Os Sonhos Lúcidos
Viagens conscientes da alma ao outro mundo
Coletânea de artigos publicados em sites e revistas
Í n d i ce:
I n tr od u çã o
Pa r t e I - A con sci ên ci a on í r i ca
O q u e é u m a ex p er i ên ci a on ír i ca con sci en t e?
So br e os m ot i v os d e n ã o d i scer n ir m os q u e est a m os em son h o O est a d o n ã o u su a l d a con sci ên ci a ex t r a - ví g i l
Vo c ê p od e fi ca r con sci en t e d u r an t e o son h o
A ver i fi ca çã o d a s l ev es a l t er a çõ es c on sci en t i va s n o son h o A r ea l i da d e d o m u n d o d os s on h os n os t em p os a n t i g os e h oje
Pa r t e I I – Atr a vessa n d o l u ci d a m en t e o p or t a l d os son h os
O p r obl em a d a d in âm i ca u su a l d o son o e d e c om o su p er á - l a
C om o l i d ar com os si n a i s q u e an t eced em u m a ex p er i ên ci a on ír i ca con sci en t e A t écn i ca d o r el a x am en t o vi g i l an t e
Pa r t e I I I – Re c on h ecen d o o s on h o en q u an t o o son h o a con t ec e
A p er cep çã o c on sci en t e d os t r a ços on í r i cos su t i s
O r econ h eci m en t o d a r ea l i da d e in tr a - on ír i ca d ur a n t e o son o O d i scer n i m en t o p el a m em ór ia r esi d u a l Pa r t e I V – E x er ci t an d o o d i scer n im en t o e t est a n d o a r ea l id a d e C u i d a d os n a ed u ca çã o d a a t en çã o ví g i l ( E d u ca çã o Psí q u i ca p a r a o Desp er t ar In tr a -On ír i co) O p r esen t e com o p or t a p ar a a r ea li d a d e on ír i ca n at ur al A T en d ên ci a d e Bu s ca r m os u m Ar t i fi ci a l " Al g o Ma i s" O d es c on d i ci on a m en t o d os p a r â m etr os o bs er va ci on a i s
A sí n t ese d e i n d i ca d or es d e r ea l i da d es op ost a s n a obs er va çã o d a s cen a s ci r cu n d an t es A a m p l ia çã o d o s en t i d o d e r ea l i da d e q u e n os p er m i t e su p er ar o cet i ci sm o u n i l at er al T r an scen d en d o a pr eo cu p a çã o c om a con cr et u d e
Pa r t e V – Par a l i sia d o son o
A p a r a l i sia d o son o e o s on h o l ú ci d o
Pa r t e VI - E x p er i ên ci a s esp i r i tu a i s e son h os l ú ci d os
A vi a g em c on sci en t e a o m u n d o on ír i co c om o ex p er i ên ci a r el i g i osa
As ex p er i ên ci a s on ír i ca s con sci en t es c om o m ei o a d i ci on a l d e in vest i g a çã o d o s c on t eú d o s ct ôn i c os
Son h os l ú ci d o s e m ed i t a çã o
Or i en t a çõe s p r á t i ca s:
R e fl ex õ es e c on sel h os ú t ei s r el a ci on a d os c om o t r a ba l h o d e a t i var a con sci ên ci a d en tr o d os s on h os e/ ou d u r an t e a vi g í l i a
Introdução
Apresento aos leitores um conjunto de artigos meus,
publicados e m s ites e revistas há vários anos, os quais procuraram
detalhar a dinâmica do sonho lúcido, esta estranha modalidade de
sonhar e m que a consciência se manté m ativa, julgando e
discernindo co m plena noção o que se passa. São textos que foram
escritos em te mpos diferentes de minha vida, refletindo o avanço de
minhas experiências com a modalidade lúcida de sonhar.
Os artigos estão orientados predominante mente para a prática,
embora ta mbém realizem incursões no terreno da exploração
teórica. A intenção ao escrevê-los foi tornar a experiência acess ível
a todos os que a bus cassem, fornecendo orientações e auxilio na
superação de dificuldades. Para melhor co mpreensão, procurei
agrupar os artigos em for ma didática, de acordo co m os temas, e não
na orde m cronológica em que foram escritos. As nor mas técnicas de
citação variara m de um artigo para outro, confor me as exigências
das publicações originais.
Agora, que este livro possa des locar-se através do te mpo e do
espaço, e que cumpra co m o objetivo para o qual as mensagens
foram escritas !
Parte I
O que é uma experiência onírica cons ciente?
Por C l eb er Mon t ei r o Mu n i z em 2 5/ 0 8 / 2 0 0 1U ma e xper iê nc ia o nír ic a co nsc ie nt e é u m t ipo esp ec ia l d e so nho : aque le no qua l a pe sso a que do r me co mpree nd e que e st á so nha ndo .
Ta mbé m co nhec ida co mo so nho lúc ido , a exp er iê nc ia o nír ic a co nsc ie nt e (E.O.C.) ve m se ndo cu lt ivada em mu it as cu lt uras ao lo ngo da hist ó r ia. Os po vo s a nt igo s, pr imit ivo s e o rie nt a is, be m co mo cert o s grupo s re lig io so s at ua is, de se nvo lvera m mu it as fo r ma s de a lc a nç á-la .
No rma lme nt e, o ego so nhado r não sa be que so nha e t o ma a s ce nas o nír ic a s co mo se fo sse m do mu ndo ext er io r. E m u m so nho lú c ido , essa co nfusão não exist e.
A co nsc iê nc ia hu ma na t e m o po der de despert ar int ra-o nir ic a me nt e, o u se ja, de faz er co m que a co rde mo s de nt ro de um so nho .
Aq u i, a p a la vra " sonho " é usad a para de sig nar as vivê nc ia s que t e mo s à no it e, e nqua nt o est a mo s do rmindo na c a ma, e das qu a is a lgu ma s vez es no s le mbr a mo s qua ndo aco rda mo s pe la ma nhã. Não est are mo s ut iliza ndo essa pa la vra co mo sinô n imo de "d e va ne io "," ilusão " o u "a lgo que não e xist e" ma s para des ig nar o co nt ato d iret o co m o mu ndo ima g ina l.
To do s t emo s u m mu ndo int erno , fe it o de ima g ina çõ es, a ne lo s e de se jo s. Esse mu ndo int er no é psíqu ico e e nergét ico . Não é denso e fixo co mo o mu ndo ext erno po ré m é, à sua pró pr ia mane ira, co ncret o e rea l.
Qua ndo ado rmec e mo s, a s perce pçõ es do mu ndo e xt er io r cessa m e ade nt ra mo s ao no sso re ino int er io r. As vivê nc ia s ne sse re ino são o s cha ma do s so nho s.
Infe liz me nt e, quase se mpr e via ja mo s at ravés do mu ndo o nír ico inco nsc ie nt e me nt e e não perce be mo s qu e est a mo s e m u m mu ndo para le lo ao víg il.
Qua ndo apre nde mo s a e xerc it ar co rret a ment e a no ssa co nsc iê nc ia, ist o é, o fat o r psíq u ico que no s per mit e prest ar at enç ão e no s mant er e m a lert a nat ura l, po de mo s via jar p e lo s mu ndo s int er io re s co m p le na lu c ide z. Isso é mu it o me lho r do que t er alu c inaçõ e s po r dro gas o u po r indu ção hip nó t ica.
A co nsc iê nc ia edu cada p ara ma nt er a lu c idez dur a nt e o so no no s pro po rc io na vivê nc ia s e se nsaçõ e s incr íveis:
1) Po demo s a ssimila r info r maçõ es d epo sit ada s e m no sso inco nsc ie nt e e passar po r exper iê nc ia s arqu et íp ic as. Te mo s mu it o co nhec ime nt o depo sit ado no inco nsc ie nt e. A co nsc iê nc ia int ra-o nir ic a me nt e de spert a po de t razer esse co nhe c ime nt o à exist ê nc ia víg il.
2) O medo da mo rt e diminu i. O esp ect ro da mo rt e é resig nific ado qua ndo no s de sco br imo s ínt egro s e vivo s e nqu a nt o no sso corpo fís ico do rme na ca ma.
A e xper iê nc ia s o nír ica s co nsc ie nt e s são , ant es de t udo , exper iê nc ia s hu ma na s. A lgu ma s vez es a ssu me m a fo r ma de e xper iê nc ia s re lig io sa s o u eso t érica s mas, a nt es d isso , são exp er iê ncia s p sico ló g ic as. Po r esse mo t ivo , ne nhu m c ie nt ist a de ve t er preco nc e it o co m re la ção às me sma s e ne m rec haçá-la s.
Refe rência s:
Sobre os motivos de não discernirmos que estamos em s onho
Por C l eb er Mon t ei r o Mu n i zA d i v u l g a ç ã o l i v r e d e s t e a r t i g o é a u t o r i z a d a d e s d e q u e c i t a d o o a u t o r T e x t o r e g i s t r a d o . N ã o o p l a g i e p a r a n ã o s o f r e r a s p e n a l i d a d e s d a l e i .
Po ssu ímo s u m c et ic is mo t ão po dero so e m re laç ão à exist ê nc ia co ncret a de u m mu ndo o nír ico e m no sso int er io r que qua ndo est a mo s de nt ro do me smo , e d isso desco nfia mo s, a so lid ez nu mino sa da s ce na s vist a s no s faz crer que est a mo s "do lado de cá " da no ssa vid a.
