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(1)JORGE ANTONIO MENNA DUARTE. COMUNICAÇÃO E TECNOLOGIA NA CADEIA PRODUTIVA DA SOJA EM MT. Universidade Metodista de São Paulo Curso de Pós-Graduação em Comunicação Social São Bernardo do Campo, SP, 2004.

(2) JORGE ANTONIO MENNA DUARTE. COMUNICAÇÃO E TECNOLOGIA NA CADEIA PRODUTIVA DA SOJA EM MT Tese apresentada em cumprimento parcial às exigências do Progra­ ma de Pós-Graduação em Comunicação Social da UMESP – Uni­ versidade Metodista de São Paulo para obtenção do grau de Doutor. Orientador: PROF. DR. WILSON DA COSTA BUENO Conselheiro Acadêmico: PROF. DR. ANTONIO MARIA GOMES DE CASTRO. Universidade Metodista de São Paulo Curso de Pós-Graduação em Comunicação Social São Bernardo do Campo, SP, 2004. i.

(3) TERMO DE APROVAÇÃO. A tese de doutorado sob o título COMUNICAÇÃO E TECNOLOGIA NA CADEIA PRODUTIVA DA SOJA EM MATO GROSSO, elaborada por Jorge Antonio Menna Duarte, foi defendida e aprovada em 17 de Fevereiro de 2004, perante a banca examinadora composta por Wilson da Costa Bueno (Umesp - Presidente/Orientador), Maria das Graças Conde Caldas (Umesp), Jacques Vigneron (Umesp), Elizabeth Pazito Brandão (Iesb) e Antonio Maria Gomes de Castro (UnB/Embrapa).. Data: São Bernardo do Campo, 17 de Feveiro de 2004. Visto do Coordenador do Programa de Pós-Graduação:_____________________ Assinatura do Orientador:__________________________________. ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: Processos Comunicacionais LINHA DE PESQUISA: Comunicação Segmentada PROJETO TEMÁTICO: Comunicação Empresarial. ii.

(4) A meu filho Thiago, fonte diária de alegria e otimismo. À Márcia, pela paciência, entusiasmo, e por compartilhar amor, sua vida, minhas angústias. A meu pai, a quem nunca disse o suficiente quanto o amava. À minha mãe, com quem tento não cometer o mesmo erro.. iii.

(5) A comunicação é a locomotiva da tecnologia. Jean-Luc Lagardère. iv.

(6) AGRADECIMENTOS. Esta tese somente tornou-se possível graças a muitas pessoas, cujo presente registro certamente não é suficiente para expressar a importância que tiveram em sua viabilização. À José Roberto Peres e Ivo Martins Cezar pelo apoio. A Heloiza Dias da Silva, pela coragem, e Alberto Duque Portugal, pelo desprendimento. À equipe da Assessoria de Comunicação Social da Embrapa pelo incentivo e amizade. Aos entrevistados, listados ao final, pelo entusiasmo, gentileza e paciência. Além de aprender muito, ganhei vários amigos durante a elaboração deste trabalho. Entre eles, agradeço muitíssimo a Camilo Plácido Vieira e Dario Minoru Hiromoto, que não apenas deram informações, mas abriram suas instituições, casas, agendas e forneceram meios muito acima do esperado para que a pesquisa fosse executada. Aos amigos Wilson da Costa Bueno e Antonio Maria Gomes de Castro. Obrigado pela orientação, dedicação e estímulo. A todos, minha gratidão.. v.

(7) LISTA DE QUADROS. Pág. QUADRO 1 – As abordagens analítica e sistêmica ................................................................ 69. QUADRO 2 – Comparação de abordagem hard e abordagem soft ..................................... 89. QUADRO 3 – Comparativo da evolução da produção de soja em Mato Grosso e no Brasil ..... 117 QUADRO 4 – Área colhida, produção e rendimento de grãos (kg/ha) de soja em Mato Grosso Grosso, 1978 - 2001 ................................................................................... 118 QUADRO 5 – Papéis exercidos pelos atores do SIT ............................................................ 157 QUADRO 6 – Componentes do SIT e principal papel desempenhado .................................. 158 QUADRO 7 – Descrição da tipologia da informação primária .............................................. 159 QUADRO 8 – Características e objetivos dos fluxos de informação adaptada ....................... 160 QUADRO 9 – Atores de transferência no Sistema de Informação Tecnológica de soja em Mato Grosso e caracterização .......................................................................... 161 QUADRO 10 – Tipologia das unidades produtivas e características quanto à informação ........ 162 QUADRO 11 -– Critérios para tipificação de categorias de produtores ..................................... 177 QUADRO 12 – Ameaças e oportunidades dos atores no Sistema de Informação Tecnológica ..... 200. vi.

(8) LISTA DE ILUSTRAÇÕES. Pág. FIGURA 1 – Representação geral da cadeia produtiva ........................................................... 81. FIGURA 2 – Participação do complexo soja no total das receitas cambiais .............................. 115 FIGURA 3 – Expansão da soja no Brasil ............................................................................... 116 FIGURA 4 – Produção de soja no Brasil: evolução por Estado ................................................ 118 FIGURA 5 – Diagrama de fluxo da cadeia produtiva da soja .................................................... 151 FIGURA 6 – Modelo Geral do Sistema de Informação Tecnológica (SIT) na Cadeia Produtiva da Soja em Mato Grosso ................................................................................. 155 FIGURA 7 – Segmentação de atores e fluxo de informação tecnológica na Cadeia Produtiva da Soja em MT ................................................................................................. 156 FIGURA 8 – Arranjos estratégicos para transferência de informação comercial a partir dos diversos atores ................................................................................................ 173. vii.

(9) LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS UTILIZADAS NO TRABALHO. ABAG – Associação Brasileira de Agribusiness ABCAR – Associação Brasileira de Crédito e Assistência Rural ABIMILHO – Associação Brasileira das Indústrias Moageiras de Milho ABIOVE – Associação Brasileira da Indústria de Óleos Vegetais ABIR – Associação Brasileira de Informação Rural ABRASEM - Associação Brasileira dos Produtores de Sementes. ACAR – Associação de Crédito e Assistência Rural ADM – Archie Daniels and Midland AIA – Associação Interamericana AKIS – Agricultural Knowledge and Information Systems (Sistema de Informação e Conhecimen­ to Agrícola) APTA – Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios APROSMAT – Associação de Produtores de Sementes de Mato Grosso ASBRAER – Associação Brasileira das Entidades Estaduais de Assistência Técnica e Extensão Rural ASCAR – Associação Sulina de Crédito e Assistência Rural ATER – Assistência Técnica e Extensão Rural BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento CAI – Complexo Agroindustrial CATI – Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (órgão oficial da extensão rural em SP) CEPAL – Comissão Econômica para a América Latina CIESPAL – Centro Internacional de Estudos Superiores de Comunicação para a América Latina (Quito, Equador). viii.

