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A regulamentação do uso da eficiência energética por empresas privadas de exploração e produção de petróleo, gás-natural e biocombustíveis como fator de desenvolvimento e sustentabilidade no Brasil

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO

RENATA KARLA COUTINHO DA SILVA

A REGULAMENTAÇÃO DO USO DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA POR EMPRESAS PRIVADAS DE EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO DE PETRÓLEO,

GÁS-NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS COMO FATOR DE DESENVOLVIMENTO E SUSTENTABILIDADE NO BRASIL

NATAL/RN 2019

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RENATA KARLA COUTINHO DA SILVA

A REGULAMENTAÇÃO DO USO DA EFICIÊNCIA ENERGÉTICA POR EMPRESAS PRIVADAS DE EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO DE PETRÓLEO,

GÁS-NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS COMO FATOR DE DESENVOLVIMENTO E SUSTENTABILIDADE NO BRASIL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Graduação em Direito, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito.

Orientador: Prof. Dr. Fabrício Germano.

NATAL/RN 2019

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Dedico à sociedade, que me atribuiu o direito e o dever de buscar respostas para as demandas necessárias à construção de um mundo melhor, mais eficiente e sustentável.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, ao Universo por ter me concedido a oportunidade de viver e realizar sonhos, que antes pareciam inalcançáveis ou que pudesse estar adstrito a um determinado estrato social. Cada obstáculo, cada tropeço, cada lágrima derramada me serviram de base para construir a narrativa que, bem longe de um fim, transmuta-se em um “ritual” no qual se fecha um ciclo para tão logo recomeçar outro, como o é na vida e em todas as áreas do ser.

A propósito “ser” em face do “ter” foi um dos maiores aprendizados que o curso de Direito e as experiências advindas dele me proporcionaram. A capacidade de se colocar no lugar do outro também, assim como compreender que nossas vidas significam muito mais que os títulos e o dinheiro que carregamos, embora sejam importantes.

Mas, importante mesmo são as pessoas, essas as quais lidaremos para todo o sempre nessa linda profissão que escolhemos para a vida. O ser humano é uma das maiores fontes de conhecimento, de autoconhecimento. Por isso, deixo os meus sinceros e genuínos agradecimentos àqueles que se fizeram presentes, direta ou indiretamente, durante toda essa jornada que foi concluir o “Glorioso Curso de Direito da UFRN”, em especial à minha família.

Dedico um carinho enorme à minha irmã Vitória Leônida, por muitas vezes ter intervindo e “segurado a onda emocional” lá em casa. À minha mãe, Marilene Leônida e ao meu pai, Roosevelt Pedro, por com tanto amor terem me gerado. Agradeço aos meus demais irmãos Raíssa Saraiva, Roosevelt Filho e Pablo Ezequiel, por ouvirem minhas queixas. Agradeço, ainda, ao meu tio Francisco das Chagas (tio-tico), por ser um exemplo de resiliência e misericórdia. À minha avó, Das Dores (voinha) e à minha tia, Jarluce (Ega) por serem o símbolo de mulheres lobas e guerreiras.

Agradeço aos meus professores, o Prof. Yanko e ao Prof. Fabrício por terem me acolhido no Programa de Formação de Recursos Humanos (PRH-ANP 36), razão do trabalho a ser explorado nas páginas seguintes. Agradeço aos meus amigos, verdadeiras jóias que ganhei ao longo dos últimos cinco anos e meio. A vocês deixo a minha eterna gratidão: Ana Karla (Karlinha) pela sua empatia e incansáveis conversas nos corredores, Arthur Ferreira pela generosidade e leveza no ser, Elisângela Moura (Elis) por ser uma amiga, mãe e mulher guerreira

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fazendo-me enxergar que sempre há porquê lutar, Frederico Machado (Fred) pelo humor inteligente (risos), Jefferson Pergentino por ter me fortalecido e estado junto em um dos momentos mais difíceis do curso e da vida e a Anderson Benício pelo apoio incondicional, bem como aos que pela ordem natural das coisas, seguiram rotas diferentes, e aos que surgiram, nesse devir que é a jornada da vida. A todos vocês dedico minha imensa gratidão por despertar o ser que habita em mim.

Aos estágios por que passei, sendo eles o Escritório de Advocacia RRC Advogados Associados, posto que acreditaram em mim, ainda nos semestres iniciais. Gratidão pelo zelo, fazendo-me ficar emocionada na despedida surpresa, quando ouvi a poesia “Saudades” de Patativa do Assaré, declamada pelo Dr. Vinícius Maia. Inesquecível. A você meu “Muito Obrigada!”; aos Correios (ECT), embora efêmero, fiz lindas amizades e; à Justiça Federal do Rio Grande do Norte (JFRN), na 14ª Vara, essa que é a minha “menina dos olhos”, pois me ensinou o real sentido de servir, o que é ser, efetivamente, um servidor público. Isso me ajudou a quebrar paradigmas no que diz respeito ao Judiciário, e me formou para o cargo que em seguida viria assumir, na UFRN. Ali enxerguei pessoas comprometidas com a res publica, sobretudo na pessoa do servidor Jean Kelber, um exemplo de empatia e cuidado com o jurisdicionado.

Por fim, agradeço aos meus chefes, professores e colegas de trabalho, do Departamento de Comunicação Social (DECOM), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), pela compreensão e afeto.

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“Desprezar o banal pelo que é bom e glorioso, baseado em razões firmes e inflexíveis, é característico de almas grandes e fortes; tolerar os mais rudes golpes da fortuna e os mais cruéis acidentes da vida, sem sair de seu círculo, sem perder a dignidade de sábio, é próprio de almas estáveis e constantes.”

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RESUMO

A Eficiência é um dos princípios explícitos na Constituição Federal de 1988, assim como um dever que vincula todo o ordenamento jurídico. Este trabalho analisa a regulamentação do uso da eficiência energética por empresas privadas de exploração e produção de petróleo como fator de desenvolvimento e sustentabilidade no Brasil. Apresenta conceitos estruturantes, sendo eles o meio ambiente, desenvolvimento sustentável e eficiência energética, os quais sustenta o estudo exploratório-descritivo, utilizando o método dedutivo de pesquisa. Investiga se a manutenção do meio ambiente ecologicamente equilibrado, inserida no art. 225 da Carta Magna, como norma de “dever-ser”, é observado pelas empresas privadas exploradoras e produtoras de petróleo, gás-natural e biocombustíveis. Analisa a regulamentação dessas empresas privadas fazendo a relação com a eficiência energética.

Palavras-chave: Regulamentação. Eficiência Energética. Petróleo. Desenvolvimento. Sustentabilidade.

