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ULISSES TAVARES Caindo na real

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Academic year: 2021

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DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA UM POUCO SOBRE O AUTOR

Procuramos contextualizar o autor e sua obra no panorama da literatura brasileira para jo-vens e adultos.

RESENHA

Apresentamos uma síntese da obra para que o professor, antecipando a temática, o en-redo e seu desenvolvimento, possa avaliar a pertinência da adoção, levando em conta as possibilidades e necessidades de seus alunos.

COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA

Apontamos alguns aspectos da obra, consi-derando as características do gênero a que O que é, o que é,

Uma árvore bem frondosa Doze galhos, simplesmente

Cada galho, trinta frutas Com vinte e quatro sementes?1

Alegórica árvore do tempo…

A adivinha que lemos, como todo e qual-quer texto, inscreve-se, necessariamente, em um gênero socialmente construído e tem, portanto, uma relação com a exterioridade que determina as leituras possíveis. O espa-ço da interpretação é regulado tanto pela organização do próprio texto quanto pela memória interdiscursiva, que é social, histó-rica e cultural. Em lugar de pensar que a cada texto corresponde uma única leitura, é preferível pensar que há tensão entre uma leitura unívoca e outra dialógica.

Um texto sempre se relaciona com outros produzidos antes ou depois dele: não há como ler fora de uma perspectiva interdiscursiva.

Retornemos à sombra da frondosa árvore — a árvore do tempo — e contemplemos ou-tras árvores:

Deus fez crescer do solo toda es-pécie de árvores formosas de ver e boas de comer, e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal. (…) E Deus deu ao homem este manda-mento: “Podes comer de todas as árvores do jardim. Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás, porque no dia em que dela comeres terás de morrer”.2

Ah, essas árvores e esses frutos, o de-sejo de conhecer, tão caro ao ser huma-no…

Há o tempo das escrituras e o tempo da memória, e a leitura está no meio, no inter-valo, no diálogo. Prática enraizada na expe-riência humana com a linguagem, a leitura é uma arte a ser compartilhada.

A compreensão de um texto resulta do res-gate de muitos outros discursos por meio da memória. É preciso que os acontecimentos ou os saberes saiam do limbo e interajam com as palavras. Mas a memória não funciona como o disco rígido de um computador em que se salvam arquivos; é um espaço move-diço, cheio de conflitos e deslocamentos.

Empregar estratégias de leitura e desco-brir quais são as mais adequadas para uma determinada situação constituem um proces-so que, inicialmente, se produz como ativi-dade externa. Depois, no plano das relações

interpessoais e, progressivamente, como re-sultado de uma série de experiências, se trans-forma em um processo interno.

Somente com uma rica convivência com ob-jetos culturais — em ações socioculturalmente determinadas e abertas à multiplicidade dos modos de ler, presentes nas diversas situações comunicativas — é que a leitura se converte em uma experiência significativa para os alu-nos. Porque ser leitor é inscrever-se em uma comunidade de leitores que discute os textos lidos, troca impressões e apresenta sugestões para novas leituras.

Trilhar novas veredas é o desafio; transfor-mar a escola numa comunidade de leitores é o horizonte que vislumbramos.

Depende de nós. Enigmas e adivinhas convidam à

decifra-ção: “trouxeste a chave?”.

Encaremos o desafio: trata-se de uma ár-vore bem frondosa, que tem doze galhos, que têm trinta frutas, que têm vinte e qua-tro sementes: cada verso inqua-troduz uma nova informação que se encaixa na anterior.

Quantos galhos tem a árvore frondosa? Quantas frutas tem cada galho? Quantas se-mentes tem cada fruta? A resposta a cada uma dessas questões não revela o enigma. Se for familiarizado com charadas, o leitor sabe que nem sempre uma árvore é uma árvore, um galho é um galho, uma fruta é uma fruta, uma semente é uma semente… Traiçoeira, a árvo-re frondosa agita seus galhos, entorpece-nos com o aroma das frutas, intriga-nos com as possibilidades ocultas nas sementes.

O que é, o que é?

Apegar-se apenas às palavras, às vezes, é deixar escapar o sentido que se insinua nas ramagens, mas que não está ali.

Que árvore é essa? Símbolo da vida, ao mesmo tempo que se alonga num percurso vertical rumo ao céu, mergulha suas raízes na terra. Cíclica, despe-se das folhas, abre-se em flores, que escondem frutos, que prote-gem sementes, que ocultam coisas futuras.

“Decifra-me ou te devoro.”

Qual a resposta? Vamos a ela: os anos, que se desdobram em meses, que se aceleram em dias, que escorrem em horas.

Gênero: Palavras-chave: Áreas envolvidas: Temas transversais: Público-alvo: PROPOSTAS DE ATIVIDADES a) antes da leitura

Os sentidos que atribuímos ao que se lê de-pendem, e muito, de nossas experiências an-teriores em relação à temática explorada pelo texto, bem como de nossa familiarida-de com a prática leitora. As atividafamiliarida-des sugeridas neste item favorecem a ativação dos conhecimentos prévios necessários à compreensão e interpretação do escrito. • Explicitação dos conhecimentos prévios necessários à compreensão do texto.

• Antecipação de conteúdos tratados no tex-to a partir da observação de indicadores como título da obra ou dos capítulos, capa, ilustra-ção, informações presentes na quarta capa, etc. • Explicitação dos conteúdos da obra a par-tir dos indicadores observados.

b) durante a leitura

São apresentados alguns objetivos orienta-dores para a leitura, focalizando aspectos que auxiliem a construção dos sentidos do texto pelo leitor.

• Leitura global do texto.

• Caracterização da estrutura do texto. • Identificação das articulações temporais e lógicas responsáveis pela coesão textual. • Apreciação de recursos expressivos empre-gados pelo autor.

c) depois da leitura

São propostas atividades para permitir melhor compreensão e interpretação da obra, indican-do, quando for o caso, a pesquisa de assuntos relacionados aos conteúdos das diversas áreas curriculares, bem como a reflexão a respeito de temas que permitam a inserção do aluno no debate de questões contemporâneas. pertence, analisando a temática, a

perspec-tiva com que é abordada, sua organização estrutural e certos recursos expressivos em-pregados pelo autor.

Com esses elementos, o professor irá identi-ficar os conteúdos das diferentes áreas do co-nhecimento que poderão ser abordados, os temas que poderão ser discutidos e os recur-sos lingüísticos que poderão ser explorados para ampliar a competência leitora e escri-tora dos alunos.

QUADRO-SÍNTESE

O quadro-síntese permite uma visualização rápida de alguns dados a respeito da obra e de seu tratamento didático: a indicação do gênero, das palavras-chave, das áreas e te-mas transversais envolvidos nas atividades propostas; sugestão de leitor presumido para a obra em questão.

F nas tramas do texto

• Compreensão global do texto a partir de reprodução oral ou escrita do que foi lido ou de respostas a questões formuladas pelo pro-fessor em situação de leitura compartilhada. • Apreciação dos recursos expressivos empre-gados na obra.

• Identificação e avaliação dos pontos de vis-ta sustenvis-tados pelo autor.

• Discussão de diferentes pontos de vista e opiniões diante de questões polêmicas. • Produção de outros textos verbais ou ainda de trabalhos que contemplem as diferentes lin-guagens artísticas: teatro, música, artes plásti-cas, etc.

F nas telas do cinema

• Indicação de filmes, disponíveis em VHS ou DVD, que tenham alguma articulação com a obra analisada, tanto em relação à temática como à estrutura composicional.

F nas ondas do som

• Indicação de obras musicais que tenham alguma relação com a temática ou estrutura da obra analisada.

F nos enredos do real

• Ampliação do trabalho para a pesquisa de informações complementares numa dimen-são interdisciplinar.

DICAS DE LEITURA

Sugestões de outros livros relacionados de alguma maneira ao que está sendo lido, es-timulando o desejo de enredar-se nas vere-das literárias e ler mais:

w do mesmo autor;

w sobre o mesmo assunto e gênero; w leitura de desafio.

