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TRANSFORMAÇÕES URBANAS EM PENEDO, RJ: DE COLÔNIA UTÓPICA A CIDADE TURÍSTICA

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Academic year: 2021

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XV SEMINÁRIO DE HISTÓRIA DA CIDADE E DO URBANISMO

A Cidade, o Urbano, o Humano

Rio de Janeiro, 18 a 21 de setembro de 2018

TRANSFORMAÇÕES URBANAS EM PENEDO, RJ: DE

COLÔNIA UTÓPICA A CIDADE TURÍSTICA

VILAS E CIDADES, URBANIZAÇÃO E REGIONALIZAÇÃO

SERGIO MORAES REGO FAGERLANDE, FAU UFRJ.

RESUMO

O artigo apresenta estudo sobre o desenvolvimento urbano de uma pequena aglomeração do interior do estado do Rio de Janeiro, Penedo, fundada em 1929 como uma colônia utópica por um grupo de finlandeses e que se tornou uma cidade turística, como polo regional de lazer e turismo. A partir do estudo de sua formação, o estudo mostra as relações entre os usos e as transformações sofridas pelo lugar, em que três períodos históricos podem explicar as mudanças ocorridas. Inicialmente o período de existência da colônia vegetariana e igualitária, entre 1929 e 1942; o segundo com a compra da Fazenda pela empresa Plamed em 1942 e posterior criação do loteamento Cidade de Férias Itatiaia, com sua transformação em área urbana com lotes e ruas definidas e o desenvolvimento do turismo de hospedagem; e o terceiro com o estabelecimento em 1998 da Casa de Papai Noel de Penedo/Pequena Finlândia, centro comercial tematizado relacionado à cultura finlandesa, que promoveu uma grande mudança no turismo local e a criação de uma nova centralidade urbana. Dessa maneira o estudo relaciona as mudanças urbanas ao desenvolvimento de atividades turísticas e de lazer, mostrando como essa área urbana vem sendo objeto de transformações pelas mudanças que essas atividades vêm provocando no decorrer do tempo.

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URBAN CHANGES TOPENEDO,RJ: FROM UTOPIAN

COLONY TO TOURIST CITY

ABSTRACT

The article presents a study on the urban development of a small settlement in the countryside of the state of Rio de Janeiro, founded in 1929 as an utopian colony by a group of Finnish immigrants that became a tourist city and a regional centre for leisure and tourism. Based on a study of its foundation, the study shows the relations between the uses and the transformations experienced by the place, where three periods of its history can account for the changes that took place there. The first moment in the history of the vegetarian and egalitarian colony goes from 1929 to 1942; the second stage start with the acquisition of the Farm by company Plamed in 1942, which led to the division of the land into plots in the allotment named Cidade de Férias Itatiaia, with its change into an urban area with defined plots and streets, along with the rise of hotel tourism, albeit in a dispersed way; the third stage starts in 1998 with the opening of the Santa Claus House in Penedo/ Little Finland, a theme-related commercial centre linked to the Finnish culture that triggered a significant change in tourism in the place, along with the creation of a new notion of urban centrality. This way, the study relates the urban changes to the development of tourism and leisure activities, showing how this urban area has been changing into the focal point of the transformations through the changes that such activities have been producing through time.

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TRANSFORMACIONES URBANAS EN PENEDO, RJ: DE

UNA COLONIA UTOPICA A CIUDAD TURÍSTICA

RESUMEN

El artículo presenta un estudio sobre el desarrollo de un pequeño poblado en el interior del Estado de Rio de Janeiro, Penedo, fundado en 1929 como una colonia utópica por un grupo de finlandeses y que se tornó una ciudad turística, como polo regional de ocio y turismo. A partir del estudio de su formación, se hace una tentativa para entender su formación, sus relaciones entre los usos y transformaciones habidas en el sitio en que tres períodos históricos pueden explicar las mudanzas ocurridas. Inicialmente el período de la colonia vegetariana y igualitaria, entre 1929 y 1942; el segundo con la adquisición de la Hacienda por la compañía Plamed en 1942 y posterior creación del parcelamiento llamado “Ciudad de Vacaciones Itatiaia”, con su transformación en una área urbana con parcelas de tierra y calles definidas y el desarrollo del turismo de acomodación, aunque de maneras dispersas; y lo tercero, con el establecimiento en 1998 de la Casa de Papá Noel de Penedo/Pequeña Finlandia, centro comercial tematizado, relacionado con la cultura de Finlandia, que promovió un grande cambio en el turismo local , con la creación de una nueva centralidad urbana. De esta manera, el estudio relaciona os cambios urbanos con el desarrollo de las actividades turísticas y de ocio, y muestra como esta área urbana ha pasado por las transformaciones que estas actividades han causado con el paso del tiempo.

