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A Necrópole da Idade do Bronze do monte de Vale de Carvalho (Sítimos)

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REVISTA DO CENTRO DE HISTORIA DA UNIVERSIDADE DE LISBOA VOLUME 2 - 1980 Direcção de Joel Serrão Victor Gonçalves

INSTITUTO NACIONAL DE INVESTIGAÇÃO CIENTIFICA Centro de História da Universidade de Lisboa

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CLlO - REVISTA DO CENTRO DE HISTORIA DA UNIVERSIDADE DE LISBOA - VOL. 2 - 1980

j~J!I

REVISTA DO CENTRO DE HISTÓRIA DA UNIVERSIDADE DE LISBOA VOLUME 2-1980

,

Direcção de Joel Serrão Victor Gonçalves

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Indice

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---ABERTURA

Notas (para um artigo que não chegou a ser feito) . . . . . 7 Joaquim Barradas de Carvalho

ESTUDOS & INTERVENÇõES

*

Espaço e tempo. Evolução do ambiente geográfico de Portugal ao longo dos tempos pré·hjstóricos. . . 13 Suzanne Daveau

*

O Dólmen de S. Pedro Dias (Poiares) 39 A. Augusto Tavares

A Necrópole da Idade do Bronze do monte de Vale de Carvalho (Sítimos) . . . . . . 59 Ana Margarida Arruda, Victor Gonçalves, F. Bragança Gil e Gaspar Ferreira

Povos do Sul de Portugal nas fontes clás-sicas - Celtici e Turduli. . . . . 67 Manuel Maia

O sítio romano-árabe do Vale do Boto. Notícia da sua identificação . . . . . 71 Victor Gonçalves, Helena Catarino e Ana Margarida Arruda

La presse de la democratie chretienne au Portugal de 1870 à 1913. . . 81 Marie Christine Volovitch

Manuel Teixeira Gomes e Sidónio Pais 117 João Medina

RELATóRIOS DE ACTIVIDADE

Cerro do Castelo de Corte João Marques. Escavações de 1979. Relatório sumário dos dos trabalhos de campo. . . " 131 Victor Gonçalves

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Cerro do Castelo de Santa Justa (Alcoutim). Escavações de 1979. Extractos do caderno de campo . . . . . 133 Victor Gonçalves

VÁRIA

Joaquim Barradas de Carvalho: para a his-tória de um Historiador. . . . . 141 Victor Gonçalves

Em memória de Joaquim Barradas de Car-valho. sem falar no historiador. . . . . . 147 José-Augusto França

Professora Maria José Trindade 149 NOTICIÁRIO

Centro de História: resumo de actividades até 1980 . . . . . . . . 153 O IV Congresso Nacional de Arqueologia 155 Ana Margarida Arruda

Roteiro das fontes manuscritas da história contemporânea (séculos XVIII-XX). . . . 157 Miriám Halpern Pereira e M.José Silva Leal Comissão directiva do Centro de História. Li-nhas de acção/81 . . . . , 158 Projecto de acordo entre o Centro de His-tória da Universidade de Lisboa e o Centro de Física Nuclear da Universidade de Lisboa 158 Escavações na estação romana de S. Marcos. Cacém (Sintra) . . . . . 158 Manuel Maia

CLIO 3 . . . 159

• Comunicaçl5es apresentadas ao I Encontro de especialistas em Deolitizaçiío e megalitismo, organizado pela Carla Arqueol6gica do

Algarve, CAALG. em Lisboa, entre 18 e 20 de Dezembro de 1978.

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CLlO - REVISTA DO CENTRO DE HISTÓRIA DA UNIVERSIDADE DE LISBOA - VOL. 2 - 1980

A Necrópole da Idade

do Bronze do monte de Vale

de Carvalho (Sítimos)

Ana Margarida Arruda,· Victor Gonçalves,· F. Bragança Gil •• e Gaspar Ferreira ••

1. Introdução

Nos finais de 1979, o dr. António Miguel de Car-valho comunicou a docentes do Departamento de História da Faculdade de Letras de Lisboa o acha-do de alguns objectos, retiraacha-dos acha-do interior de eis-tas entretanto destruídas no Monte de Vale de Car-valho, não longe de Santa Catarina de Sítimos (Alcácer do Sal).

