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Estimativa das perdas e custos económicos por mastite em explorações de bovinos leiteiros da Região do Litoral Norte de Portugal

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Estimativa das perdas e custos económicos por mastite

em explorações de bovinos leiteiros da região do

litoral norte de Portugal

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

CIÊNCIAS VETERINÁRIAS

LUÍS CARLOS VASCONCELOS MARINHO

Orientador: Professor Doutor João Simões Co-orientadora: Doutora Adelaide Pereira

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

Estimativa das perdas e custos económicos por mastite

em explorações de bovinos leiteiros da região do

litoral norte de Portugal

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

CIÊNCIAS VETERINÁRIAS

LUÍS CARLOS VASCONCELOS MARINHO

Orientador: Professor Doutor João Simões Co-orientadora: Doutora Adelaide Pereira

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“Vós chamais-me ‘o Mestre’ e ‘o Senhor’, e dizeis bem porque o sou. Ora, se Eu, o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros. Na verdade dei-vos o exemplo, para que, assim como Eu fiz, vós façais também. Em verdade, em verdade vos digo, não é o servo mais que o seu Senhor, nem o enviado mais do que aquele que o envia.” João, 13

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Resumo

A economia da saúde animal tem como principais objetivos promover a saúde animal e a rentabilidade das explorações pecuárias. A doença tem um impacto negativo no processo de conversão dos recursos ou fatores e causa perdas económicas para o produtor. A mastite bovina é um problema sério global nas explorações leiteiras, sendo uma das doenças mais frequentes e dispendiosas para o setor devido à sua alta prevalência e às perdas económicas daí provenientes. Os objetivos deste trabalho pretenderam: 1) determinar os custos económicos anuais devido a mastites clínicas e subclínicas na região norte de Portugal; 2) estimar a redução dos custos totais a partir do valor dos custos diretos e indiretos. Para a realização deste trabalho selecionaram-se 30 explorações de bovinos leiteiros com uma dimensão entre 21 e 204 animais integrados no programa de qualidade de leite sob responsabilidade da Segalab (Laboratório de Sanidade Animal e Segurança Alimentar, S.A.). Foram recolhidos os dados sobre o efetivo animal e seu maneio, produção leiteira, casos de mastites clínicas e subclínicas, o número de animais refugados e mortos por problemas de mastite e, a média de dias de tratamento e de dias de intervalo de segurança (IS) a partir das explorações, sob controlo dos respetivos veterinários assistentes, das empresas AGROS, LACTICOOP e PROLEITE bem como das associações de contraste leiteiro (ABLN e EABL), respeitantes aos anos de 2011 e 2012. A percentagem anual de casos de mastites foi de 62% com uma amplitude de 4% a 240%, entre explorações. As perdas totais por vaca por ano nas explorações foram de 314,1±170,0 € (n=60) com uma mediana de 274,5€, sendo similares (P>0,05) entre anos. As perdas totais por mastites (PTM) variaram entre 4 887 e 73 855€, por exploração, tendo sido observado um coeficiente de regressão de entre o n.º de animais de cada exploração e as PTM de r2= 0,42 (P<0,001). Foi observada uma correlação entre o n.º de casos de mastites e as PTM ou os custos e perdas com casos de mastites (CPCM) de r=0,78 e r= 0,99 (P<0,001), respetivamente. Das 6 parcelas que formaram a PTM, as perdas de lactação devido aos casos de mastite (PLM), perdas com refugos e mortes (PRM), perdas com leite não produzido (PLNP), perdas com contagem células somáticas do leite (PDCCS) e os CPCM contribuíram, cada uma com 18,2±11,4% (n=300), não existindo diferenças entre si (P>0,05), enquanto que a parcela do total de perdas com leite descartado (TPLD) somente com 6,4±5,8% (n=60; P<0,001). O coeficiente de regressão entre as parcelas CPCM, PDCSS, PLNP, PRM, TPLD ou PLM e o PTM foi de r2=0,66, r2=0,64, r2=0,56, r2=0,37, r2=0,33 e r2=0,60 (P<0,001), respetivamente. Concluímos que as perdas anuais por vaca foram elevadas, com variabilidade apreciável entre explorações, e diretamente relacionadas com o n.º de casos de mastites ocorridos na exploração, mas não com a dimensão da exploração. A maioria das

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parcelas contribui com peso iguais para a formação das PTM. No entanto, a estimativa deste valor total a partir da PRM e TPLD é baixa, recaindo a gestão essencialmente nas restantes parcelas. São necessários novos estudos tendo em consideração a implementação de medidas de controlo e alteração no maneio associados ao status epidemiológico das explorações em causa.

Palavras Chave: Mastites; Bovinos leiteiros; Epidemiologia; economia da saúde animal; gestão

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Abstract

Animal health economics has as main objectives to promote the animal health and the profitability of the farms. Disease has a negative impact in the process of conversion of the resources or factors and determine economic losses to the farmer. The bovine mastitis is a global serious problem in the dairy farms, being one of the most common and costly diseases to the sector due to its high prevalence and due to the economic losses derived there from. The aims of this work were: 1) set the economic annual costs due to clinical and subclinical mastitis in the northern region of Portugal; 2) estimate the reduction of the total costs from the value of direct and indirect costs. To the achievement of this work it was selected 30 dairy farms with an effective between 21 and 204 animals integrated in the milk quality program under responsibility of the Segalab (Laboratório de Sanidade Animal e Segurança Alimentar, S.A.). It was collected data about the animal effective and its management, milk production, clinical and subclinical mastitis cases, the number of culled and death animals due to mastitis problems and, the average of days of treatment and withdrawal period taken from the farms, under control of their veterinary assistants, of the companies AGROS, LACTICOOP and PROLEITE as well the dairy contrast (ABLN and EABL), relating to the years of 2011 and 2012. The annual percent of mastitis cases was 62%, in average, with a dairy farm amplitude from 4% to 240%. The total losses per cow per year in the farms were 314.1±170.0 € (n=60) with a median of 274.5€, without differences (P>0.05) between years. The total losses due to mastitis (PTM) varied between 4 887 and 73 855€, by farm. The regression coefficient between the number of animals of each farm and the PTM was r2= 0.42 (P<0.001). It was observed a correlation between the number of cases of mastitis and the PTM or the costs and losses with cases of mastitis (CPCM) of r=0.78 and r= 0.99 (P<0.001), respectively. Of the 6 plots that formed the PTM, the lactation losses due to the cases of mastitis (PLM), losses by culling and death (PRM), losses with milk not produced (PLNP), losses with milk somatic cell count (PDCCS) and the CPCM contribute, each one with 18.2±11.4% (n=300), without differences between them (P>0.05), while the plot of total losses with discarded milk (TPLD) only with 6.4±5.8% (n=60; P<0.001). The regression coefficient between the plots CPCM, PDCCS, PLNP, PRM, TPLD or PLM and the PTM was de r2=0.66, r2=0.64, r2=0.56, r2=0.37, r2=0.33 and r2=0.60 (P<0.001), respectively. We conclude that the losses per cow per year were high, with appreciable variability between farms, and directly related with the number of cases of mastitis occurred in the farm, but don’t with the farm’s dimension. The majority of the plots contributed with equal weight to the formation of the PTM. However, the estimate of that value from the PRM and TPLD is low, falling the management

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essentially in the remaining plots. It was necessary new studies having in consideration the implementation of control measures and changes in the management associated to the epidemiologic status of the concerned farms.

Keywords: Mastitis; dairy cattle; Epidemiology; Animal health economics; herd health

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Agradecimentos

Convém nunca esquecer que aquilo que conquistamos com o nosso esforço é fruto do nosso trabalho, no entanto a nossa conquista é o fruto de várias pessoas que nos ajudam a tornarmo-nos naquilo que somos.

Neste momento quero agradecer a várias pessoas que foram, sem dúvida, essenciais para o desenvolvimento deste trabalho e para me tornar na pessoa que sou.

À Dra. Adelaide pelo acolhimento e pelo acompanhamento durante o meu estágio. A toda a equipa da Segalab pelo que me ensinaram e pelo modo como me trataram. Ao Professor João Simões pelo trabalho, ajuda e dedicação que teve na elaboração deste trabalho. Pela análise dos dados e correções que foi fazendo ao longo do trabalho.