Te mo s a idé ia, ma is o u me no s inco nsc ie nt e, de que não há u m mu ndo o nír ico co ncr et o e aná lo go ao físico de nt ro de nó s. Essa fo r ma de pe nsar é t ão arra igad a que, qua ndo a lca nça mo s e m so nho a auto -indaga ção so bre o nd e est a mo s, a respo st a quase se mpre é a me sma : "E st o u no mu ndo fís ico ". Isso o corre porque fo r ja mo s u ma re spo st a co ndic io nada se m o perce ber ao invé s de busc á- la cu id ado sa me nt e no s e le me nt o s o nír ico s prese nt es, de ixa ndo que o mu ndo do s so nho s no s dê a respo st a.
O fat o de est armo s d ia nt e de u ma co ncret ude nu mino sa é co nsid erado po r no ssa co nsc iê nc ia imat ura co mo u ma pro va inco nt est á ve l d e que o mu ndo e m qu e est a mo s é o ext er io r. Isso der iva do cet ic is mo e m r e laç ão à po ssib ilida de do mu ndo do s so nho s ser, à sua ma ne ira, verda de iro e co ncret o e da co nc epção de que a se nsaç ão ide nt ific ado ra do que é não -ilu só r io se ja e xc lu siva me nt e pro po rc io nad a pe lo mu ndo e xt er io r. É impo rt ant e fr isar be m isso : o mu ndo o nír ico é rea l à sua pró pr ia ma ne ira, o u se ja, e nqua nt o u m universo fa nt á st ico e imag ina l de nt ro do ho me m e não à ma ne ira do mu ndo fís ico ser rea l. I sso é d ifer e nt e de a fir mar qu e as o co rrênc ia s o nír ic as se ja m part e int egra nt e do mu ndo ext er no . Se me lha nt e idé ia ser ia a bsurda u ma ve z que desde o po nto de vist a esc lu siva me nt e e xt ro vert ido o s so nho s são rea lme nt e a bst rat o s. Ent ret ant o, desde o po nto de vist a psíq u ico e les são co ncret o s po rque a psiqu e é co mpo st a po r energ ia s e as e nerg ia s não são a bst rat as. Elas e x ist e m e são o co mpo ne nt e do s pro cesso s ima g ina is. Sa ia n i (2000, p. 89) afir ma q ue "a maté ria e a psi que são passív ei s de uma interp ret ação en ergétic a." Ent e ndo que não se po de co nsiderar o energét ico a bst rat o po is isso imp lic ar ia e m d esco ncret iza ção de o ndas. Se le vásse mo s essa linha d e pe nsa me nt o ava nt e, t ería mo s que at r ibu ir u m carát er a bst rato a
qua lquer o ut ra fo r ma de e nerg ia d e freq uênc ia o u int ensida de ina ce ssíve is ao s no sso padrõ es me nsurat ó rio s.
O fat o r co ncret ude é inad equado e nqua nt o cr it ér io d ifere nc iado r do p la no da exist ê nc ia no qua l est a mo s e m um d ado mo me nt o . Não o bst ant e, é quase se mpr e usa do pe lo ego , equ ivo cadame nt e, co mo cr it ér io de d isc er nime nt o ent re o que é fís ico e o que é o nír ico . A t ent at iva de reco nhe c ime nt o do t eo r o nír ico / fís ico de uma ce na p erce bid a po r via d iret a e m g era l é fe it a t endo -se po r base a co ncret ude da me sma: se fo r co ncret a e
nít id a a co nsider a mo s e xt er na, pre ssu po ndo , ma is o u me no s
su bco nsc ie nt e me nt e, que se a c e na fo sse int er na ser ia "a bst rat a". Acr ed it a mo s que est ar de nt ro de um so nho é est ar envo lt o po r né vo as e imag e ns " virt ua is", às ve zes t ra nsp are nt es, co mo se o co nt ext o int ra-o nír ico fo sse me no s que o nada...
O equ ívo co desse cr it ér io co nsist e no fat o de que o mu ndo o nír ico é t ão co ncret o quant o o físico , ape sar de su as pe cu liar id ade s no que se re fere a le is e pr inc íp io s que rege m a ló g ic a do s aco nt ec ime nt o s. Os pro cesso s o nír ico s não segue m a me sma ló g ic a do s pro cesso s físico s. A mat ér ia o nír ica, po r e xe mp lo , é a lt a me nt e p lást ica e se mo d ifica inc e ssa nt e me nt e a part ir do s impu lso s co nsc ie nt e s e inco nsc ie nt e s de pe nsa me nt o e sent ime nt o , fa ze ndo co m que o s o bjet o s psíqu ico s a lt ere m a fo r ma rep e nt ina me nt e. Mas isso não sig nific a que t enha m e xist ê nc ia ilu só r ia.
As perc epçõ es int er nas dur a nt e o so no são t ão nít ida s e nu mino sa s qua nt o as ext ernas, razão pe la qu a l a n it idez e a co ncret ude do s o bjet o s que c ir cu nda m o ego ja ma is de ve m ser vir co mo e le me nt o d ifere nc ia do r e pro po rc io na do r do disc er nime nt o nesse c ampo .
Os e le me nt o s co mpo ne nt es do univer so do s so nho s são energét ico s. Co mo , durant e o so no , no ssa co nsc iê nc ia é pura e nerg ia (po is ao do rmir a ba ndo na mo s t e mpo rar ia me nt e a e xist ê nc ia co nsc ie nt e so b a fo r ma ma is de nsa), vibra mo s no me smo níve l d e co ncret ude da s imag e ns int er io re s, razão pe la qua l e la s se no s apre se nt a m co mo pa lp á ve is. A se nsa ção de to car o bjet o s só lido s e se nt ir seu c he iro e sa bo r e m so nho s é a ut ênt ica e ad vé m de ssa a fin id ade vibr ac io na l. N e la re side a o r igem do imp act o nu mino so das e ndo percepçõ e s.
Pe lo mo t ivo re fer ido , é inco ere nt e to mar a nit id ez da s perc epçõ es do s o bjet o s o nír ico s e/o u sua co ncret ude co mo cr it ér io d ifere ncia do r do s no sso s universo s para le lo s, se ja m e le s pesso a is o u t ranspe sso a is. O universo int er io r ace ssado durant e o so no é t ão co ncret o quant o est e. O que o co rre é que e xist e m co ncr et udes re lat ivas: qu a ndo a co nsc iê nc ia e st á e m a fin id ade vibr at ó ria co m o mu ndo e xt er io r, seus o bjet o s lhe p arece m co ncret o s; qu a ndo e la vibra e m sint o nia co m o mu ndo o nír ico , seus e le me nt o s lhe p arece m só lido s.
Isso se e xp lic a pe lo fat o de po ssu ir mo s em no ssa co nst it u ição vár io s graus de co nde nsa ção da e nerg ia: há e m nó s u ma po rção ma is de nsa e u ma ma is sut il. À de nsa c ha ma mo s co rpo fís ico e à sut il p sique. A sut ile z a o u de nsid ade o são ape na s e m r e laç ão ao seu o po sto . O que é abst rato em u m níve l v ibrac io na l da co nsc iê nc ia não o é em o ut ro . Po r isso o s lo uco s gr it a m dese sp erada me nt e e o s pe sade lo s no s at erro riz a m, na ho ra e m que a co nt ece m. Os o bjet o s só lido s do mu ndo ext er io r são agregaçõ e s e nergét ica s cu ja int e nsid ad e ce nt r ípet a é su fic ie nt e para pro vo car peso e dureza. Algo similar o corre e m o ut ro s níve is d e co nsc iê nc ia co m as e nerg ia s psíq u ica s.
A co nsc iê nc ia que e st á no co rpo é part e de sua co nst it u ição energét ica. E la po ssu i e la st ic id ade e var ia b ilida de vibra c io na l, indo da sint o nia co m agrega çõ es de nsa s de e nerg ia at é a sint o nia co m agreg açõ es u lt ra-sut is, as qua is são co nsid erada s, de u m po nt o de vist a u sua l e e xt er no , co mo desa grega çõ es. Co mo quase t o do s nó s, o c ide nt a is, so mo s, inco nsc ie nt e me nt e e nu ma cert a me d ida, mat er ia list as, po r no s po lar izar mo s vio le nt a me nt e na e xt ro versão , quando est a mo s e m o ut ra d ime nsão de no ssa vid a não acred it a mo s nisso . No s aco st uma mo s a duv idar da e x ist ê nc ia d e o ut ro s mu ndo s para le lo s ao víg il.
O cet ic is mo ar bit rár io co m re la ção à e xist ê nc ia de u m verda de iro mu ndo int er io r é, po rt ant o , u m do s mo t ivo s pe lo s qu a is o ego não a lc a nça d isc er nir qu e est á na d ime nsão desco nhec ida dur a nt e o so no .
Out ro mo t ivo é a fasc ina ção . Em no ssa vida co nsc ie nt e, no s co nd ic io na mo s a viver fa sc ina do s po r to do s o s e le me nt o s ext er no s e a no s esqu ecer de nó s me smo s. E m virt ude d isso , a t endê nc ia d e fasc inar-se e nra izo u-se de ma sia da me nt e e m no ssa cu lt ura e e m nat ureza psíq u ic a. Qua ndo do rmimo s e no s depar a mo s co m ele me nt o s de nu nc ia do res de que
est a mo s so nha ndo , co mo certo s aco nt ec ime nt o s impo ssíve is qu e de sa fia m a ló g ic a t r id ime nsio na l (e le fa nt e s ar bo r íco la s, rat o s que cant a m hea v y met a l et c.), no s fa sc ina mo s pe lo s mesmo s e no s e sque ce mo s de o bser var o s o bjet o s que faze m part e da ce na o nír ica qu e no s ro de ia à pro cura de fat o res de d ifer e nc ia ção que po ssa m no s pro po rcio nar de mo do ine qu ívo co o reco nhe c ime nt o da d ime nsão e m qu e est amo s. Ao invés d e o bser var o s e le me nt o s int erno s ma nt e ndo a reco rdação de nó s mesmo s, se m no s fa sc ina r mo s, no s ide nt ific a mo s co m e le s. Trat a-se de u ma d ist ração : fic a mo s d ist ra ído s co m o s aco nt ec ime nt o s int er io re s e no s esqu ece mo s de d isc er nir.
