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PROPOSTA DE PREÇOS MÍNIMOS

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Academic year: 2021

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PROPOSTA DE PREÇOS MÍNIMOS

SAFRA 2015/2016

Produtos da Sociobiodiversidade

Volume II

Brasília, 2015

Brasília, 2015

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Ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Kátia Abreu

Presidente da Companhia Nacional de Abastecimento

Rubens Rodrigues dos Santos

Diretor de Política Agrícola e Informações

João Marcelo Intini

Superintendente de Gestão da Oferta

Wellington Silva Teixeira

Gerência de Alimentos Básicos

Stelito Assis dos Reis Neto

Gerência de Fibras e Produtos Especiais e Regionais

Fernando Gomes da Motta

Gerência de Oleaginosas e Produtos Pecuários

Thomé Luiz Freire Guth

Gerência de Produtos da Sociobiodiversidade

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Brasília, 2015

PROPOSTA DE PREÇOS MÍNIMOS

SAFRA 2015/2016

Produtos da Sociobiodiversidade

Volume II

ISSN: 2359-4160

Prop. preços mínimos, v. 2,Brasília, p. 1-159, mar. 2015

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Impresso no Brasil. Depósito legal junto à Biblioteca Josué de Castro ISSN: 2359-4160

Responsáveis Técnicos: Wellington Silva Teixeira e Gabriela Souto Colaboradores:

Açaí e juçara - Elizabeth Tebar Turini

Andiroba, pinhão e Pirarucu de manejo - Augusto de Andrade Oliveira Babaçu e macaúba - Gabriela Lopes Souto

Baru e pequi - Ianelli Sobral

Borracha extrativa e castanha do Brasil - Humberto Lobo Pennacchio Buriti e pó cerífero e cera de carnaúba - Ênio Carlos Moura de Souza Cacau extrativo e piaçava - Bruno Nogueira

Mangaba e umbu - Flávia Machado Starling Soares

Apoio:

Gerência de Levantamento e Avaliação de Safras - Geasa Gerência de Custos de Produção - Gecup

Gerência de Informações Técnicas - Geint

Editoração: Superintendência de Marketing e Comunicação – Sumac / Gerência de Eventos e Promoção

Institu-cional - Gepin

Diagramação e Ilustrações: Marília Yamashita

Normalização: Thelma Das Graças Fernandes Sousa CRB-1/1843, Narda Paula Mendes – CRB-1/562.

Catalogação na publicação: Equipe da Biblioteca Josué de Castro 338.5(05)

C737r Companhia Nacional de Abastecimento.

Proposta de Preços Mínimos / Companhia Nacional de Abastecimento – v.1 - (2015- ). - Brasília : Conab,

v.

Trimestral

Disponível em: http://www.conab.gov.br Anual

ISSN: 2359-4160

1. Preço mínimo. I. Título.

Distribuição:

Companhia Nacional de Abastecimento Superintendência de Gestão de Oferta

SGAS Quadra 901 Bloco A Lote 69, Ed. Conab - 70390-010 – Brasília – DF (61) 3312-6240

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Apresentação ... Preços mínimos 2015/16 - produtos da sociobiodiversidade ...

Produtos: Açaí ... Andiroba ... Babaçu (amêndoa) ... Baru (amêndoa) ... Borracha extrativa ... Buriti (fruto) ... Cacau extrativo ... Pó cerífero e cera de carnaúba ... Castanha do Brasil ... Juçara ... Macaúba ... Mangaba ... Pequi ... Piaçava ... Pinhão ... Pirarucu de manejo ... Umbu ... 07 09 11 22 39 48 53 59 65 72 84 90 97 105 110 115 122 139 154

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Apresentação

Em cumprimento ao que determina o Decreto-Lei nº 79, de 19 de dezembro de 1966, modificado pela Lei nº 11.775, de 17 de setembro de 2008, e o Art. 5º do Decreto nº 99.944, de 26/12/1990, alterado pelo Decreto nº 6.407, de 24/03/2008, bem como a Portaria Interministerial MMA/MAPA/MDA/MF/MPOG nº 311, de 19/08/2010, a Companhia Nacional de Abastecimento – Conab apresenta a Proposta de Preços Mínimos para os produtos de safra extrativos 2015/2016.

Na presente Proposta estão envolvidos 15 produtos já inclusos na pauta da PGPM: açaí (fruto), andi-roba (amêndoa), babaçu (amêndoa), barú (amêndoa), borracha extrativa (cernambi), cacau extrativo (amêndoa), carnaúba (cera e pó), castanha do brasil (com casca), juçara (fruto), macaúba (fruto), mangaba (fruto), pequi (fruto), piaçava (fibra bruta), pinhão (fruto) e umbu (fruto). Dois produtos estão sendo propostos para inclusão: buriti (fruto) e pirarucu de manejo (eviscerado com cabeça).

Nesse sentido, as análises desses produtos contêm textos de avaliação de mercado, planilhas (de custos dos dois últimos anos), uma tabela com o resumo dos dados das propostas, figuras e gráficos, sendo, portanto, material bem denso. Desta feita, para facilitar o manuseio, abrange a presente proposta: dados que serviram de base para a proposta e análises econômicas de cada um dos produtos.

Frisamos que o presente compêndio foi produzido de forma a facilitar o trabalho de análise dos técnicos que irão proceder às avaliações político-econômicas das propostas produzidas pela Conab. Assim, constam o quadro-resumo com os principais indicadores que levaram às propostas apresentadas, comparando, obvia-mente, com os dados da safra anterior, como também a avaliação econômica de cada um dos produtos acima citados.

Cabe esclarecer que, devido à necessidade de aperfeiçoamento dos processos de coleta e cômputo dos custos, foram necessárias mudanças nas metodologias de cálculo de alguns desses produtos. Nesse contexto, são apresentados os custos elaborados pela metodologia antiga (que foram base para os preços da safra ante-rior) e os atuais, informando que, no caso específico, fez-se o comparativo entre os custos da safra anterior e da atual. Nesse trabalho são colocadas as explicações das mudanças ocorridas.

Vale ressaltar que esta proposta foi idealizada tendo como contexto o momento de pressão inflacio-nária que, no exercício anterior, chegou a 6,41%, bem próximo do teto da meta do Banco Central do Brasil, e que em janeiro de 2015 atingiu a marca de 1,48%, totalizando 7,13% no ano, ficando portanto acima do limite estipu-lado pelo BCB.

Por outro lado, não resta nenhuma dúvida de que os custos de produção irão sofrer incrementos durante a próxima campanha agrícola. A inevitável e necessária recomposição dos preços dos combustíveis e da energia elétrica, bem como a elevação das cotações cambiais aos níveis de equilíbrio, terão pouca influência nesses produtos, mas o aumento do custo da mão de obra certamente irá impactar com mais intensidade, ocasionando aumentos nos custos de produção, conforme pode ser visto nos dados do quadro-resumo, assim como nas planilhas de custos.

O cenário de preços deprimidos para alguns produtos, de custos em elevação e a importância que o financiamento se reveste no alongamento da oferta indicam que boa parte dos produtos objetos da presente Proposta necessitará de um “olhar mais atento” do Governo Federal, admitindo, inclusive, o reajuste aos níveis dos custos variáveis de produção.

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no período de 1/07/2015 a 30/06/2016. Portanto, a maior ou menor oferta irá impactar nos preços de comer-cialização dos dois próximos semestres. Ressalta-se: ter boa produção desses produtos extrativos para que os extrativistas tenham renda é condição relevante para que os biomas onde essas atividades se desenvolvem sejam preservados.

Neste trabalho, a Conab utilizou, dentro de sua tradição metodológica, a igualdade nos custos variáveis de produção quando as demais variáveis de mercado permitiam, e quando isso não foi possível, a correção dos preços mínimos foi feita pelo aumento dos custos de produção. Em alguns casos, houve a manutenção e, até, a redução dos preços da safra anterior.

Desta forma, o que se pretende com essa Proposta é motivar o extrativista a manter sua produção. Isso evita a redução de sua renda, a diminuição das culturas elencadas e o aumento do desmatamento.

Ressalta-se que o apoio à comercialização tem tido baixa adesão, e o principal motivo tem sido a falta de conhecimento por parte das comunidades beneficiárias. Neste sentido, no segundo semestre de 2014, a Conab obteve R$ 200.000,00 de recursos, transferidos pelo MDA, com os quais foram produzidos materiais de divul-gação e realizados sete painéis regionais (Amazonas, Santa Catarina, Paraíba, Bahia, Maranhão, Ceará e Pará) em áreas de adensamento de iniciativas econômicas extrativistas com maior potencial para operacionalização da PGPM-Bio. Assim, com essa medida, espera-se que nos próximos anos haja uma maior efetividade. Outra ação que certamente dará mais abrangência a essa política diz respeito às parcerias com entidades locais, que a Conab deverá buscar durante este ano, para complementar as atividades de supervisão.

Finalmente, e dentro do contexto formulado acima, espera-se que os argumentos das propostas aqui apresentadas contribuam para o aumento da produção agrícola no Brasil, cumprindo com uma das atribuições do poder público, que é o de equilibrar forças, proporcionando oportunidades diferenciadas a quem tem maior dificuldade em obtê-las naturalmente.

