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O preconceito da migração e a migração do preconceito: a face segregacionista da realidade sul-africana pós-apartheid

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realidade sul-africana pós-apartheid

Resumo

O objetivo deste trabalho é provocar uma refl exão sobre as difi culdades encaradas por migrantes internacionais que saem de seus países em busca de melhores condições de vida na África do Sul. Para isso, o artigo utiliza dados estatísticos coletados a partir de documentos ofi ciais e apresenta particularidades da legislação, que sofreu várias modifi cações aos longos dos anos. Por fi m, traça um panorama atual utilizando o contexto histórico do país como pano de fundo e também aborda a questão dos refugiados.

Luís Filipe Pereira Pós-graduando em Política e Relações Internacionais pela FESPSP (fi lipe_jornalismo@yahoo.com)

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Migração africana: uma breve apresentação

do tema

Constituída a partir de uma série de processos que englobam principalmente fenômenos sociais, a migração pode ser considerada elemento fundamental na trajetória evolutiva da humanidade. Questionamentos sobre a natureza deste tipo de comportamento, no entanto, ainda persistem. Alguns autores acabam interpretando-o como algo natural, uma busca por melhores condições de vida inerente ao comportamento animal, enquanto outros não descartam certa anormalidade, uma vez que a longo prazo a mudança pode ser responsável pela perda das raízes culturais e consequente crise de identidade, além de provocar reações nem sempre amistosas no país de acolhimento (Tolentino, 2009).

Conceitualmente falando, a palavra migração é originária do latim migratio e remete ao signifi cado de passagem de um lugar para outro, que podem ser estados nacionais diferentes no caso das migrações internacionais. Já o termo migrante designa quem se desloca e portanto se coloca sob uma nova jurisdição. Ao tratar da questão da mobilidade internacional, a Geografi a apresenta os conceitos de imigração e emigração. Imigração indica a entrada de pessoas de outros países num determinado território e emigração, a saída. (Baraldi, 2014).

Segundo levantamento1 da Organização das Nações Unidas realizado em 2013, mais de 232 milhões de pessoas estão longe do seu país de origem, o que equivale a 3,2% da população mundial. Deste total, 96 milhões residem em países em desenvolvimento e 86% nasceram em países do Sul. As razões para o

1 EXECUTIVE COUNCIL, 9ª ordinary session, Banjul, 2006. African Common Position on Migration and

Develop-deslocamento geralmente incluem fatores políticos, econômicos e de ordem religiosa. Do número total de migrantes existentes em todo planeta, estima-se que mais de 50 milhões sejam cidadãos africanos e as mulheres, que não se submetem mais à opinião de cônjuges ou parceiros para buscar melhores condições de vida, representam quase metade deste total. Segundo a União Africana2, a crescente feminização da migração é uma tendência e se deve em parte ao aumento da demanda por profi ssionais como enfermeiras e professoras em regiões específi cas do continente. Neste processo, muitas delas acabam frequentemente expostas a condições abusivas e submetidas à violação de direitos.

Também é cada vez maior o número de crianças e adolescentes que estão migrando independentemente da vontade de pais e responsáveis. Seja ela forçada ou espontânea, essa mobilidade também representa desafi os para os estados de origem e acolhimento, em termos de assistência médica adequada, educação e proteção contra a violação de direitos. Campanhas de prevenção ao tráfi co infantil também se tornam importantes e tentam cumprir o papel de alertar sobre como lidar com o problema, garantindo assistência às vítimas e buscando detectar redes de criminosos. A União Africana também destaca a migração de idosos. Na terceira idade, a decisão de mudar de país acaba sendo infl uenciada principalmente por fatores não-econômicos. No entanto, geralmente observa-se que realizar esse tipo de mudança no fi m da vida pode ser prejudicial para o bem-estar.

Com o fenômeno recebendo cada vez mais atenção das organizações internacionais, que se debruçam para analisar a real dimensão do problema, surge a necessidade de percebê-lo como oportunidade

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de desenvolvimento. A nível econômico, o movimento acaba sendo encorajado pela realidade de baixos salários e alto nível de desemprego em diversos países do continente africano. Além disso, o foco de migrações se concentra entre países vizinhos, com o aumento da população de migrantes na parte oeste do continente africano, principalmente nas regiões costeiras. No entanto, esta confi guração está longe de ser um padrão, uma vez que são observados fl uxos de migrantes não somente nesta região.

