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Análise do impacto regulatório na expansão da MMGD

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Academic year: 2020

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ANÁLISE DO IMPACTO REGULATÓRIO

NA EXPANSÃO DA MMGD

AUTORA

Gláucia Fernandes

junho.2019

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A FGV Energia é o centro de estudos dedicado à área de energia da Fundação Getúlio Vargas, criado com o objetivo de posicionar a FGV como protagonista na pesquisa e discussão sobre política pública em energia no país. O centro busca formular estudos, políticas e diretrizes de energia, e estabelecer parcerias para auxiliar empresas e governo nas tomadas de decisão.

SOBRE A FGV ENERGIA

Diretor

Carlos Otavio de Vasconcellos Quintella

SuperintenDenteDe relaçõeS inStitucionaiSe

reSponSabiliDaDe Social

Luiz Roberto Bezerra SuperintenDente comercial

Simone C. Lecques de Magalhães analiStaDe negócioS

Raquel Dias de Oliveira aSSiStente aDminiStrativa

Ana Paula Raymundo da Silva

SuperintenDenteDe enSinoe p&D

Felipe Gonçalves

coorDenaDoraDe peSquiSa

Fernanda Delgado peSquiSaDoreS

Angélica Marcia dos Santos

Carlos Eduardo P. dos Santos Gomes Glaucia Fernandes

Pedro Henrique Gonçalves Neves Priscila Martins Alves Carneiro Tamar Roitman

Thiago Gomes Toledo conSultoreS eSpeciaiS

Ieda Gomes Yell Magda Chambriard Milas Evangelista de Souza Nelson Narciso Filho

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Atualmente, a resolução permite a conexão de gera-dores de até 5 MW na rede de distribuição, a partir de fontes renováveis de energia ou cogeração quali-ficada. A instalação de GD pode ser feita seguindo o modelo de negócio de (i) geração no local de consumo, (ii) autoconsumo remoto, (iii) múltiplas unidades consumidoras, ou (iv) geração comparti-lhada, reunidas em consórcio ou cooperativa3.

A criação das três últimas modalidades após 2015 foi uma grande evolução do setor. Na modalidade de autoconsumo remoto, o consumidor pode insta-lar seu sistema gerador em local diferente do local de consumo, desde que dentro da área de conces-são da mesma distribuidora. No caso de empre-endimento com múltiplas unidades consumidoras, como condomínios, os consumidores podem se unir para instalar um micro ou minigerador central e compartilhar da energia gerada. Já a geração compartilhada ocorre quando dois ou mais consu-No Brasil, a micro e a minigeração distribuídas

(MMGD) foram regulamentadas com a Resolução Normativa 482/2012, que instituiu o modelo de net-metering1 no país.

O regulamento foi aprimorado em 2015 pela RN 687, de modo a impulsionar o avanço da MMGD, para que esse tipo de geração se tornasse viável para um número maior de unidades consumidoras2.

1

O net-metering é um mecanismo de incentivo baseado no sistema de compensação de energia elétrica, no qual o consumidor passa a produzir energia que é usada para abastecer o consumo da unidade.

2 http://www.aneel.gov.br/geracao-distribuida. 3 http://www2.aneel.gov.br/cedoc/ren2012482.pdf.

OPINIÃO

ANÁLISE DO IMPACTO

REGULATÓRIO NA EXPANSÃO

DA MMGD

Gláucia Fernandes

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midores se unem através de consórcio ou coope-rativa para instalar um micro ou minigerador e compartilhar dos créditos gerados por este.

Desde o seu início, já foram mais de 50 mil unidades geradoras instaladas, sendo que após a atualização da regulamentação a MMGD cresceu expressiva-mente no país (ver Figura 1). De 2016 para 2017

houve um aumento de três vezes na capacidade instalada acumulada, fechando o ano de 2017 com mais de 250 MW, segundo dados da ANEEL apre-sentados na Figura 2. Em outubro de 2018 a potên-cia instalada superou a marca de 500 MW. Em março de 2019 o montante de capacidade instalada atingiu aproximadamente 800 MW, considerando todas as fontes e modalidades4.

Figura 1: Evolução anual de Unidades de GD.