Indicação de título que se imagina além do grau de autonomia do leitor virtual da obra analisada, com a finalidade de ampliar o ho-rizonte de expectativas do aluno-leitor, en-caminhando-o para a literatura adulta. __________

1 In Meu livro de folclore, Ricardo Azevedo, Editora Ática.

2 A Bíblia de Jerusalém, Gênesis, capítulo 2, versículos 9 e 10, 16 e 17.

PROJETO DE LEITURA

Coordenação e elaboração: Maria José Nóbrega

Árvores e tempo de leitura

MARIA JOSÉ NÓBREGA

2 3 4

Leitor crítico — Jovem Adulto

Leitor crítico — 7ª e 8ª séries

Leitor fluente — 5ª e 6ª séries

ULISSES TAVARES

Caindo na real

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DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA UM POUCO SOBRE O AUTOR

Procuramos contextualizar o autor e sua obra no panorama da literatura brasileira para jo-vens e adultos.

RESENHA

Apresentamos uma síntese da obra para que o professor, antecipando a temática, o en-redo e seu desenvolvimento, possa avaliar a pertinência da adoção, levando em conta as possibilidades e necessidades de seus alunos.

COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA

Apontamos alguns aspectos da obra, consi-derando as características do gênero a que O que é, o que é,

Uma árvore bem frondosa Doze galhos, simplesmente

Cada galho, trinta frutas Com vinte e quatro sementes?1

Alegórica árvore do tempo…

A adivinha que lemos, como todo e qual-quer texto, inscreve-se, necessariamente, em um gênero socialmente construído e tem, portanto, uma relação com a exterioridade que determina as leituras possíveis. O espa-ço da interpretação é regulado tanto pela organização do próprio texto quanto pela memória interdiscursiva, que é social, histó-rica e cultural. Em lugar de pensar que a cada texto corresponde uma única leitura, é preferível pensar que há tensão entre uma leitura unívoca e outra dialógica.

Um texto sempre se relaciona com outros produzidos antes ou depois dele: não há como ler fora de uma perspectiva interdiscursiva.

Retornemos à sombra da frondosa árvore — a árvore do tempo — e contemplemos ou-tras árvores:

Deus fez crescer do solo toda es-pécie de árvores formosas de ver e boas de comer, e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal. (…) E Deus deu ao homem este manda-mento: “Podes comer de todas as árvores do jardim. Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás, porque no dia em que dela comeres terás de morrer”.2

Ah, essas árvores e esses frutos, o de-sejo de conhecer, tão caro ao ser huma-no…

Há o tempo das escrituras e o tempo da memória, e a leitura está no meio, no inter-valo, no diálogo. Prática enraizada na expe-riência humana com a linguagem, a leitura é uma arte a ser compartilhada.

A compreensão de um texto resulta do res-gate de muitos outros discursos por meio da memória. É preciso que os acontecimentos ou os saberes saiam do limbo e interajam com as palavras. Mas a memória não funciona como o disco rígido de um computador em que se salvam arquivos; é um espaço move-diço, cheio de conflitos e deslocamentos.

Empregar estratégias de leitura e desco-brir quais são as mais adequadas para uma determinada situação constituem um proces-so que, inicialmente, se produz como ativi-dade externa. Depois, no plano das relações

interpessoais e, progressivamente, como re-sultado de uma série de experiências, se trans-forma em um processo interno.

Somente com uma rica convivência com ob-jetos culturais — em ações socioculturalmente determinadas e abertas à multiplicidade dos modos de ler, presentes nas diversas situações comunicativas — é que a leitura se converte em uma experiência significativa para os alu-nos. Porque ser leitor é inscrever-se em uma comunidade de leitores que discute os textos lidos, troca impressões e apresenta sugestões para novas leituras.

Trilhar novas veredas é o desafio; transfor-mar a escola numa comunidade de leitores é o horizonte que vislumbramos.

Depende de nós. Enigmas e adivinhas convidam à

decifra-ção: “trouxeste a chave?”.

Encaremos o desafio: trata-se de uma ár-vore bem frondosa, que tem doze galhos, que têm trinta frutas, que têm vinte e qua-tro sementes: cada verso inqua-troduz uma nova informação que se encaixa na anterior.

Quantos galhos tem a árvore frondosa? Quantas frutas tem cada galho? Quantas se-mentes tem cada fruta? A resposta a cada uma dessas questões não revela o enigma. Se for familiarizado com charadas, o leitor sabe que nem sempre uma árvore é uma árvore, um galho é um galho, uma fruta é uma fruta, uma semente é uma semente… Traiçoeira, a árvo-re frondosa agita seus galhos, entorpece-nos com o aroma das frutas, intriga-nos com as possibilidades ocultas nas sementes.

O que é, o que é?

Apegar-se apenas às palavras, às vezes, é deixar escapar o sentido que se insinua nas ramagens, mas que não está ali.

Que árvore é essa? Símbolo da vida, ao mesmo tempo que se alonga num percurso vertical rumo ao céu, mergulha suas raízes na terra. Cíclica, despe-se das folhas, abre-se em flores, que escondem frutos, que prote-gem sementes, que ocultam coisas futuras.

“Decifra-me ou te devoro.”

Qual a resposta? Vamos a ela: os anos, que se desdobram em meses, que se aceleram em dias, que escorrem em horas.

Gênero: Palavras-chave: Áreas envolvidas: Temas transversais: Público-alvo: PROPOSTAS DE ATIVIDADES a) antes da leitura

Os sentidos que atribuímos ao que se lê de-pendem, e muito, de nossas experiências an-teriores em relação à temática explorada pelo texto, bem como de nossa familiarida-de com a prática leitora. As atividafamiliarida-des sugeridas neste item favorecem a ativação dos conhecimentos prévios necessários à compreensão e interpretação do escrito. • Explicitação dos conhecimentos prévios necessários à compreensão do texto.

• Antecipação de conteúdos tratados no tex-to a partir da observação de indicadores como título da obra ou dos capítulos, capa, ilustra-ção, informações presentes na quarta capa, etc. • Explicitação dos conteúdos da obra a par-tir dos indicadores observados.

b) durante a leitura

São apresentados alguns objetivos orienta-dores para a leitura, focalizando aspectos que auxiliem a construção dos sentidos do texto pelo leitor.

• Leitura global do texto.

• Caracterização da estrutura do texto. • Identificação das articulações temporais e lógicas responsáveis pela coesão textual. • Apreciação de recursos expressivos empre-gados pelo autor.

c) depois da leitura

São propostas atividades para permitir melhor compreensão e interpretação da obra, indican-do, quando for o caso, a pesquisa de assuntos relacionados aos conteúdos das diversas áreas curriculares, bem como a reflexão a respeito de temas que permitam a inserção do aluno no debate de questões contemporâneas. pertence, analisando a temática, a

perspec-tiva com que é abordada, sua organização estrutural e certos recursos expressivos em-pregados pelo autor.

Com esses elementos, o professor irá identi-ficar os conteúdos das diferentes áreas do co-nhecimento que poderão ser abordados, os temas que poderão ser discutidos e os recur-sos lingüísticos que poderão ser explorados para ampliar a competência leitora e escri-tora dos alunos.

QUADRO-SÍNTESE

O quadro-síntese permite uma visualização rápida de alguns dados a respeito da obra e de seu tratamento didático: a indicação do gênero, das palavras-chave, das áreas e te-mas transversais envolvidos nas atividades propostas; sugestão de leitor presumido para a obra em questão.

F nas tramas do texto

• Compreensão global do texto a partir de reprodução oral ou escrita do que foi lido ou de respostas a questões formuladas pelo pro-fessor em situação de leitura compartilhada. • Apreciação dos recursos expressivos empre-gados na obra.

• Identificação e avaliação dos pontos de vis-ta sustenvis-tados pelo autor.

• Discussão de diferentes pontos de vista e opiniões diante de questões polêmicas. • Produção de outros textos verbais ou ainda de trabalhos que contemplem as diferentes lin-guagens artísticas: teatro, música, artes plásti-cas, etc.

F nas telas do cinema

• Indicação de filmes, disponíveis em VHS ou DVD, que tenham alguma articulação com a obra analisada, tanto em relação à temática como à estrutura composicional.

F nas ondas do som

• Indicação de obras musicais que tenham alguma relação com a temática ou estrutura da obra analisada.

F nos enredos do real

• Ampliação do trabalho para a pesquisa de informações complementares numa dimen-são interdisciplinar.