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ABSTRACT

Efficiency is one of the explicit principles in the Federal Constitution of 1988, as well as a duty that binds the entire legal system. This present paper analyzes the regulation of the use of energy efficiency by private oil exploration and production companies as a factor of development and sustainability in Brazil. It presents structuring concepts, which are environment, sustainable development and energy efficiency, that supports the exploratory-descriptive study, using the deductive research method. It investigates if the maintenance of the ecologically balanced environment, inserted in the art. 225 of the Constitution, as a "must-be" rule, is observed by private companies that exploit and produce oil, natural gas and biofuels. It analyzes the regulation of these private companies relating to energy efficiency.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Energia x Impacto Ambiental... 20

Quadro 2: Emissões de CO2 equivalente (toneladas)... 24

Quadro 3: Ocorrências de poluição por óleo nos mares... 27

Quadro 4: Brasil 2001... 62

Quadro 5: Brasil 2011... 62

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável... 35

Figura 2: Cadeia do Uso da Energia... 39

Figura 3: Ciclo de vida de um sistema energético... 41

Figura 4: Selo Procel de Eficiência Energética ... 51

Figura 5: Selo Conpet de Eficiência Energética... 51

Figura 6: Etiqueta que revela os níveis de Eficiência Energética... 52

Figura 7: Linha do Tempo sobre os Marcos Regulatórios em Eficiência Energética no Brasil... 55 Figura 8: Distribuição geográfica dos diferentes regimes jurídico-regulatórios... 61

Figura 9: Esquema do ciclo combinado com unidade a gás topping e unidade a vapor... 73 Figura 10 Matriz Elétrica Brasileira em 2018... 74

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AAAS Avaliação Ambiental de Área Sedimentar ACL Ambiente de Contratação Livre

ACR Ambiente de Contratação Regulado ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica ANP Agência Nacional do Petróleo

BID Banco Interamericano de Desenvolvimento

BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social CEPEL Centro de Pesquisas de Energia Elétrica

CGIEE O Comitê Gestor De Indicadores e Níveis De Eficiência Energética

CH4 Metano

CNPE Conselho Nacional de Política Energética

CONPET Programa Nacional da Racionalização do Uso de Derivados do Petróleo e do Gás Natural

CO2 Dióxido de Carbono

DEA Diretoria de Estudos Econômico-Energéticos e Ambientais DETR Departamento de Meio Ambiente, Transportes e Regiões DOE Departamento de Energia Americano

DST Doenças Sexualmente Transmissíveis EE Eficiência Energética

EERN Energy Efficiency and Renewable Energy Network EPE Empresa de Pesquisa Energética

E&P Exploração & Produção

ESCO Empresa de Serviços de Conservação de Energia EUA Estados Unidos da América

GEE Gases do Efeito Estufa

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

INMETRO Instituto Brasileiro de Metrologia, Normalização e Qualidade IPCC Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas

MDIC Ministério Da Indústria e do Comércio Exterior MIT Massachussets Institute of Technology

MME Ministério de Minas e Energia NOC National Oil Company

OC’S Oil Companies

ODS Objetivos do Desenvolvimento Sustentável ONU Organização das Nações Unidas

PBE Programa Brasileiro de Etiquetagem PEN Política Energética Nacional

PME Programa de Mobilização Energética PNC Plano Nacional de Contingência

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PPSA Pré-Sal Petróleo S.A

PROCEL Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica

PROCONVE Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores PRONAR Programa Nacional de Controle da Poluição do Ar

PROMINP Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural

PSC Production Sharing Contracts

QGEP Queiroz Galvão Exploração e Produção RGR Reserva Global de Reversão

RIMA Relatório de Impacto Ambiental

SEE Superintendência de Estudos Econômicos d Energéticos SPE Sociedade com Propósito Específico

SPPI Secretaria do Programa de Parcerias do Investimento STJ Superior Tribunal de Justiça

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 16 2 CONCEITO DE MEIO AMBIENTE, DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA ... 18

2.1 Conceito de meio ambiente e as políticas voltadas para a eficiência energética na exploração e produção do petróleo, gás natural e biocombustíveis ... 18 2.2 Conceito de desenvolvimento (sustentável) e as políticas voltadas para a

eficiência energética na exploração e produção do petróleo e gás natural. ... 25 2.3 Conceito de eficiência energética e as políticas voltadas para a eficiência

energética na exploração e produção do petróleo e gás natural. ... 38

2.3.1 Política de eficiência energética no contexto mundial ... 42 2.3.2 Política de eficiência energética no plano nacional ... 43

3 REGULAMENTAÇÃO DAS EMPRESAS PRIVADAS NA EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO (E&P) DO PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS NO BRASIL ... 56

3.1 Regulamentação das empresas privadas na exploração do petróleo, gás-natural e biocombustíveis no Brasil ... 57 3.2 Regulamentação das empresas privadas na produção do petróleo, gás-natural e biocombustíveis no Brasil ... 62 3.3 Responsabilidade à luz da eficiência energética pelas empresas produtoras e exploradoras de petróleo, gás-natural e biocombustíveis ... 64 4 RELAÇÃO ENTRE A REGULAMENTAÇÃO DA EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO DO PETRÓLEO, GÁS-NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS COM A EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

... 67

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 81 REFERÊNCIAS ... 83

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1 INTRODUÇÃO

Na história da humanidade, guerras - diretas, fiscais, econômicas entre outras - foram e são travadas pela necessidade do uso das fontes energéticas capazes de gerar riquezas e, por conseguinte, poder, o qual é um pressuposto implícito de manutenção da soberania dos Estados. Isto se configura como uma das razões por que os países começaram uma corrida tecnológica por novas fontes de energia e, mais ainda, por fontes sustentáveis de energia, ou seja, a preocupação, também, com os impactos ambientais gerados pela indústria lato senso. Com efeito, começou-se a investigar aquelas fontes renováveis: solar, eólica, hidroelétrica entre outras que geram menos impacto ao meio ambiente. Aliás, além de novas fontes energéticas, preocupou-se, com as possibilidades de se evitar danos ambientais, uma vez que se continuasse no mesmo ritmo de produção/exploração dos recursos naturais a humanidade iria sucumbir.

É sabido que a indústria é uma das maiores consumidoras finais de energia, sendo que as provenientes de fontes derivadas de petróleo e gás natural assume um papel singular, por isso é importante se pensar na eficiência energética, como fator de sustentabilidade e desenvolvimento.

Diante disso, a narrativa em tela se propõe ao estudo da eficiência energética como um meio de preservação ambiental e desenvolvimento. Assinale-se que há diversos trabalhos científicos disponíveis com essa temática, porém, muitos com foco mais técnico, por exemplo as monografias, dissertações e teses na área de engenharia elétrica, engenharia civil e arquitetura e outras com enfoque mais econômico. Há, na rede1, relatórios de agências/órgãos governamentais, muitos dos quais serviram de base para construção do raciocínio aqui presentes. Porém, percebe-se um relativo déficit da discussão jurídica no que se refere à eficiência energética e suas inovações. Isto porque se trata de um tópico jovem se comparado a outros atinentes à temática ambiental.

Nesse sentido, tem-se como objetivo analisar se a regulamentação da eficiência energética por empresas exploradoras e produtoras de petróleo, gás-natural e biocombustíveis contribui para a promoção da sustentabilidade e desenvolvimento no Brasil. Sabe-se que a manutenção do meio ambiente ecologicamente equilibrado, ínsita no art. 225 da Constituição Federal de 1988, é uma norma de “dever-ser” e como regra mandamental, ou seja, aquelas impostas

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pela Carta Magna, o dever de eficiência impõe-se a todos os entes da federação. Por isso, impende investigar se essa norma alcança também os entes privados, ainda que não façam parte da Administração Pública. Em outros termos, as empresas privadas exploradoras e produtoras de petróleo, gás-natural e biocombustíveis tem obrigação de agir com o dever de eficiência energética?

A problemática tem como pano de fundo a questão energética, sendo que se utiliza, no presente trabalho, uma das fontes não-renováveis de energia: o petróleo. A posteriori, analisa-se a regulamentação das empresas privadas na exploração e produção de petróleo e, finalmente, a relação entre essa regulamentação e a eficiência energética, tendo como pressuposto a finalidade do Estado em promover a eficiência por meio da regulamentação, imputando regras de “dever-ser” a todos os que explorem ou produzam petróleo, gás-natural e biocombustíveis, inclusive pessoas jurídicas de direito privado.

A partir do método dedutivo de pesquisa, a construção jurídico-dogmática, que tem característica predominantemente exploratório-descritiva, se apropria de conceitos estruturantes, quais sejam o de meio ambiente, desenvolvimento sustentável e eficiência energética. Utilizou-se, neste feito, fontes documentais2, notadamente, as bibliográficas e legislativas.

