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Modalidades e Benefícios da Atividade Física na Artrite Reumatóide: Estudo de Revisão

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Academic year: 2021

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Modalidades e Benefícios da Atividade Física na Artrite

Reumatóide: Estudo de Revisão

Luciana Martins da Rosa1, Soraia Dornelles Schoëller1, Fernando Henrique Antunes Menegon1, Ana Lara dos

Santos1, Nádia Chiodelli Salum1, Gisele Martins Miranda1

1 Universidade Federal de Santa Catarina, Brasil. luciana.m.rosa@ufsc.br; soraia.dornelles@ufsc.br;

fernandomenegon01@gmail.com; analarinha-santos@hotmail.com; nchiodelli@gmaI.com; gisele.miranda@cepon.org.br

RESUMO. Identificar nas publicações científicas as atividades físicas que devem ser indicadas às pessoas com artrite reumatoide e seus benefícios para melhor qualidade de vida. Revisão integrativa realizada nas publicações da Medical Literature Analysis and Retrieval Sistem on-line e Business Source Complete, no recorte de tempo 2005 a 2015, a partir dos descritores “Physical Activity" AND "Rheumatoid Arthritis", nos idiomas

português, inglês e espanhol. Os achados foram submetidos à análise temática. Foram incluídas 14 publicações. Os resultados foram agrupados em duas categorias temáticas: Benefícios da atividade física na artrite reumatoide e; Atividade física na artrite reumatoide. A atividade física contribui com o controle da artrite reumatoide e para melhor qualidade de vida, devendo fazer parte dos programas de tratamento e de educação em saúde.

Palavras-chave: Artrite reumatoide; Educação em Saúde; Atividade física.

Modalities and benefits of physical activity in rheumatoid arthritis: a review study

ABSTRACT. Identify in the scientific publications the physical activities that should be indicated to people with rheumatoid arthritis and its benefits to better quality of life. Integrative review carried out in the publications of the Medical Literature Analysis and Retrieval System on-line and Business Source Complete, in the time cut from 2005 to 2015, from the descriptors "Physical Activity" and "Rheumatoid Arthritis" in Portuguese, English and Spanish. The results were grouped into two thematic categories: Benefits of physical activity in rheumatoid arthritis and Physical activity in rheumatoid arthritis Physical activity contributes to the control of rheumatoid arthritis and to better quality of life, and should be part of health treatment and education programs.

Keywords: Rheumatoid arthritis; Health education; Physical activity.

1 Introdução

A artrite reumatoide (AR) é uma doença inflamatória crônica e progressiva que acomete, principalmente, a membrana sinovial, podendo levar à destruição do tecido óssea e cartilaginoso. A causa da doença permanece desconhecida. Mas, não são desconhecidos seus efeitos deletérios sobre a mobilidade física, capacidade funcional e persistência do processo inflamatório que culmina na aterosclerose acelerada (Mota, Laurindo, & Neto, 2010a, Mota, Laurindo, & Neto, 2010b).

As principais manifestações articulares da AR envolvem a dor, calor, rubor, rigidez matinal, fadiga, aumento de volume das articulações, derrame intra-articular, limitação dos movimentos das articulações acometidas, dificuldades funcionais, comportamentais, sociais, e para execução das atividades de vida diária e do trabalho. Nas articulações profundas esses sinais e sintomas podem não

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trabalho pode ser superior aos 60% após quinze anos da doença e devido à elevada morbimortalidade, a AR possui significativo impacto social (Gomes, Coutinho, Miyamoto, 2013; Goeldner, Skare, Reason; & Utiyama, 2010, Mota, Cruz, Brenol, Pereira, Fronza, & Bertolo, 2011).

Estudos afirmam que o tratamento do indivíduo com AR deve envolver medidas farmacológicas, estratégias educacionais, atividades e exercícios físicos e alongamentos, sendo que, as escolhas dos pacientes são decisivas para a definição das consequências da doença e os impactos sobre a qualidade de vida, capacidades e limitações funcionais futuras (Mota, Cruz, Brenol, Pereira, Rezende, & Bertolo, 2013; Carlo & Luzo, 2004; Miculis, Pereira, Cieslak, Hernandez, Góes, & Israel, 2009; Sandberg, Wedrén, Klareskog, LundbergI, & Alfredsson, 2014).