João Marcelo Intini

Diretoria de Política Agrícola e Informações Diretor

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Preços mínimos 2015/16 - produtos

da sociobiodiversidade

Tabela 1 - Parâmetros para elaboração das propostas, em R$/unidade

Produtos de Verão Unidade

Custo de produção

variável ProdutorPreço Preço mínimo Preço no atacado - principal praça Preços de paridade

2014/15 2015/16

Var.

% Média anual Atual

Em vigor Proposto

Var. %

Preço mínimo

composto Média mercado Atacado Produtor Atual Proposto Anual Atual ImportCIF exportFOB ImportCIF exportFOB

Açaí (fruto) Norte e Nordeste Kg 1,11 1,18 6,31 1,89 1,44 1,11 1,18 6,31 - - - - - - Andiroba (amêndoa) Norte e Nordeste Kg 1,29 1,39 7,75 0,56 0,95 1,29 1,39 7,75 - - - - Babaçu (amêndoa) Norte, Nordeste e MT Kg 2,26 2,53 11,95 1,01 1,05 2,49 2,53 1,61 - - - - - - - - Baru (amêndoa) Centro-Oeste, MG, TO e SP2 Kg - 12,05 - 10,00 15,00 - 12,05 - - - -

Borracha extrativa (cernambi) Norte e Norte

do MT Kg 7,49 7,89 5,34 2,04 1,58 4,90 5,16 5,31 - - - - - - - -

Buriti (fruto)1

Norte,

Nordeste e GO - - 1,06 - - 0,85 - 1,06 - - -

-Cacau extrativo (amêndoa)

Norte Kg 5,54 6,00 8,30 4,01 4,31 5,54 6,00 8,30 - - - - - - - Carnaúba Nordeste - cera bruta gorda Kg 7,91 12,36 56,26 13,28 16,00 8,12 12,36 52,22 - - - 16,29 Nordeste - pó cerífero - Tipo B Kg 5,17 10,60 105,03 7,83 9,61 4,97 10,19 105,03 - - - -

Castanha do Brasil (com casca)

Norte e MT Kg 0,64 0,66 3,13 2,72 3,13 1,18 1,18 0,00 - - - - Juçara (fruto) Sul e Sudeste Kg 1,87 2,02 8,02 2,06 2,31 1,87 2,02 8,02 - - - - - - - - Nordeste Kg 1,11 1,18 6,31 1,89 1,44 1,11 1,18 6,31 - - - - - - - - Macaúba (fruto) Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste Kg 0,44 0,50 13,64 0,49 0,24 0,45 0,50 11,11 - - - - Mangaba (fruto) Nordeste Kg 2,53 1,95 -22,92 2,63 2,50 2,53 1,95 -22,92 - - - - - - - - Sudeste e Centro Oeste Kg 1,20 1,63 35,83 0,49 0,50 1,20 1,63 35,83 - - - - - - - - Pequi (fruto) Norte, Nordeste Kg 0,42 0,46 9,52 0,76 0,85 0,43 0,46 6,98 - - - - - - - - Sudeste, Centro-Oeste Kg 0,51 0,56 9,80 0,52 0,45 0,51 0,56 9,80 - - - - - - - - Continua...

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Produtos de Verão Unidade

Custo de produção

variável ProdutorPreço Preço mínimo Preço no atacado - principal praça Preços de paridade

2014/15 2015/16

Var.

% Média anual Atual

Em vigor Proposto

Var. %

Preço mínimo

composto Média mercado Atacado Produtor Atual Proposto Anual Atual ImportCIF exportFOB ImportCIF exportFOB

Piaçava (fibra bruta)

Norte e BA Kg 1,79 1,91 6,70 1,27 1,30 1,70 1,91 12,35 - - - - - - - -

Pinhão

Sul, SP e MG Kg 2,26 2,65 16,81 3,38 5,17 2,26 2,64 16,81 - - - - - - - -

Pirarucu de manejo (eviscerado com cabeça)1

Norte Kg - 6,64 - 5,50 5,50 - 6,64 - - - -

Umbu (fruto)

Nordeste e MG Kg 0,53 0,56 5,66 0,90 0,64 0,53 0,56 5,66 - - - -

Fonte: Conab

Nota: 1. Proposta de inclusão de novo produto

2. Proposta de alteração do produto de fruto para amêndoa 3. Elaborado pela Conab/Dipai/Sugof/Gebio

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Açaí

1 – Introdução

O presente documento foi organizado de forma a apresentar informações sobre a cadeia produtiva do fruto de açaí, em nível nacional, a partir de recursos da biodiversidade. Adicionalmente, foram utilizados dados obtidos em institutos de pesquisa e visitas de campo realizadas pelos técnicos da Conab.

O objetivo deste trabalho é propor um preço mínimo para garantir renda às famílias que vivem da extração do açaí, contribuindo para o desenvolvimento sustentável da biodiversidade por meio de um instru-mento de apoio à comercialização. Assim são oferecidas condições de cidadania às comunidades, além de evitar o desmatamento desregrado das espécies nessas regiões, ensejando o desenvolvimento regional e buscando a redução de desigualdade social e econômica, para o fortalecimento do mercado interno e para a inserção competitiva do açaí no mercado global.

No Brasil, há três espécies do gênero Euterpe Mart, consideradas de importância econômica: juçara (E.

edulis Mart.), açaí-de-touceira (E. oleraceae Mart.) e açaí solteiro (E. precatoria Mart.) (NOGUEIRA, 2002).

Figura 1 – Mapa da América do Sul com a localização das espécies de açaí em cada região, destacados

os locais de amostragem no Sul e Norte do Brasil

A espécie E. oleraceae, conhecida como açaí-de-touceira, é uma palmeira multicaule que possui a safra no segundo semestre, nas áreas de várzea de muitos rios da Amazônia Oriental, nos estados do Amapá, Mara-nhão, Pará e Tocantins. A espécie E. precatoria Mart. é o açaí solteiro e ocorre em área de várzea e também de terra firme, nos estados do Amazonas, Acre e Rondônia, com produção no primeiro semestre, podendo suprir a carência de frutos no período de entressafra da outra espécie.

O fruto do açaizeiro é bastante perecível, resiste de 36 a 48 horas sem refrigeração, sendo recomendável que o fruto seja despolpado em até 24 horas após a colheita, principalmente quando estocado em tempera-tura ambiente. A cadeia produtiva do açaí movimenta os seguintes agentes: extrativistas ribeirinhos, incluindo apanhador, carregador, barqueiro; associações; maquineiro (batedores de açaí); cooperativas; agroindústrias de transformação; atacadista; varejista; exportadores e consumidores.

Nas décadas de 80 e 90, o açaí começou a ser introduzido no mercado nacional, conquistando espaço em

Elizabeth Tebar Turini

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diversos estados brasileiros, principalmente entre os esportistas, devido às excelentes qualidades nutricionais.

Figura 2 - Corte transversal do fruto açaí

Figura 3 - Fruto açaí

Tabela 1 - Ciclo produtivo do açaí no estado do Pará

Meses

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Limpeza Pico da safra

Fonte: Embrapa

2. Panorama internacional

2.1. Oferta e demanda mundial

No início de 2000 surgiu uma forte demanda da polpa do fruto para comercialização em outros estados brasileiros e no exterior (Nogueira e Santana, 2009). Existe um mercado externo em expansão para produtos ligados à nutrição, saúde e alimentação natural. Reconhecido como fonte natural de energia e combate ao envelhecimento, o açaí, que antes era um produto adquirido nas praias e academias brasileiras, hoje faz sucesso no mundo todo com diferentes tipos de produtos.

Mesmo com um mercado forte, os extrativistas ainda precisam se ajustar ao padrão exigido no mercado internacional, principalmente quanto à qualidade e ao ganho de produtividade, seguidos da necessidade de estabelecimento de selos e certificações.

Foto: José Dalton Cruz Pessoa

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Os dados de exportação apresentados a seguir são levantados pela Secretaria de Agricultura do Pará (Sagri/PA) e retratam a realidade do principal estado produtor no país. Cabe lembrar que atualmente não é possível levantar as informações das exportações nacionais por meio dos dados da Secretaria de Comércio Exterior, pois ainda não existe um número de Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) para o açaí.

Estima-se que apenas 10% da produção do Pará é exportada, sendo 60% consumida no próprio estado e os 30% restantes em outros estados brasileiros.

Os Estados Unidos quadruplicaram o consumo do açaí brasileiro nos últimos anos. O produto nacional também é embarcado para outros países, entretanto, os Estados Unidos lideram as importações, com cerca de 79% do total exportado, seguidos pelo Japão, com 14%. A América do Sul, com a Argentina e o Chile, vem nos últimos anos aparecendo como potencial compradora.

Conforme tabela a seguir, os dados de exportações do açaí apresentaram, em 2012 (último dado dispo-nível), uma queda em relação a 2011, devido à retração do mercado europeu com a crise econômica na época.