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1 - Introdução

As atividades turísticas tem tido grande ligação com questões urbanas, sendo responsáveis pela formação e por transformações em muitas cidade em todo o mundo. Muitas aglomerações urbanas se desenvolveram a partir de relações que foram sendo estabelecidas com as atividades de visitação, lazer e hospedagem. Esse foi o caso de Penedo, no interior do estado do Rio de Janeiro, atualmente parte do município de Itatiaia1. Inicialmente fundada como uma colônia vegetariana e igualitária por

um grupo de finlandeses em 1929, a partir de um projeto utópico baseado na distribuição igualitária de lotes, divisão do trabalho entre todos e também tendo o movimento vegetariano como suporte para a vida diária, essa colônia agrícola logo passou a depender tanto da agricultura como de atividades de hospedagem, que hoje poderíamos considerar como turísticas (Peltoniemi, 1986; Melkas, 1999). Nesse período inicial, ainda nos anos 1930, os pioneiros passaram a receber hóspedes em suas casas, e também no Casarão, também chamado de Casa Grande, antiga sede da fazenda, construído ainda no século XIX, na época da antiga fazenda de café que ali existia (Fagerlande, 2013).

A implantação da colônia, fundada por Toivo Uuskallio, se baseou em um projeto não desenhado, mas escrito e bem definido por seu criador, e que previa como seriam os lotes, vias e áreas de floresta a serem preservadas, assim como as atividades a serem permitidas, com fortes cores ecológicas, mesmo que naquele momento ainda não se falasse nessa questões no Brasil. Dessa maneira a forma de implantação das vias e das primeiras casas seguiu esse projeto, que teria seu fim em 1942, quando a Fazenda Penedo teve grande parte de suas terras vendidas a uma empresa suiça, a Plamed, que iria ali desenvolver um projeto de plantio de plantas medicinais. Nesse período os finlandeses conseguiram recursos e passaram a aumentar suas pequenas pousadas, chamadas de pensões, consolidando Penedo como um lugar turístico, tanto pela presença da colônia finlandesa como pela natureza ali preservada, valorizada pela proximidade do primeiro parque nacional a ser criado em 1937 em áreas vizinhas, o Parque Nacional de Itatiaia (Fagerlande, 2015a).

O insucesso das atividades de plantio levaram a empresa a desenvolver um projeto imobiliário, com a criação do loteamento Cidade de Férias Itatiaia em 1950, com a construção de estradas e ruas, configurando-se então grande parte da estrutura urbana existente de Penedo. A questão dos acessos à Penedo é fundamental para entender cada um desses momentos, pois desde os primeiros anos da colônia se chegava ali por trem, e a inauguração da Via Dutra em 1951 facilitou o desenvolvimento do turismo rodoviário (França, 2001), e a possibilidade de se construirem casas de veraneio, uma importante mudança para as questões envolvendo turismo e cidades. A urbanização turistica, fenômeno global que Mullins (1999, 2004) apresenta sobre a formação de áreas urbanas com base em atividades turísticas, vai se juntar em Penedo ao surgimento de grande número de pousadas, pequenos hotéis, bares, restaurantes e lojas de artesanatos, que especialmente após os anos 1970

1 Em 1929 a Fazenda Penedo estava localizada no município de Resende, que em 1988 foi

desmembrado, e Penedo se tornou bairro de Itatiaia, mantendo, no entanto, características urbanas autônomas, depois de ter sido distrito por muitos anos.

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passam a movimentar a antiga colônia, em mudanças relacionadas às tradições locais, mas em número cada vez maior (Fagerlande, 2015a).

Um novo momento de mudanças relativas ao turismo que trouxeram impacto sobre a forma urbana de Penedo foi a criação da Casa de Papai Noel de Penedo / Pequena Finlândia, em 1998. Esse conjunto comercial, com uma arquitetura relacionada a cidades tradicionais da Finlândia, deu lugar à criação de uma nova atração local, a Casa do Papai Noel, figura mítica relacionada ao país nórdico. Esse conjunto turistico-comercial ocasionou a criação de uma nova centralidade para o lugar, que até então tinha suas lojas de artesanato e restaurantes distribuidos pela cidade, e a partir desse novo projeto passou a se concentrar em seu entorno, com pequenos shoppings, alguns seguindo a tematização e cenarização propostas pelo empreendimento, que buscava uma nova imagem para penedo, baseada em suas tradições finlandeses (Fagerlande, 2015a, 2015b).

O artigo propõe estudar como cada um desses três períodos apresentados, o inicial da formação entre 1929 e o fim da colônia utópica em 1942, o segundo entre a compra da Fazenda pela Plamed e seu loteamento e o terceiro se iniciando com a inauguração da Casa de Papaio Noel de Penedo / Pequena Finlândia trazem forte relação entre as atividades turísticas e a urbanização de Penedo, tanto pela formação de suas vias como pela localização e usos que cada áreas da cidade vem tendo, em especial aquelas mais voltadas ao turismo.

