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Bibliotecas escolares: realidades, práticas e desafios para formar leitores

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

RITA DE CASSIA BRÊDA MASCARENHAS LIMA

BIBLIOTECAS ESCOLARES:

REALIDADES, PRÁTICAS E

DESAFIOS PARA FORMAR LEITORES

Salvador – Bahia

2017

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RITA DE CASSIA BRÊDA MASCARENHAS LIMA

BIBLIOTECAS ESCOLARES:

REALIDADES, PRÁTICAS E

DESAFIOS PARA FORMAR LEITORES

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação, da Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor em Educação.

Linha de Pesquisa 2 – Linguagem, Subjetivações e Práxis Pedagógica.

Orientadora: Profa. Dra. Dinéa Maria Sobral Muniz.

Salvador – Bahia

2017

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SIBI/UFBA/Faculdade de Educação – Biblioteca Anísio Teixeira Lima, Rita de Cassia Brêda Mascarenhas.

Bibliotecas escolares: realidades, práticas e desafios para formar leitores / Rita de Cassia Brêda Mascarenhas Lima. – 2017.

285f.

Orientadora: Profa. Dra. Dinéa Maria Sobral Muniz.

Tese (doutorado) - Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Educação, Salvador, 2017.

1. Leitura. 2. Bibliotecas escolares. 3. Incentivo a leitura. I. Muniz, Dinéa Maria Sobral. II. Universidade Federal da Bahia. Faculdade de Educação. III. Título.

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RITA DE CASSIA BRÊDA MASCARENHAS LIMA

BIBLIOTECAS ESCOLARES:

REALIDADES, PRÁTICAS E

DESAFIOS PARA FORMAR LEITORES

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação, da Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor em Educação.

Salvador, 06 de setembro de 2017. Dinéa Maria Sobral Muniz – Orientadora _______________________________ Doutora em Educação pela Universidade Federal da Bahia – UFBA

Universidade Federal da Bahia – UFBA

Maria Helena da Rocha Besnosik ____________________________________ Doutora em Educação pela USP

Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS

Verbena Maria Rocha Cordeiro______________________________________ Doutora em Teoria da Literatura pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul – PUC - RS

Universidade do Estado da Bahia - UNEB

Lícia Maria Freire Beltrão ___________________________________________ Doutora em Educação pela Universidade Federal da Bahia - UFBA

Universidade Federal da Bahia – UFBA

Mírian Sumica Carneiro Reis ________________________________________ Doutora em Teoria da Literatura pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ

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Dedico essa tese aos meus pais! Deles herdei não apenas marcas e aprendizados, mas os princípios e os valores que carrego e que me esforço para materializá-los diariamente!

“Toda pessoa sempre é as marcas das lições diárias de outras tantas pessoas” Gonzaguinha

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais Juvenal Alves Mascarenhas e Anna Brêda Mascarenhas (in memorian), pelos aprendizados, pela retidão, pela certeza de onde os pés deveriam pisar e, sem dúvida, do orgulho que demonstrariam com os passos alcançados.

Ao meu esposo Arlindo Washington Oliveira Lima e a minha filha Sofia Brêda M. Lima, pelo apoio incondicional, pela parceria, pelo cuidado e amor demonstrados ao longo de todo o processo de estudo, pesquisa e escrita. Suas presenças foram motivos para continuar firme na busca de um sonho trilhado juntos.

Aos meus irmãos Tony, Zezé, Alécio, Lula e Luciano e irmãs Mary, Linda, Goi e Mariana (irmã do coração), meu sogro Arlindo Lima, cunhados e cunhadas, sobrinhos e sobrinhas pelo apoio, orgulho, incentivo, pela vibração por cada etapa, pela força contínua e por acreditar que esse sonho era possível!

À minha orientadora profa. Dra. Dinéa Maria Sobral Muniz, por acolher o desafio, por demonstrar interesse no meu objeto de estudo, pelas aprendizagens e vivências das práticas culturais e pela confiança demonstrada. Ao GELING, pela receptividade carinhosa, pelas alegrias compartilhadas, pelos aprendizados trocados, pelo acolhimento singular e pelas viagens para socializações dos percursos e achados da pesquisa.

Ao Núcleo de Leitura Multimeios da UEFS, meu lugar de ancoragem, espaço de estudos, inquietações, amizades e projetos de formação de leitores, minha eterna gratidão.

Agradecimento especial às professoras Maria Helena da Rocha Besnosik, Verbena Maria Rocha Cordeiro, Lícia Maria Freire Beltrão e Maria Isabel de Jesus Sousa pelas leituras cuidadosas, propositivas e pelas valiosas contribuições desde o exame de qualificação.

À professora Mirian Sumica C. Reis, por aceitar participar da banca de defesa. À equipe do Colégio Estadual Juiz Jorge Faria Góes: Flávia Almeida de Araújo, Felipe Freire de Abreu, Paloma de A. Araújo, Danyelle Lima A. Moura, Flávia Maria P. L. Vitório, Raquel Rabello Silva, Silvana Gardênia da Silva S. do Nascimento, Maria Iara do Bonfim de S. Rodrigues, Luciana Albuquerque, Maria do Carmo, Itamara M. Pedra Branca e aos demais, pela receptividade,

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acolhimento, parceria e por permitirem minha inserção nas vivências cotidianas do fazer pedagógico da instituição.

Aos alunos do Colégio Estadual Juiz Jorge Faria Góes, mais especificamente os colaboradores do Grupo de Discussão e do Clube de Leitores, por reacenderem em mim a esperança que as práticas culturais de leitura são práticas vivas e pulsantes entre os jovens. Agradeço pelo carinho e pelas inúmeras experiências compartilhadas.

À professora Alice Gomes A. de Almeida por sua colaboração na pesquisa. Aos funcionários das bibliotecas escolares Redivaldo e Vera, por me acolherem com carinho e pelos francos diálogos.

Aos alunos do Instituto de Educação Gastão Guimarães e da Escola Estadual Georgina Erimann pelos diálogos fecundos e contribuições à pesquisa.

Ao Grupo História Cultural – Priscila Lícia, Fabiola Vilas Boas, Rita Carneiro e Luciene Mota pelas escutas sensíveis, pelos diálogos e trocas de saberes que ajudaram a refrigeram a alma.

Às amigas, Fabiola Vilas Boas e Laureci, pelos ricos momentos de estudos, de pesquisas, de diálogos tecidos ao longo das inúmeras viagens que juntas fizemos, meu eterno agradecimento.

Aos companheiros da UEFS, aqui representados pelos queridos Washington Moura, Malena, Genival Correa e Franz pelo apoio, vibração constante e parceria.

Aos colegas do Departamento de Educação da UEFS e da PROEX – UEFS minha gratidão pelo apoio e incentivo.

Às pedagogas 1988 -1992 pelos cafés literários, pelas trocas, incentivos e carinhos demonstrados ao longo da caminhada.

Às leitoras Ana Carvalho, Carla Luzia, Priscila Lícia, Nancy Gorreti, Ana Angélica, Malena e Verbena pelas escutas e leituras dos rascunhos da produção e suas valiosíssimas contribuições.

Ao NTE 19 e as 76 escolas da rede estadual por permitirem o estudo e colaborar para as informações que este relatório apresenta.