Um ambulatório de um hospital universitário do Estado de Santa Catarina atende cerca de 150 pessoas com AR, usuários do SUS. A equipe que assiste estas pessoas relata às dificuldades que os mesmos manifestam para adesão às atividades físicas e funcionais indicadas nas consultas médicas, necessárias como tratamento coadjuvante para o controle das consequências e progressão da doença. Outro ponto observado é a ausência de manual educativo como estratégia de complementação do processo educativo realizado nos diversos atendimentos aos usuários.

Neste contexto, questiona-se: quais as atividades físicas que devem ser indicadas ao paciente com AR para melhor qualidade de vida? Quais os benefícios da atividade física no controle da AR? Com os resultados desta investigação elaborou-se manual educativo a ser ofertado às pessoas com AR atendidas no referido cenário de atendimento do usuário do SUS.

Portanto estabelece-se o seguinte objetivo: identificar nas publicações científicas as atividades físicas que devem ser indicadas às pessoas com AR e seus benefícios para melhor qualidade de vida.

3 Metodologia

Trata-se de uma revisão integrativa que seguiu os passos: identificação do tema e pergunta norteadora (já apresentados na introdução deste artigo); procura na literatura; categorização dos estudos; avaliação dos estudos incluídos; interpretação dos resultados e síntese do conhecimento evidenciado nos artigos analisados (Ganong, 1987).

Para o levantamento bibliográfico realizou-se busca na Medical Literature Analysis and Retrieval Sistem on-line (MEDLINE) e Business Source Complete (EBSCO). Foram utilizados os seguintes descritores e suas combinações: “Physical Activity" AND "Rheumatoid Arthritis". Como limite da busca estabeleceu-se: artigos disponibilizados na íntegra na rede internet, publicados nos idiomas português, espanhol e inglês, no recorte de tempo 2005 a 2015.

A busca nas bases de dados foi realizada em agosto de 2016, por dois pesquisadores, de forma cega. A primeira seleção resultou em 326 artigos, sendo eles 168 artigos disponibilizados na base de dados MEDLINE e 158 na base de dados EBSCO. Após foram excluídos os artigos repetidos e os não relacionados com a temática do estudo, a partir da leitura do título do artigo e/ou resumo, também de forma cega. Resultaram 38 artigos com potencial para serem incluídos no estudo, e, destes, 25 artigos referentes à base de dados EBSCO e 13 artigos referentes à base de dados MEDLINE.

O último critério de seleção foi realizado através da leitura dos textos na íntegra, o que levou a inclusão de 14 artigos, cinco oriundos da MEDILINE e nove da EBSCO. A inclusão dos artigos foi feita de forma consensual pelos pesquisadores (avaliação por pares).

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Fig. 1. Fluxograma da seleção dos artigos. Florianópolis – SC, Brasil. 2016.

Após a seleção foi realizada a leitura exaustiva para identificação e registro dos elementos a serem analisados: referência do estudo, objetivo, tipo de estudo, modalidades de atividades físicas recomendadas às pessoas com AR e seus benefícios para qualidade de vida das pessoas. Os resultados foram agrupados por categorias temáticas pré-definidas: Benefícios da atividade física na da artrite reumatoide e Atividade física na artrite reumatoide, apresentadas na forma descritiva e analisadas qualitativamente. Registra-se que foram respeitados os preceitos éticos quanto à citação das fontes e identificação dos autores, em consonância com os direitos autorais.

