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CERS | REVISTA CIENTÍFICA DISRUPTIVA | VOLUME II | NÚMERO 1 | JAN-JUN / 2020

da guiana versus venezuela e as

tratativas pela paz

Charlise Colet Gimenez1

Florisbal de Souza Del´Olmo2

Mário Miguel da Rosa Muraro3 Resumo

O estabelecimento do Estado nacional teve sua gênese em atos de ocupação, mediante o ato de subjugar outros povos mediante o emprego e o poder das armas. Muitas distinções culturais geram litígios permanentes decorrentes destes atos de violência. Decorrente do estabelecimento de um espaço territorial próprio, o reconhecimento da soberania clássica e o exercício da mesma igualmente adquire características diferenciadas nestes territórios em litígio, eis que estabelecem situação frágil sobre a organização social local. O presente estudo busca identificar a origem histórica relativa à constituição territorial dos Estados da

1Doutora em Direito pela Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC.

Professora do Programa de Pós-Graduação stricto sensu em Direito – Mestrado e Doutorado, e do Curso de Graduação em Direito, ambos da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI, campus Santo Ângelo/RS. Coordenadora do Curso de Graduação em Direito da URI, campus Santo Ângelo/RS. Advogada. E-mail: charliseg@santoangelo.uri.br.

2Pós-Doutor (UFSC) e Doutor em Direito (UFRGS), Mestre (UFSC)

e Especialista em Direito. Especialista em Educação. Professor colaborador do Instituto Universitário Curitiba (UniCuritiba) - Mestrado e Doutorado em Direito. Líder do Grupo de Pesquisa registrado no CNPq Tutela dos Direitos e

sua Efetividade, criado em 2002. Coordenador do Projeto de Pesquisa Direito Transnacional nas Relações Jurídicas Atuais com Ênfase no Direito Digital/Informacional. Associado honorário do CONPEDI.

E-mail: florisbaldelolmo@gmail.com.

3Doutorando em Direito no PPGD da Universidade Regional Integrada do

Alto Uruguai e Missões (URI), Santo Ângelo. Mestre em Direito pela Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC). Especialista em Direito Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Professor do Curso de Direito da Universidade de Caxias do Sul, Campus Universitário de Vacaria, RS. Membro do Grupo de Pesquisa CNPq Tutela dos Direitos e sua Efetividade e participante do Projeto de Pesquisa Direito Internacional e o resgate da

dignidade e da cidadania. E-mail: mario@muraro.adv.br.

RECEBIDO EM: 10/06 ACEITO EM: 15/06 V O LU ME II | N ÚM E R O 1 | J A N -J U N

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República Bolivariana da Venezuela e da República Cooperativa da Guiana, o estabelecimento da fronteira entre os dois países e os conflitos decorrentes da disputa relativa à região do Essequibo. Desse modo, a partir do método hipotético-dedutivo por pesquisa bibliográfica, busca-se analisar as formas de manifestação do poder do Estado, os aspectos constituintes do território dos países objeto, bem como as diversas tratativas de paz para equação do conflito, ainda pendente de solução.

Palavras-chave: Essequibo. Guiana. Venezuela. Fronteira. Conflito. Paz.

The national sovereignty and the delimitation of territories: the

guiana case conflict and the peace resolutions

Abstract: The establishment of the national state had its genesis in acts of occupation, through of subjugating other peoples upon power of arms. Many cultural distinctions generate permanent litigation arising from these acts of violence. As a result of the establishment of territorial space, the recognition of classic sovereignty and the exercise of it also acquires different characteristics, which establish a fragile situation on the local social organization. The present study seeks to identify the historical origin related to the constitution of the states of the Bolivarian Republic of Venezuela and the Cooperative Republic of Guyana, the establishment of the boundary between the two countries and the conflicts arising from the dispute over the Essequibo region. Through the use of a hypothetical-deductive method for bibliographical research, the aim is to analyze the forms of manifestation of state power, the constituent aspects of the territory of the countries in question, as well as the various peace discussions to equate the conflict, still pending resolution.

Keywords: Essequibo. Guiana. Venezuela. Boundary. Conflict. Peace.

Soberanía nacional y la delimitacion de territorios: el conflicto de

guyana contra venezuela y las conversaciones de paz

Resúmen: El establecimiento del Estado nacional tuvo su génesis en actos de ocupación, a través del acto de subyugar a otros pueblos a través del empleo y el poder de las armas. Muchas distinciones culturales generan disputas en curso derivadas de estos actos de violencia. Derivado del establecimiento de un área territorial propia, el reconocimiento y el ejercicio de la soberanía clásica también adquiere características diferentes en estos territorios en disputa, esto es lo que establecen una situación frágil sobre la organización social local. Este estudio busca identificar el origen histórico relacionado con la constitución territorial de los Estados de la República Bolivariana de Venezuela y la República Cooperativa de Guyana, el establecimiento de la frontera entre los dos países y los conflictos derivados de la controversia relativa a la región de Essequibo. Así, sobre la base del método hipotético-deductivo de la investigación bibliográfica, buscamos analizar

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las formas de manifestación del poder del Estado, los aspectos constitutivos del territorio de los países se oponen, así como las diversas negociaciones de paz para la ecuación del conflicto, todavía pendiente de una solución.

Palabras clave: Essequibo. Guyana. Venezuela. Frontera. Conflicto. Paz.

SUMÁRIO: 1 INTRODUÇÃO; 2 A SOBERANIA E OS TERRITÓRIOS NACIONAIS. 2.1 Aspectos conceituais e históricos sobre a soberania nacional; 1.2 A formação do território nacional 3 ESSEQUIBO: A FRONTEIRA GUIANA-VENEZUELA E O CONFLITO PRESENTE; 3.1 A região do Essequibo e o estabelecimento da fronteira. 3.2 O Conflito dos marcos e seus aspectos históricos: as tratativas pela paz; 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS; REFERÊNCIAS.

1 INTRODUÇÃO

O presente artigo busca examinar o conflito existente entre a República Bolivariana da Venezuela e a República Cooperativa da Guiana, relativamente à região do Essequibo. Tal situação reveste-se de peculiaridades eis que decorrentes do século XIX, quando dos atos emancipatórios das antigas colônias espanholas na América do Sul. Os dois países possuem área de fronteira, por terra e por mar, e mantêm um conflito territorial cuja origem é herança do período de colonização da América Latina.