(10) CODEAGRI – Companhia de Desenvolvimento Agrícola de Mato Grosso COMIGO – Cooperativa Mista dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano CONTAG – Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura DATER – Departamento de Assistência Técnica e Extensão Rural (do Ministério da Agricultura) DNPEA Departamento Nacional de Pesquisa e Experimentação Agropecuária ECA-USP Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo E-mail eletronic mail (mensagem eletrônica) EMATER – Empresa Estadual de Assistência Técnica e Extensão Rural EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária EMBRAPA Soja – Centro Nacional de Pesquisa de Soja (unidade da Embrapa em Londrina, PR) EMBRAPA Cerrados – Centro Nacional de Pesquisa de Cerrados (unidade da Embrapa em Brasília, DF) EMBRATER – Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural EMGOPA – Empresa Goiana de Pesquisa Agropecuária EMPA – Empresa Mato-grossense de Pesquisa Agropecuária EMPAER–MT – Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural S/A, resultado da fusão, em 1992, da Empa, Emater e Codeagri, reunindo assim pesquisa, exten­ são e desenvolvimento na mesma organização. ESALQ – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz EUA – Estados Unidos da América FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura FASER – Federação das Associações e Sindicatos de Trabalhadores da Extensão Rural e do Setor Público Agrícola do Brasil FCO – Fundação Centro-Oeste FMT – Fundação Mato Grosso FUNAI – Fundação Nacional do Índio ha – hectares IAC – Instituto Agronômico de Campinas INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária INTA – Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuaria INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. ix.

(11) IT – Informação Tecnológica LISTEN Local Information System (empresa de pesquisa) LPC – Lei de Proteção de Cultivares (Lei no 9.456, de 25-4-1997) MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário MIT – Massachusetts Institute of Techology MODERFROTA – Programa de Modernização da Frota de Tratores, Implementos Agrícolas e Colhedeiras MS – Mato Grosso do Sul MST – Movimento dos Trabalhadores Sem Terra MT – Mato Grosso OCB – Organização das Cooperativas do Brasil OGM – Organismo Geneticamente Modificado (transgênico) OEPA – Organização Estadual de Pesquisa Agropecuária OIP – Organizações de Interesse Privado ONG – Organização Não Governamental PIB – Produto Interno Bruto PIN – Plano de Integração Nacional PND – Plano Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social PNP – Programa Nacional de Pesquisa PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento POLOCENTRO – Programa de Desenvolvimento dos Cerrados PRODEAGRO – Projeto de Desenvolvimento Agroambiental de Mato Grosso PRODOESTE – Programa de Desenvolvimento da Região Centro-Oeste RRA – Rapid Rural Appraisel (Pesquisa de Estimativa Rápida) SAG – Sistema Agroindustrial SCPA – Sistema Cooperativo de Pesquisa Agropecuária SDR – Secretaria de Desenvolvimento Rural (do Ministério da Agricultura) SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SENAR – Serviço Nacional de Aprendizado Rural SIBRATER – Sistema Brasileiro de Assistência Técnica e Extensão Rural. x.

(12) Sistema S – Sebrae e Senar SIT – Sistema de Informação Tecnológica SPSB – Serviço de Produção de Sementes Básicas [da Embrapa] SUDAM – Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia SUDECO – Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste t – tonelada TGS – Teoria Geral dos Sistemas UFV – Universidade Federal de Viçosa UnB – Universidade de Brasília Urca-NE – Coordenadoria Regional de Capacitação e de Apoio ao Desenvolvimento Rural do Nor­ deste UEP-MT – Unidade de Execução de Pesquisa de Mato Grosso [unidade da Embrapa]. xi.

(13) SUMÁRIO. Pág. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1. CAPÍTULO 1 1. AS TRANSFORMAÇÕES NA AGRICULTURA ........................................................ 7. 1.1 Conseqüências das transformações no ambiente de inovação ............................... 13. CAPÍTULO 2 2. MODELOS DE TRANSFERÊNCIA DE INFORMAÇÃO PARA O AGRICULTOR: CASO BRASILEIRO ..................................................................................................... 17. 2.1 Disseminação pela imprensa ............................................................................... 18. 2.2 Difusionismo: adotar tecnologia como solução ...................................................... 20. 2.3 Estruturalismo: a articulação teórica para explicar o fracasso .................................... 24. 2.4 Pluralismo ............................................................................................................ 28. 2.5 A agricultura como negócio e a informação sobre tecnologia .................................. 32. CAPÍTULO 3 3. O DESGASTE DO MODELO CLÁSSICO DE TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA: PESQUISA � EXTENSÃO � AGRICULTOR .............................. 38. 3.1 O fortalecimento da pesquisa agropecuária ......................................................... 43. 3.2 A articulação pesquisa x extensão ........................................................................ 46. 3.3 Década de 90, a crise na extensão .................................................................... 49. 3.4 A reformulação do papel da extensão ................................................................ 53. xii.

(14) Pág. CAPÍTULO 4 4. MARCO CONCEITUAL ........................................................................................... 56. 4.1 Tecnologia agrícola ............................................................................................ 57. 4.2 Transferência de tecnologia ................................................................................ 59. 4.2.1 Informação tecnológica .................................................................................. 63. 4.2.2 Dados, informação e conhecimento ................................................................ 64. 4.3 Sistemas ............................................................................................................... 65. 4.3.1 Sistema como compreensão da complexidade ................................................. 71. 4.3.2 Sistemas como método ..................................................................................... 73. 4.3.3 Sistemas e comunicação ................................................................................ 76. 4.4 Cadeias produtivas ................................................................................................ 80. 4.5 Sistema de informação e conhecimento agrícola, AKIS ..................................... 86. 4.5.1 AKIS e o ambiente de inovação ..................................................................... 90. CAPÍTULO 5 5. ESTRATÉGIA METODOLÓGICA ........................................................................... 94. 5.1 Levantamento preliminar de informações ............................................................. 102 5.2 Caracterização preliminar dos atores ........................................................................ 103 5.3 Definição dos informantes ...................................................................................... 103 5.4 Entrevistas ....................................................................................................... 106. 5.5 Modelagem e descrição do sistema ......................................................................... 109 5.6 Validação ............................................................................................................... 112 CAPÍTULO 6 6. O AGRONEGÓCIO DA SOJA NO BRASIL E EM MATO GROSSO .................... 114 6.1 A produção de soja no Brasil............................................................................. 114. 6.2 Tecnologia e soja em Mato Grosso ...................................................................... 119 6.3 Estudos sobre a cadeia produtiva da soja no Brasil............................................. 123. xiii.

(15) Pág. CAPÍTULO 7 7. INFORMAÇÃO TECNOLÓGICA E AGRONEGÓCIO DA SOJA EM MATO GROSSO .................................................................................................................. 128 7.1 A formação do ambiente institucional da cadeia da soja em MT .......................... 131 7.2 Fundação Mato Grosso e a reorganização do sistema ......................................... 139 7.3 Lei de Proteção Cultivares (LPC) reconfigura o sistema .................................... 144 CAPÍTULO 8 8. SISTEMA DE INFORMAÇÃO TECNOLÓGICA (SIT) DA CADEIA DA SOJA DE MT ...................................................................................................................... 150. 8.1 Descrição geral do sistema ............................................................................... 154 8.2 Fases do fluxo de informação tecnológica no sistema .......................................... 163 8.2.1 Etapa de Entrada de Informação ................................................................ 163. 8.2.1.1 Informação sobre Processo ................................................................ 165 8.2.1.2 Informação de Especificação .............................................................. 166 8.2.2 Etapa de Processamento de Informação .................................................... 168 8.2.3 Etapa de Distribuição de Informação ......................................................... 170 8.2.3.1 Fluxo de Especificação ....................................................................... 171 8.2.3.2 Fluxo Comercial ................................................................................. 171 8.2.3.3 Fluxo de Assistência ........................................................................... 174 8.2.3.4 Fluxo Educativo .................................................................................. 174. 8.3 Atores e sua participação no sistema ................................................................. 175. 8.3.1 Unidades produtivas .................................................................................... 176 8.3.1.1 Autônomos ............................................................................................ 179 8.3.1.2 Informados ......................................................................................... 180. 8.3.1.3 Dependentes ...................................................................................... 180 8.3.1.4 Isolados ................................................................................................... 181. xiv.