O primeiro capítulo discorrerá acerca do que se convencionou chamar neste trabalho, conceitos estruturantes, sendo eles o meio ambiente, desenvolvimento sustentável e eficiência energética voltados para a exploração e produção de petróleo, gás-natural e biocombustíveis, assentando-se nas políticas voltadas para cada um deles.

Em seguida, no segundo capítulo, a discussão se voltará para a regulamentação das empresas privadas na exploração e produção do petróleo, gás-natural e biocombustíveis no Brasil, atendo-se mais detalhadamente em cada um deles - exploração e produção -, e fechando com uma análise no que se refere à responsabilidade à luz da eficiência energética pelas empresas produtoras e exploradoras de petróleo, gás-natural e biocombustíveis.

Finalmente, no terceiro capítulo, visará fazer uma relação, uma interseção entre a regulamentação da exploração e produção do petróleo, gás-natural e biocombustíveis com a eficiência energética.

2 Destaque-se os trabalhados disponíveis no repositório da Unicamp:

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2 CONCEITO DE MEIO AMBIENTE, DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

Neste tópico serão analisados os conceitos que deram guarida à narrativa aqui proposta com o fito de consolidar a trajetória hermenêutica da investigação. Assim, o raciocínio se sustentará sobre basicamente três conceitos: meio ambiente, desenvolvimento sustentável e eficiência energética.

2.1 Conceito de meio ambiente e as políticas voltadas para a eficiência energética na exploração e produção do petróleo, gás natural e biocombustíveis

O meio ambiente designa um sistema complexo marcado pela interação de diversos fatores dentre os quais o físico, o biológico e o socioeconômico3. Trata-se, portanto, de um conceito plurissignificativo, porém, não incognoscível. Assim, os recursos naturais, tanto renováveis quanto não-renováveis, estão dispostos no meio ambiente e exercem uma importante função social ao promover a subsistência do ser humano.

Entretanto, ao longo das últimas décadas tem-se chegado a um nível de exploração ambiental sem tamanho, a ambição pelo progresso e desenvolvimento - entendido como a possibilidade de as pessoas viverem o tipo de vida que escolheram, e com a provisão dos instrumentos e das oportunidades para fazerem as suas escolhas4 - gerou impactos ambientais, muitos dos quais irreversíveis. Nesse passo, é preciso se apropriar de uma abordagem holística e interdisciplinar, na qual cientistas naturais e sociais trabalhem juntos em favor do alcance de caminhos sábios para o uso e aproveitamento dos recursos da natureza ao mesmo tempo em que se respeita a biodiversidade5.

Um desses impactos, notadamente, são as mudanças climáticas. Elas ocorrem quando há uma alteração substancial nas condições do clima do planeta, associada ao acúmulo de alguns gases como o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4) e os Gases do Efeito Estufa (GEE), cujo principal efeito é o aquecimento global. Nesse contexto, um relatório especial do Painel Intergovernamental de

3 SILVA, Américo Luís Martins da. Direito do meio ambiente e dos recursos naturais. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004, p. 53.

4 VEIGA, José Eli da. Desenvolvimento sustentável: o desafio do século XXI. 3. ed. Rio de Janeiro: Garamond, 2008, p. 71.

5 SACHS, Ignacy. Caminhos para o desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro: Garamond, 2009. p. 31-32.

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Mudanças Climáticas (IPCC) discorre sobre os impactos do aumento de 1.5ºC acima dos níveis pré-industriais e das emissões globais das rotas dos gases do efeito estufa, em um contexto de fortalecimento da resposta global à ameaça da mudança climática, desenvolvimento sustentável e esforços para erradicar a pobreza6. Nesse sentido, o impacto ambiental ocorre quando há alterações nas propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causadas por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o bem-estar da população, as atividades sociais e econômicas, a biota, as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais7.

Os impactos ambientais não se restringem a um determinado aspecto da utilização de energia, mas envolve toda uma cadeia de produção, transformação, transmissão, transporte, distribuição, armazenagem e uso final, por isso um dos principais desafios no que diz respeito à questão ambiental é, fundamentalmente, o modo como a energia é produzida, transportada, armazenada e utilizada. Os principais problemas socioambientais evidenciam-se em nível local, regional e global (Quadro 1).

Quadro 1: Energia x Impacto Ambiental

Impacto Ambiental Fonte de Energia

Poluição urbana do ar Energia (usinas termelétricas, indústria e transportes)

Chuva ácida Energia (queima de combustível fóssil)

Diminuição da camada de ozônio Indústria

6 INTERGOVERNMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE. Global Warming of 1.5°C. Disponível em: https://www.ipcc.ch/site/assets/uploads/sites/2/2018/07/SR15_SPM_High_Res.pdf. Acesso em: 20 dez. 2018.

7 BRASIL, Ministério do Meio Ambiente, Conselho Nacional do Meio Ambiente, CONAMA.

Resolução CONAMA nº 1, de 23 de janeiro de 1986 - In: Resoluções, 1986. Disponível em:

https://www.ibama.gov.br/sophia/cnia/legislacao/MMA/RE0001-230186.PDF. Acesso em: 19 dez. 2018.

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Aquecimento por efeito estufa/mudanças Climáticas

Energia (queima de combustível fóssil)

Degradação costeira e marinha Transporte e energia (vazamentos de petróleo, aquecimento das águas para resfriamento de usina térmica,

represamento de rios para barragens, entre outros)

Desmatamento e desertificação Energia (30 a 40% da população mundial depende da lenha para cozinhar)

Resíduos tóxicos, químicos e perigosos Indústria e energia nuclear

Fonte: GOLDEMBERG, 2001.

Diante desse fato e, fazendo uma leitura superficial poderia se dizer que o Meio Ambiente relaciona-se a tudo aquilo que circunda o ser humano, ou conforme Einstein definiu: everything that isn’t me (tudo aquilo que não está em mim – tradução livre)8, ou ainda, o meio ambiente seria o humano como parte de um

conjunto de relações econômicas, sociais e políticas que se constroem a partir da apropriação dos bens naturais que, por serem submetidos à influência humana, transformam-se em recursos essenciais para a vida9, definição que se aproxima daquela feita pelo legislador infraconstitucional, no art. 3º, I, da Lei Federal n. 6.938/81 (Lei da Política Nacional do Meio Ambiente), ao discorrer que o meio ambiente é “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”10.

8ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito ambiental: aspectos fundamentais. In: Direito Ambiental: o meio ambiente e os desafios da contemporaneidade. FARIAS, Taldien; COUTINHO, Francisco Seráphico da Nóbrega (coord.). Belo Horizonte: Fórum, 2010. p. 162.

9Ibid, p. 167.

10 BRASIL. Lei Federal nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6938.htm. Acesso em: 08 set. 2019.

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Seguindo nessa linha, o legislador constituinte buscou dar um novo tratamento às atividades econômicas, de modo que elas não ficassem à deriva dos fatos contemporâneos, por isso a busca pela preservação do meio ambiente, cabendo também à iniciativa privada, e de forma restrita, viabilizar o equilíbrio sem obstar o desenvolvimento, tanto é que o art. 17011, da CF/88 informa que a ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observado o princípio da defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação. Em outros termos traz em seu bojo a função social e a função ambiental da propriedade, baseada em uma prestação jurisdicional voltada para análise e gestão do meio ambiente, ou seja, um verdadeiro Estado Democrático e Ecológico de Direito12.