Os drs. Pedro Barbosa e Ricardo Bottino, numa sua deslocação ao local, procederam a um primeiro registo fotográfico de peças e estruturas, contac-tando de seguida a equipa de arqueologia do Centro de História da Universidade de Lisboa (INIC) , comunicando a descoberta, pondo ao dispor o mate-rial fotográfico obtido e sugerindO' uma intervenção.

Dada a importância do sítio, verificada a partir do espólio, contactámos imediatamente o seu pro-prietário, que o cedeu para estudo e prestou úteis informações sobre as condições e os pormenores da descoberta.

Também o Presidente da Câmara de Alcácer do Sal e o director do Museu de Arqueologia daquela

• Centro de História, Faculdade de Letras, 1699 Lis-boa Codex, Portugal.

**

Centro de Física Nuclear, Av. Gama Pinto, 2, 1699 Lisboa Codex, Portugal.

vila contribuíram para este estudo, ao cederem, para análise não destrutiva, o punhal de dois rebi-tes proveniente de uma antiga doação àquele Museu.

2. A identificação da necrópole. Espólio recolhido

Em 1925, José Paulino de Carvalho, proprietário do Monte de Vale de Carvalho, recolheu, durante trabalhos agrícolas que tinham destruído diversas sepulturas, um vaso cerâmico e um punhal de cobre de dois rebites. Ofereceu-os à Câmara de Alcácer do Sal, encontrando-se hoje no Museu local, onde Schubart os estudou (Schubart, 1975a, voI. I, p. 263 e II, Tafel 41, fig. 437 e 438).

Em 1971 e 1978, novos trabalhos agrícolas reve-laram quatro núcleos sepulcrais.

Em 1971, do interior de uma das eistas do nú-cleo mais próximo do Monte de Vale de Carvalho, retiraram-se um 'botão' de pedra polida, um punhal de cobre com quatro orifícios, com um rebite ainda colocado, um furador de ponta sobressaída, também de cobre, e um vaso decoradO' com estrias ou cane-luras verticais, provido de quatro mamilos e uma asa.

(7)

o

~I _ __ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ ~I lkm

Mapa 1 - A necrópole da Idade do Bronze do Monte de Vale de Carvalho (l :25000). Os principais núcleos estão assinalados por círculos e numerados.

Em 1978, de outra cista, recolheu-se um pequeno vaso cerâmico, de carena baixa e asa.

Apesar de Hermanfrid Schubart ter já publicado dois artefactos provenientes de Vale de Carvalho, não se conheciam referências precisas à necrópole nem a sua aparente organização em quatro núcleos, isto se admitirmos que eles fazem parte do mesmo conjunto e, como parece lógico, são, em termos ge-rais, cultural e cronologicamente sincronos.

Na totalidade dos casos descritos e observados, trata-se de sepulturas tipo cista, de cobertura

mo-60

notitica. O estado de alguns ossos recolhidos faz pensar que cistas presumivelmente intactas revela-rão esqueletos em excelente estado de conservação.

3. Localização

A necrópole situa-se na freguesia de SHimos, na margem esquerda da Ribeira de Santa Catarina de Sitimos, estando um dos seus núcleos a cerca de 400 metros em linha recta para NO do Monte de Vale

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44°

42°

40°

38°

37°

Mapa 2 - A situação da necrópole do Monte de Vale de Carvalho na Península Ibérica.

de Carvalho, concelho de Alcácer do Sal, distrito de Setúbal. São as seguintes as suas coordenadas (Quadrícula Militar Portuguesa):

1.0 núcleo 3.° núcleo X 181.4 X 181.5 Y 159.3 Y 159.8 2.° núcleo 4.° núcleo X 181.4 X 181.7 Y 159.8 Y 159.8

(Carta Militar de Portugal, fI. 477, 1 :25000, ed. 1957).