3 Resultados

Os 14 artigos incluídos neste estudo e os tipos de estudos são apresentados ao longo dos resultados. 3.1 Benefícios da atividade física na da artrite reumatoide

No processo de codificação definiram-se as unidades de registros desta categoria temática: impacto da atividade física na redução das hospitalizações, no controle dos sintomas e medidas da doença, na

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Estudo desenvolvido no Reino Unido, que investigou o impacto dos níveis de atividade física sobre as internações hospitalares, mostrou que o exercício físico regular reduz o número e o tempo das internações e a progressão da doença, por reduzir a inflamação, aumentar a massa muscular e a densidade óssea, além disso, melhora a saúde cardiovascular e reduz o risco de doença cardiovascular, melhora a qualidade de vida e reduz os custos para o cuidado a saúde. No entanto, este estudo destaca a importância do exercício físico orientado por profissionais capacitados, pois a realização de atividade sem orientação pode favorecer o aumento do processo inflamatório nas articulações – estudo transversal (Metsios, Kalinogloua, Treharne, Nevill, Sandoo, & Panoulas, 2011).

Os benefícios da atividade física sobre o sistema músculo-esqueléticas e cardiorrespiratório também foi encontrado em estudo de revisão, porém, há necessidade da realização de novos estudos, pois os resultados deste tipo de investigação sofrem viés de pesquisa por ser um comportamento intrinsecamente instável, e pela diversidade de métodos avaliativos – revisão de literatura (Condon, Gormley, & Hussey, 2009).

Estudo sueco afirmou que quanto maior o nível de atividade física prévia as manifestações da doença, menor a probabilidade de medidas da doença (dor, inflamação e redução da função das articulações), com 40% de redução da probabilidade de comprometimento das articulações e da dor. Recomenda a atividade física para os indivíduos com risco aumentado para AR – estudo de caso-controle (Sandberg, Wedrén, Klareskog, LundbergI, & Alfredsson, 2014).

Meta-análise realizada em ensaios clínicos randomizados (2.449 participantes reunidos em 29 estudos foram incluídos) investigou os efeitos do exercício sobre sintomas depressivos em adultos com artrite e outras condições reumatoides. O estudo concluiu que o exercício está associado com reduções nos sintomas depressivos entre os adultos selecionados com AR e outras condições reumatoides, porém recomenda novos estudos randomizados para obtenção de resultados mais fidedignos - revisão sistemática com meta-análise (Kelley, Kelley, & Hootman, 2015).

Estudo qualitativo que descreveu a experiência de manutenção da atividade física em pacientes com AR revelou três categorias de análise: Conhecer e desfrutar o corpo; Responsabilidade e desafios; Autonomia e pertencimento social. Os resultados e a discussão dos mesmos mostraram que a manutenção da atividade física significa a procura de um corpo ativo e participativo e a experiência de sensações de bem-estar, e ainda demonstra que a atividade física em pacientes com artrite reumatoide pode ser entendida como um recurso para resistir à deficiência – estudo fenomenológico descritivo (Loeppenthin, Esbensen, Ostergaard, Jennum, Thomsen, & Midtgaard, 2014).

Revisão da literatura apontou a eficácia da atividade física (mas não revelou o tipo de exercícios a serem realizados) no controle das alterações da AR nos MMII (Levinger, Wallman, & Hill, 2012).

Outro estudo de revisão aponta que os exercícios em casa são efetivos no aumento da força muscular, mobilidade articular, função do ombro, rigidez matinal, edema articular e dor, mas que as investigações mostram vários limites metodológicos – revisão sistematizada (Crowley, 2009).

Estudo que investigou os efeitos dos exercícios de condicionamento sobre o estado de saúde e do controle da dor em pacientes com AR apontou que não foi encontrada diferença significativa entre os grupos caso e controle com relação ao escore de dor antes da intervenção (p=0,39). No entanto, o escore de dor diminuiu em ambos os grupos imediatamente após a intervenção (p<0,001), demonstrando o efeito da intervenção a partir do condicionamento físico sobre o alívio da dor entre os participantes deste grupo. Houve uma diferença estatisticamente significativa entre os escores do estado de saúde dos pacientes no grupo de estudo antes e depois da intervenção (p=0,001). O escore de dor diminuiu significativamente no grupo de casos em comparação com o grupo controle após a intervenção (p=0,003). O estudo conclui que programas de treinamento físico, especialmente exercícios de condicionamento aeróbico, incluindo, isométrico, e exercícios isotônicos, pode reduzir a dor em pacientes com AR e afetar positivamente as dimensões psicológicas e sociais. A Intervenção

