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APELAÇÃO CÍVEL N.º , DE PONTA GROSSA 2.ª VARA CÍVEL

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Academic year: 2021

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APELAÇÃO CÍVEL N.º 520969-0, DE PONTA GROSSA – 2.ª VARA CÍVEL

APELANTE : JOSÉ CORREIA

APELADO : BANCO ABN AMRO REAL S.A.

RELATOR : DESEMBARGADOR Francisco Pinto RABELLO FILHO

Petição inicial – Ordem de emenda – Princípio da aproveita-bilidade da petição inicial – CPC, art. 284 – Descumprimento – Inépcia da petição inicial – Configuração – Ausência de causa de pedir – Formulação de pedidos genéricos – Indeterminação da tu-tela jurisdicional pretendida – Indeferimento da petição inicial, com extinção do processo sem resolução do mérito. Decisão man-tida. Recurso desprovido.

I – O descumprimento da determinação judicial de emenda da petição inicial implica em seu indeferimento, com extinção do processo sem resolução de mérito.

II – É inepta a petição inicial que apresenta como causa de pedir apenas teses abstratas e pedidos indeterminados.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de apelação cível n.º 520969-0, de Ponta Grossa, 2.ª Vara Cível, em que é apelante José Correia e apelado, Banco Abn Amro Real S.A.

Exposição

1. José Correia ajuizou “ação ordinária” em face de Banco Abn Amro Real S.A., perante a 2.ª Vara Cível de Ponta Grossa, em que pretende obter “[...] tutelas inibitórias e declaratórias contra a parte ré, consistentes na

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Desembargador Rabello Filho

concretização de direitos de informação da parte autora, na declaração jurisdicio-nal de descumprimento de deveres de informação pela parte ré, e na declaração de abusividade de determinadas cláusulas contratuais” (f. 2).

1.1. Após adequação do procedimento ao rito sumário, e designação de audiência preliminar, foi proferida decisão determinando a emenda da petição inicial para que a parte autora indicasse “precisamente o contrato que pretende a revisão, vez que pelo documento juntado com a petição inicial não se consegue identificá-lo, estabelecendo-se, assim, os limites objetivos da lide, bem como descrever de forma precisa a causa de pedir fática e o pedido, identificando a tu-tela postulada (se cautu-telar ou de conhecimento), sob pena de indeferimento da inicial [...]” (f. 24).

1.2. A parte autora manifestou-se (f. 26), alegando, em síntese:

i) firmou com a parte ré contrato de financiamento de veículos sob a forma de alie-nação fiduciária, sem ter recebido cópia do contrato, sendo o boleto que apresentou o único documento de que dispõe para comprovação do contrato celebrado;

ii) as financeiras cobram taxa de análise de crédito (TAC), taxa de emissão de co-brança, taxa de liquidação antecipada (TLA) e repasse de despesas com advogados, todas abusivas;

iii) com esta ação quer ver declarada a abusividade das taxas, além de obter cópia do contrato e informação pormenorizada sobre a cobrança feita.

1.3. Em seguida, por sentença (f. 28) a petição inicial foi indeferida e extinto o processo sem resolução do mérito, sob o fundamento de que a parte autora, embora intimada, não atendeu às determinações de emenda da petição inicial.

1.4. Vem daí o recurso de apelação manejado pela parte autora (fs. 31-34), em que alega, sinteticamente:

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ii) pretende a concretização do direito à informação, consubstanciado na obrigação de fazer através da juntada do contrato e da planilha das cobranças realizadas;

iii) a cobrança de tarifas abusivas é fato notório;

iv) inexistência de óbice processual à cumulação de pedido incidental de exibição de documentos com pedidos declaratórios e obrigação de fazer.