O conflito começou quando a Grã-Bretanha efetuou a ocupação da região do Essequibo, conhecida também como Guiana Essequiba, situada à margem esquerda do rio Essequibo, área em que a Venezuela, por adoção do princípio do uti possidetis iure, entendia como parte de seu território.

A partir da abordagem hipotético-dedutiva, mediante estudo bibliográfico e o enfrentamento crítico de manifestações ideológicas governamentais, buscou-se a identificação da origem do conflito objeto, fazendo-se ressalva quanto à fidedignidade das fontes. Isso porque a ampla maioria das informações existentes na rede mundial de computadores estão vinculadas direta ou indiretamente ao governo venezuelano. Tratou-se, pois, na identificação de fontes paritárias e o descarte de documentos claramente panfletários e propagadores de ideologias estatizantes, evitando que o leitor construa seu conhecimento com visão distorcida da realidade fática.

Optou-se também por um compromisso de fidelidade em manter as citações na língua original que foram pesquisadas, possibilitando que o leitor efetive sua própria interpretação ou se socorra das traduções, sob responsabilidade dos autores, disponibilizadas no texto.

Em um primeiro momento realiza-se a análise conceitual sobre Soberania e Território Nacional, tecendo considerações sobre as manifestações históricas e se atendo, em especial, na consideração das peculiaridades das imputações de um dos países em conflito, baseando suas arguições territoriais especialmente em decorrência de um direito demarcado em época colonialista, no século XIX.

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Sobre Soberania buscou-se apresentar as características de tal exercício pelo Estado nacional, em especial a diferenciação necessária entre o exercício soberano interno e o frente aos demais Estados, questões relativas à suportabilidade relacional e como esses marcos conceituais são significativos no reconhecimento dos países. Em relação ao Território, por meio da identificação de sua forma de constituição social e delimitação, objetivou-se tecer informações sobre a relevância do mesmo para o exercício da soberania clássica pelos Estados.

Em um segundo momento, abordando diretamente o objeto, efetuou-se a identificação territorial dos marcos em conflito, os aspectos históricos envolvidos, bem como as tentativas de solução ao longo das décadas, desde o Laudo Arbitral em 1899 até o Protocolo de Puerto España em 1970.

Em Considerações finais serão tecidos breves comentários sobre o que se considera como pertinente à solução da controvérsia na perspectiva da paz, tendo por referência a variação do princípio colonialista para um princípio de uti possidetis de facto, considerando todas as nuanças envolvidas em relação à ocupação, desenvolvimento sociocultural, político e de ocupação pelos povos.

2 A SOBERANIA E OS TERRITÓRIOS NACIONAIS

O estudo da soberania, externa ou interna, sempre será matéria relevante, considerando a formação dos conceitos e a fixação dos direitos dentro dos espaços territoriais nacionais e, ainda, a observância da mesma pelos demais países, na relação entre Estados como foi originalmente concebida.4

O presente item buscará a análise de conceitos e aplicação da soberania nacional, bem como a fixação territorial do Estado, sua identificação e forma de criação das fronteiras nacionais. Como procedimento, a soberania será abordada conceitualmente em referência a sua origem de caráter jusnaturalista, levando em consideração a peculiar formação política ideológica dos países envolvidos na disputa territorial objeto.

2.1 Aspectos conceituais e históricos sobre a soberania nacional

Para o exame conceitual de soberania, passa-se a considerar dois aspectos inerentes ao âmbito de atuação: o campo interno, relacionado ao espaço territorial de domínio, seja território nacional sejam as representações do Estado no estrangeiro e, de outro lado, o âmbito externo, consubstanciado pela relação do Estado com os demais Estados-nação.

4 Sobre os aspectos históricos clássicos, recomenda-se interessantes leituras em: VITORIA, Francisco de.

Relecciones Teológicas. Madrid: Librería Religiosa Hernandez, 1917; VITORIA, Francisco de. Relecciones sobre os índios e sobre o poder civil; José Carlos Brandi Aleixo, organização e

apresentação. Brasília: Editora Universidade de Brasília, em coedição com Fundação Alexandre de Gusmão (FUNAG), 2016; TORNOS, Alonso Retortillo y. Compendio de Historial del Derecho Internacional.

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A construção e reconhecimento da soberania do Estado-nação não se constitui de forma imediata: trata-se de uma construção histórica, acompanhada da evolução do conceito de sociedade e da constituição do Estado moderno. Na exposição de Olea:

[...] por constituir un todo unitario la realidad del estado y por predicarse de esa realidad que es soberana, nos es posible aprehender la naturaleza o contenido de la soberanía sino em íntima relación con lo que sea la naturaleza o legalidad propia del Estado. (OLEA, 1969, p. 11)5

Em relação ao primeiro aspecto, soberania interna, as manifestações de Bodin sobre a extensão aplicativa do conceito, expressam ser soberania como o poder absoluto e perpétuo de uma república, o maior poder de comando. Manifestando-se sobre a extensão do “poder” e sua origem republicana,6 em comparação com regime absolutista, especifica que:

[...] la puissance absolue sera décernée à l'un des citoyens, comme j'ai dit, et sans être tenu de rendre compte au peuple; comme les Cnidiens tous les ans élisaient soixante bourgeois, qu'on appelait Amymones, c'est-à-dire sans reproche, avec puissance souveraine, sans qu'on les pût appeler, ni pendant leur charge, ni après passée.7 (BODIN, 1583, p. 74-76)

Em manifestação anterior a Bodin, sobre conceito atribuído, sendo considerado como um dos precursores do Direito internacional, Vitória8 se manifesta sobre a necessidade de um Poder soberano a fim de garantir a paz social e os fins do Estado, dizendo “es el mismo el fin y la misma la necesidad de los poderes públicos, pues si para la incolumidad de los mortales son necesarios consejos y agrupaciones de hombres, no

habría sociedad estable sin alguna fuerza, sin potestad gobernante”9 (VITÓRIA, 1527, p. 7).

Na esteira de Vitória e Bodin, Hobbes, expressa “[...] o poder de prescrever as Regras através das quais todo homem pode saber quais os bens que lhe trazem prazer, e

5 Tradução: Ao constituir um todo unitário a realidade do Estado e ao pregar sobre essa realidade que é

soberana, podemos apreender a natureza ou conteúdo da soberania, mas em íntima relação com qualquer natureza ou legalidade própria do Estado.

6 Ao se manifestar sobre o fundamento da República, no mesmo capítulo, a obra referencial, Bodin (1583,

p. 74) expressa conceitualmente ser um governo de famílias, onde as mesmas distribuem o exercício da gestão de Estado, atribuindo o poder soberano a alguém durante período de tempo delimitado e esse poder não é constituído intuito personae e, consequentemente, não acompanha o indivíduo ou a família após deixar de representar a República.