Geologicamente, a região integra-se nos depósi-tos de facies continental da bacia fluvial do Sado, do Mio-Plioceno indiferenciado.*

4. Considerações sobre os artefactos

Os materiais agora publicados estão de acordo com a cronologia avançada por Schubart (1975a, I, • Carta Geológica de Portugal, fI. Sul, 1:500 000, Lis-boa, 1957.

Abbildung 26, pp. 164-165) para as duas peças que divulgou e que aqui reproduzimos (fig. 1): um pri-meiro momento do Bronze do Sudoeste.

Assim, tanto o punhal de rebites como ambos os vasos cerâmicos (e o vaso e o punhal de Schubart) parecem cronologica e culturalmente síncronos.

O vaso 2 (fig. 2,5), colo alto, carena acentuada e bordo extrovertido, decorado no colo com cane-luras verticais agrupadas e mamilos na carena, cons-titui, na sua globalidade, um inédito em qualquer dos momentos do Bronze do Sudoeste.

Não são evidentes paralelos para este vaso, se o considerarmos na totalidade dos seus atributos, ape-sar de a sua forma o aproximar de um outro da ne-crópole da Atalaia (Schubart, 1975a, TafeI 22,202), se bem que este último seja liso e apresente bordo recto, diferenciando-se assim do de Vale de Carva-lho, cujo bordo é claramente extrovertido e cujo colo, como já se disse, é decorado'. Semelhanças morfológicas com outros, da chamada «cultura deI Argar», concretamente de Argar B, nomeadamente 61

(9)

437

de vasos de Guadix (Schubart, 1975b), são, tam-bém, de reter.

No que respeita à sua decoração, não se encon-traram paralelos para os mamilos que arrancam da carena. A decoração vertical, fazendo lembrar um «falso brunido», surge na necrópole de Casas Ve-lhas, Melides (C. Tavares da Silva e J. Soares, 1975), se bem que numa forma que em nada se aproxima desta (vaso de carena baixa, tipo Atalaia).

A forma do vaso número 1 é relativamente co-mum no Bronze do Sudoeste I, sendo muito seme-lhante à de um exemplar da necrópole do Monte da Ribeira (concelho de Mourão) e aproximando--se de formas presentes em Reguengos de Monsa-raz e na necrópole da Folha das Palmeiras (Schu-bart, 1975a).

Quanto aos materiais metálicos, e no que diz respeito ao punhal de rebit~s, ele é, para mais neste contexto cerâmico, facilmente datável do Bronze I do Sudoeste. Sobre o punção poucos comentários haverá a fazer, uma vez que se trata de uma peça com cronologia lata, que se prolonga por toda a Idade do Bronze.

Parece pois, para já, que o elemento mais suges-tivo será aqui o vaso número 2, pela sua evidente proximidade com o mundo argárico. Julgamos no entanto que, à partida, e sem análises dos compo-nentes da pasta, será prematuro falar de importa-ção. Parecem, porém, claras as relações com o mundo do Sudeste.

Estamos, portanto, perante uma necrópole do Bronze I do Sudoeste peninsular que inclui mesmo um elemento arcaizante desta cultura (fig. 1, 2).

5. Catálogo (Fig. 2, 1)

Vaso cerâmico de carena baixa e asa de secção rectangular. Não decorado. Superfícies alisadas,

ne-62

... ' .. 21122zij?aaamzu?tU?222Zl ....

Fig. 1 - Espólio antigo do Monte de Vale de Carvalho (segundo Schubart) 3:5.

gras (Munsell 5YR 2.5 /1) a castanho-escuro-aver-melhado (Munsell 5YR 2.5/2, 3/2 e 3/3). Núcleo negro (Munsell 5YR 2.5/1) com abundantes com-ponentes não plásticos (grão médio), geralmente quartzo e calcário. Bordo de topo aplanado com ligeiro espessamento para o interior e claro espes-samento externo. AIt. 6,1 cm; diâm. médio da boca, ext. e int. 6,6 e 5,4 cm; diâm. carena 8,2 cm; alt. carena 1,7 cm; espessura bordo 6 mm; esp. carena 6 mm; esp. fundo 5 mm.

(10)

- CJ

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2

4

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Fig. 2 - Espólio proveniente de duas cistas da necrópole do Monte de Vale de Carvalho (2:3).