Gratidão aos professores e servidores técnico-administrativos do PPGE – FACED -UFBA pela colaboração, parceria e apoio incondicional.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BCJC Biblioteca Central Julieta Carteado

BE Biblioteca Escolar

CIEAC Centro Integrado de Educação Assis Chateaubriand CEJJFG Colégio Estadual Juiz Jorge Faria Góes

DDE Dinheiro Direto na Escola

DIREC Diretoria Regional de Educação e Cultura

EJA Educação de Jovens e Adultos

EMBASA Empresa Baiana de Águas e Saneamento FACED Faculdade de Educação

FAE Fundação de Assistência ao Estudante

FAPESB Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia FNDE Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação FUNDEB Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação

Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação GELING Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação e Linguagem IDEB Índice de Desenvolvimento da Educação Básica

IFBA Instituto Federal da Bahia

IFLA Federação Internacional de Associações de Bibliotecários e Instituições

INAF Indicador Nacional de Alfabetização Funcional

INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais LDB Lei de Diretrizes e Bases

MÊS Ministério da Educação e Saúde NTE Núcleo Territorial de Educação PCN Parâmetros Curriculares Nacionais PDE Plano de Desenvolvimento da Educação PELL-BA Plano Estadual do Livro e Leitura da Bahia PNBE Programa Nacional Biblioteca da Escola

PNE Plano Nacional de Educação

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PNSL Programa Nacional Sala de Leitura

PROEXT – MEC Programa Nacional de Extensão Universitária do Ministério da Educação

PROEX-UEFS Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Estadual de Feira de Santana

PROLER Programa Nacional de Incentivo à Leitura REDA Regime Especial de Direito Administrativo

RCNEI Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil SUCAB Superintendência de Construções Administrativas da Bahia TLD Tertúlias Literárias Dialógicas

UEFS Universidade Estadual de Feira de Santana UFBA Universidade Federal da Bahia

UFRB Universidade Federal do Recôncavo da Bahia UNEB Universidade do Estado da Bahia

UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Estante da Biblioteca Anexa (Sala da Gestora) ... 122

Figura 2 Roda de leitura no pátio da escola ... 152

Figura 3 Tabela Periódica confeccionada com brigadeiros ... 192

Figura 4 Tertúlia Literária Dialógica ... 194

Figura 5 Vivência da Tertúlia Literária Dialógica ... 202

Figura 6 Instalação do Clube de Leitura ... 222

Figura 7 Leitura do Conto – O colar de diamantes ... 224

Figura 8 Reunião do Clube de Leitura (março/2017) ... 224

(11)

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 ... 105

Gráfico 2 ... 106

(12)

LISTA DE TABELA TABELA 1 ... 98 TABELA 2 ... 110 TABELA 3 ... 111 TABELA 4 ... 135 TABELA 5 ... 138 TABELA 6 ... 148

(13)

LISTA DE MAPA

MAPA 1 ... 93

(14)

SUMÁRIO

1. TESSITURAS INICIAIS DA PESQUISA ... 18

2. AS BIBLIOTECAS ESCOLARES NO BRASIL: UMA HISTÓRIA A SER CONTADA 36 2.1. ENTRE RASTROS E MEMÓRIAS: A BIBLIOTECA ESCOLAR EM MINHA FORMAÇÃO ... 37

2.2.DE VISTOSOS PRÉDIOS A MODESTAS ARQUITETURAS DAS BIBLIOTECAS: UM DESAFIO À DEMOCRATIZAÇÃO DA ESCOLA PÚBLICA... 48

2.3. BIBLIOTECA ESCOLAR E SUAS MÚLTIPLAS CONCEPÇÕES ... 56

2.4. BIBLIOTECA ESCOLAR COMO EQUIPAMENTO SOCIAL E LUGAR DE PRÁTICAS DE SOCIABILIDADE ... 64

2.5. NOTAS SOBRE AS BIBLIOTECAS NAS PRIMEIRAS DÉCADAS DO SÉCULO XX EM FEIRA DE SANATANA ... 69

2.5.1 Um breve passeio pela capital ... 69

2.5.2 Biblioteca Municipal Arnold Ferreira da Silva (1890 ... 70

2.5.3 Biblioteca da Pia União das Filhas de Maria (1915) ... 74

2.5.4 Biblioteca da Escola Normal de Feira de Santana (1938) ... 78

2.5.5 Biblioteca do Ginásio Santanópolis (1940, data aproximada) ... 79

3. CAMINHOS METODOLÓGICOS: ENTRE ESCOLHAS E SENTIDOS ... 81

3.1 DETALHANDO ANDANÇAS, SOCIALIZANDO PROCESSOS ... 91

3.2 OS COLABORADORES DA PESQUISA: POR UMA RELAÇÃO DE CUMPLICIDADE ... 99

3.3 ENTRE-LINHAS DAS BIBLIOTECAS ESCOLARES DA REDE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA ... 104

4. CARTOGRAFIA DE LEITURA: O QUE LEEM OS ALUNOS DA REDE ESTADUAL DE ENSINO DE FEIRA DE SANTANA-BA ... 116

(15)

4.2 COM A PALAVRA OS ALUNOS DA ESCOLA ... 125 4.2.1 Quando a biblioteca escolar é um dos poucos espaços

de acesso à leitura. ... 126

4.2.2 Práticas de Leitura reveladas no cotidiano das escolas ... 137 4.2.3 Quando as bibliotecas são invisíveis aos olhos dos

alunos ... 153

4.2.4 A biblioteca como lugar de encontros ... 170 4.3 O LUGAR DOS MEDIADORES DE LEITURA ... 176 5. A BIBLIOTECA ESCOLAR NA FORMAÇÃO LEITORA DOS ALUNOS:

DIÁLOGOS E PERCEPÇÕES ... 183

5.1 – A EXPERIÊNCIA NO COLÉGIO ESTADUAL JUIZ JORGE FARIA

GÓES: ENTRE SABERES, SABORES E APRENDIZAGENS ... 186 5.2 AS TERTÚLIAS LITERÁRIAS DIALÓGICAS – UM JEITO PRÓPRIO

DE FAZER A “ESCOLA TODA RESPIRAR LEITURA” ... 193 5.3 NARRATIVAS DE PROFESSORES: HISTÓRIAS DE LEITURA EM

FOCO ... 207 5.3.1 A formação de leitores como herança familiar ... 208 5.3.2 A formação de leitores como responsabilidade

interdisciplinar ... 214

5.3.3 A gestão democrática como pilar de uma política de

formação de leitores ... 225

5.3.4 A Biblioteca Escolar como espaço de múltiplas

aprendizagens ... 230

6. BIBLIOTECAS ESCOLARES COMOESPAÇOS PARA FORMAÇÃO DE

LEITORES ... 240 7. REFERÊNCIAS ... 247 ANEXOS ... 261

(16)

RESUMO

A tese intitulada “Bibliotecas Escolares: realidades, práticas e desafios para formar leitores” objetiva iniciar o debate sobre o cotidiano e a cultura escolar no que se refere às condições de funcionamento e uso da biblioteca escolar (BE) por alunos da rede pública estadual do município de Feira de Santana, na Bahia. A pesquisa, de abordagem qualitativa de inspiração etnográfica, utiliza como referencial teórico estudos realizados por pesquisadores do campo da História Cultural e da História da Leitura, Chartier (2001), Burke (2008), Hebrard (2001), Manguel (1997), Abreu (2005) etc., e os estudos sobre a biblioteca escolar, Moraes (2006), Souza (2009), Milanesi (2013), dentre outros. Por ter optado por uma pesquisa de inspiração etnográfica os instrumentos e/ou procedimentos utilizados para geração dos dados foram: observação participante, diário de campo, entrevista narrativa e grupo de discussão com gestores, professores e/ou alunos. A imersão no campo de pesquisa, além de revelar as singularidades da cultura e do cotidiano escolar de cada espaço, apontou para o fato de que o cenário encontrado em bibliotecas escolares da rede estadual feirense não difere de outros estudos apresentados. A ausência do profissional mais especializado, o bibliotecário, e o pouco investimento na formação de outros mediadores para atuarem nos espaços da BE, têm contribuído para um quadro de esvaziamento e de desuso desse equipamento em muitos espaços pertinentes. Entretanto, a contrapelo desse cenário encontrado, a pesquisa mostrou que, mesmo com as condições de funcionamento muito aquém do necessário, há indícios de que mudanças vêm acontecendo no interior das escolas, a exemplo das Tertúlias Literárias Dialógicas, uma prática que vem se configurando como alternativa que concorre para a formação de leitores. A pesquisa indica, ainda, a urgente necessidade de lutas para consolidação de políticas públicas de leitura e de revitalização dos espaços físicos da BE como contributo de grande valia para a construção de um ensino de melhor qualidade.