DICAS DE LEITURA

Sugestões de outros livros relacionados de alguma maneira ao que está sendo lido, es-timulando o desejo de enredar-se nas vere-das literárias e ler mais:

w do mesmo autor;

w sobre o mesmo assunto e gênero; w leitura de desafio.

Indicação de título que se imagina além do grau de autonomia do leitor virtual da obra analisada, com a finalidade de ampliar o ho-rizonte de expectativas do aluno-leitor, en-caminhando-o para a literatura adulta. __________

1 In Meu livro de folclore, Ricardo Azevedo, Editora Ática.

2 A Bíblia de Jerusalém, Gênesis, capítulo 2, versículos 9 e 10, 16 e 17.

PROJETO DE LEITURA

Coordenação e elaboração: Maria José Nóbrega

Árvores e tempo de leitura

MARIA JOSÉ NÓBREGA

Leitor crítico — Jovem Adulto

Leitor crítico — 7ª e 8ª séries

Leitor fluente — 5ª e 6ª séries

ULISSES TAVARES

Caindo na real

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DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA UM POUCO SOBRE O AUTOR

Procuramos contextualizar o autor e sua obra no panorama da literatura brasileira para jo-vens e adultos.

RESENHA

Apresentamos uma síntese da obra para que o professor, antecipando a temática, o en-redo e seu desenvolvimento, possa avaliar a pertinência da adoção, levando em conta as possibilidades e necessidades de seus alunos.

COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA

Apontamos alguns aspectos da obra, consi-derando as características do gênero a que O que é, o que é,

Uma árvore bem frondosa Doze galhos, simplesmente

Cada galho, trinta frutas Com vinte e quatro sementes?1

Alegórica árvore do tempo…

A adivinha que lemos, como todo e qual-quer texto, inscreve-se, necessariamente, em um gênero socialmente construído e tem, portanto, uma relação com a exterioridade que determina as leituras possíveis. O espa-ço da interpretação é regulado tanto pela organização do próprio texto quanto pela memória interdiscursiva, que é social, histó-rica e cultural. Em lugar de pensar que a cada texto corresponde uma única leitura, é preferível pensar que há tensão entre uma leitura unívoca e outra dialógica.

Um texto sempre se relaciona com outros produzidos antes ou depois dele: não há como ler fora de uma perspectiva interdiscursiva.

Retornemos à sombra da frondosa árvore — a árvore do tempo — e contemplemos ou-tras árvores:

Deus fez crescer do solo toda es-pécie de árvores formosas de ver e boas de comer, e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal. (…) E Deus deu ao homem este manda-mento: “Podes comer de todas as árvores do jardim. Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás, porque no dia em que dela comeres terás de morrer”.2

Ah, essas árvores e esses frutos, o de-sejo de conhecer, tão caro ao ser huma-no…

Há o tempo das escrituras e o tempo da memória, e a leitura está no meio, no inter-valo, no diálogo. Prática enraizada na expe-riência humana com a linguagem, a leitura é uma arte a ser compartilhada.

A compreensão de um texto resulta do res-gate de muitos outros discursos por meio da memória. É preciso que os acontecimentos ou os saberes saiam do limbo e interajam com as palavras. Mas a memória não funciona como o disco rígido de um computador em que se salvam arquivos; é um espaço move-diço, cheio de conflitos e deslocamentos.

Empregar estratégias de leitura e desco-brir quais são as mais adequadas para uma determinada situação constituem um proces-so que, inicialmente, se produz como ativi-dade externa. Depois, no plano das relações

interpessoais e, progressivamente, como re-sultado de uma série de experiências, se trans-forma em um processo interno.

Somente com uma rica convivência com ob-jetos culturais — em ações socioculturalmente determinadas e abertas à multiplicidade dos modos de ler, presentes nas diversas situações comunicativas — é que a leitura se converte em uma experiência significativa para os alu-nos. Porque ser leitor é inscrever-se em uma comunidade de leitores que discute os textos lidos, troca impressões e apresenta sugestões para novas leituras.

Trilhar novas veredas é o desafio; transfor-mar a escola numa comunidade de leitores é o horizonte que vislumbramos.

Depende de nós. Enigmas e adivinhas convidam à

decifra-ção: “trouxeste a chave?”.

Encaremos o desafio: trata-se de uma ár-vore bem frondosa, que tem doze galhos, que têm trinta frutas, que têm vinte e qua-tro sementes: cada verso inqua-troduz uma nova informação que se encaixa na anterior.

Quantos galhos tem a árvore frondosa? Quantas frutas tem cada galho? Quantas se-mentes tem cada fruta? A resposta a cada uma dessas questões não revela o enigma. Se for familiarizado com charadas, o leitor sabe que nem sempre uma árvore é uma árvore, um galho é um galho, uma fruta é uma fruta, uma semente é uma semente… Traiçoeira, a árvo-re frondosa agita seus galhos, entorpece-nos com o aroma das frutas, intriga-nos com as possibilidades ocultas nas sementes.

O que é, o que é?

Apegar-se apenas às palavras, às vezes, é deixar escapar o sentido que se insinua nas ramagens, mas que não está ali.

Que árvore é essa? Símbolo da vida, ao mesmo tempo que se alonga num percurso vertical rumo ao céu, mergulha suas raízes na terra. Cíclica, despe-se das folhas, abre-se em flores, que escondem frutos, que prote-gem sementes, que ocultam coisas futuras.

“Decifra-me ou te devoro.”

Qual a resposta? Vamos a ela: os anos, que se desdobram em meses, que se aceleram em dias, que escorrem em horas.

Gênero: Palavras-chave: Áreas envolvidas: Temas transversais: Público-alvo: PROPOSTAS DE ATIVIDADES a) antes da leitura

Os sentidos que atribuímos ao que se lê de-pendem, e muito, de nossas experiências an-teriores em relação à temática explorada pelo texto, bem como de nossa familiarida-de com a prática leitora. As atividafamiliarida-des sugeridas neste item favorecem a ativação dos conhecimentos prévios necessários à compreensão e interpretação do escrito. • Explicitação dos conhecimentos prévios necessários à compreensão do texto.

• Antecipação de conteúdos tratados no tex-to a partir da observação de indicadores como título da obra ou dos capítulos, capa, ilustra-ção, informações presentes na quarta capa, etc. • Explicitação dos conteúdos da obra a par-tir dos indicadores observados.

b) durante a leitura

São apresentados alguns objetivos orienta-dores para a leitura, focalizando aspectos que auxiliem a construção dos sentidos do texto pelo leitor.

• Leitura global do texto.

• Caracterização da estrutura do texto. • Identificação das articulações temporais e lógicas responsáveis pela coesão textual. • Apreciação de recursos expressivos empre-gados pelo autor.

c) depois da leitura

São propostas atividades para permitir melhor compreensão e interpretação da obra, indican-do, quando for o caso, a pesquisa de assuntos relacionados aos conteúdos das diversas áreas curriculares, bem como a reflexão a respeito de temas que permitam a inserção do aluno no debate de questões contemporâneas. pertence, analisando a temática, a

perspec-tiva com que é abordada, sua organização estrutural e certos recursos expressivos em-pregados pelo autor.

Com esses elementos, o professor irá identi-ficar os conteúdos das diferentes áreas do co-nhecimento que poderão ser abordados, os temas que poderão ser discutidos e os recur-sos lingüísticos que poderão ser explorados para ampliar a competência leitora e escri-tora dos alunos.

QUADRO-SÍNTESE

O quadro-síntese permite uma visualização rápida de alguns dados a respeito da obra e de seu tratamento didático: a indicação do gênero, das palavras-chave, das áreas e te-mas transversais envolvidos nas atividades propostas; sugestão de leitor presumido para a obra em questão.

F nas tramas do texto

• Compreensão global do texto a partir de reprodução oral ou escrita do que foi lido ou de respostas a questões formuladas pelo pro-fessor em situação de leitura compartilhada. • Apreciação dos recursos expressivos empre-gados na obra.

• Identificação e avaliação dos pontos de vis-ta sustenvis-tados pelo autor.

• Discussão de diferentes pontos de vista e opiniões diante de questões polêmicas. • Produção de outros textos verbais ou ainda de trabalhos que contemplem as diferentes lin-guagens artísticas: teatro, música, artes plásti-cas, etc.