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de exercícios de condicionamento incluindo exercícios aeróbicos, isométricos, e isotônicos e recebera folheto explicando os exercícios de treinamento que eles poderiam fazer em casa. Estes exercícios foram orientados pelo pesquisador para serem realizados em duas sessões semanais, durante 45 minutos, num período de oito semanas consecutivas. Além da orientação foi fornecido material instrucional/educativo. Para o grupo controle foi fornecido o material instrucional/educativo – estudo randomizado controlado (Jahanbin, Nazarinia, Ghodsbin, Bagheri, & Ashraf, 2014).

Estudo investigou a adesão e as mudanças no nível de atividade física autorreferidas com pessoas com AR integrantes de programa educacional. A intervenção incluiu atividade física diária, treinamento em circuito duas vezes por semana e as reuniões do grupo de apoio quinzenais. 88% dos participantes completaram um ano de avaliação. Os pacientes revelaram que aumentaram a prática de atividade física após ingresso no programa, também relataram melhora no controle da doença, dos fatores psicossociais, da capacidade aeróbica, de força e pressão e redução da circunferência da cintura. O estudo conclui que o programa permite melhores resultados à saúde – estudo de coorte observacional (Nordgren, Fridén, Demmelmaier, Bergström, Lundberg, & Dufour, 2014).

Revisão sistemática que avaliou a eficácia de exercícios de resistência na AR afirmou que os exercícios de resistência melhoram significativamente a força isocinética, força isométrica e a força de preensão. Que os exercícios ocasionam impacto positivo no teste de caminhada. Os resultados sugerem que o exercício físico é uma atividade segura e oferece uma melhora significativa da capacidade funcional e da deficiência – meta-análise (Baillet, Vaillant, Guinot, Juvin, & Gaudin, 2012).

3.2 Atividade física na artrite reumatoide

As seguintes unidades de registros compõem esta categoria temática: atividade física moderada 30 min/dia/quarto vezes/semana, programa de atividade física coordenado por profissionais especializaddos, exercício de força muscular, exercícios aeróbidos, alongamentos, exercícicios de baixa à moderada intensidade, exercícios de resistência de alta intensidade, ciclismo, exercícios aquáticos, corrida, yoga, tai-chi e dança.

Estudo multicêntrico submeteu pessoas com AR a um programa de apoio por um ano para realizar atividade física de intensidade moderada, 30 minutos/dia, pelo menos quatro dias/semana. O programa de apoio incluiu orientação (coaching) individual por fisioterapeuta especializado em técnicas cognitivas e comportamentais. Os participantes ainda receberam suporte por telefone pelo fisioterapeuta uma vez por semana e depois uma vez por mês. Foi ofertado fisioterapia educacional, tratamento com modalidades físicas, e sessões de exercícios duas vezes por semana. Como resultado foi observado melhora significativa da força de apreensão (p <0,01). O estudo concluiu que um ano de programa de apoio permite níveis mais saudáveis de atividade física e melhorias no estado de saúde percebida e da força muscular, no entanto, o autorrelato de atividade física não aumentou – estudo randomizado (Brondin, Eurenius, Jenssen, Nissel, & Opava, 2008).

Estudo investigou os efeitos em longo prazo da adoção de atividade física de intensidade, pelo menos, 30/minutos/dia, ≥4 dias por semana, e os benefícios de um programa de treinamento sobre a saúde percebida, a atividade da doença, dor e limitação de atividade. O grupo controle não foi desencorajado de realizar atividades físicas. Os resultados mostraram que a adoção de atividade física saudável não resultou em melhorias na manutenção da saúde, além disso, não conferiu um aumento, em longo prazo, do estado geral da pessoa acometida por AR. Concluiu-se que a atividade física precisa ser atrelada a outras práticas comportamentais diárias para obter-se melhores sucessos – estudo