Partido do ponto de vista histórico, apesar de os movimentos de descolonização terem trazido consigo a introdução de conceitos como nacionalismo e soberania, é incerto o papel do processo de formação dos estados no período pós-colonial no que se refere à mobilidade da população africana. No período pós-independência, o fl uxo de pessoas obedeceu ao caminho da urbanização, mesmo que os governantes recém-empossados não tenham transformado as estruturas herdadas do período colonial em mecanismos para atender os anseios da população. Além das cidades em crescimento, muitos migrantes buscaram regiões agrícolas consideradas férteis.

Se por um lado instabilidade política e incerteza podem servir como estímulo para que as pessoas deixem suas casas com destino a outro país, por outro acabam funcionando de forma inibidora. Cidadãos sob a tutela de regimes autoritários tendem a se deparar com um rígido controle governamental e restrições para deixarem o país de origem. Isso pode explicar uma análise recente que estabelece um crescimento da emigração em países com um nível maior de liberdade política. Estudos sob a lógica de um viés revisionista propõem que as migrações dentro do continente africano sejam encaradas não somente como um simples deslocamento de pessoas que deixam países

pobres em busca de melhores condições de vida em países mais desenvolvidos (Flahaux & De Haas, 2014). Para compreender o fenômeno seria preciso perceber o migrante como uma pessoa dotada de capacidade de discernimento e que possui ambições e recursos, suscetível a infl uências sociais e culturais. Deste modo, as migrações expandem o acesso à educação e ao conhecimento, e acabam também associadas ao desenvolvimento. Para isso, a União Africana3 pede que países de origem, trânsito e destino desenvolvam políticas de maneira integrada, descartando a simples adoção de medidas que reforcem a segurança e o controle de fronteiras.

A recomendação é que os esforços se

concentrem principalmente na criação de

oportunidades em países conhecidos como focos de migração para que a população jovem não se veja sem perspectivas. Deste modo, a ideia também é combater outro problema: a ‘fuga de cérebros’, uma vez que várias regiões do continente têm o desenvolvimento estagnado pela partida de profi ssionais como médicos, professores, contadores e engenheiros. Tal processo, no entanto, é difi cultado pela falta de transparência das políticas de migração, o que também torna difícil qualquer tipo de análise. A criação de uma legislação específi ca é sugerida pela União Africana4 e pode ser algo vantajoso tanto para quem recebe como para quem envia mão-de-obra. Para os países de origem, as transferências de habilidades e tecnologia, além das remessas de dinheiro enviadas, podem ser um mecanismo facilitador para a obtenção de metas de desenvolvimento. Para os países de destino, a chegada de trabalhadores oriundos de outros lugares pode

3 EXECUTIVE COUNCIL, 9ª ordinary session, Banjul, 2006. African Common Position on Migration and Development. Banjul, 2006.

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satisfazer as necessidades do mercado de trabalho e colaborar para o crescimento da economia local.

Classifi car os países entre receptores e exportadores de migrantes nem sempre é fácil, o que pode difi cultar a aplicação de medidas para amenizar o problema. Conforme a proximidade de destinos mais procurados regional e internacionalmente, alguns acabam sendo classifi cados tanto como de origem como de acolhimento de migrantes, bem como de trânsito. A existência de blocos de integração regional, que permite o livre trânsito de bens, serviços e pessoas também oferece uma oportunidade de mobilidade dentro do continente. Longe do país de origem, os migrantes acabam enviando remessas de dinheiro aos familiares, o que constitui um dos principais efeitos da migração, sentido principalmente a nível familiar, mas também com refl exos em âmbito regional. Com papel signifi cativo nos países em desenvolvimento, elas fazem parte dos rendimentos dos serviços e contribuem para a balança de pagamentos. Apesar das difi culdades encontradas principalmente em relação ao alto custo para efetuar as remessas, a União Africana estima que os fl uxos ultrapassem US$ 200 milhões anuais (Posição Comum Africana sobre Migração e Desenvolvimento, 2006).

A União Africana entende que além de refl etir diretamente na difi culdade de controle das migrações, a facilidade de trânsito entre os países confi gura um empecilho para a obtenção de estatísticas, além de ser um risco para a segurança do continente. Sob o argumento de que o confl ito armado está diretamente ligado ao deslocamento forçado – tanto como consequência como causa - tal situação pode se tornar um complicador para quem recebe migrantes oriundos de países em guerra. A principal preocupação são as ameaças terroristas e o contrabando de armamentos.

Por isso, a União Africana entende que os fl uxos migratórios espontâneos podem colaborar para o aumento das tensões e pede uma solução através do diálogo político e do fortalecimento das instituições.