7 Tradução: Poder absoluto será dado a um dos cidadãos, como eu disse, e sem prestar contas ao povo;

como os Cnidians cada ano elegeram sessenta burgueses, que se chamaram Amymones, isto é, sem reprovação, com poder soberano, sem poder chamá-los, nem durante o seu cargo, nem depois dele.

8 Há que considerar a orientação jusnaturalista e extremamente religiosa de Vitória, eis que membro de

ordem religiosa e adepto do sistema monárquico, expressando inclusive “La monarquía o potestad regia,

no sólo es ¡Lista y legítima, sino que los reyes tienen su poder del derecho divino y natural, y no de la república, o mejor, de los hombres”.

9 Tradução: É o mesmo o fim e o mesmo a necessidade dos poderes públicos, porque se para a segurança

dos mortais são conselhos necessários e agrupamentos de homens, não haveria sociedade estável sem alguma força, sem poder dominante.

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quais as ações que pode praticar, sem ser molestado por nenhum de seus concidadãos pertence à Soberania” (HOBBES, 2000, p. 130). Com sentido similar, a manifestação de Bastos, “[...] a consagração, na ordem interna, da subordinação com o Estado no ápice da pirâmide...” (BASTOS, 1998, p. 18).

A soberania, como o direito da autorregulação e prevalência das normas internas no território reconhecido, sob a forma hierarquizada e referencial ao Estado como ente supremo na edição normativa,10 ou seja, a soberania interna dá ao Estado o poder de definir sua forma jurídica e valores que lhe são pertinentes, a legitimidade do Poder do Estado através de uma outorga mediante procedimento constituinte (DEL’OLMO, 2007, p. 78-91).Rodrigo Octavio via a soberania como o “direito que tem um povo de regular as suas condições de existência (OCTAVIO, 1935, p. 38).

Nesse mesmo sentido, a colocação de Husek estabelecendo “a plenitude do Poder público, ao exercício do mando”, através da supremacia interna e a independência de origem externa (HUSEK, 2007, p. 139). Mattos, ao identificar Soberania, escreve que ela “é a supremacia da ordem jurídica, do Direito-Norma (Kelsen), do Direito-Conduta (Cássio) e do Direito Fato-Mutável (Bobbio) (MATTOS, 2003, p. 3).

Decorrente do exercício de Poder por um soberano, mantendo sua concepção original, reflete a mesma, na compreensão de Bastos, uma série de características indissociáveis, tais como a indivisibilidade, unicidade, imprescritibilidade, eternidade, ou seja, o Poder originário e impositivo por si, reconhecido pelos demais Estados-nação, expressando “[...] a supremacia do poder dentro da ordem interna” (BASTOS, 1998, p. 18).

De igual forma, Streck e Morais identificam as características atinentes ao exercício da soberania, vendo-a como “expressão do poder político no interesse das conquistas territoriais...Em termos políticos, refere a plena eficácia do poder, não se preocupando com a questão da legitimidade, devendo ser absoluto”. E na sequência, em relação à normatização jurídica, afirmam “[...] Em termos jurídicos se identifica com o poder de decidir sobre a eficácia do Direito, dizer qual a regra aplicável ao caso” (STRECK; MORAIS, 2000, p. 144).

A soberania no âmbito interno reveste-se, então, em sentido clássico que deve ser questionado, no exercício absoluto do Poder de Estado sobre a ordem jurídica e social, constituída por uma vontade real, “capaz de dirigir las acciones de los miembros

de la colectividad” (OLEA, 1969, p. 24).11

Em outro aspecto, no âmbito da soberania externa, não se pode atribuir à mesma idênticos caracteres e abrangência do meio interno, território nacional.

A Carta das Nações Unidas, em seu primeiro artigo, estabelece que “A Organização é baseada no princípio da igualdade soberana de todos os seus membros”

10 Observe-se que estamos referenciando conceitos clássicos e as alterações conceituais da Soberania

nacional, a nosso ver, não mais correspondem a um modelo clássico jusnaturalista eis que, o próprio Estado não pode mais ser considerado em sua forma clássica.

11 Tradução: Capaz de dirigir as condutas dos membros da comunidade. Como já referenciamos alhures,

empregamos conceitos tradicionais, clássicos, em decorrência das características político sociais dos países envolvidos no objeto de estudo.

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(ONU, 1945, p. 5), o que denota o princípio do ‘reconhecimento’ e do ‘respeito’ à autodeterminação dos Estados frente a ordem internacional.12

Lawrence, em estudo concernente ao Poder do Estado, referenciando a independência estatal, entende que “el derecho de un estado para manejar todos sus negocios, tanto externos como internos, sin intervención de otros estados, en cuanto se refiera a los derechos correspondientes poseídos por cada miembro soberano de la familia

de las naciones” (LAWRENCE, 1902, p. 33).13

Husek, expressando-se sobre a intensidade da soberania, especificando tal situação no âmbito interno, manifesta que “[...] na ordem internacional tal não ocorre com a mesma intensidade, porque o estado, nesta, está em igualdade com os demais, embora essa igualdade seja apenas jurídica” (HUSEK, 2007, p. 140). Em aspecto similar, Streck e Morais asseveram que:

[...] sob a perspectiva externa, ela se baseia no poder de fato do Estado, mas juridicamente considera irrelevante esta força, baseando-se na igualdade jurídica entre os Estados que pressupõem o respeito recíproco como regra de convivência pacífica das diversas unidades estatais” (STRECK; MORAIS, 2000, p. 145).

Mazzuoli estabelece a distinção em relação ao Direito internacional como o que denomina de uma ‘relação de suportabilidade’ entre os Estados independentes, buscando a coexistência das comunidades constituídas em forma de Estado e as condições para o enfrentamento de situações comuns aos mesmos se, nessa relação de suportabilidade, a cessão de ‘direitos soberanos’ passe a ser necessária para a consecução das atividades fins do Estado moderno (MAZZUOLI, 2016, p. 65-73).

Em sentido similar, Rezek se expressa sobre a ordem internacional como constituída sob a forma de coordenação de ações entre os Estados, inexistindo a possibilidade de jurisdição sobre o Estado nacional, salvo em situações em que o mesmo aquiesce mediante constituição de tratados. Refere ainda, que embora a previsibilidade sancionatória de tratados, são as mesmas de difícil execução perante alguns Estados, especialmente os constituintes permanentes do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) (REZEK, 2002, p. 2-3).