Tabela 2 – Exportação de açaí do Pará para outros países

Ano País Quantidade (kg) US$ %

2012 EUA 5.130.779 13.688.366,00 79% Japão 613.772 2.422.901,00 14% Coreia do Sul 66.830 328.166,00 1,90% Outros Países - - 5,10% Total 6.061.194 17.298.134,00 -2011 EUA - - 77% Países Baixos - - 8,60% Total 6.897.396 20.243.180,00 -Fonte: Sagri/PA

O grande avanço no mercado exterior se deve a um grupo de empresários americanos de uma empresa específica, que estiveram no Brasil no final dos anos noventa e conheceram a fruta, decidindo exportar para seu país a polpa de açaí. Hoje, o principal produto desta empresa é o açaí, ressaltando em seu marketing os princi-pais benefícios que a fruta traz à saúde.

O movimento da cadeia produtiva de frutas no Pará, principalmente com relação aos elos de produção e processamento, segue buscando qualidade e diversificação de produtos, sendo o açaí o principal produto, devido, atualmente, à ocupação social de mão-de-obra, distribuição de renda e valor das exportações de polpa e sucos, superados apenas pela economia da laranja (SANTANA; CARVALHO; MENDES, 2008).

3. Panorama nacional

3.1. Oferta e demanda nacional

A produção brasileira de açaí atende de forma insuficiente a demanda do mercado interno e externo, apesar do potencial produtivo e econômico. Existem muitas limitações para o desenvolvimento e avanço do mercado extrativista, tais como os altos custos de escoamento e, principalmente, a falta de infraestrutura para a produção e armazenamento.

Conforme pode ser visto no gráfico abaixo, a produção nacional de açaí extrativo atingiu 202.216 tone-ladas, auferindo o valor de 409 milhões de reais em 2013, avançando em 1,6% na produção e 21,84% no valor da produção, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O estado do Pará responde por cerca por 55% da produção nacional, o Amazonas, em seguida, com 35%.

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Gráfico 1 – Série histórica da quantidade produzida, valor da produção e preço médio do açaí (fruto)

no Brasil.

Fonte: IBGE / Conab

A produção do açaí no estado do Pará se apresenta de forma desigual durante o ano, em função da região ter duas safras: a de inverno e a de verão. Na primeira, a produção se estende entre os meses de janeiro a julho, o que corresponde à época das chuvas. A safra de verão corresponde ao período de estiagem, que se estende de agosto a dezembro.

Neste período existe uma grande quantidade do fruto que é ofertada nos principais mercados de Belém/ PA. O Pará produz de 70% a 80% do seu açaí nos meses de julho a dezembro. O mercado varejista de açaí na cidade de Belém concentra os três segmentos de mercado: produtor, comercializador e consumidor do açaí, (SANTANA; GOMES, 2005).

Conforme consta no gráfico abaixo, o estado do Pará é o maior produtor de açaí (fruto), com uma produção de 111.073 toneladas. Em seguida vem o estado do Amazonas, com 71.783 toneladas, conforme demons-trado no gráfico abaixo. O açaí tem se tornado um importante produto de divisas para os estados produtores, mas certamente ainda há muito espaço para que a produção se torne muito mais forte, uma vez que a explo-ração e o beneficiamento ainda são feitos de forma bem artesanal, com baixa produtividade.

Gráfico 2 - Produção de açaí (fruto) extrativista no Brasil por estados em 2013

Fonte:IBGE.

Nota: Elaborado pela Conab

O Gráfico 3, a seguir, apresenta dados da Sagri/PA até 2012. Nele, pode-se observar que a produção cultivada de açaí vem crescendo no estado de forma rápida, principalmente visando atender o crescimento da demanda. É importante ressaltar que a atividade extrativista do açaí representa 70% da fonte de renda das populações ribeirinhas. A atividade como um todo gera emprego para milhares de famílias que trabalham nas

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

Produção 121.800 123.135 131.958 144.531 101.041 104.874 101.341 108.033 120.890 115.947 124.421 215.381 199.116 202.216

Valor da produção (R$ mil) 59.303 66.845 82.899 70.582 61.905 83.220 103.215 106.664 133.746 160.528 179.378 304.566 336.234 409.698

Preço médio 0,47 0,35 0,41 0,47 0,50 0,56 0,64 0,49 0,62 0,83 1,07 1,41 1,69 2,03 450.000 400.000 350.000 300.000 250.000 200.000 150.000 100.000 50.000 0 R$ 2,50 R$ 2,00 R$ 1,50 R$ 1,00 R$ 0,50 0 toneladas Pará Amapá Maranhão Rondônia Acre Amazonas 55 1 6 1 2 35

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fábricas de processamento do fruto em Belém, gerando, para a economia, um valor aproximado de R$677,2 milhões (Sagri/PA). Apesar do aumento da área plantada, a oferta continua reprimida, refletindo-se em preços elevados.

Gráfico 3 - Evolução da produção do açaí no estado do Pará

O açaí é um dos produtos da região Norte que teve evolução na oferta. Entretanto, como a demanda é muito forte, no mercado nacional e internacional, houve novos investimentos, tais como a produção intensiva dos frutos. implantação de manejo em áreas de várzea extrativistas, implantação de novas indústrias de bene-ficiamento, entre outros. O produto é muito aceito pelo consumidor e se expande rapidamente para o mercado nacional e internacional, oferecendo ótimas oportunidades de negócios.

O produto passou a ser comercializado por, além das batedeiras no estado do Pará, supermercados, academias e lojas de redes de fast food, com o propósito de atender a novos nichos de mercado, envolvendo consumidores de maior poder aquisitivo (Santana & Gomes, 2005; Santana et al., 2007).

O açaí é hoje a mais conhecida das frutas típicas da região Norte, pelo sabor e valor nutricional. A boa aceitação do produto no mercado se deve às suas características alimentares e funcionais, por conter conside-ráveis nutrientes em sua composição e níveis de antocianinas e ácidos graxos insaturados, entre outros atri-butos diferenciados.

Os estados que mais comercializam o açaí são Rio de Janeiro e São Paulo, que consomem em torno de 650 toneladas por mês de polpa, e mais de 1.000 toneladas por mês de mix com guaraná e granola (Sagri/PA, 2014).

Mesmo sendo fonte de renda para muitas famílias, o açaí é uma fruta que possui obstáculos em sua comercialização, como sua característica altamente perecível e problemas higiênico-sanitários em seu manejo e conservação. Atualmente, se busca melhorar o processo e a qualidade da fruta para o consumo da população.

A extração do açaí ainda tem dados subdimensionados, principalmente por ser uma atividade desem-penhada por extrativistas na Amazônia, onde a coleta e o registro de dados são caros e difíceis. Assim, há opor-tunidade de ampliar a produção e de fortalecer a cadeia produtiva, desde que se tenha mais apoio por meio de políticas públicas na valorização dos produtos florestais não madeireiros.

3.2. Preços nacionais

O Açaí, por ser uma fruta de produção sazonal, desaparece do mercado na entressafra e tem alta taxa de perecibilidade. Como ainda não é possível a sua conservação in natura, a industrialização constitui uma ativi-dade promissora com a produção de polpa congelada. Assim, é possível ofertar o produto durante todo o ano.

Fonte: Sagri/IBGE Nota: Elaborado pela Conab

1.000.000 900.000 800.000 700.000 600.000 500.000 400.000 300.000 200.000 100.000 0 Quant. extrativa (t) Quant. cultivada (t) Produção total (t) 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

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Gráfico 4 - Série histórica de preços médios pagos aos maiores extrativistas do país (R$/kg)

O Gráfico 5 demonstra uma série de preços no Pará nos meses de 2014, que mostra, durante o período de entressafra do produto, recordes de preços entre janeiro a junho. No segundo período, de junho até setembro, os preços estão em queda. Nos últimos meses do ano, observa-se a elevação de preços de forma generalizada.

