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Avaliação da Suscetibilidade de Incêndio Rural no Concelho de Cinfães

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Academic year: 2021

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Mestrado em Sistemas de Informação Geográfica e Ordenamento do Território

Avaliação da Suscetibilidade de Incêndio

Rural no Concelho de Cinfães

Viviana Andreia Silva Esteves

Julho

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Viviana Andreia Silva Esteves

Avaliação da Suscetibilidade de Incêndio Rural no Concelho de

Cinfães

Dissertação realizada no âmbito do Mestrado em Sistemas de Informação Geográfica e Ordenamento do Território, orientada pelo Professor Doutor Carlos Valdir Meneses Bateira

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Avaliação da Suscetibilidade de Incêndio Rural no Concelho

de Cinfães

Viviana Andreia Silva Esteves

Dissertação realizada no âmbito do Mestrado em Sistemas de Informação Geográfica e Ordenamento do Território, orientada pelo Professor Doutor Carlos Valdir Meneses Bateira

Membros do Júri

Professor Doutor …. Faculdade …. - Universidade ... Professor Doutor …. Faculdade …. - Universidade … Professor Doutor …. Faculdade …. - Universidade ...

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Sumário

Declaração de honra ... 9 Agradecimentos ... 10 Resumo ... 11 Abstract ... 12 Índice de ilustrações ... 13 Índice de tabelas ... 15

Lista de abreviaturas e siglas ... 16

1. Introdução ... 17

Capítulo 1 – Floresta Portuguesa ... 21

1.1. Problemática dos Incêndios Rurais ... 21

Capítulo 2. – Modelo Conceptual ... 27

Capítulo 3. – Índices Estruturais de Risco de Incêndio Rural ... 29

3.1. Índices Dinâmicos ... 29

3.2. Índices Estruturais ... 32

Capítulo 4. – Área de Estudo – Concelho de Cinfães ... 35

4.1. Enquadramento Geográfico do Concelho de Cinfães ... 35

4.2. Caracterização Física... 36

4.2.1 Relevo ... 36

4.2.1 Clima ... 39

Capítulo 5. – Ocorrências e Causalidade dos Incêndios Rurais ... 42

5.1. Área ardida em espaços florestais ... 42

Capítulo 6. – Suscetibilidade a Incêndios Rurais ... 44

6.1. Variáveis ... 46

6.1.1 Declives ... 46

6.1.2 Exposição Solar das Vertentes ... 48

6.1.3 Ocupação do Território ... 51

6.1.4 Proximidade à Rede Viária ... 53

6.1.5 Densidade de Caminhos Agrícolas ... 54

6.1.6 Densidade Populacional ... 56

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6.2.1 Validação da Metodologia Adaptada de João Verde ... 59

6.2.2 Discussão dos Resultados ... 71

Considerações finais ... 73

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Declaração de honra

Declaro que a presente dissertação é de minha autoria e não foi utilizado previamente noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição, e encontram-se devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio constitui um ilícito académico.

[Faculdade de Letras da Universidade do Porto, julho de 2020]

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Agradecimentos

Em primeiro lugar à minha família, em especial aos meus pais e irmã Andreia Esteves, pelo apoio diário na concretização deste projeto académico e, por me oferecerem esta oportunidade de forma a aumentar o meu grau de formação. Em especial ao meu namorado Carlos Cardoso por toda a paciência demostrada ao longo destes meses, por todas as conversas e conselhos dados em torno deste tema.

Ao professor Doutor Carlos Bateira, orientador de estágio e dissertação por parte da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, a sua disponibilidade, o seu conhecimento, a sua forma exigente e criativa de novas ideias, que facilitaram o alcance de todos os objetivos propostos.

Ao Mestre Pedro Alves, pela sua orientação, apoio, disponibilidade no solucionar de todas as dúvidas e problemas surgidas ao longo de todo o trabalho.

Aos colegas da Associação Florestal de Entre Douro e Tâmega por me acolherem ao longo do estágio curricular, e pela dedicação sempre mostrada.

A todos os docentes, pela sua participação e colaboração, em especial à professora Laura e professores José Teixeira e Alberto Gomes por todo o interesse em acompanhar-me ao longo desta caminhada, e pelo facto de estarem sempre disponíveis quando mais precisei deles, sem eles não seria possível.