Soberania configura-se, pois, na capacidade de o país, internamente, determinar a gênese e execução da ordem jurídica constitucional, estabelecendo parâmetros de atuação e legislando em conformidade com o anseio popular. População essa que, ao tempo que constitui seus representantes, sendo responsável pelo controle da atuação legal dos mesmos, é controlada por esses representantes através das disposições normativas, um paradoxo interessante para o exame da sociedade e do Estado. Um poder que é constituído e que constitui o próprio exercício do Poder.

12 Sobre a evolução do conceito de soberania externa, recomendamos a leitura de FERRAJOLI, Luigi. A

soberania no mundo moderno: nascimento e crise do Estado nacional. Tradução COCCIOLI, Carlo; LAURIA FILHO, Márcio. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

13 Tradução: O direito de um estado administrar todos os seus negócios, tanto externos como internos, sem a intervenção de outros estados, na medida em que se refira aos direitos correspondentes detidos por cada membro soberano da família das nações.

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2.2 A formação do território nacional

A criação e reconhecimento do Estado necessariamente especifica o espaço de jurisdição soberana, o território onde é reconhecido pelos demais através do exercício da soberania interna e da suportabilidade no âmbito das relações internacionais. Esse território é formado pelas áreas terrestres, águas internas e o reconhecimento internacional sobre o espaço marítimo, além dos exercícios decorrentes da Convenção de Viena14 sobre representações diplomáticas.

A relevância do Estado nacional reveste-se de peculiaridades atinentes ao exercício e capacidade do Estado em face do espaço físico que ocupa como domínio, tendo por referências questões culturais e hereditárias, consubstanciado em marco de referência para o exercício da cidadania interna.15 Nesse aspecto, relevante a consideração conceitual de Haesbaert, que expressa sobre a dominação do espaço geográfico como caracterização do território, “[...] etimologicamente aparece tão próximo de terra-territorium quanto de terreoterritor (terror, aterrorizar), ou seja, tem a ver com dominação (jurídico-política) da terra e com a inspiração do terror, do medo” (HAESBAERT, 2007, p. 20).

A concepção histórica do território abrange circunstâncias relativas ao exercício de defesa de determinada área em um sentido de propriedade e exclusividade.

Nesse sentido, a manifestação de Philippakis, “[...] qui se manifeste à propos des espaces plus ou moins exclusifs délimités par des frontières, marqueurs ou autres structures, espaces que les individus ou les groupes occupent émotionnellement et où ils se déploient

afin d’éviter la venue d’autres” (PHILIPPAKIS, 2011, p. 7).16

Considerando a evolução, especificando sobre a cidade como originadora do conceito de soberania territorial, Badie manifesta sobre a utilização social e a origem de regramentos político-sociais diferenciados, afirmando direitos reais, nesse sentido, “[...] A cidadania depende frequentemente de uma apropriação parcial do solo e não certamente apenas da residência; o território suscita estatutos políticos diferenciados não porque ordene espaços, mas porque consagra direitos reais” (BADIE, 1995, p. 18).

Em resgate sobre a construção histórica do território, Bodin, expressando a concepção originária do poder sobre área geográfica, afirma: “car auparavant qu'il y eût ni cité, ni citoyens, ni forme aucune de République entre les hommes, chacun chef de famille était souverain en sa maison, ayant puissance de la vie et de la mort sur la femme,

et sur les enfants” (BODIN, 1583, p. 63).17

14 BRASIL. Decreto nº 56.435. Promulga a Convenção de Viena sobre relações Diplomáticas. Disponível

em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/antigos/d56435.htm. Acesso em: 24 mar. 2018.

15 Especificamos nesse aspecto a expressão ‘cidadania interna’ por entender-se, inicialmente, que a atual

conformação da sociedade global possibilita que se passe a exercer uma cidadania internacional, especialmente quando se refere aos cuidados e deveres relativos aos bens comuns da humanidade, exemplificando a preservação do ambiente natural, da fauna e da flora, bem como no desenvolvimento econômico com pressupostos imperativos de sustentabilidade.

16 Tradução: Que se manifesta em espaços mais ou menos exclusivos delimitados por fronteiras,

marcadores ou outras estruturas, espaços que indivíduos ou grupos ocupam emocionalmente e onde eles se desdobram, a fim de evitar a vinda de outros.

17 Tradução: Porque antes não havia nem cidade nem cidadãos, nem forma de qualquer república entre os

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Remetendo às origens da fixação na terra, Coulanges retrata que a crença da honra aos antepassados, em volta do altar, e que deveria receber a proteção familiar, um dever moral para os antigos, gerando deveres e o surgimento dos territórios privados e da propriedade. No decorrer dos tempos, a reunião dos grupos afins e posteriormente a criação das cidades e, a posteriori, do Estado. Decorre este último da associação de cidades em busca de objetivos unos, referenciando em especial a existência de divindades comuns. Nesse aspecto, assevera: “[...] Os homens, à medida que sentem que há para eles divindades comuns, vão-se aliando em grupos cada vez mais extensos” (COULANGES, 2000, p. 140).

O território refere uma construção como instrumento político e modo de legitimação do poder constituído. Nessa tessitura, Badie expressa que “[...] o princípio da territorialidade pertence igualmente um universo de sentido e, portanto, a uma cultura”; na sequência expositiva, manifestando-se sobre constituir instrumento de ação política e referência, escreve “servindo finalidades, mais do que finalidade em si mesmo, ele pode revelar-se eficaz, sólido, resistente... Fundamento incontestável da sobrevivência e da afirmação dos Estados” (BADIE, 1995, p. 12-13). Reforçando a ideia da força e do poder estabelecido pela mesma, Maquiavel expressa “[...] Sono questi dominii cosi acquistati, o consueti a vivere sotto uno principe, o usi ad assere liberi; et acquistonsi, o con le armi d’altri

o con le proprie, o per fortuna o per virtù” (MACHIAVELLI, 1513, p. 3).18

Emerge no medievo, de igual forma, a necessidade de composição internacional para fins de garantir a estabilidade do governo territorial decorrente das constantes invasões e guerras de conquistas estabelecidas pelas monarquias mais beligerantes do período. Nesse aspecto, Tornos manifesta, “[...] al atender a la defensa de sus propios intereses, comprenden más que nunca la necesidad de establecer bases permanentes de relación y principios jurídicos que garanticen en lo posible contra la

usurpación y el egoísmo”.19 Tais acordos, especialmente mediante a celebração de bodas

entre governantes, que foi a prática mais usual para garantir a paz e a não expropriação forçada do território, “se generalizan también los convenios internacionales, con el carácter de alianzas ó tratados de paz, en los que se estipulan casi siempre enlaces

matrimoniales”,20 bem como sendo, esses acordos matrimoniais, gênese de novas

disputas sucessórias, “que si por una parte estrechan los lazos de unión entre potencias rivales, por otra provocan nuevas contiendas como consecuencia de pretensiones a

heredar tronos ó determinados territorios”21 (TORNOS, 1891, p. 88-89).

