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Relatório Final do Projecto nº 298 Progr. AGRO Medida 8 Acção 8.1

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Relatório Final do Projecto nº 298 – Progr. AGRO Medida 8 Acção 8.1

Técnicas de maneio do olival na fase pós-instalação, tendo em vista a redução de custos e a protecção do ambiente: influência do coberto vegetal nas características físicas e químicas do solo e quantificação do desenvolvimento vegetativo da oliveira em função da dotação de rega.

Universidade de Évora (UE)

Estação Nacional de Melhoramento de Plantas (DFPP)

Direcção de Agricultura do Alentejo (DRAAL)

Centro Operativo e de Tecnologia do Regadio (COTR)

Chefe de Projecto

Maria da Conceição Martins Lopes de Castro DPBP - Universidade de Évora

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AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Anacleto Pinheiro, do Departamento de Engenharia Rural da UE, pelo delineamento experimental do olival e por toda a disponibilidade e conhecimentos que foi partilhando no decurso deste projecto.

Ao Eng. Luís Manuel dos Santos, do Departamento de Olivicultura da ENMP, pela colaboração e ensinamentos no âmbito da poda das oliveiras.

À Eng. Helena Mafalda Carolino e restante pessoal do Laboratório de Física do Solo do ICAM da UE, pela realização das análises físicas do solo.

Ao Prof. Manuel Madeira, pela disponibilidade para a realização de algumas das análises químicas do solo, no Laboratório de Pedologia do ISA.

Ao COTR, que no âmbito do programa SAGRA Net, cedeu os dados meteorológicos.

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ÍNDICE

i) Identificação do Projecto iv

ii) Período Coberto pelo Relatório v

iii) Actividades Desenvolvidas v

1. INTRODUÇÃO 1 2. MATERIAL E MÉTODOS 6 2.1. Área de estudo 6 2.2. Delineamento experimental 7 2.3. Parâmetros ambientais 9 2.3.1. Solos 9

2.3.1.1. Caracterização do solo da unidade experimental 9 2.3.1.2. Monitorização da temperatura e humidade do solo 12

2.3.1.3. Erosão 16

2.3.1.3.1. Escorrimento superficial 17

2.3.1.3.2. Massa de material erodido 24

2.3.1.3.3. Taxa de cobertura do solo e declive dos talhões de erosão 24

2.3.2. Rega 25

2.3.2.1 Implementação do sistema de rega 25

2.3.2.2. Manutenção do sistema de rega 26

2.3.2.3. Gestão da rega 28

2.4. Flora e Vegetação 30

2.4.1. Monitorização da evolução do coberto vegetal 30

2.4.1.1. Composição florística 30

2.4.1.2. Produção e capacidade de ressementeira do coberto melhorado 31

2.4.2. Influência das técnicas de maneio do coberto nas oliveiras 33 2.4.2.1. Avaliação do desenvolvimento vegetativo 33

2.4.2.1.1. Métodos directos 33

2.4.2.1.1.1. Parâmetros fenométricos 33

2.4.2.1.1.2. Biomassa 35

2.4.2.1.2. Métodos indirectos – Fotografia hemisférica 37

2.4.2.2. Estado nutritivo 39

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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 42

3.1. Parâmetros ambientais 42

3.1.1. Solos 42

3.1.1.1. Caracterização do solo da unidade experimental 42 3.1.1.2. Monitorização da temperatura e humidade do solo 43 3.1.1.3. Erosão – escorrimento superficial e massa de material erodido 51

3.1.2. Rega 54

3.2. Flora e Vegetação 56

3.2.1. Monitorização da evolução do coberto vegetal 56

3.2.1.1. Composição florística 56

3.2.1.2. Produção e capacidade de ressementeira do coberto melhorado 64

3.2.2. Influência das técnicas de maneio do coberto nas oliveiras 68 3.2.2.1. Avaliação do desenvolvimento vegetativo 68

3.2.2.1.1. Métodos directos 69

3.2.2.1.1.1. Parâmetros fenométricos 69

3.2.2.1.1.2. Biomassa 85

3.2.2.1.2. Métodos indirectos – Fotografia hemisférica 97

3.2.2.1.2.1. Modelação 97 3.2.2.1.2.2. Desenvolvimento vegetativo 102 3.2.2.2. Estado nutritivo 104 3.2.2.3. Estado hídrico 111 4. CONCLUSÕES 120 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 127 6. BIBLIOGRAFIA 128 Anexo I – Solos 134

Anexo II – Elenco Florístico 135

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Relatório Final do Programa AGRO Medida 8 Acção 8.1

Projecto nº 298

I) IDENTIFICAÇÃO DO PROJECTO

Título: Técnicas de maneio do olival na fase pós-instalação, tendo em vista a redução de custos e a protecção do ambiente: influência do coberto vegetal nas características físicas e químicas do solo e quantificação do desenvolvimento vegetativo da oliveira em função da dotação de rega.

Chefe de Projecto

Maria da Conceição Martins Lopes de Castro

Departamento de Planeamento Biofísico e Paisagístico Universidade de Évora

Entidades Participantes e respectivos Responsáveis:

Universidade de Évora

___________________________________________________________

Estação Nacional de Melhoramento de Plantas

Departamento de Forragens, Pastagens e Proteaginosas

___________________________________________________________

Direcção de Agricultura do Alentejo

___________________________________________________________

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ii) PERÍODO COBERTO PELO RELATÓRIO

14 de Novembro de 2001 a 14 de Novembro de 2005

iii) ACTIVIDADES DESENVOLVIDAS

DRAAL 2001

Setembro

- Início da plantação do olival.

Novembro

- Gradagem no coberto melhorado, para preparação do solo para a sementeira do trevo.

2002 Janeiro

- Conclusão da plantação do olival.

Fevereiro

- Corte de infestantes na entrelinha no coberto com enrelvamento, com destroçador de martelos.

Março

- Monda química na linha glifosato (2 l Roundup / 200 l água / ha).

Abril

- Monda química com glifosato (2 l Roundup / 200 l água / ha) no coberto melhorado.

Maio

- Mobilização com grade de discos no coberto com mobilização.

- Corte de infestantes na entrelinha do coberto com enrelvamento, com destroçador de martelos.

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- Desinfecção do olival (400 gr. de oxicloreto de cobre + 150 ml de 400 gr de oxicloreto de cobre + 150 ml de dimetoato + 3 kg de nitrato de potássio + 50 ml de micronutrientes / 100 l de água).

Outubro

- Gradagem para preparação da cama para a sementeira da luzerna.

Novembro - Monda química na linha com glifosato (2 l Roundup / 200 l água /

ha).

2003 Março

- Monda química na linha com glifosato (2 l Roundup / 200 l água / ha).

Abril

- Desinfecção do olival (400 gr de oxicloreto de cobre + 150 ml de dimetoato + 3 kg de nitrato de potássio + 50 ml de micronutrientes / 100 l de água).

Maio

- Corte das infestantes na entrelinha do coberto com enrelvamento, com destroçador de martelos.

- Monda química na linha com glifosato (2 l Roundup / 200 l água / ha). - Substituição das oliveiras mortas (retanchas).

- Mobilização com grade de discos.

Junho

- Poda de formação, com limpeza de ramos adventícios.

Setembro

- Gradagem para enterrar as vagens e destruir a vegetação espontânea, no coberto melhorado.

Novembro

- Sementeira da luzerna (por sementeira directa, para não destruir as plantas provenientes da ressementeira natural).

2004 Fevereiro

- Monda química na linha com glifosato (2 l Roundup / 200 l água / ha).

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- Desinfecção do olival (400 gr de oxicloreto de cobre + 150 ml de dimetoato + 3 kg de nitrato de potássio + 50 ml de micronutrientes /100 l de água).

Abril

- Corte das infestantes na entrelinha do coberto com enrelvamento, com destroçador de martelos.

Maio

- Desinfecção do olival (400 gr de oxicloreto de cobre + 150 ml de dimetoato + 3 kg de nitrato de potássio + 50 ml de micronutrientes /100 l de água).

- Limpeza de ramos adventícios e poda de formação.

- Mobilização com grade de discos no coberto com mobilização.

- Monda química na linha dos cobertos com mobilização e enrelvamento, com glifosato (2 l Roundup / 200 l água / ha).

Julho

- Corte das infestantes na linha do coberto melhorado, com gadanheira lateral.

2005 Março

- Mobilização com grade de discos no coberto com mobilização.

- Corte de infestantes na entrelinha do coberto com enrelvamento, com destroçador de martelos.