Aos meus pais, pelo que me ensinaram, porque sempre me deram tudo o que necessitei, apoio, dedicação e sempre me mostraram a realidade da vida.

Ao meu irmão, por ser um irmão dos melhores que se pode ter.

E, aos meus tios Manuela Marinho e José António Teixeira porque sempre que lhes pedi alguma coisa nunca hesitaram em ajudar.

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Índice

Resumo ... iii

Abstract ... v

Agradecimentos ... vii

Índice de Figuras ...xi

Índice de tabelas ... xiii

Lista de siglas e abreviaturas ... xv

1. INTRODUÇÃO ... 1

1.1. Economia da saúde animal ... 1

1.2. A doença na economia ... 3

1.3. Mastites: definição e classificação ... 5

1.4. Impacto económico da mastite ... 6

1.5. Perdas e custos da mastite ... 6

1.6. Quantificação das perdas e custos ... 7

1.7. Métodos de quantificação das perdas e custos ... 10

1.7.1. Orçamento parcial ... 10

1.7.2. Simulação ... 11

1.8. Folhas de cálculo ... 11

1.8.1. Folha de cálculo de Fetrow ... 11

1.8.2. Folha de cálculo de Bennet ... 12

1.8.3. Folha de cálculo de Fourichon ... 12

1.8.4. Folha de cálculo da Segalab ... 13

2. OBJETIVOS DO TRABALHO ... 17

3. MATERIAL E MÉTODOS ... 19

3.1. Caracterização e selecção das explorações ... 19

3.2. Delineamento do estudo ... 21

3.3. Cálculo das perdas e custos por mastites ... 22

3.4. Análise estatística ... 26

4. RESULTADOS ... 27

4.1. Relação entre o n.º de casos de mastite e o n.º de vacas totais ... 27

4.2. Perdas económicas anuais por vaca... 28

4.3. Perdas económicas anuais por exploração ... 30

4.4. Contribuição dos custos e perdas económicas parcelares para as perdas globais das explorações 31 4.4.1. Custos e perdas com casos de mastites (CPCM) ... 31

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4.4.2. Perda com desvalorização de leite (CCS) ... 33

4.4.3. Perda com leite não produzido por ano (PLNP) ... 33

4.4.4. Perdas com refugos e mortes por ano (PRM) ... 34

4.4.5. Total perdas com leite descartado (TPLD) ... 35

4.4.6. Perdas de lactação devido aos casos (PLM) ... 35

5. DISCUSSÃO ... 37

6. CONCLUSÕES ... 45

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Índice de Figuras

Figura 1 - Doenças dos animais no sistema de produção pecuário. Fonte: McInerney (1996) ... 3

Figura 2 - Perdas diretas e indiretas devido a doenças animais: um exemplo (Otte e Chilonda, 2000) ... 4

Figura 3 – Distribuição do número das explorações por distrito ... 21

Figura 4- Percentagem anual do n.º de casos de mastites considerando o efetivo médio de cada exploração ... 27

Figura 5 – Regressão entre o n.º de casos de mastite e o n.º de vacas totais, em cada exploração. ... 28

Figura 6- Perdas anuais médias por vaca (PAV) em cada exploração de bovinos leiteiros. ... 28

Figura 7 - Apresentação dos custos económicos totais por vaca/ano (PAV) em cada exploração, considerando os anos de 2011 e 2012, de acordo com os percentis. ... 29

Figura 9 - Perdas totais anuais por mastites (PTM) de acordo com o n.º de animais de cada exploração. . 30

Figura 8 - Regressão das perdas totais por vaca em cada exploração entre os anos 2011 e 2012... 29

Figura 11 - Percentagens médias das perdas parcelares contributivas para as perdas totais anuais. ... 31

Figura 10 - Regressão entre o n.º de casos de mastites e as perdas totais anuais (PTM) nas explorações .. 30

Figura 12 – Regressão entre CPCM e as PTM ... 32

Figura 13 - Regressão entre o n.º de casos de mastites e o CPCM ... 32

Figura 14 - Regressão entre a PDCSS e as PTM ... 33

Figura 15 - Regressão entre as PLNP e as PTM ... 33

Figura 16 - Regressão entre as PRM e as PTM ... 34

Figura 17 - Regressão entre o TPLD e as PTM ... 35

Figura 18 - Regressão entre as PLM e as PTM ... 35

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Índice de tabelas

Tabela 1 - Síntese das estimativas de perdas económicas devido a mastites (€, em média, por vaca e por ano). Huijps et al. (2011) ... 9 Tabela 2 - Método de cálculo do orçamento parcial, adaptado de Fourichon et al. (2003). ... 13 Tabela 3 - Variáveis da folha de cálculo da Segalab ... 14 Tabela 4 - Caracterização das explorações e seus principais parâmetros para a avaliação do impacto económico das mastites ... 20 Tabela 5 - Perdas de leite estimadas a partir da CCS de acordo com a paridade das vacas. Adaptado de Radostits 2007, p. 687 ... 23 Tabela 6 – CCS (Contagem de Células Somáticas) dos anos de 2011 e 2012 e do preço do leite ... 24 Tabela 7 - Parâmetros de perdas e custos de cada exploração. ... 25

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Lista de siglas e abreviaturas

CCS: Contagem de Células Somáticas

CPCM: Custos e perdas com casos de mastites IS: Intervalo de Segurança

LS: Linear Score

PAV: Perdas anuais por vaca

PDCCS: Perdas com desvalorização relativas à Contagem de Células Somáticas do leite PLM: Perdas de lactação devido aos casos de mastite

PLNP: Perdas com leite não produzido PQL: Programa de Qualidade do Leite PRM: Perdas com refugos e mortes PTM: Perdas totais com mastites

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1. INTRODUÇÃO

A economia da saúde animal tem como principais objetivos promover a saúde animal e a rentabilidade das explorações. Devido à crescente competição nos setores da economia, e fazendo parte destes o setor da agricultura, onde se inserem as explorações leiteiras, torna-se essencial para a sobrevivência das explorações obter o maior lucro possível com o mínimo de perdas. Com o aumento dos fatores de produção e a diminuição do valor dos produtos finais, neste caso o leite, apenas resta uma alternativa para tornar as explorações rentáveis. A alternativa passa pela diminuição da ocorrência da doença de forma a transformar os recursos disponíveis num conjunto máximo de produtos salubres. A área disciplinar da economia da saúde animal avalia os métodos de produção e os animais, estabelece novos objetivos e avalia o resultado das novas medidas implementadas numa exploração.

Sendo a mastite a doença com maior importância nas explorações de bovinos leiteiros por ser a doença com maior incidência e maiores custos (Halasa et al., 2007), torna-se importante avaliar a magnitude das perdas, e onde ocorrem essas perdas, para definir novos objetivos, implementar novas medidas e posteriormente avaliar a sua eficácia.

Com o presente trabalho, pretendeu-se avaliar a magnitude das perdas por mastites em explorações leiteiras de bovinos da região Norte de Portugal, caraterizar os parâmetros que para elas contribuem e verificar a influência destes no total das perdas devido a esta afeção clínica e subclínica.

1.1. Economia da saúde animal

A economia da saúde animal é uma disciplina, que não pertence ao núcleo das ciências veterinárias mas está a tornar-se cada vez mais importante como uma ajuda para a tomada de decisões em intervenções a nível da saúde animal a vários níveis. Deste modo, segundo Dijkhuizen (1992) a economia da saúde animal pode, portanto, ser descrita como a disciplina cujos objetivos são o proporcionar uma estrutura de conceitos, procedimentos e informação para suportar o processo de decisão em otimizar o maneio da saúde animal. Os níveis de decisões variam desde o animal e explorações individuais, ao efetivo nacional e finalmente até aos esforços para controlo de doenças a nível internacional. A crescente importância da economia da saúde animal pode ser explicada pelas mudanças dramáticas, que ocorreram no ambiente

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socioeconómico global sobre os últimos 20 anos. As mudanças chave, afetando as decisões nas medidas da saúde animal, são as seguintes (Otte e Chilonda, 2000):

1. As maiores doenças epidémicas têm estado sob controlo na maioria dos países desenvolvidos, deixando as doenças com menor impacto económico evidente e com epidemiologia mais complexa ser combatida pela profissão veterinária;

2. Com a integração do mercado mais amplo, a autossuficiência para produtos de origem animal recebe menor prioridade como meta da política nacional e, portanto, o compromisso político para os esforços nacionais de controlo da doença enfraqueceu; 3. A importância da agricultura na economia nacional declina à medida que os países se

desenvolvem, resultando em maior competição por fundos pelos diferentes sectores da economia, e;

4. Mais e mais responsabilidades são transferidas do sector público para o privado, que está mais preocupado com retornos visíveis do investimento feito.

