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Narrado por: Adeilton Lima

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Academic year: 2021

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Narrado por: Adeilton Lima

A maioria dos contos aqui apresentados foi selecionada a partir do livro E Pensar Que um Dia meus Cabelos

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© by Otacilio Souza – 2009

Ficha Técnica

Arte da capa Michelle Cunha Editoração eletrônica Flávio Lopes da Silva Arte Final Thiago Sarandy

Revisão O Autor

souzaota@terra.com.br

Narração Adeilton Lima

adeiltonator@hotmail.com

Gravação de voz Stúdio Beco da Coruja - André Togni becodacoruja@gmail.com

Trilha sonora A partir de peça de J. S. Bach - Daniel Baker Méio

danbakermusic@gmail.com Supervisão Victor Tagore

ISBN: 978-85-7062-901-2 S729c Souza, Otacilio

Conto e com verso / Otacilio Souza; contém compact disc narrado por Adeilton Lima. — Brasília: Thesaurus, 2009.

48 p.; CD

1. Literatura, Brasil. 2. Conto brasileiro. 3. Poesia brasileira. I. Título

CDU 82 (81) CDD 869 B

Todos os direitos em língua portuguesa, no Brasil, reservados de acordo com a lei. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio, incluindo fotocópia, gravação ou informação computadorizada, sem permissão por escrito do Autor. THESAURUS EDITORA DE BRASÍLIA LTDA. SIG Quadra 8, lote 2356 - CEP 70610-400 - Brasília, DF. Fone: (61) 3344-3738 - Fax: (61) 3344-2353 * End. Eletrônico: editor@thesaurus. com.br *Página na Internet: www.thesaurus.com.br

Composto e impresso no Brasil

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Sumário

PRIMEIRA PARTE

CONTOS

faixa 1 – O Soltador de Pipas e Outras Presas ... 7

faixa 2 – Menino de Rua ...10

faixa 3 – O Uirapuru e o Urubu...11

faixa 4 – A Gestação da Alma ...13

faixa 5 – O Plantador de Alfaces e Outras Coisas ...15

faixa 6 – Bicho Papão ...17

faixa 7 – O Afogador de Mágoas e Outras Coisas ...19

faixa 8 – O Sapo ...22

faixa 9 – O Barco ...23

faixa 10 – Não Há Vagas ...25

faixa 11 – Pegar em Almas e Outras Coisas ...26

faixa 12 – O Parto ...28

faixa 13 – O Guardador de Cheiro de Chuva e Outras Coisas ...30

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SEGUNDA PARTE

POEMAS

faixa 14 – Mudez ...35

faixa 15 – Volta à Poesia ...36

faixa 16 – Saber das Águas ...37

faixa 17 – Revoga as Disposições em Contrário ...38

faixa 18 – À La Carte ...40

faixa 19 – Promessa ...41

faixa 20 – Ora Vê Só ...43

faixa 21 – O Melhor Amigo ...45

faixa 22 – Oferenda ...46

faixa 23 – Roçar ...47

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PRIMEIRA PARTE

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(7)

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faixa 1

O Soltador de Pipas

e Outras Presas

Quando pegou o primeiro passarinho na arapuca, o coração do menino não se contentou em bater forte, apenas; quis ir para fora a fim de ver de perto a pequena ave. Já subindo garganta acima, foi contido pelo dono que o acalmou como pôde, tentando mostrar-lhe que outros passarinhos viriam e era prudente, para não dizer sábio, que guardassem as emoções para os demais também. O coração insistiu, argumentando que tinha razões que a própria razão desconhecia e, portanto, não devia satisfa-ção a um mero principiante a pegador de passarinho. O menino não gostou do pouco caso e contra-argumentou que ser principiante a pegador não era demérito para nin-guém e que não havia como pegar o segundo sem antes pegar o primeiro. Também ele não era neófito nesta es-pécie de emoção? O coração aceitou a ponderação porque era prudente, para não dizer sábio, que tivesse boa relação com seu dono, já que pretendia estar com ele muito tempo ainda. E juntos foram ver o pássaro que caíra na armadil-ha. O passarinho, coitado, nem nome tinha e pouco tempo ficou na gaiola, por não se adaptar à prisão ou por não ser

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de canto mesmo. Se ele não canta, pensou o menino, há de servir para outra coisa, porque um passarinho tem de servir para alguma coisa e uma gaiola não há de ser o lo-cal propício a sua utilidade. A arapuca, dada a rusticidade com que foi construída, não tinha a forma piramidal que um geômetra gostaria que tivesse, mas serviu para a cap-tura de muitos outros pássaros. A cada capcap-tura, o coração do menino viajava goela acima e a história se repetia com repetidos e também novos argumentos. E assim, com ara-pucas e outros processos mais eficientes, uma bela coleção de canários, pintassilgos, coleirinhas, curiós, bicudos e sabiás foi formada. O menino se orgulhava de sua coleção. Mas não era só de pegar pássaros que ele vivia, não. Vivia também de jogar pião, bola, ir à escola, nadar no açude, de ganhar puxões de orelha da mãe, etc. E de soltar pipas.

Era no soltar pipas que o menino se soltava, libertan-do-se de tudo que o prendia e o tolhia em seus movimen-tos, sua iniciativa, vontades. O vento que levantava a pipa era o mesmo que levava para os ares seu coração com toda sua imaginação, sonhos, anseios. Nestas horas, ele e o cora-ção entravam em plena harmonia e as emoções ignoravam fronteiras. O mesmo fio que os separava, menino e pipa, os unia na comunicação e troca de energia. Horas a fio, meni-no, fio e pipa se completavam. Bastava um puxãozinho de nada em uma ponta e a pipa respondia na outra, balançan-do o rabo como um cão fiel e viranbalançan-do cambalhotas num verdadeiro balé aéreo. Difícil saber é se era o menino que empinava a pipa ou a pipa que empinava o menino. A

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centração era tanta que o tempo passava sem que ele per-cebesse. Isto lhe custara caro muitas vezes, porque o resto de sua vida de menino não podia parar: deveres de casa, obrigações escolares, essas coisas. E tome puxão de orelha! Fundamental mesmo era estar ali voando com a pipa. E os telegramas? O autêntico soltador de pipas tem de soltar telegramas também. É claro que o menino não iria deixar de mandá-los como mandava a tradição. Um pedacinho de papel era enrolado no fio e o vento se encarregava de levá-lo até a pipa. O papelzinho sempre subia, nunca descia.

Certa vez, após passar um telegrama, sua pipa foi abordada por um passarinho. O menino estranhou, pois em geral os pássaros se assustavam com as pipas. Este, não, foi chegando devagar e com o bico sacou o papel, ficando com ele um instante, devolvendo-o depois à pipa. Desta feita, pela primeira vez, o papelzinho desceu e com mensa-gem escrita. Dizia assim: “Que prazer estranho sentem os homens e os meninos em prenderem os passarinhos! Não será porque têm inveja de nós por não saberem voar? E o que fazem? Prendem os pássaros, que estão soltos e soltam as pipas, que poderiam ficar presas.”

Menino e coração se olharam e em silêncio ficaram por algum tempo, em reflexão. A pipa foi recolhida. O co-ração se recolheu, sentindo-se pequeno. Os olhos do meni-no não resistiram e soltaram duas lágrimas. E ele foi até sua casa: abriu as gaiolas e soltou todos os passarinhos.

Referências

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