Abril

- Desinfecção do olival (400 gr de oxicloreto de cobre + 150 ml de dimetoato + 3 kg de nitrato de potássio + 50 ml de micronutrientes /100 l de água).

- Limpeza de ramos adventícios e poda de formação.

Maio

- Monda química glifosato (2 l Roundup / 200 l água / ha).

Abril, Maio e Junho

- Adubação na linha (solução azotada 32 N).

Junho

- Tratamento do olival (300 ml de Boro + 1 kg de Nitrato de potássio + 95 ml de dimetoato (DAFENIL) para 100 l de água).

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COTR 2001

Outubro

- Conclusão da instalação do sistema de rega.

2003 Maio

- Limpeza do sistema de rega.

Julho a Outubro

- Gestão da rega do olival.

- Manutenção do sistema de rega.

2004

Maio a Setembro

- Gestão da rega do olival (80 a 100 litros/semana/árvore, em uma ou duas regas semanais).

- Manutenção do sistema de rega.

2005

Abril a Setembro

- Gestão da rega do olival (20 a 150 litros/semana/árvore, em uma ou duas regas semanais).

- Manutenção do sistema de rega.

ENMP 2001 Novembro - Sementeira de trevo. 2002 Fevereiro

- Colheita de amostras de solo.

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2003 Junho

- Realização de cortes, no coberto melhorado, para avaliação da produção de matéria seca e semente.

2004 Março

- Realização de cortes, no coberto melhorado, para avaliação da produção de matéria seca e semente.

Junho

- Colheita de vagens de luzerna, para avaliação da dureza seminal.

UNIVERSIDADE DE ÉVORA

2001-2005

- Coordenação científica do projecto - Gestão administrativa do projecto

- Coordenação e acompanhamento dos ensaios

UE – Solos 2003-2005

- Caracterização dos solos do olival

- Monotorização das características do solo da Unidade Experimental

UE – Erosão 2004

Janeiro a Maio

- Medição do escorrimento superficial e da erosão do solo, nos cobertos com mobilização e enrelvamento.

- Medição do efeito da copa de oliveiras adultas sobre os processos de erosão, nomeadamente sobre a intercepção da chuva, homogeneidade da distribuição da água da chuva sob a copa e destacamento de partículas de solo.

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UE – Flora e vegetação 2001

Novembro

- Delineamento experimental do ensaio

- Selecção e delimitação dos talhões com os três tipos de maneio do solo e do coberto vegetal.

2002

Fevereiro e Abril

- Levantamentos florísticos e monitorização da evolução da vegetação, da linha e entrelinha, nos três tipos de coberto.

2003 Março

- Selecção e marcação das oliveiras para medição dos parâmetros fenométricos.

- Medições do potencial hídrico das oliveiras.

Março e Abril

- Levantamentos florísticos e monitorização da evolução da vegetação, da linha e entrelinha, nos três tipos de coberto.

Julho

- Colheita de amostra de folhas para análise química. - Medição de parâmetros fenométricos das oliveiras. - Abate de 15 árvores.

- Obtenção de fotografias hemisféricas da copa das oliveiras. - Medições do potencial hídrico das oliveiras.

Setembro

- Medições do potencial hídrico das oliveiras.

2004 Março

- Levantamentos florísticos e monitorização da evolução da vegetação, da linha e entrelinha, nos três tipos de coberto.

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Abril

- Medições do potencial hídrico das oliveiras.

- Medição de parâmetros fenométricos das oliveiras.

Julho

- Colheita de amostra de folhas para análise química. - Medição de parâmetros fenométricos das oliveiras. - Abate de 15 árvores.

- Obtenção de fotografias hemisféricas da copa das oliveiras. - Medições do potencial hídrico das oliveiras.

Setembro

- Medições do potencial hídrico das oliveiras.

2005 Abril

- Medições do potencial hídrico das oliveiras.

- Medição de parâmetros fenométricos das oliveiras.

Maio

- Levantamentos florísticos e monitorização da evolução da vegetação, da linha e entrelinha, nos três tipos de coberto.

Julho

- Colheita de amostra de folhas para análise química. - Medição de parâmetros fenométricos das oliveiras. - Abate de 15 árvores.

- Obtenção de fotografias hemisféricas da copa das oliveiras. - Medições do potencial hídrico das oliveiras.

Setembro

- Medições do potencial hídrico das oliveiras.

ACÇÕES DE DIVULGAÇÃO E DEMONSTRAÇÃO

No âmbito do projecto foram realizadas várias acções de divulgação e demonstração para técnicos e olivicultores, nas quais ocorreu colaboração quer entre as instituições parceiras, quer com outras instituições, para divulgação

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2004 Novembro

- Culturas de Regadio. Apresentação dos Resultados dos Projectos AGRO/PEDIZA (2001/2004), organizada pelo Centro Operativo de Tecnologia e de Regadio (COTR).

- Divulgação de Trabalhos de Campo na área da Olivicultura (Projectos AGRO e PEDIZA) - Herdade dos Lameirões (Safara), organizada pela Direcção Regional de Agricultura do Alentejo (DRAAL).

2005 Maio

- Seminário de Olivicultura, organizado pelo Departamento de Engª. Rural da Universidade de Évora.

Dezembro

- Jornadas Científicas do Instituto de Ciências Agrárias Mediterrânicas (ICAM).

2006

- Folheto de divulgação dos resultados deste Projecto.

Foram ainda produzidos trabalhos de divulgação científica, quer sob a forma de artigo, quer de painel (em anexo):

Alexandre, C. 2005. Cartografia de solos à escala da exploração: aplicação a

um ensaio de olival. Painel apresentado nas Jornadas do ICAM, Instituto

de Ciências Agrárias Mediterrâneas, Universidade de Évora, 15 a 17 de Dezembro de 2005.

Alexandre, C. & T. Afonso. 2005. Cartografia de solos à escala da exploração: aplicação a um ensaio de olival. Revista de Ciências Agrárias, (submetido para publicação).

Alexandre, C., J. Andrade & T. Afonso. 2005. Comparação de três técnicas de

controlo da vegetação herbácea em olivais no Alentejo: efeitos no regime hídrico do solo. Painel apresentado no Encontro Anual da Sociedade

Portuguesa de Ciência do Solo, Escola Superior Agrária de Castelo Branco, 29 de Junho a 1 de Julho de 2005.

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Alexandre, C., J. Andrade T. & Afonso. 2005. Efeitos da mobilização do solo e do controlo da vegetação no teor de água do solo em olivais no Alentejo.

Revista de Ciências Agrárias, (submetido para publicação).

Simões, M. P., C. Pinto-Cruz, A. F. Belo, L. F. Ferreira, J. P. Neves e M. C. Castro. 2005. Utilização da fotografia hemisférica na determinação do índice de área foliar de oliveiras jovens (Olea europaea L.). Revista de

Ciências Agrárias, (submetido para publicação).

Simões, M. P., C. Pinto-Cruz, A. F. Belo, L. Ferreira, M. C. Castro. 2005. Influência do coberto vegetal da entrelinha no desenvolvimento de oliveiras jovens. Painel apresentado nas Jornadas do ICAM, Instituto de Ciências Agrárias Mediterrâneas, Universidade de Évora, 15 a 17 de Dezembro de 2005.

Ramírez, S. A. 2004. Estudio de algunos parámetros para la variación de los procesos erosivos en la olivo. Trabalho de fim de curso orientado pelo Prof. Gottlieb Basch.

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1. INTRODUÇÃO

A oliveira é uma árvore mediterrânica, bem adaptada às condições edafo-climáticas desta região. Em Portugal, o olival ocupa cerca de 400 000 ha, dos quais aproximadamente 1/3 no Alentejo. Um dos produtos finais desta cultura com maior valorização comercial é o azeite, insubstituível na cultura gastronómica mediterrânica e que tem vindo a ser reconhecido como sendo uma gordura vegetal de elevada qualidade e valor dietético. O alargamento da área dedicada à olivicultura tem muito interesse do ponto de vista do desenvolvimento regional, dado poder constituir um motor de desenvolvimento conducente à criação de emprego ligado à indústria azeiteira, nas suas vertentes de produção, transformação e comercialização. Este cenário conduzirá à fixação de população numa região desfavorecida, como o Alentejo, onde se tem assistido ao êxodo da população mais jovem por falta de alternativas de emprego.

