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Responsabilidade à luz da eficiência energética pelas empresas produtoras e exploradoras de petróleo, gás-natural e biocombustíveis

3 REGULAMENTAÇÃO DAS EMPRESAS PRIVADAS NA EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO (E&P) DO PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS NO

3.3 Responsabilidade à luz da eficiência energética pelas empresas produtoras e exploradoras de petróleo, gás-natural e biocombustíveis

Uma das finalidades da ANP é a fiscalização das atividades econômicas no segmento da indústria do petróleo, do gás natural e dos biocombustíveis, tanto na forma direta quanto por meio de convênios com outros órgãos públicos, nos termos do art. 1º da Lei Federal nº 9.847 de outubro de 1999115.

Com isso, pretende que as empresas reguladas cumpram os contratos de exploração e produção de óleo e gás, mantendo procedimentos e técnicas comprovadamente eficazes para a segurança das operações, a eficiência energética, a proteção do meio ambiente e da saúde humana, sendo que caso as referidas empresas descumpram as normas daquela lei, serão lhes imputada

113Ibid.

114BNDES. Produção de petróleo terrestre no Brasil. Rio de Janeiro, v. 25, n. 49, p. 215-264, mar.

2019.

115BRASIL. Lei Federal nº 9.847, de outubro de 1999. Dispõe sobre a fiscalização das atividades

relativas ao abastecimento nacional de combustíveis, de que trata a Lei no 9.478, de 6 de agosto de 1997, estabelece sanções administrativas e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9847.htm. Acesso em: 14 nov. 2019.

sanções de natureza administrativa, mas sem prejuízo das de natureza civil e penal cabíveis, consoante art. 2º da Lei Federal nº 9.847 de outubro de 1999116.

Convém asseverar que, nos termos do art. 18 dessa lei, os fornecedores e transportadores de petróleo, gás natural, seus derivados e biocombustíveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade, inclusive aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes do recipiente, da embalagem ou rotulagem, que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor. Já as companhias distribuidoras proprietárias de equipamentos, destinados ao abastecimento de combustíveis e responsáveis pela sua manutenção, respondem solidariamente com os postos revendedores por vícios de funcionamento dos mesmos, sendo que a responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato e, finalmente, poderá ser desconsiderada a personalidade jurídica da sociedade sempre que esta constituir obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados ao abastecimento nacional de combustíveis ou ao Sistema Nacional de Estoques de Combustíveis.

Como medida cautelar, a fiscalização poderá, ainda, interditar, total ou parcialmente, as instalações e equipamentos utilizados se ocorrer exercício de atividade relativa à indústria do petróleo, gás natural, seus derivados e biocombustíveis sem a autorização exigida na legislação aplicável, bem como as instalações e equipamentos utilizados diretamente no exercício da atividade se o titular, depois de outorgada a autorização, concessão ou registro, por qualquer razão deixar de atender a alguma das condições requeridas para a outorga, pelo tempo em que perdurarem os motivos que deram ensejo à interdição, conforme o art. 11 da Lei Federal nº 11.097, de 13 janeiro de 2005117.

116 Art. 2o Os infratores das disposições desta Lei e demais normas pertinentes ao exercício de

atividades relativas à indústria do petróleo, à indústria de biocombustíveis, ao abastecimento nacional de combustíveis, ao Sistema Nacional de Estoques de Combustíveis e ao Plano Anual de Estoques Estratégicos de Combustíveis ficarão sujeitos às seguintes sanções administrativas, sem prejuízo das de natureza civil e penal cabíveis: I - multa; II - apreensão de bens e produtos; III - perdimento de produtos apreendidos; IV - cancelamento do registro do produto junto à ANP; V - suspensão de fornecimento de produtos; VI - suspensão temporária, total ou parcial, de funcionamento de estabelecimento ou instalação; VII - cancelamento de registro de estabelecimento ou instalação; VIII - revogação de autorização para o exercício de atividade. Parágrafo único. As sanções previstas nesta Lei poderão ser aplicadas cumulativamente.