A configuração do espaço territorial nacional decorrente da aplicação do princípio uti possidetis,22 após atos de independência, tem seus limites geográficos

18 Tradução: Estes domínios são adquiridos ou habituais, para viver sob um príncipe e adquirir, ou com as

armas dos outros ou com as próprias, seja por acaso ou por virtude.

19 Tradução: Ao cuidar da defesa de seus próprios interesses, compreendem, mais do que nunca, a

necessidade de estabelecer bases permanentes de relacionamento e princípios jurídicos que garantam, tanto quanto possível, a usurpação e o egoísmo.

20 Tradução: Tornam-se comuns acordos internacionais com o caráter de alianças ou tratados de paz, nos

quais os casamentos são quase sempre estipulados.

21 Tradução: Que, se, por um lado, eles reforçam os laços de união entre os poderes rivais, provocam novos

conflitos como consequência de pretensões de herdar tronos ou certos territórios.

22 Tradução: De origem latina, decorrente do vocábulo uti possidetis, ita possideatis, que significam, em

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estabelecidos nos atos anteriores, relativos à colonização. Nesse aspecto, Sorel e Mehedi, “[...] Par le principe de uti possidetis, l'Etat nouveau s'engage à conserver comme frontières

les limites qui étaient celles du territoire dont il est issu”.23 O princípio retrata uma

realidade decorrente das práticas de independência na América latina, passando a ser considerado como referência nas novas realidades. Em sentido explicativo, continuam os autores referenciado :

[...] Ce principe connaît désormais une consécration puisqu'après avoir été appliqué aux décolonisations sur les différents continents (Amérique latine, Afrique et dans une moindre mesure en Asie), il est devenu le principe cardinal des mutations territoriales que connaît l'Europe depuis quelques années24 (SOREL, MEHEDI, 1994, p. 11-12).

Com o mesmo sentido, a exposição de Kohen, “Le principe de l’uti possidetis est né en Amérique latine au moment de la première apparition du phénomène connu aujourd’hui sous la désignation de décolonisation”25 (KOHEN, 1997, p. 3). A aplicação do utis possidetis é referenciada como marco contributivo da América para o Direito Internacional, expressando Acevedo :

[...] algunos tratadistas consideran que una de las contribuciones importantes del continente americano al Derecho Internacional Público ha sido el principio del uti possidetis, usado como fórmula para resolver las cuestiones (¿los conflictos?) de límites geográficos surgidas entre los Estados o países iberoamericanos.26 (ACEVEDO, 2012, p. 146)

O instituto em comento, com conotação diversa de sua origem clássica romana, passa a disciplinar os novos Estados, observando os limites fronteiriços estabelecidos pelo Estado colonizador. Nesse sentido, “La idea que se encuentra a la base del uti possidetis es que los Estados hispanoamericanos disponen del mismo territorio que

pertenecía a España, em el marco de las divisiones administrativas correspondientes”27

(KOHEN, 2001, p. 60).

O território, por sua forma constitutiva, ao agregar valores socioculturais uniformes, constitui-se em base de sustentabilidade do Estado tradicional. Trata do espaço geográfico onde o império da lei, constituída de forma soberana segundo os

de estabelecer os marcos divisórios aos novos Estados, respeitando os marcos colonizadores pré-estabelecidos.

23 Tradução: Pelo princípio do uti possidetis, o novo estado compromete-se a preservar como fronteiras os

limites que eram os do território de onde proveio.

24 Tradução: Este princípio ficou consagrado depois de ter sido aplicado às descolonizações nos diferentes

continentes (América Latina, África e, em menor medida, na Ásia), tornou-se o princípio referencial das mudanças territoriais que a Europa experimentou nos últimos anos.

25 Tradução: O princípio do uti possidetis nasceu na América Latina na época da primeira aparição do

fenômeno hoje conhecido como descolonização.

26 Tradução: Alguns escritores consideram que uma das importantes contribuições do continente

americano para o Direito Internacional Público tem sido o princípio do Uti possidetis, usado como fórmula para resolver as questões dos limites geográficos que surgem entre os Estados ou países ibero-americanos.

27 Tradução: A ideia que está na base do uti possidetis é que os Estados hispano-americanos têm o mesmo

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preceitos vigentes no mesmo, identificam o ‘locus’28 de convivência sob mando comum. Um espaço geográfico onde se concretiza o exercício da soberania nacional mediante a possibilitação do emprego autorizado da força de controle, estabelecendo as regras de convivência normatizadas e aceitas pela população. Compõe conditio sine qua non29 para o reconhecimento externo de um Estado, naquilo que adrede referenciou-se como respeitabilidade e suportabilidade do exercício soberano em áreas geográficas determinadas e delimitadas.

3 ESSEQUIBO: A FRONTEIRA GUIANA-VENEZUELA E O CONFLITO PRESENTE

A análise específica do conflito territorial entre Venezuela e Guiana relativo à região do Essequibo descortina problema com contornos peculiares. Salvo informações diferenciadas não encontradas por estes autores, as pesquisas por meios eletrônicos estão, em sua maioria, descaracterizadas. Pela peculiaridade do fato, não se poderia descartar a manipulação das informações eletrônicas como forma de ‘legitimar’ uma só opinião em detrimento de eventual caracterização de soberania de outros povos. Reconhece-se, entretanto, não ser essa afirmação científica em sua essência pela ilegitimidade probatória, mas sim ressalva em relação ao fundamento teórico disponível e que deve ser publicizada para não adquirir esse estudo característica mais ideológica que científica. Para efeitos metodológicos, identificaram-se os aspectos históricos referenciando autores representativos dos governos em disputa, novamente considerando o aspecto peculiar adrede, de maior fidedignidade.