Palavras-chave: Bibliotecas escolares; Formação do leitor; Mediadores de leitura; Tertúlias Literárias Dialógicas.

(17)

ABSTRACT

This thesis named "School Libraries: realities, practices and challenges to form readers" aims to initiate the debate on everyday life and school culture, regarding the conditions of operation and use of the school library (SL) by students of the state public schools of Feira de Santana in Bahia. This is a , qualitative approach of ethnographic inspiration research, which uses, as a theoretical reference, studies conducted by researchers in the field of cultural history and the history of reading, such as Chartier (2001), Burke (2008), Hebrard (2001), Manguel (1997), Abreu (2005) etc, and studies on the school library by Moraes (2006), Souza (2009), Milanesi (2013), among others. For choosing an ethnographic approach, the instruments and/or procedures used for generating data were: participant observation, field diary, narrative interview and discussion group with managers, teachers and/or students. The immersion in the field of research, in addition to revealing the singularities of the culture and the everyday school of each space, pointed to the fact that the scenario found in school libraries of the Feirense state network if public schools does not differ from other studies presented. The absence of the most specialized professional, the librarian, and the little investment in the formation of other mediators to act in the spaces of SL, have contributed to a framework of emptiness and disuse of this equipment in many pertinent spaces. However, the counteraccount of this scenario found, the research has shown that, even with lack of necessary operational conditions, there are indications that changes have been happening inside the schools, for example of the Tertulias, that is, literary dialogical reading , a practice that has been setting up as an alternative that competes for the formation of readers. The research also indicates the urgent need for fights for consolidation of public policies for reading and revitalisation of be's physical spaces as a contribution of great value to the construction of better quality education.

Keywords: school libraries; Reader formation; Reading mediators; Tertulias literary dialogical.

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1. TESSITURAS INICIAIS DA PESQUISA

Há que buscar a si mesmo na experiência do outro e inteirar-se dela. Tal movimento atenua as fronteiras e a palavra fertiliza o encontro. (QUEIRÓS, 1999, p.23)

Pesquisar! O que move esse desejo?

A intenção de uma pesquisa nasce de uma inquietação, de um desejo e/ou de uma falta que nos mobiliza a querer compreender sobre determinada situação ou objeto de estudo.

O exercício da docência, mais especificamente, no ensino superior, impõe, a cada dia, a necessidade de ampliar conhecimentos, percursos e experiências sociopedagógicas, afetivas, políticas, acadêmicas. Como acentua Queirós (1999) é na busca da experiência do outro, nos encontros e desencontros que nos constituímos diariamente. E foi acreditando na possibilidade de aliar essa exigência profissional e acadêmica ao desejo de ampliar o processo formativo pessoal e profissional que busquei em 2005 concorrer a uma vaga no Programa de Pós-graduação em Educação e Contemporaneidade – campus I – Universidade do Estado da Bahia – UNEB. No mestrado, sob a orientação da profa. Dra. Verbena Maria Rocha Cordeiro, pesquisamos as práticas culturais de leitura e o perfil leitor de professores egressos de curso de formação em serviço. A oportunidade de pesquisar as itinerâncias e histórias de leitura de professores que atuavam na zona rural do município de Jaborandi-Bahia foi de extrema relevância para compreendermos que as histórias e práticas culturais de leitura estão para além dos espaços formais de ensino. O estudo revelou, por entre histórias, práticas culturais e representações de leitura de professores rurais, que é possível mapear e conhecer modos e percursos de leitura, influências e marcas deixadas ao longo de cada história. Porém, acima de tudo, pelo estudo, foi possível concluir que as políticas públicas de leitura, mesmo reconhecendo que carregam boas intenções e sejam projetos bem elaborados, infelizmente têm contribuído pouco para a efetiva formação de leitores. O estudo feito revelou ainda que há um imenso abismo entre o que se proclama e o que efetivamente se cumpre.

A pesquisa permitiu, além do mais, “desvelar as marcas de um tempo, de um povo que, à revelia das condições postas e (im)postas, escreve e demarca outras possibilidades e outras práticas leitoras” (LIMA, 2008, p.104). E assim,

(19)

descobrimos com as histórias recolhidas e os perfis traçados, indícios de que há ainda muito o que se pesquisar. E, movida por essa inquietação busquei, ainda em 2008, a inserção no Núcleo de Leitura Multimeios da Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS1

. A vinculação ao Núcleo me assegurou a participação intensa em projetos de pesquisa, de extensão e no aprofundamento teórico das questões ligadas à história da leitura, práticas culturais de leitura e as múltiplas formas e modos de ler.

Como pesquisadora e membro do Núcleo, coordenei por quatro (4) anos o Projeto de Extensão – Leitura Itinerante: uma alternativa de mobilização de leitores. Tal projeto teve como objetivo principal “ampliar a concepção de leitura, considerando as múltiplas linguagens e as suas ferramentas tecnológicas, bem como promover e socializar com os alunos das escolas públicas o acesso aos livros de literatura, permitindo a concretização de um direito de todos à leitura literária”. Como campo de atuação do mencionado projeto, as escolas públicas municipais e estaduais foram os espaços onde as ações foram concentradas prioritariamente. Atuamos, por vários anos consecutivos, na Escola Estadual Irmã Rosa Aparecida, também conhecida por Dispensário Santana em Feira de Santana-BA, tanto com a presença de bolsista de extensão desenvolvendo suas ações no espaço da sala de aulas, com planos de trabalho com foco na formação de leitores, utilizando a metodologia dos Círculos de Leitura, como na formação continuada dos professores da escola.

O Núcleo de Leitura atento às mudanças de perfis, modos, maneiras e gostos pela leitura que hoje a sociedade demanda, desenvolveu no período de 2008 a 2011 o Projeto de Pesquisa – Perfil leitor – um estudo de caso no Colégio Estadual de Feira de Santana2. Com esta pesquisa tínhamos como objetivos: Traçar um perfil

do professor leitor e do aluno leitor da escola pública no Colégio Estadual de Feira de Santana; Analisar a constituição do leitor contemporâneo (professor e aluno); Analisar as representações que os sujeitos pesquisados constroem sobre leitores e leitoras e práticas de leitura, para compreender como são viabilizadas situações de leitura nos espaços formais de aprendizagem, no caso desse estudo, no referido

1 O Núcleo de Leitura Multimeios da UEFS foi criado no início da década de 1990 com intuito de

articular as ações do PROLER no município, assim como desenvolver atividades sistemáticas de formação de leitorese atualmente desenvolve ações de pesquisa e extensão na UEFS, nas escolas da Educação Básica e em espaços não-formais.

2

Projeto de Pesquisa financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia - FAPESB.

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Colégio, além de investigar sobre as práticas leitoras realizadas na unidade de ensino envolvida.

Estas atividades acadêmicas de extensão e pesquisa, além das itinerâncias nas escolas, mais precisamente para acompanhar as atividades de ensino ligadas à disciplina Estágio Supervisionado das Licenciaturas da Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS, impulsionaram-me a tecer um olhar sobre o cotidiano e a cultura escolar com mais acuidade no que tange às práticas de leitura.

E foi assim, imersa no interior das escolas, que me interessei por descortinar o cenário escolar, o cotidiano, as condições de funcionamento, as práticas e percepções sobre o ambiente escolar e, mais precisamente, sobre a biblioteca escolar e sua relação com a formação de leitores.

Nas visitas de acompanhamento aos alunos de estágio e nas ações de extensão e de pesquisa a presença da biblioteca costumava ser um aspecto que me enchia os olhos. A sua ausência inquietava-me tanto quanto me instigava saber de que modo esse espaço integrava as atividades pedagógicas da escola, como era utilizada, quem o visitava e quais as dificuldades de fazê-lo funcionar. Entre outras, essas eram as questões que alimentavam a minha curiosidade acadêmica e científica.