F nas telas do cinema

• Indicação de filmes, disponíveis em VHS ou DVD, que tenham alguma articulação com a obra analisada, tanto em relação à temática como à estrutura composicional.

F nas ondas do som

• Indicação de obras musicais que tenham alguma relação com a temática ou estrutura da obra analisada.

F nos enredos do real

• Ampliação do trabalho para a pesquisa de informações complementares numa dimen-são interdisciplinar.

DICAS DE LEITURA

Sugestões de outros livros relacionados de alguma maneira ao que está sendo lido, es-timulando o desejo de enredar-se nas vere-das literárias e ler mais:

w do mesmo autor;

w sobre o mesmo assunto e gênero; w leitura de desafio.

Indicação de título que se imagina além do grau de autonomia do leitor virtual da obra analisada, com a finalidade de ampliar o ho-rizonte de expectativas do aluno-leitor, en-caminhando-o para a literatura adulta. __________

1 In Meu livro de folclore, Ricardo Azevedo, Editora Ática.

2 A Bíblia de Jerusalém, Gênesis, capítulo 2, versículos 9 e 10, 16 e 17.

PROJETO DE LEITURA

Coordenação e elaboração: Maria José Nóbrega

Árvores e tempo de leitura

MARIA JOSÉ NÓBREGA

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Leitor crítico — Jovem Adulto

Leitor crítico — 7ª e 8ª séries

Leitor fluente — 5ª e 6ª séries

ULISSES TAVARES

Caindo na real

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DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA UM POUCO SOBRE O AUTOR

Procuramos contextualizar o autor e sua obra no panorama da literatura brasileira para jo-vens e adultos.

RESENHA

Apresentamos uma síntese da obra para que o professor, antecipando a temática, o en-redo e seu desenvolvimento, possa avaliar a pertinência da adoção, levando em conta as possibilidades e necessidades de seus alunos.

COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA

Apontamos alguns aspectos da obra, consi-derando as características do gênero a que O que é, o que é,

Uma árvore bem frondosa Doze galhos, simplesmente

Cada galho, trinta frutas Com vinte e quatro sementes?1

Alegórica árvore do tempo…

A adivinha que lemos, como todo e qual-quer texto, inscreve-se, necessariamente, em um gênero socialmente construído e tem, portanto, uma relação com a exterioridade que determina as leituras possíveis. O espa-ço da interpretação é regulado tanto pela organização do próprio texto quanto pela memória interdiscursiva, que é social, histó-rica e cultural. Em lugar de pensar que a cada texto corresponde uma única leitura, é preferível pensar que há tensão entre uma leitura unívoca e outra dialógica.

Um texto sempre se relaciona com outros produzidos antes ou depois dele: não há como ler fora de uma perspectiva interdiscursiva.

Retornemos à sombra da frondosa árvore — a árvore do tempo — e contemplemos ou-tras árvores:

Deus fez crescer do solo toda es-pécie de árvores formosas de ver e boas de comer, e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal. (…) E Deus deu ao homem este manda-mento: “Podes comer de todas as árvores do jardim. Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás, porque no dia em que dela comeres terás de morrer”.2

Ah, essas árvores e esses frutos, o de-sejo de conhecer, tão caro ao ser huma-no…

Há o tempo das escrituras e o tempo da memória, e a leitura está no meio, no inter-valo, no diálogo. Prática enraizada na expe-riência humana com a linguagem, a leitura é uma arte a ser compartilhada.

A compreensão de um texto resulta do res-gate de muitos outros discursos por meio da memória. É preciso que os acontecimentos ou os saberes saiam do limbo e interajam com as palavras. Mas a memória não funciona como o disco rígido de um computador em que se salvam arquivos; é um espaço move-diço, cheio de conflitos e deslocamentos.

Empregar estratégias de leitura e desco-brir quais são as mais adequadas para uma determinada situação constituem um proces-so que, inicialmente, se produz como ativi-dade externa. Depois, no plano das relações

interpessoais e, progressivamente, como re-sultado de uma série de experiências, se trans-forma em um processo interno.

Somente com uma rica convivência com ob-jetos culturais — em ações socioculturalmente determinadas e abertas à multiplicidade dos modos de ler, presentes nas diversas situações comunicativas — é que a leitura se converte em uma experiência significativa para os alu-nos. Porque ser leitor é inscrever-se em uma comunidade de leitores que discute os textos lidos, troca impressões e apresenta sugestões para novas leituras.

Trilhar novas veredas é o desafio; transfor-mar a escola numa comunidade de leitores é o horizonte que vislumbramos.

Depende de nós. Enigmas e adivinhas convidam à

decifra-ção: “trouxeste a chave?”.

Encaremos o desafio: trata-se de uma ár-vore bem frondosa, que tem doze galhos, que têm trinta frutas, que têm vinte e qua-tro sementes: cada verso inqua-troduz uma nova informação que se encaixa na anterior.

Quantos galhos tem a árvore frondosa? Quantas frutas tem cada galho? Quantas se-mentes tem cada fruta? A resposta a cada uma dessas questões não revela o enigma. Se for familiarizado com charadas, o leitor sabe que nem sempre uma árvore é uma árvore, um galho é um galho, uma fruta é uma fruta, uma semente é uma semente… Traiçoeira, a árvo-re frondosa agita seus galhos, entorpece-nos com o aroma das frutas, intriga-nos com as possibilidades ocultas nas sementes.

O que é, o que é?

Apegar-se apenas às palavras, às vezes, é deixar escapar o sentido que se insinua nas ramagens, mas que não está ali.

Que árvore é essa? Símbolo da vida, ao mesmo tempo que se alonga num percurso vertical rumo ao céu, mergulha suas raízes na terra. Cíclica, despe-se das folhas, abre-se em flores, que escondem frutos, que prote-gem sementes, que ocultam coisas futuras.

“Decifra-me ou te devoro.”

Qual a resposta? Vamos a ela: os anos, que se desdobram em meses, que se aceleram em dias, que escorrem em horas.

Gênero: Palavras-chave: Áreas envolvidas: Temas transversais: Público-alvo: PROPOSTAS DE ATIVIDADES a) antes da leitura

Os sentidos que atribuímos ao que se lê de-pendem, e muito, de nossas experiências an-teriores em relação à temática explorada pelo texto, bem como de nossa familiarida-de com a prática leitora. As atividafamiliarida-des sugeridas neste item favorecem a ativação dos conhecimentos prévios necessários à compreensão e interpretação do escrito. • Explicitação dos conhecimentos prévios necessários à compreensão do texto.

• Antecipação de conteúdos tratados no tex-to a partir da observação de indicadores como título da obra ou dos capítulos, capa, ilustra-ção, informações presentes na quarta capa, etc. • Explicitação dos conteúdos da obra a par-tir dos indicadores observados.

b) durante a leitura

São apresentados alguns objetivos orienta-dores para a leitura, focalizando aspectos que auxiliem a construção dos sentidos do texto pelo leitor.

• Leitura global do texto.

• Caracterização da estrutura do texto. • Identificação das articulações temporais e lógicas responsáveis pela coesão textual. • Apreciação de recursos expressivos empre-gados pelo autor.

c) depois da leitura

São propostas atividades para permitir melhor compreensão e interpretação da obra, indican-do, quando for o caso, a pesquisa de assuntos relacionados aos conteúdos das diversas áreas curriculares, bem como a reflexão a respeito de temas que permitam a inserção do aluno no debate de questões contemporâneas. pertence, analisando a temática, a

perspec-tiva com que é abordada, sua organização estrutural e certos recursos expressivos em-pregados pelo autor.

Com esses elementos, o professor irá identi-ficar os conteúdos das diferentes áreas do co-nhecimento que poderão ser abordados, os temas que poderão ser discutidos e os recur-sos lingüísticos que poderão ser explorados para ampliar a competência leitora e escri-tora dos alunos.

QUADRO-SÍNTESE

O quadro-síntese permite uma visualização rápida de alguns dados a respeito da obra e de seu tratamento didático: a indicação do gênero, das palavras-chave, das áreas e te-mas transversais envolvidos nas atividades propostas; sugestão de leitor presumido para a obra em questão.

