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ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: O QUE DIZEM AS ORIENTAÇÕES CURRICULARES NACIONAIS

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ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: O QUE

DIZEM AS ORIENTAÇÕES CURRICULARES NACIONAIS

Carla Daeski de Andrade – carladaeski@gmail.com

Universidade Estadual de Ponta Grossa Ponta Grossa - Paraná

Eliane Aparecida dos Santos – elianedosantos0@gmail.com

Universidade Estadual de Ponta Grossa Ponta Grossa - Paraná

Leila Inês Follmann Freire – leilaiffreire@gmail.com

Universidade Estadual de Ponta Grossa, Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Educação Matemática, Departamento de Química

Ponta Grossa - Paraná

Silvio Luiz Rutz da Silva – slrutz@gmail.com

Universidade Estadual de Ponta Grossa, Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Educação Matemática, Departamento de Física

Ponta Grossa - Paraná

Resumo: O objetivo do presente trabalho é apresentar as aproximações das orientações

curriculares oficiais brasileiras para a educação infantil com o referencial da Alfabetização Científica. Para isto, partimos dos documentos curriculares no campo da Educação Infantil e das contribuições da Alfabetização Científica no Ensino de Ciências a partir dos trabalhos realizados pelos autores Sasseron e Carvalho (2011), Delizoicov e Lorenzetti (2001) e Almeida e Terán (2013) e as contribuições do seu desenvolvimento na Educação Infantil.

Palavras-chave: Alfabetização Científica, Educação Infantil, Ensino de Ciências.

1 INTRODUÇÃO

O Ensino de Ciências, na perspectiva da Alfabetização Científica, vem sendo investigado mundo afora, especialmente no que tange ao nível de escolarização do Ensino Médio e Fundamental, a partir dos 6-7 anos. Mas quando adentramos o espaço da Educação Infantil, as investigações são muito mais restritas. Por conta disso, neste trabalho apresentamos um recorte de uma pesquisa maior, que envolve professores da Educação Infantil e seus entendimentos e práticas de Alfabetização Científica neste nível de ensino.

Ao pesquisar o Ensino de Ciências na Educação Infantil numa perspectiva de Alfabetização Científica, acreditamos que se faz necessário realizar um apanhado histórico

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sobre a consolidação da Educação Infantil como primeira etapa da Educação Básica, bem como da importância de trabalhar com o Ensino de Ciências desde a Educação Infantil, contribuindo assim, para a construção da criança enquanto sujeito histórico e cidadão em construção, partícipe da sociedade.

Seguindo esta premissa voltaremos nosso olhar para as leis e documentos curriculares oficiais brasileiros tendo em vista o que apresentam com relação à Educação Infantil consolidando caminhos para que a criança tivesse seu espaço reconhecido na sociedade bem como seus direitos com relação à educação.

Nesse sentido, o objetivo desse trabalho é, apresentar as aproximações de orientações curriculares oficiais brasileiras (Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil - RCNEI - e a Base Nacional Comum Curricular - BNCC) com o referencial da Alfabetização Científica, especificamente, na etapa educação infantil. Este trabalho se caracteriza como uma pesquisa qualitativa de caráter exploratório e documental, que foi desenvolvido por meio da análise dos documentos oficiais que abordam a Educação Infantil no Brasil.

Assim, o artigo está dividido em três sessões, sendo que na primeira pontuamos as políticas públicas no campo da Educação Infantil, na segunda abordamos os conceitos de Alfabetização Científica e na terceira apresentamos as aproximações da Alfabetização Científica com o Ensino de Ciências na Educação Infantil.

2 AS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A CRIANÇA PEQUENA NO BRASIL E A ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA

2.1 As políticas públicas que envolvem a criança pequena no Brasil

Nos dias atuais muito vem sendo pesquisado sobre o percurso histórico do atendimento da criança pequena no Brasil, perpassando da ideia de criança e de infância, bem como os modelos escolares que foram se modificando com o passar do tempo.