Gráfico 5 - Preços médio mensal de açaí (fruto) no estado do Pará, pagos aos extrativistas

Fonte: Siagro/Conab Fonte: Siagro/Conab 02/2014 03/2014 04/2014 05/2014 06/2014 07/2014 08/2014 09/2014 10/2014 11/2014 12/2014 01/2015 AC 1,21 1,21 1,23 1,23 1,23 1,23 1,25 1,27 1,27 1,27 1,27 1,27 AM 1,12 1,12 1,09 1,06 1,03 1,04 1,08 1,04 1,07 1,53 1,63 1,54 AP 3,38 3,38 3,38 2,65 2,10 2,03 2,00 2,08 2,70 2,70 2,70 2,70 MA 4,00 4,00 4,13 4,50 4,50 4,50 3,08 2,07 2,07 2,07 2,07 2,07 PA 1,43 1,67 2,05 2,51 2,74 1,98 2,07 2,07 1,44 1,26 1,26 1,34 RO 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 1,00 1,00 1,00 0,90 0,96 1,00 1,00 5,00 4,50 4,00 3,50 3,00 2,50 2,00 1,50 1,00 0,50 0 R$/Kg 4,50 4,00 3,50 3,00 2,50 2,00 1,50 1,00 0,50 0 02/2014 03/2014 04/2014 05/2014 06/2014 07/2014 08/2014 09/2014 10/2014 11/2014 12/2014 01/2015 Afuá 2,22 2,30 2,31 2,29 2,29 2,15 2,50 2,48 1,48 1,43 1,39 1,41 Belém 1,32 1,49 1,85 2,30 2,42 2,40 2,43 2,41 1,59 1,38 1,43 1,50 Igarapé Miri 1,48 1,76 2,15 2,60 2,93 2,13 2,06 2,35 1,67 1,31 1,35 1,45 Muaná 1,31 1,49 1,85 2,34 3,96 2,63 2,50 2,30 1,32 1,24 1,25 1,35 Ponta de Pedras 1,51 1,76 2,15 2,60 2,93 2,13 2,06 2,35 1,67 1,31 1,35 1,45 Tomé Açu 1,42 1,66 2,05 2,50 1,88 1,30 1,50 1,53 1,28 1,26 1,31 1,35

Quanto aos preços pagos aos extrativistas, o gráfico acima mostra que na época de verão a oferta é escassa, causando aumento dos preços. No inverno, porém, a abundância faz com que os preços caiam. Tal fato vem ocorrendo em função da demanda, ao lado de uma oferta fixa pelo estoque de açaizais nativos, que acabaram produzindo um aumento substancial de preços ao longo de toda a cadeia produtiva do açaí.

Vê-se, portanto, essa tendência não linear entre oferta e demanda, onde existe um padrão sazonal de preços do fruto devido os períodos de safra e entressafra, apresentando significativa amplitude na variação da oferta do fruto.

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da oferta local, da distância do mercado consumidor e do tamanho desse mercado. A formação do preço se dá no momento da chegada do intermediário no local de comercialização. Com a chegada de barcos carregados de frutos, esse preço começa a cair, dado o aumento da oferta na entressafra. O extrativista tem um maior ou menor retorno financeiro, de acordo com a distância entre a sua área de produção e o mercado consumidor, em face do custo de transporte do produto até esse mercado

O principal termômetro em relação ao preço do açaí do Pará é o Mercado Ver-o-Peso, que fica no centro de Belém. A partir da meia-noite começam a chegar as embarcações de várias regiões, onde são descarregadas as rasas de açaí, iniciando-se, após, a negociação do produto com os compradores da região.

Segundo pesquisa divulgada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/PA), ao longo de 2014 o preço do litro de açaí comercializado em feiras e supermercados da Grande Belém ficou bem mais caro. A exceção foi o açaí do tipo grosso, que apresentou queda no período. Ainda segundo o Dieese, a tendência é de novos reajustes para o início deste ano e de novas altas no preço, tanto nas feiras livres como nos supermercados da região metropolitana de Belém.

Dos produtos extrativos, o preço do açaí foi o que mais subiu em 2014, com um aumento de 29,7%. A inflação acumulada no ano foi de 6,41% acima da de 2013, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Gráfico 6 – Preço das polpas de açaí comercializado em Belém

Fonte: Dieese/PA

O açaí, no estado do Amazonas, tem preços diferenciados nos municípios e demonstra estabilização após cinco meses de aumentos sucessivos. A safra iniciou em janeiro e se estende até junho. No mês de dezembro, o preço do açaí variou de R$1,10/kg, no município de Carauari, a R$ 2,20/kg, no município de Codajás. Já em feve-reiro de 2015, a primeira queda foi registrada no município de Beruri, quando chegou a R$ 0,70/kg.

20,00 15,00 10,00 5,00 0 -5,00 R$/kg 2013 2014 %

Açaí tipo médio 12,60 14,70 16,48

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Gráfico 7 - Preço médio mensal de açaí (fruto) no estado do Amazonas, pago aos extrativistas

Fonte: Conab

As populações têm reconhecido nesta fruta uma importante fonte de renda, chegando a superar o preço dos demais produtos extrativistas. O consumo cada vez maior da polpa de açaí anima os extrativistas.

4. Histórico das operações realizadas

O mercado de produtos extrativos vem ganhando cada vez mais espaço e sendo recomendado por grupos de diversas organizações, como as comunidades locais, pela busca de melhorias e do desenvolvimento de políticas públicas, tais como a PGPM-Bio, que visa não só preservação da biodiversidade, mas também o fortalecimento do mercado e geração de renda para as comunidades locais.

O pagamento da subvenção tem como finalidade fazer o extrativista receber um bônus ao comprovar que vendeu seu produto por um preço de mercado inferior ao preço mínimo estabelecido pelo Governo Federal.

Tabela 3 - Operações de apoio à comercialização executadas pela Conab - açaí

UF Safra 2009/10 2010/11 2011/12 2012/13

Brasil 1 - Subvenção Direta (em ton) 29 276

2 - Safra produzida (em ton) 124.421 215.381 199.116 202.216

3 - Percentagem apoiada (%) (3 = ((1 / 2) * 100) 0,01 0,14

AC 1 - Subvenção Direta (em ton) 31

2 - Safra produzida (em ton) 1.674 1.701 1.620 3.050

3 - Percentagem apoiada (%) (3 = ((1 / 2) * 100) 1,02

AM 1 - Subvenção Direta (em ton) 29 245

2 - Safra produzida (em ton) 3.256 89.480 71.146 71.783

3 - Percentagem apoiada (%) (3 = ((1 / 2) * 100) 0,04 0,34

Fonte: Conab/Suope

Nota: Elaborado pela Conab/Dipai/Sugof/Gebio

Os pagamentos de subvenção feitos pela Conab para os extrativistas do açaí (fruto) nos anos de 2012 e 2013 foram no valor de R$ 77.769,65, nos estados do Amazonas, municípios de Boca do Acre e Caruauari; e Acre, no município de Epitaciolândia, com 185 acessos.

R$/Kg 02/2014 03/2014 04/2014 05/2014 06/2014 07/2014 08/2014 09/2014 10/2014 11/2014 12/2014 01/2015 Benjamin Costant 0,70 0,70 0,80 0,80 0,78 0,83 1,04 0,85 0,90 0,91 1,50 1,15 Beruri 1,10 1,18 1,07 1,34 1,40 1,40 1,40 1,30 1,20 1,20 2,00 1,95 Boca do Acre 1,20 1,25 1,20 1,00 0,85 0,85 0,85 0,85 0,85 1,00 1,50 1,62 Carauari 0,90 0,90 0,88 0,82 0,83 0,90 0,90 0,90 0,90 0,98 1,10 0,98 Codajás 1,60 1,45 1,40 1,40 1,48 1,40 1,44 1,50 1,72 2,60 2,20 1,90 3,00 2,50 2,00 1,50 1,00 0,50 0

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5. Proposta de preços mínimos

O procedimento para elaboração da proposta de Preço Mínimo pela Conab visa amparar o processo de estruturação das cadeias dos produtos da sociobiodiversidade, com o objetivo de agregar valor e consolidar o mercado sustentável por meio de uma política pública que reconhece o potencial econômico e a importância do extrativismo para as populações extrativistas, buscando melhorias para as questões econômicas e sociais do setor.

É importante destacar a forte evolução dos preços do açaí, porém, atualmente o preço mínimo fixado pelo governo é R$1,11/Kg, inferior à média anual de mercado, de R$ 1,89/kg. O preço mínimo é exclusivamente o custo variável de produção, baseado, principalmente, no valor de mão de obra, não acompanhando os reflexos do atual mercado do açaí.

O preço médio recebido pelos agroextrativistas em 2014 foi de R$ 1,89/kg. Já o preço médio em janeiro/2015 foi de 1,44/kg. A proposta do Preço Mínimo para vigorar nas Regiões Norte e Nordeste ficou em R$ 1,18/Kg, com base no custo variável de produção nos estados do Pará e do Amazonas, caracterizando um aumento de 6,31% em relação ao preço em vigor, que é R$ 1,11/Kg, de modo a proporcionar a manutenção da atividade extrativista.

6. Considerações finais

A produção do açaí vem despertando grande interesse por conta de seus potenciais e propriedades e por ter se tornado uma importante fonte de renda e emprego, levando à conquista de novos mercados, que são de fundamental importância para a economia local.

O preço mínimo proposto continua abaixo da média anual de mercado, mantendo, assim, a tendência de não operacionalização da PGPM-Bio no estado do Pará, principal produtor. Porém, vale ressaltar que em municí-pios do Acre e do Amazonas existem preços inferiores. Todavia, a informalidade e a ausência de documentação se apresentam como os principais gargalos para acesso à subvenção.

Com reajuste no preço mínimo do açaí (fruto), espera-se que os extrativistas contem com uma segu-rança de preço que contribuirá para a regularização da oferta e consequente melhoria na qualidade de vida das populações extrativistas. Com essa proposta, busca-se estimular o processo de organização social por meio de associações e cooperativas, que reduz a dependência de intermediários, adotando para isso novas tecnologias de manejo e processamento, além da obtenção de maior autonomia na determinação dos preços nacionais e internacionais de seus produtos, garantindo renda e qualidade de vida para essas populações.