3.1 A região do Essequibo e o estabelecimento da fronteira

A área em disputa, denominada de Guiana Essequibo, possui marcas originárias no ano de 1777 com a criação da Capitania-Geral da Venezuela, sendo estabelecida como fronteira entre Espanha e Países Baixos o rio Essequibo, desde sua nascente até sua desembocadura no Oceano Atlântico. Com a constituição da Guiana britânica em 1831, mediante assunção do território holandês, o governo britânico estimulou o avanço e estabelecimento de colonos nas terras situadas a oeste do rio Essequibo, favorecido pela despovoação e inexistência de ocupação pelos Estados Unidos da Venezuela, que sucedeu a Espanha.30

O território Essequibo compreende a região entre o rio Cuyuni, que perfaz a fronteira entre Guiana e Venezuela, e o rio Essequibo, que corta o território guianês, mas que a Venezuela reivindica como verdadeira fronteira entre os países, sem, no entanto, ter provas consistentes de suas pretensões, senão aplicação de fronteiras da antiga Capitania-Geral.

28Locus, em tradução livre dos autores, é uma palavra do latim, que significa lugar, posição ou local. 29 Conditio sine qua non, em tradução livre pelos autores, do latim que significa condição sem a qual não,

ou condição imprescindível para reconhecimento de.

30 Aspectos históricos obtidos mediante consulta à World Digital Library. Library of Congress USA.

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A característica peculiar do objeto deste estudo deve-se a que a Guiana era colônia inglesa e seus limites fronteiriços com a Venezuela foram estabelecidos pela declaração de independência venezuelana, com base em 1810, ao estabelecer que “[...], se establecen los límites en su capítulo 5to: “Los límites de los Estados Unidos de Venezuela son los mismos que el año de 1810 correspondían a la antigua Capitanía General de

Venezuela”31 (VENEZUELA, 2015, p. 25). Observe-se, pois, que a declaração de

independência continua com as regras do antigo colonizador naquilo que era de melhor interesse ao governo da Venezuela.

A delimitação das fronteiras, tendo por referência um status quo ante, sofre reveses decorrentes da inexistência de meios fidedignos a retratarem os marcos geográficos delimitadores dos espaços territoriais. Muitos conflitos estão ainda presentes em razão da delimitação de fronteiras, nesse sentido, “[...] Latin American countries are approaching the bicentennial of the start of their wars of independence from Spain and Portugal, yet they still face more than a dozen unresolved territorial and

boundary disputes”32 (DOMINGUEZ, 2003, p. 13).

Tal situação está presente na fronteira em comento, fato aliás já realçado em estudos diversos, bem como na manifestação prefacial de Domínguez, que cita “[...] Geography and poor cartography made it difficult to settle some boundary disputes. British decolonization in mainland Latin America is a persistent source of territorial

disputes”33 (DOMINGUEZ, 2003, p. 6).

De igual forma, identificando o conflito objeto, Paterson e Flynn expressam “[...] Another long-term disagreement exists between Guyana and Venezuela. This dispute pertains to a 56,000-square-mile area of land in the Orinoco basin referred to as Guyana

Esequiba”.34 Prosseguem os autores afirmando “[...] As in other regional boundary

disagreements, the dispute spawned from the era of independence when disagreements over the borders between Venezuela and the former British Guiana remained unsettled.

Venezuela claims all land west of the Essequibo River”35 (PATERSON; FLYNN, 2013, p. 2).

A questão envolvendo a então Guiana Inglesa e a Venezuela, mesmo após buscas de solução ao litígio, permanece instável.

31 Tradução: Os limites são estabelecidos em seu capítulo 5: Os limites dos Estados Unidos da Venezuela

são os mesmos que no ano de 1810 correspondiam à antiga Capitania Geral da Venezuela.

32 Tradução: Os países latino-americanos estão se aproximando do bicentenário do início de suas guerras

de independência da Espanha e de Portugal, mas ainda enfrentam mais de uma dúzia de disputas territoriais e fronteiriças não resolvidas.

33 Tradução: A geografia e a má cartografia dificultaram a resolução de algumas disputas de fronteira. A

descolonização britânica no continente latino-americano é uma fonte persistente de disputas territoriais.

34 Tradução: Outro desacordo de longo prazo existe entre a Guiana e a Venezuela. Essa disputa pertence

a uma área de 56.000 milhas quadradas de terra na bacia do Orinoco, conhecida como Guiana Essequiba.

35 Tradução livre: Como em outras divergências de fronteiras regionais, a disputa surgiu a partir da era da

independência, quando os desentendimentos sobre as fronteiras entre a Venezuela e a antiga Guiana Inglesa permaneceram instáveis. Venezuela reivindica todas as terras a oeste do rio Essequibo.

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3.2 O litígio dos marcos divisórios e seus aspectos históricos: as tratativas pela paz

O conflito advém da adoção do princípio uti possidetis jure, que considerou a possessão espanhola predecessora como marco delimitador da fronteira com a então possessão inglesa. Diante de impasses originários, a Inglaterra criou comissão no início do ano de 1840, mediante a designação de Robert Schomburgk, com a finalidade de estabelecer os limites entre a colônia inglesa, Brasil e Venezuela, conforme Ishmael “[...] the British Government in 1840 issued a commission to Robert Schomburgk, a German surveyor, geographer and naturalist, authorizing him to survey and mark out the

boundaries of British Guiana”36 (ISHMAEL, 2013).

Desenvolvidos os trabalhos, cujo resultado passou a se denominar de linha Schomburgk, o governo venezuelano, não aceitando as demarcações, propôs o estabelecimento de um tratado de fronteiras, alegando o uti possidetis como referência. Por volta do ano de 1843, o Embaixador venezuelano em Londres reivindica que todas as terras a oeste do rio Essequibo eram território de domínio de seu país, “[...] in a note of the 31 January 1844, he presented the first formal statement of the Venezuelan claim that

the territory of the Republic extended to the Essequibo River”37 (ISHMAEL, 2013).

No expressar do governo venezuelano, referente ao ano de 1840,

[...] una línea de frontera al oeste del Río Esequibo, la cual incluía en forma arbitraria cerca de 142.000 kilómetros cuadrados del territorio venezolano que Inglaterra ya había reconocido a Venezuela con antelación, como herencia de la antigua Capitanía General de Venezuela.38 (VENEZUELA, 2015, p. 31)

Em 1895, o governo da Venezuela, após ter rompido relações com o governo inglês, recorre à intermediação dos Estados Unidos da América, mediante aplicação da Doutrina Monroe (1823),39 a fim de resguardar o que entendia como direito; a manutenção das fronteiras da antiga colônia espanhola. Conforme Rodriguez “[...] 1895 (..) Es cuando el gobierno venezolano decide unilateralmente recurrir al gobierno norteamericano a fin que interviniera y tratara de obligar a Gran Bretaña a buscar solución

36 Tradução: O governo britânico em 1840 emitiu uma comissão para Robert Schomburgk, um agrimensor,

geógrafo e naturalista alemão, autorizando-o a pesquisar e delimitar as fronteiras da Guiana Inglesa.