É sabido que as atividades de produção e exploração de petróleo e gás natural são extremamente agressivas no que se refere aos danos ambientais, por isso é competência da Agência Nacional do Petróleo (ANP) a fiscalização dessas atividades com ênfase na proteção do meio ambiente, dando suporte na identificação de práticas que não estejam de acordo com as regras da Agência e que gerem impactos ambientais decorrentes das atividades concedidas ou autorizadas. Em atividades onshore, ou seja, em terra firme a ANP fiscaliza gasodutos, oleodutos e os campos de produção de óleo e gás. Já nas atividades offshore – marítimas –, ela é responsável pela fiscalização da segurança operacional das instalações de perfuração e produção; das instalações submarinas que ligam os poços às plataformas e dos poços propriamente ditos. Porém, a proteção ambiental não cabe exclusivamente à ANP, mas sim de parcerias com outros órgãos. Nesse sentido, a Marinha do Brasil, bem como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e os órgãos ambientais estaduais abrangem todos os aspectos da segurança operacional das atividades de exploração e produção de petróleo e gás natural13.

11 BRASIL. Constituição Federal de 1988. Diário oficial da União, 1988.

12 MACHADO, Paulo Afonso Leme. Direito ambiental brasileiro. São Paulo: Malheiros Editores

Ltda, 2011. p. 137.

13AGÊNCIA NACIONAL DE PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS. Meio ambiente.

Disponível em: http://www.anp.gov.br/exploracao-e-producao-de-oleo-e-gas/seguranca-operacional-e-meio-ambiente/meio-ambiente. Acesso em: 02 nov. 2019.

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Cabe, então, mencionar o Plano Nacional de Contingência (PNC), regulamentado por meio do Decreto nº 8.127/201314, que tem como objetivo facilitar e ampliar a capacidade de prevenção e resposta para incidentes de poluição por óleo, coordenando as ações entre instituições públicas e privadas. A estrutura organizacional do PNC é integrada por Autoridade Nacional; Comitê-Executivo; Grupo de Acompanhamento e Avaliação; e Comitê de Suporte, cada qual com suas respectivas competências, por exemplo o Grupo de Acompanhamento e Avaliação será composto por representantes titulares e suplentes da Marinha do Brasil, IBAMA e ANP, cujas competências estão ínsitas no art. 9º15 do referido decreto.

Outro fato que se poderia considerar política de proteção ambiental quanto às atividades de produção e exploração de petróleo e gás natural é inventário de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) referente aos contratos de partilha de produção, regida pela Lei Federal nº 12.351/1016, ou seja, nos termos do art. 29,

14BRASIL. Decreto nº 8.127, de 22 de outubro de 2013. Institui o Plano Nacional de Contingência

para Incidentes de Poluição por Óleo em Águas sob Jurisdição Nacional, altera o Decreto nº 4.871, de 6 de novembro de 2003, e o Decreto nº 4.136, de 20 de fevereiro de 2002, e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Decreto/D8127.htm. Acesso em: 02 nov. 2019.

15Art. 9º Compete ao Grupo de Acompanhamento e Avaliação: I - acompanhar e avaliar incidentes

de poluição por óleo, sempre que acionado por qualquer dos seus componentes ou pela Autoridade Nacional; II - determinar o acionamento do Plano de Área na hipótese de o plano não ter sido acionado por suas instalações participantes; III - avaliar se o incidente de poluição por óleo é de significância nacional; IV - acionar o PNC em caso de incidente de poluição por óleo de significância nacional, nos termos do parágrafo único do art. 17 e comunicar à Autoridade Nacional; V - designar o Coordenador Operacional, em cada caso, entre um de seus integrantes, para acompanhamento e avaliação da resposta ao incidente de poluição por óleo, observados os critérios de tipologia e características do incidente; VI - convocar e coordenar o Comitê de Suporte, quando o PNC estiver acionado e forem necessárias ações de facilitação e ampliação da capacidade de resposta do poluidor; VII - conduzir exercícios simulados, programados pelo Comitê-Executivo; VIII - avaliar as ações relativas ao PNC, após o seu acionamento, e informar as suas conclusões à Autoridade Nacional; IX - manter a Autoridade Nacional permanentemente informada sobre as ações de resposta em andamento, uma vez acionado o PNC; X - acompanhar e avaliar as ações de resposta dos Planos de Áreas, em caso de incidentes de responsabilidade desconhecida; e XI - acompanhar e avaliar as ações adotadas pelo poluidor para atenuar os efeitos do incidente de poluição por óleo. Parágrafo único. A designação de que trata o inciso V do caput deve recair preferencialmente sobre: I - a Marinha do Brasil, no caso de incidente de poluição por óleo ocorrido em águas marítimas, bem como em águas interiores compreendidas entre a costa e a linha de base reta, a partir da qual se mede o mar territorial; II - o IBAMA, no caso de incidente de poluição por óleo ocorrido em águas interiores, excetuadas as águas compreendidas entre a costa e a linha de base reta, a partir da qual se mede o mar territorial; e III - a ANP, no caso de incidente de poluição por óleo que envolva estruturas submarinas de perfuração e produção de petróleo.

16BRASIL. Lei Federal nº 12.351, de 22 de dezembro de 2010. Dispõe sobre a exploração e a

produção de petróleo, de gás natural e de outros hidrocarbonetos fluidos, sob o regime de partilha de produção, em áreas do pré-sal e em áreas estratégicas; cria o Fundo Social - FS e dispõe sobre sua

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XXI, que dispõe sobre as cláusulas essenciais aos contratos de partilha de produção, a obrigatoriedade de apresentação de inventário periódico sobre as emissões de gases que provocam efeito estufa - GEF, ao qual se dará publicidade, inclusive com cópia ao Congresso Nacional, conforme o quadro abaixo (Quadro 2):

Quadro 2: Emissões de CO2 equivalente (toneladas)

Ano Emissões de CO2 equivalente (toneladas)

2014 33.685,65 2015 83.143,88 2016 118.462,97 2017 178.346,40 2018 399.112,85 Fonte: ANP

Outra política, ainda em andamento, é o estudo estratégico de licenciamento offshore, contratado pela Secretaria do Programa de Parcerias do Investimento (SPPI), vinculada à Presidência da República, junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em parceria com o Ministério de Minas e Energia (MME), ANP e IBAMA, com o fito de aprimorar os programas e medidas de mitigação e compensação utilizados e do procedimento de licenciamento dessas atividades econômicas17.

A legislação é extensa quanto à promoção da proteção ambiental, conforme se verifica18:

Lei nº 6.938/1981 - dispõe sobre a política nacional de meio ambiente, seus fins e

mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências;

Lei nº 9.605/1998 - dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de

condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.

estrutura e fontes de recursos; altera dispositivos da Lei no 9.478, de 6 de agosto de 1997; e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2010/Lei/L12351.htm. Acesso em: 02 nov. 2019.

17AGÊNCIA NACIONAL DE PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS. Meio ambiente.

Disponível em: http://www.anp.gov.br/exploracao-e-producao-de-oleo-e-gas/seguranca-operacional-e-meio-ambiente/meio-ambiente. Acesso em: 02 nov. 2019.

(24)

Lei nº 9.966/2000 - dispõe sobre a prevenção, o controle e a fiscalização da

poluição causada por lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional e dá outras providências.

Lei nº 9.985/2000 - institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da

Natureza e dá outras providências.

Decreto 4.871/2003 - Dispõe sobre a instituição dos Planos de Áreas para o

combate à poluição por óleo em águas sob jurisdição nacional e dá outras providências.

Decreto 8.127/2013 - institui o Plano Nacional de Contingência para Incidentes de

Poluição por Óleo em Águas sob Jurisdição Nacional e dá outras providências.

Portaria MMA nº 422/2011 - dispõe sobre procedimentos para o licenciamento

ambiental federal de atividades e empreendimentos de exploração e produção de petróleo e gás natural no ambiente marinho e em zona de transição terra-mar.