Te mo s u ma co nsc iê nc ia egó ica, ado r mec ida, a ne st esiad a e inse ns íve l para o s fe nô me no s sut is que faz e m part e de no ssa co nst it u ição int erna e po r isso não são mu it a s as pe sso as que a lc a nça m u m de spert ar int ra-o nír ico .
Refe rência bib liog ráfica:
SAI ANI, C láud io . Ju ng e a Educaç ão : U ma a ná lise da re la ção
O estado não us ual da consciência extra-vígil
( ca p . III d e " A E x p er i ê n c ia O n í ri c a C o n s c i en t e: Vi a g en s d a C o ns c i ê nc i a a o M u n d o d o s S o n h o s " – mon o gr a fi a a p r e s e nt a d a p a r a con cl u s ã o d o cu r s o d e e s p e ci a l i za ç ã o e m Ab or d a ge m J u n gu i a n a p e la C O G E AE d a P U C -S P e m 2 0 0 1 e or i e nt a d a p e la P r of a D r a N oe l i M on t e s M or a e s) Por C l eb er Mon t ei r o Mu n i z A d i vu l ga ç ã o l i vr e d e s te ar t i go é a u t or i za d a de s d e q u e ci ta d o o a u t or T e x t o r e gi s t r ad o. N ã o o p l a gi e p a r a n ã o s ofr e r a s p e n a li d a d es d a l ei .Est ar despert o dent ro de um so nho (no se nt ido lit er a l da e xpre ssão ) é est ar e m u m e st ado não -usua l de co nsc iê nc ia. A mo da lida de de d iscer nime nt o e a lert a que se t e m dura nt e so nho s lú c ido s é po uco co mu m na so c ied ade e m que vive mo s, não é mu it o freqüe nt e. Para a ma io r ia d as pe sso as ser ia u m est ado de co nsc iê nc ia a lt erado , mo d ific ado .
Para a lgu ns est ud io so s, o fu nc io na me nt o co nsc ie nt e usu a l, a que le q ue a ma io r ia da s pesso as po ssu i no est ado no rma l de vig ília, não é o único e xist e nt e. É o que afir mo u W illia n Ja me s e m u ma o bra co nhe c ida po r mu it o s ( apud Capra, 2000):
"No ssa con sciê ncia no rmal do e stado d e vigília - a consciên cia racio nal, como a deno minamo s - constitui apen as um tipo e sp ecial de consciên cia, ao passo que, ao se u red or, e dela af astad a por uma p elícula extremam ente tê nue, enco ntra m-se f ormas pote nciai s de con sci ênci a inteira ment e dive rsas" (p. 31, gr ifo meu) .
Alé m do fu nc io na me nt o co nsc ie nt e no r mal d a vig ília, o u se ja, aqu e le que se t e m qu a ndo o co rpo fís ico est á aco rdado , o ser hu ma no po ssu ir ia, e m est ado lat ent e, o ut ras mo da lidad es d e desp ert ar. Essas mo d a lidad es d e co nsc iê nc ia ser ia m e xt ra-víg e is, pre se nt es nas ho ras e m que o ho me m não est ivesse a co rdado . Obvia me nt e, se não co rrespo nde m à co nsc iê nc ia de vig ília , t udo ind ic a que Ja me s se re fere a u ma co nsc iê nc ia dura nt e o so no .
Exper iê nc ia s co nsc ie nt es na s qua is se u lt rapa ssa o mu ndo
t rid ime nsio na l ser ia m co nhec id as p e lo s míst ico s do o rie nt e, o s qua is "pare cem e sta r em co ndiçõ es de ati ngir e stad os não-u suai s de con sci ênci a nos quai s tran sc ende m o mundo tridime nsio nal da vida coti diana de mo do a expe rim enta r uma re alidad e mais el evad a, multidime nsio nal. Assim, Aurobindo ref ere- se a ‘uma muda nça sutil, que f az com que a vi sta veja nu ma espé cie de qu arta di men são’." (Capra, 2000, p. 133, gr ifo meu). O mu ndo
t rid ime nsio na l não ser ia o único pa ssíve l d e e xp er ime nt ação co nsc ie nt e. Out ro s níve is d ime nsio na is t a mbé m far iam p art e da rea lid ade e po der ia m ser ace ssado s pe la co nsc iê nc ia a lt er ada. Po der ía mo s inc lu ir a qu i o mu ndo o nír ico pe lo fat o de le não ser t rid ime nsio na l: seus e le me nt o s co mpo ne nt e s não po ssue m, de sde u m po nt o de vist a fís ico e ext er no , as caract er íst icas qu e c ha ma mo s largura, a lt ur a e co mpr ime nt o . As imag e ns no t urnas não po dem ser me d ida s e m ce nt ímet ro s o u pesada s. Ent ret ant o ela s são rea is po is e st ão viva s de nt ro de nó s.
O ho me m po ssu ir ia re curso s int er no s para a ce ssar o que não po de ser vist o , o uvido , to cado e pa lp ado co m o co rpo fís ico po is sua s "e xpe riên cia s multidime nsio nais t ran sce ndem o mun do dos sentid os" ( id e m, p. 228), o u se ja, co nduz e m ao co nt ato co m o que est á a lé m do no sso unive rso se nso r ia l. As figura s arquet íp ic as que surge m e m so nho s po ssu e m fo r ma s e, a lgu ma s veze s, co res. Há, no s so nho s u ma fo r ma de " visão psíqu ic a" que no s per mit e descr e ver a s cara ct er íst ica s mo r fo ló g ic as da s imag e ns co m as qu a is so nha mo s. Po ré m, be m sa be mo s que e sse t ipo de visão não pert enc e ao s c inco se nt ido s e xt er no s. E la o s t ransc e nde e, não o bst a nt e, a ind a assim pert ence ao ser hu ma no po is e st á prese nt e no s re lat o s o nír ico s.
Re fer indo -se a e st ado s não -usu a is d e co nsc iê nc ia e m cu lt uras pr imit iva s, a nt igas e a bo r íge nes, Gro f no s d iz que ne la s "e xist e a idéia de qu e esta realida de vi sível nã o é a única exi sten te, há outras realida de s paral ela s onde exi ste m espí rito s, demôni os, ele mento s arquetípi co s ou mitológi cos, entidade s en carnada s, animais d e pode r e assim po r diante " . Essa s cu lt ura s não co nce ber ia m co mo aberra nt e o u absurda a id é ia de que o mu ndo fa nt ást ico é, à sua ma ne ira, rea l. Para le lame nt e à rea lid ade vis íve l, ha ver ia u ma rea lida de inv is íve l qu e po der ia ser ace ssad a co nsc ie nt e me nt e (at ent e-se para o fat o de que o est udio so est á se re fer indo a est ado s de co nsc iê nc ia e não de inco nsc iê nc ia ; e le não est á t rat ando de pro cesso s que se dão se m a prese nça da lu c ide z). Ta l rea lid ade co rrespo nder ia ao mu ndo ima g ina l e po der ia a bra nger t a mbé m seu la do o nír ico po is ser ia ha bit ada po r ent es arquet íp ico s fa nt ást ico s e mit o ló g ico s, o s qua is se mpre surge m e m so nho s.
Co rro bo rando essa visão , Harnisc h (1999, p.7) a fir mo u que "os ín dios da Améric a do Norte con side ra vam os sonho s com o visõ es d e uma out ra realid ade, que pa ra ele s tra çava u m parale lo com o seu mund o despe rto . De
uma f orma pare cida co mpreend iam-se os sonho s na China. Atrib uía-se-lhe s uma uma ele vada quali dade vi ven cial e est es era m vive nciado s com u ma intensi dade tão e xtraordiná ria que a s pessoa s se perg untav am: qual se rá pois a ve rdad eira reali dade: o so nho ou aquilo qu e que se vive ncia no e stado de vigília?" (gr ifo meu)
Nessa s cu lt ura s, o univer so do s so nho s e o univer so víg il são para le lo s. Cada u m de sse s u niver so s é rea l à su a mane ira.
Ao e mpree nder u ma de sc id a co nsc ie nt e à s pro fu nd idad es do o ceano int er io r, o ho me m p e net rar ia e m u m mu ndo rea l, verdad e ira me nt e e xist e nt e, e mbo ra so b o utra fo r ma. A e sse resp e it o , Jung (198 4) escr e veu:
"É muito dif ícil acredita r que a p sique nad a rep re sen ta ou que um f ato imaginá rio é irreal. A psiqu e só não e stá ond e uma intelig ênci a míope a procu ra. Ela exi ste, embo ra não sob uma f orma f ísica. Ë um preco nceit o quase ridíc ulo sup or que a e xist ênci a só pode se r de natu re za co rpó rea [ físic a] . Na realidad e, a única f orma de que tem os co nhec iment o imediato é a psíqui ca. Pode ría mos igu alment e dizer que a e xistênci a f ísica é pura d eduçã o uma ve z que só te mo s alguma noç ão da maté ria at rav és de ima gen s psíqui cas, transmitida s pelo s se ntido s." (p. 14)
A e x ist ê nc ia p síqu ic a ser ia rea l e vá lid a co mo a fís ica e t a lvez at é ma is. Co nc lu i-se, po r ext ensão , que ade nt rar a u ma ce na o nír ic a co nsc ie nt e me nt e é ade nt rar a u m mu ndo fe it o de imag ina ção mas ne m po r isso me no s verdad e iro . A rea lid ade ima g ina l int er na é para le la à e xt er na.