(16) Pág. 8.3.2 Instituições privadas ....................................................................................... 182 8.3.3 Instituições públicas ....................................................................................... 185 8.3.4 Assistência técnica privada ......................................................................... 188 8.3.5 Vendedores ................................................................................................. 189 8.3.6 Corporações .............................................................................................. 191 8.3.7 Produtores de sementes ................................................................................ 192 8.3.8 Organizações com pouca presença no sistema ................................................ 193 8.4 Canais de informação ....................................................................................... 196 8.5 Ameaças e oportunidades dos atores no fluxo de informação tecnológica da cadeia produtiva da soja em Mato Grosso..................................................................... 199 8.6 Estratégias para aprimoramento do SIT............................................................. 206 CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 212 GLOSSÁRIO ......................................................................................................................... 216 BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................. 219 ANEXOS 1. Lista de fontes de informação consultadas e função na ocasião da entrevista ............. 239 2. Relatório do Grupo Focal ....................................................................................... 241 3. Roteiro das apresentações de Validação ................................................................... 243. xv.

(17) RESUMO Esta tese trata do Sistema de Informação Tecnológica (SIT) da cadeia produtiva da soja em Mato Grosso. O objetivo foi identificar, modelar, descrever e analisar o SIT, apresentando fontes, canais, fluxos, mediadores e usuários de informações sobre tecnologias agropecuárias, limitações, oportunidades e estratégias para aumentar o desempenho do sistema. Os procedimentos metodológicos na pesquisa de campo incluem exame de documentos e outros dados secundários, realização de grupo focal e, particularmente, entrevistas com 44 conhecedores da cadeia. O estudo mostra que, a partir das transformações na agricultura, o modelo tradicional de transferência de tecnologia baseado na articulação pesquisa/extensão/agricultor foi substituído por sistemas com múltiplas conexões e atores. Identifica-se que a informação é insumo fundamental e está baseada na perspectiva de negócio; a principal maneira de transmissão de informações são os meios informais; o agricultor possui fontes de informação em excesso com experiências, pressupostos e interesses diferentes. Demonstra-se que a configuração atual do SIT da cadeia produtiva da soja em MT se ressente da ausência do setor público e apresenta-se estratégias para que o fluxo de informação tecnológica aumente a competitividade da cadeia. PALAVRAS-CHAVE: comunicação; informação; transferência de tecnologia; cadeia produtiva; soja.. xvi.

(18) ABSTRACT This dissertation examines the Technological Information System (TIS) of the productive chain of soybeans in the State of Mato Grosso, Brazil. The purpose of this study is to identify, describe, model and analyze this system, presenting sources, channels, flows, mediators and users of information on agriculture and cattle breeding technologies, in addition to showing limitations, opportunities and strategies to improve this system’s performance. This thesis reveals that changes in agriculture also engenders shifts in the traditional pattern of technology transference based on the research/extension/ farmer articulation, which has been replaced by systems with multiple connections and actors. The field research methodology used in this work includes analyses of documents and other secondary data, interviews with a focal group and, particularly, with 44 people who knew the soybeans productive chain quite well. One of the conclusions of this study is the fact that the current system configuration lacks public sector’s guidelines. This study shows that 1) information is a subsidy of utmost importance and it is based on the perspective of business; 2) informal channels are the main ways to disseminate information; 3) the farmers have too many sources of information with different experience, bias and interests and 4) the continuous expansion of plantation areas generate new information demands. This dissertation also presents strategies so that the information flow can improve the chain competition capability. KEY WORDS: communication, information; technology transference, productive chain, soy, soybeans.. xvii.

(19) RESUMEN Esta tesis trata del Sistema de Información tecnológica (SIT) de la cadena productiva de la soja en Mato Grosso. El objetivo fue identificar, modelar, describir y analizar el SIT, presentando fuentes, canales, flujos, mediadores y usuarios de informaciones sobre tecnologías agropecuarias, limitaciones, oportunidades y estrategias para aumentar el desempeño del sistema. El estudio demuestra que, a partir de transformaciones en la agricultura, el modelo tradicional de transferencia de tecnología basado en la articulación investigación/extensión/agricultor fue sustituido por sistemas con múltiples conexiones y actores. Los procedimientos metodológicos en la investigación de campo incluyen examen de documentos y otros datos secundarios, y, particularmente, entrevistas con 44 conocedores de la cadena. Se evidencia que la información es el insumo fundamental y se basa en la perspectiva de negocio; la principal manera de transmisión de informaciones son los medios informales; el agricultor posee fuentes de información en exceso con experiencias, presuposiciones e intereses distintos y contimua expansión de áreas de plantío, generando nuevas exigencias de información. Se demuestra que la configuración actual del sistema se resiente de la ausencia de la limitación del sector público y se presentan estrategias para que el flujo de la información tecnológica aumente la competitividad de la cadena. PALABRAS-CLAVE: comunicación; información; transferencia de tecnología; cadena productiva; soja.. xviii.

(20) INTRODUÇÃO A agricultura, setor primário da economia, é uma das mais antigas atividades organizadas da sociedade e permanece fundamental na estrutura social. Os motivos são a necessidade de alimentar a população, a geração de matérias-primas para a indústria e de reservas internacionais e riquezas inter­ nas, a preservação da biodiversidade, meio ambiente, manutenção das paisagens e recursos naturais, a ocupação territorial, a redução das tensões sociais e do inchaço urbano com a fixação do homem no campo (LYDIJUSSE; CANEVER, 2000). Agricultores foram um dos primeiros grupos de profissionais a se organizar para ter acesso a tecnologia. Na Europa, já no século XVIII, formaram grupos para trocar e buscar informações aplicá­ veis à produção agrícola, numa fase da história em que se tentava dar à sociedade utilidade prática do conhecimento teórico disponível. A partir desse momento, inicia-se o fluxo de informações entre a academia e agricultores e entre eles próprios, criando um ambiente de inovação. Essa cooperação e busca de informação especializada ocorreu anteriormente à de áreas consideradas mais tradicionais na ciência, como a matemática (BURKE, 2003, p.104 e 138). A necessidade dos agricultores de aumentar seu próprio conhecimento surge com a mudança, na história da humanidade, de uma fase extrativista com apropriação de recursos como pesca, mine­ rais, madeira, em boa medida obtidos facilmente, para um ambiente em que, cada vez mais, tornam-se imprescindíveis padrões superiores de inovação e qualidade, inclusive para processos tradicionalmen­ te simples como plantar, colher, extrair e processar. Bens naturais extraídos na forma como encontra­ dos na natureza passam a exigir tecnologias específicas e avançadas por exigências ecológicas, sociais, de escassez, competitividade ou mercado.. 1.

