2 – Prescrição de MPI por momento no serviço de saúde

Estágio da

internação

Nº máximo de MPI por paciente

Média de MPI por paciente ±DP Admissão 3 1,4 ±0,6 Internação 4 2,2 ±1,0 Alta 4 1,6 ±0,8 DP: desvio padrão

Considerando o perfil dos MPI, os mais comumente prescritos foram: óleo mineral (n= 12; 16,0%), dexclorferinamina (n= 10; 13,3%), omeprazol (n= 10; 13,3%), levomepromazina (n= 5; 6,6%) e risperidona (n= 5; 6,6%). Todos os MPI identificados (n= 23, 100%) possuem força de recomendação forte, o que significa que os eventos adversos, prejuízos e risco superam os benefícios da utilização do medicamento. A Tabela 3 apresenta, em detalhes, os MPI prescritos aos participantes do estudo.

Tabela 3 – Medicamentos Potencialmente Inapropriados (MPI) prescritos aos idosos assistidos em uma unidade hospitalar de Cuidados Continuados Integrados. Brasil, 2018.

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17952-17966 oct. 2019 ISSN 2525-8761 Medicamentos

Potencialmente Inapropriados

Racionalidade de risco ao idoso1

Qualidade da Evidência/ Recomendação1

n= 75 % (n) Óleo Mineral Potencial para aspiração e reações adversas. Moderada/

Forte

16,0 (12) Dexclorfeniramina

Altamente anticolinérgico; risco de confusão, boca seca, constipação e outros efeitos anticolinérgicos ou toxicidade.

Moderada/ Forte

13,3 (10) Omeprazol Risco de infecção por Clostridium difficile, perda óssea

e fratura. Alta/ Forte 13,3 (10) Levomepromazina Risperidona Quetiapina

Aumento do risco de Acidente Vascular Cerebral (AVC) e maior taxa de declínio cognitivo e mortalidade em pessoas com demência.

Moderada/ Forte Moderada/ Forte Baixa/ Forte 6,6 (5) 6,6 (5) 5,3 (4) Metildopa Alto risco de efeitos adversos no SNC; pode causar

bradicardia e hipotensão ortostática.

Baixa/ Forte 5,3 (4) Clonazepam Diazepam

Idosos possuem maior sensibilidade aos benzodiazepínicos. Em geral, todos os benzodiazepínicos aumentam o risco de. comprometimento cognitivo, delirium, quedas, fraturas e acidentes automobilísticos. Moderada/ Forte Moderada/ Forte 5,3 (4) 2,6 (2) Ciclobenzaprina Efeitos adversos anticolinérgicos, sedação, aumento do

risco de fraturas.

Moderada/ Forte

2,6 (2) Clonidina Alto risco de efeitos adversos no SNC; pode causar

bradicardia e hipotensão ortostática.

Baixa/ Forte

2,6 (2) Amitriptilina Altamente anticolinérgico, sedativo e causa hipotensão

ortostática.

Alta/ Forte

2,6 (2) Ibuprofeno Eleva o risco de sangramento gastrointestinal ou úlcera

péptica em grupos de alto risco.

Moderada/ Forte

2,6 (2) Atropina SL Altamente anticolinérgico, efetividade incerta. Moderada/

Forte

2,6 (2) Diclofenaco de

sódio

Eleva o risco de sangramento gastrointestinal ou úlcera péptica em grupos de alto risco.

Moderada/ Forte

1,3 (1) Metoclopramida Pode causar efeitos extrapiramidais incluindo discinesia

tardia, especialmente em idosos frágeis.

Moderada/ Forte

1,3 (1) Hidroxizina

Altamente anticolinérgico; risco de confusão, boca seca, constipação e outros efeitos anticolinérgicos ou toxicidade. Moderada/ Forte 1,3 (1) Haloperidol

Aumento do risco de Acidente Vascular Cerebral (AVC) e maior taxa de declínio cognitivo e mortalidade em pessoas com demência.

Moderada/ Forte

1,3 (1) Glibenclamida Maior risco de hipoglicemia severa prolongada em

idosos.

Alta/ Forte

1,3 (1) Imipramina Altamente anticolinérgico, sedativo e causa hipotensão

ortostática.

Alta/ Forte

1,3 (1) Amiodarona Toxicidade superior aos demais antiarrítmicos utilizados

na fibrilação atrial.

Alta/ Forte

1,3 (1)

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17952-17966 oct. 2019 ISSN 2525-8761 Nitrofurantoína

Potencial para toxicidade pulmonar, hepatotoxicidade e neuropatia periférica, especialmente com uso prolongado.

Baixa/ Forte

1,3 (1) Escopolamina Altamente anticolinérgico, efetividade incerta. Moderada/

Forte

1,3 (1)

1BEERS, 2019

Um total de 9 (26,5%), 13 (38,2%) e 27 (79,5%) idosos tiveram pelo menos 1 MPI prescrito que se enquadra na seguinte classificação: sempre deve ter seu uso evitado no idoso, deve ser utilizado com cautela no idoso ou deve ter sua dose ajustada a partir da função renal do idoso, respectivamente.