Um agradecimento muito especial a duas professoras, Isabel Mendes e Andrea Osório que mesmo depois de tantos anos ainda estiveram presentes na realização deste trabalho.

Agradeço às minhas colegas, sobretudo à Clara Lima, Helena Moreira e Maria Pacheco companheiras de trabalho, conselheiras e sempre prontas para me ajudar nas dificuldades que foram surgindo.

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Resumo

A nossa floresta reveste-se de grande valor económico, social e ambiental, pelo que o seu abandono e destruição por parte dos incêndios rurais provocam consequências desastrosas para o país. Os incêndios rurais são considerados fatores essenciais para um desenvolvimento sustentável da nossa floresta, daí existir uma necessidade de os prevenir. O trabalho realizado teve como objetivo avaliar a suscetibilidade de incêndio rural no concelho de Cinfães, com a aplicação de duas metodologias distintas.

A análise da suscetibilidade de incêndio rural no concelho de Cinfães foi realizada com recurso à metodologia do Instituto Geográfico Português – IGP (2009) e do Valor Informativo, que serviram de base para a construção da cartografia relativa à suscetibilidade. Os modelos referidos foram testados e validados segundo o cálculo das curvas de sucesso e de predição, assim como da área abaixo da curva – A.A.C para a metodologia proposta por João Verde1 (2008). Segundo os resultados obtidos, podemos afirmar que as variáveis probabilidade anual, declives, exposição solar das vertentes, ocupação do solo (cos), proximidade à rede viária e densidade de caminhos agrícolas são áreas que apresentam maior suscetibilidade de incêndio rural.

O tema abordado ao longo deste trabalho, Suscetibilidade de incêndio rural, pode ser vista como algo fundamental para a prevenção e combate dos incêndios rurais a todas as escalas.

Palavras-chave: Suscetibilidade, Perigosidade, Incêndios Rurais.

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Abstract

Our forest possesses an enormous economic, social and environmental value, which means that its abandon and destruction by rural fires has grave consequences for the country. Rural fires are a key factor regarding the sustainable development of our forest and its prevention is therefore a necessity.

The purpose of this paper is to evaluate Cinfães municipality susceptibility to rural fires, using two distinct methodologies.

The analysis of Cinfães susceptibility to rural fires was done using methodology from the Portuguese Geographic Institute – IGP (2009) and the Informative Value, both of which served as the foundation to create susceptibility related cartography. The mentioned models were tested and validated using the calculation of the success and prediction curves, as well as the area below the curve – A.A.C as in the proposed methodology by João Verde2 (Verde, 2008). According to the results we can state that the variables annual probability, slopes, solar exposure of hill sides, soil occupation, proximity to the road network and the density of agricultural paths are the areas that present most susceptibility to rural fires.

The subject discussed throughout this paper, susceptibility to rural fires, can be seen as a fundamental aspect to prevent and fight rural fires at all levels.

Keywords: Susceptibility, Hazard, Forest Fire.

2 - João Carlos Verdes has a doctorate degree in Physical Geography and also a masters degree in Physical Geography, Risks and Environmental Resources, since 2009 from Lisbon University. Between 2009 and 2013 he also worked in the National Civil Protection Authority’s Operational Rescue

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Índice de ilustrações

Figura 1- Número de Ocorrências e área ardida, em Portugal Continental, desde 2010 a 2019

(Fonte: SGIF). ... 23

Figura 2- Número de Ocorrências e área ardida, no Concelho de Cinfães, desde 2010 a 2019 (Fonte: SGIF). ... 26

Figura 3- Estrutura do Índice FWI, adaptado pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera. ... 30

Figura 4- Coeficiente no modelo proposto por Chuvieco e Congalton (1989). ... 33

Figura 5- Enquadramento Geográfico do Concelho de Cinfães. ... 35

Figura 6- Mapa Hipsométrico do Concelho de Cinfães. ... 37

Figura 7- Mapa de Declives do Concelho de Cinfães. ... 38

Figura 8- Gráfico Termopluviométrico Fonte: Normais Climatológicas para a Estação da Régua (1971-2000), Instituto Português do Mar e da Atmosfera, 2012. ... 41