Quando, em 2011, realizamos na UEFS o 1.º Seminário sobre Bibliotecas Escolares3, evento organizado pelo Projeto de Extensão Biblioteca Esperança, sob a

coordenação do prof. Flávio França, lotado no Departamento de Ciências Biológicas/UEFS, e o Projeto de Extensão Leitura Itinerante – uma alternativa de mobilização de leitores, sob a minha coordenação, tínhamos como objetivo ampliar a discussão sobre as bibliotecas escolares, conhecer suas dificuldades e construirmos perspectivas de atuação nesses espaços, tanto em caráter de pesquisa quanto de intervenção. Nesse evento reuniram-se profissionais da Educação Básica do município de Feira de Santana que atuavam nas bibliotecas escolares (BE)4, quando

foi possível escutar sobre suas vivências nestes espaços, suas inquietações, frustrações e expectativas.

As realidades socializadas durante o evento não revelaram um cenário diferente do apresentado pelos discursos comuns cotidianos:

3 Seminário apoiado pelo Programa de Extensão Universitária - PROEXT – MEC.

(21)

Na minha escola a biblioteca funciona como depósito de livros. A biblioteca fica a maior parte do tempo fechada por falta de um funcionário especializado e ou com função específica.

Na escola que trabalho a biblioteca não funciona.

Nem sei se posso chamar de biblioteca o espaço que temos na escola...

Esses depoimentos, entre tantos outros muito similares, reacenderam o desejo de pesquisar sobre as BE, mais especificamente a realidade e o cotidiano desses espaços, suas estruturas e condições de funcionamento; suas práticas, as percepções dos professores e alunos sobre o papel que exercem na formação leitora dos alunos, além de analisar a contribuição das políticas públicas que tratam das BE no fazer pedagógico e nas práticas escolares.

Motivada por esse desejo, busquei uma primeira aproximação com o Programa de Pós-graduação em Educação da UFBA. Em 2011, inscrevi-me para a seleção de aluno especial da disciplina O texto e as práticas pedagógicas5, e em

2012 concorri a uma vaga para a disciplina Gramática e Ensino6, ambas oferecidas

pela professora Dra. Dinéa Maria Sobral Muniz. As disciplinas apontavam nas ementas para possibilidades de aprofundar os marcos teóricos sobre as práticas de leituras e sobre a formação docente e de leitores. Esses estudos preliminares foram fundamentais para a delimitação do meu objeto de investigação – Realidades e Cotidianos das Bibliotecas Escolares da rede estadual de Feira de Santana-BA. As leituras propostas, socializadas, outras indicadas e amplamente discutidas, bem como o acolhimento quanto às inquietações de possíveis pesquisas, com foco na história da leitura e na formação de leitores, se configuraram naquele momento como possibilidade de novos olhares.

Quando lançado o Edital n.º 01 de 26/06/2013, de seleção para alunos regulares do Programa de Pós-graduação em Educação – FACED/UFBA, para ingresso em 2013.2, veio junto o desejo de concorrer a uma vaga para o doutorado em educação e assim, continuar investindo na formação profissional e acadêmica. Afinal, depois de quase cinco (5) anos assumindo a Coordenação de Extensão da

5

Ementa: O texto e as práticas pedagógicas - O texto como principal fonte de formação de um cidadão inteligente, informado, ético e sábio. As práticas pedagógicas de constituição do sujeito leitor e produtor de texto. Estudo da teoria do texto, da relação texto-leitor e da constituição de significados textuais na pedagogia.

6

Ementa: Gramática e Ensino - A relação entre conhecimento de gramática e educação. Concepções de gramática e ensino de língua materna. Língua oral, língua escrita e ensino de gramática na Escola Básica. Reflexões sobre métodos de ensino de gramática no Ensino Fundamental e Médio. Práticas pedagógicas de constituição do sujeito leitor e produtor de textos gramaticalmente constituídos

(22)

Pró-Reitoria de Extensão – PROEX/UEFS, coordenando projeto de pesquisa e extensão e atuando na docência, compreendia a necessidade e importância de alcançar outros horizontes e ampliar meu processo formativo profissional, pois como afirma Freire (1996), “Onde há vida, há inacabamento” (p. 55).

Vê-se assim que uma certa inquietação sobre o uso do espaço das bibliotecas escolares vem me acompanhando faz algum tempo. Nas diversas vivências pedagógicas, desde a Educação Básica como docente do Curso de Magistério para as séries iniciais, e posteriormente no ensino superior, onde atuo desde 2001, tem chamado minha atenção o incipiente uso dos espaços das bibliotecas escolares, nas instituições públicas, no processo formativo dos alunos. Em muitas escolas pesquisadas inexiste a biblioteca escolar, e quando existe tem sido um espaço pouco articulado com as demais ações da escola. Essas constatações vêm me mobilizando a investir no entendimento mais profundo da realidade da BE e sua contribuição na formação dos alunos leitores.

Na literatura muitos são os escritores, professores, pesquisadores brasileiros e estrangeiros que atribuem à biblioteca a sua iniciação no mundo da leitura, das artes, da inserção social mais efetiva. Entretanto, a realidade brasileira vem nos mostrando a cada dia que, mesmo com todos os investimentos oficiais de programas que visam a inserção do livro nos espaços escolares, a exemplo do Programa Nacional Biblioteca da Escola - PNBE7, e de ações como

Literatura em minha casa8, dentre outros, ainda é muito tímida a presença da BE nas escolas brasileiras, em especial na rede estadual baiana. Segundo dados recolhidos pela 4.ª Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil (2016)9, das pessoas entrevistadas, 66% admitiram não frequentar as bibliotecas, 14% vão raramente, 15% às vezes e apenas 5% sempre. Esses dados revelam como no Brasil ainda é bem limitada a busca pelo espaço da biblioteca por grande parte da população.

7

O Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE), desenvolvido desde 1997, tem o objetivo de promover o acesso à cultura e o incentivo à leitura dos alunos e professores por meio da distribuição de acervos de obras de literatura, de pesquisa e de referência. Ver portal.mec.gov.br

8

PNBE 2001 – Denominado “Literatura em minha Casa”, o acervo foi composto por seis coleções diferentes, cada uma com cinco títulos: poesia de autor brasileiro, conto, novela, clássico da literatura universal e peça teatral. Pela primeira vez, as coleções foram entregues aos alunos para levarem para casa. A ideia do programa foi incentivar a leitura e a troca dos livros entre os alunos, além de permitir à família do estudante opção de leitura em casa. As escolas também receberam quatro acervos para sua biblioteca.

9 1.ª Edição, organizada por RIBEIRO, Vera Masagão (Org.) Letramento no Brasil: reflexões a partir

(23)

Dados semelhantes já haviam sido publicados pelas edições anteriores da Pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”10

e na edição organizada por Amorim (2008), livro que tem o mesmo nome da pesquisa; aponta que no Brasil “leitores frequentam bibliotecas, basicamente durante a vida escolar (46% dos alunos não têm esse hábito). Apenas 1 em cada 4 estudantes frequenta bibliotecas públicas municipais” (p. 208). Os dados revelam ainda que “o uso de bibliotecas diminui com o fim da vida escolar: cai de 62% entre adolescentes para menos de 20% na fase adulta; 12% aos 50 anos; até chegar aos 3% acima de 70 anos” (AMORIM, 2008, p.208).

A ausência de bibliotecas desde as escolas da educação infantil e as frágeis condições de funcionamento desse equipamento, bem como a falta de política de dinamização de seu acervo onde ele existe, são formas desestimuladoras do costume de frequentar bibliotecas em pleno século XXI. No Brasil, a busca pela biblioteca como lugar onde se costuma ler livros, aparece na terceira edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil (2012)11, em quarto lugar. 93% dos

entrevistados optaram pelo espaço da casa; 33% pela sala de aula; 13% pelo trabalho e apenas 12% na biblioteca. Esse resultado sofre variação na quarta edição da mesma pesquisa, quando a biblioteca passa a ocupar o terceiro lugar (19%). Essa variação de 12% para 19% dos que elegeram a biblioteca como espaço para leitura pode sinalizar um possível aumento dos frequentadores às bibliotecas e não apenas de estudantes em fase escolar.