Como resultado destes desenvolvimentos, torna-se crescentemente importante prover uma boa justificação económica para cada ação proposta para melhorar ou salvaguardar a saúde animal para o que se espera obter de modo a financiar a intervenção proposta.

A economia é por vezes qualificada como a disciplina que mede coisas com unidades monetárias. Esta visão é muito simplista e até inapropriada. A economia não está preocupada com o dinheiro mas na alocação dos recursos escassos visando alternativas competitivas.

Os modelos conceptuais subjacentes a análises económicas incluem três componentes maioritários: pessoas, produtos e recursos (McInerney, 1987). São as pessoas que querem certos produtos e fazem decisões, os produtos são bens e serviços que satisfazem as vontades das pessoas e os recursos são os fatores físicos e serviços que são a base para gerar os produtos, e como tal o ponto de início da atividade económica (Otte e Chilonda, 2000).

Tal como todos os sectores económicos, Nielsen (2009) refere que também o sector leiteiro está submetido a uma competição internacional crescente. Diz, também, que as explorações economicamente eficazes são um pré-requisito para manter o sector leiteiro sólido na Suécia. No entanto as margens de lucro são estreitas. Torna-se essencial diminuir os custos ao máximo a cada nível de produção para a otimização dos resultados económicos (Nielsen, 2009).

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1.2. A doença na economia

A doença representa um input negativo no processo de conversão dos recursos ou fatores de produção em produtos, bens e serviços destinados para as pessoas. A doença causa perdas económicas diretas para o produtor e uma potencial perda de valor para o consumidor (Otte e Chilonda, 2000). Este efeito pode resultar numa diminuição dos valores de output para um determinado nível de inputs, ou levar a um aumento dos produtos iniciais para chegar ao mesmo nível de produção de outputs, ou ambos (Rushton et al., 1999).

A eficiência da conversão de inputs em outputs é geralmente referida como produtividade, que é definida como a taxa de output dividida pela taxa de input. Porque o sistema de produção pecuária usa diferentes tipos de inputs e produz vários tipos de outputs, uma unidade comum de produtividade seria desejável. Nos sistemas pecuários comerciais este é o valor económico de cada tipo de input e output expresso em unidades monetárias (Otte e Chilonda, 2000).

As figuras 1 e 2 exemplificam a implicação económica das doenças na produção pecuária. O efeito das doenças dos animais num dado sistema de produção é a redução da eficiência com a qual os recursos/inputs são convertidos em produtos/outputs, isto é, eles diminuem a produtividade. Deste modo, os efeitos da doença podem ser classificados em perdas diretas e indiretas.

Figura 1 - Doenças dos animais no sistema de produção pecuário. Fonte: McInerney (1996)

Recursos Outputs Benefícios Humanos

Doença Terra Trabalho Capital Comida Animais Etc. Animais Leite, carne Estrume Etc. 1 2 3 4 5 6

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Figura 2 - Perdas diretas e indiretas devido a doenças animais: um exemplo (Otte e Chilonda, 2000)

As perdas diretas através das doenças podem ocorrer da seguinte maneira:

1) Ao nível do input, a doença destrói o recurso básico do processo de produção pecuária; 2) A doença diminui a eficiência do processo de produção e a produtividade dos recursos

empregados;

3) A nível do output, a doença pode reduzir tanto a quantidade como a qualidade do output ou o valor unitário do produto.

As perdas indiretas devido à doença incluem:

4) Perdas através de custos adicionais de modo a evitar ou reduzir a incidência da doença ou no tratamento dos casos;

5) Detrimento no bem-estar humano diretamente através das zoonoses como por exemplo a salmonelose, brucelose, etc.;

6) Subexploração ótima dos recursos disponíveis através da adoção forçada de métodos de produção, que não permitem a exploração total dos recursos disponíveis, e/ou através da perda de receitas como resultado do acesso negado a (melhores) mercados, etc.

Custo da doença Direto Indireto Perdas visíveis -morte -nanismo -queda na produção Perdas invisíveis -redução da fertilidade -mudanças na estrutura da exploração -fraca conversão alimentar Receitas perdidas -acesso negado a mercados melhores -métodos de produção “sub-óptimos” Custos adicionais -vacinas -medicamentos -trabalho

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Como em todos os sectores de produção pecuária, a doença reduz a rentabilidade das explorações e leva a uma diminuição dos outputs gerados com a mesma quantidade de inputs. No caso do sector leiteiro, as mastites tornam-se a doença mais frequente e dispendiosa que este sector pode enfrentar.

1.3. Mastites: definição e classificação

A mastite refere-se à inflamação das glândulas mamárias, qualquer que seja a causa (Radostits et al., 2007). Refere-se não só aos tecidos intramamários mas estruturas anatómicas relacionadas como mamilos, aréolas mamárias e ductos. Em medicina veterinária, a mastite é geralmente referida como uma reação inflamatória intramamária causada por um agente infecioso (Contreras e Rodríguez, 2011), uma vez que a maioria tem origem infeciosa, principalmente bacteriana. Caracteriza-se por alterações físicas, químicas e geralmente bacteriológicas do leite e por alterações patológicas devido à reação inflamatória do tecido glandular.

As mastites podem ser classificadas ou divididas em grupos dependendo dos critérios a ter em conta: estado de lactação, manifestação clínica ou o seu curso. As mastites clínicas caracterizam-se por inflamação da glândula mamária incluindo hiperémia, dor e aumento do tamanho da glândula e densidade. Estes sinais podem ser ou não acompanhados por sinais sistémicos como febre e depressão (Kemper e Gerjets, 2009).

As mastites subclínicas são definidas pela quantificação das células somáticas no leite. Quando a Contagem de Células Somáticas (CCS) de um quarto é igual ou excede as 200 000 células/ml e são isoladas bactérias na ausência de alterações clínicas, o quarto é definido como estando subclinicamente infetado ou é designado como tendo mastite subclínica (National Mastitis Council, 2001).

Baseando-nos na epidemiologia, os microrganismos patogénicos podem classificar-se em contagiosos, oportunistas da pele dos tetos e ambientais. Os microrganismos patogénicos contagiosos mais comuns são S. aureus e S. agalactiae e menos comum o Mycoplasma bovis. Os agentes oportunistas da pele dos tetos mais comuns são os Estafilococos Coagulase Negativos. As mastites ambientais estão associadas a três grupos principais: os coliformes (particularmente

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E. coli e Klebsiella spp.) estreptococos ambientais e Trueperella pyogenes (Radostits et al., 2007).

1.4. Impacto económico da mastite

A mastite bovina é um problema sério global nas explorações leiteiras, sendo uma das doenças mais frequentes e dispendiosas (Halasa et al., 2007). De acordo com Hogeveen et al. (2011), a mastite é a doença mais dispendiosa das explorações leiteiras devido a perdas (redução do output devido à mastite) e a despesas (inputs necessários para a redução do nível de mastites).

A mastite também tem um efeito negativo na imagem da cadeia de produção leiteira: leite saudável de vacas saudáveis (Hogeveen e Østerås, 2005).

Nielsen et al. (2010) referem que a mastite é usualmente considerada a doença mais dispendiosa na produção leiteira, principalmente porque tem uma alta prevalência e um impacto negativo na produção e composição do leite.

De facto, Del Baglivi et al. (1976) observaram uma prevalência de mastites subclínicas de 51,2%. Este valor está de acordo com os observados mais recentemente nas explorações leiteiras: Gianneechin et al. (2002) observaram uma prevalência de 52,4% de mastites subclínicas numa amostragem de 1077 vacas entre a primeira e sexta lactação com menos de 270 dias; Rahman et al. (2010) determinaram uma prevalência de 51,3% de mastites subclínicas.