O estudo da história da colônia finlandesa inicial e sua utopia, além do desenvolvimento das atividades locais vem sendo feita através de pesquisadores como Melkas (1999), Peltoniemi (1986) e Fagerlande (2015a, 2015b, 2013, 2010a, 2010b, 2009a, 2009b, 2009c), além de relatos de pioneiros, como Uuskallio (1929), Pennanen (1929) e Hildén (1989) que trazem um retrato consistente do período inicial, estudado através dos relatos, de documentos originais, mapas e fotografias.

A partir do estudo do projeto habitacional inicial, das fotografias das residências e de pesquisa em campo, pode ser traçado um perfil inicial da ocupação local, e de como as vias se relacionavam com os ideais dos pioneiros (Fagerlande, 2013). Ao se ler Reps (1980) e como se deu a formação de colônias utópicas americanas, percebem-se sinais da influência de principios norteadores, que influenciaram as vias de Penedo, no pensamento de Uuskallio (Fagerlande, 2015a, 2015b). Kostoff (1991) e Lamas (2007) ajudam a explicar questões da morfologia local, e de como foi feita uma adaptação à topografia, com a parte plana do terreno com a implantaçlão relacionada à lógica de grid, e parte acompanhando a topografia dos vales, como ocorre no loteamento da Cidade de Fériias Itatiaia. Assim o estudo utiliza mapas dos diversos períodos estudados, mostrando usos e sua relação com a morfologia da cidade. Mascarenhas (2004; 2005) apresenta estudos sobre a urbanização turística em pequenas cidades fluminenses que incluem Penedo, mostrando que se trata de um processo global com reflexos no Brasil.

O estudo das relações entre turismo e cidades é trazido pela leitura de Shaw e Williams (2004) que trata das questões espaciais do turismo, e Urry (1990), Shields (1992), Rojek (Rojek e Urry, 1997) e Sılva (2004) que falam da construção da imagem dos lugares, em Penedo relacionado com a imagem finlandesa, que Fagerlande (2015a, 2015b) apresenta ao falar de autores como MacCannel (1999) e Hobsbawn (1997), que tem forte impacto nas mudanças referente à construção da Casa de Papai

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Noel de Penedo / Pequena Finlândia, em um momento em que o turismo passa a buscar novas atrações, e que em Penedo passou a ser a imagem finlandesa, como mostra Hottola (2006).

2 – A formação inicial de Penedo: o projeto utópico e o início do turismo

A colônia finlandesa de Penedo foi criada a partir do sonho de um técnico agricola finlandês, Toivo Uuskallio, que participava de grupos vegetarianos em seu país, em que se discutiam métodos de tratamentos naturais para a saúde. Uuskallio juntou a isso suas ideias religiosas, inspiradas em uma corrente da Igreja Luterana, chamada Vaapa Kirkko, ou Igreja Livre, que pregava a liberdade, a vida saudável e ao ar livre, a alimentação vegetariana e que Deus estava na natureza, em um retorno ao paraíso (Melkas, 1999; Fagerlande, 2013). Ao ter um sonho em que Deus lhe indicava que deveria ir para os trópicos criar essa comunidade ideal, Uuskallio se juntou a sua esposa, Liisa Uuskallio, a três amigos, entre eles Frans Fagerlund, e rumou para o Brasil em 1927 (Uuuskallio, 1929). A escolha do Brasil se deu por ser um grande país nos trópicos, com muitas terras, mesmo que Uuskallio quase nada conhecesse sobre o país (Melkas, 1999; Fagerlande, 2013).

Figura 1: Casarão da Fazenda Penedo, 1929 Fonte: Coleção do autor

No Brasil o contato com religiosos alemães do Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro, donos das terras da Fazenda Penedo, junto às montanhas de Itaiaia (Fagerlande, 2013), fez com que Uuskallio comprasse as terras da fazenda de café arruinada, naquele momento funcionando como fazenda de gado bastante precária. A sede, depois chamada de Casa Grande ou Casarão, abrigou os primeiros finlandeses que foram chegando em 1929, em levas que duraram até o final dos anos 1930, quando

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uma série de dificuldades, como as crises brasileiras da Revolução de 1930, a Revolução Constitucionalista de 1932 e finalmente o inicio da 2ª Grande Guerra em 19382 forçaram o fim da

experiência utópica em 1941 (Fagerlande, 2013).

A experíência dita utópica, com ideiais ligados à vida natural e de igualdade, como Uuskallio pregava (Pennanen, 1929), era traduzida em um Projeto Habitacional, em que se previa a divisão das terras em lotes, com a construção de casas iguais para todos, a preservação das matas, dos rios, sem atividades poluidoras, e a construção de vias, inicialmente uma grande via ligando o Casarão à estação de trem, único acesso possível ao local, com os trens da Central do Brasil parando em uma pequena estação próxima, Marechal Jardim. Dali os novos moradores iriam em carro de boi ou carroça até a sede da fazenda (Melkas, 1999, Fagerlande, 2013).