7. Referências bibliográficas

AZEVEDO, J. Tipologia do sistema de manejo de açaizais nativos praticado pelos ribeirinhos em Belém, estado

do Pará. 2005. Dissertação (Mestrado em agriculturas familiares e desenvolvimento sustentável)- Núcleo de

Estudos Integrados sobre Agricultura Familiar, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Amazônia Oriental, Belém, 2005.

NASCIMENTO, M. J. M. Mercado e Comercialização de Frutos de Açaí. Belém: CFCH/ UFPA,1992. (Relatório de Pesquisa Tomo III).

NOGUEIRA, O.L. HOMMA, A.K.O. Análise econômica de sistemas de manejo de açaizais nativos no Estuário

Amazônico. Belém: EMBRAPA-CPATU, 1998.

NOGUEIRA, O. L; FIGUEIRÊDO, F. J. C.; MULLER, A. A. Açaí. Belém: Embrapa Amazônia Oriental, 2005.137 p.(Embrapa Amazônia Oriental. Sistemas de Produção, 4)

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NOGUEIRA, O. L; HOMMA, A. K. A Importância do manejo de recursos extrativos em aumentar o carrying. NOGUEIRA, O. L.; FIGUEIRÊDO, F. J. C.; MULLER, A. A. Açaí. Belém: Embrapa Amazônia Oriental, 2005. 137 p. (Embrapa Amazônia Oriental. Sistemas de Produção, 4).

SAMBAZON. Disponível em: <htttp: www.sambazon.com>. Acesso em: 18 jul. 2006.

SANTANA, A. C., AMIM, M. M. Cadeias Produtivas e oportunidades de negócios na Amazônia. Belém: UNAMA; FCAP. 2002

VALENTE, S.A. S.;VALENTE,V. C.; PINTO,A.Y.N. O envolvimento do açaí na transmissão oral da doença de Chagas na Amazônia Brasileira. In: Workshop Regional do Açaizeiro - Pesquisa Produção Regional do Açaizeiro e Comercia-lização, 2005, Belém. Anais... Belém: Embrapa, 2005.

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ANEXO

Tabela preços mínimos 2015/16 - parâmetros da proposta em R$/kg

Itens Açaí (fruto)

Região Norte/Nordeste

Unidade de comercialização R$/kg

Custo de produção variável Safra 14/15 1,11

Safra 15/16 1,18

Variação % 6,31

Preço pago ao produtor Média Anual 1,89

Atual 1,44

Preço mínimo Em vigor 1,11

Proposto 1,18

Variação % 6,31

Preço no atacado principal praça Média de Mercado Anual 2,22

Atual 1,83

Fonte: Conab

Nota: Elaborado pela Conab/Diapi/Sugof/Gebio

Gráfico Açaí (fruto) - Norte e Nordeste - parâmetros para fixação dos preços mínimos - safra 2015/16

Fonte: Conab

Preço mínimo proposto Preço mínimo em vigor Preço médio de mercado jan/2015 Preço médio de mercado 2014 Custo de produção 2015/16 Custo de produção 2014/15 0 1 2 Ponto de máximo Mínimo 1,11 1,18 1,89 1,44 1,11 1,18

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Andiroba

1 . Introdução

O presente estudo sobre a cadeia produtiva da andiroba tem por objetivo central subsidiar a fixação do preço mínimo para a amêndoa deste produto, que vigorará no ano-safra 2015/2016.

Como se trata de um produto que já faz parte da pauta da Política de Garantia de Preços Mínimos para a Sociobiodiversidade (PGPM-Bio), incorporado no ano-safra 2013-2014, o foco principal deste documento recaiu sobre itens como oferta, demanda e preços nacionais da andiroba, concluindo com a proposta de preço mínimo. Por outro lado, para conferir coerência e consistência à proposta de preço mínimo ora apresentada, foram inse-ridas ainda informações sintetizadas quanto às características da cultura, aspectos socioeconômicos e cadeia produtiva, no tópico Panorama Nacional.

Serviu de orientação para a elaboração desse estudo a sistematização de informações bibliográficas e de dados oficiais (IBGE) e de outras fontes (cooperativas, Conab, Emater, etc.), em relação à produção e preços. Outra fonte importantíssima utilizada na construção deste documento foi o painel promovido pela Conab, no dia 21/10/2014, no município de Vigia - PA, que contou com a participação de 48 pessoas, dentre técnicos, produtores extrativistas de andiroba, bem como representantes das indústrias Beraca, Natura e Amazon Oil, principais responsáveis pela aquisição da semente de andiroba (e de outras espécies) coletadas por produtores extrativistas locais.

Neste painel, travou-se importante debate sobre a Política de Garantia de Preços Mínimos, bem como sobre a cadeia produtiva da andiroba, apontando encaminhamentos que podem promover o pagamento da subvenção às famílias de extrativistas que trabalham com a coleta da andiroba, além de um melhor ajusta-mento do preço no mercado deste produto. No período deste evento, foi realizada ainda uma série de visitas a organizações (cooperativas e associações) e produtores extrativistas, que serviram para aclarar uma série de detalhes sobre a cadeia produtiva da andiroba.

A andiroba (Carapa guianensis) é uma árvore nativa da região amazônica, presente especialmente nos estados do Pará e Amazonas, sendo encontrada em várzeas e áreas alagáveis. Pertence à mesma família do mogno e cedro, sendo sua madeira considerada nobre e muito procurada por serrarias. É uma espécie de múltiplo uso, sendo a madeira e o óleo extraído das sementes (um dos mais vendidos na Amazônia) dois dos produtos mais importantes.

O óleo extraído das andirobeiras é insumo para as indústrias cosméticas, farmacêuticas, alimentícias e têxteis, fazendo parte da composição de perfumes, produtos de higiene pessoal e de beleza, corantes e alimentos funcionais. Tal produto tem como destino final tanto as indústrias internas quanto às do exterior, sendo impor-tado, principalmente, pelos Estados Unidos, Alemanha, Espanha e França.

A madeira das andirobeiras possui um sabor amargo e é oleaginosa, não sendo atacada por cupins e insetos, o que confere elevada procura, provocando intensa exploração e a conseqüente redução conside-rável desta espécie. Por conta disto, a andiroba corre alto risco de extinção, uma vez que praticamente não existe plantação tecnicamente organizada, nem replantio sistemático, o que aponta para a importância da manutenção deste produto na política de preços mínimos, reajustando os valores praticados, de acordo com

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os parâmetros técnicos abordados neste documento, com vistas tanto a garantir renda mínima às famílias que realizam o extrativismo da andiroba, quanto a auxiliar na preservação desta espécie.

2. Panorama nacional

Antes de entrar propriamente nos aspectos de oferta, demanda e preço em relação à andiroba, cumpre apontar, de forma resumida, alguns importantes elementos desta cultura, que perpassam por questões tais como características da cultura, aspectos socioeconômicos e cadeia produtiva.

Do ponto de vista das características da cultura, destaca-se inicialmente que a andiroba é uma árvore neotropical, sendo encontrada, no Brasil, em toda a bacia Amazônica, em várzeas e áreas alagáveis, estando frequentemente associada à seringueira (Hevea brasiliensis) e a ucuúba (Virola guianensis).

A andirobeira pode atingir mais de 55 metros de altura e produzir de 180 a 200 kg de sementes/planta/ ano (FERRAZ, 2003). Sua madeira é considerada como de fácil manuseio, o que permite um bom acabamento, sendo moderadamente pesada, mas não resistente à umidade. Esta madeira é procurada no mercado interno para a fabricação de móveis e de inúmeros outros produtos, além de ter também alto poder calorífico. Sua casca é usada ainda contra febre, vermes e bactérias.

A época de flor e fruto da andiroba é diferente em cada estado, sendo que no leste do Pará a andiroba frutifica entre janeiro e abril. Já as árvores de Manaus/AM frutificam entre março e abril. Outro dado interes-sante é que nem todos os anos as árvores de andiroba produzem frutos. Os caboclos de Santarém/PA dizem que tem ano em que a andirobeira “joga muito” e ano em que ela “falha”.

Os frutos precisam de quase um ano para amadurecer, com a dispersão ocorrendo, principalmente, entre abril e junho, havendo, entretanto, variações em relação ao período da safra, de acordo com a região produtora. As sementes são flutuantes e podem ser dispersas através da correnteza dos cursos d’água, havendo localidades em que são coletadas a quilômetros de distância dos pés, em beiras de rios e mares, como em alguns municípios da ilha de Marajó/PA. Por outro lado, em floresta de terra firme, a maioria dos frutos e sementes é encontrada embaixo das árvores, tendo custo de produção certamente diferente das localidades onde os frutos são coletados na beira de rios e lagos.

Os segmentos da cadeia produtiva da andiroba para obtenção do óleo estão apresentados na tabela abaixo:

Tabela 1 - Segmentos existentes dentro da cadeia produtiva da andiroba

Produtor-coletor A atuação mais frequente é na obtenção (coleta ou extração) da matéria-prima em seu ambiente natural, em geral tendo menor participação nas etapas posteriores de processamento. Porém, no caso da extração do óleo da semente da andi-roba é comum a atuação desse agente.