O controle das infestantes constituiu, desde sempre, grande preocupação para os olivicultores. De modo a conseguir o seu controle, para reduzir fenómenos de competição, nomeadamente pela água, entre as plantas do coberto e a cultura, tem sido usual efectuar, regularmente, operações de mobilização do solo, utilizando grades de discos e escarificadores (Pastor & Castro, 1995). Tem sido assumido que, com este sistema tradicional de maneio do olival, se obtém também um aumento da infiltração da água das chuvas e da incorporação de matéria orgânica no solo. No entanto, a mobilização do solo, realizada por hábito e tradição, apresenta graves inconvenientes para a cultura, para a economia da produção e, sobretudo, para o ambiente, nomeadamente ao nível da conservação da água e do solo. Segundo Saavedra

et al. (1998) e Pastor et al. (1999), as mobilizações contínuas modificam

substancialmente a infiltração e evaporação da água do solo, traduzindo-se em decréscimo na disponibilidade da água para a cultura. Isto tem uma grande importância em culturas mediterrânicas, já que pequenas variações na quantidade da água disponível podem afectar significativamente o crescimento e a produção da cultura.

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A mobilização destrói a estrutura do solo e as raízes da cultura, favorecendo a diminuição da infiltração e o consequente aumento do escorrimento superficial. A erosão do solo daí resultante traduz-se na perda do solo mais fértil, diminuindo a fertilidade dos solos, o que implica uma adubação progressivamente maior para manter os níveis de produção, ou seja, um aumento de custos; no arrastamento de fertilizantes aplicados, com a consequente poluição das linhas de água e dos aquíferos subterrâneos; na abertura de rasgos no terreno, por vezes intransponíveis para as máquinas. Para além disso, as mobilizações constituem um dos encargos mais importantes da maioria das explorações agrícolas. Ainda que factores intrínsecos, tais como as condições edafo-climáticas e a topografia possam explicar a grande perda de solo por erosão, as manipulações do ecossistema, efectuadas durante vários anos, pelo homem, contribuem muito para a deterioração do nosso solo. De acordo com Pastor et al. (1999), a erosão hídrica é um dos problemas mais graves da olivicultura espanhola atingindo, na Andaluzia, perdas de solo que rondam as 80 toneladas por hectare e por ano. O arrastamento de grandes quantidades de massas de solo e fertilizantes para os cursos de água contribui, não só para a redução da fertilidade do solo, mas também para a diminuição da qualidade da água utilizada para consumo e, como tal, influencia negativamente o ambiente.

Uma alternativa à mobilização sistemática é a manutenção de um coberto vegetal nas entrelinhas do olival. Foi já comprovado em alguns países de tradição olivícola, apesar da sua reduzida divulgação em Portugal, que a presença de um revestimento herbáceo reduz as necessidades de utilização de maquinaria, em relação à mobilização tradicional, tornando-se por consequência uma técnica de maneio mais económica, visto diminuir as operações de cultivo.

Muitos dos estudos efectuados têm permitido concluir que a manutenção de um coberto vegetal na entrelinha constitui uma boa alternativa às mobilizações, visto contribuir para a protecção e conservação do solo. O coberto vegetal parece ser mesmo o método mais eficaz para diminuir a erosão, reduzindo-a, por vezes, praticamente a zero (Bradford & Huang, 1994;

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mobilização, conjuntamente com a presença de um coberto vegetal, promove a infiltração de água no solo e diminui a escorrência, principalmente em períodos de chuva intensa, reduzindo, por outro lado, a perda de água das camadas superficiais por evaporação, durante a estação seca (Belo et al., submetido). A manutenção do enrelvamento das entrelinhas é um processo cujos benefícios são cumulativos no que diz respeito ao arejamento do solo e à infiltração, dado que à medida que as plantas morrem vai-se adensando a rede de canalículos por onde essa infiltração se realiza. Por outro lado, as raízes das plantas que constituem o coberto melhoram a estrutura do solo e previnem a compactação, beneficiando as condições de transitabilidade dos equipamentos agrícolas, aumentando desse modo o período de tempo disponível para realização das operações agrícolas, nomeadamente a colheita mecânica da azeitona, permitindo assim uma melhor planificação e o ganho que daí advem. A manutenção do enrelvamento à custa da flora local evita o predomínio de algumas espécies bem adaptadas a técnicas de controlo de infestantes, sistematicamente repetidas (aplicação de herbicidas, mobilização), promovendo a manutenção da diversidade das espécies, o que minora a possibilidade do aparecimento de resistências a herbicidas. Para além disso, promove a fertilidade, com aumento da matéria orgânica e do teor de azoto, para além do que, aumenta a biodiversidade da fauna e biocenoses do solo (Muñoz-Cobo, M.P., 1994; Saavedra et al., 1998; Thomas et al., 1998; Pastor

et al., 1999). Por outro lado, a manutenção do solo com perturbação mínima

proporciona habitat à micro-fauna do solo que entra na cadeia alimentar das populações de aves existentes no local, favorecendo a sua permanência e enriquecendo o agro-ecossistema do ponto de vista ornitológico e cinegético. Este agro-ecossistema poderá, assim, ganhar um interesse renovado, ligado ao turismo temático, que é complementar à exploração agrícola do olival e muito interessante do ponto de vista do desenvolvimento regional e da criação de emprego conducente à fixação de população.

Apesar dos seus efeitos benéficos no solo, o coberto vegetal vivo pode, em culturas de sequeiro, competir com a cultura por água e nutrientes, nos períodos em que há déficit, isto é, quando a pluviosidade é baixa e as necessidades de água são máximas. De facto, na olivicultura de sequeiro, a

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determinar a redução da disponibilidade de alguns nutrientes no solo, originando desequilíbrios nutritivos, difíceis de corrigir e que diminuem a capacidade produtiva da oliveira. Contudo, esta concorrência pode ser ultrapassada através da limitação do crescimento do coberto ou da sua eliminação, durante esse período (Gil, s.d.), o que tem vindo a ser posto em prática, em Espanha (Pastor et al., 1999) e em Portugal (PEDIZA nº 1999.64.006332.9, AGRO 266), com resultados satisfatórios. Ainda assim, a permanência de restolho sobre o terreno propicia também defesa contra a erosão e constitui uma barreira à evaporação.

Nos olivais de regadio, não se coloca o problema da competição por água, visto as modernas estratégias de rega permitirem economizar água, fornecendo apenas a necessária para, complementando a da precipitação, suprir as necessidades totais. A determinação da dotação mínima eficaz surge, então, como questão central, revestindo-se de especial importância em plantações de árvores jovens, para as quais é necessário o fornecimento de água nos primeiros anos, de forma a acelerar o seu desenvolvimento e entrada em produção. Apesar da vasta bibliografia para olivais em produção, o conhecimento existente não permite, ainda, a criação de modelos de gestão da água e solo, situação particularmente acentuada no respeitante a olivais jovens, para os quais o conhecimento é ainda muito reduzido.

Este projecto teve por objectivo a optimização da utilização da água e nutrientes disponíveis e do solo, melhorando a sua estrutura e diminuindo a erosão, num olival jovem. Para a consecução deste objectivo, compararam-se diferentes técnicas de maneio em grandes talhões experimentais de um olival recém-instalado. O sistema tradicional de mobilização do solo, com controlo de infestantes na entrelinha do olival (mobilizado), foi comparado com dois sistemas de diferentes de coberto vegetal, num dos quais se permitiu o desenvolvimento da vegetação espontânea até ao início da Primavera (enrelvamento), melhorando-se o coberto de espontâneas do outro, com uma leguminosa (melhorado). Visto que, nas culturas mediterrânicas, como o olival, pequenas variações da quantidade de água disponível podem afectar significativamente o crescimento e a produção, bem como a instalação de

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plantas jovens, administrou-se rega, de modo a acelerar o seu desenvolvimento, diminuindo o período improdutivo, com a máxima economia.

Para a consecução destes objectivos, procedeu-se à monitorização da evolução do coberto vegetal e à avaliação da produção de matéria seca e de semente da leguminosa, assim como da sua capacidade de ressementeira. Por forma a avaliar o efeito dos diferentes sistemas de maneio, estudou-se o desenvolvimento vegetativo e o estado hídrico das oliveiras jovens, pois este reflecte a disponibilidade global de água no solo, em condições em que a carência de humidade é o principal factor limitante. Avaliou-se a influência do coberto na eficiência de utilização dos nutrientes do solo, mediante a análise dos conteúdos foliares. Esta avaliação permitiu inferir do estado nutritivo do olival, o qual é determinante da produtividade e qualidade do produto. Para completar a determinação das necessidades nutritivas, procedeu-se à caracterização física e química do solo. O efeito dos cobertos sobre a erosão laminar (destacamento e transporte de partículas de solo) foi também avaliado.