(21) Com essas transformações, o conhecimento torna-se cada vez mais fator de desenvolvimento da agricultura, responsável pela sustentabilidade de produção, aumento de competitividade e forma­ ção de um ambiente de inovação que o impulsiona. Sua ausência, ao mesmo tempo, é responsável pela manutenção de uma agricultura de subsistência que exige o aumento de esforço governamental em termos de suporte social, econômico e tecnológico. Gerar e utilizar C&T na agricultura tem sido a base estratégica das nações que mais se desen­ volveram no século XX e a ausência dessa capacidade significa empobrecimento de outras (RIPPER FILHO, 1994, p.127). Particularmente após a Segunda Grande Guerra há uma mudança de paradigma na administração e disseminação dos fatores tecnológicos. Governos de países mais avançados elabo­ ram políticas nacionais, concentram investimentos em pesquisa e o ritmo da divulgação das tecnologias para todo mundo é acelerado. A aquisição de pacotes tecnológicos, produtos acabados e o pagamen­ to de royalties por países do Terceiro Mundo são a contrapartida desses investimentos (BETZ et al., 2001, p.59). Investir em pesquisa e em seu uso na agricultura significa para um País avançar por seus própri­ os meios e estruturas, sem depender da aquisição, mediante pagamento, de informações, processos e produtos gerados em outros locais. A incorporação de práticas mais adequadas nos sistemas de pro­ dução é essencial na medida em que a agricultura se torna competitiva e capaz de oferecer melhor rendimento econômico, “sempre e quando seja considerado apenas um dos componentes deste pro­ cesso e não se descuidem os demais” (BORDENAVE, 1983, p.45). A apropriação dos resultados da pesquisa pública é fator decisivo para o sucesso na agricultu­ ra. A definição de estratégias que permitam ao agricultor ter conhecimento de tecnologias para reduzir custos de produção, produzir mais e melhor e, portanto, obter maior rentabilidade financeira e perma­ necer no negócio, é fator decisivo para competitividade. Dirigentes e técnicos de organizações de todos os tipos cada vez mais dependem de informa­ ção correta, no momento adequado, para tomarem decisões que permitam manter padrões mínimos de competitividade e sobreviver num cenário marcado por forte concorrência, inclusive internacional, e por demandas de crescente exigência da sociedade e dos consumidores. Informação é requisito básico para a tomada de decisões no meio rural, ambiente onde o agricultor deve decidir com antece­ dência sobre o que plantar, como plantar, que variedade escolher, que cuidados tomar. Isso ocorre na agricultura familiar e naquela do tipo empresarial, em que o investimento é bastante alto e riscos equi­. 2.

(22) valentes. Por isso, empresas públicas e privadas que efetuam pesquisa agropecuária precisam ser eficientes no sentido de disponibilizar de maneira adequada (no tempo, no local e nas condições de compreensão) as informações tecnológicas que geram em seus laboratórios, de modo a permitir o conhecimento e a avaliação sobre seu potencial por parte dos usuários, os agricultores. Esses problemas, muitas vezes não se referem à existência de informações, mas ao conheci­ mento sobre disponibilidade, acesso ao conteúdo, a avaliação sobre seu potencial e adaptabilidade e capacidade de utilização de forma adequada. Contribuir para que este conhecimento esteja disponível e ao alcance dos agricultores é intenção deste estudo. O Mato Grosso é um estado de características bastante peculiares no contexto da agricultura nacional. Há 30 anos, a produção de soja não era importante na região e muitos técnicos não a recomendavam. Até a entrada do século XXI, não foram instalados centros de pesquisa no Estado, estando a Embrapa Soja, principal centro nacional gerador de informação tecnológica, instalada em Londrina, PR, e, portanto, distante geograficamente. Ao fim da década de 80, uma grave crise no setor de extensão rural causou impacto no sistema de informação reduzindo a presença do setor público de pesquisa. Logo no início da década de 90, duas doenças quase inviabilizaram a produção de soja no Estado. O MT ainda hoje possui uma estrutura de extensão rural que não atua com soja e as demais instituições públicas de pesquisa enfrentam dificuldades financeiras que repercutem em suas ações no Estado. Assim, os elos tradicionais na literatura de Comunicação Rural e Comunicação para o Desen­ volvimento – a Pesquisa e a Extensão Rural – mantiveram-se aparentemente fragilizados e, apesar disso, o Estado deu um salto na produtividade. É hoje referência mundial em produtividade em soja, commodity de alta exigência tecnológica e com mercado internacional bastante competitivo. O objeto deste estudo são as fontes, canais, fluxos, mediadores e usuários de informações sobre tecnologias agropecuárias na cadeia produtiva da soja em MT. O objetivo é descrever e analisar o sistema de informação tecnológica, seus atores e papel, evolução e condicionantes a partir da constatação de que o modelo tradicional de transferência de informações tecnológicas, baseado na articulação pequisa/extensão/agricultor foi substituído por um sistema de informação com múltiplas conexões e novos atores institucionais. As pesquisas em comunicação atêm-se, principalmente, a etapas do processo, tratando geral­ mente dos fluxos entre dois atores (e.g. organização-imprensa; organização-empregados; organização-usuário da informação) ou a rede de relacionamentos de um ator - no caso da comunicação rural. 3.

(23) o agricultor costuma ser o pólo central, em torno do qual é estabelecido o sistema. As análises geral­ mente abordam a divulgação dos resultados de pesquisa, suas formas, estratégias, adoção pelas orga­ nizações agrícolas e a recepção dos meios de comunicação de massa, buscando mudança de compor­ tamento, visando a adoção de novas técnicas. Caracterizam-se, principalmente, por discutir processos de informação que envolvem o agricultor, analisando validade e resultados obtidos com diferentes mecanismos de transmissão de informação, detendo-se no fluxo do tipo emissor-receptor ou geração-adoção, a partir do interesse do emissor em ver adotadas as informações disponibilizadas. É como se entre os laboratórios de pesquisa e o agricultor houvesse apenas mais um elo: meio de comu­ nicação, eventos, extensionista, publicações; e, na outra ponta, uma pessoa que precisa ser convencida a utilizar a tecnologia. Esse tipo de visão ignora as redes de comunicação que fazem parte da estrutura social, que incluem uma série de atores visíveis ou não, responsáveis por transportar informação de um ponto a outro da rede e, muitas vezes, transformando a informação original em uma nova informação, que chegará ao agricultor de forma diferente da originalmente concebida. Optou-se, assim, pela análise integral do sistema de informação sobre soja em Mato Grosso, identificando-se os atores envolvidos na geração, processos de ligação e obtenção de informações sobre tecnologias relacionadas ao cultivo de soja, caracterizando-se seu papel e interesses e descre­ vendo como a informação tecnológica flui no sistema. Para isso, parte-se de uma visão sistêmica do conjunto de atores que atuam no agronegócio da soja de MT e os fluxos de informação que estabele­ cem as ligações entre eles. Levantamento realizado para este trabalho indica a inexistência de estudos específicos relacionados à comunicação que tenham como objeto um determinado sistema ou cadeia do agronegócio brasileiro. No primeiro capítulo deste trabalho, avaliam-se as transformações pelas quais a agricultura passou no Brasil e no mundo, e que trouxeram, no âmbito da transferência de inovações agrícolas, uma série de novos atores no campo. Entre as mudanças está a relativização do poder dos meios de comunicação e da capacidade da extensão rural em intervir no desenvolvimento rural. O tema é trata­ do no capítulo seguinte, em que são descritos os modelos hegemônicos de disseminação de inovação tecnológica desde a consolidação da agricultura e a história dos atores nele envolvidos. Apresenta-se, então, a evolução histórica da ação do Estado como gerador de tecnologia agrícola e de suas estraté­ gias para aumentar o uso de práticas mais modernas no campo e como os estudos, no âmbito da comunicação rural, o trataram.. 4.