Também se encontram descritos valores mais elevados. Na Índia, foi encontrada uma prevalência de mastites subclínicas de 75,3% por Devi et al., (1997). Shem et al. (2001) referem, num estudo, uma incidência de 41% de mastites subclínicas, 11% de mastites clínicas e 25% de animais livres de doença num total de 64 vacas observadas.

A redução na produção de leite atribuída às mastites subclínicas podem contribuir para 70 a 80% das perdas totais (Philpot e Nickerson, 1991). Os produtores necessitam de saber os custos das doenças, especialmente das subclínicas ou insidiosas que afetam a produção e são usualmente mais dispendiosas que as doenças clínicas evidentes (Radostits, 2001).

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De acordo com Seegers et al. (2003) as perdas correspondem à baixa produção de leite, às modificações no preço do leite devido às penalizações sofridas por alteração dos parâmetros quantitativos, como proteína e gordura, além do aumento de contagens celulares, ao maior intervalo entre partos e daí menos nascimentos de vitelos, ao menor peso da carcaça da vaca de refugo doente, e ao aumento da taxa de mortalidade e morbilidade entre outras.

Segundo os mesmos autores, os custos correspondem às despesas com serviços médico-veterinários, nomeadamente com os tratamentos suplementares aplicados aos animais doentes.

Halasa et al., (2007), no entanto, dividem os custos em perdas de produção de leite, medicamentos, leite rejeitado, serviços veterinários, trabalho, qualidade do produto, materiais e investimentos, disgnósticos, outras doenças e refugo. Já Osteras (2000) divide os custos em custos de qualidade, custos de perdas de produção, custos de terapia e custos de reposição.

Por outro lado, os custos das mastites podem também ser divididos em diferentes categorias incluindo perdas de produção de leite, medicamentos, leite rejeitado, veterinário, trabalho, qualidade do leite, refugo e a ocorrência de outras doenças (Gill et al., 1990; Schepers e Dijkhuizen, 1991; Halasa et al., 2007).

Outros autores referem os custos em diminuição da produção leiteira, serviços veterinários, diagnósticos, medicamentos, leite descartado, trabalho extra, decréscimo da qualidade de produção, maior risco de novos casos, maior risco de refugo e materiais para prevenção (Hogeveen e Osteras, 2005).

Facilmente concluimos, através da literatura citada, que os custos e perdas podem envolver numerosos fatores que nem todos os autores consideram relevantes ou eventualmente determináveis com suficiente rigor para a obtenção do valor final.

1.6. Quantificação das perdas e custos

Como é possível verificar, existem vários fatores que levam a perdas económicas. No entanto, nem todos têm o mesmo peso no valor final das perdas. Vários autores referem que a maior parte das perdas se deve a um decréscimo da produção de leite (Schepers e Dijkhuizen, 1991; De Graves et al., 1993 e Hagnestam et al., 2007).

Em relação à mastite clínica, Seegers et al. (2003) referem que as perdas de produção podem ir desde baixos valores, dos 31kg até aos 700kg por lactação. No entanto, sumariza que uma perda média de 375kg (cerca de 5% da produção na lactação estandardizada) pode ser proposta para um caso clínico médio que ocorre no segundo mês de lactação numa vaca da raça Holstein.

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Num estudo feito por Hagnestam et al. (2007), os resultados dos valores de perdas nas produções de 305 dias variaram entre 0 e 705kg nas vacas primíparas e entre 0 e 902kg nas vacas multíparas. Verificaram também que nas vacas primíparas as perdas são maiores quando a doença ocorre na 6ª semana de lactação e nas vacas multíparas na 3ª semana de lactação.

Em relação às mastites subclínicas é referido uma perda média de 0,5kg de leite (0,4kg nas primíparas e 0,6kg nas multíparas) por um aumento de duas vezes na Contagem de Células Somáticas (CCS), tendo por base o valor de 50 000 células/ml onde se considera que a vaca não está infetada (Hortet e Seegers, 1998). Num artigo baseado num grande conjunto de dados obtidos na Suécia, valores idênticos foram encontrados para as perdas nas multíparas, ou seja, 0,6kg de leite por aumento de duas vezes na CCS (Koldeweij et al., 1999).

Os custos relacionados com a chamada do veterinário à exploração por causa de uma mastite incluindo os custos de deslocação, trabalho e medicamentos fica em média, na Suécia, em 119€ (Nielsen, 2009).

O leite rejeitado durante o tratamento e durante o período de intervalo de segurança (IS) depende destes dois últimos fatores. As perdas serão maiores quanto mais tempo o leite for rejeitado. O leite rejeitado pode ser comparado com o leite que não é produzido por perdas de produção, mas neste caso é necessário adicionar os custos de alimentação da vaca uma vez que o leite é efetivamente produzido. Apesar de não ser aconselhável, porque o leite rejeitado pode aumentar a morbilidade dos vitelos (Schaffer and McGuffey, 1980) assim como a incidência das novilhas que parem com mastite ou quartos afetados (Kesler, 1981), os produtores usam este leite para alimentação de vitelos, o que se traduz numa receita extra uma vez que não necessitam de utilizar o leite de substituição (Halasa et al., 2007; Nielsen, 2009).

De acordo com Huijps et al. (2011), as estimativas dos produtores de perdas económicas devido a refugo diferem de 0€ a 750€ por vaca. No entanto, as estimativas são difíceis de quantificar uma vez que geralmente os produtores não refugam os animais apenas por um motivo. Se o refugo for involuntário a perda é total. No caso de ser necessário comprar uma novilha para substituir o animal refugado o custo será máximo. No entanto, é difícil avaliar as perdas totais uma vez que a novilha pode não produzir o mesmo que a vaca refugada. (Halasa et al., 2007; Hogeveen, 2005; Østerås, 2005).

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A tabela 1 mostra as perdas económicas devido a mastites publicadas por vários autores. Alguns autores discriminam as parcelas e o seu peso nos custos totais, outros apenas divulgam o custo total.

Tabela 1 -Síntese das estimativas de perdas económicas devido a mastites (€, em média, por vaca e por ano). Adaptado de Huijps et al. (2011)

* Estes autores não referem a proveniência da diferença entre os valores provocados por mastite clínica e o total.

Vários trabalhos foram desenvolvidos na área económica das mastites onde foram publicados diversos resultados quantificando os custos desta doença. O impacto médio acumulado das mastites (clínicas e elevadas CCS) foram 78€ por vaca por ano num estudo envolvendo 197 explorações no ocidente de França (Fourichon et al., 2001). Huijps et al. (2008) referem que, na Holanda, as perdas devido a mastites clínicas e subclínicas variam entre 17€ e 198€ por vaca por ano. O custo de mastites (clínica e subclínica) em média por agentes patogénicos na Dinamarca foi estimado em 146€ por vaca por ano (Ostergaaard et al., 2005). Em explorações com altas CCS no leite do tanque (>400.000 células/ml), Huijps et al. (2008) estimaram o custo de mastites (clínicas e subclínicas) em 182€ por vaca por ano, enquanto que o custo por vaca por ano foi estimado em 114€ em explorações com baixas CCS no leite do tanque (<100.000 células/ml).

Segundo Hogeveen et al. (2011), as perdas económicas devido a mastites clínicas variam entre 61€ e 97€ por vaca por ano com grandes diferenças entre explorações.

Categoria (€) Huijps et al. (2008) Hagnestam-Nielsen and Ostergaard (2009) Halasa et al. (2009) Bar et al. (2008) Perdas de produção leiteira 11 - Mastite clínica 23 78 Mastite subclínica 13 - Trabalho 4 - 11 - Tratamento 15 - 14 - Refugo 22 - 46 - Morte 0 - 0 - Veterinário 1 - 2 - Qualidade do leite 0 - 0 - Materiais 0 - 0 - Diagnósticos 0 - 0 - Total 78 97* 84 61

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O custo por caso de mastite clínica na Suécia foi quantificado em 428€ (Hagnestam-Nielsen e Ostergaard, 2008). Outros estudos europeus chegaram a estimativas entre os 164€ e 347€ (Huijps et al., 2008; Ostergaard et al., 2005).

Noutro estudo, realizado por Nielsen et al. (2010), estimou-se o custo por caso de mastite clínica em 278€ e por caso de mastite subclínica em 60€.