Associação de produtores

Produtores-coletores organizados em grupo (associação ou cooperativa) aumentam sua capacidade de atuar em outras etapas da cadeia produtiva, gerando produtos mais elaborados (com maior valor agregado por tratamentos agroindus-triais) e atingindo o mercado formal.

Intermediários

Estes agentes geralmente realizam o transporte e a revenda de um produto florestal de baixo valor agregado, estabe-lecendo uma ponte entre o produtor-coletor e o mercado. Em geral, eles não acrescentam nenhum beneficiamento aos produtos, de modo que seu raio de ação se concentra nos níveis intermediários da cadeia (nem coletam matéria-prima, nem a transformam em produtos mais elaborados).

Indústria e

comércio Os agentes formais da indústria e do comércio dos produtos industrializados operam mais intensamente na fabricação dos produtos com maior valor agregado (p.e.: subprodutos alimentícios, fitoterápicos, fitocosméticos). Consumidor Estes agentes são o público-alvo de todos os subprodutos industrializados e também de grande parte dos (sub)produtos de menor valor agregado. A compra direta do produto florestal bruto (sem nenhum beneficiamento) pelo consumidor

final é menos frequente. Fonte: PINTO, 2010

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Os fornecedores de matéria-prima (extrativistas) muitas vezes encontram-se organizados em associa-ções e cooperativas, que atuam na mobilização dos associados e cooperados com o intuito de centralizar, orga-nizar, pré-beneficiar, transportar e comercializar a produção.

A coleta das sementes é uma atividade relativamente simples e não exige alto investimento, uma vez que não são necessários materiais e equipamentos caros. No processo de coleta das sementes, deve-se observar se estão sadias (pré-seleção), de forma a produzir um óleo de boa qualidade, deixando as sementes que já estiverem germinadas ou deterioradas na floresta, para garantir a regeneração da espécie e a alimentação de um conjunto de animais, tendo em vista que, no período de dispersão, as sementes são muito consumidas por roedores, tatus, porcos do mato, etc.

A seguir é apresentada a cadeia produtiva do óleo de andiroba.

Figura 1 - Cadeia produtiva da andiroba

• Os produtores extrativistas coletam as sementes e podem comercializá-las diretamente junto às indús-trias processadoras (1).

• As indústrias efetuam o processamento do óleo (2) e podem produzir sabonetes, óleos de banho, etc. (5), comercializando-os junto à rede varejista de farmácias e drogarias (8), que por sua vez efetuam a venda direta ao consumidor final (12). Tais produtos (sabonetes e óleos de banho) também podem ser exportados para indústrias farmacêuticas, de cosméticos e de alimentos (6).

• As indústrias processadoras podem também processar o óleo (2) e vendê-lo diretamente para tradings (3), que efetuam a exportação para indústrias farmacêuticas, de cosméticos e de alimentos (4).

• Os produtores extrativistas podem também efetuar o processamento artesanal do óleo (7), utilizando-o para o autoconsumo (9), ou vendendo o óleo bruto para os intermediários locais (aviamento) (10), que o comercializa junto à rede varejista de farmácias e drogarias (11), que por sua vez efetuam a venda direta ao consumidor final (12).

No método de extração tradicional para a obtenção do óleo de andiroba, as etapas são as seguintes: seleção, cozimento, resfriamento, secagem, descascamento das sementes/retirada da polpa, maceração, extração do óleo por escorrimento, filtragem e armazenamento. Em algumas comunidades existem ainda

Produtores Extrativistas Coleta de semente Indústria Produtos industrializados: -sabonete - óleo de banho

Produção de óleo beneficiado Intermediário local

Autoconsumo

Exportação para indústria farmacêutica, de cosméticos

e alimentícia Consumidor final

Trading Varejistas: -farmácias -drogarias Preparo artesanal de óleo de andiroba 1 2 3 4 5 6 7 9 10 11 12 8

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pré-beneficiamentos, como pré-secagem, acondicionamento, prensagem e a produção do óleo bruto.

As sementes contêm 43% de gordura, sendo necessários, em média, 12 kg para se obter 1 litro de óleo, mediante processamento artesanal, podendo haver variações significativas de acordo com o tempo de arma-zenamento e de cozimento das sementes. Utilizando-se prensa mecânica é possível se obter 1 litro de óleo com 4 kg de sementes. Fazendo a aplicação de solventes químicos, com 3 kg de sementes secas obtém-se o mesmo volume (1 litro).

O tempo de coleta do material bruto e o transporte da área rural para a fábrica devem ser os menores possíveis, evitando-se, assim, a deterioração e a degradação do produto. Da mesma forma, um tempo maior de cozimento acarreta maior produtividade na extração do óleo. Este método tradicional de beneficiamento apresenta como vantagens o baixo custo de produção e o emprego de mão de obra familiar. No entanto, tem como principais desvantagens os diferentes teores de umidade e índices de acidez, a lentidão no processo de beneficiamento e o baixo rendimento e preço.

No processo de extração industrial, as fábricas extraem o óleo de acordo com as seguintes etapas: limpeza, pesagem, secagem, moagem, cozimento, prensagem, filtragem e bombeamento do óleo, acondicio-namento e expedição e resíduos. Este método tem como vantagens um produto de boa qualidade, com acei-tação no mercado; volumes de produção que permitem a busca de mercado qualificado; alto rendimento; e um processamento rápido. Porém, tem como principais desvantagens um elevado custo de produção em relação ao método artesanal e baixo uso de mão de obra.

A tabela abaixo aponta os principais usos da andirobeira, de acordo com a parte utilizada:

Tabela 2 - Principais usos da andiroba

Parte da andirobeira Usos

Óleo (extraído da semente) Possui ação anti-inflamatória e cicatrizante. É utilizado na medicina popular e na fabricação de fitoterá-picos e fitocosméticos (sabonetes, cremes para a pele, xampus, etc.).

Borra/Torta (resíduo da extração do óleo) Utilizado na fabricação de sabão, velas (com ação repelente contra insetos) e ração animal.

Casca da árvore Utilizada em chás como vermífugo e antitérmico. Transformada em pó, é utilizada para cicatrização de feridas.

Casca das sementes Sua fumaça possui ação repelente contra insetos.

Folhas Chás contra tosse, gripe, reumatismo, pneumonia e depressão. Madeira Na construção civil e fabricação de móveis e compensados.

Fonte: PINTO, 2010

Do ponto de vista dos aspectos socioeconômicos, em geral os extrativistas combinam a agricultura de pequena escala com o extrativismo, embora sua principal fonte de renda seja oriunda das atividades extra-tivistas. Cabe ressaltar que o isolamento e a falta de organização social nas comunidades, em especial na Amazônia, facilitam e perpetuam a figura do atravessador, devido à dificuldade em escoar a produção.

Os dados oficiais do IBGE em relação à produção de andiroba no país, apresentados em um anexo da Pesquisa sobre a Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura 2013 (PEVS), nem de longe refletem a produção e a comercialização deste produto, trazendo dados inexpressivos sobre ele. Para a safra de 2013, o IBGE apontou uma produção de 176 toneladas de andiroba, distribuídas em 4 estados do norte do país (RO, AM, MA e PA), gerando um valor bruto de produção de pouco mais de um milhão de reais1 .

A primeira Conferência Estadual das Populações Tradicionais do Amazonas, realizada em agosto de 2004, apontou para uma produção de 37 toneladas de óleo de andiroba, sendo 20t em Carauari, 14t em Lábrea e 3t em São Paulo de Olivença. Da mesma forma, estimou que 1.210 famílias extrativistas atuassem na extração de andiroba no estado do Amazonas, concentradas nos municípios de Lábrea (600 famílias), Carauari (330), Jutaí (120), São Paulo de Olivença (100) e Fonte Boa (60). O mapa abaixo destaca os principais municípios

produ-1 No Estado do Pará, uma única indústria de processamento de óleos oriundos de produtos extrativos (de pequeno-médio porte),

possuía, em 2013, 157 famílias cadastradas que efetuavam a coleta da andiroba, com uma média de entrega de sementes de cerca de 5t/ família/ano, perfazendo aproximadamente 800t/ano, valor 4,5 vezes maior do que toda a produção nacional apontada pelo IBGE.

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tores de andiroba no estado do Amazonas, localizados no sudoeste e sul do Estado.

Figura 2 - Principais municípios produtores de andiroba no Amazonas

Fonte: Conab/Geote

Segundo o Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil 2013, a renda per capita/mês no ano de 2010, nos municípios do estado do Amazonas apontados como produtores de andiroba, variou entre R$ 122,21, em Santo Antônio do Içá; e R$ 288,42, em Boca do Acre; com média de R$ 201,17, equivalente na época a cerca de 38% de um salário mínimo 2. Já o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) variou entre 0,490 (muito

baixo), em Santo Antônio do Içá; e 0,588 (médio), em Boca do Acre.