117BRASIL. Lei Federal nº 11.097, de 13 janeiro de 2005. Dispõe sobre a introdução do biodiesel na

Sobre a atuação de órgãos fiscalizatórios, observe-se o seguinte Recurso Especial n° 1.723.072 – RS (2018/0028346-4)118. Saliente-se que embora o Superior Tribunal de Justiça tenha negado em parte o recurso especial, negando-lhe o provimento, intenta-se demonstrar a atuação da ANP como um dos órgãos mais importantes de regulação e fiscalização de atividades voltadas para a exploração, produção, refino, bem como a destinação final do petróleo e seus derivados.

outubro de 1999 e 10.636, de 30 de dezembro de 2002; e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11097.htm#art18. Acesso em: 14 nov. 2019.

118 RECURSO ESPECIAL Nº 1.723.072 - RS (2018/0028346-4) RELATOR: MINISTRO OG

FERNANDES RECORRENTE: AGENCIA NACIONAL DO PETRÓLEO, GÁS NATURAL E BIOCOMBUSTÍVEIS RECORRIDO: P.R.C. COMERCIO DE COMBUSTIVEIS LTDA ADVOGADOS: ANTONIO FIDELIS E OUTRO (S) - PR019759 GUILHERME FAUSTINO FIDELIS - PR053532 CARLOS VINICIUS CHAMPE - PR064953 AUGUSTO CESAR DA SILVA MOREIRA - PR077129 DECISÃO Vistos, etc. Trata-se de recurso especial interposto pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis ANP contra acórdão proferido pelo TRF da 4ª Região, assim ementado (e-STJ, fl. 384): DIREITO ADMINISTRATIVO. AUTO DE INFRAÇÃO. ANP. AUTO DE INFRAÇÃO. COMERCIALIZAÇÃO DE COMBUSTÍVEIS. REVENDEDORES VAREJISTAS. ANULATÓRIA. Considerando a coisa julgada instituída nos autos do processo 2002.70.01.026847-8, tendo ocorrido a permissão da empresa COBODIESEL de comercializar combustível com qualquer revendedor, ação anulatória deve ser julgada procedente. Precedentes deste Tribunal. A recorrente aponta, além de dissídio jurisprudencial, ofensa ao art. 1.022 do CPC/2015. Aduz que o aresto recorrido foi omisso quanto ao argumento de que o auto de infração objeto da presente demanda anulatória está assentado em normativo superveniente, isto é, distinto do ato infralegal afastado pela ação declaratória transitada em julgado. Assevera que a penalidade administrativa aplicada à

recorrida derivou da constatação de que a parte adquiriu combustíveis automotivos de revendedor não autorizado pela ANP, ferindo o disposto no art. 14, I, da Resolução n. 41/2013.

Explicita a inexistência de afronta à coisa julgada, porquanto (e-STJ, fls. 444-445): Observa-se, portanto, que o objeto de insurgência do processo nº 2002.70.01.026847-8 foi a Portaria nº

201/99. Por seu turno, a infração objeto do processo está prevista no artigo 14, I, da Resolução nº 41/2013. Nesta ordem de ideias, os objetos das demandas são diversos, sendo que, conforme já

mencionado, a Resolução nº 08/2007 e a Resolução n.º 41/2013 são mais abrangentes do que a antiga Portaria nº 201/99, não merecendo acolhimento a alegação suscitada pela parte autora de coisa julgada apta a impedir a autuação da autora pela infração cometida. A infração está prevista

em lei (Lei nº 9.847/99, art. 3º, inciso IX). As Portarias ANP nº 09/97 e nº 116/00 não capitulam infração, apenas estabelecem obrigações aos revendedores de combustível. A infração é o desrespeito a tal norma. A partir da edição da Lei n. 9.478, de 6 de agosto de 1997, dando cumprimento ao disposto no art. 177, § 2º, inciso III, da Constituição Federal, a função reguladora do mercado do petróleo e abastecimento de combustíveis passou a ser exercida pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis - ANP. Daí a sua competência para regular a matéria por meio de portarias. Com efeito, em razão do seu poder de polícia e, especialmente, em face de sua missão de reguladora, foi à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis conferido o poder de editar atos normativos que, sem afrontar normas superiores, estabeleçam regras técnicas e discricionárias a serem observadas pelos agentes econômicos. (...) grifo nosso.

4 RELAÇÃO ENTRE A REGULAMENTAÇÃO DA EXPLORAÇÃO E PRODUÇÃO