1.7. Métodos de quantificação das perdas e custos

Existem várias abordagens analíticas que podem ser aplicadas na avaliação dos efeitos económicos da doença e no controlo da doença. No entanto, a mais adequada para uma certa análise dependerá da natureza da decisão para o problema: a complexidade da doença e os seus efeitos; a informação disponível; o uso pretendido do modelo, e as preferências e capacidades do construtor do modelo e/ou do tomador de decisão; e as fontes disponíveis (Bennett, 1992).

Os métodos mais usados na análise económica em relação a perdas económicas com mastites serão descritos resumidamente.

1.7.1. Orçamento parcial

O orçamento parcial pode ser usado em vez de comparações simplistas económicas de diferentes situações tais como a alta ou baixa incidência de mastites ou mudanças associadas à implementação de novas medidas de controlo. É uma abordagem marginal, isto é, está preocupada com mudanças nos custos e receitas devido a uma decisão atual ou um evento de doença. Consequentemente, a análise considera custos variáveis, mas tipicamente ignora custos fixos. Para estabelecer uma orçamentação parcial requer-se a seguinte informação:

 Receitas adicionais;  Redução de custos;  Receitas perdidas;  Custos extra.

As vantagens do uso da orçamentação parcial são que o método é bastante descomplicado e efetivo no tempo. Os inconvenientes são que o modelo não pode ter em conta eventos estocásticos nem implicar o desenvolvimento no tempo (Dijkhuizen et al., 1995).

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1.7.2. Simulação

A simulação é um método mais sofisticado para analisar o impacto da doença. Um modelo de simulação é um modelo matemático simplificado da unidade de interesse (por exemplo uma exploração leiteira), que pode ser manipulado pela alteração dos parâmetros de input, e depois ser ajustada para várias situações na vida real. A simulação tenta investigar o impacto das estratégias antes das medidas serem aplicadas. Os modelos de simulação podem ser estáticos (não tendo em conta o tempo) e dinâmicos (tendo em conta o tempo). São ainda classificados em deterministas ou estocásticos. Os primeiros fazem predições definitivas de quantidades, enquanto que os estocásticos consideram para a incerteza no comportamento do sistema, e assim refletem a variação biológica (Nielsen, 2009).

Os modelos dinâmicos e estocásticos podem considerar-se para as interações complicadas, sendo capazes de mimetizar as dinâmicas que ocorrem numa exploração leiteira. De fato, a simulação estocástica tem sido sugerida ser o método mais relevante a usar quando se estuda os efeitos da doença num sistema (Dijkhuizen et al., 1995; Allore e Erb, 1999). As desvantagens são que a metodologia requer uma quantidade extensiva de inputs, enorme poder informático e consome bastante tempo (Nielsen, 2009).

1.8. Folhas de cálculo

Existem várias folhas de cálculo para quantificar as perdas por mastites. De referir a folha de cálculo de Fetrow (Fetrow, 2001), de Bennet (Bennet, 2003) e de Fourichon (Fourichon et al., 2003).

1.8.1. Folha de cálculo de Fetrow

A folha de cálculo de Fetrow considera todos os custos e todas as perdas resultantes da doença para calcular os custos económicos diretos.

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Fetrow (2001) considera na sua folha 4 categorias de perdas devidas a mastites, e avalia a sua magnitude, no âmbito do impacto económico total:

1. Efeitos decorrentes dos casos clínicos de mastites;

2. Efeitos na produção de leite, devido a mastites subclínicas;

3. Efeitos no pagamento do leite devido a contagens celulares elevadas; 4. Efeitos ao nível do refugo e morte dos animais.

Nesta folha de cálculo o autor não avalia as perdas totais devido a mastites mas quantifica as perdas em excesso para um determinado objetivo proposto no controlo das mastites.

1.8.2. Folha de cálculo de Bennet

Para Bennet, a doença tem um impacto negativo quer a nível económico quer no produto final. A quantidade e qualidade dos outputs com os mesmos inputs, com a ocorrência de doença traduz-se em desperdícios ou em restrições internacionais. Bennett (2003) estudou o impacto de 30 doenças animais no Reino Unido, entre as quais as mastites, e de acordo com as suas observações, o modelo utilizado baseia-se na seguinte equação:

onde,

C = Custo da doença L1 = Perdas esperadas na produção

L = Perdas diretas R = Aumento das despesas não veterinárias

E = Despesas T = Custo com tratamento

P = Custo com prevenção

1.8.3. Folha de cálculo de Fourichon

Para Fourichon et al. (2003), o impacto económico das doenças é igual ao somatório dos custos e das perdas decorrentes das enfermidades. Para o cálculo total dos custos e perdas os

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autores recorrem aos orçamentos parciais. Desta forma conseguem analisar a implementação de novas medidas numa exploração.

Um orçamento parcial tem 4 rubricas fundamentais (tabela 2): A) Receitas a menos; B - Custos adicionais; C - Receitas adicionais, e; D - Custos a menos.

Tabela 2 - Método de cálculo do orçamento parcial, adaptado de Fourichon et al. (2003).

Parâmetros desfavoráveis Parâmetros favoráveis

Receitas a menos

 Preço do leite;

 Diminuição do n.º de vitelos vendidos;

 Depreciação das carcaças;

 Vacas eutanasiadas e vacas mortas;

 Diminuição da receita com forragem.

Receitas adicionais

 Vacas refugadas devido a problemas de saúde ou reprodução;

 Aumento do n.º de vacas refugadas e do n.º de vitelos vendidos (quota).

Custos adicionais

 Leite em pó;

 Inseminações suplementares;

 Gastos operacionais com as novilhas de substituição;

 Gastos operacionais com as vacas leiteiras e novilhas suplementares.

Custos a Menos

 Substituição do leite em pó;

 Redução do consumo do leite em pó devido a diminuição de número de vitelos.

Se (C + D) > (A + B) então a alteração proposta é favorável do ponto de vista económico e será adotada.

Foi efetuada uma estimativa dos custos por comparação das 3 folhas de cálculo (Fetrow, 2001; Bennet, 2003 e Fourichon et al., 2003) em 8 explorações do norte de Portugal para o ano de 2005, onde se observaram perdas entre os 96 e 294€ por vaca e por ano.

1.8.4. Folha de cálculo da Segalab

A folha de cálculo da Segalab (Laboratório de Sanidade Animal e Segurança Alimentar, S.A., Portugal, Leça do Balio) surge com base nestes três modelos existentes. É uma folha relativamente fácil de preencher uma vez que os dados necessários para o seu preenchimento são fáceis de obter e objetivos.

D C A

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Trata-se de uma folha de cálculo que estima as perdas e custos económicos das mastites nas explorações com a vantagem de não ser necessário obter dados de muitas fontes distintas. Desta forma, o controlo do rigor da obtenção de dados é assegurada e as principais variáveis podem ser eficientemente quantificadas.

Na tabela 3, encontram-se descritos os diversos parâmetros (e a sua origem de quantificação) tidos em consideração nesta folha assim como os valores unitários médios (em euros) de alguns deles relativos aos anos de 2011 e 2012.

Tabela 3 - Variáveis da folha de cálculo da Segalab

Parâmetro Definição / origem dos dados

Valor em euros em 2011 e 2012

Total de animais em lactação

Registos da ABLN e EABL: média anual de todas as vacas em lactação.

Nº primíparas em lactação

Registos da ABLN e EABL: média anual de vacas com lactação igual a “1”.