Nas já me nc io nada s cu lt ura s a nt ig as e pr imit iva s são "cria dos e spa ços para que (...)[as e xper iê nc ia s e m e st ado s de co nsc iê nc ia não -usua l] po ssam se r vive nciada s co m segu ran ça e méto dos pa ra se de senv olve re m com intensi dade. N esse s est ado s alterado s de con sciê ncia é qu e nascem a ri ca mitologia e a e spiritualidad e daqu ele s povo s. Estados nã o-usu ais de consciên cia são utili zad os po r cultu ra s ance st rais pa ra (...) [a rea liza ção de] coisa s prática s e co rriq uei ras tai s com o enco ntra r objet os ou pe ssoa s perdi das ou pa ra loca liza r rebanho s de ani mais a serem ca çado s, inclusive elas de se nvolv eram ce rimôn ias pa ra aum enta r ainda mai s a capa cidade d e modif icar a con sciê ncia, com obj etivo s bastante p rátic os." (Gro f, 2000, s/p). A rea lidad e inv isíve l ser ia ac essad a co nscie nt e me nt e e e sse ace sso est ar ia fo rt e me nt e liga do ao cot id ia no prát ico e co ncret o desses po vo s, o s qua is
t eria m inc lu sive a per fe iço ado r it o s para int ensific á-lo e ne le min imiz ar a e xpo sição a po ssíve is per igo s. A co nsc iê nc ia a ssim a lt erad a t er ia u ma ut ilid ade no mu ndo t rid ime nsio na l: caç a e lo ca liz aç ão de pesso as perd ida s. E la não ser vir ia a u ma fug a da rea lid ade ext erna ma s a co mp let ar ia. O universo mít ico bro t aria d e seu se io e po r e le o s ho me ns se o rie nt ar ia m.
Ent ret ant o , ha ver ia e m no ssa cu lt ura u ma limit a ção que a to rnar ia a vessa a t a is e xper iê nc ia s e a le var ia a to má-la s co mo est ranhas:
"Nós nã o apena s patolog iza mos e sta s prá tica s como tam bém p roibim os a utilizaç ão de sub stân cia s ou ce rimôni as que po ssam le var à mud ança de estad os da con sc iênci a. Por e xem plo, dentro da psiqui atri a sax ônica não há uma distin ção cla ra ent re mi stici smo e está gios p sicóti co s. Em geral, esta dif erença de v isão d e mundo s ent re a s soci edad es t radicio nais e a nossa soci edade ind ust rial/o ciden tal é expli cada pel a ‘supe rio ridad e f ilosóf ica’ da nossa visão ‘limitada’ de mun do. Depoi s de tra balha r 40 anos n essa á rea do conhe ciment o, minha opinião sob re isso é que e sta dif erença de vi são d e mundo tem mai s a ve r com a enf ermidad e e com a igno rânci a da ciênc ia ocidenta l em re lação ao s e stado s não-u suai s de con sciê ncia." ( ide m)
Assim, no ssa d ificu ld ade e m lid ar co m esse s e st ado s se de ver ia m a blo que io s cu lt ur a is fo rt es, re lac io nado s co m a po sse ssão co let iva po r co mp le xo s de super io r id ade e qu e e xerc eria se us e fe it o s pr inc ipa lme nt e so bre a c iê nc ia, a lia da à u ma at ro fia r it ua líst ic a. A inc apa c idad e, prese nt e na c iê nc ia e m mo lde s euro cê nt r ico s, de d ife re nc iaç ão ent re a exper iê nc ia míst ica e o s est ág io s psicó t ico s ser ia de co rrent e desse e st ado enfer mo e da ig no râ nc ia o c ide nt a l co m re la ção a fo r ma s de co nsc iênc ia pre se nt e s e m cu lt ura s a nt ig as, pr imit iva s e o r ie nt a is e ao s me io s d e se dese nvo lvê-la s. A au sê nc ia de e spa ço na mo der nida de para o cu lt ivo prát ico e a lt ernat ivo da co nsc iê nc ia t er ia o casio nado u ma at ro fia do s seu s e st ado s não -usu a is e m mo do não -pato ló g ico e est a be le c ido ent re nó s e o ut ro s po vo s um a bismo . E m virt ude de sse a bis mo , não ser ia po ssíve l a co rret a co mu n ica ção de cert as e xper iê nc ia s po is o s re lat o s de t eo r ext ra-se nso r ia l (t a is co mo apar içõ es de e nt es fa nt ást ico s o u via ge ns a o ut ro s mu ndo s) ser ia m vist o s po r nó s co mo ma n ife st aç ão de ig no râ nc ia p ura e simp le s. Ao invés de co nsid erar mo s cu ida do sa me nt e t a is ma n ife st açõ es de sd e o mesmo po nt o de vist a cu lt ura l qu e as o r ig ina, co mo co rrespo nder ia a u ma po st ura leg it ima me nt e c ie nt ífic a, impo r ía mo s na
a bo rdage m d as me sma s no ssa visão de mundo , no s esqu ec e ndo de que a rea lidad e não se adapt a ao s no sso s capr icho s t eó rico s. Ser ía mo s surdo s e cego s para cert as e xper iê nc ia s psíq u ica s pe lo fat o de não as e nxerg ar mo s t a l co mo são mas sim co mo no s parec e m. Ao a bo rdá-la s, ver ía mo s ne la s ap e na s o s no sso s pró pr io s po nt o s de vist a. A c iê nc ia o c ide nt a l r e lut ar ia e m reco nhe cer que a e sp ir it u a lidad e é "algo impo rtant e e prof undo, (...) parte da psiqu e humana e não ap ena s uma que stão d e f alta de educação ci entíf ica" ( ibid e m).
Essa co nfusão a respe it o da nat ureza d e cert as e xp er iê nc ia s co nsc ie nt es t ransc e nde nt a is pr eser vada s e ap er fe iço ada s e m o ut ras cu lt ura s at ravés do s sécu lo s se de ver ia à limit a ção do alc a nc e do no sso int e lect o :
"Quando se tra balha co m esta dos não-u suai s de co nsciên cia, começ amo s a entend er m elho r est a conf usão e va mos c hega r ao que Jun g já havia de scob ert o há anos: o intel ecto é parte da p sique e e sta é c ósmi ca, abriga tud o o que exi ste. Não pod emo s ente nde r, com o intele cto, como f unciona a psique de u ma outra pessoa (...)." (Gro f, 2000, s/p)
A a bo rdage m e xc lu siva me nt e int e lect ua l se r ia u m o bst ácu lo que d ific u lt ar ia a co mpree nsão do fu nc io na me nt o psíqu ico de a lgu é m. E, parece-me, isso é so bre ma ne ira vá lido no caso desse a lgué m p ert enc er a u m co nt ext o cu lt ura l co mp let a me nt e ad verso ao no sso . Por abr igar t udo o que exist e no universo , a psique pre c isa ser a bo rdada t ambé m so b pr isma s não -int e le ct ua is. Isso não sig nific a que o int e lect o se ja inút il ma s par c ia l. À a bo rdage m int e lect ua l, de ver- se- ia a cresce nt ar o utras que na so c ied ade at ua l não são ut iliz ad as. Se busca mo s a t ot alid ade, não po de mo s ader ir t e imo sa me nt e a ape na s a lgu ns inst ru me nt o s co gnit ivo s. Ent re as a bo rdage ns vá lid as e st á a simbó lic a, co m su a via a na ló g ica qu e no s per mit e co nce it u ar e e xpre ssar int e lect ua lme nt e aqu ilo que é ina ce ssíve l à me nt e rac io na l. A met á fo ra é a po nt e ent re o co mpree nsíve l e o inco mpree nsíve l e no s per mit e a co mp araç ão . U ma de mo nst ração ana ló g ic a t orna o o bscuro me no s inco mpr ee nsíve l.
Para Ju ng (1984) a e xt ro versão exc essiva do s d ia s at ua is le var ia a u ma neg ligê nc ia par a co m o s aco nt ec ime nt o s int er no s, inc lu sive de nt ro da c iê nc ia. E le no s d iz que o "prec once ito, muito dif undido, contra o s son hos, é ape nas um dos si ntoma s da sub esti ma muito mai s g rave da al ma humana e m ge ral. Ao magníf ico desen volvi mento ci entíf ico e técni co de no ssa é poca,
corre spond eu uma a ssu stad ora c arê ncia de sabe dori a e intro spe cção. É verd ade qu e nossa s doutri nas religio sa s f alam de uma alma imo rtal, mas são muito pouca s as pal av ras am ávei s que di rige à p sique hu mana real; e sta iria direta ment e para a pe rdi ção ete rna se não hou ve sse uma inte rve nção espe cial da g raça div ina. Este s importante s f atore s são respon sávei s em grand e medida – e mbo ra de f orma não exc lu siva – pela sube stima gene rali zada da psique hum ana." (pp.18-19). E mbo ra t ivé sse mo s gra nde dese nvo lv ime nt o t écnico , t ería mo s gra nd e at raso int ro spect ivo . Ha ver ia u ma a versão be m d ifu nd id a co nt ra as viag e ns do ego às vast idõ es pro fu nda s do si me smo e isso deco rrer ia da ig no râ nc ia a resp e it o da nat ureza d a a lma. Ne m me smo a s no ssa s re lig iõ es ser ia m c apa ze s de pree nc her e ssa lacu na. Ha ver ia u ma su best ima d a psiq ue e u m preco nce it o co nt ra o s so nho s. Os so nho s lú c ido s não ser ia m, po rt ant o , cu lt ivado s o u vist o s co m bo ns o lho s e m no ssa so c iedad e.