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Que o treino de força muscular regular em conjunto com atividade física aeróbica é capaz de melhorar a força muscular máxima e a função física no grupo de intervenção comparado ao grupo controle, mas não conseguiu alterar significantemente a densidade óssea. Que um programa domiciliar de alongamento muscular é mais eficaz na melhora da função dos membros superiores quando comparado aos exercícios de alongamentos simples ou apenas aconselhados. Da mesma forma, a fisioterapia composta por 20 minutos de banhos térmicos, seguidos de mais 30 minutos de cinesioterapia (cinco repetições cada movimento) e de alongamento muscular e resistência muscular (cinco repetições cada exercício, com 20 segundos de intervalo entre cada repetição) mostrou efeitos benéficos no estado funcional e nos sinais inflamatórios de pacientes com AR, após quatro semanas de terapia. Quanto aos exercícios aeróbicos os achados foram contraditórios, um estudo reportou haver piora da extensão do dano à cartilagem articular, dois outros estudos relataram haver melhora na recuperação da função articular e na força muscular quando comparado aos exercícios tradicionais. No contexto geral, os benefícios mais comuns identificados foram a diminuição da dor, do nível de ansiedade, dos sintomas de depressão e melhoria da qualidade do sono e da performance funcional – revisão de literatura (Miculis, Pereira, Cieslak, Hernandez, Góes, & Israel, 2009).

Revisão sistemática investigou a eficácia dos exercícios, como intervenção de cuidado, para melhorar as características relacionadas à doença em pacientes com AR. Seus achados afirmam que as manifestações da AR incluem dor, rigidez, a lesão da estrutural da articulação, perda de densidade óssea e fraqueza muscular, consequentemente, a pessoa com AR restringe a amplitude de movimento das articulações afetadas e a limitação funcional interfere no desempenho das tarefas físicas diárias, afetando a qualidade de vida. A participação em programas de exercício físico prolongado pelas pessoas com AR mostra melhorias das limitações trazidas pela doença sobre a capacidade funcional, sem induzir efeitos nocivos sobre a atividade da doença e sem causar danos às articulações. A adoção de exercícios de baixa à moderada intensidade de força aumenta a capacidade física sem agravar a dor ou atividade da doença. No entanto, programas de exercícios de resistência de alta intensidade representa um meio mais eficaz para o aumento da força muscular em comparação com o treinamento de baixa intensidade e exercícios de amplitude de movimento, sem qualquer evidência de agravamento dos sintomas comuns. A realização de exercícios de alta intensidade quando comparados com a não realização de atividade física é vista como mais benéfica, porém este achado ainda é controverso. Alguns pacientes com extensa lesão estrutural podem necessitar absterem-se de atividades que incluam carga significativa sobre as articulações danificadas, sendo que a avaliação de profissional experiente é essencial nesta condição de saúde. Exercícios de resistência progressiva são considerados eficazes e vistos como uma intervenção segura para estimular o aumento da musculatura em pessoas com AR, podendo inclusive reverter a caquexia reumatoide, anormalidade metabólica, que afeta cerca de dois terços de todos. A eficácia do treinamento de força reside na qualidade e quantidade da sua aplicação. A aplicação incorreta da frequência do exercício e da intensidade pode não induzir melhorias na força muscular. Exercícios de força muscular para as pessoas mais velhas ou indivíduos com estilos de vida sedentários deve ser iniciado com, pelo menos, duas sessões por semana, envolvendo 8-10 exercícios para grupos musculares diferentes e permitir a conclusão de um conjunto de 10-15 repetições por exercício. Estas intervenções aumentam a capacidade funcional e força muscular, sem agravar os danos às pessoas com AR – revisão sistematizada (Metsios, Kalinogloua, Treharne, Nevill, Sandoo, & Panoulas, 2008).