A cooperação entre os governos é crucial, até porque políticas de imigração rigorosas nos países desenvolvidos acabam refl etindo no aumento das migrações irregulares e no agavamento de problemas como o tráfi co de seres humanos. Compartilhamento de informações entre os países de origem, trânsito e destino, e autoridades de imigração devem ser encorajados com objetivo de levantar dados sobre possíveis vítimas de quadrilhas especializadas em tráfi co de seres humanos e rotas de contrabando. As relações entre os países precisam ser reforçadas nesse sentido e o compartilhamento de informações é de extrema importância no processo (ADEPOJU, 2006).

Sendo assim, o objetivo deste artigo é propor uma refl exão acerca do tratamento dispensado à maioria dos migrantes internacionais na África do Sul. Economia mais desenvolvida do continente, o país possui um Produto Interno Bruto (PIB) acima dos 294 bilhões de dólares e tem na indústria, na mineração e na prestação de serviços as principais atividades. Por outro lado, o desemprego assola 26% da população e o país experimenta uma onda de desigualdade que só aumenta ao longo dos anos. (Banco Mundial, 2016). Com a reestruturação da sociedade a partir da queda do apartheid, cidades como Joanesburgo têm atraído principalmente imigrantes do Sudeste Africano e de outras regiões do continente. Dentro do país, no entanto, a aversão a estrangeiros ganha espaço e quem vem de fora acaba sentindo na pele os efeitos da segregação.

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África do Sul: Destino de mais de 2 milhões

de imigrantes

De acordo com um levantamento5 realizado pela ONU, transitam pelo continente africano os imigrantes mais jovens do planeta, com idade média de 30 anos. Descrita como destino de muitos que migram em busca de melhores condições e perspectivas de trabalho a África do Sul possui atualmente mais de 51 milhões de habitantes e os migrantes internacionais representam uma parcela de 4,2% deste total, o que signifi ca pouco mais de 2 milhões de pessoas. Elas vêm principalmente de países do Sudeste Africano (Tabela 1) e a maioria habita a província de Gauteng, grande centro econômico, que reúne oportunidades de emprego, infraestrutura e diversidade cultural.

Segundo dados de 2011, os migrantes internacionais na África do Sul estavam divididos na seguinte proporção, de acordo com o local de origem: África (75,3%), Ásia (4,7%), Europa (8,2%), América Latina e Caribe(0,3%), América do Norte (0,3%) e Oceania (0,2%). A principal justifi cativa para o intenso fl uxo dentro do continente é sustentada pela oferta de empregos mais bem remunerados, fruto da relativa estabilidade política e econômica da África do Sul, que diferentemente dos vizinhos, não sofre com regimes ditatoriais, guerras civis e surtos de doenças. No Sudeste Africano, a movimentação de pessoas é impulsionada pela existência da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), bloco econômico fundado em 1992 com objetivo de promover cooperação e integração entre 15 países do continente (A dinâmica das migrações na África do Sul, 2011).

5 Disponível em <http://www.statssa.gov.za/publications/Re-port-03-01-79/Report-03-01-792011.pdf> Acesso em 8 set 2017.

Segundo estimativas produzidas pelas últimas edições do Relatório de Migrações Internacionais, também elaborado pela ONU, a rede de imigrações sul africana registrou fl uxo de 96 mil pessoas (entre 1990 e 2000) e 247 mil pessoas (de 2000 a 2010). Nesse mesmo período, o país saltou do 8º para o 6º lugar entre os que mais recebem imigrantes, estando à frente de Canadá, Reino Unido, Arábia Saudita e Austrália. Em 2013 foram emitidas 101.910 permissões de residência temporária e outras 6.801 permanentes. A maioria dessas pessoas também era oriunda de países como Lesoto, Malauí e Zimbábue. Por outro lado, justamente pela falta de registros ofi ciais, a quantidade de imigrantes ilegais não é precisa. Vindos da mesma região e também do Chifre da África, eles se aproveitam da porosidade das fronteiras para entrarem no país sem serem submetidos a qualquer tipo de controle migratório.