Seguindo esta premissa destacamos as políticas públicas que abordam o atendimento da criança pequena no Brasil. Inicialmente, com a Constituição Federal de 1988, a criança passou a ter direito ao atendimento em instituições de Educação Infantil, conforme o artigo 208 em que o Estado garante uma educação básica, obrigatória e gratuita dos 41 aos 17 anos

1 Salientamos que para esta pesquisa utilizamos a redação que passou a ser utilizada com a Emenda Constitucional 059/2009 que torna obrigatório o atendimento das crianças a partir dos 4 anos de idade na modalidade de pré-escola no segmento da Educação infantil.

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de idade e que na educação infantil, o atendimento seria realizado em creches e pré-escolas para as crianças com idade de até 5 anos.

Outro documento importante com relação à criança foi o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei 8069/90, seguido da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) de 1996 (Lei nº 9394/96) que vem propondo inovações à Educação Básica no Brasil, colocando a Educação Infantil como parte da Educação Básica e que o atendimento das crianças com idade entre 0 e 3 anos deve ser realizado em creches e para as crianças com idade entre 4 e 6 anos esse atendimento seria realizado em pré-escolas, lembrando que pela redação da Emenda Constitucional EC nº 059/2009 o atendimento em pré-escolas é realizado para crianças com idades entre 4 e 5 anos (e não mais com 6 anos), as quais deverão ser matriculadas em classes de 1º ano do 1º ciclo no Ensino Fundamental.

Com a LDB 9394/96, tornou-se necessária a construção de documentos como o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil - RCNEI (1998), dividido em três volumes, com a finalidade de auxiliar os professores de Educação Infantil no desenvolvimento de seu trabalho na sala de aula, bem como as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica que tem por finalidade orientar as políticas públicas, auxiliando na elaboração, planejamento, execução e avaliação das propostas pedagógicas e curriculares relacionadas a todas as etapas da Educação Básica (BRASIL, 2009). Em consonância com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil, coube aos estados e municípios desenvolver também as suas diretrizes para nortear o trabalho dos professores nesta etapa da educação.

No ano de 2017, foi homologada a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), caracterizada como um documento plural, contemporâneo que estabelece um conjunto de aprendizagens essenciais que todos os estudantes têm direito, a partir dela as redes de ensino tanto públicas como particulares passam a ter uma referência nacional obrigatória na elaboração e adequação dos currículos e propostas pedagógicas. Tornando-se assim, uma política educacional articulada e integrada com a parceria do MEC (Ministério da Educação e Cultura), Estados, Distrito Federal e dos Municípios (BRASIL, 2017).

Todos os documentos legais destacados acima, visam a garantia dos direitos das crianças bem como nortear o trabalho que vem sendo desenvolvido em toda a Educação Básica, em especial na Educação Infantil.

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2.2 Alfabetização Científica: apontamentos iniciais

Segundo Sasseron e Carvalho (2011), na literatura nacional encontram-se pesquisadores que utilizam o termo “alfabetização científica” (CHASSOT 2000 e 2003; AULER, DELIZOICOV, 2001; BRANDI; GURGEL, 2002; LORENZETTI; DELIZOICOV, 2001;), outros autores que utilizam a expressão “letramento científico” (SANTOS, 2007; MAMEDE; ZIMMERMANN, 2007; SANTOS; MORTIMER, 2001) e também a expressão “Enculturação Científica” (CARVALHO; TINOCO, 2006, MORTIMER; MACHADO, 1996), para designarem o objetivo do ensino de Ciências: a apropriação dos conhecimentos científicos pelos estudantes para a formação cidadã.

Apesar da pluralidade semântica utilizada pelos pesquisadores nacionais, todos apresentam preocupações em relação ao ensino de ciências, objetivando aproximar e integrar conhecimentos científicos, a tecnologia e a sociedade, com a finalidade de formar cidadãos cientificamente alfabetizados.