Ent ret ant o , no s d ia s at ua is a c iê nc ia est ar ia se a br indo para a po ssib ilida de de se de sligar a co nsc iê nc ia do s ó rgão s se nso r ia is e xt erno s e t ranspô - la para a lé m do s me smo s, ma s e ssa a bert ura ser ia a ind a inc ip ie nt e (Gro f, 2000):
"A tanatologia ve m estu dando ca so s de ceg uei ra cong ênita, em que a s pessoa s que viv eram exp eri ênci as f ora do co rpo de sc rev em o que ac ontec e na sala de op era çõe s ou em out ro s locai s e, quando volta m, desc re vem o qu e viram, a s expli caçõ es são conf irma das, só qu e quando reto rnam ao c orp o f ísico, continuam c egas como ant es. Esta s exp eri ência s conti nuam sendo negada s pela co munida de cien tíf ica." (gr ifo me u)
As pe sso as inve st igad as ser ia m c ega s. Não t er ia m, po rt anto , o po der da visão e xt erna ma s, dura nt e c irurg ia s, visua liz ar ia m o s aco nt ec ime nt o s da sa la de o peraçõ es e m q ue e st ava m e at é aco nt ec ime nt o s fo ra de la e isso ser ia passíve l d e co nfir maç ão . As imag e ns o bt ida s se m o recurso do s o lho s ser ia m co mparad as à s rea lid ade vis íve l e ha ver ia u ma co rrespo ndê nc ia e nt re a mba s: de a lgu ma ma ne ira o s pac ie nt e s sa ber ia m o que se pa ssa va na s imed ia çõ es. O fat o dessa per cepç ão não -usua l a co nt ecer e m sa la s de o peraçõ es su gere que a pesso a est ar ia do rmindo o u desma ia da e xpe r ie nc ia ndo , pro va ve lme nt e, u ma mo d a lida de não -usua l d e so nho .
Alg u ma s pesso as co m ma io r apr imo ra me nt o int e le ct ua l ser ia m
espe c ia lme nt e se nsíve is a po nt o de percebe re m o ut ras rea lid ade s
co nsc ie nt e me nt e. A e xper iê nc ia que Gro f t eve "pri ncipal ment e com pe ssoas que têm grande t reina mento ci entíf ico e f ilosóf ico e que têm Q.I. muito dese nvol vido, (...)[f oi] que estas, quand o em tra balho com esta dos não-usuai s de con sci ência, ent ram e m contato c om exp eri ênci as e spi rituai s e místic as. E elas, não pode ndo nega r a re alidad e espi ritu al, começ am a se interessa r pela s tradi çõe s místico- religio sa s, tanto no ori ente quant o no ocident e." ( ibid e m, gr ifo meu). Não ser iam ap e na s pe sso as p ert enc e nt es a cu lt ura s ágra fa s o u "at rasada s" qu e e xper ie nc iar ia m co nsc ie nt e me nt e a s rea lidad es par a le la s, e nt re as qua is po de mo s inc lu ir a d ime nsão o nír ic a. Isso parece re fo rç ar o u suger ir a idé ia de que o fu nc io na me nt o co nsc ie nt e qu e co nsid era mo s não -usua l é arq uet íp ico e est á lat ent e me smo na s pesso as o c ide nt a is e int e lect ua is. Para qu e e le se de se nvo lve sse, prec isar ia ser co nt at ado e at iva do . O aper fe iço a me nt o c ie nt ífico -filo só fico e a int e lig ê nc ia não o exc lu ir ia m. O qu e o exc lu ir ia ser ia o preco nce it o , o qua l resu lt ar ia e m neg ligê nc ia e imp ed ir ia m o seu cu lt ivo . Não o bst a nt e, o pró prio Gro f, u m c ie nt ist a que t eve fo r maç ão mat er ia list a em u m p a ís do le st e euro peu, a fir mo u t ransc e nder co nsc ie nt e me nt e o s limit e s do co rpo físico so b e fe it o do LSD. Re fer indo -se a u ma e xper iê nc ia fe it a na c lín ic a e m qu e t raba lha va, o est ud io so re lat o u:
"Quando e stav a no ponto máxi mo do exp eri mento, no ponto m ais intenso do ef eito daquela subst ância, ele s me c hamav am, para qu e se f ize sse a expe riên cia do monito ram ento da s [ minha s] on das c erebrais. Deit ado com uma luz e steto sc ópica na min ha f rente, de re pent e me se nti como qu e no meio de uma expl osão at ômica. Hoj e analiso que o que eu vi vi me smo, naquel e momento, f oi a luz inicial da minha c onsciên cia, que f oi catapultada pa ra f ora do meu corp o... e em um instante ‘eu’ saí da clínica, saí de Praga e saí para f ora do planet a. Minha consciênc ia era o ref lexo de tudo qu e exi stia no unive rso. E aument ando a inten sidad e da exp eri ência c om o aparelho, f ui voltando ao m eu co rpo f ísico." ( ibid e m)
Est a exper iê nc ia apre se nt a co nt eúdo s se me lha nt es ao s de c ert as e xper iê nc ia s e m med it ação e de u m so nho t ido pe lo pró pr io Ju ng (1963) no qua l e le no s re lat a t er vo ado at é de ixar o p la net a Terra e vê-lo da s a lt ura s. É
int eressa nt e no t ar que a exper iê nc ia d e Gro f apr ese nt a o aba ndo no t empo rár io das perc epçõ es se nso r ia is co rpo ra is pe la co nsc iê nc ia, po is do co nt rário a me sma não po deria t er sido la nçad a para fo ra do co rpo físico , da c lín ic a e da cap it a l d a a nt iga Tc heco slo vá qu ia. Ser la nç ado para fo ra de a lgo é de ixá-lo e, po r isso , ent e ndo que a co nsc iê nc ia de ixo u as fu nçõ es se nso r ia is e xt er na s do co rpo fís ico . Obvia me nt e, isso não ser ia po ssíve l se m qu e est e, no deco rrer da e xper iê nc ia, perd esse o est ado víg il. Ca so co nt rár io não se d ir ia qu e a co nsc iê nc ia " sa iu do co rpo ".
Qua ndo do rmimo s e m sit uaçõ es co mu ns, se m recur so s qu ímico s ad ic io na is, e ad e nt ra mo s às reg iõ e s o nír ica s, as per cepçõ e s e xt erna s ce ssa m, no s ca so s e m que não há so na mbu lis mo , do mesmo mo do que na e xper iê nc ia de Gro f. Evid e nc ia mo s, assim, qu e o aba ndo no do co rpo físico pe la co nsc iê nc ia é u m po nt o co mu n às e xper iênc ia s me nc io nad as. Qua ndo ado r mec e mo s, de ixa mo s de perc e ber mu it a s co isa s que se passa m co no sco : que est a mo s de it ado s, ma l po sic io nado s, que t e mo s sa liva esco rrendo pe la bo ca, que ro nc a mo s et c. Pro va ve lme nt e, ningu é m negar ia q ue dura nt e o so no as fu nçõ es se nso r ia is e xt ernas fic a m mu it o reduz id as e qu e na mo rt e e las para m. O re lat o de Gro f parec e ser u m ca so de e xper iê nc ia o nír ic a co nsc ie nt e so b o e fe it o da dro ga.
Essa at uaç ão da co nsc iê nc ia d e nt ro do so nho s e re lat iva me nt e d eslig ada
do s se nt ido s co rpo rais po de irro mp er durant e cert o s pesad e lo s
(Sanfo rd,198 8):
"A participa ção da con sci ência nu m sonho é re spon sá vel pelo f ato de as pe sso as di ze rem à s ve ze s que de spe rtam do s so nho s pela própri a vontad e, espe cialm ente qua ndo se torna m ate rro ri zado re s. Às vezes ou vimo s das pessoa s: ‘Eu disse pa ra mim m esmo para d esp ert ar, e o f iz’." (p. 56)
Essa s pe sso as d ir ia m a si me sma s, pr inc ipa lme nt e dura nt e so nho s t erríve is, que de ver ia m de sp ert ar e usar iam isso co mo recurso para sa ir da ce na o nír ic a inde se já ve l. Para que o ego chegu e ao po nto de dizer isso para si me smo , é prec iso que e le t enha o disc er nime nt o de que e st á do rmindo . N ingué m a fir mar ia q ue prec isa a co rdar se não co mpr ee nd esse que so nha.