37 Tradução: Em uma nota de 31 de janeiro de 1844, ele apresentou a primeira declaração formal da

reivindicação venezuelana de que o território da República se estendia ao Rio Essequibo.

38 Tradução: Uma linha de fronteira com o oeste do Rio Essequibo, deve incluir a arbitragem cerca de

142.000 quilômetros quadrados do território venezuelano. Uma área reconhecida pela Venezuela como herança da antiga Capitania Geral da Venezuela.

39 MONROE, James. Doctrine Monroe. Washington, DC United States of America. U.S. National Archives

& Records Administration. 1823. Um dos marcos da política externa norte-americana, cujo termo ficou conhecido em 1850, sob a orientação do Presidente James Monroe, tendo por expressão referencial a frase “América para os Americanos”. A Doutrina Monroe era uma oposição ao colonialismo europeu nas Américas a partir de 1823. Declarava que esforços das nações europeias para assumir o controle de qualquer estado independente seriam vistos como "a manifestação de uma disposição hostil", em direção aos Estados Unidos. Disponível em:

https://www.ourdocuments.gov/print_friendly.php?flash=false&page=&doc=23&title=Monroe+Doctrine +%281823%29. Acesso em: 11 abr. 2018.

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a la disputa”.40 Para obter esse apoio dos Estados Unidos, a Venezuela propôs a utilização

da Doutrina Monroe. Na continuidade expositiva, “Dicha Doctrina fue establecida por el Presidente de Estados Unidos James Monroe en 1823, según la cual “América era para los

americanos”41 (RODRÍGUEZ, 2011).

No ano de 1899 foi constituído um Tribunal Arbitral em Paris, cuja decisão forma o Laudo Arbitral de Paris, que estabeleceu os limites entre os Estados Unidos da Venezuela e a Guiana britânica, prevendo em solução “[...] Délimitation frontalière – question de la ligne frontière entre la colonie de la Guyane britannique et les États-Unis du Venezuela. Conservation des droits de navigation pour les navires marchands de toutes les

nations”42 (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 1899). O laudo concluiu com a

cessão do território a oeste do rio Essequibo à Grã-Bretanha. No entanto, sob alegação de que a Venezuela não foi dignamente representada, já que seus dois representantes foram nomeados pelos Estados Unidos, mesmo que um deles mediante escolha do então governo venezuelano, esta declarou unilateralmente a anulação do laudo, dando início a outra fase do litígio.

Nas décadas seguintes, o governo venezuelano passou a denunciar o Laudo de Paris e sua não aceitação, embora tenha concedido honras nacionais a um dos árbitros do Laudo de Paris, uma situação paradoxal, pois denunciam o Laudo por suspeição dos representantes, mas concedem honrarias a um deles, a quem posteriormente foi atribuída a emissão de declaração sobre suspeição dos participantes da arbitragem de Paris (VENEZUELA, 2015, p. 31-43).

No ano de 1966, após demandas perante a Organização das Nações Unidas (ONU), finalmente a Grã-Bretanha, em vias da concessão de independência da Guiana, aquiesce no reexame da questão fronteiriça, mediante a celebração do Acordo de Genebra, constituindo uma Comissão Mista para buscar soluções, “ [...] los gobiernos de Venezuela, Gran Bretaña y la colonia de Guayana Británica reconocen la existencia de una controversia sobre la soberanía en el Territorio del Esequibo y se establecen los

procedimientos para encontrar una solución por medios pacíficos”43 (VENEZUELA, 2015,

p. 45). Nesse mesmo sentido, “[...] in February 1966 signed an Agreement in Geneva, Switzerland, by which a Mixed Commission was appointed to seek satisfactory solutions

for the practical settlement of the controversy”44 (ISHMAEL, 2013).

O texto referencial traz a criação de uma Comissão Mista com a finalidade de encontrar solução para a controvérsia sobre os limites fronteiriços, decorrentes da manifestação venezuelana sobre a nulidade do laudo de Paris,

40 Tradução: É quando unilateralmente o governo venezuelano decide recorrer à intervenção do governo

norte-americano para fins de forçar a Inglaterra na solução do conflito.

41 Tradução: A doutrina foi estabelecida pelo Presidente James Monroe no qual pregava que a América era

para os Americanos.

42 Tradução: Delimitação de Fronteiras – Questão da Linha de Fronteira entre a colônia da Guiana Inglesa

e os Estados Unidos da Venezuela. Preservação dos direitos de navegação para navios mercantes de todas as nações.

43 Tradução: Os governos da Venezuela, da Grã-Bretanha e da colônia da Guiana Britânica reconhecem a

existência de uma controvérsia sobre a soberania no território de Essequibo e estabelecem os procedimentos para encontrar uma solução por meios pacíficos.

44 Tradução: Em fevereiro de 1966 assinou um Acordo em Genebra, Suíça, pelo qual a Comissão Mista foi

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[...] A Mixed Commission shall be established with the task of seeking satis factory solutions for the practical settlement of the controversy between Venezuela and the United Kingdom which has arisen as the result of the Venezuelan contention that the Arbitral Award of 1899.45 (NATIONS UNIÉS, 1966, p. 324)

O artigo 4º do referido acordo estabeleceu prazo para apresentação das soluções.46

No ano de 1970 a tensão na região se intensifica e, após confrontos militares, os países firmam o Protocolo de Puerto España, onde resolvem suspender pelo prazo de doze anos o disposto no artigo 4º do Acordo de Genebra e, decorrido o prazo, a Venezuela não mais se dispôs a conciliar o feito. Expressa o órgão oficial venezuelano, “Este Protocolo suspendió temporalmente, por un lapso de 12 años, la aplicación de los procedimientos previstos en el artículo 4to del Acuerdo de Ginebra, en busca de preservar

su vigencia y sus posibilidades de aplicarlo a futuro en condiciones más favorables”47

(VENEZUELA, 2015, p. 47). Em sentido similar, “The matter dragged on until June 1970 when, by the Protocol of Port of Spain, both Venezuela and Guyana agreed to shelve the dispute for a period of at least twelve years. This Protocol came to an end in 1982 when

Venezuela refused to renew it”48 (ISMAHEL, 2013).

