MAPEAMENTO DE AMEAÇAS, RECURSOS E
VULNERABILIDADES E GEOPROCESSAMENTO
Por Aramis Cardoso
1. O território
No território é onde as coisas acontecem: Onde as pessoas vivem, trabalham, se divertem, adoecem e se recuperam.
O território tem a capacidade de congregar informações de múltiplas fontes e de múltiplas disciplinas. Ex. Vegetação, Solo, Hidrografia, Unidades de Saúde, Populações, Agropecuário, Econômico, Indústria
É o território o local de aplicação das políticas públicas e onde as decisões se tornam realidades.
Especificamente tratando de produtos perigosos, é no território que se encontram localizados as instalações fixas produtoras bem como as rotas de transporte de produtos perigosos.
Ou seja, o objetivo de um mapeamento pode ser a identificação tanto de perigos ou ameaças, bem como dos recursos necessários para atuação em caso de emergências ou desastres relacionados aos acidentes com produtos perigosos.
As informações sobre um determinado tema são agregadas de forma a compor uma “camada de dados” contendo os atributos dos pontos ou áreas relacionadas a este tema.
2. Geoprocessamento
O Geoprocessamento é um conjunto de conceitos, técnicas e tecnologias envolvendo equipamentos e programas de computador que permitam tratar os diversos dados referentes a fenômenos próprios das ciências da terra, ou seja, a representação computacional do espaço a partir do uso de informações cartográficas (mapas, cartas topográficas e plantas) e informações a que se possa associar coordenadas. Esse processamento informatizado de dados georreferenciados pode ser utilizado para diversas aplicações.
Pode-se, então, utilizando ferramentas de Geoprocessamento elaborar mapas temáticos compostos por camadas de dados, sobre os diferentes temas que se quer abordar.
3. Sistemas de Informações Geográficas – SIG
Sistemas de Informações Geográficas – SIG, são sistemas cujas principais características são: " a integração, numa única base de dados, de informações espaciais provenientes de dados cartográficos, dados de censo e de cadastro urbano e rural, imagens de satélite, redes e modelos numéricos de terreno; combinar as várias informações, através de algoritmos de manipulação, para gerar mapeamentos derivados; consultar, recuperar, visualizar e plotar o conteúdo da base de dados geocodificados".
Os objetivos principais de um SIG são: - Organização e integração de dados - Visualização de dados - Produção de mapas - Consulta espacial - Análise espacial - Previsão Vantagens
As vantagens desses sistemas pode ser: - Realizar análises e inferências
- Possibilita a manutenção de dados integrados - Maior acessibilidade
- Incorporação de processos
- Ambiente de integração de informação
Estrutura básica
A estrutura básica de um SIG e composta de: - Objetos Geográficos
- Camada, Tema ou Plano de Informação - Atributos
a) Objetos Geográficos
São os fenômenos do mundo real que se deseja representar como limites municipais e estaduais, estradas, lotes, lagos, plantas químicas, rotas de transporte, unidades de saúde e outros.
São digitalizados por instrumentos específicos e com finalidades pré-estabelecidas * Pontos - Utilizados para representar eventos ou locais determinados.
* Linhas - Normalmente utilizadas para representar para ruas, estradas, rotas;
* Polígonos ou linhas fechada s- Usualmente utilizadas para representar áreas formadas por mais de um ponto. Demarcação dos limites de uma área, como municípios, lagos sítios contaminados;
Similar a polilinha, mas o final se liga ao começo, tornando a área central parte integrante da entidade.
- Hidrografia: arquivo com rios, canais, lagos.
- Malha viária: arquivo com rotas, avenidas, estradas.
- Edificações: arquivo contendo os lotes, edificações, prédios.
- Produtos Perigosos: arquivo contendo os atributos das plantas com produtos perigosos.
- Setores Censitários; arquivo com os limites dos setores censitários e respectivas populações.
- Eventos de saúde – Camada de dados contendo os casos de intoxicações ou óbitos atribuídos a Produtos Perigosos.
c) Atributos
Conjunto de dados tabulares de SIG. Tem as propriedades de qualquer banco de dados tabulares, com variáveis dispostas nas colunas (cujos nomes funcionam como chave de identificação do conteúdo das células) e registros de dados dispostos nas linhas. Cada arquivo cartográfico no SIG possui um banco de dados relacionado a cada objeto geográfico, sendo que sua ligação é invisível para o usuário, mas extremamente importante para as análises a serem feitas.
Exemplos:
Identificação de pontos ou áreas e respectivos atributos. Ex: * Plantas fixas;
* Modais de Transporte e rotas; * Acidentes; e
* Vulnerabilidades populacionais a riscos tecnológicos.
Abaixo exemplo de planilha para identificação de instalações contendo produtos perigosos com os atributos: local, latitude e longitude, produtos perigosos utilizados ou armazenados, Classe de Risco (ONU) e quantidade.
EMPRESA LOCAL LAT/LONG PRODUTOS CLASSE QTDADE
CUBA CAMPO GRANDE MS - 0,9581 GAS CLORO 2 1.000/dia
Abaixo exemplo de geoprocessamento da serie histórica dos acidentes com produtos perigosos notificados no estado do Rio Grande do Sul (Brasil) durante os anos de 1994-2006, por município.
Acidentes com produtos perigosos, Paraná, Brasil
Fig. 1 Exemplos em acidentes rodoviários Rio Grande do Sur, Brasil – 1994-2006 Fonte: Beltrami, AC. 2007.