A distribuição das casas no meio dos lotes, as vias iniciais projetadas e a ideia de preservação da natureza foram as principais heranças urbanisticas deixadas pelo Projeto Habitacional de Uukallio e sua implantação inicial (Fagerlande, 2013). Com relação às vias a grande reta, que se tornaria mais tarde a atual Avenida das Mangueiras, eixo principal de Penedo até a atualidade, e a estrada que partia do Casarão em direção ás cachoeiras nas montanhas acima, atualmente a Estrada das Três Cachoeiras, geraram os eixos formadores de Penedo. A forma urbana inicial, com as residências afastadas umas das outras, geraria tanto a distribuição inicial dos hotéis e restaurantes como do comércio de artesanatos, que se estabeleciam nessas antigas residencias transformadas em empreendimentos ligados ao comércio e ao turismo.

A esposa do fundador, Liisa Uuskallio, iniciou as atividades de hospedagem no antigo Casarão no inicio de 1930, e em 1941 abriu sua Pousada Penedo, que se manteve por muitos anos uma das principais da colônia. As outras pensões, criadas nas residências dos primeiros finlandeses, como a Pensão dos Reiman, a de Hilja Hannonen e a de Siiri Bertell deram origem a hoteis, como a Pousada Arboretum, criado pelos Reiman em 1932 e depois transferido de lugar, e o Hotel Bertell, criado por Siiri e Harry Bertell em 1941, e ainda existente no mesmo local (Fagerlande, 2015, 2010a).

O mapa abaixo mostra as primeiras construções de Penedo, ainda Fazenda Penedo. A estrada de acesso da antiga fazenda passava por cima dos morros, para chegar na estação de trem próxima ao Rio Paraíba do Sul. A nova via, a grande reta planejada por Uuskallio teve que ser interrompida pois a ponte projetada não conseguiu ser construida, tendo sido derrubada por fortes chuvas mais de uma vez (Fagerlande, 2013).

Nesse mapa de 1929 aparecem as primeiras casa construidas pelos finlandeses, de acordo com o Projeto Habitacional. A disposição delas, sem uma centralidade definida, era propícia a uma colônia agrícola, em que a centralidade estava no antigo Casarão, onde se localizava o pequeno comércio, e a administraçao da fazenda.

2 Deve ser lembrado que a Finlândia por motivos regionais se aliou à Alemanha, sendo, portanto, país

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Figura 2: Mapa de Penedo em 1929. Fonte: Desenho do autor, 2013.

Legenda Mapa/figura 2: 1 – Casa Grande/sede Fazenda Penedo; 2 – Cozinha da Fazenda; 3 – Senzala/depósitos; 4 – administração da Fazenda; 5 – Casa administrador; 6 – olaria; 7 – Casa Suni/atual Hotel Vivenda Penedo; 8 – Casa Lehtola/atual residencia; 9 – Casa Branca/atual sede Clube Finlândia/ 10 – Casa Nurmi, depois Uuskallio/demolida; 11 – Casa Kuusisto; 12 – Sauna Casa Grande; 13 – 13 Casa Toro; A – Rio das Pedras; B – Pico Penedo; C – Córrego Frio; D – Rio Palmital; E – antoga estrada de acesso; F – Nova estrada, depois Avenida das Mangueiras; G – Estrada das Três Cachoeiras

Figura 3: Avenida das Mangueiras [194-] Fonte: Coleção do autor

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A ideia da via reta no plano segue o que Kostoff (1991) e Reps (1980) falam sobre a forma das cidades utópicas, em que a geometria se impõe como principio ordenador. No caso de Penedo, sendo uma aglomeração extremamente pequena, mesmo assim a reta está ali colocada como eixo de implantação, na ideia de seu fundador. A adaptação ao terreno no entanto se fez necessária, tanto na Estrada das Três Cachoeiras como nas questões de transposição do rio.

A fotografia acima mostra como a implantação da Avenida das Mangueiras, com as árvores recém plantadas, marca a grande planície que tem o maciço do Itatiaia ao fundo, como um gesto de afirmação do homem sobre a natureza. Assim, Uuskallio, ao mesmo tempo que falava que Deus estava na natureza, marcava essa natureza com a força do trabalho do homem.

No mapa abaixo, de Penedo em 1939, percebe-se a implantação de novas casas, já fora do projeto inicial, quando as questões financeiras não mais permitiam que se seguisse à risca a ideia de se construir casas iguais para todos, e assim cada um começou a construir sua própria casa à sua maneira (Fagerlande, 2003). Mesmo assim uma nova reta, a Avenida Casa das Pedras, criou um novo ordenamento para uma nova área de ocupação, ainda seguindo os princípios de Uuskallio, que fez com que os pioneiros que ali se instalaram, o grupo Kaleva, fizesse outra via retlínea (Fagerlande, 2013). A criação de noas vias nos vales, em geral perpendiculares às vias retilineas que estavam na parte plana da implantação, são vias ainda existentes, possibilitando essa expansão inicial da colônia, Essa maneira ded ocupação foi uma constante em Penedo, com retas nas áreas planas e vias curvilineas nas áreas de vales..