Após a assunção de Hugo Chávez, a recusa do Laudo de Paris e demais tratativas em relação ao estabelecimento dos limites divisórios foram continuamente manifestados pela Venezuela. Aliado a esse aspecto, o governo da Guiana passa a atuar de forma efetiva sobre a aérea reivindicada pela Venezuela, efetuando concessões para exploração de minérios e petróleo a companhias internacionais. A nosso ver, o litígio decorre das riquezas minerais e não necessariamente por aspectos culturais, pois a área objeto é colonizada por nativos guianenses sem nenhum contato sociocultural com a Venezuela.

Nos últimos anos, pode ser observado um aumento da tensão na região, tendo o governo da Guiana aumentado sua presença militar e atuado de forma ativa na manutenção do território do Essequibo, uma constante na área, segundo Vargas, “[...] Em 2007 o governo de Georgetown reclamou de uma incursão de soldados venezuelanos contra mineiros que operavam na região”, na continuidade exemplificativa, expressa ainda “[...] a Venezuela, de sua parte, alega haver praticado atos coerentes com uma política de coibição à atividade ilegal de mineração em seu próprio território” (VARGAS,

45 Tradução: Uma Comissão Mista será estabelecida com a tarefa de buscar soluções satisfatórias para a

solução prática da controvérsia entre a Venezuela e o Reino Unido, que surgiu como resultado da alegação venezuelana contra o Laudo Arbitral de 1899.

46 “Article IV. (1) If, within a period of four years from the date of this Agreement,... (2) If, within three

months of receiving the final report, the Government of Guyana and the Government of Venezuela,(...)”

of the United Nations shall choose another of the means stipulated in Article 33 of the Charter of the United Nations, and so on until the controversy has been resolved or until all the means of peaceful settlement there contemplated have been exhausted.

47 Tradução: Esse Protocolo suspendeu temporariamente, por um período de 12 anos, a aplicação dos

procedimentos previstos no Artigo 4 do Acordo de Genebra, a fim de preservar sua validade e possibilidade de aplicá-lo no futuro em condições mais favoráveis.

48 Tradução: A questão se arrastou até junho de 1970, quando, pelo Protocolo de Port of Spain, tanto a

Venezuela quanto a Guiana concordaram em arquivar a disputa por um período de pelo menos doze anos. Esse protocolo chegou ao fim em 1982, quando a Venezuela se recusou a renová-lo.

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2017, p. 463-464), ou seja, a indicação do conflito e sua necessidade de solução impõe-se diante do recrudescimento das operações militares na área em apreço.49

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente não tem por escopo oferecer uma solução para o conflito em apreço, buscou-se a identificação de uma situação de tensão na América do Sul, em países que possuem limites fronteiriços com o Brasil na área objeto.

A identificação conceitual sobre a Soberania e sua forma de manifestação teve por objetivo demonstrar a forma como os Estados contemporâneos regulam suas relações internas e internacionais, inexistindo soluções permanentes senão por meio do que se denominou de suportabilidade das soberanias alheias para o estabelecimento da paz relacional. De igual e não menos relevante aspecto, a identificação sobre conceitos e formas de aquisição do território teve por finalidade a localização geográfica do espaço de domínio nacional, a forma como esses espaços foram constituídos após a independência das colônias espanholas e do Brasil, ficando evidente, a nosso ver, que, inobstante o argumento “anti-imperialista” e contra a colonização apregoados por um dos países em conflito, Venezuela, a mesma se apega ao princípio do uti possidetis iure como forma de reivindicar área territorial que nunca foi de sua ocupação efetiva. Um paradoxo político científico inafastável, pois, ao manifestar-se conta toda a emanação de império e colonização, não pode reter para si aspectos coloniais, demarcação em tratados colonizadores, como forma de garantir espaços territoriais. Se a independência da Espanha foi em repúdio a tudo o que a mesma representava, utilizar como argumento discursivo área de terras demarcadas e não utilizadas pela Espanha é negar a própria negação do colonizador.

Há que ser considerado, na busca de uma solução, que inobstante a reivindicação do Estado venezuelano, a área de terras em litígio possui cerca de 160.000 km2 (cento e sessenta mil quilômetros quadrados) e permanece em poder da Guiana, perfazendo cerca de dois terços de seu território nacional.

Em nossa opinião, em uma variável aplicável ao caso objeto, entende-se que a utilização do princípio uti possidetis de facto50 é o que mais se adequa à situação. O reconhecimento, inobstante tratado de demarcação da antiga Capitania-Geral da Venezuela, que a área do Essequibo nunca foi de possessão efetiva tanto da Capitania quanto do país Venezuela e que a mesma foi colonizada, explorada e defendida sempre por colonizadores holandeses, britânicos e guianenses é situação fática que delineia a real situação territorial.

49 Nesse sentido, podem ser obtidas informações: Guiana reforça militares na fronteira com Venezuela

Disponível em http://observador.pt/2018/02/17/guiana-reforca-militares-na-fronteira-com-venezuela/. Acesso em: 07 mar. 2018; Guiana anuncia aumento de presença militar em fronteira com Venezuela. Disponível em http://agenciabrasil.ebc.com.br)/internacional/noticia/2018-02/guiana-anuncia-aumento-de-presenca-militar-em-fronteira-com-venezuela. Acesso em: 07 mar. 2018.

50 Tradução: Uti possidetis de facto. Locução de origem latina que significa ‘como possuis de acordo com os

fatos’. Um principio de ação com aplicação no Direito Internacional Público e consiste no domínio que um Estado exerce sobre os territórios que efetivamente ocupa, baseado na ocupação e capacidade de controle das áreas geográficas, princípio já utilizado pelo Brasil na demarcação de fronteiras com antigas colônias espanholas.

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Reconhecer sobre a área em litígio a aplicação do princípio uti possidetis de facto é reconhecer os aspectos socioculturais e políticos envolvidos para as populações atingidas, levando em consideração que as manifestações do litígio em relação ao governo da Venezuela se revelam mais por questões econômicas exploratórias, disputas relativas a petróleo e minério, do que em decorrência de vínculos efetivos com o território. Em nossa opinião, deve o conflito resolver-se em favor da República Cooperativa da Guiana, observando a possessão de fato mediante à colonização, proteção e exploração econômica por esse último país.

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