4. Fontes de dados
Os dados utilizados no mapeamento e geoprocessamento podem ser oriundos de diferente fontes e podem encontrarem-se disponíveis em formatos diferenciados. Abaixo seguem algumas fontes de dados:
a) Sensoriamento remoto
Aquisição de imagens por satélite de forma remota sem que haja necessidade da presença física no local a ser mapeado.
b) GPS
O Global Positioning System (GPS) é um sistema de rádio navegação, baseado em satélite, desenvolvido e operado pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América.
O GPS permite a usuários terrestres, marítimos ou aeronáuticos determinar sua posição tridimensional e localização geográfica em qualquer ponto do planeta, incluindo, velocidade e horário, 24 horas por dia, sob qualquer condição climática e em qualquer local do mundo; com uma precisão e acurácia muito melhor do que qualquer outro sistema de rádio navegação disponível hoje.
Latitude e Longitude
Latitude é a distância em graus, minutos e segundos de arco Norte ou Sul do Equador, medidos ao longo do meridiano do ponto, vai de 0 a 90º. No Brasil varia de 5,30°N a 35,30°S
Longitude é a distância em graus, minutos e segundo de arco Leste ou Oeste do Meridiano de Greenwich, medidos ao longo do paralelo do ponto, vai de 0 a 180º. No Brasil varia de 14°W a 73°W.
Algumas fontes de informações aptas a serem utilizadas em geoprocessamento podem ser localizadas em cadastros ou bases de dados já existentes seguindo o procedimento de Geocodificação.
Geocodificação de cadastros
O processo de geocodificação de cadastros consiste em atribuir a cada registro, um par de coordenadas geográficas (latitude e longitude) para que se possa georreferenciar o(s) ponto(s) ou área(s).
A geocodificação de cadastros pode ser realizada a partir de uma base de logradouros georreferenciada, a partir de partir de pontos coletados em campo com o auxílio de receptores GPS de navegação ou ainda por conversão de mapas analógicos em mapas digitais georreferenciados.
Exemplo de base de dados da Federação das Indústrias do Estado da Bahia – FIEB (Brasil). Tela de satélites que mostra a disponibilização de sinais e as intensidades dos sinais Na tela de posicionamento após o aparelho captar os sinais ficará disponível a informação do local
Bússola que indica a rota para um determinado ponto escolhido optando-se pela função GOTO Menu principal do aparelho a partir do qual pode-se navegar
Passo a passo de utilização de GPS utilizando padrão de graus decimais (ou décimos de graus) e projeção SAD 69.
Ligar o GPS
Avançar até “Menu Principal” Ir para “Ajuste de Menu” Entrar Ir para “Navegação” Entrar Ir para “Formato” Entrar Selecionar hddd.ddddd° Alterar DATUM - Entrar Selecionar “Sth Amrcn 69” Alterar
Sair Retornar até tela de Posição Anotar número do ponto e “Enter”
Resumidamente, os passos para configuração do aparelho de GPS para graus decimais e projeção SAD 69 são os seguintes:
Ligar o aparelho, avançar ao Menu Principal utilizando a tecla “Page”. A partir daí, utilizando as setas acesse “Navegação”. Selecione “Formato” e escolha “hddd.ddddd” que significa que os pontos obtidos serão armazenados em décimos de graus. Alterar “DATUM” e selecionar a posição da SAD 69 chamada “Sth Amrcn 69”, alterar e retornar a tela de “Posição”. A partir de então basta registrar o ponto e selecionar “Enter”.
São diversos exemplos das aplicações da obtenção de pontos utilizando aparelhos de GPS e posteriormente inserindo em programas de SIG para elaboração de mapeamentos utilizando as ferramentas de geoprocessamento.
Porém, para que se tenha sucesso em todo o processo de obtenção de cadastros, obtenção de pontos e seus respectivos atributos é necessários que se faça um bom planejamento das ações que devem ser desenvolvidas para o pleno atendimento das expectativas ou objetivos traçados conforme exemplo abaixo.
Estruturação de um sistema integrado de gestão integrada de riscos Etapas
Planejamento, execução, avaliação e retro-alimentação.
Ações e atividades
* Obtenção de Cadastro de empreendimentos potencialmente causadores de acidentes e respectivas rotas de transporte dos diferentes modais.
Esses podem estar disponíveis em bases de dados dos diferentes atores sociais ou talvez tenha que se produzir esses dados utilizando, por exemplo, o aparelho de GPS para adquiri-los.
* Localização de sítios frágeis e vulneráveis à acidentes.
* Caracterização das unidades de saúde e seus atributos: Antídotos, manuais de atendimento, laboratórios, EPIs, leitos, ambulâncias, recursos humanos.
2) Notificação de acidentes e desastres
Georreferenciamento dos eventos com GPS ou de forma remota utilizando ferramentas atualmente disponíveis.
Exemplos em acidentes rodoviários Paraná, Brasil – 2003-2006
Fig. 2. Acidentes com produtos perigosos, Paraná, Brasil
Fig. 3. Perfil nacional de acidentes com produtos perigosos, Brasil-2006-2007. Fonte: Beltrami, AC. 2009
5. Referencias
Mapeo y geoprocesamiento
http://www.capacita.geosaude.cict.fiocruz.br/referencia.php