Para Sasseron e Carvalho (2011), Alfabetização Científica é usada para designar ideias em que se planeja um ensino que possibilite aos alunos a interação com uma nova cultura, um novo modo de ver o mundo e seus acontecimentos, que podem ser modificados e modificar a si mesmos a partir de sua interação com saberes, conhecimentos científicos e habilidades associadas ao fazer científico. As autoras elencam eixos estruturantes da alfabetização

científica sendo eles:

- Compreensão básica de termos, conhecimentos e conceitos científicos fundamentais: que envolve trabalhar com os alunos a construção de conhecimentos científicos necessários e que possibilite a eles a aplicação destes em situações diversas no seu dia-a-dia. - Compreensão da natureza das ciências e dos fatores éticos e políticos que circundam

sua prática: ciência como um corpo de conhecimentos em constante transformações no

processo da aquisição de dados, síntese e decodificação dos resultados originários dos saberes. Traz contribuições com relação ao comportamento que assumem alunos e professores no momento em que se defrontam com informações e conjuntos de circunstâncias que exigem reflexão e análises a partir de seu contexto antes da tomada de decisões. - Entendimento das relações existentes entre ciência, tecnologia, sociedade e

meio-ambiente: compreender as aplicações de saberes construídos pelas ciências com base nas

ações que podem ser desencadeadas pela utilização dos mesmos. É importante se trabalhar a partir deste eixo nas escolas, visando um futuro sustentável para a sociedade e o planeta. As autoras defendem que propostas didáticas surgidas a partir destes eixos serão

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capazes de promover o início da Alfabetização Científica, pois terão criado oportunidades para trabalhar problemas que envolvem a sociedade e o ambiente, provocando discussões concomitantemente com os fenômenos do mundo natural, bem como, a construção de empreendimentos gerados a partir de tal conhecimento (SASSERON; CARVALHO, 2011). Nessa mesma ótica, Delizoicov e Lorenzetti (2001) apontam que Alfabetização Científica se caracteriza como um processo em que o indivíduo possa Ler, Compreender e Expressar opinião que envolva diversos assuntos da ciência. Mas para que isso aconteça, os autores sugerem atividades possíveis de serem desenvolvidas na prática educativa das Ciências nas séries iniciais: desenvolvendo a arte, a música, vídeos educativos, uso sistemático da literatura infantil, o ambiente virtual, visitas a órgãos e instituições educativas e públicas, para auxiliar na complexa tarefa de possibilitar a compreensão do mundo.

Segundo Delizoicov e Lorenzetti (2001), “a sala-de-aula se constitui numa oportunidade privilegiada para a sistematização do conhecimento que está sendo veiculado através das várias ações promovidas” (p. 53), apontando três momentos pedagógicos: problematização inicial, organização do conhecimento e aplicação do conhecimento, como opção didático metodológica para estruturar o trabalho docente na sala de aula.

Almeida e Terán (2013) afirmam que é necessário que a Alfabetização Científica seja trabalhada desde a Educação Infantil, pois possibilita o desenvolvimento da criança chamado pelos autores de mundo da ciência, uma vez que a criança “passará a ver as ciências além de simplesmente guardar conceitos e significados e a verá como uma forma de linguagem usada por homens e mulheres para que entendam o mundo que o cercam” (p. 6).

Sendo assim, concordamos com as ideias de Almeida e Terán (2013), a implementação da Alfabetização Científica na Educação Infantil contribui para o processo de ensino-aprendizagem e para construção de um posicionamento crítico dos sujeitos frente aos acontecimentos do meio social.

3 O ENSINO DE CIÊNCIAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL, O QUE TRATAM OS DOCUMENTOS: APROXIMAÇÕES COM A ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA

Passaremos agora a analisar dois dos principais documentos orientadores da Educação Infantil em nível nacional (BNCC e RCNEI), evidenciando aproximações relativas ao Ensino de Ciências passível de ser desenvolvido nesta etapa.

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A BNCC, documento publicado em 2017, visa assegurar aos estudantes dez competências gerais que compõem os direitos de aprendizagem dos alunos, complementando os currículos a fim de assegurar as aprendizagens de cada etapa da Educação Básica.

Está estruturada e dividida entre as etapas da Educação Básica e no que diz respeito à Educação Infantil, assegura os direitos de aprendizagem e de desenvolvimento que possibilitam às crianças condições de aprender e se desenvolver de acordo com a sua faixa etária, os chamados campos de experiências divididos em: Eu, o outro e o nós; Corpo,

gestos e movimentos; Traços, sons, cores e formas; Escuta, fala, pensamento e imaginação; Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações.

