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denominação Fazenda Sossego códice AVI F01 Can

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Academic year: 2021

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215 município Cantagalo época de construção século XIX estado de conservação

detalhamento no corpo da ficha uso atual / original

residencial / fazenda de gado proteção existente / proposta nenhuma proprietário particular denominação Fazenda Sossego localização

saindo de Nova Friburgo pela RJ-116 em direção ao município de Cantagalo, e prosseguindo pela RJ-166, a Fazenda do Sossego localiza-se antes da localidade de Euclidelândia

Fazenda Sossego, casa-sede

Parceria:

fonte: IBGE - Cantagalo

revisão / data

Thalita Fonseca – out 2010 códice

AVI – F01 – Can

coordenador / data Alexandre Quintella – jun 2010

equipe Alexandre Quintella e Élito José Paschoalino histórico Roberto Grey

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ESTRADA DE ACESSO ESTRADA DE ACESSO FAZENDA SOSSEGO FAZENDA SOSSEGO MONNERAT MONNERAT situação e ambiência

imagens geradas pelo Google Pro 2009

ambiência situação CORDEIRO CORDEIRO CANTAGALO CANTAGALO MACUCO MACUCO RJ 116 RJ 116 MANOEL DE MORAES MANOEL DE MORAES RJ 160 RJ 160 RJ 170 RJ 170 RJ 152 RJ 152 RJ 164 RJ 164 VALÃO DE BARRO VALÃO DE BARRO LARANJAIS LARANJAIS CAMPO ALEGRE CAMPO ALEGRE DUAS BARRAS DUAS BARRAS Fazenda Penedo Fazenda Penedo Fazenda Atalaia Fazenda Atalaia Fazenda São João de Monerat

Fazenda São João de Monerat

Fazenda Ribeirão Dourado Fazenda Ribeirão Dourado FAZENDA SOSSEGO FAZENDA SOSSEGO SANTA RITA DA FLORESTA SANTA RITA DA FLORESTA RJ 152 RJ 152

RIO NEGRORIO NEGRO

RJ 172 RJ 172 RJ 166 RJ 166 RJ 116 RJ 116

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situação e ambiência

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O caminho para a Fazenda Sossego pode ser feito partindo de Nova Friburgo, pela RJ-116, em direção a Cantagalo, passando por duas praças de pedágio e seguindo no sentido de Macuco. O percurso avança em direção às fábricas de cimento Alvorada e Mauá, cuja entrada é a referência para se tomar, à esquerda, uma estrada em leito de terra batida.

Seguindo 3 km por esta via, e tomando o lado esquerdo de uma bifurcação que ali se apresenta, já se segue pela estrada particular da Fazenda Sossego, de onde, aproximadamente 500 m à frente, se avista ao longe sua casa-sede (f01).

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Mangueiras centenárias impedem a visão lateral da sede e o percurso conduz, assim, aos fundos do casarão, onde se tem a visão da varanda da cozinha e da varanda principal, esta última voltada para um jardim interno (f04).

A casa-sede da fazenda foi estrategicamente implantada próxima ao córrego para encurtar a distância entre a edificação e a roda d’água, perto da qual também funcionavam o moinho e o engenho. Esse esquema de implantação foi largamente utilizado na maioria das fazendas, objetivando otimizar os trabalhos na lida diária. Ao lado direito da sede, há um pequeno pomar, que tem como um dos limites um muro de arrimo, o qual nivela o terreno até a frente da casa (f05), e de onde se vê o agradável jardim (f06) localizado entre o terreiro e a sede, comumente identificado em propriedades da época, com arbustos de espécies exóticas. À esquerda da sede, há outro pomar, porém em terreno mais elevado, ao nível da casa (f07 e f8).

O terreiro de secagem de café ocupava toda a extensão frontal da estância que, segundo o proprietário, ainda conserva o calçamento original em lajes de pedra e hoje recebe o curral (f09).