Figura 9- Distribuição anual da área ardida e do número de ocorrências, no Concelho de Cinfães nos anos de 2010 a 2019 (Fonte: SGIF 2019). ... 42

Figura 10- Distribuição da área ardida em espaços florestais, no Concelho de Cinfães, nos anos de 2010 a 2019 (Fonte: SGIF 2019). ... 43

Figura 11- Distribuição da área ardida por classes de extensão, no Concelho de Cinfães, nos anos de 2010 a 2019 (Fonte: SGIF 2019). ... 43

Figura 12- Critérios e ponderações, segundo a metodologia do IGP (2009). ... 45

Figura 13- Fluxograma correspondente à metodologia de João Verde (adaptado de Alves, 2012). ... 46

Figura 14- Classes de declives. ... 47

Figura 15- Favorabilidade e valores absolutos das classes de declives (⁰). ... 48

Figura 16- Classes de exposição solar das vertentes. ... 50

Figura 17- Favorabilidade e valores absolutos das classes de exposição solar das vertentes. .. 50

Figura 18- Classes de ocupação do território. ... 52

Figura 19- Favorabilidade e valores absolutos das classes de ocupação do território. ... 52

Figura 20- Classes de distância à rede viária (m). ... 53

Figura 21- Favorabilidade e valores absolutos das classes de proximidade à rede viária. ... 54

Figura 22- Classes de densidade de caminhos (m/ha). ... 55

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Figura 24- Classes da densidade populacional (hab/km2). ... 56

Figura 25- Favorabilidade e valores absolutos das classes de densidade populacional (hab/km2). ... 57

Figura 26- Probabilidade anual (%) de incêndio rural. ... 58

Figura 27- Grupo de Construção - metodologia proposta por João Verde. ... 59

Figura 28- Grupo de Validação - metodologia proposta por João Verde. ... 60

Figura 29- Mapa da suscetibilidade a incêndios rurais, no Concelho de Cinfães, segunda a metodologia de João Verde. ... 62

Figura 30- Curvas de sucesso e predição para a combinação "CPD". ... 63

Figura 31- Curvas de sucesso e predição para a combinação "CPDE". ... 64

Figura 32- Curvas de sucesso e predição para a combinação "CPDEV". ... 65

Figura 33- Curvas de sucesso e predição para a combinação "CPDEVA”. ... 66

Figura 34- Curvas de sucesso e predição para a combinação "CPDEVAO ". ... 67

Figura 35- Mapa da suscetibilidade no concelho de Cinfães, segundo a metodologia do IGP. 69 Figura 36- Mapa da suscetibilidade a Incêndio Rural e Áreas Ardidas no Concelho de Cinfães. ... 70

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Índice de tabelas

Tabela 1- Uso e ocupação do território em Portugal Continental. ... 22 Tabela 2- Grupos de Espécies e a sua evolução segundo a Carta de Ocupação do Território, em Portugal Continental. ... 22 Tabela 3- Número de Ocorrências e Área Ardida, entre 2010 e 2019, em Portugal Continental. ... 23 Tabela 4- Uso e ocupação do território no Concelho de Cinfães. Fonte: cos 2018... 24 Tabela 5- Grupos de Espécies e a sua evolução segundo a Carta de Ocupação do Território, no Concelho de Cinfães. ... 25 Tabela 6- Número de Ocorrências e Área Ardida, entre 2010 e 2019, no Concelho de Cinfães. ... 26 Tabela 7- Área ocupada por classe de declive. ... Erro! Marcador não definido. Tabela 8- Área ocupada por classe de exposição solar das vertentes. ... 49 Tabela 9- Códigos das classes de ocupação do território. ... 51 Tabela 10- Scores de favorabilidade das variáveis, segundo a metodologia de João Verde (2008). ... 60 Tabela 11- Identificação dos valores percentuais das áreas ardidas por cada 10% de área do município de Cinfães para a combinação "CPD". ... 63 Tabela 12- Identificação dos valores percentuais das áreas ardidas por cada 10% de área do município de Cinfães para a combinação "CPDE". ... 64 Tabela 13- Identificação dos valores percentuais das áreas ardidas por cada 10% de área do município de Cinfães para a combinação "CPDEV". ... 65 Tabela 14- Taxas de sucesso e predição para a combinação "CPDEVA”. ... 66 Tabela 15- Identificação dos valores percentuais das áreas ardidas por cada 10% de área do município de Cinfães para a combinação "CPDEVAO". ... 67 Tabela 16- Áreas abaixo da curva resultantes das curvas de sucesso e predição do modelo. ... 68 Tabela 17- Área abaixo da curva resultante da curva de predição do modelo IGP. ... 71