Para explicar a imigração internacional na África do Sul, duas teorias se complementam e auxiliam na compreensão do poder exercido por fatores internos

Tabela 1 – Migrantes internacionais na África do Sul Países da SADC Migrantes % Angola 10.356 0,7 Botsuana 12.316 0,8 Rep. do Congo 25.630 1,7 Lesoto 160.806 10,9 Madagascar 318 0,0 Malaui 86.606 5,9 Ilhas Maurício 2.813 0,2 Moçambique 393.231 26,6 Namíbia 40.575 2,7 Seicheles 249 0,0 Suazilândia 36.377 2,5 Tanzânia 6.887 0,5 Zâmbia 30.054 2,0 Zimbábue 672.308 45,5 Total 1.478.526 100,0

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e externos. A primeira corrente estabelece uma relação entre migração e oportunidades de emprego e aponta que nações com escassa oferta de mão-de-obra e alta demanda costumam oferecer salários mais altos do que aqueles praticados por países com excedente de trabalhadores (Ravenstein, 1885). Neste caso, é importante entender o processo como um ciclo. A África do Sul precisa ser compreendida não somente como local de destino, mas também ponto de partida de muitos cidadãos que buscam melhores condições de vida na América do Norte e na Europa. Deste modo, enquanto recebe mão de obra qualifi cada a partir da chegada de cidadãos de outras nações africanas, também experimenta a chamada ‘fuga de cérebros’, com a saída de indivíduos bem sucedidos profi ssionalmente. A segunda linha de pensamento defi ne que os fl uxos migratórios se favorecem principalmente de laços construídos no passado, representados por mecanismos de transporte, comunicação e aspectos culturais e linguísticos em comum. Uma vez que essas relações são iniciadas, são difíceis de serem interrompidas e obedecem a uma lógica não linear, que envolve fatores que vão além do aspecto econômico, como a disponibilidade de políticas migratórias desenvolvida pelos governos, além de valores socioculturais encampados pelas mais variadas etnias presentes no continente africano (Russel, 2012). Isso explica porque desde o fi m do apartheid tem crescido o volume de imigrantes internacionais na África do Sul.

Entendendo o contexto histórico

Antes da década de 1990, enquanto ainda vigorava o regime segregacionista, a maioria dos migrantes era originária de países como Moçambique, Lesoto, Zimbábue e Malaui. Subqualifi cados, eles chegavam principalmente para prestar serviços nas áreas de

agricultura e mineração, com objetivo de atender uma demanda específi ca nesses setores. Acordos bilaterais previam o recrutamento de migrantes por uma rede sul-africana de gerenciamento de mão-de-obra, que operava a partir de escritórios nos países vizinhos. No fi m do período estipulado pelo contrato de trabalho, os migrantes eram obrigados a retornarem ao país de origem para renovação do vínculo empregatício. Muitos falavam dialetos locais e possuíam laços culturais no país, o que facilitava a adaptação. Com o passar do tempo, permaneciam nas zonas rurais ou nos subúrbios, integrados à comunidade local (Morris, 1998). A fi m de garantir uma oferta abundante de mão-de-obra barata, o governo fazia vista grossa à migração clandestina, mas se posicionava contrariamente aos pedidos de cidadania protocolados por migrantes negros. O alinhamento da política migratória ao comportamento racista da sociedade fi cou evidente quando, entre os anos 1960 e 1980, o governo passou a promover a vinda de imigrantes brancos oriundos de países como Zâmbia, Quênia e Zimbábue que se sentiam ameaçados pela maioria negra em seus países, e os tornou cidadãos sul-africanos, com objetivo de aumentar a população branca local.

Mesmo com o crescimento dos movimentos de libertação e democratização do país, que desencadeavam novas expectativas na população negra do Sudeste Africano, o governo sul-africano seguiu adotando barreiras burocráticas para a liberação de vistos e outros documentos de permanência, além de priorizar rígidas políticas de controle, o que acabou fazendo crescer o fl uxo de migrantes ilegais na década de 1990. No plano interno, a derrocada do apartheid se aproximava e refl etia, pouco a pouco, no desenvolvimento de um sentimento nacionalista. A população local não via com bons olhos o aumento

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substancial de imigrantes vindos de países vizinhos, que encaravam a queda do regime segregacionista como uma oportunidade para alcançar melhores condições de vida no país mais industrializado do continente. Para os sul-africanos, os estrangeiros queriam apenas tomar vantagem da prosperidade econômica e relativa estabilidade política trazida pelo processo de democratização do país. Desse modo, entendiam que não era justo passar anos lutando por igualdade de oportunidades para brancos e negros, para que forasteiros aproveitassem os avanços trazidos por tais mudanças.