Por fim, mas não de menor importância, pretendeu-se com este projecto obter resultados consistentes e de possível aplicabilidade, tendo em atenção o enquadramento da realidade agrícola nacional. Assim, o objectivo final foi a extensão dos conhecimentos aos agricultores e técnicos ligados à olivicultura, não só pela sua divulgação, como também pela demonstração prática da eficácia e rentabilidade de técnicas alternativas às práticas tradicionais, respeitando o ambiente.

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2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1. Área de estudo

O estudo decorreu num olival jovem de regadio, com 27 ha, localizado no Núcleo Experimental dos Lameirões (Safara, Concelho de Moura), propriedade da Direcção Regional de Agricultura do Alentejo. A plantação foi efectuada entre Setembro de 2000 e Janeiro de 2001, com oliveiras (Olea

europaea L.) com cerca de um ano de idade, provenientes da ENMP e de um

viveiro da herdade da Abóbada, em abrigos individuais (Figura 2.1.1).

Figura 2.1.1 – Aspecto da unidade experimental, antes (A) e depois (B) da instalação do olival.

O clima da região é do tipo mediterrânico continental. Os valores médios da temperatura e precipitação dos anos em que se efectuou este estudo (2002 a 2005) indicam-se no Quadro 2.1.1.

Quadro 2.1.1. – Valores médios das temperaturas e precipitação para o período em que decorreu o ensaio, segundo dados da Estação Meteorológica da Herdade dos Lameirões (Moura), disponibilizada pelo SAGRA Net.

Temperatura do ar (ºC) Anos Média Média Máxima Média Mínima Precipitação (mm) 2002 16,3 24,6 8,6 537,3 2003 16,9 25,4 9,1 488,9 2004 16,3 25,4 8,0 298,7 2005 16,4 25,5 7,9 250,9 B A

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Mobilizado Enrelvamento Melhorado

2.2. Delineamento experimental

O olival, onde está implantada a unidade experimental, apresenta um delineamento experimental em split-split-plot, com as variedades nas parcelas principais e os compassos e as dotações de rega nas sub-parcelas (Figura 2.2.1). A distribuição dos tratamentos do coberto vegetal coincidiu com a dos compassos.

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Este delineamento foi repetido em 3 regiões contíguas (R1, R2 e R3), tendo o trabalho experimental decorrido na R2, com uma área de 9 ha (colorida na Figura 2.2.1), com excepção da caracterização do solo que abrangeu as 3 repetições. Nessa unidade marcaram-se 27 talhões de 120 x 28 m cada, onde as oliveiras foram plantadas com 3 compassos (4, 6 e 10 m) e entrelinha de 7 m.

As cultivares de oliveira utilizadas na implementação do olival foram: - cv. Galega (Gal / V1);

- cv. Verdeal (Ver / V2); - cv. Cordovil (Cor / V3).

No delineamento experimental foram contempladas 3 dotações de rega. Contudo aplicou-se uma dotação única pelas razões enunciadas mais à frente (ponto 2.3.2.3).

A gestão e maneio do solo e do coberto vegetal consistiram na aplicação de 3 tratamentos (Figura 2.2.2):

- mobilizado (Mob / C1): no qual o controlo da vegetação foi efectuado através da mobilização do solo com grade de discos;

- enrelvamento (Enr / C2): manutenção de um coberto vegetal de espontâneas até ao início da estação seca, com posterior corte com destroçadora de martelos. Neste tratamento foi deixada uma faixa central de vegetação (cerca de 50 cm) para permitir a formação de sementes para posterior ressementeira, sob a qual foi passado um rojão no final do verão;

- e melhorado (Mel / C3): manutenção de um coberto vegetal de espontâneas melhorado através da sementeira de uma leguminosa.

Figura 2.2.2 – Aspectos do solo e coberto vegetal após a aplicação dos tratamentos experimentais.

(23)

2.3. Parâmetros ambientais 2.3.1. Solos

2.3.1.1. Caracterização do solo da unidade experimental

A área total do olival, representada nas Figura 2.3.1 e 2.3.2 atinge cerca de 42 ha, abrangendo a área cartografada cerca de 35 ha, dos quais 27 ha correspondem à unidade experimental (Figura 2.3.2). Trata-se de uma área alongada na direcção NE-SW, cortada por várias linhas de água, afluentes da ribeira de Toutalga, segundo a direcção transversal (SE-NW), direcção da inclinação dominante, com declives que oscilam entre os 2 e os 6 % (Figura 2.3.2). Devido à inserção das linhas de água existem várias encostas com exposição NE e SW, de pequena extensão mas, algumas delas, com declives máximos que atingem valores entre 15% e 20%. A altitude varia entre 175 e 187 m.

De acordo com a carta geológica da Amareleja, ainda em elaboração (Martins, 2006), cerca de 2/3 da área em estudo, mais a norte, correspondem

Figura 2.3.1 – Localização geográfica da área do estudo (A) e localização na Carta dos Solos de Portugal na escala 1/50.000 (B).

0 500 m

(B)

Olival

(A)

(24)

Paleozóico (Devónico). O terço sul da área apresenta três tipos de coberturas sedimentares: arenitos da Amareleja (Miocénico), interrompidos por uma mancha de conglomerados de Monte Coroado (Pliocénico) na cumeada da colina mais alta desta área e, ainda, conglomerados de Toutalga (170-180m) (Plistocénico) numa pequena faixa junto ao limite sul da área em estudo, correspondendo a um antigo terraço fluvial da ribeira de Toutalga. Esta faixa já se situa fora da área cartografada. Com base nas observações realizadas, verificou-se que, mesmo nos 2/3 da área em estudo situados mais a norte, são frequentes as coberturas sedimentares e, assim, em termos litológicos, predominam em toda a área estudada os depósitos de textura fina, com frequência argilosos, calcários, por vezes associados a xistos, em especial nas zonas de cumeada e de encosta. Os conglomerados de Toutalga distinguem-se pela sua heterometria e elevada proporção de elementos grosdistinguem-seiros, podendo corresponder ao que se tem designado por rañas.

Segundo a Carta de Solos de Portugal, a área da unidade experimental abrange 5 unidades cartográficas, das quais 4 são complexos de famílias (Figura 2.3.1B). Tem largo predomínio a unidade Vc+Vcm+Sr, seguida pela Sr+Pag e Pc+Pac+Sr e, com muito menor representatividade, ainda a Pcx+Pc e Cpc (legenda em anexo). É de salientar a grande diversidade de solos, com um total de 8 famílias referenciadas, em que se destacam a Sr, Vc e Vcm, seguidas pela Pag e Pac e, por último, a Cpc, Pcx e Pc.

Dada a instalação dos ensaios do olival, optou-se pela realização de sondagens para evitar grandes perturbações no terreno. Com base numa densidade de prospecção para a escala 1/7.500 realizaram-se 79 sondagens, 55 manuais e 24 mecânicas (Figura 2.3.2). Fez-se a amostragem regular de toda a área, com sonda manual e, numa segunda fase, a amostragem com sonda mecânica, em locais seleccionados, com vista a uma melhor caracterização analítica dos solos mais representativos. Em todos os casos procedeu-se a uma descrição morfológica sumária do solo, baseada nas normas da FAO (1990), embora com as restrições inerentes à descrição a partir de sondagens.

(25)
(26)

Os solos foram identificados segundo a Classificação dos Solos de Portugal (CSP; Cardoso, 1974) e a Word Reference Base for Soil Resources (WRB; FAO, 1998).

2.3.1.2. Monitorização da temperatura e humidade do solo

A área seleccionada para a monitorização da humidade e da temperatura do solo abrange parte de 6 parcelas de olival da variedade ‘Galega’, situadas numa encosta com 4-5% de declive, num Solo Calcário Vermelho Para Barro derivado de calcários não compactos associados a xistos (Vc‘) (Cardoso, 1974), na terminologia da WRBSR (FAO, 1998) um Cambissolo Vértico-Calcárico (Crómico). No Quadro 2.3.1 (A e B) apresentam-se os dados analíticos deste solo, determinados a partir de um conjunto de 5 pontos de amostragem, 3 obtidos com sonda manual e 2 com sonda mecânica.