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Lista de abreviaturas e siglas

DFCI- Defesa da Floresta Contra Incêndios IGP- Instituto Geográfico Português

COS- Carta de Ocupação do Solo AAC- Área Abaixo da Curva

SIG- Sistemas de Informação Geográfica DGT- Direção Geral do Território

ANF- Autoridade Nacional Florestal FWI- Fire Weathe Index

IPMA- Instituto Português do Mar e da Atmosfera

SGIF- Sistema de Gestão de Informação de Incêndios Florestais ICNF- Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas

NUT´S- Nomenclatura das Unidades Territoriais para fins Estatísticos CIM-TS- Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa

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1. Introdução

Os incêndios, especialmente durante a estação seca, destroem extensas áreas rurais por todo o planeta. Portugal é, todos os anos, afetado por inúmeros fogos rurais com consequências graves a nível social, ambiental e económico. Existem inúmeros fatores que influenciam o comportamento dos incêndios rurais, a saber: as “características dos combustíveis, especialmente carga, tamanho, continuidade, quantidade de combustíveis finos e mortos e respetiva humidade. Outro fator importante relaciona-se com as características do relevo, como a forma, altitude, declive e exposição das vertentes e, por último, as condições meteorológicas, como a temperatura, humidade relativa do ar, rumo e velocidade do vento” (ENB, 2003).

A objetivo fundamental deste trabalho passa pela identificação das áreas suscetíveis à ocorrência de incêndios rurais, no concelho de Cinfães, e definir em que pontos devem incidir as ações de defesa da floresta contra incêndios (DFCI), no sentido de reduzir a probabilidade de ocorrência de grandes incêndios.

Para a análise da suscetibilidade foram realizadas duas metodologias distintas de forma a perceber qual melhor se adaptaria às condições do território em análise, neste caso, o concelho de Cinfães. Como primeiro passo, realizamos a metodologia proposta pelo Instituto Geográfico Português (IGP), do ano de 2009, e só depois efetuamos a metodologia proposta por João Verde.

A primeira metodologia tem por base uma representação multicritério, sugerida por Almeida (1995), Vettorazzi (2000) e Chuvieco (1989). Esta metodologia tem como objetivos principais a escolha dos critérios mais representativos para o risco de incêndio; uma hierarquização dos critérios e a sua respetiva ponderação, de forma a gerar critérios para que seja possível, no final, criar uma agregação em torno destes. A metodologia proposta sofreu alterações nas variáveis, pelo que a visibilidade dos postos de vigia foi eliminada, fazendo com que as variáveis da rede viária e densidade

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As variáveis existentes nesta metodologia apresentam uma ordem decrescente de importância, consoante os diferentes níveis de importância que cada uma apresenta.

Assim sendo, o critério que mais se destaca é a forma de uso e ocupação do território; de seguida, o critério declive, que apresenta uma influência decisiva na propagação dos incêndios rurais, uma vez que quanto maior o declive maior é o efeito das colunas de convecção, velocidade e propagação no sentido ascendente (Chuvieco, Congalton et al. 1989).

O critério da rede viária agrega duas variáveis distintas, sendo elas a distância em linha reta a estradas e a densidade de caminhos agrícolas. Este critério é importante, uma vez que pode servir de acesso às viaturas e aos profissionais que combatem um incêndio, bem como servir de corta fogo. Mas, em contrapartida, pode ser algo que ajude no incendiarismo. As exposições são um critério influenciador para o tema a tratar, uma vez que estas afetam a temperatura e humidade de uma encosta, provocando secura das espécies, sobretudo em vertentes viradas a sul, que registam valores mais elevados do que uma vertente que está virada a Norte (Silva, 2002). Por fim, o critério da densidade populacional, segundo o IGP, baseou-se na probabilidade de que uma grande densidade populacional seja prejudicial à propagação de um incêndio, mas, em contrapartida, o abandono dos espaços agrícolas também o é (IGP, 2007).