Essa mo d a lidad e espec ia l de co nsc iê nc ia ser ia u ma var ia nt e da
capa c idad e de int er fer ir co nsc ie nt e me nt e no co nt eúdo do s so nho s,
sua fo r ma de rea g ir ao co nt at o do s ele me nt o s o nír ico s, de sde que e st e não t ent asse impo r seu s capr ic ho s ao inco nsc ie nt e. Ao mo d ific ar as rea çõ es no so nho , a pesso a po der ia adqu ir ir e xp er iê nc ia s no vas:
"Uma das v aria çõe s do so nha r prog ram ado cham a-se ‘sonha r com lucide z’. Convida-n os a no s torna rm os ‘de spe rto s’ no sonho ou, por outras palav ras, a se rmo s cap azes de rec onhe ce r, no sonho, que e stamo s sonhando. Dize m que isso no s capa citari a a redi re ciona r nosso s son hos. Se consegui rmo s f azê-lo no senti do que qui sermo s, ou se f ormo s capa ze s de da r ao sonho um f inal agrad ável ou f avorável, no meu m odo de pen sa r, isto seria uma gran de pe rda (...). Contudo, se esse ‘e stado de v igília’ f or utilizado c om o objetivo de te rmo s opo rtunid ade de mu dar no ssas rea çõe s no sonh o e podermo s escolhe r out ras re spo stas [e não ape nas a s me sma s de se mpre, aque la s na s qua is no s meca niz a mo s e à s qua is est a mo s apeg ado s] , o assunt o já é dif erente. Ne sta hipót ese, tería mos um a f orma de ‘imagina ção atuant e’, o que se ria [u m] p roc esso au xilia r (...) [na int er ação co m o s co nt eúdo s psíqu ico s qu e est ão se e xpre ssa ndo e perso nific a ndo dura nt e o so nho ] . Há grand e dif erenç a entre tenta r manipu lar o inc onscient e para ad aptá-lo à nossa f antasia e alte ra r as resp osta s de no sso ego de aco rdo c om o que e stá aconte cendo e m volta, e dev emo s nos le mb rar e ap rov eita r essa di stinçã o." (g rif o meu, idem, p.57)
A lu c idez no deco rrer do so nho dever ia ser apro ve it a da, ist o é, e xp lo rad a. E la ser ia u m fat o r auxiliar no pro cesso de aut o -co nhec ime nt o , desd e que o ego a ut iliz a sse co rret ame nt e ao invés de impo r ao so nho o s seus capr ic ho s.
No níve l psíq u ico pro fu ndo , ser ia po ssíve l at é me smo t ransc e nder co nsc ie nt e me nt e o níve l pe sso a l e e xp er ime nt ar-se co mo part e da mit o lo g ia do s po vo s o u co nfu nd ir- se co m a fo rç a cr ia do ra da nat ureza:
"Em estado t ran spe ssoal voc ê pode ser qua lque r tipo de e xpe riên cia, entre f icar com o ego - a identidad e- até o prin cípio c riado r. Pod emo s nos expe rien cia r como seres mi tológic os ou em ní vei s mitológi co s de con sciê ncia - onde o ser hu mano é def inido com o um campo d e possibilid ade s se m limites." (Gro f, 2000, s/p, gr ifo me u).
Ha ver ia a po ssib ilid ade de no s e xp er ime nt ar mo s co nsc ie nt e me nt e nu m níve l mit o ló g ico : ser mo s u no s co m o s heró is le ndár io s e ao me smo t e mpo
sa ber mo s que est a mo s e xper ime nt a ndo isso . U m níve l mit o ló g ico de co nsc iê nc ia é u m e st ado psíqu ico no qua l so mo s co nsc ie nt e me nt e u ma fig ura mit o ló g ica.
Po ssu ir ía mo s vár io s níve is co nsc ie nt es e m no sso int er io r e est es po der ia m ser co nhe c ido s part icu la r me nt e pe lo ho me m qu e "olha pa ra dent ro e explo ra a sua c onsciên cia em seu s vári os nív eis" (Capr a, 2000, p. 227). A e xist ê nc ia d e vár io s níve is d e co nsc iê nc ia d e nt ro do ho me m e a po ssib ilida de de ace sso a e le s sig nific ar ia qu e não ape na s u ma mo da lid ade d e co nsc iê nc ia, a do est ado no r ma l de vig ília, ser ia a rea lme nt e e xist e nt e e m nó s ma s ha ver ia o ut ras e est as ser ia m co nhec id as há mu it o t e mpo pe lo s o r ie nt a is. Seu s míst ico s "e xplo rara m, atrav és do s século s, vários mo dos d e consciên cia e as conclu sõe s a que ch ega ram são, com f requên cia, radi calme nte dif eren tes da s idéias sustentad as no oci dent e" ( id e m, p. 225).
Dest e mo do , o níve l o nír ico , que co rrespo nde à s ca ma da s ma is pro fu nd as d a psiqu e, po der ia apr ese nt ar fu nc io na me nt o s co nsc ie nt es, fa cu ldad e não exc lus iva do ego víg il.
De aco rdo co m esse s est ud io so s, ha ver ia uma rea lid ad e inv ísive l: a do mu ndo ima g ina l. E la e st ar ia fo ra do unive rso co nsc ie nt e ime d iat a me nt e ace ssíve l ao ego durant e o est ado no rma l d a vig ília ma s po der ia ser at ing ida fo ra de le, so b co nd içõ es e spe c ia is nas qu ais o fu nc io na me nt o da co nsc iê nc ia fo sse a lt erado .
Refe rência s bibli og rá fic as:
C APR A, Fr it jo f. O Tao da Físi ca: um para lelo ent re a f ísica mo derna e o mistici sm o orie ntal .(The Tao o f P hys ic s: An E xp lo rat io n o f t he Para lle ls Bet wee n Mo der n P hys ic s a nd East er n Myst ic is m). Trad. de Jo sé Fer na nde s D ia s. Ed ição 19-22. São Paulo , Cu lt r ix, 2000.
GRO F, St anis la v. Estado s não u suai s de con sciê ncia . Pa le st ra e depo ime nt o dado ao sit e Qu iro n. www.qu iro n.co m. br/c iê nc ia. ht m. Repro dução via int er net e m no ve mbro de 2000.
H ARNIS CH, Gü nt er. Léxico dos Son hos: mai s de 1500 símbol os oní rico s de A a Z interpreta dos à lu z da psi cologia . (Da s Gro sse Trau mle x iko n: Ü ber
1500 t rau ms ymbo le vo n A bis Z p syc ho lo g isc h ged eut et ).Trad. de Enio Pau lo G ia nc hin i. Qu int a e d ição . Pet ró po lis, Vo zes, 1999.
JUNG, C ar l G ust a v. Memóri as, Sonho s e Ref lexõe s . (Me mo r ie s,Drea ms a nd Re flect io ns, 1963)Trad. de Do ra Ferre ir a da S ilva. V igé sima Pr ime ira I mpre ssão . Edit o ra No va Fro nt e ir a.
JUNG, C. G. Psicolog ia e Religião (Zur Ps yc ho lo g ie we st lic her u nd ö st lic her Re lig io n: Psyc ho lo g ie u nd re lig io n). Trad. de Pe Do m Mat eus R a ma lho Ro cha. Segu nda ed iç ão . Pet ró po lis, Vo zes, 1984.
SANFOR D, J. A. Os Son hos e a C ura da Alma (Drea ms a nd H ea ling). Trad. de Jo sé Wilso n de Andr ade. Terce ira ed ição . São Paulo , Pau lus, 1988.
Você pode ficar consciente durante o s onho
( Or i g in a l m en t e p u bl i ca d o n a r evi st a Po d e r d a M e n te )Por C l eb er Mon t ei r o Mu n i z
M u n i z , C . M . ( 2 0 0 2 ) . V o c ê p o d e f i c a r c o n s c i e n t e d u r a n t e o s o n h o . P o d e r d a M e n t e n º 7 , a n o 1 , p p . 4 2 - 4 6 .
Na ma io r ia da s vez es e m q ue no s de it a mo s e do r mimo s, não perce be mo s o que est á o co rrendo co no sco . No ssa co nsc iê nc ia " se ap aga " e at ua mo s de nt ro do so nho se m perce ber que e st a mo s so nha ndo .
Não t emo s, no s so nho s no r ma is, o d iscer nime nt o de que do rmimo s. Tend e mo s, quase se mpr e, a acred it ar qu e est a mo s prese nc ia ndo cenas e xt er io res e não int er io res.
Ent ret ant o , há mo me nt o s e m que re co nhe ce mo s o so nho no exat o mo me nt o e m que se pro cessa. Qua ndo isso aco nt ece, d ize mo s: "Estou sonhan do, isto que e stou vi ven ciando agora é um sonho" .
A mo d a lidad e de so nho na qua l o so nha do r co mpre e nde qu e est á so nha ndo e não at uando so b fo r ma víg il, ist o é, durant e a v ig ília, que é o est ado de que m e st á aco rdado , cha ma- se sonho lú cido (Eede n, 1913).
U m so nho lúc ido é, port ant o , u ma mo da lid ad e de est ado o nír ico (o nír ico é aqu ilo qu e se re fere ao so nho ) na qu a l o so nhado r est á co nsc ie nt e do que se passa. Co mpre e nd e que se u co rpo do rme na c a ma e que via ja para de nt ro de si me smo , at ravés da s pro fu nd ida de s da a lma. Dura nt e o s so nho s lú c ido s, a rea lidad e do mu ndo int erno não é co nfu nd id a co m a rea lid ad e e xt er io r.
Há do is mo do s de rea lidad e: a e xt er io r e a int er io r. A rea lid ade e xt er io r é a t rid ime nsio na l, t a mbé m d e no mina da "mat erial". A re a lidad e int er io r é a do s so nho s, a rea lid ad e o nír ic a.
Assim co mo há u m mu ndo e xt er io r, há u m mu ndo int er io r. Po demo s
d izer que é imagi nal po is é fe it o de imag ina çõ es. São imag e ns int er na s de
o bjet o s, casas, c ida de s, pesso as e a nima is. Trat a-se de u ma va st idão que po de ser co nhec id a e e xp lo rad a.