Quadro 2.3.1A – Caracterização física do solo em estudo; médias e desvios padrão (em parêntesis) ponderados em função da espessura dos horizontes.*

Textura Hrz. N1 Lim. Inf. N2 EG >2 mm N3 AG 2-0,2 mm AF 0,2-0,02 mm L 0,02-0,002 mm G < 0,002 mm Classe N4 ρap cm g kg-1 --- g kg-1 --- Mg m-3 Ap 5 19 2 407 5 210 178 203 409 G 2 1,57 (7) (6) (26) (5) (69) (53) (0,08) B 5 42 2 441 5 189 163 33 615 G 2 1,39 (8) (67) (36) (14) (14) (56) (0,01) CB 2 60 0 - 2 427 178 104 291 FGA 1 1,60 (15) - (288) (73) (39) (176) - Mob 5 68 0 - 2 193 199 293 315 FGL 2 1,71 (11) - (19) (2) (102) (82) (0,00) Enr 4 78 0 - 1 161 155 506 178 FL 2 1,94 (5) - - - - (0,00) Mel 1 (95) 0 - 0 - - - 1 1,72 - - - - - -

N1a N4 – nº de amostras; EG, elem. grosseiros; A, areia; AG, areia grossa; AF, areia fina; L, limo; G,

argila;

F, Franco; ρap, massa volúmica aparente

* Análises realizadas no Laboratório de Solos do Instituto de Ciências Agrárias Mediterrâneas (ICAM).

(27)

Bases extraíveis e CTC P e K extraíveis Hrz. N2 pH (H2O) C N C/N Ca Mg K Na CTC GSB Na CTC . NO3 P K CaCO3 ---- g kg-1 ---- --- cmol(+) kg-1 --- --- % --- --- mg kg-1 --- g 100g-1 Ap 2 8,5 8,3 1,1 7,5 46,8 1,2 0,6 0,2 25,4 100 0,8 7,1 32,0 297,0 11,1 (0,0) (0,2) (0,0) (0,2) (1,4) (0,1) (0,2) (0,0) (3,5) - - (4,2) (2,0) (115,4) (4,8) B 2 8,5 6,2 0,9 6,7 47,4 1,1 0,5 0,2 22,0 100 1,0 3,0 16,7 221,3 23,7 (0,1) (1,6) (0,2) (0,4) (6,0) (0,0) (0,2) (0,1) (2,4) - - (0,6) (8,4) (44,7) (29,3) CTC – capacidade de troca catiónica; GSB – grau de saturação em bases; CaCO3 – calcário total

* Análises realizadas no Laboratório de Solos do Instituto de Ciências Agrárias Mediterrâneas (ICAM), excepto do C orgânico e calcário activo, realizadas no Laboratório de Pedologia do Instituto Superior de Agronomia (ISA).

Os dados da textura foram obtidos por sedimentometria com raios X, corrigidos para o método da análise mecânica (Alexandre et al., 2001), sem destruição de carbonatos. A massa volúmica aparente foi determinada pelo método do cilindro nas amostras extraídas com sonda mecânica. As análises químicas envolveram métodos de referência para a análise de solos (Póvoas & Barral, 1992; van Reeuwijk, 2002): combustão por via seca para o carbono orgânico e o azoto total, acetato de amónio a pH 7 para as bases extraíveis e a capacidade de troca catiónica, electrometria para os nitratos, método de Egnér-Riehm ou do lactato de amónio para o fósforo e potássio extraíveis e calcímetro para os carbonatos. As observações de campo e os dados analíticos revelam uma razoável homogeneidade nos dois primeiros horizontes, A e B, e maior heterogeneidade nos horizontes subjacentes, nomeadamente quanto à existência de um horizonte de transição CB e quanto à textura do material originário.

A monitorização da humidade do solo envolveu três abordagens (Figura 2.3.3):

• irregular, para a humidade gravimétrica, em especial na camada 0-10 cm, junto dos mesmos pontos da monitorização periódica;

Quadro 2.3.1B – Caracterização química do solo em estudo; médias e desvios padrão (em parêntesis) ponderados em função da espessura dos horizontes.*

(28)

• periódica, quase quinzenal, com sondas PR1, (Delta-T)1 até 40 cm de profundidade, em 5 pontos por tratamento, fixos aleatoriamente;

• contínua com as mesmas sondas e profundidades, 1 ponto por tratamento.

Os pontos de amostragem distam cerca de 70 cm da linha de plantação do olival.

Figura 2.3.3 – Esquema com a localização dos tubos de acesso das sondas de humidade, para leituras periódicas, e do sistema de monitorização contínuo nas parcelas de olival com os 3 tratamentos: mobilizado (M), enrelvamento (N) e melhorado (L).

As sondas usadas na medição da humidade do solo estão sujeitas a diversos tipos de erros (Evett et al., 2002a e 2002b):

• Erros inerentes aos fundamentos dos próprios métodos TDR – estes erros podem ser minimizados com a calibração para cada par solo-sonda em causa.

• Erros devido a problemas relacionados com os tubos de acesso das sondas – estes erros podem resultar da instalação dos tubos (por exemplo, formação de espaços vazios em redor dos tubos ou excessiva

1

(29)

compactação do solo) e/ou depender do tipo de solo (por exemplo, devido à formação de fendas por secagem do solo).

Atendendo a que os tubos de acesso às sondas de humidade ficam fixos no terreno, foi necessário garantir a sua protecção de algumas das práticas (Figura 2.3.4), como as gradagens no mobilizado (tratamento M) ou o destroçamento de herbáceas no enrelvamento e no melhorado (tratamentos N e L). No Quadro 2.3.2 indica-se a sequência de acções realizadas quer nas parcelas quer nas áreas envolventes aos tubos de modo a que estas reflictam as condições dominantes nas parcelas.

Figura 2.3.4 – Equipamento utilizado para a monitorização da temperatura e humidade do solo.

Quadro 2.3.2 – Operações realizadas nas parcelas (tratamentos L, M, N) e nas áreas em redor dos tubos de acesso às sondas de humidade.

Data Nas parcelas Junto dos tubos

2004

16 e

17/Fev. Aplicação de glifosato na linha, nos tratamentos M e N. 22, 28 e 29/Abr. Destroçamento de herbáceas no tratamento L e N. Corte de herbáceas no tratamento N (28/Abr.)

19/Mai. Gradagem no tratamento M. Monda no tratamento M. 25, 26, 27

e 28/Mai. Aplicação de glifosato na linha, nos tratamentos M e N.

16/Dez. Monda no tratamento M(1).

2005 (2)

03/Fev. Monda no tratamento M(1). 16/Mar. Gradagem no tratamento M.

12/Abr. Monda no tratamento M.

(1) Para garantir condições equivalentes às que predominavam nas parcelas M. (2) O Inverno muito seco não justificou a aplicação de herbicida nos tratamentos M

(30)

No caso da temperatura do solo adoptou-se apenas a modalidade de registo contínuo efectuada junto dos mesmos pontos de monitorização contínua da humidade do solo assinalados na Figura 2.3.3. Em cada um dos três tratamentos aplicaram-se sensores termopares do tipo T colocados a 0, 2, 4, 8, 12, 16 e 32 cm profundidades, usando como temperatura de referência termistores colocados em caixas de junção à superfície do solo.

2.3.1.3. Erosão

A componente dos estudos de erosão, que tem como objectivo avaliar os efeitos da cobertura vegetal e mobilização do solo no escoamento superficial e quantidade de material erodido, compreendia a realização dos ensaios com chuva natural. No entanto, a distância a que se encontra o campo de ensaio, o atraso no fornecimento de parte do material e a impossibilidade de entrada de máquinas no campo para mobilização do solo, resultou em atrasos na instalação dos equipamentos de medida e a consequente perda dos dados resultantes dos eventos de precipitação ocorridos até Maio de 2004. Para suprir a perda de dados ocorridos neste período, que corresponde a um período importante em termos de erosão tanto pelo volume de precipitação como pelo grau de cobertura do solo, recorreu-se à simulação com chuva artificial.

Na sequência da observação do estado da cobertura vegetal na entrelinha, nos tratamentos de enrelvamento e coberto melhorado com leguminosa, assim como do declive do terreno, optou-se pela instalação dos talhões de erosão nos tratamentos de enrelvamento e solo mobilizado (Figura 2.3.5).

(31)

expontânea expontânea expontânea mobilizado mobilizado expontânea melhorada expontânea melhorada mobilizado olival adulto olival adulto olival jovem estrada caminho vala N talhões de erosão expontânea expontânea expontânea mobilizado mobilizado expontânea melhorada expontânea melhorada mobilizado olival adulto olival adulto olival jovem estrada caminho vala N talhões de erosão

Figura 2.3.5 – Esquema da localização dos tratamentos de enrelvamento e de mobilização do solo, e dos talhões de erosão no olival.