Tabela 3 - Renda per capita 2000/2010 e IDHM 2010 para os principais municípios produtores do AM

Município Renda per capita 2000 Renda per capita 2010 IDHM 2010

Boca do Acre 191,39 288,42 0,59 Baixo Amaturá 120,37 178,69 0,56 Baixo Carauari 160,01 222,32 0,549 Baixo Tonantins 112,67 189,15 0,548 Baixo Lábrea 136,22 227,62 0,531 Baixo Fonte Boa 161,97 200,40 0,530 Baixo São Paulo de Olivença 102,57 150,28 0,521 Baixo Jutaí 119,48 214,36 0,516 Baixo Pauini 198,75 218,21 0,496 Muito Baixo Santo Antônio do Içá 90,43 122,21 0,490 Muito Baixo

Média 139,39 201,17 0,533

Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil, 2013

A partir da tabela acima, pode-se verificar que, com exceção de Santo Antônio do Içá e Pauini, que apre-sentaram IDHM muito baixo (entre 0,4 e 0,499), todos os demais municípios apresentam IDHM baixo (entre 0,5 e 0,599), atingindo uma média de 0,533 (baixo), o que reflete o reduzido índice de desenvolvimento destes municípios.

Observando a tabela a seguir, que traz dados de renda e IDHM para os principais municípios produtores de andiroba no estado do Pará, pode-se verificar uma elevação substancial na renda per capita entre os anos de 2000 e 2010, sendo que no último levantamento tal renda variou entre R$ 196,34 (Igarapé-Mirim) e R$ 385,83 (Benevides), com média de R$ 281,99, cerca de 55% de um salário mínimo à época.

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Já o IDHM variou entre 0,665 (médio), em Benevides; e 0,547 (baixo), em Moju e Igarapé-Mirim; com média de 0,600 (no limite inferior da categoria médio), o que aponta para uma situação um pouco melhor, do ponto de vista do desenvolvimento socioeconômico, do que os municípios produtores de andiroba no estado do Amazonas.

Tabela 4 - Renda per capita 2000/2010 e IDHM 2010 para os principais municípios produtores do PA

Município Renda per capita 2000 Renda per capita 2010 IDHM 2010

Benevides 279,63 385,83 0,67 Médio

Santo Antônio do Tauá 173,03 331,12 0,63 Médio

Abaetetuba 206,84 293,01 0,628 Médio Vigia 244,93 323,12 0,617 Médio Soure 223,92 300,59 0,615 Médio Salvaterra 196,05 296,28 0,608 Médio Colares 192,70 231,98 0,602 Médio Bragança 206,00 311,97 0,600 Médio

São Caetano de Odivelas 182,99 247,80 0,585 Baixo

Cametá 138,85 226,99 0,577 Baixo

Mocajuba 166,53 229,18 0,575 Baixo

Moju 177,58 291,67 0,547 Baixo

Igarapé-Mirim 164,45 196,34 0,547 Baixo

Média 196,42 281,99 0,600

Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil, 2013

O mapa abaixo aponta os principais municípios produtores de andiroba no estado do Pará.

Figura 3 - Principais municípios produtores de andiroba no Pará

Fonte:Conab/Geote

A partir dos dados acima apresentados, percebe-se o potencial de contribuição da andiroba na compo-sição da renda das famílias que trabalham com o extrativismo deste produto. Por outro lado, percebe-se a carência de dados oficiais que captem as quantidades efetivamente produzidas e comercializadas de andiroba, bem como a quantidade de pessoas que trabalham diretamente com este produto, de forma a retratar a impor-tância desta cultura do ponto de vista socioeconômico.

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2.1. Oferta e demanda nacional

Segundo Morais e Gutjahr (2009), antes de 1995, o mercado de óleos vegetais da Amazônia era informal e marginal, com produção feita de forma artesanal, vendas em feiras livres e com o óleo misturado a todo tipo de adulterantes. Não se conseguia sequer dez toneladas de óleo de andiroba de uma única vez no mercado e, quando surgia alguma demanda com uma quantidade um pouco maior de óleo, o preço disparava e o cliente desistia de comprar o produto, seja em função do preço, seja por falta de garantia em relação à padronização e qualidade do produto.

Com a fundação da Brasmazon – Indústria de Oleaginosas e Produtos da Amazônia Ltda, no estado do Amapá, em 1995, que passou a ofertar para o mercado produtos de qualidade, com frequência e preço estabili-zado, o mercado começou a perceber a importância da qualidade da matéria-prima, bem como da continuidade no fornecimento de óleos amazônicos. Surgem daí as primeiras linhas de cosméticos baseadas em produtos amazônicos (MORAIS & GUTJAHR, 2009; MORAIS, 2013).

Atualmente, três indústrias dominam a cadeia de óleos na região amazônica:

• Natura: fundada em 1969 e com uma planta industrial situada no município de Benevides/PA, tornou-se indústria líder no mercado brasileiro de cosméticos, fragrâncias, produtos de higiene pessoal, contando atualmente com cerca de 900 produtos, expandindo-se para sete países da América Latina e para a França3 .

• Beraca Sabará Químicos e Ingredientes S.A.: com sede no município de Ananindeua/PA, adquiriu a Brasmazon no início da década de 2000, desenvolvendo tecnologia na produção de linhas de produtos naturais e orgânicos para o mercado cosmético. Trabalha atualmente com cerca de 100 comunidades de famílias extrativistas, envolvendo mais de 1.500 famílias, sendo que 80% destas encontram-se no estado do Pará, processando mais de 1.000t de matéria-prima/ano.

• Amazon Oil Industry: fundada em 2003 e também situada no município de Ananindeua/PA, é uma indústria óleo-química atuante no segmento de extração de óleos a frio de sementes oleaginosas amazônicas. Possuía, em 2013, 157 famílias cadastradas como fornecedoras de semente de andiroba, com fornecimento médio de 5t/ano/família (http://www.amazonoil.com.br).

O grande gargalo da indústria de óleos amazônicos é o mercado, volátil e imprevisível: em um ano há grande procura, no ano seguinte a procura vai à quase zero. Isso ocorre porque as empresas que refinam estes óleos, principalmente para a indústria cosmética e farmacêutica, não confiam nas empresas, associações e cooperativas que fazem o esmagamento das oleaginosas para produção primária destes óleos (MORAIS & GUTJAHR, 2009; MORAIS, 2013).

Um dos grandes desafios no mercado de ingredientes naturais oriundos de sistemas de extrativismo da floresta amazônica é a manutenção das características do produto. Isso se deve às dificuldades na coleta das sementes, seu pré-beneficiamento, estocagem adequada, logística de transporte em áreas remotas e organi-zação e comprometimento dos povos da floresta (http://www.amazonoil.com.br).

Dado o uso do produto, existem potenciais compradores em vários continentes. Os Estados Unidos e Europa (Alemanha, Espanha e França) encabeçam a lista de principais clientes que detêm a prioridade na aqui-sição por terem tradição neste comércio, aliada a uma oferta geralmente justa, tendo em vista tratar-se de um produto de difícil extração, manuseio e rastreabilidade, exigindo grande aplicação.

3 Em 1999, a Natura firmou parceria com a Cooperativa do Desenvolvimento Agroextrativista do Médio Juruá, envolvendo nas

atividades de coleta de sementes aproximadamente 400 famílias, distribuídas em 30 comunidades situadas no interior e no entorno da Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uacari (estadual) e da Reserva Extrativista do Médio Juruá (federal), situadas nos muni-cípios de Itamarati, Carauari e Juruá. (http://www.natura.com.br e http://idesam.org.br). Segundo Cruz Filho (2014), a Natura possui operações comerciais com diversas organizações de produtores extrativistas no estado do Pará, tais como: CAMTA – Cooperativa Agrí-cola Mista de Tomé Açu (Tomé-Açu); CAMTAUA – Cooperativa Mista Agroextrativista de Santo Antônio do Tauá (Santo Antônio do Tauá); CART – Cooperativa Agrícola Resistência de Cametá LTDA (Cametá); COFRUTA – Cooperativa dos Fruticultores de Abaetetuba (Abaete-tuba); JAUARI – Associação de Moradores e Agricultores Juari (Moju); CAEPIM – Cooperativa Agrícola dos Empreendedores Populares de Igarapé-Mirim.

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As indústrias processadoras, em geral, adquirem o óleo bruto de andiroba, sendo que algumas ainda compram a semente de comunidades previamente cadastradas e acompanhadas, efetuando o processamento e extração do óleo em suas unidades industriais. Algumas dessas comunidades também processam o óleo de forma artesanal, comercializando-o para que, posteriormente, seja beneficiado (refinado) em unidades indus-triais, sendo finalmente revendido para fábricas de cosméticos.

As próprias indústrias estão incentivando esse modelo, em que o óleo é extraído pelas próprias orga-nizações de produtores extrativistas (cooperativa e associações)4 , reduzindo assim os custos com transporte,

uma vez que o volume a ser transportado é bem menor (de amêndoa para óleo). As indústrias refinam o óleo e produzem uma grande quantidade de produtos, ou efetuam a venda do óleo refinado para outras indústrias, que o utilizam como matéria-prima na fabricação de seus produtos.