Fonte: ANEEL, 20185. 4 https://fgvenergia.fgv.br/publicacao/boletim-de-conjuntura-abril2019. 5 http://www.aneel.gov.br/documents/655804/14752877/Gera%C3%A7%C3%A3o+Distribu%C3%ADda+%E2%80%93+ regulamenta%C3%A7%C3%A3o+atual+e+processo+de+revis%C3%A3o.pdf/3def5a2e-baef-bb59-2ce1-4f69a9cb2d88. 6 http://www.aneel.gov.br/documents/656877/18485189/6+Modelo+de+AIR+-+SRD+-+Gera%C3%A7%C3%A3o+Distribuida. pdf/769daa1c-51af-65e8-e4cf-24eba4f965c1.

Figura 2: Evolução anual da Potência de GD.

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7 http://epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-332/topico-432/09%20 Efici%C3%AAncia%20Energ%C3%A9tica%20e%20Gera%C3%A7%C3%A3o%20Distribu%C3%ADda_Texto.pdf. 8 http://epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-dados-abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-332/topico-432/09%20 Efici%C3%AAncia%20Energ%C3%A9tica%20e%20Gera%C3%A7%C3%A3o%20Distribu%C3%ADda_Texto.pdf.

Uma importante inovação trazida pela RN 482 é o Sistema de Compensação de Energia Elétrica. Esse sistema torna possível que o excedente de energia produzido pelo consumidor seja injetado na rede distribuidora, gerando créditos de energia que serão posteriormente compensados através do uso da energia fornecida pela distribuidora.

Esse sistema foi fundamental para o sucesso da

MMGD no país. A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) estima que até 2027 haverá 1,35 milhão de adotantes de sistemas de MMGD, totalizando 11,9 GW, que exigirão quase R$ 60 bilhões em investi-mentos ao longo do período. Em termos de ener-gia, a capacidade instalada deve contribuir com uma geração de 2,4 GW, suficiente para atender 2,4% da carga total nacional no final do horizonte7. Os

resul-tados da pesquisa são apresenresul-tados na Figura 3.

Figura 3: Estimativa de crescimento da MMGD no Brasil.

Fonte: EPE, 20188.

O aumento dessa geração, todavia, levantou discus-sões sobre a forma de valoração da energia inje-tada na rede. As distribuidoras alegam que o atual sistema de compensação não é capaz de remune-rá-las adequadamente pelo uso da rede de distri-buição, elevando os custos para os demais usuários da rede, que não instalaram geração própria.

Diante dessa questão, a Agência Nacional de Ener-gia Elétrica (ANEEL) propôs modificar as regras atuais do sistema de compensação, após uma maior consolidação do mercado de GD. Tendo em vista definir uma nova forma de valoração da ener-gia injetada na rede que permita o crescimento sustentável da GD no Brasil, a ANEEL abriu

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audiên-BOLETIM ENERGÉTICO

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http://www.aneel.gov.br/sala-de-imprensa-exibicao-2/-/asset_publisher/zXQREz8EVlZ6/content/audiencia-publica-sobre-revisao-de-regras-para-geracao-distribuida-e-prorrogada/656877?inheritRedirect=false.

10 As componentes TE – Perdas e TE – Transporte estão agrupadas juntamente com a TE – Encargos. 11

http://www.aneel.gov.br/documents/656877/18485189/6+Modelo+de+AIR+-+SRD+-+Gera%C3%A7%C3%A3o+Distribuida. pdf/769daa1c-51af-65e8-e4cf-24eba4f965c1.

cia pública para tratar da Análise de Impacto Regu-latório da revisão da REN 482. O objetivo dessa audiência é analisar diferentes alternativas para o sistema de compensação9.

As diferentes alternativas propostas pela agência se diferenciam pela forma como valoram a energia injetada na rede, considerando diferentes compo-nentes da tarifa de fornecimento. A Nota Técnica nº 0062/2018 da ANEEL define 6 alternativas. De maneira geral, a Alternativa 0 significa o sistema conti-nuar como está hoje, isto é, a energia excedente que o consumidor injeta na rede é utilizada para abater integralmente a energia consumida, considerando todas as componentes tarifárias. Na Alternativa 1, o consumidor com geração pagaria pelo valor

corres-pondente ao transporte na distribuição de energia que foi consumida. Já na Alternativa 2, ele passaria a pagar por todo o transporte, na distribuição e na trans-missão, pelo valor que foi consumido. A Alternativa 3 considera no pagamento a parcela de transporte e dos encargos. Na Alternativa 4, além dos custos elen-cados nas demais alternativas, o consumidor com GD também passaria a pagar pelas perdas que aconte-cem no transporte de energia. E, na Alternativa 5, o micro ou o minigerador pagaria por todas as compo-nentes tarifárias, com exceção da parcela correspon-dente à compra de energia, que é paga apenas pelo valor líquido da energia que é consumida ao final do mês. A Figura 4 ilustra as componentes que incidi-riam sobre a diferença entre consumo e geração de acordo com as alternativas apresentadas.