Foram efectuadas as seguintes medições: - Escorrimento superficial

- Massa de material erodido

2.3.1.3.1. Escorrimento superficial

O objectivo deste trabalho é o estudo comparativo do escorrimento superficial e quantidade de material erodido que ocorre durante um evento de chuva, provocada artificialmente, num solo mobilizado e num solo com cobertura vegetal espontânea.

Em cada tratamento (solo mobilizado e com enrelvamento) foram instalados 3 talhões de erosão nas entrelinhas do olival.

Os talhões de erosão tinham 1 m2 (1 m × 1 m), sendo delimitados em três lados por chapas de metal enterradas no solo, com uma altura de 0,25 m acima da superfície. No lado correspondente ao de menor cota foi colocada uma caleira de PVC para recolha da água de escorrimento, que é conduzida por um tubo de aproximadamente 3 m de comprimento a um recipiente colector, segundo o esquema da figura 2.3.6 a 2.3.9.

(32)

tubo talhão de erosão caleira 100 cm 100 c m superfície do solo caleira vista de cima solo vista lateral talhão de erosão chapa metálica tu bo de P V C recipiente colector buraco no solo

chapa metálica chapa metálica

buraco tubo talhão de erosão caleira 100 cm 100 cm 100 c m 100 c m superfície do solo caleira vista de cima solo vista lateral talhão de erosão chapa metálica tu bo de P V C recipiente colector buraco no solo

chapa metálica chapa metálica

buraco

Figura 2.3.6 – Esquema da instalação dos talhões de erosão e sistema de recolha de água de escorrimento superficial.

Figura 2.3.7 – Talhão de erosão no tratamento com enrelvamento: montagem da caixa metálica e tubagem.

(33)

Figura 2.3.8 – Pormenor da montagem da ligação da caleira de recepção de água de escorrimento ao tubo de transporte.

Figura 2.3.9 – Talhão de erosão instalado em solo mobilizado.

Foi feito um buraco no solo com uma broca de 0,25 m de diâmetro e 0,50 m de profundidade para colocar os recipientes colectores.

Colocou-se uma chapa metálica em cima da caleira de PVC, para evitar que a chuva entre directamente dentro da caleira de recepção (Figura 2.3.10).

Para assegurar que o escorrimento de água se efectuasse, foi colocada entre o solo e a caleira, ao longo do seu comprimento, uma superfície de transição de folha plástica fixada por fita adesiva isolante, e coberta por cimento (Figura 2.3.11).

chapa metálica enterrada no solo a delimitar o talhão de erosão

caleira

(34)

Figura 2.3.10 – Chapa metálica de cobertura colocada por cima da caleira.

Figura 2.3.11 – Pormenor da superfície de transição entre a caleira e o solo.

A água e o material em suspensão foram recolhidos e transferidos para garrafões de 5 l de capacidade, à medida que o escorrimento superficial ocorria (Figuras 2.3.12 e 2.3.13) e, posteriormente, foram tratados em laboratório, para determinação do volume de escorrimento e quantidade de material erodido.

solo

faixa de cimento

plástico

fita adesiva isolante

(35)

Figura 2.3.12 – Recolha da água e material em suspensão do recipiente colector e transferência para os garrafões.

Figura 2.3.13 – Pormenor da transferência da água de escorrimento superficial.

Estes estudos de erosão decorreram sob chuva artificial criada para o efeito. Para tal, foi montado um sistema de produção de chuva artificial, constituído por um conjunto de fornecimento e distribuição de água, como o que se representa nas Figuras 2.3.14 a 2.3.17.

(36)

Figura 2.3.14 – Esquema da montagem do sistema de fornecimento de chuva artificial.

Figura 2.3.15 – Pormenor de alguns dos equipamentos do aparato de chuva artificial:

conjunto de fornecimento de água

conjunto de distribuição de água

mangueira ¾”

mangueira ¾”

mangueira ¾”

ligações rápidas para mangueira chuveiros mangueira 2”

cisterna bomba

gerador

redutor para 1” redutor para 3/4” torneira

mangueira ¾” mangueira ¾”

ligações rápidas para mangueira

mangueiras de 3/4”

conjunto de fornecimento de água

conjunto de distribuição de água

mangueira ¾” mangueira ¾” mangueira ¾” mangueira ¾” mangueira ¾” mangueira ¾”

ligações rápidas para mangueira chuveiros mangueira 2”

cisterna bomba

gerador

redutor para 1” redutor para 3/4” torneira

mangueira ¾” mangueira ¾”

ligações rápidas para mangueira

(37)

Figura 2.3.16 – Pormenor de alguns dos equipamentos do aparato de chuva artificial: chuveiro e mangueira.

Figura 2.3.17 – Pormenor de alguns dos equipamentos do aparato de chuva artificial: cisterna.

Efectuaram-se 6 eventos de chuva artificial, com uma intensidade de precipitação de 10 l min-1 m-2, durante períodos de tempo de 4 minutos. Os eventos decorreram com intervalos de 4 e 7 dias intercalados, com eventos em dias consecutivos. Durante cada evento, determinaram-se os momentos do início e final do escorrimento superficial.

Em ensaios preliminares, com intensidades de chuva inferiores à fixada, não se obteve escorrimento superficial nos talhões de erosão no tratamento com enrelvamento.

(38)

Por outro lado, o equipamento disponível para este estudo necessitava de um caudal de serviço mínimo de 240 l h-1, já que a bomba deixava de funcionar para caudais menores, assim como os chuveiros não garantiam, para esses caudais, uma chuva homogénea. Todos estes contratempos levaram a que se recorresse a uma simulação de um caso extremo, já que chuvadas com a intensidade utilizada nestes ensaios raramente ocorrem na natureza.

2.3.1.3.2. Massa de material erodido

Com o objectivo de conhecer a quantidade de sedimentos produzidos em cada evento de chuva artificial, procedeu-se à determinação da massa de material erodido, transportado em suspensão.

Para o efeito, recolheu-se a totalidade da água e sedimentos produzidos em cada evento de chuva, nos três talhões de cada tratamento, sendo transportados em garrafões para análise em laboratório.

Durante o processo de esgotamento da água dos garrafões, foram colhidas sub-amostras de 250 ml da água e material em suspensão, por garrafão, garantindo que o sedimento não fosse perturbado. A massa de material depositado em cada garrafão foi então recolhida.

A massa de sedimentos obteve-se por secagem das amostras dos sedimentos e das sub-amostras de água com material em suspensão, até peso constante, em estufa a 105 °C.

2.3.1.3.3. Taxa de cobertura do solo e declive dos talhões de erosão

A taxa de cobertura do solo e o declive dos talhões de erosão constituem dois parâmetros importantes na análise do escorrimento superficial e, consequente, da massa de solo erodido, resultante de chuvas mais ou menos intensas. Neste sentido, foi medido o grau de cobertura no solo mobilizado e com enrelvamento, pelo método de contagem directa, com 3 medições por tratamento, no início do Verão.

(39)

NOTA

Para além do estudo do efeito do coberto vegetal sobre a erosão, estudou-se ainda o efeito da copa das árvores sobre os processos de erosão, nomeadamente sobre a intercepção da água da chuva e a homogeneidade da sua distribuição sob a copa e sobre o destacamento de partículas de solo, assim como o escoamento da água da chuva pelo tronco. Visto as árvores em estudo serem oliveiras jovens e, por isso, com copas pouco definidas e de dimensões reduzidas, utilizaram-se, para este efeito, oliveiras adultas de um olival adjacente. Dado que este objectivo extravasa o plano inicialmente estabelecido, a metodologia utilizada e os resultados obtidos não são apresentados neste relatório mas sim, pela sua importância, num relatório (trabalho de fim de curso), em anexo.

2.3.2. Rega

Os objectivos do projecto, sob a responsabilidade da equipa do Centro Operativo e de Tecnologia do Regadio, foram:

- Implementação do sistema de rega; - Manutenção do sistema de rega; - Gestão da rega.

2.3.2.1.Implementação do sistema de rega

A rede de rega do olival, implementada no início do projecto é, na generalidade, constituída por uma rede primária de rega, a iniciar na estação de bombagem situada junto da descarga de fundo de água situada no pé de jusante da charca do olival, e uma rede secundária de rega que, partindo da primeira, permite abastecer cada um dos blocos de rega definidos.

O abastecimento dos diferentes talhões é assegurado por intermédio de hidrantes colocados nas extremidades dos mesmos.