1.5. Mantida a decisão (f. 37), subiram os autos a esta egrégia Corte de Justiça.

Voto

2. Estão presentes os pressupostos de admissibilidade recursal, as-sim os intrínsecos (cabimento, legitimação e interesse em recorrer), como os extrínsecos (tempestividade, regularidade formal, inexistência de fato impeditivo ou extintivo do poder de recorrer e preparo dispensado).

3. A extinção do processo sem julgamento do mérito

3.1. Insurge-se a parte autora contra a decisão que reconheceu a inép-cia da petição iniinép-cial, com extinção do processo sem resolução de mérito.

3.2. Inicialmente, é de se observar que o digno juiz da causa, ao veri-ficar a ausência de causa de pedir remota, bem como a indeterminação do pedido e do procedimento, determinou a emenda da petição inicial (f. 24), consoante estabelece o caput do artigo 284 do Código de Processo Civil.

3.2.1. Nessa oportunidade, foi expressamente advertido à parte autora (f. 24) que indicasse precisamente “o contrato que pretende a revisão, vez que pelo documento juntado com a petição inicial não se consegue identificá-lo,

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esta-Desembargador Rabello Filho

belecendo-se, assim, os limites objetivos da lide, bem como descrever de forma precisa a causa de pedir fática e o pedido, identificando a tutela postulada (se cautelar ou se conhecimento), sob pena de indeferimento da petição inicial (art. 284, parágrafo único, do Código de Processo Civil)”.

3.3. Portanto, o digno juiz da causa, em elogiável aplicação do princí-pio da aproveitabilidade da petição inicial, indicou especificamente os vícios de que padecia a petição inicial, para as correções necessárias.

3.4. No entanto, a parte autora, ao proceder à emenda (f. 26), limitou-se a afirmar que a via do contrato não lhe foi entregue pela parte ré, com o que não foi possível avaliar as cláusulas contratuais e eventuais abusividades.

3.4.1. Por fim, declarou que “a presente ação tem como escopo decla-rar a abusividade das taxas, e que a parte autora não foi devidamente informada de todos os aspectos do contrato, bem como conseguir cópia do contrato e infor-mação pormenorizada sobre a cobrança feita” (f. 26).

3.5. A petição inicial, realmente, está longe de ter um mínimo de apti-dão para dar lugar ao nascimento e desenvolvimento de uma relação jurídica pro-cessual hígida, em ordem a poder ser entregue a prestação jurisdicional com

ade-quada e efetiva resolução da questão de fundo.

3.5.1. Não se consegue, como corretamente observado pelo cuidadoso juiz Fábio Leite, precisar quais são os limites objetivos da lide judicializada. A parte autora, infelizmente, formulou pedidos confusos e genéricos, sequer escla-receu devidamente que contrato pretende revisar, muito menos em que consiste a sua causa de pedir e qual seria a tutela jurisdicional pretendida.

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3.5.2. Basta verificar, a propósito, que na emenda à petição inicial a parte autora reconhece que em virtude não lhe ter sido entregue uma via do con-trato, não foi possível avaliar as cláusulas contratuais e eventuais abusividades. Ao final, no entanto, e contraditoriamente, afirma estar pagando juros abusivos, com o que requer tutela antecipada para o fim de “suspender o pagamento das taxas abusivas possivelmente cobradas” (f. 26).

4. Não basta à parte autora desenvolver alegações abstratas sobre a possível incidência de encargos abusivos, na medida em que lhe incumbe impug-nar, de forma concreta e específica, os valores e encargos que porventura consi-dere equivocados.

4.1. Nesse sentido é o entendimento desta Corte e do Superior Tribu-nal de Justiça:

PROCESSUAL CIVIL E CONSUMIDOR. AÇÃO REVISIONAL DE CONTRATOS BANCÁRIOS C.C. TUTELA ANTECIPADA. MÚTUO FINANCEIRO.

AGRAVO RETIDO. PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA AFASTADA. AGÊNCIAS DISTINTAS. MESMA INSTITUIÇÃO FINANCEIRA E GRUPO ECONÔMICO. APLICAÇÃO DA TEORIA DA APARÊNCIA.