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descrição arquitetônica

O conjunto arquitetônico da casa-sede se organiza em formato de um “L” (invertido), configuração que beneficia a criação de um jardim de uso privativo dos moradores (f10). Edificada sobre porão alto, este ocupa somente o corpo principal da construção, onde estão a área social e os quartos da residência. O pé-direito desse pavimento inferior é suficiente apenas para permitir a circulação e a utilização dos seus espaços como depósitos (f11, f12 e f13).

O sistema estrutural dessa construção é do tipo gaiola: consiste na armação de quadros compostos por esteios de seção quadrada, fincados no chão – a parte dos esteios que fica enterrada (conhecida como nabo) tem seção cilíndrica in natura e é levemente queimada para que o carvão superficial naquele trecho impermeabilize o cerne da peça contra a umidade do solo. Ao nível do piso, os esteios recebem as vigas de seções quadradas que irão suportar os barrotes do assoalho.

Na parte superior, os frechais são apoiados nos esteios por meio de encaixes em meia madeira, sobre os quais descansam os forros e as coberturas.

O telhado à moda copiar ou tacaniça apresenta múltiplos panos de telhas tipo capa e bica, que, na maioria das vezes, eram fabricadas no local durante a obra. Os beirais largos protegem as alvenarias externas dos respingos de chuva, e para esconder as pontas de caibros do beiral, em todo o perímetro da edificação foram colocadas réguas de madeira escalonadas em ângulo, formando um generoso emolduramento conhecido como cimalha, que figura como um elemento decorativo na fachada retilínea e plana (f14).

A tipologia da edificação segue o estilo colonial brasileiro, sendo desprovida de maiores decorações e apresentando uma simplicidade de estética equilibrada, o que a torna graciosamente nostálgica e bela (f15). As janelas que marcam a simetria da fachada principal são guarnecidas por robustas peças maciças de madeira; as folhas de abrir pelo lado interno são lisas, em madeira maciça (folhas cegas), e, externamente, as folhas são do tipo guilhotina, em caixilhos de madeira e vidro. Apresentam, ainda, externamente, sobre-vergas como elemento de adorno (f16), as chamadas pestanas, além de pingadeira para evitar a entrada de águas de chuvas que eventualmente possam escorrer pela fachada.

Internamente, as portas altas (f17) com caixonetes em madeira lisa são típicas da linguagem colonial: apresentam folhas lisas de abrir duplas e bandeira em caixilhos para vidro liso incolor, que repassam a luz dos cômodos melhor servidos da iluminação natural. A sala de jantar é um perfeito exemplo da utilização deste artifício (f18), sendo a luminosidade recebida por ela distribuída para os demais cômodos adjacentes – o pequeno escritório, a capela e o quarto principal da casa.

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221 descrição arquitetônica 15 18 16 17 14

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descrição arquitetônica

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A planta da casa define claramente as áreas próprias de receber, viver e de serviços, separando a sala de visitas, o pequeno escritório e o quarto de hóspedes logo na entrada principal (f19), e destinando os aposentos de serviços aos fundos da edificação.

A entrada principal é marcada por escada de lance único (f20), executada em pedra lavrada e guarnecida nas laterais por gradil em ferro trabalhado, cujos elementos decorativos verticais são fixados em uma barra chata de ferro, que, por sua vez, recebia o corrimão em madeira – arremate este não mais existente.

Já o acesso de serviço ocorre por uma varanda menor aos fundos (f21), na extremidade do “L”, lateral à varanda principal.

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descrição arquitetônica

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A casa conta com quatro quartos, uma alcova (f22), uma pequena capela, grande sala de jantar com vista para o jardim interno (f23), copa, cozinha com fogão a lenha e fumeiro, despensa, um depósito e um banheiro situado nos fundos, junto ao corredor que interliga copa e cozinha.