A rede terciária de rega é constituída por ramais porta gotejadores DN 17 PN4 com gotejadores inseridos na linha, com afastamentos entre si de 1,00 m. Este ramal foi fornecido de modo a que nos anos iniciais possa haver

(40)

bloqueamento de gotejadores, que irão sendo desbloqueados à medida que a cultura se for desenvolvendo.

Os ramais porta-gotejadores estão à superficie do solo e ligados com a rede secundária (enterrada) por intermédio de ligadores. Esta rede foi dimensionada considerando gotejadores auto compensantes entre os 70 kPa e os 400 kPa para um caudal de 3,6 l hr-1.

A automatização do sistema de rega é assegurada por intermédio de um programador instalado no edifício da estação de bombagem. O programador tem a capacidade para comandar 81 válvulas hidráulicas. O comando das válvulas hidráulicas é assegurado por ar comprimido.

O registo de todas as operações dos caudais e volumes aplicados por turno e operações de fertilização, entre outras, é assegurado por um sistema de telegestão que armazena toda a informação.

2.3.2.2.Manutenção do sistema de rega

O entupimento dos gotejadores do sistema de rega localizado é um dos principais e mais delicados problemas que se apresenta neste tipo de sistemas de rega, provocando uma diminuição do caudal dos emissores. Atendendo à qualidade da água para rega, neste local, verificou-se que existia um grande potencial de entupimento devido à quantidade de matéria orgânica, pelo que se procedeu à abertura dos fins dos laterais de rega (Figura 2.3.18).

(41)

No Quadro 2.3.3 apresentam-se os dados relativos à qualidade da água para rega da barragem da Herdade dos Lameirões.

Quadro 2.3.3 – Parâmetros para classificação da qualidade da água de rega. Parâmetros Valor NH4 (mg/l) 0.07 Ca (mg/l) 57.00 Cloretos (mg/l) 117.00 C.E._25ºC (dS/m) 0.79 P2O5 (mg/l) 0.06 Mg (mg/l) 38.00 NO3 (mg/l) <3 NO2 (mg/l) <0,042 pH 7.70 K (mg/l) 4.00 Na (mg/l) 50.00 SO4 (mg/l) 27.00 Carbonatos <1 Bicarbonatos (mg/l) 219 SAR 1.26

Assim, foi elaborado um plano de manutenção do sistema de rega:

- No início de cada campanha de rega foi injectada uma solução de ácido fosfórico ou ácido nítrico e, posteriormente, abriram-se todos os finais de linha e descargas de fundo, de forma a eliminar as partículas em suspensão e limpar os emissores.

- No início da campanha de rega foram percorridas todas as linhas para verificar se não existiam roturas dos laterais de rega.

- O estado dos filtros de anilhas foi controlado, procedendo-se à substituição das anilhas, sempre que foram efectuadas retro-lavagens com muita frequência (Figura 2.3.19).

(42)

Figura 2.3.19 – Aspecto do filtro antes de serem substituídas as anilhas.

- Durante a campanha de rega foi aplicado ácido nítrico, para limpeza do sistema.

- Ao longo da campanha, acompanhou-se o estado dos comandos pneumáticos de abertura e fecho das válvulas de cada talhão experimental (recorde-se que este olival é constituído por 81 válvulas).

2.3.2.3.Gestão da rega

Um dos objectivos do delineamento experimental era a aplicação de diferentes níveis de dotação de rega mas, dado tratar-se de um olival jovem, foi decidido pelos responsáveis da gestão deste olival que não seriam aplicados diferentes níveis de dotação de rega, tendo-se procurado, nesta fase do ciclo da cultura, abastecer o olival sem qualquer restrição de água, de forma a garantir a sua correcta instalação. Assim, a rega foi efectuada de forma a proporcionar ao olival condições de disponibilidade hídrica que permitissem manter a cultura em conforto hídrico.

Nesta fase, as metodologias normalmente disponíveis para a condução da rega, essencialmente desenvolvidas para olivais adultos, não se aplicam. Contudo, é extremamente importante identificar o momento oportuno de aplicação da água (quando regar) e quantificar o quanto aplicar (quanto regar). Por isso, a condução da rega efectuou-se com base na monitorização da água

(43)

no solo, de modo a decidir aqueles pontos tão importantes para a gestão da rega.

Contudo, há que salientar as dificuldades encontradas, com a falta de água que se fez sentir no ano de 2005, que dificultou o cumprimento do calendário de rega.

Para estimar o estado de humidade do solo utilizou-se o método tensiométrico, para o qual foram utilizados sensores de matriz granular (Watermark Mod. 200ss Irrometer Co). O potencial matricial do solo (ψs) foi registado em contínuo com uma periodicidade horária (Figura 2.3.20).

Os sensores foram colocados às profundidades de 15, 30, 50, 70 e 90 cm, à distância de 25 cm do gotejador.

Figura 2.3.20 – Logger para armazenamento das leituras (A) dos sensores (B) colocados no solo.

(44)

2.4. Flora e Vegetação

2.4.1. Monitorização da evolução do coberto vegetal 2.4.1.1. Composição florística

A monitorização da evolução do coberto vegetal, da linha e entrelinha, foi realizada com base em levantamentos florísticos (Figura 2.4.1), realizados periodicamente, na primavera (uma ou duas datas de amostragem, conforme as necessidades). Tendo em vista a caracterização da vegetação na situação inicial, foram ainda efectuados levantamentos florísticos, em Fevereiro e Abril de 2002.

A área de amostragem de cada inventário, marcada de forma permanente, foi de 8 m2 e 6 m2, respectivamente na entrelinha e na linha. Em cada inventário procedeu-se à inventariação das espécies vegetais, acompanhada do respectivo índice quantitativo de abundância/dominância, que reflecte uma medida de compromisso entre o número de plantas de cada espécie e a respectiva área de cobertura. Em cada época de amostragem, realizaram 3 repetições por cada tipo de coberto, tanto na entrelinha como na linha procurando neste último caso contemplar a situação pré e pós aplicação de herbicida.

A maioria das espécies vegetais foi identificada in loco, tendo as restantes sido identificadas em laboratório, por comparação com exemplares do Herbário do departamento de Biologia da Universidade de Évora e com recurso aos seguintes manuais:

- Nova Flora de Portugal (Continente e Açores) – J.A. Franco, 1971 e 1984;

- Nova Flora de Portugal (Continente e Açores) – J.A. Franco & M. Rocha-Afonso, 1994 e 1998;

- Catálogo das Plantas Infestantes das Searas de Trigo – J. Malato-Beliz & A. Cadete, 1978;

- Flora Iberica. Plantas vasculares de la Península Ibérica e Islas Baleares – S. Castroviejo et al., 1993;

- Flora Vascular de Andalucía Occidental – B. Valdés et al., 1987; - Plântulas de Infestantes. Dicotilédoneas – M.L. Caixinhas, 2001.

(45)

Ao longo do período de estudo, foi criada uma colecção de referência das espécies vegetais presentes, quer como vauchers, quer como elementos de auxílio a identificações posteriores.

Figura 2.4.1 – Realização de um inventário florístico.

2.4.1.2. Produção e capacidade de ressementeira do coberto melhorado

Na última semana de Novembro de 2001 efectuou-se a sementeira de

Trifolium resupinatum L. cv. Prolofic – trevo resupinado ou trevo da Pérsia –

nos talhões correspondentes ao coberto melhorado (num total de 3 ha). Para fazer face ao atraso da sementeira, aplicou-se uma densidade elevada (18 kg ha-1), tendo em consideração o que normalmente se utiliza para esta espécie.

Como explicação para o deficiente estabelecimento do trevo, colocou-se como hipótese a inadaptação da espécie ao pH do solo. Assim, em Fevereiro de 2002, foram colhidas amostras de solo, com uma mistura de terra de vários locais nas três repetições, onde o trevo se encontrava instalado, para determinação do pH em H2O.

Face aos resultados obtidos, julgou-se tecnicamente mais aconselhável substituir o trevo pela Medicago truncatula Gaertner cv. Paraggio (luzerna truncatula), uma vez que esta espécie se adapta melhor a solos alcalinos. A sementeira foi realizada a 28 de Outubro de 2002, após preparação do solo com gradagem cruzada, com uma densidade de 54 kg ha-1 de semente,

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previamente inoculada com Rhizobium leguminosae spp. melilotii. Optou-se por uma densidade de sementeira muita elevada, com o objectivo de simular o povoamento de um segundo ano de instalação. A sementeira foi realizada com um semeador de linhas acoplado a um tractor.