Qua ndo t emo s o d iscer nime nt o de que est a mo s so nha ndo , po demo s apro ve it ar o so nho ao má x imo . É po ssíve l v ia jar para lug are s d ist a nt es, co nhe cer o que est á o cult o dent ro de nó s mesmo s e apr e nder a no s re lac io nar mo s me lho r co m o s no sso s co nt eúdo s psíqu ico s.
Se não est iver mo s co nsc ie nt e s, co nfu nd iremo s a s ce na s o nír ic as co m ce na s fís ic as. Po r t a l razão , ao so nhar mo s co m u m le ão , po r exe mp lo , fug ire mo s ap a vo rado s acred it a ndo que po dere mo s ser at acado s. É c laro que o a nima l imag ina l, pert ence nt e ao so nho , é ino fe nsivo .
O mu ndo do s so nho s é rea l. Po de mo s d izer qu e é o ut ro mu ndo , pert enc e nt e a o ut ra dime nsão de no ssa e xist ê nc ia: "a dim ensã o do incon scien te" (Sa nfo rd, 1988). É o mu ndo mist er io so ao qua l ad e nt ro u o pro fet a Isa ía s (Tr icca, 1992) e m e st ado de êxt ase a nt e u ma mu lt id ão .
Est ando lúc ido s, po de mo s ser e xp lo r ado res da d ime nsão desco nhec ida e via jar pe la s lo ng ínq ua s do mu ndo int erno .
Como se to rna r u m obse rvad o r con scient e nos seus sonhos
A via ge m co nsc ie nt e ao mu ndo o nír ico po de ser apre nd id a po r mét o do s que visa m educ ar a at enç ão .
U m mét o do co nsist e e m no s aco st u mar mo s a o bser var dura nt e o d ia a s ce na s e xt er io res qu e no s ro de ia m, re a liz a ndo "teste s de realidad e" (Harar i & We int rau b, 1993) co m a int e nç ão de desco br ir mo s se est a mo s o u não so nha ndo . Se o fiz er mo s vár ia s veze s ao dia, repet ir e mo s a me sma o bser vaç ão à no it e, de nt ro do so nho . Co mo o s so nho s apre se nt a m ce nas iló g ica s (ca va lo s que vo a m, e le fa nt e s ar bo r íco la s et c.), aprend ere mo s a reco nhecê-lo s at ra vés de aco nt ec ime nt o s impo ssíve is para e st e mu ndo . É u m mét o do que se ba se ia na prát ica d e d isc er nir co nst ant e me nt e a respe it o da nat ureza do mu ndo e m que est a mo s aqu i e ago ra. Fu nc io na pe la at enção cu idado sa e sinc era fo cad a so bre o s e le me nt o s que est ão ao no sso redor: as pesso as, o s anima is, o s carro s, as árvo res, a s ca sa s, et c.
Para que o mét o do da o bser vação da rea lid ade c irc u nda nt e dê resu lt a do s, prec isa mo s ser cap aze s de permit ir que a s ce na s o bser vada s no s reve le m se são o nír ica s o u fís ic as. Mu it a s veze s, o s aco nt ec ime nt o s que prese nc ia mo s no s re ve la m, po r si pró pr io s, se e st a mo s o u não so nha ndo . Não nece ss it a mo s que brar a c a be ça a respe it o , t ent ando d iscer nir po r me io de rac io c ín io s: ba st a o bser var. A o bser va ção reve la.
Ao t ent ar d iscer nir po r me io de in ferê nc ias ló g ic as e não de co nst at açõ es puras, no s t orna mo s incap aze s de c apt ar as d ife re nç as e nt re o s mu ndo s.
Out ro mét o do co nsist e e m a co mpa nhar mo s co nsc ie nt e me nt e o pro cesso de inst a laç ão do so no . É a t écnic a do relaxa mento co nscient e , dese nvo lv id a no bud ismo t ibet ano e ap lica da po r c ie nt ist as e m t est es de la bo rat ó rio para ind ução e est udo de est ado s o nír ico s co nsc ie nt e s. Para ap lic á-la, d e ve mo s no s de it ar e o bser var at e nt a me nt e a s a lt era çõ es co rpo rais e psíq u ica s pe la s qu a is va mo s p assar co nfo r me o so no se inst a la. É prec iso ser pac ie nt e e rec ept ivo . A co nt e mp la ção co nsc ie nt e e co nt ínua do re la xa me nt o pro gressivo per mit e que ado r me ça mo s se m p erder a luc id ez. Um cu ida do a ser to ma do é o de não blo quear o ado rmec ime nt o co rpo ral co nfund indo -o co m perda de co nsc iê nc ia.
À me d ida e m que o re la xa me nt o co nsc ie nt e se apro fu nd a, passa mo s a t er percepçõ es a lt erad as so b mú lt ip la s fo rma s e int e nsida de cad a vez ma io r: po de mo s se nt ir vibr açõ es na c a be ça o u no co rpo to do e chiado s int ra-cra nia no s. Po de mo s, a inda, se nt ir que e st amo s ca indo o u que u ma co rre nt e e lét r ica no s perco rre. São ind ic ado res de qu e est a mo s at ing indo um est ado não usua l de co nsc iê nc ia.
Po r fim, at ing imo s a para lis ia do so no . É a últ ima et apa. Ne st a fa se, o co rpo não o bedec e ma is ao s no sso s co ma ndo s, ape sar de e st ar mo s lúc ido s, po rque est á e m so no pro fu ndo .
A par a lisia é ino fe nsiva. Pro po rcio na as pr ime ir as visõ e s e so ns do mu ndo do s so nho s. Para pro ssegu ir a via ge m, t e mo s que rec e ber a s ima ge ns e so ns int er no s que no s c heg a m, p er mit ir que se co nfigure m po r si me smo s co mo u ma ce na o nír ica.
A u lt ra pa ssa ge m do u mbra l e nt re o s do is mu ndo s e fet iva me nt e se in ic ia qua ndo o s pensa me nt o s e as imag e ns me nt a is se co ncret iza m a nt e no ssa co nsc iê nc ia, passa ndo a ser perce bido s co m a mesma nit idez co m que perce be mo s o s e le me nt o s do mu ndo ext er io r dura nt e a vig ília. No inst a nt e e m que ve mo s e o uvimo s image ns e so ns int erno s o b jet iva me nt e, co mo se fo sse m e xt erno s, est a mo s inser ido s na d ime nsão o nír ica.
A co mb ina ção das dua s t écn ica s, a do disce r nime nt o diár io e a do re la xa me nt o co nsc ie nt e, ac e lera a o bt e nção do so nho lú c ido .
As vantagen s do sonho lúcid o
O me do da mo rt e so fre at e nua ção qua ndo no s e xper ime nt a mo s vivo s, int act o s, lú c ido s e aco rdado s e nqua nt o o co rpo est á ado rmec ido e desfa le c ido no quart o.
A e xper iê nc ia de e st ar lúc ido de nt ro de um so nho no s põ e e m co nt ato co m u m e st ado de rea lid ade inco mu m e pro po rcio na a cert eza d e que não so mo s ape nas u ma ma ssa t r id ime nsio na l de c ar ne e o sso s.
Alé m d isso , o co nt ato dir et o co m o s aco nt ec ime nt o s o nír ico s no s per mit e e xt ra ir in fo r ma çõ es do inco nsc ie nt e. At ravés da o bser vação e do d iá lo go co m a s figura s que surg e m e m so nho s, po de mo s d esco br ir mu it o a respe it o de nó s me smo s, de o ut ras pesso as o u do mu ndo . A p sique inco nsc ie nt e co nt é m info r maçõ es qu e u lt rapa ssa m o a lca nce d a co nsc iê nc ia e po de m ser ace ssada s dura nt e o so no (Jung, 1963).
A supere xc it a ção e a ansie dad e int e nsa t raze m o so nhado r lúc ido de vo lt a ao est ado víg il co nt ra a sua vo nt ade. Po rt ant o , ao no s desco br ir mo s
de nt ro de u ma rea lid ade p ara le la, não de ve mo s ficar e xa lt ado s
e mo c io na lme nt e o u perdere mo s a e xper iê nc ia. Po r me io da ser e nida de, co nsegu imo s e st abilid ade no mu ndo int er io r e po demo s pro lo ng ar a duraç ão do est ado a lt erado de co nsc iê nc ia. O medo , a a legr ia, a surpre sa o u o ut ras e mo çõ es int e nsa s int erro mp e m su bit a me nt e o so nho .
Ao no s de sco br ir mo s lúc ido s o nir ic a me nt e, po de mo s e xer c it ar, e m est ado de má xima sere n idad e, o vôo , a flut uação , a a lt eração das ce na s c ir cu nda nt e s e o t ranspo rt e at ravés do t empo e do espaço .
As ce nas o nír ic a s t o ma m fo r ma a part ir do s impu lso s co nsc ie nt e s e inco nsc ie nt es d e pe nsa me nt o e se nt ime nt o . Po r isso , po demo s cr iar aco nt ec ime nt o s de nt ro do so nho lú c ido at ravé s da imag ina ção e da vo nt ade. Po r me io da ima g ina ção e da vo nt ade co nce nt rada s, po de mo s vo ar, ir à pa íses d ist ant es, a ssu mir a a parê nc ia de o ut ras pesso as e at é no s e xper ime nt ar mo s co mo se fô sse mo s e las pró pr ias.
O po der de int er fer ir co nsc ie nt e me nt e no rot eiro do so nho depe nde do grau de d iscer nime nt o e liberda de de aç ão que no ssa co nsc iê nc ia po ssu i; se não est iver mo s lú c ido s, será mu it o peque no .