A partir dos campos de experiências são definidos os objetivos de aprendizagem e de desenvolvimento que são organizados em três grupos de acordo com a faixa etária: bebês (0 -1 ano e 6 meses), crianças bem pequenas (-1 ano e 7 meses – 3 anos e -1-1 meses) e crianças pequenas (4 anos – 5 anos e 11 meses).

O RCNEI é um documento norteador, publicado em 1998, que está dividido em três volumes: Introdução, que faz uma reflexão sobre as creches e pré-escolas no Brasil, apresentando e fundamentando as concepções de criança, educação, instituição e profissionais que utilizaram para que fosse possível definir os objetivos gerais da Educação Infantil e assim fosse possível orientar a organização dos eixos de trabalho. O segundo volume trata da Formação Pessoal e Social que favorece a construção da identidade e da autonomia da criança, e o terceiro aborda o Conhecimento de Mundo em que apresenta seis tópicos referentes aos eixos a serem trabalhados: Movimento, Música, Artes Visuais, Linguagem

Oral e Escrita, Natureza e Sociedade e Matemática.

Sendo assim, no que diz respeito ao RCNEI, nos deteremos ao eixo que trabalha Natureza e Sociedade pois trata das disciplinas de Ciências, História e Geografia de maneira integrada, visando ampliar as experiências das crianças e possibilitar a construção de conhecimentos variados tanto no meio social como no meio natural.

Dos campos de experiências, descritos na BNCC, que devem ser desenvolvidos durante a Educação Infantil, nos deteremos aos campos: O EU, O OUTRO E O NÓS e ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES, pois é nestes campos, assim como no eixo Natureza e Sociedade do RCNEI que podemos observar mais aproximações com a Alfabetização Científica.

Tanto a BNCC no campo O EU, O OUTRO E O NÓS como o RCNEI abordam a importância das interações entre seus pares bem como com os adultos, possibilitando assim

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que a criança construa “seu modo de agir, sentir e pensar, descobrindo então que existem outros modos de vida, pessoas diferentes, com outros pontos de vistas” (BRASIL,2017).

Já no que diz respeito ao campo ESPAÇOS, TEMPOS, QUANTIDADES, RELAÇÕES E TRANSFORMAÇÕES da BNCC, apresentamos um trecho representativo da orientação trazida pelo documento para a Educação Infantil:

[...] promover experiências nas quais as crianças possam fazer observações, manipular objetos, investigar e explorar seu entorno, levantar hipóteses e consultar fontes de informação para buscar respostas às suas curiosidades e indagações. Assim, a instituição escolar está criando oportunidades para que as crianças ampliem seus conhecimentos do mundo físico e sociocultural e possam utilizá-los em seu cotidiano (BRASIL,2017).

Assim, acreditamos que muitos dos conceitos abordados na Alfabetização Científica podem ser relacionados com a Educação Infantil, possibilitando que a criança desde pequena possa estar inserida em um ambiente que lhe propicie ser alfabetizado cientificamente pois assim como Delizoicov e Lorenzetti (2001) acreditamos ser possível desenvolver uma alfabetização científica mesmo antes do indivíduo dominar o código escrito.

Nesse sentido, apresentamos no quadro 1 com alguns trechos do RCNEI em que é possível perceber algumas aproximações entre o documento e os referenciais da Alfabetização Científica.

Quadro 1: Aproximações do RCNEI com referenciais da Alfabetização Científica

Considerações do RCNEI Referencial - Alfabetização Científica

O trabalho com os conhecimentos derivados das Ciências Humanas e Naturais deve ser voltado para a ampliação das experiências das crianças e para a construção de conhecimentos diversificados sobre o meio social e natural. Nesse sentido, refere-se à pluralidade de fenômenos e acontecimentos — físicos, biológicos, geográficos,

Ao trabalhar com a AC, objetivamos que os alunos interajam com uma nova cultura, uma nova forma de ver o mundo, podendo modificá-los por meio de práticas conscientes, pela interação dos saberes, de noções e conhecimentos científicos (SASSERON; CARVALHO, 2011 p. 61).

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históricos e culturais —, ao conhecimento da diversidade de formas de explicar e representar o mundo, ao contato com as explicações científicas e à possibilidade de conhecer e construir novas formas de pensar sobre os eventos que as cercam (p.166). O trabalho com este eixo, portanto, deve propiciar experiências que possibilitem uma aproximação ao conhecimento das diversas formas de representação e explicação do mundo social e natural para que as crianças possam estabelecer progressivamente a diferenciação que existe entre mitos, lendas, explicações provenientes do “senso comum” e conhecimentos científicos (p. 167).