Figura 4: Mapa de Penedo em 1939 Fonte: Desenho do autor, 2013.

Legenda Mapa/figura 3: 1 – Casa Grande/sede Fazenda Penedo; 2 – Cozinha da Fazenda; 3 – Senzala/depósitos; 4 – administração da Fazenda; 5 – Casa administrador; 6 – olaria; 7 – Casa Suni/atual Hotel Vivenda Penedo; 8 – Casa Lehtola/atual residencia; 9 – Casa Branca/atual sede Clube Finlândia/ 10 – Casa Nurmi, depois Uuskallio/demolida; 11 – Casa Kuusisto; 12 – Sauna Casa Grande; 13 – 13 Casa Toro; 14 – Casa Saarela; 15 – 1ª Casa Reiman; 16 – Casa Asikainen, atual

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Casa das Pedras; 17 – Lotes atrás Penedo; 18 – Casa Markulla; 19 – Casa Hieta; A – Rio das Pedras; B – Pico Penedo; C – Córrego Frio; D – Rio Palmital; E – antiga estrada de acesso; F –Avenida das Mangueiras; G – Avenida Finlândia; H - Estrada das Três Cachoeiras; I – Avenida Casa das Pedras; J – atual Rua Harry Bertell; K – caminho do Pikku Laakso.

Nesse mapa de 1939 podem ser observados diversas pensões, depois hotéis e pousadas. Em primeiro lugar a Casa Grande, atualmente o Casarão Penedo, casa de eventos do lugar. Depois a primeira casa dos Reiman, que em 1932 se tornou o primeiro local de hospedagem depois do Casarão, que mais tarde foi tarde transferida e se tornou a Pousada Arboretum, inda existente. A Casa Suni se tornou o Hotel Vivenda Penedo, também em funcionamento. A Casa Lehtola, que foi durante muito tempo a Pensão de Hiljia Lehtonen, hoje e residencia da família. A antiga casa do administrador da fazenda antes da compra pelos finlandeses se tornou a casa de Siiri e Harry Bertell, mas tarde o Hotel Bertell, a partir de 1941, outro hotel ainda em funcionamento em 2018.

O período inicial da colônia terminou com a falência do projeto de Uuskallio, pois as dívidas da compra e manutenção da fazenda não permitiram sua continuidade. Assim em 1942 grande parte das terras foi vendida para um grupo suíço, a Plamed – Plantas Medicinais, que pretendiam estabelecer um projeto de plantio de espécies vegetais para uso medicinal, entre elas o eucalipto (Hildén, 1989), razão de Penedo ter grande áreas com bosques de eucaliptos, que ao mesmo tempo já eram plantados, por lembrarem as florestas da Finlândia. O dinheiro arrecadado serviu para muitas famílias saírem de Penedo, e outras aprimorarem as instalações de seus empreendimentos de hospedagem, que tiveram forte aumento. Muitas novas casas foram construídas pelos finlandeses, e diversos conseguirem empregos na Plamed, gerando novas fontes de renda para a colônia e seus moradores.

Figura 5: Hotel Bertell [195-] Fonte: Coleção do autor

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O aspecto mais importante dessa venda foi o insucesso das atividades da Plamed. Ao perceber que seria inviável manter a fazenda com o negócio, decidiram loteá-la, criando em 1950 o Loteamento Cidade de Férias Itatiaia, que daria forma definitiva a Penedo.

3 – A transformação em loteamento turístico: a Cidade de Férias Itatiaia

Ao deixar de lado as plantações e criar um loteamento, a Plamed mudou novamente a história de Penedo. O lugar já não era mais somente uma colônia utópica finlandesa, mas um projeto de urbanização turistica, mudando o perfil de ocupação, antes de residências de finlandeses e interessados no projeto vegetariano da colônia, e agora se abrindo para quem viesse do Rio ou São Paulo para ali construir sua casa de veraneio. Por certo a presença finlandesa ali era forte ainda, com as familias que ali ficaram, suas pensões, suas pequenas criações de galinhas e plantações, e a presença do Clube Finlândia, fundado em 1945, para substituir o antigo Casarão como centro das atividades sociais e culturais da colônia (Fagerlande, 2015). Como mostra o folheto de divulgação abaixo, a antiga sede da Fazenda Penedo foi vendida junto com as terras da fazenda, e continuou a ser um hotel, dessa vez inserido nesse contexto de uma Cidade de Férias, um projeto que se pretendia turístico, reforçando dessa maneira a vocação do lugar.