Nº médio de vacas secas Registos da exploração, inquérito ao produtor

Vacas com mais de 2 lactações

Registos de ABLN e EABL: média anual de vacas com lactação “2” ou superior

Total da exploração Número de vacas em lactação e secas

Produção leiteira média por vaca /dia (valor em litros)

Registos constantes na ABLN e EABL

Produção por lactação (litros/ano) Valor médio da produção de 305 dias dos animais em lactação

Em 2011 e 2012 o valor médio atribuído foi de 0, 3362€/litro. Produção média diária da exploração

(valor litros)

Valor da produção média por vaca por dia a multiplicar pelo número de animais em lactação na exploração Média de CCS da exploração

Registos da empresa AGROS, LACTICOOP e PROLEITE: média de todos os registos de contagens celulares do tanque

CCS ideal 150 000 células/ml

Nº de casos de mastite / ano

Registos das monitorizações mensais do programa de qualidade do leite

% de vacas antes das 5 semanas

% de vacas com mastite antes das 5 semanas de lactação. Registos das monitorizações mensais do programa de qualidade do leite e contraste leiteiro

% de vacas depois das 5 semanas

% de vacas com mastite depois das 5 semanas de lactação. Registos das monitorizações mensais do programa de qualidade do leite e contraste leiteiro

Nº de animais refugados por mastites no último ano

Nº de animais que devido a sequelas de mastites e por decisão do produtor foram refugados. Valores obtidos das monitorizações

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mensais do programa de qualidade do leite

Nº de animais mortos por problemas de mastites

Nº de animais que devido a mastite

desenvolveram doença

generalizada acabando por morrer dessa causa. Valores obtidos das monitorizações mensais do programa de qualidade do leite

Custo médio por tratamento/ fármacos (€)

Custo médio dos tratamentos efetuados nas mastites durante o ano. Valores obtidos através de tabelas de preços de empresas vendedoras de medicamentos veterinários

Dias de tratamento/intervalo de segurança

Registos dos tratamentos através das monitorizações previstas pelo Programa de Qualidade do Leite da Segalab. O intervalo de segurança foi obtido de acordo com a bula dos medicamentos usados pelos produtores nos tratamentos

Valor da vaca de substituição Inquérito ao produtor. Registos da exploração

Em 2011 e 2012 o valor médio atribuído foi de 1500€/vaca.

Valor da vaca de refugo Inquérito ao produtor. Registos da exploração

Em 2011 e 2012 o valor médio atribuído foi de 425€/vaca.

Custo de mão-de-obra Inquérito ao produtor Em 2011 e 2012 o valor médio atribuído foi de 540€/mês Tempo gasto com caso clínico (min.) Inquérito ao produtor

Custo de mão-de-obra por tratamento

Custo de mão-de-obra por hora a multiplicar pelo tempo de tratamento de caso

Preço médio do leite

Observação dos recibos, inquérito ao produtor. Calculo feito tendo como base as CCS médias da exploração para o ano em análise

Em 2011 e 2012 o preço médio do leite foi de 0,3362€/litro.

Leite médio descartado durante a ordenha/dia (litros)

Quantidade de leite descartado por ser prejudicial para o tanque. Valores obtidos por inquérito ao produtor

Leite descartado utilizado para alimentação de vitelos/dia (litros)

Quantidade de leite descartado que é utilizado para alimentação de vitelos em vez da utilização do leite em pó. Valores obtidos por inquérito ao produtor.

Valor do leite descartado

Cálculo feito a partir do valor do leite em pó. Para compor um litro de leite de substituição gasta-se cerca de 110g de leite em pó.

Em 2011/2012 Um litro de leite em pó teve um valor médio e 1,4 €/Kg. Um litro de leite de substituição recomposto teve um valor monetário de cerca de 0,15 €

Podemos verificar, a partir desta tabela, que estão contemplados os principais custos e perdas relacionados com as mastites clinicas e subclínicas. No entanto, podemos referir como desvantagem deste método (1) não quantificar o risco de refugo; (2) não quantificar o risco de recidiva; (3) não quantificar o risco do animal perder produção para o resto da sua vida produtiva por perda de um quarto; (4) não quantificar os custos de prevenção da doença; (5) não quantificar a perda de condição corporal do animal doente (recuperação mais lenta).

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De realçar, ainda, um aspeto relevante que pode influenciar o custo total: a formação de preços unitários relacionados com mão-de-obra, veterinário, diagnóstico, medicamentos, Intervalo de Segurança (IS), dias de tratamento, valor do animal de refugo e do animal de substituição. Isto é importante em explorações de diferentes regiões de um país ou da Península Ibérica ou da União Europeia.

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2. OBJETIVOS DO TRABALHO

O principal objetivo do presente estudo foi determinar os custos económicos anuais devido a mastites clínicas e subclínicas em explorações de bovinos leiteiros da região norte de Portugal.

Por outro lado, tentou-se estimar a redução de custos totais a partir do valor de cada parcela, de forma a detetar pontos de atuação que tenham relevância e sejam de implantação objetiva nas explorações.

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3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Caracterização e selecção das explorações

A amostra em estudo foi obtida a partir de uma população de cerca de 60 explorações de bovinos leiteiros que faziam parte do Programa de Qualidade do Leite (PQL) da Segalab.

Foram selecionadas as explorações que se encontravam há pelo menos dois anos no PQL. Eram requisitos deste programa, as explorações possuirem, desde o início de 2011 e até ao final de 2012, contraste leiteiro, registos objetivos e rigorosos de diagnóstico e tratamento de mastites clínicas e respetivos tratamentos e, ainda, das mortes e refugos por motivo destas patologia.

Desta forma tornou-se possível abranger um leque de explorações com diferenças a vários níveis como, por exemplo, o efetivo, a produção leiteira, o número de casos de mastites, o número de refugos, entre outros.

De entre estas explorações, foram selecionadas 30 para avaliação do impacto económico associado à ocorrência de mastites nos seus efetivos. As explorações estavam localizadas nos distritos de Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro e Coimbra, sendo que as com maior representação se situavam na região do Entre Douro e Minho. Pretendeu-se que a amostra englobasse explorações com diferentes efetivos e diferentes características (tabela 4), para observar a eventual variação na magnitude dos efeitos provenientes de realidades distintas, isto é, partindo de uma realidade de produção regional globalmente homogénea mas suficiente heterogénea e representativa da região de acordo com a dimensão das explorações assim como das suas produções leiteiras anuais.

Considerou-se, pois, que estas explorações foram escolhidas segundo um processo de amostragem não probabilística e por conveniência.

A tabela 4 resume algumas das características necessárias para a avaliação do impacto económico resultante das mastites nas várias explorações.

A figura 3 mostra a distribuição do n.º das explorações por distrito, sendo que Viana do Castelo e Coimbra são os menos representados, apenas com uma exploração, seguindo-se Aveiro com três. Os distritos mais representados são Porto e Braga sendo que este último possui o maior n.º de explorações, correspondendo a maioria das explorações deste estudo (83,3% versus

(38)

20

16,7%; P<0,001). De ressalvar que esta distribuição não contempla qualquer proporcionalidade relativamente à população total de bovinos leiteiros.

Tabela 4 - Caracterização das explorações e seus principais parâmetros para a avaliação do impacto

económico das mastites

Exploração Efetivo * Produção

anual média por vaca (kg) Vacas primíparas Vacas multíparas Vacas Secas Total animais A 7 14 2 23 10263 B 28 35 6 69 8991 C 16 45 6 66 9681 D 21 54 8 83 8445 E 27 46 7 80 10272 F 65 116 18 198 9953 G 15 22 4 41 9412 H 26 40 7 73 10313 I 12 21 3 36 8286 J 51 84 14 149 9802 K 21 24 5 50 8016 L 56 80 14 149 10272 M 25 42 7 73 9104 N 16 35 5 56 8979 O 16 32 5 52 8479 P 25 30 6 61 9058 Q 27 38 6 71 10315 R 21 36 6 62 10520 S 9 10 2 21 10097 T 43 67 11 120 8230 U 14 27 4 45 10296 V 33 76 11 120 9670 W 24 21 4 49 9550 X 13 26 4 43 9450 Y 33 65 10 107 11298 Z 9 23 3 35 10529 AA 21 47 7 75 11385 AB 43 112 15 170 9356 AC 36 48 8 91 9799 AD 22 48 7 77 9300

(39)

21

Figura 3 – Distribuição do número das explorações por distrito

3.2. Delineamento do estudo

A metodologia utilizada seguiu quatro fases:

i. Numa primeira fase, procedeu-se à seleção das explorações de bovinos de leite a utilizar neste trabalho, de acordo com o PQL;

ii. Na segunda fase, procedeu-se à recolha dos dados para posterior análise. Foram tidos em consideração os dados recolhidos pelos veterinários assistentes das explorações e os dados de bases de dados classificadas das empresas AGROS (Vila do Conde), LACTICOOP (Aveiro), PROLEITE (Oliveira de Azeméis). Também foram recolhidos os dados de contraste leiteiro a partir da Associação para o Apoio à Bovinicultura Leiteira do Norte (ABLN, Póvoa de Varzim) e Estação de Apoio à Bovinicultura Leiteira (EABL, Aveiro);

iii. Na terceira fase, os dados foram introduzidos no computador, ou seja, procedeu-se à informatização dos mesmos;

iv. Na quarta fase, procedeu-se à análise dos custos, para cada exploração, recorrendo à folha de cálculo de perdas e custos por mastites elaborada pela Segalab, no âmbito do seu PQL.