Atendendo aos anseios conservadores da sociedade foi instituída em 1991 a Lei de Controle de Estrangeiros, que recebeu o apelido de ‘Último ato do apartheid’ por instituir práticas consideradas draconianas e estimular a xenofobia (Hicks, 1999).Três anos mais tarde, o primeiro governo democraticamente eleito teve como missão promover mudanças relativas ao papel desempenhado pela África do Sul a nível regional e global, e isso passava pela necessidade de modifi cações na política migratória. A primeira reforma na legislação ocorreu em 1995, com a eliminação da disposição que estabelecia que imigrantes irregulares pudessem ser mantidos em detenção indefi nida, sem revisão judicial. O objetivo era tornar a lei de imigração o mais próxima possível da carta de direitos prevista na constituição do país, que previa acesso a direitos sociais, políticos e econômicos a todos os residentes, independentemente da condição que se encontravam. No entanto, foi mantido um dos pontos de caráter mais questionável, que envolvia a defi nição de ‘pessoas proibidas’. Segundo a legislação, este conceito se aplicava a todos os indivíduos que já tivessem recebido qualquer ordem de deportação anteriormente ou haviam entrado no país sem se

reportar às autoridades de imigração. A lei também dava plenos poderes a policiais para seguirem efetuando prisões sem a necessidade de mandados.

A manutenção de tais disposições continuava confi gurando um obstáculo capaz de ferir o migrante enquanto indivíduo e cidadão provido de direitos. Dividido em três partes por Marshall (1967), o conceito de cidadania é concebido após uma junção das partes civil, política e social. Composto pelos direitos necessários à liberdade individual, como a liberdade de ir e vir, liberdade de imprensa, pensamento e fé, o elemento civil estabelece o direito à propriedade e de concluir contratos válidos, além do direito à justiça. O elemento político engloba o direito de participar no exercício do poder político, como um membro de um organismo investido da autoridade política ou como um eleitor dos membros de tal organismo. Já o elemento social se refere a tudo que vai desde o direito a um mínimo de bem-estar econômico e segurança ao direito de participar, por completo, na herança social e levar a vida de um ser civilizado de acordo com os padrões que prevalecem na sociedade.

A seção 53 da Lei de Controle de Estrangeiros, que estabelece o padrão de ‘suspeita razoável’, que dá a policiais e agentes de imigração o direito de prender, deter e repatriar pessoas – tenham elas o perfi l de pessoas proibidas ou não – pode ser inválida porque é excessivamente arbitrária. A seção 53 permite que autoridades do governo abordem e questionem pessoas pelo fato de serem estrangeiras ou especifi camente pelo fato de serem potenciais imigrantes. Esse padrão de suspeita razoável também é arbitrário porque dá instruções equivocadas de como julgar essas pessoas. Isso viola o direito a liberdade e segurança de cada uma delas (HICKS, 1999).

Com o passar do tempo, foram seguidas tentativas de ajustar a legislação à nova realidade

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democrática do país. No fi m de 1996, o governo do presidente Nelson Mandela designou um grupo de trabalho para repensar a política migratória. Os encontros resultaram em um documento que trazia a questão sob uma nova ótica, sugerindo a admissão de migrantes qualifi cados o sufi ciente para suprirem as necessidades da economia sul-africana, mas também enumerava argumentos a favor de mecanismos de regulação que barrassem a imigração irregular. Descrita como uma importante ferramenta para a construção da jovem nação e consequente geração de riqueza no país, a migração planejada possibilitaria a criação de crescimento e desenvolvimento econômico. No entanto, o mesmo documento foi criticado por seu caráter contraditório. Ao mesmo tempo em que chamava atenção para a importância de construir uma política de imigração fi el ao que previa a carta de direitos estabelecida na constituição, priorizava a defesa da soberania e autonomia da África do Sul para determinar quem poderia entrar no país ou não.

Com objetivo de prevenir que potenciais imigrantes usem vistos de visitantes para procurar por trabalho dentro do país, todos os pedidos de imigração e permissões de trabalho precisam ser feitos fora da África do Sul. Nos casos de pedidos de residência permanente ou temporária, os interessados também precisam pagar taxas consideravelmente altas. Linhas aéreas e empresas de transporte marítimo são multadas em caso de passageiros irregulares ou sem documentação (PEBERDY, 2001).