Voltada para o jardim junto a casa e mais íntimo, uma varanda (f24) contorna todo o lado interno da planta em “L”, e para ela se abrem as janelas e portas da edificação (ver f04). É provável que ali os proprietários desfrutassem de momentos de descanso e sossego, contando histórias e refletindo sobre os acontecimentos nas tardes ensolaradas de verão.

Restringindo o acesso à varanda, há um curioso portão de ferro de dimensões reduzidas (f25), aparentando servir mais para impedir a entrada dos animais de criação doméstica do que propriamente pessoas, embora se saiba que o respeito guardado aos senhores de terras era tamanho, que só se adentrava em sua casa segundo autorização deste.

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descrição arquitetônica

Na cozinha (f26) ainda funciona o antigo fogão a lenha e, sobre este, o fumeiro (f27), que nada mais é que uma gaiola em ripas de madeira, onde são penduradas as peças de carne salgada e peças de rapadura para serem defumadas. O calor do fogão e a fuligem mantêm a rapadura seca, impedindo-a que derreta e azede – no momento do consumo, a peça de rapadura era raspada para a retirada da camada superficial de fuligem (picumã), na qual se misturavam teias de aranhas e poeira do ambiente.

Ainda na cozinha, conserva-se o piso original em ladrilhos hidráulicos (f28) fabricados pelo mesmo artesão1 que produziu os pisos do centenário Colégio Anchieta, em Nova Friburgo – repete-se na cozinha da instituição a mesma padronagem observada em ambiente de idêntica utilização na fazenda.

1O artesão em questão foi um imigrante italiano que veio para Nova Friburgo trabalhar exclusivamente na construção do Colégio Anchieta, tendo por aqui fixado raízes. Atribui-se o aspecto rudimentar em que aqueles pisos eram produzidos e a falta de maiores cuidados na sua produção à grande demanda então existente que o impedia de exercer um controle de qualidade muito preciso, uma vez que, no conjunto, os desenhos geométricos proporcionam um belo efeito; e, ainda, ao fato de que as unidades com pequenas distorções e falhas eram vendidas mais em conta e o comprador, por esta razão, se fazia menos exigente.

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descrição arquitetônica

Abrindo-se para a sala de jantar está a singela capela da propriedade (f29), estrategicamente posicionada para facilitar as orações antes das refeições e no fim do dia, antes do recolhimento dos proprietários. Dotada de um pequeno altar removível confeccionado em madeira, sua mobilidade o permite ser transferido para a sala de jantar, objetivando prover dessa infraestrutura celebrações em ocasiões especiais, como o casamento de algum membro da família, quando se eram recebidos muitos convidados.

A sala principal (f30) fica localizada na extremidade esquerda da edificação e nela ainda se encontra o piso original em tábuas (f31).

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descrição arquitetônica

A partir dela é possível contemplar o belo panorama da propriedade (f32), inclusive o terreiro de secagem de café, localizado em nível inferior adjacente (f33).

Os forros na casa observados são tábuas de madeira sobrepostas, tipo saia e camisa, guarnecidos com uma larga sanca (ver f18). A propriedade ainda guarda alguns móveis e utensílios de época (f34, f35, f36 e f37). Das construções originais, além do casarão da sede, a fazenda conserva apenas um pequeno paiol (f38) e um galinheiro (f39).

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descrição arquitetônica

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detalhamento do estado de conservação

A casa-sede não apresenta sinais de grandes desgastes provocados pelo tempo ou por falta de manutenção, sendo necessárias apenas pequenas intervenções no sentido de proteger a integridade física do imóvel e promover melhorias no jardim e entorno imediato, de modo a compor uma ambientação contemplativa e valorizar as condições naturais oferecidas pelo lugar.

As edificações rurais que remanesceram sofreram algumas intervenções, como os alicerces do paiol, feitos em pedra, que foram substituídos por novas colunas em tijolos maciços, mas cuja estrutura principal, tipo gaiola, foi mantida e se apresenta em bom estado de conservação (f40, f41 e f42).