F nas tramas do texto

• Compreensão global do texto a partir de reprodução oral ou escrita do que foi lido ou de respostas a questões formuladas pelo pro-fessor em situação de leitura compartilhada. • Apreciação dos recursos expressivos empre-gados na obra.

• Identificação e avaliação dos pontos de vis-ta sustenvis-tados pelo autor.

• Discussão de diferentes pontos de vista e opiniões diante de questões polêmicas. • Produção de outros textos verbais ou ainda de trabalhos que contemplem as diferentes lin-guagens artísticas: teatro, música, artes plásti-cas, etc.

F nas telas do cinema

• Indicação de filmes, disponíveis em VHS ou DVD, que tenham alguma articulação com a obra analisada, tanto em relação à temática como à estrutura composicional.

F nas ondas do som

• Indicação de obras musicais que tenham alguma relação com a temática ou estrutura da obra analisada.

F nos enredos do real

• Ampliação do trabalho para a pesquisa de informações complementares numa dimen-são interdisciplinar.

DICAS DE LEITURA

Sugestões de outros livros relacionados de alguma maneira ao que está sendo lido, es-timulando o desejo de enredar-se nas vere-das literárias e ler mais:

w do mesmo autor;

w sobre o mesmo assunto e gênero; w leitura de desafio.

Indicação de título que se imagina além do grau de autonomia do leitor virtual da obra analisada, com a finalidade de ampliar o ho-rizonte de expectativas do aluno-leitor, en-caminhando-o para a literatura adulta. __________

1 In Meu livro de folclore, Ricardo Azevedo, Editora Ática.

2 A Bíblia de Jerusalém, Gênesis, capítulo 2, versículos 9 e 10, 16 e 17.

PROJETO DE LEITURA

Coordenação e elaboração: Maria José Nóbrega

Árvores e tempo de leitura

MARIA JOSÉ NÓBREGA

Leitor crítico — Jovem Adulto

Leitor crítico — 7ª e 8ª séries

Leitor fluente — 5ª e 6ª séries

ULISSES TAVARES

Caindo na real

(5)

ULISSES TAVARES

Caindo na real

5 6 7

UM POUCO SOBRE O AUTOR

Ulisses Tavares nasceu em Sorocaba, SP, em 1950. Fez sua estréia literária em 1959, com a publicação de poemas em jornais de sua cidade. Em 1963, realizou exposições de poemas em varais em praças públicas de São Paulo. Em 1977, lançou o jornal/movi-mento Poesias populares: O jornal do poe-ta, que reuniu 350 poetas em todo o país. Publicou, em 1982, Pega gente, livro de poesia independente. Entre 1978 e 1999, junto com outros colaboradores, foi edi-tor do Núcleo Pindaíba: Edições e Deba-tes. No período de 1982 a 1989, publicou livros de ficção, como Garcia quer brincar, Dias azuis claros e escuros, ambos pela Editora Global, e Sete casos do detetive Xulé, pela Editora Saraiva. Sua obra poé-tica abrange os livros O eu entre nós (1981), Aos poucos fico louco (1987) e Pul-so (1995).

Além da literatura, Ulisses atua como pro-fessor de criatividade aplicada à redação, propaganda e marketing. É também com-positor, dramaturgo, roteirista de cinema e de televisão, especialista em marketing político e jornalismo digital.

RESENHA

Caindo na real reúne poemas de Ulisses Tavares articulados em dois eixos temáticos. Os poemas da primeira parte — “Pra dentro” –– desenvolvem temas mais subjetivos, explorando a função ex-pressiva da linguagem ao tratar do desen-volvimento das potencialidades amorosas e afetivas, muitas vezes bloqueadas pelo medo e pela insegurança.

Os poemas da segunda parte –– “Pra fora” –– referem-se a temas mais objetivos, as-sumindo um caráter engajado.

Jogando entre o emocional e o racional, os poemas tocam a sensibilidade pelas imagens que evocam: não há como ficar indiferente, afinal, nas palavras do próprio poeta, quem não gosta de poesia é uma boa rima pra gosta...

COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA

Com uma linguagem urbana, coloquial, os poemas de Ulisses Tavares provocam nas linhas e nas entrelinhas. Desenvolvendo uma poética de denúncia e crítica, como bom poeta marginal, vai à luta:

pendura-dos em varais ou publicapendura-dos em jornais al-ternativos, os poemas encontram seus lei-tores.

Em Caindo na real, Ulisses Tavares cultiva a síntese poética em poemas curtos e con-tundentes que, por meio de uma lingua-gem irônica e prosaica –– produto da inte-ligência crítica em que são abundantes fra-ses espirituosas, trocadilhos e jogos de pa-lavras ––, tendem para a denúncia.

QUADRO-SÍNTESE

Gênero: poema

Palavras-chave: denúncia,

desenvolvi-mento humano

Áreas envolvidas: Língua Portuguesa,

Educação Artística

Temas transversais: Ética

Público-alvo: alunos de 7a e 8a séries do

Ensino Fundamental

PROPOSTAS DE ATIVIDADES

Antes da leitura

1.Para que seus alunos conheçam um

pou-co mais sobre Ulisses Tavares, visite a pági-na do poeta no endereço:

www.ulissestavares.com.br/ e leia a entrevis-ta que ele concedeu a Luiz Alberto Macha-do, editor do Guia de Poesia na Internet, no site www.sobresites.com/poesia/tavares.htm.

2.Reserve um tempo para os alunos

apre-ciarem o sumário do livro e investigarem como a antologia está organizada. Qual o título de cada uma das partes? O que es-ses títulos sugerem? De que maneira as ilus-trações de Gilmar e Fernandes represen-tam os subtítulos “Pra dentro” e “Pra fora” que organizam a seleção de poemas? De que maneira o tom leve e bem-humorado das ilustrações cria expectativas a respeito dos poemas reunidos no livro? Concluído

o levantamento, sintetize as observações da turma.

3. Enfiar a cabeça na areia como avestruz

é uma expressão que se usa quando al-guém não quer encarar seus problemas. De que maneira a ilustração da capa cria-da por Gilmar e Fernandes dialoga com o título? E com as duas partes que organi-zam o livro?

4.Leia com os alunos o texto de

apresen-tação “O começo do século não é o fim da poesia”. Verifique se seus alunos percebem por que os ilustradores escolheram a figu-ra dos macaquinhos. Veja se reconhecem a paródia aos três macaquinhos que sim-bolizam a indiferença e a falta de compro-misso com os acontecimentos do mundo: o macaquinho com os olhos tapados não vê o que acontece; o macaquinho com os ouvidos tapados não ouve o que se diz; o macaquinho de boca tapada não se posiciona diante do que acontece. Os macaquinhos da ilustração sugerem com-portamentos contrários: apuram a visão, a escuta, e seus pronunciamentos são in-flamados.

Verifique se os alunos conseguem ajustar suas expectativas em relação à poesia de Ulisses Tavares: trata-se de uma arte engajada e combativa.

5.Peça que olhem a ilustração de

abertu-ra de cada uma das partes: a da primeiabertu-ra, na página 17, e a da segunda, na página 57. Qual outra maneira de representar vi-sualmente a idéia de “pra dentro” e “pra fora”?

Durante a leitura

1. Proponha ao grupo outra tarefa:

esco-lher dois dos poemas para ler em voz alta, sendo um de cada uma das partes. Como os versos são as unidades sonoras e

rítmi-cas do poema, a leitura em voz alta per-mite apreciar sua musicalidade de manei-ra privilegiada.

2. Aproveite os poemas lidos e comente

com a turma como Ulisses Tavares explo-rou o tema e, principalmente, quais recur-sos expressivos empregou ao selecionar e combinar as palavras.

3. Reserve uma parte de uma das aulas da

semana para a leitura dos poemas. A cada vez, um aluno diferente pode se encarregar de preparar a leitura de um poema de sua livre escolha. Se for recitado, vai ficar boni-to... Se tiver um fundo musical combinando com o poema, vai ficar mais bonito ainda...

4. Não deixe de comentar as divertidas

ilustrações do livro e o diálogo que esta-belecem com os poemas.

Depois da leitura

F nas tramas do texto

1. Depois de terem lido os poemas, você pode

ajudar seus alunos a identificar algumas ca-racterísticas do estilo poético do autor: sua preferência por poemas curtos, as rimas, a ironia, a linguagem coloquial, as repetições de palavras e de estruturas sintáticas etc.