No caso do Brasil, esse cenário é preocupante se compararmos com a Grã-Bretanha, em que no século XIX, mais precisamente em 1850, já havia uma lei que assegurava “o direito às municipalidades de impor um penny de imposto local para financiar a instalação de bibliotecas” (LYONS, 1999, p.185). Para efeito de maior compreensão sobre o impacto de uma lei como essa, Lyons afirma que “Isso permitiu que a Grã-Bretanha tivesse um sistema de bibliotecas públicas descentralizadas sem equivalente em outros países, e que por volta de 1908, existiam 553 instituições municipais desse tipo em seu território” (p.185). Sem dúvida, experiências e compreensões dessa natureza reforçam a defesa feita por Goulemot (2011), professor e pesquisador francês, acerca de ser a biblioteca

10 2.ª edição organizada por AMORIM, Galeno. Retratos da Leitura no Brasil. São Paulo: Imprensa

Oficial: Instituto Pró-Livro (IPL), 2008.

11

3.ª edição FAILLA, Zoara (Org.) Retratos da Leitura no Brasil 3. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo: Instituto Pró-Livro (IPL), 2012.

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concebida “não somente como depósito de livros e lugar de leitura, mas também como lugar de aprendizado e de sociabilidade” (p. 08). Assim, reservando as singularidades e peculiaridades das histórias políticas, sociais e culturais de cada país, percebemos que, no Brasil, só muito tardiamente é que começamos a nos ocupar com políticas efetivas de formação de leitores. Motivo que justifica a realização desta pesquisa, pois consideramos ser de grande relevância o papel que as bibliotecas vêm exercendo, ao longo da história, na formação estética, política e social dos sujeitos leitores (GOULEMOT, 2011; SANCHES NETO, 2004; entre outros).

Com o desenvolvimento da pesquisa, busco conhecer e visibilizar histórias, experiências e aprendizagens de leitura oriundas desses espaços, as quais possibilitarão o conhecimento do cotidiano e das práticas leitoras das bibliotecas escolares da rede pública estadual de ensino de Feira de Santana12. É importante

salientar que este estudo pretende contribuir para a sistematização de dados, ainda inexistente, sobre as bibliotecas escolares da rede estadual no município, pois no cenário nacional há pesquisas e estudos que ora passo a apresentar brevemente.

No esforço de tomar às mãos e contramãos essa história, foi necessária uma imersão nas pesquisas, prioritariamente as teses e produções (livros e artigos) no Brasil que tentam inventariar as teorias e as práticas sobre a temática em foco. Ao elencar alguns pesquisadores, sem dúvida, deixo à margem tantos outros que também enveredam e tecem fios dessa história. Portanto, já adianto que corro o risco de não esgotar o levantamento e a revisão de todas as produções já realizadas sobre a temática.

Ezequiel Theodoro da Silva, estudioso, militante e referência importante para todos que buscam aprofundar a temática das bibliotecas escolares, nos apresenta um conjunto de obras como Leitura na escola e na biblioteca (1986); Elementos da Pedagogia da Leitura (1998); Leitura na escola (2008), entre outras, em que

12

Feira de Santana é o 2º maior município do Estado da Bahia, ficando atrás apenas da capital. Possui, aproximadamente, 600 mil habitantes e, segundo o censo 2015 , oferece 01 escola da rede federal, 74 escolas da rede estadual, 112 da rede municipal, 114 escolas da rede particular para atendimento à Educação Básica (Ensino Regular, Especial e/ou EJA) http://portal.inep.gov.br/web/guest/sinopses-estatisticas-da-educacao-basica.

Dados publicados pelo IDEB – 2015 apontam que as escolas municipais e estaduais de Feira de Santana – Bahia atingiram os índices de desempenho respectivamente de 4,0 e 3,8 para a 4ª série e para a 8ª série na rede municipal 3,5 e estadual 3,1. A meta prevista para a 4ª série na rede municipal era de 4,2 e a da 8ª série era 4,0. Na rede estadual as metas eram 4,4 (4.ª série) e 3,0 (8.ª série) segundo http://ideb.inep.gov.br/resultado/

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apresenta um novo estatuto e cenário vivenciado pelos bibliotecários, concepções de leitura e análises sobre as políticas públicas de leitura.

Na primeira obra, Leitura na escola e na biblioteca (1986), o autor discorre que “os bibliotecários começaram uma profunda reflexão sobre os objetivos e os limites de suas práticas”, ou seja, tecem reflexão sobre o seu papel social e dos currículos oferecidos pelos seus cursos de graduação. Sobre a inexistência de bibliotecas o autor faz uma reflexão mais crítica sobre esta situação e afirma que não há neutralidade na falta de investimentos; pelo contrário, são projetos com intencionalidade bem definida. Esse pesquisador, além das obras publicadas, tem grande contribuição na história de leitura e das bibliotecas no País, quando, em parcerias com inúmeros outros estudiosos e pesquisadores, organizam o maior Congresso de Leitura do Brasil – COLE, que em 2016 realizou a 20.ª edição.

A obra intitulada Miséria da biblioteca escolar (2003), produzida por Waldeck Silva, fruto da sua dissertação de mestrado (1989-1991), objetiva “investigar se os livros de didática indicados aos alunos de licenciatura nas universidades tratavam do uso da biblioteca escolar como recurso de ensino/aprendizagem”. Nas suas itinerâncias de pesquisa descobre que a palavra silêncio é a melhor que simboliza a situação atual das bibliotecas escolares. Para ele, “[...] a biblioteca escolar no Brasil está praticamente morta, faltando apenas enterrá-la” (2003, p. 13). Com os resultados encontrados em sua pesquisa o autor acaba denunciando a situação de pouco prestígio que este espaço vem ocupando, tanto entre os estudiosos quanto entre as políticas públicas. Sua pesquisa tem sido, ainda nos dias atuais, uma importante referência no que tange às análises e reflexões sobre o uso e do papel social, político e educativo que estes espaços ocupam na nossa sociedade.

As contribuições oriundas das reflexões apontadas pela pesquisadora e bibliotecária Graça Maria Fragoso têm sido relevantes para pensarmos as ações, concepções e papéis que atualmente o bibliotecário vem assumindo e os desafios que os cercam nesse cenário atual, além de nos alertar sobre os graves problemas pelos quais passam as concepções e práticas das bibliotecas escolares. A autora reafirma em algumas das suas publicações a necessidade urgente e gritante de pensar a BE como equipamento pedagógico.

Assim como Fragoso, muitas têm sido as preocupações de estudiosos que elegeram a Biblioteca Escolar como tema de estudos e análise. Na obra organizada por Renata Junqueira Souza – Biblioteca Escolar e Práticas Educativas – são dez

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artigos que tematizam a BE, reunindo quinze estudiosos preocupados em teorizar sobre a situação das BEs, mas, acima de tudo, acenar com possibilidades de pensar o cotidiano, o potencial formador de leitor e as políticas e programas voltados às BEs.

Outras publicações encontradas sobre biblioteca escolar são oriundas de artigos e pesquisas desenvolvidas em programa de pós-graduação, tanto em nível de mestrado (dissertações) quanto em doutorado (teses). A publicação denominada de Pesquisas sobre biblioteca escolar no Brasil: o estado da arte, desenvolvido por sete pesquisadores brasileiros da temática em estudo, nos oferece um mapeamento importante sobre as produções geradas no período de 1975 a 2011 acerca da biblioteca escolar. O estudo teve como objetivo geral estabelecer o estado da arte da pesquisa sobre biblioteca escolar no Brasil e como objetivos específicos identificar: as categorias de assuntos pesquisados dentro do tema biblioteca escolar; o embasamento teórico-conceitual das pesquisas; as metodologias e técnicas utilizadas e os resultados e as conclusões dos estudos. Foram definidas seis categorias para análise:

Categoria 1: Biblioteca escolar como espaço de aprendizagem. Nesta categoria foram encontrados 11 estudos, sendo quatro teses, a saber: Biblioteca interativa concepção e construção de um serviço de informação em ambiente escolar, defendida em 1998 por R. K. O. F. Amaro na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo; Biblioteca escolar no Brasil: reconceituação e busca de sua identidade a partir de autores do processo ensino-aprendizagem, defendida na Faculdade de Educação na Universidade de São Paulo (Doutorado em Educação), em 1998, por W. A. Antunes; Letramento informacional no Brasil: práticas educativas de bibliotecários em escolas de ensino básico, produzida por Bernadete Santos Campello na Escola de Ciência da Informação na Universidade Federal de Minas Gerais (Doutorado em Ciência da Informação), em 2009; A ordem informacional dialógica: estudo sobre a busca de informações em Educação, defendida por Ivete Pieruccini em 2004 na Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (Doutorado em Ciência da Informação e Documentação).