O cálculo final teve por base uma soma ponderada, em que cada variável é multiplicada pelo respetivo peso expresso na metodologia (Figura 12), no valor final. Os valores finais estão classificados em 5 classes: Baixo (0-100), Baixo-Moderado (101-200), Baixo-Moderado (201-350), Elevado (351-700) e Muito Elevada (701-1000).

A segunda metodologia aplicada ao concelho de Cinfães, foi proposta por João Verde (Verde, 2008), e serve também de base para a produção de cartografia para avaliar a suscetibilidade. As variáveis utilizadas foram os declives, exposição solar das vertentes, cos, distância à rede viária, densidade de caminhos agrícolas e, por último, a densidade populacional. Foram utilizadas as mesmas propostas

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presentes na metodologia do IGP de forma a perceber qual melhor metodologia se adaptaria ao concelho em estudo.

De seguida, foi necessário proceder a uma divisão temporal das áreas ardidas, de forma a termos dois grupos de trabalho, nomeadamente o grupo de construção e o grupo de validação do modelo. No período temporal de 1990 a 2019 foi feita uma repartição, em que, de 1990 a 2004 teríamos o grupo de construção, e de 2005 a 2019 o grupo de validação. Como refere João Verde (Verde, 2008) o cálculo dos scores de favorabilidade foi feito através de uma ponderação entre o número de unidades matriciais (u.m.) ardidas, pelo número de u.m. disponíveis para arder.

Seguidamente, o resultado dessa ponderação foi multiplicado por 100 e arredondado, evitando, assim, realizar operações SIG com valores decimais, usando a fórmula:

Na fórmula supra mencionada, Sfx representa o score de favorabilidade da variável x, com umAx o total de unidades matriciais ardidas na variável x, e Ωx o total de unidades matriciais da variável x (Verde, 2007).

De forma a integrar os dados, o score da suscetibilidade de cada unidade matricial é multiplicado pelos scores de favorabilidade das variáveis presentes na unidade matricial.

Por fim, recorreu-se ao cálculo e desenho de taxas e curvas de sucesso e predição, bem como o cálculo da A.A.C.

As taxas de sucesso resultam do cruzamento do mapa obtido por aplicação do modelo com a cartografia das áreas ardidas que foram utilizadas para a sua construção. Assim sendo, para cada valor de favorabilidade obtém-se o número de pixéis ardidos, assumindo que ao maior valor de favorabilidade deve caber a maior área ardida, pelo que estes valores são ordenados na ordem decrescente (Verde, 2008). As taxas de predição são calculadas da mesma maneira que as de sucesso, apenas as áreas ardidas

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mudam, porque neste passo são utilizadas as que constituem o grupo de validação, neste caso, no período temporal de 2005 – 2019.

As A.A.C são aquelas que nos retratam qual a curva com melhor comportamento. Optamos por utilizar estas duas metodologias porque podem divergir no concelho em estudo, consoante o peso que cada uma estabelece nas diversas variáveis.

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Capítulo 1 – Floresta Portuguesa

1.1. Problemática dos Incêndios Rurais

O fogo é um componente natural de muitos ecossistemas, sendo dessa forma um elemento necessário na complexa cadeia para a manutenção do seu delicado equilíbrio (Sande, Rego et al. 2007). As condições meteorológicas determinadas por Invernos amenos e Verões quentes e secos, fazem com que haja uma diminuição do coberto vegetal, o que, por sua vez, provoca uma rápida propagação dos incêndios rurais (Lourenço, 1992: 115). O início de um incêndio rural depende não só das condições atmosféricas, mas também do terreno, da vegetação e do solo, daí a importância de uma intervenção o mais rápido possível, de forma a evitar a sua rápida propagação.