(24) Essa discussão interfere no capítulo posterior, onde é detalhada a presença do Estado na agricultura brasileira, particularmente pela ação da pesquisa e da extensão rural que atuam na tentativa de ajudar o agricultor a produzir melhor. Discute-se a lógica das políticas nacionais de informação ao agricultor a partir dos modelos e práticas dos serviços oficiais de extensão rural, assistência técnica privada e o papel desempenhado pelas organizações de pesquisa na oferta de informação tecnológica. A introdução de uma série de novos fatores e atores no ambiente da agricultura exige a compreensão das condições específicas de cada região e produto para a transferência de informação aos agriculto­ res. Com a análise dos atores, papel, atuação e interesses e da forma como se articulam será possível definir ações para estimular o desenvolvimento. Após a apresentação das transformações da agricultura, do contexto histórico e de pesquisa em que se situa a tese, definem-se o marco conceitual e as estratégias metodológicas adotadas. Observa-se, também, a existência de três fluxos nas cadeias produtivas: informação, financeiro e de pro­ dutos. Apesar disso, as dezenas de estudos consultados somente tratam dos dois últimos. Uma das contribuições previstas é originar um método de análise de fluxo de informação em cadeias produtivas. Para isto, a pesquisa sobre o fluxo de informação de uma cadeia altamente competitiva, como a de soja em Mato Grosso, que já foi tema de diversos estudos nos dois aspectos tradicionais, reveste-se de especial interesse para o pesquisador. No capítulo 5, são detalhados os procedimentos metodológicos adotados para delimitação, coleta, descrição e análise dos dados que incluem exame de documentos, de dados secundários e coleta de dados primários, a partir de 55 entrevistas semi-estruturadas com 44 experts na cadeia, além de grupo focal com agricultores. A modelagem do sistema e sua descrição levou à realização de apresentações de validação dos resultados junto a conhecedores da cadeia produtiva da soja em MT, representando Embrapa, Fundação Mato Grosso e Carteira Agrícola do Banco do Brasil. No capítulo 6, apresenta-se um resumo dos estudos sobre cadeia produtiva da soja em Mato Grosso, área de alta produção no Brasil, mas ainda de enorme potencial agrícola e com vastas áreas de produção a ocupar. No capítulo seguinte, com base em revisão de literatura e na pesquisa de campo, aborda-se a evolução da presença da soja em Mato Grosso a partir de uma perspectiva de ação de atores sociais como instituições privadas, extensão rural, agricultores e poder público. Identificam-se três etapas históricas no Sistema de Informação Tecnológica (SIT) e os atores intervenientes. No capítulo 8, caracteriza-se o SIT da Cadeia Produtiva da Soja em Mato Grosso. São apresentados o modelo gráfico, a análise e a descrição do fluxo de informação e do papel e atuação. 5.

(25) dos atores. As dinâmicas dos processos referentes a recebimento, processamento e distribuição de informação de cada ator são discutidas, tratando de características, problemas, condicionantes e potencialidades a partir de aspectos como estrutura, uso dos meios, estratégias, políticas, problemas, tecnologias e ambiente. Mostra-se como a informação tecnológica flui no sistema e, ao final, apresenta-se propostas para facilitar o fluxo de informação das empresas geradoras de tecnologia para as organizações agrícolas e para o sistema como um todo. A realização deste trabalho pretende contribuir de duas maneiras para os estudos no âmbito da comunicação: a) Subsidiar organizações de pesquisa, assistência técnica e de apoio na área agrícola no Esta­ do de Mato Grosso para a elaboração de políticas públicas e estratégias de planejamento de comu­ nicação e, também, os integrantes da cadeia de soja sobre demandas de informação tecnológica. b) Fornecer ferramentas metodológicas e referências que permitam a descrição e análise de sistemas complexos de comunicação entre diferentes atores e instituições, em particular em cadeias produtivas, de maneira a facilitar aos gestores de unidades produtivas o acesso à informação tecnológica.. 6.

(26) CAPÍTULO 1 – AS TRANSFORMAÇÕES NA AGRICULTURA Historicamente, as noções de rural, campo e agricultura são identificadas por oposição ao urbano, às cidades, à indústria; às vezes podem estar relacionadas com baixa produtividade, isolamen­ to, produção de subsistência, estrutura eminentemente familiar e até como sinônimo de atraso, subde­ senvolvimento. No Brasil, talvez pelo lugar comum de País de contrastes, binômios como agriculturaindústria, superpopulação-rarefação demográfica, desenvolvimento-subdesenvolvimento, rural-urbano ganham abrigo (ver exemplo em DE CICCO, 1973)1 . Desde a década de 70, entretanto, essas noções mitificadas têm passado por uma revisão fundamentada na transformação estrutural no meio considerado rural. São exemplos a especialização agrícola, a transição da agricultura de subsistência para o conceito de negócio agrícola, o surgimento de novas atividades e a presença cada vez maior de características antes restritas ao meio urbano, tais como novas formas de comunicação, facilidade de transporte e consumo. A mudança faz com que a noção espacial de rural tenha que ser pensada por meio de conceitos mais flexíveis e por modos de agir que contemplem a diversidade característica de cada uma das regiões onde vivem 52 milhões de habitantes em 4.500 municípios (VEIGA, 2002, p. 47). Dois exemplos podem ilustrar a nova realidade. Um deles é um novo ator da agricultura, o Sebrae. Conhecido por ser uma instituição atuante junto a pequenas e médias empresas do meio urbano, desde meados da década de 90, possui programas para capacitação gerencial e tecnológica de produtores rurais e empresários agroindustriais. A média anual entre 1996 e 1997 foi de 100 mil atendimentos (SOARES, 1998). Outro é Fernando Yokozawa, citado pela Abimilho como o cam­ peão nacional de rendimento na produção de milho. Fernando pode ser considerado mais empreende­. 1. O autor dos exemplos de oposição expressa visão típica do início dos anos 1970 ao concluir seu artigo: “o homem do campo precisa ser preservado, em sua cultura, em seu modo de ser brasileiro, pois se ele não é um forte como queria Euclides da Cunha, também não é um fraco. É simplesmente o Jéca Tatú que tem suas idéias, como nos descreveu Lobato” (DE CICCO, 1973, p.16).. 7.