Portaria Interministerial MME-MMA nº 198/2012 - Institui a Avaliação Ambiental de

Área Sedimentar - AAAS, disciplinando sua relação com o processo de outorga de blocos exploratórios de petróleo e gás natural, localizados nas bacias sedimentares marítimas e terrestres, e com o processo de licenciamento ambiental dos respectivos empreendimentos e atividades.

Resolução Conama nº 01/1986 - dispõe sobre critérios básicos e diretrizes gerais

para o Relatório de Impacto Ambiental (Rima).

Resolução Conama nº 23/1994 - institui procedimentos específicos para o

licenciamento de atividades relacionadas à exploração e lavra de jazidas de combustíveis líquidos e gás natural.

Resolução Conama nº 237/1997 - regulamenta os aspectos do licenciamento

ambiental estabelecidos na Política Nacional de Meio Ambiente;

Resolução Conama nº 273/2000 - dispõe sobre a prevenção e controle da poluição

em postos de combustíveis e serviço.

Resolução Conama nº 306/2002 - estabelece os requisitos mínimos e o termo de

referência para realização de auditorias ambientais.

Resolução Conama nº 398/2008 - dispõe sobre o conteúdo mínimo do Plano de

Emergência Individual para incidentes de poluição por óleo em águas sob jurisdição nacional, originados em portos organizados, instalações portuárias, terminais, dutos, sondas terrestres, plataformas e suas instalações de apoio, refinarias, estaleiros, marinas, clubes náuticos e instalações similares, e orienta a sua elaboração.

(25)

Resolução Conama nº 472/2015 - regulamenta o uso de dispersantes químicos em

derrames de óleo do mar.

Resolução Conama Nº 5/1989 - Dispõe sobre o Programa Nacional de Controle da

Poluição do Ar - Pronar.

Resolução Conama Nº 382/2006 - Estabelece os limites máximos de emissão de

poluentes atmosféricos para fontes fixas.

Resolução Conama Nº 436/2011 - Complementa as Resoluções Conama nº

05/1989 e nº 382/2006. Estabelece os limites máximos de emissão de poluentes atmosféricos para fontes fixas instaladas ou com pedido de licença de instalação anteriores a 02 de janeiro de 2007.

Resolução Conama Nº 18/1986 - Dispõe sobre a criação do Programa de Controle

de Poluição do Ar por Veículos Automotores – Proconve.

Resolução Conama Nº 403/2008 - Dispõe sobre a nova fase de exigências do

Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores - Proconve para veículos pesados novos (Fase P-7) e dá outras providências.

Resolução Conama Nº 415/2009 - Dispõe sobre a nova fase (Proconve L6) de

exigências do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores - Proconve para veículos automotores leves novos, de uso rodoviário e dá outras providências.

Resolução Conama Nº 433/2011 - Dispõe sobre a inclusão no Programa de

Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores - Proconve e estabelece limites máximos de emissão de ruídos para máquinas agrícolas e rodoviárias novas.

Cabe, portanto, a seguinte indagação: em que pese a vasta quantidade de normas, inclusive com sanções penais e administrativas, o seu cumprimento é efetivo e eficaz? Isso garante a promoção da eficiência energética? Se as medidas forem cumpridas tal qual prevê a lei, tendo em vista que o processo legiferante conduz a um estudo e análise técnica, pode-se inferir que o seu próprio cumprimento leva à manutenção da eficiência energética, visto que movimenta uma cadeia que vai desde a educação ambiental voltada para a eficiência energética até no âmbito das empresarial, tendo em vista que elas mesmas economizam no aspecto do custo e da produção.

(26)

2.2 Conceito de desenvolvimento (sustentável) e as políticas voltadas para a eficiência energética na exploração e produção do petróleo e gás natural.

Foi em um cenário desenvolvimentista19 - conceito sistêmico que conduziu à apropriação efetiva de todos os direitos humanos, políticos, sociais, econômicos e culturais, incluindo-se aí o direito coletivo ao meio ambiente - que os estados nacionais, inclusive o Brasil, passaram a se preocupar com a pauta ambiental. O foco que antes era predominantemente em guerras e paz transmutou-se para a busca pelo desenvolvimento econômico e social, tendo como pano de fundo a cooperação entre as nações, sobretudo nos países do chamado Terceiro Mundo, haja vista a nova ordem mundial após o final da Segunda Guerra Mundial20. É nesse esteio que nasce a preocupação com o meio ambiente, não só devido à necessidade de preservar o planeta como também pela característica global e holística que os efeitos da degradação do meio ambiente têm de não respeitar os limites transfronteiriços de uma dada nação ou conjunto de nações, daí o motivo pelo qual se pensar em uma cooperação nas dimensões regionais e internacionais. E essa conjectura se faz importante, porque evidencia a preocupação que agentes políticos ou órgãos especiais do governo - seja nacional, seja internacional -, estão dando à temática em tela, ou seja, atores sociais estão dando ênfase técnica à temática ambiental, em um viés sustentável, preocupando-se não somente com a geração presente, mas também com as gerações futuras.

O relatório The limits of growth (Os limites do crescimento)21, publicado por cientistas do Massachussets Institute of Technology (MIT), na década de 1960, foi considerado o primeiro grande alerta sobre o estado do planeta e prognósticos para o futuro, dados suficientes para atrair o olhar da comunidade internacional, o que provocou profundos debates. Isso posto, os tratados internacionais passaram a assumir um relevante papel acerca desse debate na medida em que são, essencialmente, instrumentos de cooperação, e a apropriação de seus princípios promove o desenvolvimento em plano internacional, a conservação ambiental e a

19 SACHS, Ignacy. Caminhos para o desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro: Garamond, 2009. p. 60.

20 MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente. 10 ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015. p. 1634.

21 MEADOWS, Donella H. et al. The Limits to Growth: a report of the rome’s club project on the predicament of mankind. Disponível em: http://www.donellameadows.org/wp-content/userfiles/Limits-to-Growth-digital-scan-version.pdf. Acesso em: 30 set. 2019.

(27)

melhoria das condições socioeconômicas e da qualidade de vida das populações, especialmente nos países menos desenvolvidos22.

Só para ilustrar os principais acidentes de poluição do mar por derramamento de óleo (Quadro 3):

Quadro 3: Ocorrências de poluição por óleo nos mares

Ano Local Ocorrência Vol. Vazado (m3)

1967 Inglaterra Petroleiro Torrey

Canyon

119 mil

1972 Golfo de Oman Petroleiro Sea Star 115 mil

1973 Porto Rico Petroleiro Zoe

Colocotroni

5 mil

1974 Chile Petroleiro Metula 51 mil

1975 Portugal Petroleiro Jacob

Maersk

85 mil

1978 França Petroleiro Amoco

Cadiz

230 mil

1978 Brasil Petroleiro Brazilian

Marina

6 mil

1979 Caribe Petroleiro Atlantic

Empress

287 mil

1983 África do Sul Petroleiro Castillo de Belver

252 mil

1988 Mar do Norte Plataforma Piper Alpha

670 mil

1989 Alasca, EUA Petroleiro Exxon

Valdez

40 mil

1989 Espanha Petroleiro Khark 5 70 mil

1991 Angola Petroleiro ABT

Summer

260 mil

1991 Itália Petroleiro Haven 144 mil

1999 França Petroleiro Erika 20 mil

(28)

2002 Espanha Petroleiro Prestige 63 mil

2003 Paquistão Petroleiro Tasman

Spirit

30 mil

2004 Brasil Navio químico

Vicuña

5 mil

2007 Coréia Petroleiro Hebei

Spirit

10,5 mil

2007 Inglaterra Navio Conteineiro

Napoli

200 mil

2010 EUA Plataforma

Deepwater Horizon

779 mil

2019 Brasil23 Navio Bouboulina -

Fonte: CETESB apud REI; MORE (Adaptado)

O derramamento de óleo na costa do nordeste brasileiro, ocorrido em 2019, ainda está sob investigação da Polícia Federal (criminal) e da Marinha (origem das manchas de óleo), mas até o momento (14/11/2019) sabe-se que a origem provável é de um navio petroleiro de bandeira grega chamado Bouboulina e não se sabe sobre a natureza do vazamento no sentido de o agente ter praticado o ato com dolo ou culpa. Sabe-se ainda que a mesma embarcação fora detida nos Estados Unidos (EUA), devido a problemas no equipamento de filtragem de óleo24.