2. Em alguns poemas, Ulisses Tavares

ex-plora a repetição de um verso que funcio-na como uma espécie de mote que reite-ra o tema, cria pareite-ralelismo sintático e as-segura o ritmo do poema, como em: • “Não tinha motivo”, p. 17;

• “Antes de anteontem, irmão”, p. 21; • “Quando eu vim”, p. 22.

Estimule seus alunos a criar poemas explo-rando os mesmos motes.

3. O haicai é um pequeno poema de

ori-gem japonesa composto de apenas três

versos: dois de cinco sílabas e um — o se-gundo –– de sete sílabas. Ulisses Tavares, assim como outros poetas brasileiros que se interessam pelo haicai, mantém apenas os três versos da forma original, não se preocupando em manter rigorosamente o número de sílabas.

• “Mágica”, p. 30; • “I love you”, p. 33;

• “Almoço de negócios”, p. 67; • “Fog paulista”, p. 68.

Estimule seus alunos a criar outros haicais.

4. Reúna os poemas em uma publicação e

organize um sarau poético para o lançamen-to. Lembre-se de convidar os familiares. F nas telas do cinema

O carteiro e o poeta, dirigido por Michael Radford e distribuído pela Abril.

Baseado num romance de Antonio Skármeta, o filme narra a história de um humilde carteiro, de uma remota ilha da Itália, que resolve buscar a ajuda do poeta chileno Pablo Neruda, então em seu perío-do de exílio político, para conquistar o grande amor de sua vida, a bela Beatrice Russo. É o início de uma grande amizade, que acabará por marcar para sempre a vida do carteiro.

F nas ondas do som

Muitos poetas da chamada geração margi-nal também foram letristas, como:

• Cacaso: Dentro de mim mora um anjo e Face a face (em parceria com Sueli Costa) e Lero, lero (em parceria com Edu Lobo); • Torquato Neto: Mamãe coragem (em parceria com Caetano Veloso), Pra dizer adeus (em parceria com Edu Lobo) e Let’s Play That (em parceria com Jards Macalé); • Wally Salomão: Vapor barato e Tumulto (em parceria com Jards Macalé) e

Mel (em parceria com Caetano Veloso).

F nos enredos do real

1. Os poemas que integram a segunda

par-te tocam em uma série de problemas rele-vantes para a sociedade contemporânea, tais como a guerra, o meio ambiente, a exclusão social, o consumo etc.

• Faça uma cópia do sumário da segunda parte do livro para que os alunos registrem ao lado de cada um dos títulos dos poe-mas o tema subjacente a cada um deles. • Depois, organize um mural com várias subdivisões de maneira a contemplar os di-ferentes temas explorados no livro. Peça aos alunos que afixem notícias referentes a tais assuntos retiradas de jornais e revistas. • Estimule-os a expressar suas reflexões, in-dignações e raivas, na forma de poemas.

DICAS DE LEITURA w do mesmo autor

Viva a poesia –– São Paulo, Saraiva

Aos poucos fico louco –– São Paulo, Saraiva Diário de uma paixão –– São Paulo, Gera-ção Editorial

w sobre o mesmo gênero

Desorientais — Alice Ruiz, São Paulo, Iluminuras

As coisas –– Arnaldo Antunes, São Paulo, Iluminuras

Melhores poemas de José Paulo Paes –– org. Davi Arrigucci Jr., São Paulo, Global

Melhores poemas de Ferreira Gullar –– org. Alfredo Bosi, São Paulo, Global

w leitura de desafio

La vie en close –– Paulo Leminski, São Pau-lo, Brasiliense.

Leminski fez parte da geração de “poetas marginais” que, nos anos de 1970, publica-va em revistas alternatipublica-vas. A partir dos anos 1980, no entanto, tornou-se um dos nomes mais populares da poesia contemporânea brasileira. Sua obra assimilou elementos da primeira fase do modernismo –– como o coloquialismo e o bom humor —, do concretismo e também da poesia oriental, que inspirou a criação de seus famosos haicais.

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ULISSES TAVARES

Caindo na real

UM POUCO SOBRE O AUTOR

Ulisses Tavares nasceu em Sorocaba, SP, em 1950. Fez sua estréia literária em 1959, com a publicação de poemas em jornais de sua cidade. Em 1963, realizou exposições de poemas em varais em praças públicas de São Paulo. Em 1977, lançou o jornal/movi-mento Poesias populares: O jornal do poe-ta, que reuniu 350 poetas em todo o país. Publicou, em 1982, Pega gente, livro de poesia independente. Entre 1978 e 1999, junto com outros colaboradores, foi edi-tor do Núcleo Pindaíba: Edições e Deba-tes. No período de 1982 a 1989, publicou livros de ficção, como Garcia quer brincar, Dias azuis claros e escuros, ambos pela Editora Global, e Sete casos do detetive Xulé, pela Editora Saraiva. Sua obra poé-tica abrange os livros O eu entre nós (1981), Aos poucos fico louco (1987) e Pul-so (1995).

Além da literatura, Ulisses atua como pro-fessor de criatividade aplicada à redação, propaganda e marketing. É também com-positor, dramaturgo, roteirista de cinema e de televisão, especialista em marketing político e jornalismo digital.

RESENHA

Caindo na real reúne poemas de Ulisses Tavares articulados em dois eixos temáticos. Os poemas da primeira parte — “Pra dentro” –– desenvolvem temas mais subjetivos, explorando a função ex-pressiva da linguagem ao tratar do desen-volvimento das potencialidades amorosas e afetivas, muitas vezes bloqueadas pelo medo e pela insegurança.

Os poemas da segunda parte –– “Pra fora” –– referem-se a temas mais objetivos, as-sumindo um caráter engajado.

Jogando entre o emocional e o racional, os poemas tocam a sensibilidade pelas imagens que evocam: não há como ficar indiferente, afinal, nas palavras do próprio poeta, quem não gosta de poesia é uma boa rima pra gosta...

COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA

Com uma linguagem urbana, coloquial, os poemas de Ulisses Tavares provocam nas linhas e nas entrelinhas. Desenvolvendo uma poética de denúncia e crítica, como bom poeta marginal, vai à luta:

pendura-dos em varais ou publicapendura-dos em jornais al-ternativos, os poemas encontram seus lei-tores.

Em Caindo na real, Ulisses Tavares cultiva a síntese poética em poemas curtos e con-tundentes que, por meio de uma lingua-gem irônica e prosaica –– produto da inte-ligência crítica em que são abundantes fra-ses espirituosas, trocadilhos e jogos de pa-lavras ––, tendem para a denúncia.

QUADRO-SÍNTESE

Gênero: poema

Palavras-chave: denúncia,

desenvolvi-mento humano

Áreas envolvidas: Língua Portuguesa,

Educação Artística

Temas transversais: Ética

Público-alvo: alunos de 7a e 8a séries do

Ensino Fundamental

PROPOSTAS DE ATIVIDADES

Antes da leitura

1.Para que seus alunos conheçam um

pou-co mais sobre Ulisses Tavares, visite a pági-na do poeta no endereço:

www.ulissestavares.com.br/ e leia a entrevis-ta que ele concedeu a Luiz Alberto Macha-do, editor do Guia de Poesia na Internet, no site www.sobresites.com/poesia/tavares.htm.

2.Reserve um tempo para os alunos

apre-ciarem o sumário do livro e investigarem como a antologia está organizada. Qual o título de cada uma das partes? O que es-ses títulos sugerem? De que maneira as ilus-trações de Gilmar e Fernandes represen-tam os subtítulos “Pra dentro” e “Pra fora” que organizam a seleção de poemas? De que maneira o tom leve e bem-humorado das ilustrações cria expectativas a respeito dos poemas reunidos no livro? Concluído

o levantamento, sintetize as observações da turma.

3. Enfiar a cabeça na areia como avestruz

é uma expressão que se usa quando al-guém não quer encarar seus problemas. De que maneira a ilustração da capa cria-da por Gilmar e Fernandes dialoga com o título? E com as duas partes que organi-zam o livro?