Alfabetização Científica visa contribuir para a formação de cidadãos críticos para a atuação na sociedade (SASSERON; CARVALHO, 2011).

Delizoicov e Lorenzetti (2001) propõe um ensino de ciências que forneça subsídios para que os alunos sejam capazes de compreender e discutir os significados de assuntos científicos e que possam aplicar seu entendimento e mundo.

À medida que crescem, se deparam com fenômenos, fatos e objetos do mundo; perguntam, reúnem informações, organizam explicações e arriscam respostas; ocorrem mudanças fundamentais no seu modo de conceber a natureza e a cultura (p.169).

Desenvolver atividades que permitam argumentações entre alunos e professores em diversos momentos da investigação. Assim, as discussões devem propiciar que os alunos levantem hipóteses, construam argumentos para dar credibilidade à tais hipóteses, justificando suas afirmações reunindo argumentos capazes de conferir consistência e uma explicação para o tema investigado (SASSERON; CARVALHO, 2011).

O brincar de faz-de-conta, por sua vez, possibilita que as crianças reflitam sobre o Mundo. Ao brincar, as crianças podem

Almeida e Terán (2013) apontam que é “fundamental, primeiramente que os temas sejam abordados de forma lúdica através de

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reconstruir elementos do mundo que as cerca com novos significados, tecer novas relações, desvincular-se dos significados imediatamente perceptíveis e materiais para atribuir-lhes novas significações, imprimir-lhes suas ideias e os conhecimentos que têm sobre si mesma, sobre as outras pessoas, sobre o mundo adulto, sobre lugares distantes e/ou conhecidos (p. 171).

jogos simbólicos, do “faz-de-conta”, de personagens da literatura e da televisão” (s/p).

Por meio de algumas perguntas e da colocação de algumas dúvidas pelo professor, as crianças poderão aprender a observar seu entorno de forma mais intencional e a descrever os elementos que o caracterizam, percebendo múltiplas relações que se estabelecem e que podem, igualmente, ser estabelecidas com outros lugares e tempos (p. 172)

O Ensino de Ciências deve partir de atividades problematizadoras em que as temáticas sejam capazes de relacionar e conciliar as diferentes áreas e esferas da vida de todos, assim, a ciência e seus produtos são elementos presentes em nosso dia-a-dia e apresentam estreita relação com a nossas vidas (SASSERON; CARVALHO, 2011 p.62)

Fonte: os autores, com base no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998) e em autores da área de Alfabetização Científica.

A partir das aproximações entre os referenciais apresentados neste quadro percebemos que é possível que a criança esteja inserida desde a Educação Infantil em um ambiente que promova uma Alfabetização Científica, pois as abordagens sugeridas no RCNEI oportunizam diversos momentos em que o professor pode aproveitar para inserir elementos da Alfabetização Científica durante a realização das atividades propostas em sala de aula.

Sendo assim, como foi colocado no RCNEI, o eixo Natureza e Sociedade deve possibilitar que os alunos tenham uma aproximação ao conhecimento bem como com as suas formas de representação e explicação no mundo em que vivemos (BRASIL, 1998).

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A partir do que foi exposto neste trabalho, percebemos, que os documentos curriculares oficiais para a Educação Infantil abordam o ensino de ciências numa perspectiva investigativa e que proporcione aos alunos a elaboração de hipóteses e compreensão acerca dos fenômenos que possam ser observados ou não, para a sua compreensão, capacitando-os para refletir e elaborar explicações para os temas observados.

Assim, percebemos que os documentos curriculares oficiais propõem atividades que visam a formação integral das crianças, em especial, nesta análise inicial do RCNEI, vemos que é possível que o Ensino de Ciências seja trabalhado numa perspectiva de Alfabetização Científica. Para tanto, temos que pensar como podemos contribuir para que os professores que trabalham com esta etapa da educação básica - a Educação Infantil - desenvolvam atividades na perspectiva da Alfabetização Científica.

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