Diante de um contexto de indicadores negativos acerca do futuro - causados pelo crescimento econômico e industrialização predatória -, foi proposta à Organização das Nações Unidas (ONU) pela Suécia, a realização de uma conferência internacional com o fito de discutir os principais problemas ambientais, a qual foi prontamente acatada pelo organismo internacional. Isso porque o uso racional dos recursos naturais demanda do legislador a assunção de critérios e métodos para nortear essa racionalização, daí o surgimento do conceito de

23 COMUNICAÇÃO SOCIAL DA PF NO RN. Polícia Federal deflagra operação que visa

esclarecer derramamento de óleo no litoral brasileiro. Disponível em: http://www.pf.gov.br/imprensa/noticias/2019/11/policia-federal-deflagra-operacao-que-visa-esclarecer-derramamento-de-oleo-no-litoral-brasileiro. Acesso em: 12 nov. 2019.

24MADEIRO, Carlos. Óleo no Nordeste: O que se sabe até agora sobre a contaminação das praias. Disponível em: https://noticias.uol.com.br/meio-ambiente/ultimas-noticias/redacao/2019/10/22/oleo-no-nordeste-o-que-se-sabe-ate-agora-sobre-a-contaminacao-das-praias.htm. Acesso em: 14 nov. 2019.

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desenvolvimento sustentável. Para além de um conceito, ele é prima facie um princípio, que surgiu na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, realizada em Estocolmo em 197225, a qual contou a participação de 113 países, 250 organizações não governamentais e organismos da ONU.

Dessa Conferência resultou a criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA)26 e a aprovação da Declaração sobre o Meio Ambiente

Humano27, a qual estabelece 26 princípios que dão ensejo à execução de políticas

ambientais por parte dos Estados. Vale mencionar que o PNUMA não é uma agência, não dispõe de recursos próprios e não tem qualquer autoridade ou força persuasiva para implantar e conduzir programas eficientes, eficazes e efetivos para a vigilância ambiental do Planeta28. Merece destaque o princípio nº 1229 da referida Declaração, uma vez que reflete bem o ideal de cooperação até aqui discutidos.

Esse ponto de partida foi importante porque deu origem a diversos outros documentos, protocolos, tratados no que tange à temática ambiental. Não se pretende esgotar os diversos tipos, mas para o que se pretende, neste recorte, é importante mencionar a Agenda 2130, um instrumento de ação não vinculante, que estabelece uma base sólida para a promoção do desenvolvimento sustentável em matéria de progresso social, econômico e ambiental31, dividido em quatro principais áreas: a) dimensões sociais e econômicas; b) conservação e gestão dos recursos

25 ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS - Declaração da Conferência das Nações Unidas

sobre o Meio Ambiente Humano - 1972. Disponível em: https://www.apambiente.pt/_zdata/Politicas/DesenvolvimentoSustentavel/1972_Declaracao_Estocolm o.pdf. Acesso em: 19 dez 2018.

26 PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO AMBIENTE. ONU Meio Ambiente. Disponível em: https://nacoesunidas.org/agencia/onumeioambiente/. Acesso em: 08 set. 2019. 27 ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS - Declaração da Conferência das Nações Unidas

sobre o Meio Ambiente Humano - 1972. Disponível em: https://apambiente.pt/_zdata/Politicas/DesenvolvimentoSustentavel/1972_Declaracao_Estocolmo.pdf. Acesso em: 08 set. 2019.

28 MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente. 10 ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015. p. 1630.

29 Princípio nº 12: “Recursos deveriam ser destinados para a preservação e melhoramento do meio ambiente tendo em conta as circunstâncias e as necessidades especiais dos países em desenvolvimento e gastos que pudessem originar a inclusão de medidas de conservação do meio ambiente em seus planos de desenvolvimento, bem como a necessidade de oferecer-lhes, quando solicitado, mais assistência técnica e financeira internacional com este fim.”

30 MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Agenda 21. Disponível em: https://www.mma.gov.br/responsabilidade-socioambiental/agenda-21/agenda-21-global. Acesso em: 02 out. 2019.

31 SACHS, Ignacy. Caminhos para o desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro: Garamond, 2009. p. 34.

(30)

para o desenvolvimento; c) fortalecimento do papel dos grupos principais e; d) meios de implementação.

Um outro importante episódio na seara ambiental foi a Terceira Sessão da Conferência das Partes sobre Mudança do Clima (COP-3), realizada em dezembro de 1997, em Kyoto, no Japão, oportunidade em que foi adotado o Protocolo de Kyoto32, onde também países como o Brasil se comprometeram em adotar medidas para que o crescimento necessário de suas emissões fosse limitado pela introdução de medidas apropriadas. Para conter essas emissões, tiveram o apoio de recursos financeiros e acesso à tecnologia dos países industrializados33, o projeto como um todo deu azo a uma economia de baixo carbono e desenvolvimento sustentável.

O desenvolvimento sustentável pode ser concebido, portanto como “desenvolvimento econômico e social que atenda às necessidades da geração atual sem comprometer a habilidade das gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades”34. O equilíbrio entre o que é socialmente desejável, economicamente viável e ecologicamente sustentável é o que forma a chamada triple bottom line, o tripé da sustentabilidade. Isso porque o simples crescimento não basta, uma grande atividade produtiva pode coexistir com a pobreza disseminada, constituindo um risco para o meio ambiente, daí a razão pela qual o desenvolvimento sustentável exige que as sociedades atendam às necessidades humanas, tanto aumentando o potencial de produção, quanto assegurando a todos as mesmas oportunidades. O atual modo de produção - capitalista -, traz ameaças à vida humana, pois se mantiver no ritmo de crescimento econômico dos últimos cem anos, haverá cerca de 120 milhões de pessoas por ano adentrando ao mercado de consumo. Serão mais dois bilhões e meio em 2050, o que reflete na insuficiência de recursos naturais para fornecer um modo de vida similar ao da classe média mundial a todos os novos ingressantes no mercado, os quais têm tanto direito quanto os que já participam do mercado consumidor35.

32 Tratado que afigura normas mais rigorosas acerca da redução da emissão dos gases do efeito estufa.

33 MILARÉ, Édis. Direito do Ambiente. 10 ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015. p. 1634.

34BRUNTLAND, G. H. (Org.) Nosso futuro comum. Rio de Janeiro: FGV, 1987. p. 46.

35NASCIMENTO, Elimar Pinheiro do. Trajetória da sustentabilidade: do ambiental ao social, do

social ao econômico. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ea/v26n74/a05v26n74.pdf. Acesso em: 15 out. 2019.

(31)

Entretanto, não se trata do tamanho da população, mas da distribuição dos recursos de forma o desenvolvimento sustentável só pode ser alcançado se a evolução demográfica se harmonizar com o potencial produtivo. Há, portanto, limitações e, para haver sustentabilidade é necessário que antes de eles serem atingidos, o mundo garanta acesso equitativo ao recurso ameaçado e reoriente os esforços tecnológicos no sentido de aliviar a pressão36. O desenvolvimento sustentável é apenas uma das respostas ao claro desafio da crise ambiental, podendo-se acrescentar mais três probabilidades possíveis, quais sejam a de ordem tecnológica, que atribui à capacidade inventiva da humanidade a superação anunciada dos limites dos recursos naturais; a mudança radical do padrão de produção e consumo vigente, expressa no movimento do decrescimento e; a terceira possibilidade de não se conseguir evitar a catástrofe que progressivamente poderia levar à extinção da humanidade. Seria, portanto, uma não resposta37.