Categorias 2, Integração professor/bibliotecário; 3, Estudos de usos e usuários e 4, Coleção. Foram localizados respectivamente oito, treze e seis trabalhos, mas nenhum defendido como tese de doutorado.

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Categoria 5: Leitura. Dos 17 estudos encontrados, dois foram defendidos como teses de doutorado. São: Uma leitura... da leitura na escola de primeiro grau, realizado por M. H. A. Magalhães na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (Doutorado em Educação), em 1992, e Olhares entrecruzados: prática da leitura na escola e na biblioteca do Centro Educacional Carneiro Ribeiro, defendido por M. I. J. Sousa, na Universidade Federal da Bahia em 2007 (Doutorado em Educação).

Categoria 6: Pesquisa escolar. Dos 15 estudos mapeados apenas uma foi tese de doutorado: Pesquisa escolar nas séries iniciais do Ensino Fundamental: bases para um desempenho interativo entre sala de aula e biblioteca escolar, defendida por I. C. B. Neves no Doutorado em Ciência da Informação e Documentação na Universidade de São Paulo em 2000.

Esse estado da arte sobre biblioteca escolar no período de 1975 a 2011 mostra um significativo crescimento pelos estudiosos da educação pelo interesse em pesquisar sobre biblioteca escolar, pois dos 70 documentos selecionados para análise, sete foram teses de doutorado, sendo quatro em Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação e Documentação e três em Pós-Pós-graduação em Educação, correspondendo a aproximadamente 42,8%. É possível intuir que esse aumento se dá em virtude da compreensão do papel relevante que a biblioteca escolar pode assumir no processo formativo do aluno leitor.

A priorização por teses de doutorado dá-se por entendermos os limites de revisão desse trabalho. No entanto, é salutar apresentar a dissertação intitulada “Herdando uma biblioteca: uma investigação sobre espaços de leitura em uma escola da rede pública estadual”, de autoria de Edileide da Silva Reis do Carmo, defendida no Instituto de Letras da UFBA, no Programa de Pós-Graduação em Língua e Cultura, sob a orientação da professora Dra. Edleise Mendes, em 2012, por ser a única encontrada, durante a revisão, que tem como campo de pesquisa escolas na Bahia, mais especificamente, uma escola situada em Salvador - capital do estado. Esta pesquisa teve como objetivo “discutir aspectos relativos à formação de leitores, apontando fatores que favorecem ou não o desenvolvimento de competências leitoras dos educandos, e tomando a biblioteca escolar como espaço que poderá contribuir com a melhoria significativa da realidade encontrada, a partir da adoção de práticas de ensino-aprendizagem de leitura”. A autora evidenciou como um dos resultados da pesquisa que “práticas leitoras são pouco desenvolvidas

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em diferentes ambientes educativos, como a sala de aula e a biblioteca, e que os recursos destinados para a BE tem sido mal gerenciados e aproveitados”. Este estudo soma-se às preocupações recentes no que tange à necessidade da escola, e mais precisamente da biblioteca escolar assumir um papel mais efetivo como equipamento pedagógico no processo de formação de leitores.

O estudo intitulado Avaliação das Bibliotecas Escolares no Brasil, realizado pelo Ministério da Educação em 2011, com intuito de avaliar os resultados obtidos pelo Programa Nacional Biblioteca da Escola, se configura como um importante documento que publiciza a avaliação diagnóstica do PNBE. O estudo, de caráter qualitativo, abrangeu 8 estados, 19 municípios, 196 escolas e 1.087 indivíduos. No entanto, visando atender ao desenho do modelo de Amostragem Multiestágios, foram selecionadas grandes regiões geográficas; um estado em cada região geográfica; municípios em cada estado com dois critérios qualitativos: sempre incluir a capital do estado e um ou mais municípios em um raio de 100 km da capital (em geral, da região metropolitana). No caso específico da Bahia, foram selecionados Salvador e Camaçari.

Feita essa breve revisão do estado da arte sobre as bibliotecas escolares, e confirmando a lacuna de pesquisas que aprofundam as condições de funcionamento e as práticas de leitura desenvolvidas no interior das bibliotecas escolares na rede estado de ensino do município de Feira de Santana, esta pesquisa justifica sua realização.

Assim, a incursão pelo campo das políticas em educação, mais especificamente das políticas voltadas para a construção, manutenção e revitalização de bibliotecas escolares, se configura como uma meta, tendo em vista a necessidade de compreender o impacto da política do PNBE na cultura escolar e, mais especificamente, na aproximação dos alunos ao acervo disponibilizado e na recepção de obras literárias por esses alunos.

Nesse contexto, torna-se relevante salientar que, no tocante às políticas e programas em educação, o Brasil realizou, nos últimos 30 anos, investimentos crescentes, a exemplo da elaboração de documentos, diretrizes e parâmetros visando a prática educativa. Da década de 80 até os dias atuais, podemos elencar alguns documentos oficiais produzidos pelo Ministério da Educação e distribuídos amplamente para todas as escolas públicas do país, a exemplo dos Parâmetros

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Curriculares Nacionais (PCN)13, os Referenciais Curriculares Nacionais da Educação

Infantil (RCNEI)14, a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), n.º 9.394/9615, Plano Nacional de Educação (PNE)16; Políticas de Formação de Leitores17, entre outras.

No que se refere às políticas especialmente voltadas para a formação de leitores,

As primeiras ações voltadas para a biblioteca escolar e para o incentivo à leitura e à formação de leitores, como o Programa Salas de Leitura, tiveram início nos anos 80 e se caracterizaram pelo atendimento assistemático e restrito a escolas com determinadas faixas de matrícula, definidas previamente a cada ano de atendimento. (BERENBLUM, 2009, p.11)

Essas iniciativas foram importantes, pois objetivavam “proporcionar melhores condições de inserção dos alunos das escolas públicas na cultura letrada, no momento de sua escolarização”, conforme declara Berenblum (2009, p. 10). No entanto, os estudos, as práticas e as vivências cotidianas demonstram que não basta a elaboração de documentos. Faz-se necessário investimento, tanto na formação dos professores leitores quanto na infraestrutura das escolas, se o intuito é o de criar ambientes adequados, acolhedores e propícios ao encontro com a leitura.

Algumas obras publicadas recentemente, como Literatura fora da caixa, organizado por Aparecida Paiva (Editora UNESP), e Biblioteca escolar e práticas

13

Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1997. É uma coleção de dez volumes organizados em: um documento Introdução; seis documentos referentes às áreas de conhecimento: Língua Portuguesa, Matemática, Ciências Naturais, História, Geografia, Arte e Educação Física; três volumes com seis documentos referentes aos Temas Transversais (Ética, Pluralidade Cultural e Orientação Sexual, Meio Ambiente e Saúde). Os PCNs constituem um referencial para a educação no Ensino Fundamental em todo o país. A que se dizer que, mesmo sendo um documento de referência/parâmetro, algumas pesquisam revelam sua pouca ressonância nas práticas pedagógicas cotidianas.

14

Brasil. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998. Coleção de três volumes organizados em: um documento Introdução; um volume relativo ao âmbito de experiência Formação Pessoal e Social e um volume relativo ao âmbito de experiência Conhecimento de Mundo.