Figura 6 : Folheto de lançamento da Cidade de Férias Itatiaia, 1950. Fonte: Coleção do autor

O projeto dessa Cidade de Férias era na verdade um loteamento, baseado em ideias de urbanização turística (Mullins, 1999, 2004; Mascarenhas, 2004), que mostrava mudanças no conceitos de turismo. Um novo tipo de turismo surgia no Brasil, e em especial em Penedo. A inauguração da Via Dutra, em

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1951, ligando Rio de Janeiro a São Paulo (França, 2001), ao mesmo tempo que trouxe forte desenvolvimento para a região do Vale do Paraíba, repercutiu muito em Penedo. Cabe ressaltar que a construção da Companhia Siderúrgica Nacional e a criação de Volta Redonda, em 1941 aumentou muito os investimentos na região, passando a gerar novos interesse de ocupação urbana em toda a região (Lopes, 2003). O aumento do uso do automóvel e a crescente diminuição do uso do trem como equipamento de mobilidade se refletiu no turismo, com uma crescente demanda por segundas residências para veraneio, o que se refletiu na criação de loteamentos turísticos como este em Penedo.

O loteamento não foi implantado de uma vez, com a venda de lotes prosseguindo durante muitos anos, e assim Penedo permanecia com o turismo das pousadas como principal atividade. A possibilidade se chegar ao lugar de carro, pela Via Dutra, gerou novas possibilidades para a hospedagem, e a posterior criação de restaurantes, especialmente a partir dos anos 1970.

Se por um lado a venda de lotes e construção de casas tornava Penedo realmente uma área urbana, logo transformada em distrito de Resende, a localização das pousadas, antigas pensões, e dos pequenos artesanatos que foram surgindo ainda era dispersa, como no inicio da colônia. O loteamento previa uma área comercial, com lotes menores do que os demais, que ainda permanece, em um bairro chamado de Formigueiro, talvez exatamente por concentrar maior número de pessoas. A Avenida Brasil, criada em paralelo à antiga Avenida das Mangueiras se tornou assim a principal rua de comercio popular e de abastecimento, com supermercado, padaria, farmácia e toda sorte de pequeno comércio. Mas as atividades relacionadas ao turismo não se encontram ali, e durante muito tempo as lojas de artesanato eram espalhadas por Penedo.

Figura 7 :Mapa da Cidade de Férias Itatiaia, 1950 Fonte: Coleção do autor

Mesmo com essas mudanças, o turismo em Penedo ainda tinha dificuldades de sair do modelo inicial de hospedagem por longa duração. Ao se pesquisar em guias de turismo, como o Guia Quatro Rodas

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(apud Fagerlande, 2015), percebe-se que somente em 1973 Penedo aparece no guia, que existia desde 1966. Ao lado das atrações naturais, como cachoeiras e o Parque Nacional de Itatiaia, o artesanato surgia como forte atração, ao lado das tradições finlandesas representadas pelo baile do Clube Finlândia. Até os anos 1970 eram raros restaurantes fora dos hotéis, e que atendiam somente seus hóspedes, com pensão completa, com refeições incluidas na hospedagem. Assim não havia interesse em se criar opções de oferta de comida. Somente em 1975 aparece um restaurante finlandês como atração, e a maior visibilidade surge em 1998, após a inauguração da Casa de Papai Noel de Penedo; Pequena Finlândia (Fagerlande, 2015).

O Clube Finlândia, tanto com sua sede antiga, e depois com a nova, ainda era uma referencia de centralidade, e no pequeno largo em frente à nova sede se erigiu em 1979, ano da comemoração de 50 anos da fundação da colônia, um monumento aos pioneiros, mas as obras de urbanização da praça ainda não havia sido feitas, como mostra a foto abaixo. A divulgação dos festejos na mídia aumentou o interesse no turismo local, e em especial na atratibilidade gerada pela presença dos finlandeses, em conjunto com a natureza local.

Figura 8 ; Largo Finlândia em 1979 Fonte: coleção do autor

O aumento do número de restaurantes e lojas de artesanato refletiu esse novo perfil do turismo, em que Penedo passou a atrair não somente para a hospedagem, mas para o lazer de fim de semana, considerando-se que toda a região do Vale do Paraíba teve maiores facilidades de acesso, com a duplicação da Via Dutra em 1967 (França, 2001). A cultura do turismo rodoviarista, com a mudança do uso do trem para o automóvel trouxe grandes mudanças para o turismo em geral, mudando também as dinâmicas urbanas de cidades turísticas, como mostra o caso de Penedo.

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Mesmo com o surgimento de restaurantes e lojas de artesanato, que em Penedo passaram a se espalhar pela Avenida das Mangueiras e Avenida Casa das Pedras, em um embrião da formação de uma centralidade nas principais vias de acesso, ainda não se configurava uma concentração comercial turística significativa, e os hotéis, pela especificidade de seu caráter de serem construções em geral divididas em pequenos chalés distribuidos pelos grandes terrenos, mantinham urbanização dispersa, sem grande densidade e sem se localizar em áreas mais centrais, e sim nas áreas com florestas, cachoeiras e maiores atrações para seus potenciais usuários.