O n.O 1 provém de uma cista aberta em 1978 e os restantes de outra, aberta em 1971.

(11)

(Fig. 2,5)

Vaso cerâmico com a superfície superior à ca-rena decorada por caneluras verticais agrupadas e delimitadas a partir da carena pelos quatro mamilos aí implantados e separados pela asa vertical, de sec-ção triangular e perfurasec-ção cilíndrica.

Superfícies com alisamento cuidado, quase pró-ximo do brunido, cores diversas: no fundo, casta-nho-escura-avermelhado (Munsell 5YR 3/2) e cin-zento muito escuro (MunseIl 5YR 3/ 1), no bojo e colo, castanho avermelhado (Munsell 5YR 4/3). O núcleo, observável numa pequena fractura recente (no fundo) é vermelho (Munsell 2. 5YR 4/8) in-cluindo finos componentes não plásticos obtidos por trituração do calcário.

Bordo não espessado. Alt. 12,3 cm; diâm. médio da boca 8,8 cm (lido como Dbe); diâm. da boca (lido na abertura do colo antes da inflexão da ex-troversão), 6,2 cm; diâm. carena 13,2 cm; alt. ca-rena 4,5 cm; espessura do bordo 4 mm, da caca-rena 5 mm, do fundo 7 mm.

(Fig. 2,2)

Furador de cobre com ponta sobressaída. Comp. 8,6 cm; espessura na zona mediana 4 mm. Para composição, ver infra, Quadro I.

(Fig. 2,3)

Punhal de cobre com quatro orifícios para rebi-tagem na extremidade proximal e conservando ainda um dos rebites. Comp. 14 cm; espessura na zona mediana 2,5 mm. Para cOQlposição ver infra, Qua-dros I e II.

(Fig. 2,4)

'Botão' de pedra polida, em forma de cogumelo. Poderá talvez tratar-se de um 'botão' ornamental aplicado ao topo do cabo do punhal de rebites.

A.M.A., V.G.

Lisboa, Dezembro de 1980

6. Análise por fluorescência de Raios X de 3 peças metálicas

AS peças apresentam corrosão superficial pouco espessa, mantendo-se intacta a matriz metálica inte-rior. A corrosão é constituída por uma fina camada avermelhada de óxido cuproso cobrindo uniforme-mente a superfície. A esta camada sobrepõe-se ou-tra de carbonatos de cobre de cores verde (mala-quite) e azul (azurite). Numa das peças - o punhal

64

mais pequeno - a camada de carbonatos cobre apenas cerca de 60 % da superfície, deixando nos restantes 40 % a camada de óxido cuproso à vista.

À observação com microscópio estereoscópico são claramente visíveis, na pátina de óxido cuproso, es·· trias de uso e/ou de polimento. O estado de con-servação das peças é excelente, estando estabilizado o processo de corrosão; nestas condições, elas pode-rão ser conservadas sem perigo em ambiente com menos de 40 % de humidade.

A composição elementar superficial das peças foi determinada por fluorescência de raios X, usando como meio de excitação uma fonte anelar de Am 241 com a actividade de 100 mCi, convenientemente co-limada e filtrada, como se encontra descrito em tra-balho anterior (Ferreira et ai., s. d.).

As peças analisadas, à excepção de um rebite, são constituídas por cobres arsenicais. A presença de arsénio nos cobres da Idade do Bronze tem sido considerada por alguns como deliberada (Charles, 1967; Renfrew, 1967; Craddock, 1976). Todavia, muitas estações portuguesas, já a partir do Calco-lítico, têm revelado abundantes artefactos de cobre arsenical, encontrando-se num caso - em Vila Nova de S. Pedro - até 9,8

%

de arsénio (cf. aná-lises de Junghans publicadas por Paço, 1964), sendo muito comuns peças com teores de arsénio superio-res a 4 %. Veiga Ferreira (1970) considera tratar-se sempre de impurezas, embora tal posiçãO' seja con-troversa. A este respeito, recorde-se ainda a se-guinte observação de Monteagudo (1965):

«El mal lIam ado 'bronce de arsénico' (la palabra bronce debe reservar se para la aleación aproxima-damente de 90% de cobre y 10% de esta fio) es un verdadero cobre con impurezas naturales de arsé-nico, que a veces en Tras os Montes y Alentejo alcanzam aI 4 %; por excepción el cobre con el 5-6

%

de arsénico pudiera constituir una aleación hecha por el hombre.»