(27) dor tecnológico que agricultor. Não possui terras, as arrenda e investe em tecnologia para produzirem bem. Mora com os pais em Londrina e não nas áreas rurais que administra (HASSE, 2003, p. 131-132). Até a década de 80 ainda era comum, além do agricultor de subsistência, a presença de aven­ tureiros, curiosos e especuladores, que, por força do subsídio estatal e do protecionismo obtiveram lucro mesmo com pouca capacidade de gerenciar e produzir. Entre as principais mudanças ocorridas nessa década está a redução intervencionista do Estado em políticas públicas, como programas de suporte, créditos, garantia de preços mínimos, sistema de extensão rural e pesquisa. A partir dos anos 90 configura-se no ambiente empresarial agrícola uma realidade em que se exige “que o produtor seja um administrador rural, um profissional da agricultura dedicado ao ofício e permanentemente atualiza­ do em novas tecnologias para modernizar o seu negócio e competir com sucesso. É a lei do mercado: competir ou desaparecer” (DALL’AGNOL, 2002, p. 1). Uma grande parcela do campo brasileiro articula-se às mudanças econômicas da sociedade e evolui em setores transformadores e de serviços no negócio agrícola, com unidades mais produtivas via gerenciamento de recursos relacionados a terra, capital e trabalho, e agricultores atuando integrados a mercados, fluxos de informação e instituições sociais (JOHNSTON; KILBY, 1977). A especialização agrícola se concretiza no emprego de máquinas de maior rendimento, no esforço para gerenciar os fatores de produção, no uso de inovações tecnológicas que reduzam custos de produção e aumentem a lucratividade e na negociação de matérias-primas a serem transferidas para as indústrias de transforma­ ção, exportadores, atacadistas. Diversos autores (GRAZIANO DA SILVA, 1985, 1995, 1998; VEIGA, 1998, 2002; GOODMAN; SORJ; WILKINSON, 1990; ABRAMOVAY, 1992; GRAZIANO NETO, 1996; FONSECA JÚNIOR, 2003) mostram como isto ocorreu. Fica caracterizado que o termo rural perdeu autonomia, latifúndios se modernizaram, novos agentes sociais surgiram e a unidade agrícola, como ator principal da economia agrária deu origem, em muitos casos, a um complexo sistema agroindustrial articulando a agricultura e as zonas urbanas, a economia agrícola e a industrial. “Os espaços em que os ecossistemas permanecem menos artificializados – isto é, as relações urbano/rurais – não mais correspondem à antiquada dicotomia entre a cidade e o campo” (VEIGA, 2002, p. 38). Um dos exemplos da complexidade que assumiu a questão rural é exposto por CAMPANHOLA; GRAZIANO DA SILVA (2000b; 2000c), que caracterizaram a população residente no meio tradi­ cionalmente considerado “rural” no Projeto Rurbano (rural + urbano). Eles identificam redução do número de pessoas empregadas em atividades agrícolas e crescimento de outras formas de ocupação.. 8.

(28) Além disso, notam o aumento da diversificação de atividades agrícolas e não-agrícolas. O meio rural, segundo eles, não pode mais ser caracterizado como estritamente agrário. Entre as novas funções e tipos de ocupação, identificam: a) propiciar lazer a famílias em atividades do tipo pesque-pagues, hotéis-fazenda, chácaras. b) dar moradia a um segmento crescente da classe média, em condomínios rurais. c) desenvolver atividades de preservação e conservação da natureza. d) abrigar um conjunto de profissões tipicamente urbanas. Noutro estudo, GRAZIANO DA SILVA (1995) mostra como as cidades absorveram ativida­ des típicas das fazendas ao mesmo tempo em que a urbanização do meio rural altera as relações de trabalho, inclusive com maior qualificação e tecnificação. Uma das razões da mudança é a consolida­ ção da agricultura de cunho empresarial surgida na década de 70, que cria diversificados empregos, mesmo para profissionais de origem urbana. A noção de “rurbano” também emerge em QUIRINO; GARAGORRY; SOUSA (2002, p. 22-25). Dados coletados em 1999 em 145.890 estabelecimentos agrícolas sugerem que limites do antigo meio rural e urbano se “esvaem e os valores se fundem”, resultado do acesso amplo a produtos considera­ dos indicadores de inserção capitalista, e.g., vídeo-cassete (35,6%), cartão de crédito (43,5%), plano de saúde (31,4%), computador (19,9%), antena parabólica (58,4%), telefone celular (28,4%). Cha­ mam a atenção para o fato de que antena parabólica e computador estão instalados predominante­ mente na casa (possivelmente urbana) do proprietário e não na fazenda. GRAZIANO NETO (1996, p. 43-44) informa que a zona rural brasileira, em 1950, abrigava quase 70% dos habitantes do País, reduzidos para 25% em 1990, destacando uma industrialização tardia e abrupta. A reconfiguração das relações e estrutura do campo “provocou lacunas no conheci­ mento da realidade, trazendo deficiências que somente agora começam a ser superadas. (...) Séculos de sociedade agrário-tradicional desmoronaram num curto espaço de tempo, enquanto a moderniza­ ção tecnológica revolucionava a forma de produção no campo”. Entre as mudanças para as quais chama a atenção está o fato de que em muitos casos o latifúndio foi transformado em empresa rural, um tipo de fazenda com gestão profissional2 . A capacidade da empresa agrícola de competir no mer­ cado deixou de estar na quantidade e qualidade dos recursos naturais e passou a ser encontrada no uso de modernas técnicas de produção (DALL’AGNOL, 2002b, p. 41). 2. “Latifúndio é a grande propriedade improdutiva, baseada nas relações quase feudais de produção, dominada pela oligarquia rural. Grande empresa é a propriedade capitalista, com elevada produtividade, baseada no assalariamento da mão-de-obra, gerenciada por empresários (...) ambas significam a grande propriedade, que permanece ainda dominando o campo, agora sob nova dinâmica” (GRAZIANO NETO, 1996, p.48).. 9.

(29) Circunstâncias que alteraram a relação urbano-rural exigem interpretação e ações adaptadas à nova realidade. O Estado, como indutor do desenvolvimento, afasta-se, abre espaço para a reorgani­ zação dos setores mais capacitados e, em muitos casos, estabelece parcerias com produtores e comu­ nidades para intervenção localizada. GRAZIANO DA SILVA; GROSSI; CAMPANHOLA (2002, p. 39) agrupam três novas atividades no campo brasileiro: a) agroindústria moderna, baseada em commodities e intimamente ligada às agroindústrias. b) conjunto de atividades não-agrícolas, ligadas à moradia, ao lazer e a várias atividades indus­ triais e de prestação de serviços. C) conjunto de novas atividades agropecuárias, impulsionadas por nichos especiais de mercado.. A modernização da agricultura está atrelada a uma série de fatores, entre os quais destacamos os seguintes: a) políticas públicas, que incentivavam a produção tecnificada. b) unidades produtivas especializadas. c) integração com o sistema industrial-financeiro, que trouxe suporte físico por meio de tratores e implementos. d) emergência de uma segunda revolução químico-biológica-genética, viabilizada por meio de defensivos químicos e sementes. e) setor financeiro, com aporte de crédito que antes era oferecido exclusivamente pelo setor público. f) novas formas de ligação entre o agricultor e as fontes de informação, seja por meio de meios físicos como estradas, internet e telefones ou pela facilidade de articulação com atores soci­ ais via estes mesmos meios. A presença de multinacionais é fortalecida pela economia liberalizante, aberta aos mercados internacionais com aquisições, fusões e alianças estratégicas nas empresas (SOUSA; MARQUES; CAFFAGNI, 1998). O objetivo das multinacionais é obter aumento em escala industrial, com conse­ qüente concentração da indústria. MARQUES; SOUSA (1998, p.216) relatam que, em 1997, se­ guindo uma tendência internacional, as quatro maiores empresas de soja eram responsáveis por 43%. 10.