A sementeira de 2003 foi efectuada no dia 7 de Novembro, em sementeira diracta, para não destruir as plantas provenientes da ressementeira natural.

Em Junho de 2003 e Março de 2004, foram efectuados cortes na cultura de luzerna, a fim de avaliar a produção de matéria seca (MS) e a produção de semente. Realizaram-se 3 repetições, com 3 amostras por repetição, tendo cada amostra uma área de 0,25 m2 (0,5 x 0,5m), em locais que mostravam haver um coberto vegetal semelhante (Figura 2.4.2). A quantificação da produção de MS e semente foi efectuada, após secagem e debulha das vagens, por pesagem.

Figura 2.4.2 – Colheita de amostras para avaliação da matéria seca.

Em Junho de 2004, procedeu-se ainda à colheita de vagens para avaliação da dureza seminal

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2.4.2. Influência das técnicas de maneio do coberto nas oliveiras 2.4.2.1. Avaliação do desenvolvimento vegetativo

2.4.2.1.1. Métodos directos

2.4.2.1.1.1. Parâmetros fenométricos

Tendo em vista o estudo do desenvolvimento vegetativo das oliveiras, foram efectuadas medições de parâmetros fenométricos. Para o efeito, em Março de 2003, seleccionaram-se aleatoriamente 135 árvores, distribuídas pelas variáveis em estudo (variedade, coberto e dotação de rega), com 5 repetições, tendo em consideração a variedade estrutural e arquitectónica existente. Os indivíduos seleccionados foram marcados de forma permanente, através de dupla marcação com fitas coloridas (Figura 2.4.3).

Figura 2.4.3 – Marcação permanente das árvores utilizadas para avaliação dos parâmetros fenométricos.

A avaliação foi realizada em Março e Julho de 2003, Abril e Julho de 2004 e Abril e Julho de 2005. Os parâmetros avaliados foram (Figuras 2.4.4 a 2.4.6): altura total da árvore (ht), altura da copa (hc), diâmetro da base do tronco (db), diâmetro medido a 50 cm da base (d50), volume da copa (vlc) e área de projecção da copa (ac). O volume e área de projecção da copa foram calculados com base na medição directa dos dois diâmetros da copa (diâmetros maior e menor).

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Figura 2.4.4 – Avaliação da altura da árvore.

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Figura 2.4.6 – Avaliação do diâmetro da base do tronco.

Visto que o crescimento é uma função exponencial, os incrementos, em cada período de tempo considerado, foram determinados logaritmizando os termos da diferença.

2.4.2.1.1.2. Biomassa

A amostragem da biomassa aérea das árvores foi realizada através de métodos directos e destrutivos, em Julho de 2003 e 2004 (árvores com cerca de 4 e 5 anos, respectivamente). Em cada ano de amostragem, seleccionaram-se para abate, de linhas exteriores, 5 árvores com dimensões represeleccionaram-sentativas da variabilidade de cada cultivar, distribuídas pelos diferentes cobertos vegetais.

Antes do abate foram medidos os parâmetros já referidos para o método não destrutivo (ponto 2.4.2.1.1.1.). Para além disso, foram também realizadas fotografias hemisféricas para avaliação das dimensões da copa e respectiva área foliar, para cálculo comparativo do índice de área foliar (ponto 2.4.2.1.2.).

Toda a biomassa aérea de cada indivíduo seleccionado foi cortada e colhida (Figura 2.4.7), após o que, foi separada por componentes: folhas verdes, ramos do ano, ramos de anos anteriores, frutos, folhas senescentes e ramos mortos.

A área foliar projectada foi medida, com um medidor de área foliar, em sub-amostras de todas as amostras de folhas (verdes e senescentes), proporcionais ao peso total, para se poder estimar a área foliar total.

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Figura 2.4.7 – Aspectos do corte das oliveiras.

Todos os componentes da biomassa, bem como as folhas colhidas para o estudo da dinâmica foliar dos nutrientes, foram secos (a 80º C) em sacos de papel devidamente identificados, em estufa de ventilação forçada, até peso constante e o seu peso seco obtido separadamente.

Cálculos:

O volume das copas foi calculado a partir dos 2 diâmetros e da altura da copa, aproximando a sua forma à de um elipsóide.

As quantidades médias de cada componente da biomassa, por unidade de área do solo, estimaram-se, para cada variedade e período de amostragem, a partir dos valores de peso fresco da fitomassa colhida, da área de colheita respectiva e da perda média de humidade das amostras.

Os índices foliares e caulinares foram calculados relativamente à biomassa total. O índice de área foliar (LAI) foi determinado através da razão entre o somatório das áreas das amostras de folhas e a superfície do solo correspondente à sua projecção vertical e a área foliar específica (SLA) através da razão entre o somatório das áreas foliares das amostras e o peso respectivo. A razão de peso foliar (LWR) e a razão de peso caulinar (SWR) foram obtidas, em cada amostra, através do quociente entre o peso das folhas

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e dos caules, respectivamente, e o peso total da biomassa aérea, tendo a LAR resultado do produto da LWR pela SLA.

As taxas de crescimento relativo das plantas (RGRP), das folhas (RGRF) e dos ramos (RGRR) foram calculadas a partir da equação

RGR= (lnW2-lnW1)/(t2-t1)

em que W2 e W1 são a biomassa, respectivamente no tempo 2 (t2) e no tempo 1 (t1) (Hunt, 1978).

2.4.2.1.2. Métodos indirectos - Fotografia hemisférica

Este método foi utilizado para 2 conjuntos de árvores:

- Um conjunto constituído pelas mesmas árvores utilizadas para a avaliação do desenvolvimento vegetativo através da medição de parâmetros fenométricos (ponto 2.4.2.1.1.1.), tendo em vista a comparação da avaliação do crescimento através daquele método e da fotografia. A amostragem destas árvores foi efectuada em Julho de 2003, 2004 e 2005.

- Outro conjunto constituído pelas árvores abatidas no método destrutivo (ponto 2.4.2.1.1.2.), tendo em vista a comparação entre o índice de área foliar obtido destrutivamente e através da fotografia. A amostragem destas árvores foi efectuada em Julho de 2003 e 2004.

As imagens hemisféricas digitais das copas foram adquiridas com recurso ao Digital Plant Canopy Imager - CI-110, CID, Inc. (Figura 2.4.8 e 2.4.9). As imagens foram sempre obtidas em condições de luminosidade difusa (no período da aurora e do crepúsculo ou em dias com o céu uniformemente nublado) de modo a obter o máximo contraste possível entre as folhas e o céu (Whitford et al., 1995).

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Figura 2.4.8 – Aspectos da aquisição das fotografias hemisféricas da copa das oliveiras.

Figura 2.4.9 – Imagem hemisférica da copa de uma oliveira.

Aestimativa do LAI foi efectuada procedendo-se à análise destas imagens com o software CI-110, Ver 3.0.2.0 (CID, Inc.), através da análise de inversão de “gap fraction” (Norman & Campbell, 1989). As imagens foram processadas de forma a eliminar a região coberta pelo tronco, de acordo com a sugestão de Nilson (1999) e Nilson & Kuusk (2004), segundo os quais a influência do tronco na distribuição angular da “gap fraction”, e consequentemente na estimativa do

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Os dados obtidos foram tratados para cada uma das cultivares separadamente e em conjunto, para o período total do estudo (2003, 2004 e 2005).

2.4.2.2. Estado nutritivo

Em Junho de 2003, definiram-se parcelas homogéneas em zonas representativas das características dominantes do olival, no que se refere à natureza do solo, topografia, exposição, cultivar e técnicas culturais. Em cada uma destas parcelas, definiram-se as unidades de amostragem, cada uma das quais constituída por 15 árvores, seleccionadas ao acaso por toda a parcela e marcadas de forma permanente, num total de 675 árvores. A colheita de amostras de folhas para análise química, tendo em vista a avaliação do estado nutritivo do olival, foi efectuada no início de Julho, em 2003, 2004 e 2005, tendo cada amostra sido tomada nas 15 árvores previamente seleccionadas e marcadas, num total de 45 amostras (resultantes do produto de 9 situações por 5 repetições). As folhas foram colhidas nos lançamentos da Primavera desse ano, inseridos em raminhos sem frutos, completamente desenvolvidos, com 4 a 5 meses de idade (Figura 2.4.10). Colheram-se 8 folhas inteiras (limbo + pecíolo) por árvore, uma por lançamento, em igual número por quadrante (norte, sul, este e oeste), constituindo assim amostras de 120 folhas no total das 15 árvores.

Referências

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