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– Uma nova centralidade em Penedo: a Casa de Papai Noel de Penedo / Pequena

Finlândia

A partir dos anos 1990, Penedo passou a acompanhar uma nova tendência relacionada ao turismo em diversas áreas do mundo. A mercantilização das cidades e a grande competição entre elas também atingiu as pequenas cidades, e o turismo tem uma forte relação com essas questões ligadas à imagem das cidades e à criação de lugares para o turismo (Castello, 2007, Fagerlande, 2015).

Figura 9: Casa de Papai Noel de Penedo/Pequena Finlândia, 1998 Fonte: Foto do autor

A necessidade de se atrair pessoas, em um mundo globalizado em que a imagem circula cada vez mais, se refletiu no processo urbano de Penedo, em que a criação de uma imagem finlandesa foi buscada não mais somente através da presença física de seus primeiros moradores, nem das atividades como danças e bailes em seu Clube Finlândia, mas também através de uma arquitetura que buscasse ser reconhecida como finlandesa, em especial relacionada às pequenas cidades daquele país (Hottola, 2006, Fagerlande, 2015a).

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Figura 10: Obra de construção da Casa de Papai Noel de Penedo/Pequena Finlândia, 1996 Fonte: Foto do autor

O lugar escolhido para a implantação do novo projeto era uma esquina vazia, da Avenida das Mangueiras com a Rua das Velas. Cabe salientar que a Rua das Velas já abrigava alguns pontos importantes de comércio, como a loja Velas Finland, além do Restaurante Costa, de 1983, do Sorvete Finlandês e de outros artesanatos, mas sem se configurar como um centro comercial. Ao mesmo tempo em que se procurava uma npva atração que marcasse a imagem finlandesa de Penedo, com a arquitetura ligada às tradições finlandesas, a ideia de se vincular ao Papai Noel trazia a questão da invenção das tradições, que nos fala Hobsbawn (1999), em que os lugares buscam construir aspectos que liguem suas histórias a mercantilização das cidades para o consumo turístico,em casos como o de Penedo e de muitas outras cidades brasileiras e em todo do mundo (Urry, 1990).

O sucesso da Casa de Papai Noel de Penedo/Pequena Finlândia para a movimentação turística do lugar fez com que o ponto se tornasse o mais interessante para quem desejasse abrir algum tipo de comércio em Penedo. Dessa maneira proliferaram pequenos shoppings, restaurantes e lojas relacionadas ao comércio turístico. Da mesma forma alguns hotéis passaram a se instalar nas redondezas, para aproveitar o interesse de visitantes em se hospedar próximo a esse empreendimento e dessa nova área central da cidade.

Muitos empreendimentos trouxeram para a arquitetura elementos finlandeses (Hottola, 2006), buscando seguir a ideia da tematização e cenarização, como fala Silva (2004), enquanto outros somente buscaram uma imagem europeizante, mas de qualquer maneira, a implantação urbana seguiu a tentativa de se aproximar do conjunto mais atraente, e assim a nova centralidade estava formada.

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Figura 11: Vista aérea da Casa de Papai Noel de Penedo/Pequena Finlândia e entorno, 2014 Fonte: Foto do autor

Ao se analisar os diversos mapas da cidade, pode ser percebido que a nova centralidade se formou a partir da inauguração da Casa de Papai Noel de Penedo/Pequena Finlândia, e que o turismo tem sido a principal motivação para o conmercio que ali vem se estabelecendo. Ainda que a grande maioria dos hotéis esteja ainda espalhados, o comércio de profutos turísticos e grande parte dos bares, cafés e restaurantes se localizam nesse novo centro, que aparece marcado no mapa abaixo.

Figura 12: Mapa de Penedo com a nova centralidade definida, em torno da Casa de Papai Noel de penedo;Pequena Finlândia, (200-)

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5 – Novas perspectivas urbanas: o bairro Nova Penedo

Se por um lado a criação dessa nova centralidade trouxe um forte interesse na ocupação da área agora denominada central, a presença de grandes áreas ainda intocadas junto a entrada da cidade, em especial ao lado do pórtico que marca o acesso, vem gerando o interesse especulativo de grupos proprietários de terreno ao largo da rodovia estadual que liga Penedo à Via Dutra. Essa estrada, a Rodovia Cel. Rubens Tramujas Mader, não é muito longa, mas a presença de antigas fazendas com grandes áreas livres vem possibilitando a criação de empreendimentos de maior porte, em geral relacionados ao turismo e à urbanizaçao turística.

Um grupo espanhol lançou em 1999 um empreendimento, o Penedo Resort, com um condomínio de 161 residências, hotel e centro de convenções, mas que não foi construído Ao seu lado existe um centro comercial, o Shopping Penedo, mas que devido à distância dos principais pontos turísticos locais não tem tido o sucesso desejado, com muitas lojas vazias desde a inauguração nos anos 1990. O empreendimento ligado a essa urbanização turística que realmente foi implantado foi o bairro Nova Penedo, iniciado em 2009. O loteamento segue o padrão tradicional, com vias paralelas quando possível, e traz a novidade de ligar o acesso pelo pórtico com a Avenida Brasil, via comercial do Formigueiro, assim passando a ser uma nova saída para Penedo, deixando a Avenida Casa das Pedras, antes único acesso, como uma opção, que continua sendo muito utilizada.