Neste primeiro capítulo pretende-se observar o fenómeno dos incêndios rurais em Portugal Continental e na área de estudo. Assim, procedeu-se à caracterização da floresta existente em Portugal e no concelho de Cinfães. Para tal, utilizamos a informação da cos produzida pela Direção Geral do Território (DGT), do ano de 2010 e 2018. Utilizamos a cartografia mais recente e disponível no que diz respeito ao ano de 2018, e a escolha pelo ano de 2010 passa pelo facto de termos um maior distanciamento, de forma a observarmos se existiram alterações, ou não, na floresta.

Como podemos observar na Tabela 1, Portugal ocupa 11 034 852 ha de diferentes usos e ocupações do território. É, na sua maioria, ocupado por espaços florestais (Florestas e Incultos), com um total de 4 287 990,4 ha. As áreas sociais englobam 26,25%, com uma área de 2 896 752 ha, os improdutivos que correspondem, por exemplo, à vegetação esparsa, ocupam 1 107 546 ha o que significa 10,04%, e, por fim, as superfícies aquáticas, que ocupam 2 277 379,46 ha o que corresponde a 20,64%. O grande domínio são as florestas, como podemos observar também na Tabela 1, ocupando 38,07% do território, seguindo-se as áreas sociais e as superfícies aquáticas, com 26,25% e 20,64% respetivamente. Contrariamente, a classe com menos representatividade, a nível nacional, diz respeito aos Incultos, ocupando apenas 0,79%.

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Tabela 1- Uso e ocupação do território em Portugal Continental.

Fonte: COS, 2018.

No que diz respeito às espécies existentes no nosso território, entre 2010 a 2018, registam-se aumentos consideráveis em todos os grupos de espécies analisados. Destaque para as espécies de bravo, Eucalipto, Sobreiro, Carvalhos, Pinheiro-manso e Azinheira, com aumentos de 587 737,5 espécies, 424 361,4 espécies, 385 660,684 espécies, 154 456,834 espécies, 141 152,514 espécies e 139 671,901 espécies, respetivamente.

As espécies que tiveram aumentos menos significativos, mas não menos importantes, são as Espécies invasoras, Castanheiros, Outras resinosas e Outras folhosas, com um aumento, respetivamente, de 10 149,41 espécies, 20 898,09 espécies, 22 031,39 espécies e 130 669,97 espécies. O grande domínio encontra-se no grupo de espécies do Pinheiro-bravo (Tabela 2).

Tabela 2- Grupos de Espécies e a sua evolução segundo a Carta de Ocupação do Território, em Portugal Continental. Grupos de Espécies 2010 2018 2010 - 2018 Pinheiro-bravo 432 545,5 1 020 283 587 737,5 Eucaliptos 503 848,9 928 210,3 424 361,4 Sobreiro 235 223,8 620 884,5 385 660,684 Azinheira 59 510,1 199 182 139 671,901 Carvalhos 69 536,97 223 993,8 154 456,834 Pinheiro-manso 62 869,49 204 022 141 152,514 Castanheiro 6 031,618 26 929,72 20 898,0996 Outras folhosas 77 652,49 208 322,5 130 669,968 Outras resinosas 15 181,04 37 212,44 22 031,3938 Espécies invasoras 6 022,826 16 172,24 10 149,4102 Fonte: COS, 2010, 2018.

Uso do território Área (ha) %

Agricultura 465 184,50 4,22 Áreas sociais 2 896 752,00 26,25 Floresta 4 201 192 38,07 Improdutivos 1 107 546 10,04 Incultos 86 798,40 0,79 Superfícies aquáticas 2 277 379,46 20,64 Total 11 034 852,37 100

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Com efeito, podemos verificar que Portugal é todos os anos afetado pela problemática dos incêndios rurais, embora com variações anuais significativas. Analisando a Figura 1, podemos observar que os incêndios rurais, em área ardida e número de ocorrências, têm vindo a diminuir, com exceção do ano de 2017.

Das 159 739 ocorrências que tiveram lugar ao longo deste período temporal, em cerca de 1 295 982 hectares de área ardida, destacam-se os anos de 2010, 2013, 2016 e 2017, com 133 091 ha 152 690 ha, 161 522 ha, e 500 772 ha de área ardida, respetivamente (Tabela 3). Quanto ao número de ocorrências, estas variam consoante o período temporal analisado, mas com tendência para uma diminuição.