4.Leia com os alunos o texto de

apresen-tação “O começo do século não é o fim da poesia”. Verifique se seus alunos percebem por que os ilustradores escolheram a figu-ra dos macaquinhos. Veja se reconhecem a paródia aos três macaquinhos que sim-bolizam a indiferença e a falta de compro-misso com os acontecimentos do mundo: o macaquinho com os olhos tapados não vê o que acontece; o macaquinho com os ouvidos tapados não ouve o que se diz; o macaquinho de boca tapada não se posiciona diante do que acontece. Os macaquinhos da ilustração sugerem com-portamentos contrários: apuram a visão, a escuta, e seus pronunciamentos são in-flamados.

Verifique se os alunos conseguem ajustar suas expectativas em relação à poesia de Ulisses Tavares: trata-se de uma arte engajada e combativa.

5.Peça que olhem a ilustração de

abertu-ra de cada uma das partes: a da primeiabertu-ra, na página 17, e a da segunda, na página 57. Qual outra maneira de representar vi-sualmente a idéia de “pra dentro” e “pra fora”?

Durante a leitura

1. Proponha ao grupo outra tarefa:

esco-lher dois dos poemas para ler em voz alta, sendo um de cada uma das partes. Como os versos são as unidades sonoras e

rítmi-cas do poema, a leitura em voz alta per-mite apreciar sua musicalidade de manei-ra privilegiada.

2. Aproveite os poemas lidos e comente

com a turma como Ulisses Tavares explo-rou o tema e, principalmente, quais recur-sos expressivos empregou ao selecionar e combinar as palavras.

3. Reserve uma parte de uma das aulas da

semana para a leitura dos poemas. A cada vez, um aluno diferente pode se encarregar de preparar a leitura de um poema de sua livre escolha. Se for recitado, vai ficar boni-to... Se tiver um fundo musical combinando com o poema, vai ficar mais bonito ainda...

4. Não deixe de comentar as divertidas

ilustrações do livro e o diálogo que esta-belecem com os poemas.

Depois da leitura

F nas tramas do texto

1. Depois de terem lido os poemas, você pode

ajudar seus alunos a identificar algumas ca-racterísticas do estilo poético do autor: sua preferência por poemas curtos, as rimas, a ironia, a linguagem coloquial, as repetições de palavras e de estruturas sintáticas etc.

2. Em alguns poemas, Ulisses Tavares

ex-plora a repetição de um verso que funcio-na como uma espécie de mote que reite-ra o tema, cria pareite-ralelismo sintático e as-segura o ritmo do poema, como em: • “Não tinha motivo”, p. 17;

• “Antes de anteontem, irmão”, p. 21; • “Quando eu vim”, p. 22.

Estimule seus alunos a criar poemas explo-rando os mesmos motes.

3. O haicai é um pequeno poema de

ori-gem japonesa composto de apenas três

versos: dois de cinco sílabas e um — o se-gundo –– de sete sílabas. Ulisses Tavares, assim como outros poetas brasileiros que se interessam pelo haicai, mantém apenas os três versos da forma original, não se preocupando em manter rigorosamente o número de sílabas.

• “Mágica”, p. 30; • “I love you”, p. 33;

• “Almoço de negócios”, p. 67; • “Fog paulista”, p. 68.

Estimule seus alunos a criar outros haicais.

4. Reúna os poemas em uma publicação e

organize um sarau poético para o lançamen-to. Lembre-se de convidar os familiares. F nas telas do cinema

O carteiro e o poeta, dirigido por Michael Radford e distribuído pela Abril.

Baseado num romance de Antonio Skármeta, o filme narra a história de um humilde carteiro, de uma remota ilha da Itália, que resolve buscar a ajuda do poeta chileno Pablo Neruda, então em seu perío-do de exílio político, para conquistar o grande amor de sua vida, a bela Beatrice Russo. É o início de uma grande amizade, que acabará por marcar para sempre a vida do carteiro.

F nas ondas do som

Muitos poetas da chamada geração margi-nal também foram letristas, como:

• Cacaso: Dentro de mim mora um anjo e Face a face (em parceria com Sueli Costa) e Lero, lero (em parceria com Edu Lobo); • Torquato Neto: Mamãe coragem (em parceria com Caetano Veloso), Pra dizer adeus (em parceria com Edu Lobo) e Let’s Play That (em parceria com Jards Macalé); • Wally Salomão: Vapor barato e Tumulto (em parceria com Jards Macalé) e

Mel (em parceria com Caetano Veloso).

F nos enredos do real

1. Os poemas que integram a segunda

par-te tocam em uma série de problemas rele-vantes para a sociedade contemporânea, tais como a guerra, o meio ambiente, a exclusão social, o consumo etc.

• Faça uma cópia do sumário da segunda parte do livro para que os alunos registrem ao lado de cada um dos títulos dos poe-mas o tema subjacente a cada um deles. • Depois, organize um mural com várias subdivisões de maneira a contemplar os di-ferentes temas explorados no livro. Peça aos alunos que afixem notícias referentes a tais assuntos retiradas de jornais e revistas. • Estimule-os a expressar suas reflexões, in-dignações e raivas, na forma de poemas.

DICAS DE LEITURA w do mesmo autor

Viva a poesia –– São Paulo, Saraiva

Aos poucos fico louco –– São Paulo, Saraiva Diário de uma paixão –– São Paulo, Gera-ção Editorial

w sobre o mesmo gênero

Desorientais — Alice Ruiz, São Paulo, Iluminuras

As coisas –– Arnaldo Antunes, São Paulo, Iluminuras

Melhores poemas de José Paulo Paes –– org. Davi Arrigucci Jr., São Paulo, Global

Melhores poemas de Ferreira Gullar –– org. Alfredo Bosi, São Paulo, Global

w leitura de desafio

La vie en close –– Paulo Leminski, São Pau-lo, Brasiliense.

Leminski fez parte da geração de “poetas marginais” que, nos anos de 1970, publica-va em revistas alternatipublica-vas. A partir dos anos 1980, no entanto, tornou-se um dos nomes mais populares da poesia contemporânea brasileira. Sua obra assimilou elementos da primeira fase do modernismo –– como o coloquialismo e o bom humor —, do concretismo e também da poesia oriental, que inspirou a criação de seus famosos haicais.

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ULISSES TAVARES

Caindo na real

5 6 7

UM POUCO SOBRE O AUTOR

Ulisses Tavares nasceu em Sorocaba, SP, em 1950. Fez sua estréia literária em 1959, com a publicação de poemas em jornais de sua cidade. Em 1963, realizou exposições de poemas em varais em praças públicas de São Paulo. Em 1977, lançou o jornal/movi-mento Poesias populares: O jornal do poe-ta, que reuniu 350 poetas em todo o país. Publicou, em 1982, Pega gente, livro de poesia independente. Entre 1978 e 1999, junto com outros colaboradores, foi edi-tor do Núcleo Pindaíba: Edições e Deba-tes. No período de 1982 a 1989, publicou livros de ficção, como Garcia quer brincar, Dias azuis claros e escuros, ambos pela Editora Global, e Sete casos do detetive Xulé, pela Editora Saraiva. Sua obra poé-tica abrange os livros O eu entre nós (1981), Aos poucos fico louco (1987) e Pul-so (1995).

Além da literatura, Ulisses atua como pro-fessor de criatividade aplicada à redação, propaganda e marketing. É também com-positor, dramaturgo, roteirista de cinema e de televisão, especialista em marketing político e jornalismo digital.

RESENHA

Caindo na real reúne poemas de Ulisses Tavares articulados em dois eixos temáticos. Os poemas da primeira parte — “Pra dentro” –– desenvolvem temas mais subjetivos, explorando a função ex-pressiva da linguagem ao tratar do desen-volvimento das potencialidades amorosas e afetivas, muitas vezes bloqueadas pelo medo e pela insegurança.

Os poemas da segunda parte –– “Pra fora” –– referem-se a temas mais objetivos, as-sumindo um caráter engajado.

Jogando entre o emocional e o racional, os poemas tocam a sensibilidade pelas imagens que evocam: não há como ficar indiferente, afinal, nas palavras do próprio poeta, quem não gosta de poesia é uma boa rima pra gosta...

COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA

Com uma linguagem urbana, coloquial, os poemas de Ulisses Tavares provocam nas linhas e nas entrelinhas. Desenvolvendo uma poética de denúncia e crítica, como bom poeta marginal, vai à luta:

pendura-dos em varais ou publicapendura-dos em jornais al-ternativos, os poemas encontram seus lei-tores.

Em Caindo na real, Ulisses Tavares cultiva a síntese poética em poemas curtos e con-tundentes que, por meio de uma lingua-gem irônica e prosaica –– produto da inte-ligência crítica em que são abundantes fra-ses espirituosas, trocadilhos e jogos de pa-lavras ––, tendem para a denúncia.

QUADRO-SÍNTESE

Gênero: poema

Palavras-chave: denúncia,

desenvolvi-mento humano

Áreas envolvidas: Língua Portuguesa,

Educação Artística

Temas transversais: Ética

Público-alvo: alunos de 7a e 8a séries do

Ensino Fundamental

PROPOSTAS DE ATIVIDADES

Antes da leitura

1.Para que seus alunos conheçam um

pou-co mais sobre Ulisses Tavares, visite a pági-na do poeta no endereço:

www.ulissestavares.com.br/ e leia a entrevis-ta que ele concedeu a Luiz Alberto Macha-do, editor do Guia de Poesia na Internet, no site www.sobresites.com/poesia/tavares.htm.

2.Reserve um tempo para os alunos

apre-ciarem o sumário do livro e investigarem como a antologia está organizada. Qual o título de cada uma das partes? O que es-ses títulos sugerem? De que maneira as ilus-trações de Gilmar e Fernandes represen-tam os subtítulos “Pra dentro” e “Pra fora” que organizam a seleção de poemas? De que maneira o tom leve e bem-humorado das ilustrações cria expectativas a respeito dos poemas reunidos no livro? Concluído

o levantamento, sintetize as observações da turma.

3. Enfiar a cabeça na areia como avestruz

é uma expressão que se usa quando al-guém não quer encarar seus problemas. De que maneira a ilustração da capa cria-da por Gilmar e Fernandes dialoga com o título? E com as duas partes que organi-zam o livro?

4.Leia com os alunos o texto de

apresen-tação “O começo do século não é o fim da poesia”. Verifique se seus alunos percebem por que os ilustradores escolheram a figu-ra dos macaquinhos. Veja se reconhecem a paródia aos três macaquinhos que sim-bolizam a indiferença e a falta de compro-misso com os acontecimentos do mundo: o macaquinho com os olhos tapados não vê o que acontece; o macaquinho com os ouvidos tapados não ouve o que se diz; o macaquinho de boca tapada não se posiciona diante do que acontece. Os macaquinhos da ilustração sugerem com-portamentos contrários: apuram a visão, a escuta, e seus pronunciamentos são in-flamados.

Verifique se os alunos conseguem ajustar suas expectativas em relação à poesia de Ulisses Tavares: trata-se de uma arte engajada e combativa.

5.Peça que olhem a ilustração de

abertu-ra de cada uma das partes: a da primeiabertu-ra, na página 17, e a da segunda, na página 57. Qual outra maneira de representar vi-sualmente a idéia de “pra dentro” e “pra fora”?

Durante a leitura

1. Proponha ao grupo outra tarefa:

esco-lher dois dos poemas para ler em voz alta, sendo um de cada uma das partes. Como os versos são as unidades sonoras e

rítmi-cas do poema, a leitura em voz alta per-mite apreciar sua musicalidade de manei-ra privilegiada.

2. Aproveite os poemas lidos e comente

com a turma como Ulisses Tavares explo-rou o tema e, principalmente, quais recur-sos expressivos empregou ao selecionar e combinar as palavras.

3. Reserve uma parte de uma das aulas da

semana para a leitura dos poemas. A cada vez, um aluno diferente pode se encarregar de preparar a leitura de um poema de sua livre escolha. Se for recitado, vai ficar boni-to... Se tiver um fundo musical combinando com o poema, vai ficar mais bonito ainda...

4. Não deixe de comentar as divertidas

ilustrações do livro e o diálogo que esta-belecem com os poemas.

Depois da leitura

F nas tramas do texto

1. Depois de terem lido os poemas, você pode

ajudar seus alunos a identificar algumas ca-racterísticas do estilo poético do autor: sua preferência por poemas curtos, as rimas, a ironia, a linguagem coloquial, as repetições de palavras e de estruturas sintáticas etc.

2. Em alguns poemas, Ulisses Tavares

ex-plora a repetição de um verso que funcio-na como uma espécie de mote que reite-ra o tema, cria pareite-ralelismo sintático e as-segura o ritmo do poema, como em: • “Não tinha motivo”, p. 17;

• “Antes de anteontem, irmão”, p. 21; • “Quando eu vim”, p. 22.

Estimule seus alunos a criar poemas explo-rando os mesmos motes.

3. O haicai é um pequeno poema de

ori-gem japonesa composto de apenas três

versos: dois de cinco sílabas e um — o se-gundo –– de sete sílabas. Ulisses Tavares, assim como outros poetas brasileiros que se interessam pelo haicai, mantém apenas os três versos da forma original, não se preocupando em manter rigorosamente o número de sílabas.

• “Mágica”, p. 30; • “I love you”, p. 33;

• “Almoço de negócios”, p. 67; • “Fog paulista”, p. 68.

Estimule seus alunos a criar outros haicais.

4. Reúna os poemas em uma publicação e

organize um sarau poético para o lançamen-to. Lembre-se de convidar os familiares. F nas telas do cinema

O carteiro e o poeta, dirigido por Michael Radford e distribuído pela Abril.

Baseado num romance de Antonio Skármeta, o filme narra a história de um humilde carteiro, de uma remota ilha da Itália, que resolve buscar a ajuda do poeta chileno Pablo Neruda, então em seu perío-do de exílio político, para conquistar o grande amor de sua vida, a bela Beatrice Russo. É o início de uma grande amizade, que acabará por marcar para sempre a vida do carteiro.

F nas ondas do som

Muitos poetas da chamada geração margi-nal também foram letristas, como:

• Cacaso: Dentro de mim mora um anjo e Face a face (em parceria com Sueli Costa) e Lero, lero (em parceria com Edu Lobo); • Torquato Neto: Mamãe coragem (em parceria com Caetano Veloso), Pra dizer adeus (em parceria com Edu Lobo) e Let’s Play That (em parceria com Jards Macalé); • Wally Salomão: Vapor barato e Tumulto (em parceria com Jards Macalé) e

Mel (em parceria com Caetano Veloso).

F nos enredos do real

1. Os poemas que integram a segunda

par-te tocam em uma série de problemas rele-vantes para a sociedade contemporânea, tais como a guerra, o meio ambiente, a exclusão social, o consumo etc.

• Faça uma cópia do sumário da segunda parte do livro para que os alunos registrem ao lado de cada um dos títulos dos poe-mas o tema subjacente a cada um deles. • Depois, organize um mural com várias subdivisões de maneira a contemplar os di-ferentes temas explorados no livro. Peça aos alunos que afixem notícias referentes a tais assuntos retiradas de jornais e revistas. • Estimule-os a expressar suas reflexões, in-dignações e raivas, na forma de poemas.

DICAS DE LEITURA w do mesmo autor

Viva a poesia –– São Paulo, Saraiva

Aos poucos fico louco –– São Paulo, Saraiva Diário de uma paixão –– São Paulo, Gera-ção Editorial

w sobre o mesmo gênero

Desorientais — Alice Ruiz, São Paulo, Iluminuras

As coisas –– Arnaldo Antunes, São Paulo, Iluminuras

Melhores poemas de José Paulo Paes –– org. Davi Arrigucci Jr., São Paulo, Global

Melhores poemas de Ferreira Gullar –– org. Alfredo Bosi, São Paulo, Global

w leitura de desafio

La vie en close –– Paulo Leminski, São Pau-lo, Brasiliense.

Leminski fez parte da geração de “poetas marginais” que, nos anos de 1970, publica-va em revistas alternatipublica-vas. A partir dos anos 1980, no entanto, tornou-se um dos nomes mais populares da poesia contemporânea brasileira. Sua obra assimilou elementos da primeira fase do modernismo –– como o coloquialismo e o bom humor —, do concretismo e também da poesia oriental, que inspirou a criação de seus famosos haicais.

Referências

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