Cinco anos mais tarde foi instituída a nova legislação voltada especifi camente para os imigrantes. Sepultando a antiga Lei de Controle de Estrangeiros, a Lei de Imigração6 segue em vigor até os dias de hoje. Ela foi criada a partir de uma série de refl exões, como a

6 Disponível em <http://www.dha.gov.za/IMMIGRATION_

utilização da migração internacional como dispositivo prático para obtenção de metas de desenvolvimento do país. Também prevê a simplifi cação de procedimentos burocráticos para estrangeiros e a facilidade de expedição de permissões de residência, reforço na segurança das fronteiras para desencorajar imigrantes ilegais e redes de contrabandistas, e sugere uma discussão em conjunto com outros países sobre problemas relacionados ao tema. Além disso, a lei assegura a proteção dos direitos humanos dos imigrantes e tenta prevenir a disseminação de práticas hostis na sociedade a partir da manutenção de um elo entre a infl uência de trabalhadores estrangeiros na formação dos cidadãos sul-africanos.

A realidade, no entanto, escancara o preconceito. Migrantes em busca de melhores condições são facilmente associados a atividades ilegais, como a criminalidade. Nas ruas de Joanesburgo, maior metrópole sul-africana, muitos acabam discriminados pelo simples fato de possuírem um penteado diferente ou não falarem o idioma do país de acolhimento.

Um homem da República Democrática do Congo foi atacado e gritou pedindo por ajuda, mas ninguém apareceu. Depois que o criminoso foi embora, as pessoas que estavam próximas disseram: ‘não o ajudamos porque você gritava em inglês. Se você estivesse gritando em zulu, nós o ajudaríamos’. Então o homem foi até a polícia e ouviu que nada poderia ser feito. (Encontro realizado com estudantes estrangeiros, 25/10/1999) (HARRIS, 2002).

Há oito anos, o zimbabuense Themba Maphosa passou por momentos de tensão ao ser abordado por dois policiais. Diferentemente do que prevê a legislação, sob a truculência dos agentes e sem poder explicar sua condição, Themba e o amigo Valentine – que também estava em situação regular - foram detidos em um

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distrito policial e depois transferidos para o Centro de Repatriação de Lindela, que funciona nos arredores da cidade e abriga imigrantes em situação irregular. Enquanto aguardava a deportação e sem ter o direito de se defender formalmente, o zimbabuense passava parte do tempo em uma cela apertada, compartilhada com outros estrangeiros que viviam sob a mesma condição. Duas semanas depois, embarcou em uma viagem de dois dias de trem em direção ao país natal.

A história de Themba não é um caso isolado e se repete com tantos outros zimbabuenses, congoleses e nigerianos. Para perceber a dimensão do fenômeno e compreender de que modo estrangeiros são afetados pelo preconceito, é importante considerar como são retratados pela opinião pública em manchetes de jornais e fóruns de discussão na internet, além das redes sociais. Generalizações envolvendo imigrantes oriundos de países vizinhos são uma constante (Nyamnjoh, 2010).

Nos estereótipos sustentados pela imprensa e legitimados pela sociedade, a utilização de forma deliberada do termo “ilegal” desumaniza os imigrantes enquanto seres humanos e estimula o preconceito. Nigerianos são associados ao controle do tráfi co de drogas e congoleses identifi cados como fraudadores de passaporte e contrabando de diamantes. Já as mulheres zimbabuenses acabam relacionadas à prostituição. São comuns manchetes alarmistas como “Ilegais na África do Sul levam cidades à decadência” e metáforas depreciativas, como “A África inunda a Cidade do Cabo”.Para Neocosmus (2008), durante o processo de democratização do país, na década de 1990, os trabalhadores imigrantes, principalmente da área de mineração, passaram a ser enxergados por parte da sociedade como prejudiciais à ‘nova’ África do Sul, que acreditava que a permanência

dessa classe trabalhadora não se encaixaria com o novo momento político vivido pelo país. De um modo geral, essas pessoas eram associadas a uma política de imigração desenvolvida durante o período do apartheid. Na prática, a transição democrática buscava a nacionalização da mão-de-obra utilizada nas minas e na agricultura e estimulava as fábricas a recrutarem cidadãos sul-africanos para atender a demanda necessária.

No discurso político amplamente difundido pela mídia, existe uma tendência de infl ar o volume de migração além dos limites da razão e da lógica. Dentro do contexto de um forte antagonismo em relação aos migrantes, difi cilmente as estatísticas são divulgadas de maneira racional, apresentando dados que além de estamparem o problema, norteiem alguma discussão produtiva, que possa levar ao desenvolvimento de políticas inclusivas. Com isso, é comum que políticos e veículos midiáticos divulguem a existência de 3 milhões de cidadãos do Zimbábue dentro da África do Sul, criando o pensamento de que os sul-africanos atualmente vivem sob um cerco de estrangeiros dentro do próprio país. O caráter oportunista do discurso político acaba permitindo também uma margem de manobra, que em vez de reconhecer o problema, prefere adotar uma postura negligente. Em fevereiro deste ano,durante um protesto anti-imigração em que cidadãos locais gritavam palavras de ordem contra estrangeiros e apontavam a casa de um paquistanês como um local de tráfi co de drogas em Pretória, o presidente Jacob Zuma foi a público expressar a opinião de que não considerava o ato uma manifestação de xenofobia, e sim algo provocado pela falta de compreensão entre ambas as partes.