A revisão sistemática ainda aponta que, andar de bicicleta é uma atividade aeróbica que utiliza grandes grupos musculares dos membros inferiores, podendo ser realizada tanto em ambientes fechados, como ao ar livre, individualmente ou em grupos. O ciclismo parece induzir consistentemente efeitos benéficos sobre a capacidade aeróbia, capacidade funcional e força muscular. Exercícios aquáticos melhoram a capacidade funcional, a força muscular e o estado psicológico, sendo que seus benefícios

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dança sugere melhorias na capacidade aeróbia, capacidade de caminhar, força muscular e sobre a condição psicológica, tais como a ansiedade e depressão. No entanto, não ocasiona mudanças significativas na densidade óssea. A combinação de treinamento aeróbico e de força intensa tem sido recomendado como regime de exercícios mais amplamente utilizado em pesquisas recentes na AR, por produz aumento significativo tanto em capacidade cardiorrespiratória e da força muscular. Esta modalidade de exercício vem sendo recomendada pelo Colégio Americano de Reumatologia como diretriz de tratamento e gestão da AR. Assim, o estudo conclui que há fortes evidências sugerindo que o exercício de baixa à alta intensidade, nas diversas modalidades físicas, as características relacionadas à doença e aumentam a capacidade funcional das pessoas com RA. Entretanto, os pesquisadores afirmaram que outros estudos são necessários para investigar os efeitos do exercício em melhorar o estado cardiovascular desta população de estudo – revisão sistematizada (Metsios, Kalinogloua, Treharne, Nevill, Sandoo, & Panoulas, 2011).

4 Discussão

Inicialmente apresenta-se a síntese do conhecimento evidenciado nos artigos analisados e, sequencialmente, a inferência sobre os achados.

4.1 Síntese 1

O exercício físico reduz o número e o tempo de internação, a sintomatologia da AR, e sua progressão, bem como dos processos inflamatórios que trazem dor e limitação dos movimentos. Ainda contribui para melhor funcionamento do sistema cardiovascular e músculo-esquelético. Reduz problemas emocionais e psicológicos e os custos para o cuidado à saúde. Melhores resultados são obtidos pela regularidade dos exercícios e pela orientação e acompanhamento de profissional especializado. Os resultados evidenciam a relevância do exercício físico no controle da AR, seus benefícios sobre os sistemas orgânicos e estado mental. Apesar de muitos estudos ainda afirmarem a necessidade de maiores investigações, os resultados já apontam os benefícios da atividade física e sua relação com a melhor qualidade de vida. Pois, seus benefícios vão para além dos sistemas orgânicos, abrangem aspectos sociais, de independência e de autonomia. A AR pode limitar as atividades da vida diária e as atividades relacionadas ao trabalho, o cuidado preventivo e curativo, medicamentoso e não medicamentoso melhora a manutenção dos hábitos diários e redução dos sofrimentos.

Considerando que a AR é uma doença progressiva, deve-se ter em mente a importância da adesão ao tratamento, e neste aspecto ressalta-se o papel da equipe de saúde frente à educação em saúde e para o autocuidado, bem como frente a avaliação continuada que permite a reavaliação dos cuidados prescritos e a implementação dos cuidados com a reabilitação sempre que necessário.

O Consenso da Sociedade Brasileira de Reumatologia afirma que os programas de exercícios possibilitam a restauração ou ganho da amplitude de movimento articular, o fortalecimento e o alongamento muscular, capacidade aeróbica e melhora do desempenho para as atividades diárias e/ou específicas (Mota, Cruz, Brenol, Pereira, Rezende-Fronza, & Bertol, 2012), assim reafirmando os achados deste estudo.

Outro estudo aponta que o nível de atividade física é um bom marcador para a atividade da doença e o baixo nível de atividade física antes do início da AR está associado a maior gravidade da doença.

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Estudo de revisão, realizado recentemente, reafirma os efeitos benéficos da atividade física às pessoas com AR, tais como: redução do comprometimento inflamatório das articulações; menor grau de progressão doença; redução do risco cardíaco, comprometimento do fêmur e coluna vertebral, fadiga, percepção dolorosa, sintomas de depressão; melhora da qualidade de vida e da qualidade do sono (Verhoeven, Tordi, Prati, Demougeot, & Mougin, 2016).

Conhecer os benefícios da atividade física sobre a artrite reumatoide possibilitou melhor planejamento do cuidado de enfermagem e principalmente da educação em saúde, caracterísitca essencial às pesssoas com AR para o controle da doença. A educação em saúde permite que a pessoa com AR compreendar melhor sua doença e, com isso, obtenha maior controle sobre sua vida (Gomes, Coutinho, & Miyamoto, 2013).