U m no vo mu ndo se a br irá a nt e aque le q ue apre nder a via jar lu c ida me nt e para o universo da a lma. Sua v ida será re sig nific ada e sua idiossinc ra ssia ( visão de mu ndo ) reno va da. As e nt idade s da p sique de mo nst rarão que po ssue m rea lid ad e o bjet iva ( Ju ng, 1963). Ent ão , o so nhado r desco br irá po r si me smo que o univer so ima g ina l a nímico do ho mem é, à sua ma ne ira, co ncret o . É a po rt a que no s per mit e c heg ar ao s limit es e xt re mo s d a c iê nc ia no que co ncer ne à s que st õ es esp ir it ua is e at é u lt rapa ssá-lo s.
Refe rência s bibli og rá fic as:
EEDEN, Freder ik Va n. A Study of Dream s. Vo l. 26. Pro ceed ing s o f t he So c iet y fo r Psyc h ica l R esearc h, 1913. D ispo níve l na int er net via WWW.
URL: www.ps yc ho lo g y.a bo ut .co m/sc ie nce/p syc ho lo g y/ libr ar y/we ek ly
Capt urado e m março de 2001.
H AR ARI, Ke it h & WEINTR AU B, Pa me la. Sonho s Lúcido s em 30 Dia s: O Pro gra ma do Sono C riati vo (Lu c id Drea ms in 30 Da ys). Trad. de Mar li Berg. R io de Ja ne iro : Ed io uro , 1993.
JUNG, C ar l G ust a v. Memóri as, Sonho s, Ref lexões (Me mo r ie s, Drea ms, Re flect io ns). Trad. de Dora Ferre ira da S ilva. R io d e Ja ne iro : No va Fro nt e ir a, 1963.
O Livro da Asc en são de Isaí as . In: TRICCA, Mar ia He le na de O live ira (o rg. e co mp.). Apócrif os: Os Pro sc ritos da Bíblia .. São Pau lo : Mercúr io , 1992. SANFOR D, J. A. Os Son hos e a C ura da Alma (Drea ms a nd H ea ling). Trad.
A verificação das leves alterações conscientivas no s onho
C l eb er Mon t ei r o Mu n iz em 2 9 d e n ov em br o d e 2 0 0 1A d i v u l g a ç ã o l i v r e d e s t e a r t i g o p e r m i t i d a s o m e n t e c o m a a u t o r i z a ç ã o d o a u t o r . T e x t o r e g i s t r a d o . N ã o o p l a g i e p a r a n ã o s o f r e r a s p e n a l i d a d e s d a l e i .
Dura nt e o s so nho s, po de mo s apr ese nt ar d iver so s est ado s de
co nsc iê nc ia. O d isc er nime nt o de que est amo s no mu ndo int er no po de ser tot a l, parc ia l, mín imo o u ne nhu m.
À me d ida e m que educ a mo s no ssa at e nção víg il, o s est ado s de co nsc iê nc ia de nt ro do s so nho s vão so fre ndo a lt era çõ es. Se no s ed uca mo s d iar ia me nt e, po dere mo s repro duz ir, so b fo r ma o nír ica, e st ado s le ve me nt e a lt erado s na d ire ção da luc idez.
O t reino d iár io da co nsc iê nc ia re percurt e, in ic ia lme nt e, e m t ê nue au me nt o , dent ro do so nho s, do s segu int es e le me nt o s:
1. a co nce nt raç ão no que est a mo s faze ndo 2. a vivê nc ia do prese nt e
3. a o bser vação de nó s me smo s
4. a o bser vação das c e na s que no s ro de ia m
As pr ime ira s a lt era çõ es são inc ip ie nt e s, leve s e não co rrespo nde m a inda ao desp ert ar co mp let o , sendo ape na s mud a nça s na fo r ma de co nt e mp la r mo s o mu ndo e a nó s me smo s enqu a nt o do rmimo s. Ent ret ant o , po de mo s no s reco rdar desses no vo s e st ado s e ano t á-lo s para po st er io r est udo e ma io r assimila ção .
O d iscer n ime nt o int ra-o nír ico não irro mpe d e mo do súbit o do nada. Resu lt a da a lt eraç ão pro gressiva e le nt a do s flu xo s at enc io na is.
Ant es d e e fet iva me nt e desp ert ar mo s no mu ndo do s so nho s, pa ssa mo s po r est ado s int er med iár io s de se mi-de spert ar.
Os e st ado s int erno s que a nt ec ede m o despert ar aprese nt a m pe que na int e nsific aç ão da co nce nt ração nas at it udes, d a o bservaç ão de nó s mesmo s, da o bser vação da rea lida de c ircu nda nt e e do quest io na me nt o so bre o mo do de e xist ê nc ia so b o qua l e st a mo s o pera ndo no aqu i-a go ra o nírico .
O exerc íc io de reco rdação , ano t ação e análise do s so nho s d e ve a bra nger essa s sut is a lt era çõ es. Co nvé m ver ific ar se, dur a nt e o s so nho s, o bser va mo s a nó s me smo s o u as ce na s e xt ernas e se c heg a mo s a no s quest io nar a respe it o do po ssíve l t eo r o nír ico daqu ilo qu e vive nc ia mo s e m no sso mu ndo imag ina l.
A co nst at ação de que a lt eraçõ e s na co nsc iê nc ia no t urna ao s po uco s est ão se e fet iva ndo marca o iníc io d as co mpro vaçõ e s pesso a is no t erreno t ransc e nde nt e.
A co mpro va ção de que est a mo s le nt a me nt e de spert a ndo no mu ndo e xt ra-víg il no s est imu la a pro sse gu ir co m a s prát ica s at e nc io na is no d ia a d ia.
Ve jo , dest e mo do , um se nt ido na s a no t açõ es do s so nho s: ser ve m co mo reg ist ro das transfo r maçõ es pe la s qu a is a co nsc iê nc ia o nír ic a pa ssa ru mo ao desp ert ar. E t a is reg ist ro s serve m co mo est ímu lo p ara que não desist a mo s de pro ssegu ir t raba lha ndo psiqu ic a me nt e.
Refe rência s:
A realidade do mundo dos s onhos nos tempos antigos e hoje
( c a p . I d e " A E x p e r i ê n c i a O n í r i c a C o n s c i e n t e : V i a g e n s d a C o n s c i ê n c i a a o M u n d o d o s S o n h o s " – m o n o g r a f i a a p r e s e n t a d a p a r a c o n c l u s ã o d o c u r s o d e e s p e c i a l i z a ç ã o e m A b o r d a g e m J u n g u i a n a p e l a C O G E A E d a P U C - S P e m 2 0 0 1 e o r i e n t a d a p e l a P r o fa D ra N o e l i M o n t e s M o r a e s ) Por C l eb er Mon t ei r o Mu n i z em 4/ 3 / 0 1 A d i v u l g a ç ã o l i v r e d e s t e a r t i g o é a u t o r i z a d a d e s d e q u e c i t a d o o a u t o r T e x t o r e g i s t r a d o . N ã o o p l a g i e p a r a n ã o s o f r e r a s p e n a l i d a d e s d a l e i .No s t empo s a nt igo s, o s so nho s era m co nsid erado s co mo a e xpressão de u m mu ndo verdad e iro e d ife re nt e dest e. O mu ndo esp ir it ua l era vist o co mo impo rt ant e e rea l, ao co nt rár io do que o co rre ho je. As visõ e s o nír ica s era m to mada s co mo o co nt ato do ho me m co m a d ime nsão desco nhe c ida de sua e xist ê nc ia. D isso deco rr ia a gra nde impo rt ânc ia at r ibu ída ao s so nho s nas cu lt ura s a nt iga s e co nfir ma da po r Sanfo rd (1988) ao abo rdar a quest ão da deprec ia ção no s d ia s at ua is:
"(...) enquanto nosso te mpo igno ra e de spreza o assunto do s sonh os, nos temp os antig os el es e ram mu ito mai s valo riza dos. Tanto quan to conh eço, não exi ste nenh uma cultu ra anti ga na qual os sonho s não f ossem vistos c omo extremam ente im port ante s." (p.12)
Ao co nt rár io do que o co rre na cu lt ura mo d er na, na qua l não se prest a at enç ão cu id ado sa ao s so nho s e se o s co nsid e ra de spre z íve is, o ho me m a nt igo at ribu ía impo rt ânc ia e xt re ma à s e xper iê ncia s o nír ic as. Essa va lo r iz aç ão de mo nst ra que era m e nt e nd ido s co mo po rt ado res de a lg u ma fo r ma de rea lidad e po is do co nt rár io não ser ia m t o ma do s e m t a ma nha co nsidera ção . Não se dá impo rt ânc ia ao que não exist e. At é me smo u ma me nt ir a o u u m bo at o precisa m e x ist ir, a ind a que se ja so b a fo r ma d e u ma idé ia vaga na ca be ça de a lg ué m, para que se dê a e le s a lg u ma impo rt ânc ia.
Os co mpo rt a me nt o s irrac io na is do ho me m, prese nt es a ind a no mu ndo de ho je, ser ia m, par a o s pr imit ivo s, sina is da e xist ênc ia d e u ma rea lid ade esp ir it u a l que e nvo lver ia fo rça s que o s u lt rap assa va m. Ta is fo r ça s,
inco mpree nsíve is, mo ver ia m o s sere s hu ma no s e o s arrast ar ia m a
co mpo rt ame nt o s subverso res do co nt ro le co nsc ie nt e, se ndo , a lé m d isso , part e de u m u niverso inv isíve l e po dero so ma s ac essíve l po r me io do s so nho s, no s qua is t a mbé m irro mper ia. O mu ndo esp ir it u a l ma n ife st ado e m so nho s