15

Lei nº 9.394, de 20 de Dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.

16

Plano Nacional de Educação (PNE). Lei n. 13.005 de 25 de junho de 2014, que estabelece metas e estratégias para o setor no período de 2014-2024.

17

BERENBLUM, Andréia. Por uma política de formação de leitores. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2009. Conjunto de documentos elaborados pelo Departamento de Políticas de Educação Infantil e Ensino Fundamental, da Secretaria de Educação Básica, com objetivo de incentivar o debate acerca do papel da escola no desenvolvimento da competência leitora dos alunos. Os documentos estão organizados: Vol.1 – Por uma Política de Formação de Leitores; Vol. 2 – Biblioteca na Escola e Vol. 3 – Dicionários em sala de Aula.

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educativas, organizado por Renata Junqueira de Souza (Mercado das Letras), não só anunciam a pequena, porém significativa, contribuição que essas políticas deram nos últimos 30 anos na redefinição e no investimento de ações que colaboram para a formação de leitores, como também anunciam experiências e proposições que servem como ações oxigenadoras de possíveis revitalizações dessas políticas.

Após consulta preliminar realizada ao Núcleo Territorial de Educação 1918,

antes Diretoria Regional de Educação (DIREC) 02, mais precisamente sobre as bibliotecas escolares nas escolas do município de Feira de Santana, hoje com um total de 76 escolas estaduais, fomos informados da inexistência de dados sistematizados e atualizados acerca da existência ou não de bibliotecas escolares, bem como desconhecem como vêm sendo desenvolvidas as práticas de leitura. Assim sendo, esta é uma lacuna comprovada que carece de pesquisas que, para preenchê-la, se proponham inventariar o cotidiano, as práticas, dificuldades e condições das bibliotecas escolares, identificando, entre outros aspectos, a presença, a qualidade e a quantidade do acervo, a manutenção deste, o sistema de empréstimo etc., além de conhecer se há um espaço que ofereça efetivamente as condições e as oportunidades de contato com os materiais disponíveis, tanto para consultas individuais quanto para realização de trabalhos em grupos.

A pesquisa propõe ainda revelar aspectos da BE da rede estadual de Feira de Santana no que concerne à existência ou não de equipamentos básicos para funcionamento, como mesas, cadeiras, computadores, gabinetes individuais etc. e profissionais especializados e ou treinados para exercer tal função.

Para averiguação das condições de funcionamentos e de acervo, tomamos como parâmetro a concepção de acervo/coleção de materiais preconizado pelas Diretrizes da International Federation of Library Associations - IFLA/UNESCO para a biblioteca escolar que prevê

Uma coleção média de livros deve ter 10 livros por estudante. Uma escola de menor porte deve ter pelo menos 2.500 itens relevantes e atualizados para proporcionar um acervo amplo e equilibrado a usuários

18 Núcleo Territorial de Educação 19 - compreende 27 municípios, sendo que para esta

pesquisa tomaremos apenas as escolas pertencentes ao município de Feira de Santana que equivale a 76 escolas na rede estadual de ensino, atendendo a um público que compreende o Ensino Fundamental e o médio. São 68 escolas na zona urbana e 08 na zona rural.

(31)

de todas as idades, habilidades e bases de conhecimento. Pelo menos 60% da coleção devem ser constituídos de recursos de não-ficção relacionados aos programas escolares.

Além disso, a biblioteca escolar deve adquirir materiais para lazer, como romances populares, música, videogames, videocassetes, DVDs, revistas e cartazes. Esses materiais podem ser selecionados em cooperação com os estudantes para assegurar que reflitam seus interesses e cultura, sem ultrapassar os limites razoáveis de padrões éticos. (IFLA, 2005, p.11) (sic).

É importante salientar que essa concepção supera em muito o previsto no corpo da Lei n. 12.244, de 24 de maio de 2010, que dispõe sobre a universalização das bibliotecas nas instituições de ensino do País, quando prevê no Parágrafo único:

Será obrigatório um acervo de livros na biblioteca de, no mínimo, um título para cada aluno matriculado, cabendo ao respectivo sistema de ensino determinar a ampliação deste acervo conforme sua realidade, bem como divulgar orientações de guarda, preservação, organização e funcionamento das bibliotecas escolares. (BRASIL, Lei N. 12.244 de maio de 2010).

Posto esse cenário, é importante salientar que a inquietação que move essa pesquisa é saber: Que concepção de biblioteca escolar atravessa o cotidiano da Educação Básica na perspectiva dos professores, alunos e responsáveis pela biblioteca? E em que condições materiais a BE, enquanto equipamento pedagógico e formativo, funciona?

Paralelamente ao problema de pesquisa outras questões emergem com grande força e precisam também ser investigadas: O que apontam os professores e os alunos sobre a contribuição da biblioteca no processo formativo e na formação leitora dos alunos? Até que ponto as práticas desenvolvidas no espaço da biblioteca têm colaborado para aproximação dos alunos às práticas socioculturais de leitura? O que buscam os alunos nas BE? Quais aproximações e distanciamentos podem ser observados entre o objetivo do Programa Nacional de Bibliotecas Escolares e o cotidiano das bibliotecas no cenário escolar com vistas ao fortalecimento das ações leitoras das escolas pesquisadas?

Essas inquietações objetivam colaborar na compreensão mais detalhada da realidade e da cultura escolar no que se refere à existência de espaços voltados

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para a formação de leitores, quer seja em bibliotecas escolares ou salas de leitura19

e o impacto delas na formação dos alunos.

Assim sendo, é objetivo dessa pesquisa desvelar até que ponto a concepção de biblioteca escolar que permeia o cotidiano das escolas contribui para o melhor desempenho do processo de formar leitores, bem como descrever e analisar as condições materiais e de funcionamento das mesmas e sua contribuição na formação leitora dos alunos da rede estadual de ensino de Feira de Santana, e assim, contribuir para o debate acerca das possibilidades de formação leitora nos espaços dessas bibliotecas. E como demais objetivos: mapear as práticas de leitura desenvolvidas na BE e o impacto para a formação de leitores; conhecer as percepções dos professores, alunos, gestores e funcionários da BE sobre o papel desses espaços na formação leitora dos alunos e analisar a recepção da Política Nacional de Biblioteca Escolar nas escolas pesquisadas.

Ressalto que uma investigação que visibiliza o papel e o lugar que a biblioteca escolar ocupa na formação leitora dos alunos torna-se relevante pela inexistência de pesquisa ou estudos sistematizados sobre a atual situação das bibliotecas escolares da rede estadual no município de Feira de Santana20, assim

como da necessidade de políticas e ações mais efetivas para formação de leitores e da possibilidade de maior articulação da UEFS com a Educação Básica. Compartilho da ideia defendida por Silva, Ferreira e Scorsi (2009, p.58) quando expõem que:

A formação do leitor, seja na biblioteca ou na sala de aula, não pode ocorrer se o aluno for isolado do espaço sociocultural em que a escola se situa ou do espaço externo com o qual interage e é formado cotidianamente. Defendemos que a sala de aula ou a biblioteca escolar, com a composição de seus espaços físicos, podem ajudar a refletir acerca desse leitor que a escola recebe e quer formar, sem desejar desligá-lo da sociedade em que vive. (SILVA, FERREIRA E SCORSI (2009, p.58) (sic)

Bem como por considerar que na contemporaneidade, nossas crianças e jovens estão cada vez mais envolvidos diariamente em variadas práticas de

19

Ao longo da escrita da tese buscaremos definir e diferenciar Bibliotecas Escolares de Salas de Leituras, pois mesmo com a aprovação da Lei n. 12.244, de 24 de maio de 2010, muitas instituições ainda não dispõem de bibliotecas escolares e criam espaços alternativos de leitura como Salas de Leitura, que não tem a mesma exigência legal para funcionamento.

20

Foram realizadas consulta nos bancos de teses e dissertações dos dois programas de Pós-Graduação em Educação da Bahia e no Grupo de Estudo em Biblioteca Escolar – Escola de Ciência da Informação da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG.