Outro exemplo é o plano de desenvolvimento divulgado recentemente pelo prefeito de Joanesburgo,

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Herman Mashaba. Entre as diretrizes autorizadas pelo mandatário, estão incursões policiais a prédios abandonados ocupados irregularmente às margens da cidade, onde segundo ele, 80% dos moradores são imigrantes ilegais. Desde julho, 260 pessoas foram presas nessas operações conduzidas pela polícia e por agentes de departamentos controlados por uma força tarefa do governo municipal, que engloba as áreas de Desenvolvimento Social e Gerenciamento Urbano. No que diz respeito ao problema de moradias que essas incursões poderiam provocar a médio prazo, Mashaba garantiu ao portal Eyewitness News7 que está em andamento um plano de construção de casas populares, que prevê exclusivamente a contemplação de cidadãos sul-africanos. “Estrangeiros, ilegais ou não, não são responsabilidade da administração municipal”.

A onda conservadora fruto dessa sinergia entre classe política e sociedade tem gerado frutos que o país, tão célebre na luta por igualdade racial e justiça social, não pode se orgulhar.Entre janeiro de 2012 e dezembro de 2016 foram registradas 369 mil deportações, segundo dados do próprio governo sul-africano (Relatório sobre Imigração Internacional, 2017), apesar de a legislação estabelecer princípios que desencorajam este tipo de medida. A estatística não impede o avanço da imigração irregular, já que muitos dos deportados acabam de volta à África do Sul, em um fenômeno conhecido como “síndrome da porta giratória”. Em alguns casos, tal prática acaba sendo utilizada por imigrantes que vivem em situação irregular e se deixam ser apanhados de propósito em ocasiões em específi cas, como as festas de fi nal do ano, para poderem visitar a família de maneira gratuita (TATI, 2008). Ativistas de

7 Disponível em <http://ewn.co.za/2017/07/24/joburg-

mayor-mashaba-foreigners-not-the-responsibility-of-the-direitos humanos também concordam que a política de deportação incentiva imigração irregular a partir da difusão de redes de contrabandistas ou de maneira individual, a partir da porosidade das fronteiras, que faz muitas pessoas se arriscarem em travessias por áreas montanhosas onde não existe um controle rígido das autoridades de imigração.

Tentando estabelecer um novo compromisso de nortear futuras políticas de imigração e estabelecer uma ‘visão para 2030’ sobre a imigração, um documento8 foi lançado em julho deste ano pelo governo sul-africano. Ele sugere uma revisão do sistema de imigração da África do Sul e a introdução de mudanças signifi cativas nos próximos dois anos. No texto, o governo entende que os fl uxos migratórios podem ser benéfi cos para o desenvolvimento do país e estabelece princípios que devem servir como direcionadores de decisões a serem tomadas: o respeito à constituição, às questões de segurança nacional e a promoção dos direitos humanos.

A questão dos refugiados

De acordo com a defi nição estabelecida pela Organização das Nações Unidas pela Convenção de 19519, são consideradas refugiadas todas as pessoas que se encontram fora do seu país por serem vítimas de perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade ou posição política.

Refl etindo a tendência estabelecida pela forte corrente migratória, a África do Sul é o país no continente africano com o maior número de pedidos de asilo, com uma média anual de 62 mil solicitações individuais (Relatório sobre Imigração Internacional,

8 Disponível em <http://www.statssa.gov.za/publications/ Report-03-01-79/Report-03-01-792011.pdf> Acesso em 8 set 2017.

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2017)10. Cidadãos zimbabuenses, etíopes e congoleses lideram essa estatística. Em 2014, havia 65 mil refugiados com asilo assegurado pelo governo.

Promulgada em 1998, a Lei para os Refugiados passou a vigorar em 2000. Ela prevê um comitê permanente para assuntos de refugiados e a criação de centros de acolhimento de refugiados e o acesso a direitos de segurança básico, bem como estão assegurados os direitos ao trabalho e à educação. A lei também estipula que toda pessoa que chega aos postos de imigração tem o direito de realizar uma entrevista e pode, ou não, solicitar asilo.