Por isso a importância de as nações criarem estratégias que substituam os atuais modelos de crescimento predatório para um modelo puramente sustentável. Assim, os principais objetivos das políticas ambientais e desenvolvimentistas com fulcro na sustentabilidade são: a) retomar o crescimento; b) alterar a qualidade de desenvolvimento; c) atender às necessidades essenciais de emprego, alimentação, energia, água e saneamento; d) manter um nível populacional sustentável; e) conservar e melhorar a base de recursos; f) reorientar a tecnologia e administrar o risco; g) incluir o meio ambiente e a economia no processo de tomada de decisões38. A sustentabilidade, portanto, refere-se à capacidade de o meio ambiente sustentar o modo de vida da população. O conceito de resiliência, que advém da ecologia, designando a capacidade que o sistema tem para se recompor das ações degradadoras, absorvendo distúrbios, mas sem sofrer mudanças estruturais se coaduna com a lógica sustentável, assim como a capacidade de suporte, dos economistas, a qual informa a quantidade de fauna e flora que um determinado

36BRUNTLAND, G. H. (Org.) Nosso futuro comum. Rio de Janeiro: FGV, 1987. p. 47- 48.

37NASCIMENTO, Elimar Pinheiro do. Trajetória da sustentabilidade: do ambiental ao social, do

social ao econômico. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ea/v26n74/a05v26n74.pdf. Acesso em: 15 out. 2019.

(32)

ecossistema pode sustentar, sem comprometer a habilidade de longo prazo do ambiente em sustentar vida em um certo nível39.

Por outro lado, a construção do ideário de desenvolvimento sustentável é um dos desdobramentos da globalização, no sentido de crescimento econômico que ultrapassa os limites nacionais, pois é nesse ideário que estão contidos o fortalecimento do papel das instituições multinacionais e globais, assim como a construção de princípios e diretrizes norteadoras do desenvolvimento, comum a todos os países. Seria, então, “uma ideologia política ou utopia desenvolvida nas Nações Unidas visando inicialmente atrair os países do Terceiro Mundo para adotarem a Agenda Ambiental dos países do Norte”40. De toda forma, a prática da sustentabilidade tem induzido a incorporação das questões ambientais nos setores mais essenciais da sociedade por meio dos processos econômicos - valoração dos recursos e serviços ambientais, internalização dos custos ambientais em planos, programas e projetos institucionais, desenvolvimento de tecnologias limpas - e também por meio do aspecto político-legal - políticas nacionais de meio ambiente, consideração dos custos ambientais de contabilidade nacional, criação de legislação e acordos ambientais41.

Nessa esteira, a Constituição Federal de 1988, assinala no art. 225 que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações42. É importante asseverar que a expressão ‘bem de uso comum do povo’ prevista na Constituição não possui o mesmo sentido adotado pelo Código Civil, no artigo 9943, em sua classificação acerca dos bens públicos, posto que o bem ambiental é aquele de uso comum do povo, que tem um interesse difuso, coletivo; o

39MENKES. Monica. Eficiência energética, políticas públicas e sustentabilidade. 2004. 295 p.

Tese (doutorado) - Universidade e Brasília. Centro de Desenvolvimento Sustentável. Disponível em: https://hosting.iar.unicamp.br/lab/luz/ld/Arquitetural/efici%EAncia%20energ%E9tica/Pesquisa/eficienci a_energetica_politicas_publicas_e_sustentabilidade.pdf. Acesso em: 16 out. 2019. p. 29.

40 ARRAES, Nilson Antonio Modesto. Desenvolvimento sustentável e a participação nos

processos de agenda 21 local brasileiros. 2000. 205p. Tese (doutorado) - Universidade Estadual

de Campinas, Faculdade de Engenharia Civil, Campinas, SP. Disponível em: http://www.repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/257908. Acesso em: 28 jul. 2018. p. 47.

41Ibid, p.12.

42 BRASIL. Constituição Federal de 1988. Diário oficial da União, 1988.

43 BRASIL. Lei Federal 10.406/2002. Disponível em:

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domínio do bem sempre será do Poder Público e o que prevalece é a destinação pública no sentido de sua utilização efetiva pela coletividade44, o que difere daquele apregoado pelo Código Civil/02. Isso porque ainda que o petróleo seja um bem público de uso comum do povo, não pode ser utilizado em igualdade de condições indistintamente, tanto que existe o monopólio da União sobre determinadas atividades.

A necessidade de um modelo de Estado interventor apregoou-se, posto que a ideia de desenvolvimento associada à concepção liberal não mais respondia aos anseios sociais daquele momento histórico, daí a necessidade de se viabilizar uma coexistência harmônica entre economia e meio ambiente45, em que o Estado e a sociedade, vale dizer, a coletividade cooperam solidariamente para a preservação do bem comum do povo, visto que os recursos disponíveis não são ilimitados, e isso tem guarida no modelo liberal do passado em face da revolução das massas; as transformações trazidas por esse fenômeno, frise-se, sem qualquer planejamento nem projeções econômicas.

Tem-se o desenvolvimento como sinônimo de qualidade de vida, sendo importante buscar formas de obtenção de energia englobando uma matriz diversificada e descentralizada, como as pequenas centrais hidrelétricas, eólica, fotovoltáica e hidrogênio, assim como impulsionar programas de eficiência energética, que contribuam tanto para diminuir os investimentos em novas usinas como para mitigar aqueles impactos46.

O desafio por uma economia sustentável se impôs tanto pela Conferência de Clima em Paris (COP 21)47, tendo em vista que houve a assinatura de 195 países, demonstrando claramente o ponto de convergência e sinalizando a transição para uma economia de baixo carbono. O comprometimento com a sustentabilidade se fez

44COSTA, Elisson Pereira da. Marcos da responsabilidade ambiental na indústria do petróleo

brasileira. In: GONÇALVES, Alcindo; GRANZIERA, Maria Luiza Machado (orgs.). Santos:

Universitária. 2012. p. 41.

45 FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de direito ambiental brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 79.

46NATURESA, Jim Silva. Eficiência energética, política industrial e inovação tecnológica. 2011.

199 p. Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia Civil,

Arquitetura e Urbanismo, Campinas, SP. Disponível em:

http://www.repositorio.unicamp.br/handle/REPOSIP/258233. Acesso em: 15 out. 2019.

47 ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Convenção Quadro sobre Mudança do Clima

(Acordo de Paris). 2015. Disponível em: https://nacoesunidas.org/wp-content/uploads/2016/04/Acordo-de-Paris.pdf. Acesso em: 05 out. 2019.

(34)

presente e mais ainda, por meio de ações concretas, como, tendo em vista que os países finalmente se posicionaram ativamente acerca da temática ambiental. Nesse contexto, o Instituto Brasileiro de Gás e Biocombustíveis publicou normas sobre petróleo, derivados e biocombustíveis no Brasil e no exterior com o objetivo de evitar barreiras técnicas e comerciais, além de buscar a conscientização no que tange à qualidade, segurança, confiabilidade e eficiência. Diante disso, ampliou debates sobre governança e compliance, entendida como um conjunto de medidas internas que permite prevenir ou minimizar os riscos de violação às leis decorrentes de atividade praticada por um agente econômico e de qualquer um de seus sócios ou colaboradores48, reforçando o compromisso com os valores e objetivos ali explicitados, primordialmente com o cumprimento da legislação e adotando os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) (Fig 1) como sua agenda socioambiental até 2030.