(30) da capacidade total de esmagamento no Brasil. Nos Estados Unidos as quatro maiores indústrias eram responsáveis por 75% do total. Ao avaliar as mudanças promovidas no campo pelo que chama “seto­ res hegemônicos do mundo globalizado”, em particular pelo domínio da revolução químico-biológica por grandes corporações, SANTOS (2002b, p. 45) alerta que está próximo o dia em que serão anunciados “o fim da agricultura que depende da terra, do clima, das estações do ano e até do homem, tornando obsoletos, portanto, os agentes até então considerados essenciais à produção agrícola”. A Lei de Produção de Cultivares (LPC), estabelecendo pagamento de royalties sobre a venda de sementes protegidas, a evolução no campo biotecnológico e as crescentes exigências de eficiência fazem com que multinacionais entrem ou ampliem sua participação no mercado, comprando pequenas e médias empresas brasileiras, ou formando parcerias, como no caso Embrapa/Monsanto. A inovação tecnológica, antes oferecida gratuitamente ao agricultor por empresas públicas de pesquisa, mesmo que com dificuldade, passa a ter seu custo embutida na comercialização do produto, remunerado pelo mercado e não mais pelo Estado. Ao mesmo tempo, as empresas públicas assumiram a referência da competitividade e passaram a desenvolver parcerias e criar mecanismos de interação para identificar demandas e transferir tecnologias. O novo ambiente econômico e social formado a partir dos anos 80, novos meios de comunica­ ção, particularmente internet, questionamento dos resultados obtidos e a preocupação com a sustentabilidade dos sistemas agropecuários fez com que houvesse uma redefinição de prioridades, a retirada de apoio dos governos e a privatização das atividades de suporte ao campo (ENGEL, 2003). A pesquisa agrícola fica, por razões conjunturais e políticas, cada vez mais ligada à industrialização e à necessidade de estabelecer parcerias, cooperação e acordos comerciais com os diversos segmentos de cada cadeia produtiva (PINAZZA; ALIMANDRO, 1999). As empresas públicas de pesquisa passam por processos de reestruturação em que alteram a forma de gestão, ampliam a parceria com comunidades locais, instituições, governos e grupos organi­ zados de maneira a abranger as necessidades sociais e definir seus objetivos e estratégias, com impli­ cações na sua própria sobrevivência. SALLES-FILHO; KAGEYAMA (1998), analisando esta ne­ cessidade de reorganização estrutural, a demostram como tendência internacional e afirmam a impor­ tância da ligação das instituições com a sociedade via abertura institucional e criação de redes e interfaces, que permitam não apenas o aprendizado e a cooperação, mas o entendimento e a internalização de demandas (1998, p. 177), exemplo seguido pela Embrapa ao longo dos anos 90 (FLORES; SILVA, 1992; PORTUGAL; CONTINI, 1998).. 11.

(31) GOODMAN; SORJ; WILKINSON (1990) estudam a dinâmica do sistema agroalimentar e mostram forte conexão entre atividade industrial e campo, indicando que a produção agrícola assume perfil industrial. O uso de conceitos de apropriação e substituição sugere que a atividade de produção rural é apropriada pelo capital industrial via instrumentos de produção como maquinário, sementes, fertilizantes e em complexos industriais de produtos. O suporte externo e a integração ofereceram condições para a agricultura ser origem de sistema denominado complexos agroindustriais (CAI), particularmente a partir dos anos 70. Ao explicar as mudanças na produção agrícola brasileira, KAGEYAMA (1996, p. 113-115) sugere três conceitos centrais: a) MODERNIZAÇÃO: a base técnica é alterada da produção camponesa artesanal para uma agricultura moderna, mecanizada; b) INDUSTRIALIZAÇÃO: processo iniciado em meados da década de 60, quando a agricultura transforma-se em ramo de produção similar a uma indústria, que compra insumos e produz matérias-primas para outros setores e c) CAI: Inexiste “a agricultura”. Há complexos agroindustriais. Os CAI vêm dos anos 70, resultado da contínua especialização agrícola e dependem de outros setores, particularmen­ te políticas de Estado e da dinâmica da indústria. Integram-se ao mesmo tempo em que a atividade agrícola se especializa. Segundo GRAZIANO DA SILVA (1998, p.32-33), a constituição dos CAI e a industrializa­ ção da agricultura são os novos determinantes que alteram as variáveis-chave da dinâmica agrícola: “parte significativa da agricultura agora cresce não mais em função dos preços das commodities no mercado externo, mas em função das demandas industriais que se estabeleceram sobre a agricultura”. Essa estruturação tem vertentes. Uma delas é que organizações, via terceirização, contratações de mão-de-obra temporária, parcerias com fornecedores e clientes possuem dificuldades de manter iden­ tidade, fronteiras entre o ambiente interno, resultado de tornarem-se cada vez mais sistemas abertos, diluídos e com fronteiras difíceis de identificar (CALDAS; WOOD JR., 1997, p. 15-16). No limite, as empresas necessitam de algo como a identidade não por natural ou inerente, mas por expressão para o mercado, argumentam. A dinâmica agrícola aceleradamente incorpora logística, transporte, armazenamento e ativida­ des antes típicas do meio urbano modificando o ritmo do desenvolvimento da agricultura e fazendo. 12.

(32) surgir atores com a finalidade de efetuar transações comerciais, criar e gerir ligações no sistema. O surgimento destes atores merece uma consideração especial neste trabalho. Tais modificações são resultado das novas funções e processos estabelecidos no meio agrícola e assumem destaque por atenderem a demandas naturais provenientes da complexificação das novas relações em um ambiente diverso do meio urbano, mas com características tipicamente empresariais. O agricultor, ao adotar procedimentos e interesses que o distanciam da agricultura de cunho de subsistência, necessita de conhecimentos adicionais para gerenciar a propriedade, acompanhar a produção de maneira constan­ te e minuciosa, identificar e negociar insumos, suprimentos e o produto de sua unidade agrícola. Ne­ cessita maior capacidade gerencial e informações consistentes, que permitam que tome a decisão correta baseada em fontes seguras. DIAZ et al. (apud CASTRO; LIMA; HOEFLICH, 1999, p. 54) apontam mudanças relevan­ tes nas unidades agrícolas a partir das transformações da sociedade e de sua própria necessidade de adaptação. Lista-se algumas, com base no que foi discutido até agora: a) transformações na estrutura e na organização social da produção de alimentos e matéria­ prima para setores industriais. b) novos atores nos processos de inovação tecnológica agrícola. c) mudanças na infra-estrutura tecnológica agrícola. d) maior pressão social sobre o desempenho das organizações agrícolas. e) queda nos recursos destinados aos serviços públicos de apoio à agricultura. f) tendência à privatização do processo de desenvolvimento tecnológico.. 1.1 CONSEQÜÊNCIAS DAS TRANSFORMAÇÕES NO AMBIENTE DE INOVAÇÃO Boa parte da agricultura atual pode ser mais adequadamente entendida tomando-se por base o conceito de agribusiness ou agronegócio, uma maneira de perceber a dinâmica da produção desde a fabricação dos insumos até o consumo de determinado produto, um complexo que envolve a dinâmica e o relacionamento de vários setores. A agricultura, muitas vezes adjetivada como atrasada, tradicio­ nal, isolada, tornou-se um setor complexo, envolvendo, influenciando e sendo influenciada por vários atores sociais, e mantendo um dinamismo muito específico com setores a montante e a jusante, antes e depois da porteira.. 13.