Figura 13 : Mapa do Loteamento Nova Penedo, 2009. Fonte Folheto de divulgação

Se por um lado o novo loteamento ainda não pode ser considerado como bairro, pois ainda não possui equipamentos urbanos consolidados3 e poucos compradores de lotes já os ocuparam, a

possibilidade de novos empreendimentos comerciais e turísticos estavam presentes no lançamento, com projetos aprovados de pousadas e novos shoppings, um deles temático, o Vila Europa, mas que por diversos motivos, entre eles as diversas crises econômicas do país, ainda não foram construídos.

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Hoje se percebe que algumas construções estão sendo feitas, mas ainda é cedo para perceber qual efeito terão no desenvolvimento urbano de Penedo, que mantém seu atual centro muito dinâmico, com sua capacidade de absorver visitantes chegando a um limite, o que comprova os constantes engarrafamentos e a dificuldade de se estacionar nas principais vias.

O mapa abaixo mostra a evolução das centralidades em Penedo. O número 1 mostra o local da sede da Fazenda Penedo, o Casarão Penedo, centro da colônia entre 1929 e 1942. O número 2 mostra o local da primeira sede do Clube Finlândia, que passou a ser a associação dos finlandeses a partir da venda da fazenda, tendo sido iunaugurado em 1943. O número 3 marca diversos locais em que o comércio passou a se estabelecer, com lojas de artesanado e pequenos restaurantes. Nesse período, entre 1942 e 1998, Penedo não tinha um centro estabelecido, somente um centro de comércio local, mas sem interesse turístico, que se localiza ainda no Formigueiro, número 4. O número 5 marca outra centralidade, com a nova sede do Clube Finlândia, o Museu Finlandês e o Largo Finlândia, com o monumento aos fundadores ali construído em 1979. Por fim o número 6 marca o atual centro de Penedo, em torno da Casa de Papai Noel de Penedo/Pequena Finlândia, inaugurado em 1998 e que se mantém como o centro atual de Penedo.

Figura 14 : Mapa de Penedo, com marcação de centralidades, 2018. Fonte Intervenção do autor sobre Google Maps

6 – Consideração Finais

O presente artigo mostra como o turismo tem sido um dos principais fatores para o desenvolvimento urbano de Penedo, apresentando três momentos da história local e da relação com essas atividades. A partir da fundação como uma colônia agrícola, vegetariana e utópica por um grupo de finlandeses em 1929, a antiga Fazenda Penedo vem se transformando. Nesse início até 1942 Penedo teve como mais importantes suas atividades agrícolas, mesmo que ocorrendo o inicio do turismo relacionado às

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tradições finlandesas e à natureza local, com seus rios, cachoeiras e florestas preservadas a partir de um Projeto Habitacional criado por Toivo Uuskallio, seu idealizador e fundador.

A partir de 1942 a falência desse projeto idealista e a venda da antiga fazenda a uma empresa de plantas medicinais, a Plamed, fez surgir um novo loteamento de urbanização turistica em 1950, a Cidade de Férias Itatiaia, gerando de maneira definitiva a estrutura urbana local, com as ruas e lotes demarcados, a implantação de um bairro comercial, o Formigueiro, mas ainda mantendo a estrutura urbana inicial, com as casas e pousadas dispersas em seu território, e vendo a partir dos anos 1970 o surgimento de restaurantes e artesanatos, espalhados pelas pequenas ruas da cidade.

Um terceiro momento surgiu em 1998, a partir da inauguração da Casa de Papai Noel de Penedo/Pequena Finlândia, em que um novo empreendimento ligado à construção de uma imagem finlandesa para Penedo, num processo de tematização e cenarização local que seguia o que vinha acontecendo em diversas cidades turísticas em todo o mundo desde os anos 1970. Nesse momento novas dinâmicas urbanas deram lugar a uma concentração de empreendimentos comerciais relacionados ao turismo nas proximidades desse conjunto temático, criando uma nova centralidade para Penedo, modificando a estrutura de pequenas centralidades dispersas.

A criação em 2009 de um novo bairro, Nova Penedo, traz novas possibilidades de expansão da cidade, mas mesmo quase dez anos depois essa área ainda não se consolidou com uma ocupação a ser considerada. De qualquer maneira, a possibilidade de novos empreendimentos ao longo da rodovia de acesso à cidade traz uma possibilidade de diminuir a pressão que é exercida pela grande quantidade de pessoas que circulam pelo atual centro, gerando problemas de tráfico e estacionamento, que a falta de planejamento existente só faz aumentar, e gera novas possibilidades para novas centralidades ligadas ao turismo em Penedo.

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