Tabela 3- Número de Ocorrências e Área Ardida, entre 2010 e 2019, em Portugal Continental.

Anos Ocorrências Áreas ardidas

2010 22 028 133 091 2011 25 222 73 828 2012 21 179 110 232 2013 19 294 152 690 2014 7 067 19 930 2015 15 867 64 412 2016 13 263 161 522 2017 17 398 500 772 2018 10 168 41 763 2019 8 253 37 742 Fonte: SGIF.

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Como podemos observar na Tabela 3, o número de ocorrências nem sempre está relacionado com a área ardida pois, com exceção do ano de 2011, os restantes anos são bastante similares entre área ardida e número de ocorrências. No ano de 2017, existe uma área ardida significativa, devido às inúmeras ocorrências que tiveram grandes proporções e destruíram uma imensa área de terreno.

Analisando os últimos 10 anos, podemos concluir que existe menos área ardida, com exceção do ano de 2017 que provocou avultados danos ambientais e socioeconómicos. Estas melhorias devem-se ao facto das alterações climáticas, ou seja, Verões mais frescos, e com temperaturas amenas, bem como as melhorias no planeamento florestal. Os meses de Verão concentram a maioria dos incêndios rurais e, como refere Damasceno, Silva et al. (2007), é no período de junho a setembro que ocorrem cerca de 80% dos incêndios, quando, no resto do ano, é interessante notar que é o mês de março que apresenta uma ligeira subida no número de ocorrências.

Realizamos a mesma análise em termos de ocupação do território e área ardida para a área de estudo. O concelho de Cinfães, com 23 928,76 ha, de área total, tem 72,56% do seu território, ocupado por espaços florestais, incluindo as Florestas e os Incultos, com um total de 17 360,9 ha. A Agricultura representa a terceira classe mais representativa, englobando cerca de 22,59% da área, com um total de 5 405,06 ha. Seguindo-se as Áreas Sociais onde englobam 2,89% e uma área de 692,62 ha e, por fim, as Superfícies Aquáticas, que ocupam 1,14% do concelho. Por outro lado, a classe menos representativa corresponde aos Improdutivos, representando estes apenas 0,82%, com um total de 197,31 ha (Tabela 4).

Tabela 4- Uso e ocupação do território no Concelho de Cinfães. Fonte: cos 2018.

Uso do território Área (ha) %

Agricultura 5 405,06 22,59 Áreas sociais 692,62 2,89 Floresta 9 252,32 38,67 Improdutivos 197,31 0,82 Incultos 8 108,58 33,89 Superfícies aquáticas 272,87 1,14 Total 23 928,76 100

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No concelho de Cinfães, existe grande potencial para a expansão da floresta, tanto para espaços incultos como para espaços ocupados por agricultura. Possível causa deste potencial pode dever-se ao abandono agrícola, nomeadamente por parte da geração mais jovem.

No período temporal de 2010 a 2018, podemos afirmar, através da Tabela 5, que todos os grupos de espécies sofreram diminuições significativas. Os grupos de espécies analisados dizem respeito ao Pinheiro-bravo, Eucaliptos, Carvalhos, Castanheiros, Outras folhosas e Outras espécies invasoras. Os grupos de espécies com maior predominância no concelho, no ano de 2010, eram os de Pinheiro-bravo, com 156 674,79 ha e Eucaliptos, com 136 668,59 ha. Por outro lado, há a destacar os grupos de Castanheiros, com 6 031,6176 ha, e Espécies invasoras com 6 022,8263 ha. Passados 8 anos, podemos observar que a predominância destes grupos sofreu algumas alterações. Destaque para os Eucaliptos e Carvalhos, com 3 235,592 ha e 2 350,27 ha, respetivamente. Do lado oposto, encontram-se os grupos de Castanheiros e Espécies invasoras, com 54,49 ha e 6,27 ha respetivamente.