A percentagem anual de mastites foi calculada através da razão entre o n.º total de mastites clinicas e subclínicas e n.º total de animais existente em cada exploração para os anos de 2011 e 2012. O efetivo de cada exploração correspondeu à soma dos animais em lactação (primíparas e multíparas) ou em período de secagem presentes na exploração.

Aveiro Braga Coimbra Porto Viana do Castelo 3 16 1 9 1

(40)

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3.3. Cálculo das perdas e custos por mastites

A folha de cálculo de perdas e custos por mastites elaborada pela Segalab, baseou-se nas folhas de cálculo elaboradas por Bennett (Bennet, 2003), Fetrow (Fetrow, 2001) e Fourichon (Fourichon et al., 2003).

As perdas totais com mastites (PTM) por exploração/ano obtiveram-se a partir do somatório dos custos e perdas com casos de mastites (CPCM), perdas com desvalorização relativas à CCS (PDCCS), perdas com leite não produzido (PLNP), perdas com refugos e mortes (PRM), total de perdas com leite descartado (TPLD) e perdas de lactação devido aos casos de mastite (PLM), cuja fórmula geral foi:

PTM (exploração/ano) = CPCM + PDCCS + PLNP + PRM + TPLD + PLM

A este somatório foram, ainda, adicionados uma média de 2% do seu valor, resultado dos custos de diagnóstico e assistência técnica às explorações.

As perdas anuais por vaca (PAV) corresponderam às perdas totais anuais com mastite / total de animais em produção da exploração nesse mesmo ano (vacas em lactação + vacas secas).

A formação dos valores anuais para cada variável parcelar encontra-se descrita de seguida:

A) Custos e perdas com casos de mastites

O CPCM correspondeu ao somatório do custo com fármacos (custo médio dos tratamentos x número de casos de mastite) + perdas de leite durante tratamento e IS (produção média litros/dia x n.º de dias de tratamento + IS) + custos com mão-de-obra (custo de mão-de-obra por tratamento x n.º de casos de mastites x n.º médio de dias de tratamento x 2 ordenhas/dia).

B) Perdas com desvalorização relativas à CCS do leite

As PDCCS corresponderam à diferença entre o valor anual ganho com CCS ideais (Produção média diária da exploração em litros x preço do leite ideal x 365) e o valor anual

ganho com CCS atuais (Produção média diária da exploração x preço do leite atual x 365). C) Perdas com leite não produzido

(41)

23

As PLNP foram calculadas através do Leite não produzido por ano em litros x Preço do

leite ideal. Para o cálculo da estimativa do leite não produzido utilizaram-se as estimativas

descritas na tabela 5.

Tabela 5 -Perdas de leite estimadas a partir da CCS de acordo com a paridade das vacas.Adaptado de Radostits 2007, p. 687 LS Intervalo CCS Média CCS (x 1000) Perda leite/dia, primíparas lbs (relativo ao LS 2) Perda primíparas litros/vaca/dia (relativo a LS 2) Perda leite/dia, multíparas lbs (relativo LS 2) Perda multíparas litros/vaca/dia (relativo a LS 2) 0 0 – 18 12,5 1 19 – 35 25 2 36 – 71 50 3 72 – 141 100 0,75 0,33 1,5 0,66 4 142 – 283 200 1,5 0,66 3 1,32 5 284 – 565 400 2,25 0,99 4,5 1,98 6 566 – 1130 800 3 1,32 6 2,64 7 1131 – 2262 1600 3,75 1,65 7,5 3,30 8 2263 – 4523 3200 4,5 1,98 9 3,96 9 >4523 6400 5,25 2,31 10,5 4,62

As perdas de leite são relativas ao Linear Score (LS) 2 da tabela.

D) Perdas com refugos e mortes

As PRM foram o resultado dos custos com refugos (valor da vaca na exploração x n.º de animais refugados por mastite) + custos com mortes [(valor da vaca na exploração + valor de venda da vaca de refugo) x número de animais mortos por problemas de mastite].

E) Total de perdas com leite descartado

O TPLD obteve-se através da diferença entre as perdas com leite descartado (perda média com leite descartado) – ganho com leite utilizado na alimentação de vitelos (valor do leite descartado para alimentar vitelos).

F) Perdas de lactação devido aos casos de mastite

As PLM tiveram em consideração o total de leite perdido em litros (perdas das vacas com mastite antes das 5 semanas em litros + Perdas das vacas com mastite após as 5 semanas em litros) x preço do leite atual.

(42)

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Para o cálculo das perdas totais devido às mastites foram necessárias várias informações acerca das explorações (n.º de animais, produção de 305dias, média de CCS, n.º de casos de mastite por ano, n.º de animais refugados e mortos por mastite, custo médio dos tratamentos, dias de tratamento e dias de IS, valor da vaca de substituição e da vaca de refugo, custo de mão de obra por mês, leite médio rejeitado por ordenha e leite rejeitado utilizado para a alimentação de vitelos) para o preenchimento da folha de cálculo da Segalab. As informações de cada exploração encontram-se nas tabelas 6 e 7.

Tabela 6 –CCS (Contagem de Células Somáticas) dos anos de 2011 e 2012 e do preço do leite

Exploração CCS 2011 (x1000) Preço leite ideal 2011 Preço leite atual 2011 CCS 2012 (x1000) Preço leite ideal 2012 Preço leite atual 2012 A 389 0,3137 € 0,3017 € 431 0,3137 € 0,2827 € B 288 0,3287 € 0,3257 € 414 0,3287 € 0,2827 € C 258 0,3287 € 0,3257 € 230 0,3287 € 0,3257 € D 241 0,3287 € 0,3257 € 233 0,3287 € 0,3257 € E 173 0,3287 € 0,3257 € 162 0,3312 € 0,3282 € F 238 0,3362 € 0,3332 € 250 0,3362 € 0,3332 € G 246 0,3187 € 0,3157 € 271 0,3187 € 0,3157 € H 270 0,3287 € 0,3257 € 253 0,3287 € 0,3257 € I 306 0,3137 € 0,3017 € 310 0,3137 € 0,3017 € J 268 0,3362 € 0,3332 € 250 0,3362 € 0,3332 € K 374 0,3237 € 0,3117 € 368 0,3187 € 0,3067 € L 254 0,3362 € 0,3332 € 274 0,3362 € 0,3332 € M 333 0,3287 € 0,3167 € 318 0,3287 € 0,3167 € N 406 0,3237 € 0,2827 € 337 0,3237 € 0,3117 € O 216 0,3237 € 0,3207 € 256 0,3237 € 0,3207 € P 242 0,3237 € 0,3207 € 213 0,3237 € 0,3207 € Q 288 0,3287 € 0,3257 € 250 0,3287 € 0,3257 € R 339 0,3287 € 0,3167 € 346 0,3287 € 0,3167 € S 223 0,3137 € 0,3107 € 278 0,3137 € 0,3107 € T 342 0,3312 € 0,3192 € 327 0,3337 € 0,3217 € U 295 0,3237 € 0,3207 € 267 0,3237 € 0,3207 € V 264 0,3337 € 0,3307 € 241 0,3337 € 0,3307 € W 218 0,3237 € 0,3207 € 216 0,3237 € 0,3207 € X 239 0,3237 € 0,3207 € 310 0,3187 € 0,3067 € Y 286 0,3337 € 0,3307 € 306 0,3337 € 0,3217 € Z 204 0,3187 € 0,3157 € 140 0,3187 € 0,3187 € AA 199 0,3312 € 0,3282 € 183 0,3312 € 0,3282 € AB 328 0,3362 € 0,3242 € 356 0,3362 € 0,3242 € AC 354 0,3312 € 0,3192 € 293 0,3312 € 0,3282 € AD 283 0,3287 € 0,3257 € 361 0,3287 € 0,3167 €

A tabela 6 para cima mostra a relação de CCS e o preço do leite que foi pago aos produtores no ano de 2011 e 2012. O preço ideal do leite é pago com base nas produções médias de cada

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25

exploração e a sua CCS. O preço atual foi o preço efetivamente pago ao produtor devido a penalizações pela CCS obtidas nos anos de 2011 e 2012 e pelas produções obtidas nesses anos.