Fig. 1: Os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.

Fonte: ONU.

48CONSELHO ADMINISTRATIVO DE DEFESA ECONÔMICA. Guia programas de compliance:

orientações sobre estruturação e benefícios da adoção dos programas de compliance concorrencial. Disponível em: http://www.cade.gov.br/acesso-a-informacao/publicacoes-institucionais/guias_do_Cade/guia-compliance-versao-oficial.pdf. Acesso em: 27 nov. 2019.

(35)

Os objetivos pretendem que os Estados membros da ONU usem-nos em suas agendas de desenvolvimento, sendo que o setor privado pode exercer um papel primordial, haja vista os desafios de sustentabilidade na indústria, cuja eficiência energética é uma das ferramentas.

Para que as empresas privadas alcancem esse objetivo, entende-se que elas devam ultrapassar as barreiras dos investimentos sociais e filantropia corporativa. É necessário liderança corporativa e envolvimento coletivo dos colaboradores, por meio de metas, relatórios de avaliação conjunta a fim de aprimorar a compreensão das partes, avaliação de viabilidade do projeto para analisar os possíveis impactos, avaliação de riscos e oportunidades para identificar e prever riscos potenciais e implementar medidas preventivas, diálogo e desenvolvimento com comunidades, governos e outras partes Interessadas e pesquisa e desenvolvimento49.

Desse modo, a fim de se colaborar com os ODS, as partes interessadas do setor de óleo e gás exercerão cada qual o seu papel, mas de forma coparticipativa. Os governos são responsáveis pela implementação dos ODS, projetando e reforçando as políticas, legislação e regulamentos que governam a sociedade, estabelecendo de proteção ambiental e de direitos humanos e uma gestão responsável e transparente das receitas de petróleo e gás.

As empresas de petróleo e gás tem a responsabilidade de aderir à lei, respeitando os direitos humanos e minimizando os impactos negativos de suas operações.

Os fornecedores de bens e serviços geralmente estão em contato direto com as comunidades locais e, portanto, podem ter um impacto significativo, tendo também a oportunidade de alinhar suas operações com as prioridades locais dos ODS.

As organizações da sociedade civil monitoram a implementação dos ODS, contribuem com os diversos segmentos da sociedade, disseminam informações para o público e ajudam a formar parcerias com múltiplos agentes e as comunidades locais, que são das partes interessadas as que mais são afetadas pelos impactos negativos que as ODS buscam combater, elas contribuem também

49 CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA. O mapeamento dos objetivos do

desenvolvimento sustentável no setor de petróleo, gás e biocombustíveis. Disponível em:

https://bucket-gw-cni-static-cms-si.s3.amazonaws.com/media/filer_public/a2/b8/a2b8a671-5815-497d-8453-0ce029fc6702/ibp.pdf. Acesso em: 05 out. 2019.

(36)

com o feedback, gerando, por conseguinte, essa cadeia de retroalimentação com o fito comum, dentre outros, o de promover a sustentabilidade50.

Nesse contexto, as empresas, com fulcro nos 17 objetivos do desenvolvimento sustentável, têm manifestado iniciativas, visando ao alcance deles. Pode-se destacar o Programa Saúde na Estrada, da Ipiranga Produtos de Petróleo S/A, que pretende assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar, realizando entre outras ações, exames clínicos gratuitos para motoristas de caminhões, incluindo exames para glicemia, pressão arterial, acuidade visual, índice de massa corporal e vacinas, além da divulgação de materiais sobre doenças sexualmente transmissíveis (DST) e exploração sexual de crianças e adolescentes, atendendo, portanto, ao ODS 3.

Outra iniciativa é a Plataforma educativa Educação para o Desenvolvimento Sustentável de Comunidades Litorâneas, da Repsol Sinopec Brasil, que visa a contribuir com o ODS 4, cuja proposta é assegurar a educação inclusiva, equitativa e de qualidade para todos, oferece qualificação profissional a comunidades litorâneas do Rio de Janeiro e São Paulo. Os cursos são ministrados em uma unidade móvel equipada com computadores e kits multimídia que atendem 25 alunos por turma e as palestras são proferidas nas áreas de saúde e meio ambiente e cursos voltados para a comunidade pesqueira, como gestão de resíduos do mar, processamento de pescados, manutenção preventiva de motores, radioamador, pescador profissional e marinheiro auxiliar de convés e outras atividades relacionadas à atividade da pesca.

Atendendo à ODS 5, há o Projeto de Educação Ambiental Fortalecimento da Organização Comunitária (Pea-Foco), executado pela multinacional norueguesa Statoil, que visa a alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas. A Iniciativa Jovem e Iniciativa Empreendedora, da Shell do Brasil atende à ODS 8 e busca promover o crescimento econômico sustentado e o emprego decente e produtivo para todos. Com as duas iniciativas, a empresa pretende formar no Brasil a maior rede de empresários comprometidos com o desenvolvimento sustentável e à inovação.

50 CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA. O mapeamento dos objetivos do

desenvolvimento sustentável no setor de petróleo, gás e biocombustíveis. Disponível em:

https://bucket-gw-cni-static-cms-si.s3.amazonaws.com/media/filer_public/a2/b8/a2b8a671-5815-497d-8453-0ce029fc6702/ibp.pdf. Acesso em: 05 out. 2019.

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A Tecnologia que mede a sensibilidade, da Queiroz Galvão Exploração e Produção (QGEP), atende ao ODS 9 e pretende construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização sustentável e fomentar a inovação. A Logística reversa de embalagem de óleos lubrificantes, do Instituto Jogue Limpo (união de indústrias de óleos lubrificantes) atende à ODS 11 e visa a tornar as cidades inclusivas, seguras, resilientes e sustentáveis.

A Iniciativa de petróleo e gás sobre o clima, grupo que reúne dez empresas do setor, está alinhada ao ODS 13 e busca a adoção de medidas urgentes para combater a mudança climática e seus impactos. Fazem parte do grupo grandes multinacionais como Statoil, Shell, Repsol, Pemex, BP (British Petroleum).

O Mapeamento ambiental para resposta de emergência no mar (Marem), de um grupo de empresas do setor, em consonância com o ODS 14, pretende promover a conservação e uso sustentável de oceanos e mares e dos recursos marinhos. O Marem é uma ferramenta técnica que indica áreas sensíveis e facilita o planejamento de respostas a emergências em casos de derramamento de óleo no mar. Também ajuda na tomada de decisões sobre estratégias de proteção e limpeza da costa.

A iniciativa Quilombos no projeto de educação ambiental, executado pela Shell do Brasil, buscando atender o ODS 16, visa a promover sociedades pacíficas, inclusivas, com acesso à Justiça para todos. A Shell Brasil executa o projeto do Ibama, que leva educação ambiental para as comunidades quilombolas da Bacia de Campos. Participam do projeto 21 comunidades de oito municípios do Rio de Janeiro e do Espírito Santo.

Todas essas iniciativas se conjugam aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável51, lançados pela ONU, em 2015, servindo como um importante instrumento ações e iniciativas em prol do Desenvolvimento Sustentável, fazendo com que empresas e corporações identifiquem novas oportunidades de negócios e de criação de valor, assumindo o protagonismo nos negócios sustentáveis. Nesse panorama surgem temas de tecnologias disruptivas – a nova forma de comunicação

51 AGÊNCIA DE NOTÍCIAS CNI. Indústria de petróleo e gás investe nos objetivos do

desenvolvimento sustentável. Disponível em: https://noticias.portaldaindustria.com.br/noticias/sustentabilidade/industria-de-petroleo-e-gas-investe-nos-objetivos-do-desenvolvimento-sustentavel/. Acesso em: 02 nov. 2019.

Referências

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