Ressalta-se, porém, que a comercialização do óleo artesanal de andiroba é geralmente efetuada por intermediários, e o aumento do preço do produto ocorrido entre o produtor e o consumidor final deve-se, prin-cipalmente, ao alto custo do transporte (dificuldades logísticas da Amazônia) e à pequena escala de produção.

O IBGE ainda não incorporou a andiroba (amêndoa) no âmbito do Sistema de Recuperação Automática (Sidra), instrumento informatizado que aglutina dados sobre produção e seus respectivos valores estratificados por município, agregando os dados da andiroba ao subgrupo “outros”, do grupo “oleaginosas”. Porém, iniciou, em 2012, uma tentativa de desagregação da andiroba do subgrupo acima referido, disponibilizando informa-ções de produção no documento Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura.

Tabela 5 - Produção de amêndoa de andiroba nos estados - 2012 e 2013

Andiroba 2013 2012

Produção (t) Valor (mil Reais) Produção (t) Valor (mil Reais)

Amazonas 69 606 86 642 Rondônia 73 218 73 218 Maranhão 19 94 19 91 Pará 15 91 11 88 Total 176 1.009 189 1.039 Fonte: IBGE,2012

A tabela a seguir apresenta os dados levantados pelo IBGE em relação à produção de amêndoa de andi-roba, estratificados por município, no ano de 2013.

Tabela 6 - Principais municípios produtores de amêndoa de andiroba no ano de 2013

Município Produção (t) Valor (mil Reais)

Porto Velho/RO 73 218

Axixá/MA 19 94

Jutaí/AM 12 96

Carauari/AM 10 50

Santo Antônio do Içá/AM 9 99

Lábrea/AM 5 45 Urucará/AM 4 26 Condajás/AM 3 27 Juruá/AM 3 21 Manaquiri/AM 3 45 Maués/AM 3 36

4 As indústrias Beraca Natura estão incentivando a implantação de equipamentos, nas próprias comunidades (cooperativas e

associações), para a realização da extração do óleo de andiroba (e de outras sementes oleaginosas), de forma a reduzir assim o custo com o transporte do produto. Por ocasião da visita técnica efetuada em outubro de 2014, pôde-se verificar in loco a instalação de equi-pamentos de secagem e prensagem para a extração de óleo de andiroba na Cooperativa dos Extrativistas Marinhos e Florestais da Ilha de Marajó (Coopermaflima), situada no município de Salvaterra, equipamentos estes viabilizados a partir de projeto encaminhado pela Beraca.

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Município Produção (t) Valor (mil Reais)

Cametá/PA 3 6

Total 147 763

Fonte: IBGE,2012

Conforme já apontado anteriormente, tais valores destacados nas duas tabelas nem de longe refletem a real produção de andiroba, identificada através de alguns informantes qualificados, sejam eles extrativistas ou industriais do ramo.

Segundo Morais (2013), se os dados do IBGE (sobre produtos extrativos não madeireiros) fossem verda-deiros, ocorreria um êxodo enorme das florestas para os centros urbanos, ou então todos os povos da floresta morreriam de fome, uma vez que é o extrativismo que sustenta e mantém esses povos em seus locais de origem. Segundo este autor, essa discrepância entre os dados reais e os estatísticos é um retrato da informalidade dos produtos florestais não madeireiros.

Tais dados refletem a fragilidade do IBGE na coleta de dados de produtos não madeireiros. Conforme relatado anteriormente, somente uma indústria de processamento de óleos oriundos de produtos extrativos no estado do Pará comprou aproximadamente 800 toneladas de semente de andiroba em 2013, quantidade que é 5,4 vezes superior à produção levantada pelo IBGE para todo o país. Segundo esta indústria, os principais muni-cípios envolvidos na extração e comercialização de sementes de andiroba são os seguintes: Cametá, Mocajuba, Salvaterra, Soure, Santo Antônio do Tauá, Colares, Vigia e São Caetano de Odivelas 5.

A Oficina sobre a Cadeia Produtiva de Produtos Extrativos na Amazônia, realizada em agosto de 2004 (cerca de uma década atrás), apontou para a produção de 20 toneladas de óleo de andiroba em Carauari, 14 em Lábrea e 3 em São Paulo de Olivença. A produção de óleo bruto era realizada nas unidades industriais de Lábrea, Carauari e Tabatinga, sendo que o restante era produzido de forma artesanal. Existe ainda uma Cooperativa em Boca do Acre/AM, a Cooperar, que, apesar de ter equipamentos adequados, nunca processou óleo de andiroba (MORAIS, 2013).

A produção de óleo de andiroba nos estados do Acre e Rondônia é incipiente e artesanal, sendo que o consumo tradicional seria suprido pelo Pará e Amazonas, estados de maior produção (MORAIS, 2013).

Segundo Homma (2003), somente no período de novembro de 1999 a junho de 2000, a Brasmazon teria produzido 120 toneladas de óleos, sendo 50t de óleo de andiroba. Tal indústria vendia, em média, 30t/ano de óleo de andiroba para a francesa Yves Rocher, adquirindo matéria-prima de 1.500 famílias espalhadas em mais de 100 municípios dos estados do Pará e Amapá. Já segundo Galdino (2007), estimativas superficiais sina-lizavam (à época, 2007) que a produção anual de óleo artesanal da região Norte do país seria de cerca de 500 toneladas, porém, a oferta seria ainda bastante sazonal.

O Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) apontou para a comercialização de 470 litros de óleo de andiroba em seis importantes logradouros de Belém/PA, apenas no segundo semestre de 2011. E, por fim, somente no primeiro semestre de 2013, a Associação dos Produtores Extrativistas e Agrários de Salvaterra (APEAS) deixou de comercializar 400 toneladas de sementes coletadas nas praias e rios de Salvaterra, Soure e Cachoeira do Arari, no Pará, tendo em vista a falta de compradores.

Diante dos dados acima apontados, verifica-se a fragilidade dos dados oficiais (IBGE) em relação à produção de andiroba, apesar das inúmeras perspectivas de qualificação destes dados, seja através das orga-nizações de produtores extrativistas (cooperativas e associações), seja através das três principais indústrias processadoras de óleo situadas na região produtora. Nesse sentido, há de se esperar que o IBGE insira este produto no Sistema de Recuperação Automática (Sidra), além de qualificar e ampliar suas fontes de informa-ções sobre este produto.

5 Na listagem do IBGE, que aponta na produção de andiroba por município, apenas Cametá aparece como tendo produção de 3t

(31)

Da mesma forma, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), deveria efetuar a separação do óleo de andiroba do grupo “outros óleos”, de forma a captar a quantidade efetivamente exportada deste óleo, tendo em vista que atualmente a Nomenclatura Comum Mercosul para todos os óleos amazônicos é a mesma (NCM 15159090 – são exportados como “outros óleos”). Somente assim, os valores se aproximariam da realidade produtiva e de comercialização deste produto.

2.2. Preços nacionais

De modo geral, há mais informações sobre o comércio do óleo de andiroba do que da amêndoa, apesar de informações sistematizadas para ambos os produtos ainda serem bastante escassas. No período de novembro de 1999 a junho de 2000, o litro do óleo de andiroba era vendido a R$ 4,00 pelos coletores, já em São Paulo o preço chegou a ser vendido pela Brasmazon a R$ 45,00. Na Floresta Nacional de Tapajós, o óleo estava sendo vendido (em 2002/2003) ao preço de R$1,58/l, sendo que os intermediários revendiam este produto a R$3,16/l (HOMMA, 2003).

O valor pago pelo óleo bruto pode variar conforme seu tipo, sendo que o produto amarelo-claro de consistência fina é o mais valorizado, com preços pagos aos produtores extrativistas, em suas áreas de produção, que chegam a variar entre R$ 10,00 e R$ 25,00/l. Já o produto final, este reprocessado e homogeneizado, visando alcançar a qualidade e padrões exigidos pela indústria cosmética, é comercializado a preços muito superiores.

O acompanhamento dos preços do óleo de andiroba pagos aos produtores vem sendo realizado através do Sistema de Informações Agropecuárias e de Abastecimento – Siagro/Conab, desde 2008. Tal evolução está registrada no gráfico abaixo, que aponta para uma elevação considerável no preço do óleo deste produto nos últimos três anos, registrada para dois municípios do estado do Amazonas.

Gráfico 1 - Evolução do preço médio anual do óleo de andiroba em dois municípios do Amazonas

A seguir, é apresentado o gráfico da evolução mensal recente, do preço médio do óleo de andiroba no estado do Amazonas, que indica uma elevação de 31,7% no período considerado (janeiro de 2014 a janeiro de 2015), elevação esta ocorrida praticamente no primeiro semestre de 2014, quando ultrapassou a barreira dos R$ 20,00, estabilizando-se no segundo semestre.

Fonte: Sistema de Informações Agropecuárias e de Abastecimento – Siagro/Conab

25,00 20,00 15,00 10,00 5,00 0 Lábrea (AM) Carauari (AM) 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 10,00 9,00 8,31 7,00 7,49 8,58 12,80 18,62 9,96 10,00 9,71 9,40 14,71 23,11

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