O galinheiro, embora antigo, também já sofreu reformas e, atualmente, conserva apenas o sistema original de grades em madeira para a ventilação do local e o telhado em telhas coloniais (ver f38).

O jardim interno sofreu modificações no seu traçado original e teve o piso em grande parte da sua área revestido por cimentado (ver f23).

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229 representação gráfica PAIOL córrego REPRESA lago GALINHEIRO tanque SEDE córrego estrada ponte córrego caminho po nte pomar jardim jardim caminho 5 10 0 40 ruinas do antigo engenho POCILGA ruinas do antigo engenho ANTIGO TERREIRO DE CAFÉ (curral) representação gráfica AII - F01 - Can revisão: Francyla Bousquet

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equipe:

Alexandre Quintella / Élito Paschoalino

data:

jun 2010 Alexandre Quintella

desenhista: Inventário das Fazendas do Vale do Paraíba Fluminense

FAZENDA SOSSEGO

Implantação escala: 1/1000

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detalhamento do estado de conservação CO COZ CI WC WC DEP DES CO Q AL SE SJ SE Q E CA jardim VA 1 5 0 PO PO PO PO PO PO d d 24.63 10.59 13.78 22.70 12.04 8.92 22.70 10.59 Q Q Q VA VA s s

Planta Baixa da Sede - 1º Pavto.

2 escala: 1/250

CI - circulação

DEP - depósito DES - despensa

CA - capela CO - copa Q - quarto

AL - alcova

alvenaria demolida alvenaria existente

Inventário das Fazendas do Vale do Paraíba Fluminense

desenhista:

Alexandre Quintella jun 2010

data: equipe:

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revisão: FAZENDA SOSSEGO SJ - sala de jantar

Alexandre Quintella / Élito José Paschoalino

AVI - F01 - Can VA - varanda WC - banheiro Francyla Bousquet E - escritório representação gráfica COZ - cozinha

Planta Baixa da Sede - Térreo

1 escala: 1/250

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histórico

Em 1852, o capitão Antônio Teixeira de Carvalho casou-se em primeiras núpcias com Rosa Vieira de Jesus, que herdara a Fazenda Sossego, vizinha à sesmaria de Santa Rita, de seu pai. Ao morrer Rosa, em 1855, a Fazenda Sossego já estava inteiramente implantada, com uma cafeicultura produtiva. Antônio, em 1856, casou-se pela casou-segunda vez com Virgínia Amélia Durão, descendente do comendador tenente-coronel João Pereira Durão, dono da Fazenda do Bonfim, avaliador, vereador e ajudante de campo do imperador.

A casa-sede foi construída por volta de 1830. Embora se tratasse de uma edificação relativamente pequena, com quatro dormitórios e três salas, suas janelas possuíam detalhes em cantaria e as portas eram de folhas duplas. A fazenda possuía também um engenho completo de cana.

Com o advento da morte de Antônio de Teixeira Carvalho, a fazenda foi transferida em herança a seus filhos, um dos quais, Eduardo Teixeira de Carvalho, o Durãozinho, teve uma destacada carreira como advogado, poeta, promotor público, juiz e deputado pelo Partido Conservador, sendo finalmente nomeado 1° promotor da Corte. Por volta de 1901, a Fazenda Sossego foi comprada pelo coronel Sebastião Monnerat Lutterbach, que se tornaria um dos maiores cafeicultores da região, mais tarde dono também da Fazenda Sant’Anna, em Cantagalo, e também um grande criador de gado Guzerá.

A partir da decadência progressiva da cultura de café, no final do século XIX, período que teve seu cume na grande crise de 1930, a Fazenda Sossego foi definitivamente dedicada à exploração e criação de gado leiteiro. Posteriormente, a propriedade pertenceu a José Guedes Martins, e hoje se encontra nas mãos de seu neto, Rogério Martins Daflon, que restaurou a sede e nela recebe regularmente um grande círculo de familiares.

Referências

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