Uma das peças - o punhal mais pequeno-apresenta um teor pouco comum de prata. Em cerca de 300 análises de peças da Idade do Bronze grega, Craddook (1976) não encontrou um só exem-plo de um tão elevado teor de prata como o reve-lado por esta peça (d. quadro' anexo). Contudo, nas análises publicadas nos trabalhos de Veiga Ferreira e Paço, já citados; existem exemplos, se bem que es-cassos, de teores semelhantes - e mesmo mais ele-vados - em artefactos portugueses. De modo aná-logo, entre cerca de 2000 análises publicadas pelo Laboratório de Antropologia Pré-histórica da Fa-culdade de Ciências da Universidade de Rennes

(12)

(Giot et al., 1966, 1970, 1975) há alguns - pou-cos - exemplos de teores de prata da ordem de grandeza de 1

%.

A ponta com barbela foi analisada numa região mediana da peça com cerca de 10 mm2; os resulta-dos obtiresulta-dos encontram-se no quadro anexo.

QUADRO I

Peça analisada Cu (%) As (%) Ag(%) Sb(%) Pb(%)

Ponta com barbela 96,4 3,6 vesl. vest.

Punhal grande

(valores médios) 96,75 3,25 vest. vest. vest. Punhal pequeno

(valores médios) 96,7 2,5 0.8 vest.

Rebite ~100 vest.

No que respeita ao punhal mais pequeno, os es-pectros de ensaio realizados mostraram que haveria interesse em estudá-lo cuidadosamente em toda a sua extensão. Assim, para avaliação de possíveis variações de composição, obtiveram-se espectros em regiões com cerca de 10 mm2 de área situadas ao

longo de uma zona mediana longitudinal de ambas as faces, separadas de cerca de 10 mm. As regiões analisadas em cada face foram em número de doze, numeradas em ordem crescente da ponta para o cabo da peça. A face referenciada por B é a que apresenta, sensivelmente a meio, um risco aciden-tal relativamente profundo.

Pelo quadro II pode verificar-se que tanto o teor de prata como o de estanho apresentam apreciáveis

variações de região para região. O teor de prata na face A tem um desvio padrão relativo de 40

%.

Com o objectivo de verificar a reprodutibilidade dos resultados, efectuaram-se análises em seis re-giões sensivelmente coincidentes com outras previa-mente analisadas na face A. Os valores obtidos encontram-se nas colunas do quadro II com a indi-cação «Reprodutibilidade». Exceptuando a região 12, os restantes ensaios deram desvios entre 2

%

e 12

%.

Os erros estatísticos de cada determinação experimental são cerca de 5

,%

para o arsénio e de 1,4

%

para a prata.

De modo a averiguar se o teor pouco normal de prata existente nesta peça corresponde a impureza do minério com que ela foi fundida ou se, pelo contrário, a prata foi intencionalmente aplicada ape-nas à superfície - técnica já assinalada no Bronze mediterrânico (Craddock,1976) - analisou-se, numa pequena região de cerca de 5 mm2 de área, a com-posição da matriz metálica tendo-se verificado que a prata permanece na matriz sensivelmente nos mes-mos valores percentuais em que se encontra à su-perfície. Pode assim concluir-se que a prata exis-tente no punhal mais pequeno é uma impureza com origem no minério de cobre usado.

Igualmente se analisou o rebite ainda fixado ao punhal mais pequeno tendo-se, para tanto, proce-dido à sua desmontagem. Resulta da análise que o metal do rebite é diferente do punhal a que se en-contra associado já que não apresenta vestígios mensuráveis de prata nem de arsénio.

