s ig e d b y E m e rs o n F il h o & J u n io r S p a n o n
CAIS JOSÉ ESTELITA:
CAIS JOSÉ MARIANO:
Cais que merecem ser visitados e de onde sempre se pode ver um novo ângulo da beleza
de nossa cidade.
e s ig e d b y E m e rs o n F il h o & J u n io r S p a n o n CAIS DO PORTO:
s ig e d b y E m e rs o n F il h o & J u n io r S p a n o n
CAIS DO ARSENAL DA MARINHA:
e s ig e d b y E m e rs o n F il h o & J u n io r S p a n o n
CAIS DA RUA DA AURORA:
A tradicional rua da Aurora, citada em versos de poetas de todos os
tempos, volta a exibir beleza na cidade do Recife. Um trecho de
aproximadamente 250 metros,entre a ponte do Limoeiro e a avenida Mário
Melo, à beira do rio Capibaribe, foi revitalizado. A nova área de lazer recebeu
tratamento paisagístico e iluminação com refletores que destacam as belezas
do manguezal do Rio Capibaribe.
O Cais compõe o cenário de uma rua do Recife que ainda guarda
lembranças do tempo. Imortalizado na poesia de Manoel Bandeira, o casario
ainda se sobressai entre os edifícios, que comprovam que os anos passaram.
Estes antigos sobrados foram habitações e locais de trabalho de figuras
ilustres, como o Conde da Boa Vista (nº 405). O antigo Clube Internacional do
Recife funcionou no nº 265 até 1936. Também na Aurora ficam o cinema São
Luiz, a Assembléia Legislativa, o Ginásio Pernambucano e os clubes de remo
Náutico e Barroso. Tudo isso foi construído sobre o antigo mangue que
margeava os rios.
Para alguns recifenses a rua da Aurora é o trecho em que o Capibaribe
se mostra mais bonito. Observar a beleza do rio, com o Cais e o casario da rua
da Aurora refletidos em suas águas, além de ser inspiração para poesia, pode
também ajudar a esquecer as tensões da cidade grande.
s ig e d b y E m e rs o n F il h o & J u n io r S p a n o n CAIS DA ALFÂNDEGA:
POETAS CANTAM O RECIFE DAS ÁGUAS E DOS CAIS
De João Cabral:
Aqui o mar é uma montanha regular redonda e azul, mais alta que os arrecifes e os mangues rasos ao sul. Do mar podeis extrair, do mar deste litoral, um fio de luz precisa, matemática ou metal. Na cidade propriamente velhos sobrados esguios apertam ombros calcários de cada lado de um rio. Com os sobrados podeis aprender lição madura: um certo equilíbrio leve, na escrita, da arquitetura. E neste rio indigente, sangue-lama que circula entre cimento e esclerose com sua marcha quase nula,
e na gente que se estagna nas mucosas deste rio, morrendo de apodrecer vidas inteiras a fio,
podeis aprender que o homem é sempre a melhor medida. Mais: que a medida do homem não é a morte mas a vida De Joaquim Cardozo:
Por degrau de arenitos e de coral Do Recife se desce para o fundo do mar, Para a noite do mar.
Onde ficam as minas de ágata? As jazidas maiores de calcedônia? Que se estão se diluindo nessas águas, Nesse mar. Nesse mar,
Um céu com arco-íris e ocasos,? Um céu? Caiu nesse mar.
De Ascenso Ferreira: Sozinho, de noite, nas ruas desertas do velho Recife
e s ig e d b y E m e rs o n F il h o & J u n io r S p a n o n moderno ficou... criança de novo eu sinto que sou:
- Que diabo tu vieste fazer aqui, Ascenso? O rio soturno
tremendo de frio, com os dentes batendo nas pedras do cais, tomado de susto sem poder falar... o rio tem coisas para me contar:
- Corre, senão o Pai-do-Poço te pega, condenado! Das casas fechadas
e mal-assombradas com as caras tisnadas que o incêndio queimou pelas janelas esburacadas eu sinto, tremendo, que um olho de fogo medonho me olhou:
- Olha que o Papa-Figo te agarra, desgraçado! Dos brutos guindastes
de vultos enormes ainda maiores nessa escuridão... os braços de ferro, pesados e longos, parece quererem suster-me do chão!
- Ai! Eu tenho medo dos guindastes por causa daquele bicão!
Sozinho, de noite, nas ruas desertas do velho Recife que atrás do arruado moderno ficou... criança de novo eu sinto que sou:
- Larga de ser vagabundo, Ascenso! De Manuel Bandeira:
Recife
Não a Veneza americana
Não a Mauritsstad dos armadores das Índias Ocidentais Não o Recife dos Mascates
Nem mesmo o Recife que aprendi a amar depois - Recife das revoluções libertárias
Mas o Recife sem história nem literatura Recife sem mais nada
A rua da União onde eu brincava de chicote-queimado e partia as vidraças da casa de dona Aninha Viegas Totônio Rodrigues era muito velho e botava o pincenê na ponta do nariz
Depois do jantar as famílias tomavam a calçada com cadeiras
mexericos namoros risadas A gente brincava no meio da rua Os meninos gritavam:
Coelho sai! Não sai!
A distância as vozes macias das meninas politonavam: Roseira dá-me uma rosa
Craveiro dá-me um botão (Dessas rosas muita rosa Terá morrido em botão...) De repente
nos longos da noite um sino
Uma pessoa grande dizia: Fogo em Santo Antônio! Outra contrariava: São José!
Totônio Rodrigues achava sempre que era são José. Os homens punham o chapéu saíam fumando
E eu tinha raiva de ser menino porque não podia ir ver o fogo.
Rua da União...
Como eram lindos os montes das ruas da minha infância
Rua do Sol
(Tenho medo que hoje se chame de dr. Fulano de Tal) Atrás de casa ficava a Rua da Saudade...
...onde se ia fumar escondido
Do lado de lá era o cais da Rua da Aurora... ...onde se ia pescar escondido
Capiberibe - Capiberibe
Lá longe o sertãozinho de Caxangá Banheiros de palha
Um dia eu vi uma moça nuinha no banho Fiquei parado o coração batendo
Ela se riu
Foi o meu primeiro alumbramento
Cheia! As cheias! Barro boi morto árvores destroços redemoinho sumiu
E nos pegões da ponte do trem de ferro
os caboclos destemidos em jangadas de bananeiras Novenas
Cavalhadas
E eu me deitei no colo da menina e ela começou a passar a mão nos meus cabelos
Capiberibe - Capiberibe
Rua da União onde todas as tardes passava a preta das bananas
s ig e d b y E m e rs o n F il h o & J u n io r S p a n o n
E o vendedor de roletes de cana O de amendoim
que se chamava midubim e não era torrado era cozido Me lembro de todos os pregões:
Ovos frescos e baratos Dez ovos por uma pataca Foi há muito tempo...
A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros Vinha da boca do povo na língua errada do povo Língua certa do povo
Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil Ao passo que nós
O que fazemos É macaquear A sintaxe lusíada
A vida com uma porção de coisas que eu não entendia bem
Terras que não sabia onde ficavam Recife...
Rua da União... A casa de meu avô...
Nunca pensei que ela acabasse!
Tudo lá parecia impregnado de eternidade Recife...
Meu avô morto.
Recife morto, Recife bom, Recife brasileiro como a casa de meu avô.
De Carlos Pena Filho:
Nopontoondeo marseextingue easareiasselevantam
cavaramseusalicerces nasurdasombradaterra elevantaramseusmuros dofriosonodaspedras
.
Depoisarmaramseusflancos:
trintabandeiras azuisplantadasnolitoral