Na tabela 7 podemos observar o preço médio de tratamento por cada caso de mamite, assim como os dias de IS do leite em cada exploração em estudo para os anos de 2011 e 2012.

Tabela 7 -Parâmetros de perdas e custos de cada exploração.

Exploração Casos de mastite Preço médio de tratamento Dias tratamento Dias de IS Refugos por mastite Mortes por mastite 2011 2012 2011 2012 2011 2012 2011 2012 2011 2012 2011 2012 A 7 5 29,07 40,42 3 4 3 3 1 1 B 70 137 35,12 45,75 3 4 3 4 4 11 C 65 81 28,11 32,92 3 3 3 3 1 1 D 27 25 19,29 31,32 3 3 3 3 4 8 1 E 19 84 30,87 29,51 4 4 5 4 F 13 20 27,69 17,89 3 3 3 3 1 2 G 96 97 37,74 36,23 3 3 4 3 1 1 H 61 69 18,51 21,12 3 4 3 3 1 2 2 I 13 12 35,29 44,84 3 4 4 4 4 4 1 J 29 22 73,04 66,03 5 5 3 3 1 K 7 19 21,51 26,04 3 3 5 3 L 82 148 19,47 19,91 3 3 2 2 6 2 M 43 33 23,16 22,11 3 3 3 3 3 6 N 66 45 25,36 20,74 2 2 3 4 7 6 O 25 24 49,68 48,06 3 4 4 3 3 P 21 39 19,92 35,72 4 4 4 3 3 3 Q 49 45 21,25 21,16 3 3 4 4 2 3 R 60 31 34,42 50,75 3 3 3 4 8 2 1 S 20 14 26,30 23,48 3 3 3 3 2 1 T 83 87 27,36 29,08 3 3 4 3 16 6 U 10 17 39,40 34,14 3 3 4 4 2 2 V 75 64 28,80 27,21 3 3 4 4 8 12 1 W 2 5 8,42 35,17 2 2 2 2 5 1 X 2 5 65,96 28,94 3 4 4 4 2 1 Y 126 106 26,31 30,15 4 4 3 3 1 3 Z 5 6 70,55 40,51 6 5 4 4 3 6 1 AA 65 66 34,75 27,48 4 4 3 3 6 2 AB 57 35 46,77 45,05 5 5 3 3 AC 26 35 33,32 44,13 3 4 4 5 11 6 AD 58 84 27,24 20,43 3 3 3 3 4 8 1

De destacar, ainda, que parte dos valores unitários considerados para o cálculo das perdas e custos por mamites se encontram descritos na tabela 3 (vide página 14).

(44)

26

3.4. Análise estatística

Foi usada estatística descritiva para a apresentação das perdas totais e parcelares por ano e por exploração. Na comparação de médias (± desvio padrão), foi usada a ANOVA e o teste de Tukey. Foram ainda utilizadas regressões polinomiais de grau 2 e 3 para o cálculo das estimativas das perdas anuais totais nas explorações a partir dos valores parcelares. Foi usado o software JMP® 7 (SAS, 2007).

(45)

27

4. RESULTADOS

4.1. Relação entre o n.º de casos de mastite e o n.º de vacas totais

Foi observada uma média de 45,7 ± 35,8 casos de mastite (n=60) por exploração, sem diferenças significativas (P>0,05) entres os anos de 2011 e 2012,.

Foi observada uma percentagem anual média de mastites (clínicas e subclínicas) de 62,4 ± 49,6% (n=60), sem diferenças significativas (P>0,05) entres os anos de 2011 e 2012.

A percentagem média de mastites (clínicas e subclínicas) nas explorações variou entre os 4% (2/43) e 240% (96/40), conforme na figura 4.

Figura 4- Percentagem anual do n.º de casos de mastites considerando o efetivo médio de cada

exploração

O Coeficiente de Regressão entre o n.º de vacas totais e nº de casos foi de r2= 0,33 (P<0,001); (Figura 5) 0 50 100 150 200 250 A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z AA AB AC AD 2011 2012 Explorações P e rc e n ta g e m d o s c a s o s d e m a s tit e t o ta is

(46)

28 Foi determinada uma equação

de regressão expressa por:

Nº de casos = 10,474306 + 0,6328154*Vacas totais - 0,0077083*(Vacas totais-78,1333)^2

A correlação entre o n.º de vacas totais e a percentagem anual de casos de mastites em cada exploração, não foi significativa (P>0,05).

4.2. Perdas económicas anuais por vaca

Foi observado que a média de PAV foi de 314,1±170,0 € (n=60), sem se observarem diferenças significativas entre os anos de 2011 (298,1±145,8 €, n=30) e 2012 (330,7 ± 175,8 €; n=30; P>0,05). A amplitude deste tipo de perdas variou de 96 € a 998 € entre explorações, conforme se pode observar na figura 6.

Legenda: De destacar os casos extremos. 1) o caso da exploração B que no ano de 2012 teve perdas na ordem de 1000 euros

por vaca. Nesse ano, ocorreram dificuldades de adaptação das vacas a um sistema voluntário de ordenha (ordenha mecânica automatizada). Com um efetivo de 74 animais, observou-se um CCS média de 414 000 no leite de mistura, 137 casos de mastite, 11 casos refugos, um custo médio de tratamento de 45,75€ com 4 dias de tratamento e 4 dias de IS e, uma rejeição, em média, de 80 litros de leite, durante a ordenha/dia; 2) o caso da exploração W que no ano de 2012 teve perdas na ordem dos 100 euros por vaca. Nesse ano, a exploração com 51 animais, com uma CCS média de 216 000 no leite de mistura, 5 casos de mastite, 1 refugo, um custo médio de tratamento de 35,17€ com 2 dias de tratamento e 2 dias de IS e sem rejeição de leite durante a ordenha/dia.

Figura 6- Perdas anuais médias por vaca (PAV) em cada exploração de bovinos leiteiros. 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000 A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V W X Y Z AA AB AC AD 2011 2012 Explorações PA V (€ )

Figura 5 – Regressão entre o n.º de

casos de mastite e o n.º de vacas totais, em cada exploração. 0 25 50 75 100 125 150 N.º d e c a s o s 0 50 100 150 200 N.º de Vacas totais (Intervalo de confiança: 95%)

(47)

29 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000

As explorações com perdas até 220,3€, 274,5€ e 371,5€ encontram-se nos percentis 25, 50 (mediana) e 75, respetivamente (Fig. 7).

Foi observada uma correlação de r=0,60 (r2=0,37; P<0,01) entre o PAV dos anos 2011 e o dos anos 2012 de cada exploração (Figura 8).

00 10025 20050 30075 400100 500125 600150 700 800 900 1000 PAV de 2 0 1 2 (e uro s ) 100 200 300 400 500 600 700 800 PAV de 2011 (euros) (Intervalo de confiança: 95%) (Intervalo de confiança: 95%) € €

PAV(2012) (€) = 90,7 + 0,9 * PAV(2011) - 0,0015 * (PAV(2011) -298,1) 2

PAV=Perdas Anuais por Vaca

Figura 8 - Regressão das perdas totais por vaca em cada exploração

entre os anos 2011 e 2012. Va lo r da s PAV ( e uros

) Figura 7 - Apresentação dos custos

económicos totais por perdas anuais por vaca (PAV) em cada exploração, considerando os anos de 2011 e 2012, de acordo com os percentis.

P

AV (e

uros

Imagem

Figura 1 - Doenças dos animais no sistema de produção pecuário. Fonte: McInerney (1996)
Figura 2 - Perdas diretas e indiretas devido a doenças animais: um exemplo (Otte e Chilonda, 2000)
Tabela 1 - Síntese das estimativas de perdas económicas devido a mastites (€, em média, por vaca e por  ano)
Tabela 2 - Método de cálculo do orçamento parcial, adaptado de Fourichon et al. (2003)
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Referências

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