4.2 Síntese 2

É recomendado exercício físico de intensidade moderada, 30 minutos ou mais/dia, quatro ou mais vezes/semana. As modalidades de exercícios mais recomendadas são: hidroterapia, treino de força muscular, resistência e de alongamento, ciclismo.

Ainda não há consenso sobre o tipo de atividade física a ser realizado pelas pessoas com AR e sobre o tempo da atividade, ma a recomendação mais comums foi a atividade física diária/regular de média intensidade que exercite a musculatura, as articulações, criando força muscular e óssea e contribuindo para o bom funcionamento do sistema cardíaco. Quanto ao tempo assemelha-se ao indicado para a maioria das pessoas pela Organização Mundial da Saúde: 50 minutos semanais de atividade física leve ou moderada, cerca de 20 minutos por dia, ou, pelo menos, 75 minutos de atividade física de maior intensidade por semana (cerca de 10 minutos por dia). A diferença é que a atividade intensa para pessoas com AR necessita ser avaliada, de acordo com o comprometimento articular. A orientação profissional é considerada benéfica, pois indica o melhor exercício, verifica a qualidade da execução e estimula a regularidade da atividade.

O repouso nas fases agudas da doença, por sua contribuição para redução dos processos inflamatórios. Quanto às modalidades de exercícios encontradas por este estudo o Consenso ainda recomenda a caminhada e a corrida. Também é recomendado o yoga, pois envolve uma variedade de posturas e alongamentos. Vários estudos descobriram que duas sessões de yoga por semana durante seis semanas melhora o escore que avalia o comprometimento articular, a percepção dolorosa e a autoestima. Há também evidências que o tai-chi e a dança podem ser úteis no controle da doença (Verhoeven, Tordi, Prati, Demougeot, & Mougin, 2016).

Outro estudo afirma que as atividades físicas recomendadas na AR devem ser viáveis, então a atividade física a ser escolhida deve ajustar-se à condição física e às deformidades resultantes da doença, deve proporcionar bem-estar. As atividades recomendadas envolvem treinamento de resistência, com repetição de exercícios especificamente projetados para aumentar a força muscular e gradativamente a resistência aos movimentos. Atenção especial deve ser dada aos exercícios para quadríceps, deltoides e para os músculos das mãos. O exercício aeróbio deve buscar aumentar o consumo máximo de oxigênio, elevando a frequência cardíaca para 50% a 80% da frequência cardíaca máxima (Verhoeven, Tordi, Prati, Demougeot, & Mougin, 2016).

Os resultados encontrados permitiram a seleção de cuidados necessários para educação em saúde das pessoas com AR e a elaboração do manual educativo almejado. Entende-se que, estudos de revisão que integram práticas de cuidados permitem a reavaliação das ações de enfermagem e a melhoria da qualidade do cuidado prestado. Assim, entende-se que estudos de revisão, com abordagem qualitativa, favorecem a síntese de conhecimentos produzidos, a incorporação e a aplicabilidade de resultados de estudos significativos, reconhecidos como evidências científicas.

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Como limite do estudo aponta-se a busca não ter abrangido todas as bases de dados e o uso de somente dois descritores. No entanto, observou-se que os resultados obtidos são muitos similares nas diversas publicações, bem como a recomendação de maiores investigações.

5 Conclusões

Os benefícios da atividade física regular, encontrados por este estudo, abrangem redução do número e do tempo de internação, da sintomatologia da AR e sua progressão, dos processos inflamatórios, da dor e limitação dos movimentos. Melhora do funcionamento cardiovascular e músculo-esquelético. Redução dos problemas emocionais e psicológicos e dos custos para o cuidado à saúde.

As atividades físicas que devem ser indicadas às pessoas com AR abrangem: exercício físico de intensidade moderada, 30 minutos ou mais/dia, quatro ou mais vezes/semana. As modalidades de exercícios mais recomendadas são: hidroterapia, treino de força muscular, resistência e de alongamento, ciclismo, caminhada, corrida, yoga, tai-chi, dança.

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Referências

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