(33) Antes da porteira (backward linkage), fazem parte do setor fornecedores de insumos como sementes, máquinas agrícolas, fertilizantes, defensivos químicos e biológicos, rações, transporte, e informações como assistência técnica pública ou privada. Dentro da porteira, fazem parte tecnologias do tipo agronômico, como adubação, manejo de culturas, desenvolvimento de sistemas de produção animal e agrícola. Depois da colheita (forward linkage), são consideradas questões relacionadas a armazenamento, suporte do escoamento do produto, como embalagens, transporte, estudos de mer­ cado, agentes financeiros, armazenamento e comércio. Esta relação entre os diversos setores que compõem um agronegócio, e entre eles e os ambientes nos quais estão inseridos, exige a compreensão de como uma mudança em um dos fatores (ou atores) pode alterar a situação de outros fatores/atores, com implicações no próprio sistema (ou agronegócio) ou no ambiente em que ele está inserido. Nomes alternativos dados a este complexo sistema caracterizado por incluir todas as cadeias produtivas agrícolas são negócio agrícola, complexo agroindustrial, agronegócio ou agribusiness. Estão integrados ao processo de transformação de produtos e sobre ele têm influência e até são determinantes os ambientes a) institucional (cultura, educação, tradição). b) organizacional (empresas, entidades de classe, pesquisa e desenvolvimento). c) financeiro (mercado, crédito, taxas). d) político (legislação). Informações sobre técnicas de produção, inovações, concorrentes, tendências de mercado e consumo são fundamentais no processo decisório de qualquer agricultor, de qualquer situação econô­ mica. Entre os conhecimentos necessários para o gerenciamento da unidade agrícola estão o melhor momento de plantio ou colheita, de compra ou de venda, de uso de determinado defensivo, de varie­ dades disponíveis, suas vantagens e desvantagens, novas técnicas de plantio, formas de escoamento de produtos, sistemas de gerenciamento, perspectivas de políticas agrícolas, juros bancários. As infor­ mações não são necessariamente segredo para seus detentores; em geral são consideradas “bens públicos” mas, ao longo da história da agricultura nacional, tornaram-se um dos principais pontos de estrangulamento do sistema produtivo e decisivas no momento de fazer escolhas. Muitas vezes não estão disponíveis ou não são encontradas no momento adequado e, até, por isso, têm seu potencial ignorado.. 14.

(34) Essa nova situação faz com que as empresas de pesquisa participem de uma dinâmica de inovação que envolve outras instituições de pesquisa, empresas privadas, entidades de classe, grupos organizados que influenciam mais efetivamente a produção da tecnologia, tornando-se parceiros na disseminação dos resultados, num processo sinérgico de transferência da tecnologia. A pesquisa deixa de ser parte de uma seqüência linear de etapas para se envolver em uma ampla rede de negociações e articulações comerciais ou não com uma série de atores (ROCHA FILHO, 2001). Ao mesmo tempo em que a extensão rural vê-se obrigada a rever seu papel e opta pela ação junto a famílias mais desassistidas, num papel de organização e “empoderamento” (dar poder) do agricultor (ABRAMOVAY, 1997), grupos capitalizados geram formas alternativas e autônomas de incorporar conhecimento técnico. Agricultores de cadeias mais organizadas estabelecem grupos de intercâmbio e aprendizagem, criando alianças com atores do campo e da cidade para sobreviverem e evoluírem. As empresas públicas de pesquisa, com o surgimento da biologia molecular e da lei de patentes, passam a acentuar a competição com empresas privadas. Grupos de agricultores se organi­ zam em fundações com a finalidade de intermediar o processo de oferta de novos produtos gerados por empresas públicas. A oferta e orientação sobre tecnologia dos agricultores está então relacionada à sua capacida­ de organizativa ou de integração com os institutos de pesquisa ou mesmo à prestação de serviços por parte de empresas de assistência técnica. Empresas privadas de insumos investem na agricultura, um setor cada vez mais capitalizado. Empresas multinacionais passam a ampliar sua oferta de material genético. Esta reorganização ainda está ocorrendo, em diferentes bases, em cada produto, com cada ator negociando institucionalmente sua forma de participar do sistema, seja na forma de cooperação como na de competição. A melhor capacitação gerencial e a modernização fazem com que mecanização, ampliação do uso de insumos e especialização sejam exigências cada vez mais comuns. Um forte sistema de exten­ são rural privada, com aporte financeiro dos agricultores e suas instituições representativas e o surgimento de uma série de novos atores relevantes como agroindústrias, consultorias, cooperativas, bancos, muitos caracterizados como novas fontes de informação, mudam a estrutura social de boa parte das regiões tradicionais agrícolas. Os aspectos relativos à administração da propriedade, incluindo avalia­ ção de insumos, gerenciamento administrativo e financeiro e análise de opções de mercado para comercialização passam a fazer parte da agenda diária dos agricultores.. 15.

(35) Em instituições de pesquisa como a Embrapa, a noção de cadeia produtiva passa a ser central no gerenciamento. O referencial de análise não é mais a produção dentro de uma propriedade, “mas a conformação e as tendências de toda a cadeia produtiva em que este dado sistema de produção se insere” (PORTUGAL; CONTINI, 1998, p. 125). A partir desta percepção, a Embrapa passa a enfatizar a atuação com todos os segmentos da sociedade. Essa mudança amplia seu contato com agroindústrias, políticos, consumidores e outros envolvidos nas cadeias produtivas do negócio agrícola, o que exige a formalização de novos ambientes de comunicação, com o uso de sistemas de informação e estratégias de relacionamento baseadas em acordos com os diversos atores que interferem nas diferentes etapas das cadeias produtivas. As transformações de natureza social e econômica na agricultura implicam mudanças também nos processos de comunicação envolvendo informação tecnológica gerada de instituições públicas de pesquisa para as unidades produtivas do agronegócio. A nova configuração da agricultura faz com que, ao fim do século XX, modelos hegemônicos de transferência de tecnologia estabelecidos lenta­ mente desde o século anterior sejam substituídos por novos fluxos envolvendo atores sociais emergen­ tes, particularmente na área privada e ação local para busca de soluções adaptadas às diferentes realidades. Nos dois próximos capítulos será exposto como isto ocorreu e suas implicações nos pro­ cessos envolvendo comunicação.. 16.

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