Juntamente com a ratifi cação, pela África do Sul, da Convenção das Nações Unidas sobre o Estatuto dos Refugiados de 1951 e seu protocolo de 1967, a Lei para o Refugiados pode ser entendida como um passo importante para o desenvolvimento de um sistema de proteção para refugiados e solicitantes de asilo. O país também é signatário da Convenção sobre Aspectos Específi cos dos Refugiados na África, estabelecida pela União Africana. As obrigações impostas por tais compromissos fi rmados a nível internacional serviram para nortear a legislação sul-africana no que diz aos critérios de elegibilidade de refugiados, mas isso não impede que 90% dos solicitantes de asilo tenham o pedido rechaçado.

Na maioria dos casos, os solicitantes de asilo possuem uma longa e complicada história para contar, que costuma incluir casos de perseguição decorrentes de um ou mais eventos, muitas vezes em épocas diferentes. Para essa tarefa, os solicitantes geralmente não contam com o apoio de ninguém e precisam ratifi car a versão a um ofi cial de imigração, durante uma breve entrevista. Esse ofi cial é responsável por escrever um relatório a partir do que for contato e 10 Disponível em <http://www.statssa.gov.za/publications/Re-port-03-01-79/Report-03-01-792011.pdf> Acesso em 8 set 2017.

levar, de forma fragmentada, o relato a um comitê, que vai tomar a decisão a partir da leitura desse documento (KLAAREN & SPRIGMAN, 2008).

De acordo com o governo sul-africano, o alto número de pedidos rejeitados se deve às inúmeras tentativas de obtenção do status de refugiado por pessoas em busca de emprego, que não se encaixam neste tipo de perfi l.

Além disso, com o seu relato, o refugiado precisa convencer quem vai ouvi-lo que é vítima de perseguição política ou religiosa e que por isso foi obrigado a deixar o país de origem. De modo geral, falta compreensão e fl exibilidade por parte dos agentes de imigração, uma vez que é natural que muitos solicitantes não estejam propensos a expor de modo clarividente suas mazelas de maneira imediata a um desconhecido.

Especifi camente no caso sul-africano, a separação entre a descoberta do fato e a tomada de decisão acaba refl etindo em consequências indesejadas e não benefi cia ninguém. Se por um lado torna a vida dos solicitantes de asilo mais difícil, uma vez que existe a possibilidade de seu relato chegar deturpado ao comitê de análise, deixa o terreno propício para a ação de possíveis corruptores do sistema, que podem fraudar o processo e fazer com que pessoas em situação irregular entrem no país com status de refugiado.

Outro problema é a não autorização da presença de representantes legais dos solicitantes de asilo, como advogados, nas entrevistas com as autoridades de imigração. Muitas pessoas não entendem que para serem aceitas como refugiadas é preciso apresentar uma trajetória de vida que atenda a um padrão tecnicamente estabelecido. A participação

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de um representante legal durante os interrogatórios benefi ciaria ambas as partes, já que a presença de profi ssionais com pleno conhecimento da lei facilitaria a obtenção de respostas, além de representar um importante apoio psicológico a pessoas que precisam lidar com traumas de todos os tipos e muitas vezes não conseguem organizar o raciocínio de forma lógica no calor do momento.

Conclusão

Apesar dos esforços empreendidos ao longo dos anos no sentido de estabelecer uma legislação efetivamente voltada para a imigração e defi nir aplicação de proteções previstas na constituição, o governo sul-africano peca por não traduzir as leis em algo que implique de fato na garantia dos direitos dessas pessoas enquanto seres humanos.

Essa inércia permite que os cidadãos estrangeiros acabem sendo apontados como responsáveis pelos problemas políticos e econômicos que tem afetado o país e se tornem vítimas de tensões xenófobas, muitas vezes estimuladas pela conduta de agentes públicos, como policiais ou ofi ciais de imigração em portos e aeroportos.

Políticas inclusivas, que possibilitem a redução da burocracia e tornem a migração algo vantajoso para o crescimento do país, são apenas parte da solução do problema. Antes disso, governantes e sociedade deixar no passado a herança do apartheid e compreender que o desenvolvimento econômico e social do continente passa pela compreensão dos fl uxos migratórios não somente como um problema interno, mas algo cujas causas e consequências vão além das fronteiras sul-africanas.

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Tabela 1 – Migrantes internacionais na   África do Sul  Países da  SADC  Migrantes  %  Angola  10.356  0,7  Botsuana  12.316  0,8  Rep

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