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letramento. Reafirmo, portanto, que os resultados de uma pesquisa que busca aprofundar e desvelar a realidade da BE da rede estadual de Feira de Santana pode representar um importante diagnóstico sobre a situação encontrada no município e contribuir para construção e implementação de políticas efetivas de reconfiguração e revitalização desse espaço escolar e da necessária interrelação que a escola e a biblioteca precisam estabelecer com as práticas de letramento desenvolvidas pelos alunos.

Assim, a submissão desse projeto de pesquisa ao Programa de Pós-graduação em Educação da FACED – UFBA, na linha de Pesquisa 2 - Linguagens, Subjetivações e Práxis Pedagógica, se justificou por entender que a análise e as discussões inerentes às práticas de formação de leitores e às condições de funcionamento das BE se interconectam ao objeto de pesquisa do Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação e Linguagem – GELING/UFBA, que através de seus estudos e ações “vem contribuindo na formação continuada de professores que atuam na rede pública e/ou privada no campo do ensino da língua materna [...]”, assim como contribuído para formação de profissionais mais comprometidos socialmente e imbuídos da responsabilidade de corroborar na ressignificação do papel da escola enquanto principal agência de letramento.

A perspectiva teórica da presente pesquisa se ancora nos estudos da História Cultural, mais precisamente nos estudos que tematizam as maneiras de compreender as práticas culturais cotidianas (BURKE, 2008; CERTEAU, 2007) e da História da Leitura (CHARTIER, 1999, 2001; DARNTON, 2010; MANGUEL, 1997; CAVALLO; CHARTIER, 1999, 2002; ABREU, 1999, 2005), por entender que esses estudos tratam a leitura como prática cultural, como ato singular e plural, como construção polissêmica e em contínuo movimento, seja em tempos, épocas ou culturas. Nesta pesquisa especificamente, abordam-se concepções, modos e condições de leitura, lugares, propósitos, etc. e do papel peculiar da BE como lugar e equipamento pedagógico possível de contribuir para a formação de leitores, bem como um espaço de interação de alunos leitores com a literatura, a ciência e a cultura. A escolha pelas histórias e movimentos de leitura oriundos das vivências escolares intenta revelar singularidades, práticas, cotidianos e percepções, tanto das práticas de leitura realizadas nas escolas quanto sobre as efetivas condições de funcionamento das BE.

(34)

A metodologia de investigação está pautada nos princípios de uma pesquisa de inspiração etnográfica. A escolha pela etnografia reside na compreensão em que

a partir do contato do(a) pesquisador(a) com o sujeito da pesquisa torna possível apreender não só a realidade objetiva, como também a experiência subjetiva e as perspectivas daqueles(as) que se constituem nossos parceiros (os sujeitos da pesquisa) na construção do conhecimento. (CAVALLEIRO, 2013, p. 272)

A imersão no cotidiano escolar permite a aproximação do pesquisador a seu objeto de investigação para conhecer as rotinas, os modos de fazer, as concepções que orientam as práticas, como também revelam as ausências e silenciamentos inerentes ao cotidiano escolar. Sendo as condições de funcionamento da BE e as práticas de leitura como nosso foco de estudo, lançamos mãos de alguns procedimentos próprios da etnografia como observação sistemática da realidade, diário de campo, entrevista e grupo de discussão. Esses procedimentos de geração de dados são importantes por possibilitar em que aspectos, tanto objetivos quanto subjetivos emerjam, além de propiciar desvelamentos, confrontos e incongruências.

A observação sistemática, os questionários e o diário de campo foram utilizados para registro do diagnóstico das condições de funcionamento das BE e as singularidades das realidades pesquisadas. As entrevistas com professores, gestores, funcionários da BE e alunos, além dos grupos de discussão com estudantes, ocorreram com intuito de possibilitar emergir as concepções e as percepções sobre o papel da BE na formação leitora dos alunos.

Configuraram-se como sujeitos colaboradores da pesquisa: professores, gestores, alunos e funcionários responsáveis pelas bibliotecas escolares que mantinham funcionamento regular e que ofereciam condições basilares de aproximação dos alunos com o acervo disponível, ou seja, realização de empréstimos, divulgação de acervo, propostas de práticas de leitura, entre outras. O corpus da pesquisa se constituiu com 16 BE identificadas ao longo do mapeamento de todas as escolas da rede estadual, as quais atenderam aos critérios mínimos estabelecidos de funcionamento.

Visando situar melhor o leitor neste trabalho, os estudos e dados gerados pela pesquisa estão organizados em cinco capítulos. O primeiro, para esta introdução, está intitulado de Tessituras Iniciais da Pesquisa. O segundo capítulo

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– As Bibliotecas Escolares no Brasil: uma história a ser contada, tem o objetivo de traçar uma retrospectiva histórica sobre a implantação das BE no Brasil, revelando suas dificuldades e avanços. Caminhos e Escolhas Metodológicas: entre escolhas e sentidos, terceiro capítulo, apresenta os fundamentos filosóficos e epistemológicos; explicita o tipo e o método da pesquisa; os dispositivos, procedimentos e instrumentos de coleta de informações e de geração de dados; apresenta o campo e o corpus da investigação e o detalhamento sobre os sujeitos colaboradores da pesquisa. O quarto capítulo, Cartografia de Leitura: o que leem os alunos da rede estadual de ensino de Feira de Santana-Ba, apresenta a discussão sobre o exercício cotidiano e as condições de funcionamento da BE nas escolas observadas e apresenta, além disso, o perfil leitor dos alunos da rede pública estadual de Feira de Santana. O quinto capítulo, A Biblioteca Escolar na formação leitora dos alunos: diálogos e percepções, apresenta os dados gerados e as análises construídas a partir das entrevistas, grupos de discussões e dos registros oriundos do diário de campo. A título de Considerações Finais, o capítulo denominado: Bibliotecas Escolares como espaços para formação de leitores.

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2 AS BIBLIOTECAS ESCOLARES NO BRASIL: UMA HISTÓRIA A SER CONTADA

“O que é uma biblioteca sem leitores? Um depósito tão inútil quanto um livro à espera de seu leitor”. (GOULEMOT, 2011, p. 19)

Estudar sobre a importância da criação e funcionalidade da BE ainda tem sido um tema pouco explorado pelos educadores. Muitos estudos já estão disponíveis na literatura nacional e internacional sobre diversos aspectos e abordagens do papel e a contribuição da biblioteca escolar na formação de leitores, mas pouco são os estudiosos da área de educação que tomam esse objeto para pesquisa.

E assim, ao longo do processo de investigação, me deparei com muitos olhares surpresos quando falava do meu objeto de estudo e me reportava à sala de aula e ao campo de estágio como lócus e nascedouro da pesquisa. O interesse pelas bibliotecas escolares e o seu papel na formação de leitores remete à minha própria trajetória como leitora.

Neste capítulo, mais especificamente no tópico Entre rastros e memórias: a biblioteca escolar em minha formação, tomo como parâmetro a minha própria trajetória-formação, quando rememoro as minhas itinerâncias formativas e o lugar que a BE ocupou nesse processo, assim como visibilizo as lacunas e derivas deixadas por sua ausência. Trago para o texto as memórias e experiências dos encontros com os livros, com as pessoas que indelevelmente deixaram marcas, mas explicito também as agruras vividas pela inexistência ou pelo parco espaço que a biblioteca escolar ocupou na minha história de leitora.

Ao tratar de um objeto de pesquisa tão caro ao Núcleo de Leitura Multimeios da UEFS e do GELING da FACED-UFBA, espaços nos quais estou inserida como professora e pesquisadora, reconheci a necessidade de trazer, mesmo que com brevidade, aspectos considerados relevantes sobre as trajetórias das bibliotecas em geral e bibliotecas escolares no Brasil, com intuito de apresentar os tortuosos caminhos e realidades encontradas ao longo de seu processo de constituição como patrimônio e espaço de formação de leitores.

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