INÉPCIA DA INICIAL. ALEGAÇÕES GENÉRICAS. INADMISSIBILIDADE.

[...].1

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DECLARATÓRIA. VALOR DA CAUSA. EQUIVALÊNCIA COM O VALOR ECONÔMICO PRETENDIDO.

1. A falta de explicitação da causa de pedir implica a inépcia da inicial, nos termos do artigo 295, § único do CPC, não bastando, assim, reportar-se às razões das

1 TJPR, 15.ª Câmara Cível, AC 405606-0, de Curitiba, 13.ª Vara Cível, acórdão n.º 8.091, unânime, rel. des. Jurandyr Souza Júnior,

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Desembargador Rabello Filho

pugnações opostas aos autos de lançamento da via administrativa, com o escopo de impug-nar execução fiscal.

2. O pedido de requisição de autos de outro processo, a fim de possibilitar que o juí-zo aferisse a "causa de pedir" do embargante, somente teria sentido caso houvesse recusa da esfera administrativa em conceder à parte referidas informações, imprescindíveis à interpo-sição da ação e de exclusiva responsabilidade do autor.

3. A admissão do recurso especial pela alínea "c" do permissivo constitucional exige a demonstração do dissídio na forma prevista pelo RISTJ, com a demonstração analítica das circunstâncias que assemelham os casos confrontados.

4. A divergência jurisprudencial, ensejadora de conhecimento do recurso especial pela alínea "c", deve ser devidamente demonstrada, conforme as exigências do parágrafo único do art. 541 do CPC, c/c o art. 255, e seus parágrafos, do RISTJ, providências formais inatendidas, in casu.

5. Recurso Especial desprovido.2

RECURSO ESPECIAL. PETIÇÃO INICIAL. INÉPCIA. ART 295, PARÁGRAFO ÚNICO, INCISO II. AUSÊNCIA. CAUSA DE PEDIR. PEDIDO. COMPREENSÃO.

A inicial é inepta quando incapaz de transmitir os fundamentos jurídicos do pedido e quando dos fatos expostos não se vinculam as conseqüências jurídicas, que constituem o fundo do petitório.

Recurso especial a que se dá provimento.3

5. Por mais que se defenda o princípio da instrumentalidade das for-mas e o da economia processual, não há como olvidar que o processo não pode prosseguir sem que se tenha ao menos uma petição inicial apta, que se não pri-mar pela técnica, não ocasione, do mesmo passo, qualquer prejuízo para o exer-cício da ampla defesa e do contraditório, constitucionalmente assegurados ao réu.

6. Portanto, não paira dúvida de que a petição inicial revela-se nitida-mente inepta (CPC, art. 295, inc. I, e parágrafo único, inc. I), quer por ter sido a causa de pedir formada apenas por teses jurídicas confusas e abstratas,

2 STJ, 1.ª Turma, REsp 746.056-RS, unânime, rel. min. Luix Fux, in DJU 2/10/2006, p. 229, grifou-se. 3

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do concreta indicação dos fatos que fundamentam o pedido (CPC, art. 282, inc. III), quer seja porque a parte autora não especificou qual seria a tutela jurisdicio-nal pretendida (CPC, art. 282, inc. IV, c/c art. 286, caput, 1.ª parte).

7. Desse modo, não merece qualquer reparo a sentença.

8. Conclusão

8.1. Passando-se as coisas desta maneira, meu voto é no sentido de que se negue provimento ao recurso.

Decisão

9. À face do exposto, ACORDAM os integrantes da Décima Terceira Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, por unanimidade de votos, em negar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator.

9.1. O julgamento foi presidido pelo Senhor Desembargador xxxxxx

Curitiba, xx de xxxxx de 2008 (data do julgamento).

Desembargador

Rabello Filho

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