F. B. G., G. F.

QUADRO II

Cu As Ag

Região

da peça Face A Reprodu- FaceB Face A Reprodu- Face B Face A Reprodu- Face B

tibil.° tibil.° tibil.°

1 93,94 96,80 5,19 2,78 0,86 0,41 2 96,66 96,01 2,45 3,49 0,95 0,51 3 97,40 96,58 1,65 3,04 0,94 0,38 4 96,56 97,78 2,47 1,87 0,97 0,35 5 97,25 96,29 1,67 3,42 1,07 0,29 6 97,49 96,63 1,41 3,04 1,09 0,33 7 96,73 96,52 97,43 2,25 2,38 1,55 1,02 1,10 0,94 8 96,05 96,46 96,56 2,94 2,59 2,58 1,01 0,95 0,85 9 96,69 96,47 97,07 2,39 2,63 2,11 0,92 0,90 0,82 10 96,15 96,20 96,83 2,95 2,88 2,32 0,90 0,91 0,85 11 96,65 96,89 97,79 2,50 2,19 1,63 0,97 0,92 0,58 12 96,85 96,41 97,15 1,92 2,41 1,63 1,22 1,12 1,22

Valores médios em cada face 96,5 ± 0,9; 96,9 ± 0,6; 2,5 ± 1,0; 2,5 ± 0,7; 1,0±0,1; 0,6 ± 0,3

- v - - "

Médias totais Cu: 96,7% As: 2,5 % Ag: 0,8 %

(13)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CHARLES, J. A. (1967) - «Early Arsenical Bronzes-A Metallurgical View». Bronzes-American loumal of Bronzes-

Archaeo-logy, 71 :21-26.

CRADDOCK, P. T. (1976)-«The Composition of the Copper Alloys Used by the Greek, Etruscan and Ro-man Civilizations. 1. The Greeks Before the Archaic Period». loumal of Archaeological Science. 3-93-113.

FERREIRA, G. P.; GIL, F. B.; CARDOSO, J. (s.d.)-Sobre a anâlise por Fluorescência de Raios X de Pe-ças Arqueológicas - Aplicação a Objectos de Cobre do Castro de Leceia (Estremadura). Comunicação ao IV Congresso Nacional de Arqueologia, Faro, 1980. (Em curso de publicação.)

FERREIRA, O. da V. (1970) - La Métallurgie Primitive au Portugal Pendant l'apoque Chalcolithique. Actas do VI Congresso Internacional de Mineria, I, Leon, 1970.

GIOT, P.-R.; BOURHIS, J.; BRIARD, J. - Analyses Spectographiques efObjects Prehistoriques et Antiques.

66

Premiêre serie (1966), deuxiême serie (1970); troisiême

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MONTEAGUDO, L. (1965) - «Hacbas Prehistóricas de Europa Occidental». COllímbriga, 4:13-35.

PAÇO, A. do (1964)-«Metalurgia e Anâlises Espectro-grâficas.» Anais da Associação Portuguesa de

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SCHUBART, Hermanfrid (1971)-Acerca de la

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Trabajos de Prehistoria, 28, Madrid, pp. 153-182. SCHUBART, Hermanfrid (1975a)-Die Kultur der

Bron-zezeit in Sudwesten der lberischen Halbinsel, Madrider

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Tra-bajos de Prehistoria, 32, Madrid, pp. 79-92.

TAVARES DA SILVA, Carlos e SOARES, Joaquina (1975) - O Bronze do Sudoeste na área de Sines.

Comunicação apresentada ao II Colóquio de Arqueo-logia de Setúbal

(14)

I. I -Aspecto da necrópole de Vale de Carvalho em 1979 (rotos Ricardo Bottino)

(15)

j!

,

I

I

I I ,

(16)

Est. II e III Vaso decorado

..

.

....

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,

(17)

Est. IV - Vaso de carena baixa (v. p. 62), punhal de rebites e furador, ambos de cobre

(18)

Imagem

Abbildung  26,  pp.  164-165)  para as  duas  peças  que  divulgou  e  que  aqui  reproduzimos  (fig
Fig.  1 - Espólio  antigo  do  Monte  de  Vale  de  Carvalho  (segundo  Schubart)  3:5
Fig.  2 - Espólio  proveniente  de  duas  cistas  da  necrópole  do  Monte  de  Vale  de  Carvalho  (2:3)

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