4 DISCUSSÃO

Pacientes idosos estão mais expostos ao risco de desenvolver novos déficits funcionais durante a hospitalização; desse modo, é importante identificar os fatores que podem auxiliar no desenvolvimento do declínio funcional. Diante do exposto, sabe-se que os MIPs, quando usados em idosos hospitalizados, possui um alto risco de efeitos adversos (9). Neste estudo, a

taxa média de prescrição de MPI para a população avaliada foi elevada (97,1%). Diversos estudos recentes têm demonstrado taxas de prescrição de MPI na população idosa variando de 18,2% a 91,9% (10, 11, 12, 4,). Nesse sentido, sugere-se que a avaliação das prescrições e a

realização de intervenções farmacêuticas possuem o potencial de reduzir o número de prescrições inapropriadas e no número médio de medicamentos inapropriados em uma mesma prescrição.

O principal medicamento inapropriado que deve ser evitado prescrito neste estudo foi o óleo mineral, administrado por via oral (16,0%; n= 12) em função do diagnóstico de constipação, muito comum na população admitida no setor e que piora em função de fatores adicionais como falta de privacidade, inconveniência ou falta de instalações sanitárias e supressão do desejo de defecar (13). No entanto, sabe-se que o uso do óleo mineral por via oral é inapropriado devido ao aumento da probabilidade de aspiração (12,4).

A dexclorfeniramina (n= 10; 13,3%) e o omeprazol (n=10; 13,3%) também representam MPIs para idosos que tiveram prescrição significativa neste estudo. A dexclorfeniramina é um medicamento anticolinérgico, que somado aos processos fisiológicos e patológicos associados ao envelhecimento, pode resultar em reações adversas pronunciadas no sistema nervoso central tais como, comprometimento cognitivo, confusão, delírio e quedas, além de efeitos adversos periféricos como constipação, olhos secos e retenção urinária (14-15).

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17952-17966 oct. 2019 ISSN 2525-8761 Já o omeprazol, um inibidor da bomba de prótons (IBP) comumente utilizado para tratar distúrbios gastrointestinais relacionados à secreção ácida, são usualmente prescritos indevidamente para evitar úlceras de estresse em indivíduos hospitalizados (16-17). Seu uso em idosos é inapropriado em função da importante incidência de efeitos secundários como diarreia, deficiência na absorção de vitamina B12, hipomagnesemia, infecção por clostridium difficile, fraturas, perda óssea e pneumonia (18, 19, 20, 2, 21)

Desse modo, Farrell e colaboradores (22) desenvolveram, em 2017, um algoritmo de

desprescrição de IBP, o que representa mais uma importante ferramenta disponível na prática clínica da equipe multiprofissional de saúde, para contribuir com a otimização da farmacoterapia no idoso. Entretanto, a partir do disposto no algoritmo, a desprescrição de IBP não é aplicável para pacientes com diagnóstico de esôfago de Barrett, esofagite grave grau C ou D ou história de sangramento de úlceras gastrointestinais (22).

Já o MPI que deve ser usado com cautela em idosos mais prescrito neste estudo foram os diuréticos, pois podem exacerbar ou causar a síndrome da secreção inadequada do hormônio antidiurético ou a hiponatremia. Ao iniciar ou alterar dose em idosos, deve-se monitorar os níveis de sódio (2). Além disso, essa classe está relacionada com os medicamentos que aumentam o risco de quedas. Finalmente, em relação aos medicamentos que devem ser evitados ou terem sua dose reduzida de acordo com a função renal, a enoxaparina foi a mais prescrita, seguida do tramadol. Ela deve ser evitada quando o clearance de creatinina for inferior a 30ml/min, devido ao aumento do risco de sangramento. Nesse caso, a recomendação é diminuir a dose (2). O tramadol deve ter a dose reduzida se o clearance de creatinina for inferior a 30ml/min devido aos efeitos adversos ao sistema nervoso central (2).

Os resultados deste estudo demonstraram a importância do trabalho interprofissional e colaborativo na otimização da farmacoterapia prescrita à população idosa. Ressalta-se que este estudo foi realizado por residentes de um Programa de Residência Multiprofissional em Saúde, o que demonstra também a importância do investimento em qualificação da equipe de saúde por meio da educação continuada. No hospital onde este estudo foi realizado, por exemplo, acontecem reuniões semanais da equipe para revisão e atualização dos protocolos clínicos, além de sugestões de novos protocolos/escalas/ferramentas, em busca da melhoria contínua dos processos de trabalho.

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Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 10, p. 17952-17966 oct. 2019 ISSN 2525-8761 5 CONCLUSÃO

Os resultados deste estudo evidenciaram a estabilidade dos Critérios de Beers 2015 para classificação de MPI. Este estudo sustenta, ainda, a perspectiva de que o profissional farmacêutico, no âmbito das competências que lhe são inerentes e integrado à equipe multiprofissional de saúde, possa intervir por meio da consulta farmacêutica nas prescrições com MPI e polifarmácia, otimização a farmacoterapia direcionada a população idosa e o alcance de melhores desfechos clínicos e econômicos. Estudos futuros poderão analisar o impacto de MPI no estado global de saúde dos idosos e sua influência na dinâmica do trabalho multi e interdisciplinar.

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Tabela 2 – Prescrição de MPI por momento no serviço de saúde

Referências

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