Figura 4: Componentes tarifárias consideradas em cada alternativa10.

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A aplicação dessas novas regras, contudo, deve ser feita após um período de transição, de forma a garantir previsibilidade e segurança regulatória. Segundo a ANEEL, existe a possibilidade de que os consumidores com MMGD continuem na regra atual até o país atingir a potência de 3,36 GW em sistemas locais e 1,25 GW em sistemas remotos, o que aconteceria em 202512. Assim, as alterações

legais seriam feitas observando-se a segurança jurídica e um período de transição razoável para que o mercado possa se adequar às alterações pretendidas.

A aplicação dessas estratégias certamente terá conse-quências na expansão da MMGD no Brasil. A Figura 5 apresenta o impacto de cada uma dessas alterna-tivas no payback de quem atende a MMGD. Com o início da modificação do sistema de compensação em 2025, o tempo de retorno do investimento seria maior, e crescente, para as Alterativas de 1 a 5, do que para a Alternativa 0, que representa o sistema atual de compensação. Apesar da elevação do payback, para a ANEEL, isso não comprometeria o mercado de GD, uma vez que a viabilidade dos projetos se manteria e o mercado estaria mais consolidado.

12 http://www.aneel.gov.br/documents/656877/18485189/6+Modelo+de+AIR+-+SRD+-+Gera%C3%A7%C3%A3o+Distribuida.

pdf/769daa1c-51af-65e8-e4cf-24eba4f965c1.

13 http://www.aneel.gov.br/documents/656877/18485189/6+Modelo+de+AIR+-+SRD+-+Gera%C3%A7%C3%A3o+Distribuida.

pdf/769daa1c-51af-65e8-e4cf-24eba4f965c1.

Figura 5: Evolução do Payback (em anos) para as alternativas de 0 a 5.

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Além dá alteração do sistema de compensação de energia elétrica, há ainda a possibilidade da nova regulação prever a implementação da tarifa binômia para consumidores de baixa tensão, inclu-sive residenciais. De acordo com a Nota Técnica 0062/2018, caso isso aconteça, os retornos obti-dos pela instalação de MMGD seriam reduziobti-dos, gerando um aumento do payback e impactando negativamente na consolidação do mercado. Mas, esse ainda é um problema a ser contornado.

Com relação ao sistema de compensação de ener-gia elétrica, a não alteração das regras atuais repre-sentaria um desequilibro entre todos os usuários da

rede de distribuição. Por outro lado, a mudança da regulamentação impactaria a expansão da MMGD.

Portanto, cabe a todos os agentes envolvidos deci-dir qual peso dar para cada lado balança. Se de um lado, a GD traz com consequência uma redução do mercado do distribuidor, o que diminui a remunera-ção da concessionária e pode se traduzir como um custo para os demais consumidores. Do outro lado, essa geração traz benefícios como a diminuição de perdas de distribuição e de transmissão, uma maior disponibilidade de energia para ser entregue aos demais consumidores, geração de empregos e redução de gás carbono da atmosfera.

Gláucia Fernandes é pesquisadora na FGV Energia e Coordenadora Adjunta do MBA/ FGV em Gestão de Negócios para o Setor Elétrico. Economista pela Universidade Federal de Viçosa (UFV). Obteve o título de Mestre em Economia pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e os títulos de Doutor em Finanças e Pós-doutor em Engenharia Industrial pela PUC-Rio. Durante o doutorado, foi pesquisadora visitante na

University of Texas at Austin - McCombs School of Business. Foi Pesquisadora do Núcleo

de Energia e Infraestrutura - NUPEI, no Departamento de Administração da PUC-Rio. Foi Assessora do Mestrado de Matemática Profmat, com núcleo no IMPA. Dentre seus interesses destacam-se: análise de risco, análise de projetos & investimento, estrutura de capital, modelos de opções com aplicações direcionadas ao Setor Elétrico Brasileiro.

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Imagem

Figura 1: Evolução anual de Unidades de GD.
Figura 3: Estimativa de crescimento da MMGD no Brasil.
Figura 4: Componentes tarifárias consideradas em cada alternativa 10 .
Figura 5: Evolução do Payback (em anos) para as alternativas de 0 a 5.

Referências

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