Tabela 5- Grupos de Espécies e a sua evolução segundo a Carta de Ocupação do Território, no Concelho de Cinfães. Grupos de Espécies 2010 2018 2010 - 2018 Pinheiro-bravo 156 674,79 2 199,142 -154475,65 Eucaliptos 136 668,59 3 235,592 -133433,00 Carvalhos 69 536,97 2 350,27 -67186,70 Castanheiro 6 031,6176 51,49589 -5980,12 Outras folhosas 77 652,486 1 409,545 -76242,94 Espécies invasoras 6 022,8263 6,270012 -6016,56 Fonte: COS, 2010, 2018.

No período compreendido entre 2010 e 2019, e através da observação da Tabela 6, registaram-se um total de 12 451 incêndios, segundo os dados disponibilizados pelo Sistema de Gestão de Incêndios Florestais (SGIF), do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). Neste conjunto, destacam-se os anos de 2010, 2011 e 2015, como aqueles em que se registou um maior número de incêndios, contabilizando-se 330, 403 e 297 ocorrências, respetivamente (Figura 2). No contabilizando-sentido inverso,

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encontram-se os anos de 2014, 2018 e 2019, como aqueles em que se verificou um menor número de ocorrências, respetivamente, 73, 70 e 119.

Tabela 6- Número de Ocorrências e Área Ardida, entre 2010 e 2019, no Concelho de Cinfães.

Anos Ocorrências Áreas ardidas

2010 1 901,89 330 2011 499,62 403 2012 500,24 264 2013 1 508,02 262 2014 47,74 73 2015 806,01 297 2016 4 418,97 247 2017 2 235,41 202 2018 116,9 119 2019 416,2 70 Fonte: SGIF.

Figura 2- Número de Ocorrências e área ardida, no Concelho de Cinfães, desde 2010 a 2019 (Fonte: SGIF).

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Capítulo 2. – Modelo Conceptual

Todos os conceitos existentes em torno da problemática dos incêndios rurais, foram, desde sempre, muito discutidos e podemos afirmar, segundo trabalhos publicados pelos autores Bachamann, Allgöwer et al. (2001), que ainda hoje não existe conformidade por parte da ciência. Por exemplo, há ainda muita confusão em torno dos conceitos da suscetibilidade, perigosidade e risco.

De seguida, citam-se algumas definições desses mesmos conceitos, de forma a tornar mais claro todo o trabalho aqui presente, nomeadamente incêndio rural, probabilidade, suscetibilidade, perigosidade, vulnerabilidade e risco defendidos por certos autores.

A suscetibilidade segundo a autoridade florestal nacional (AFN), expressa as condições que o território apresenta perante a ocorrência e potencial de um fenómeno danoso, existindo variáveis que derivam da topografia, ocupação do território, entre outros que definem se um território é mais ou menos suscetível a este fenómeno.

Verde, Zêzere et al. (2007: 8) definem a suscetibilidade como “a propensão de uma dada área ou unidade territorial para ser afetada pelo fenómeno estudado, avaliada a partir das propriedades que lhe são intrínsecas”. Em suma, este conceito pretende definir a probabilidade espacial de ocorrência de incêndios rurais de acordo com as condições presentes no terreno, bem como ocorrências passadas.

A perigosidade, segundo (Varnes, 1984 in Verde, 2008:15), expressa a probabilidade de ocorrência de um incêndio rural de determinada dimensão, numa determinada área e num determinado período temporal.

Aguado, Chuvieco et al. (2007) define a perigosidade como a potencialidade de um incêndio ocorrer, por um lado numa determinada área e tempo e, por outro, a sua capacidade de propagação. Este conceito é, então, a probabilidade de um evento ocorrer, num determinado período temporal, e num local característico para tal.

A vulnerabilidade expressa o estudo de perda que um determinado elemento está sujeito ao risco. Para (Varnes, 1984), este conceito expressa a “capacidade de um sistema ser danificado por um stress ou perturbação”. Já para Chuvieco, Aguado et al.

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(2010), esta é definido como os potenciais efeitos de um incêndio, em valores humanos, de vidas e de recursos ambientais.

A mesma ideia é transmitida por Verde, Zêzere et al. (2007), que afirmam a vulnerabilidade como o grau de perda de um conjunto de elementos expostos, em resultado da ocorrência de um processo natural, ou fenómeno tratado.

A palavra risco, muitas vezes utilizada nos nossos dias pelas mais diversas entidades, com diversas interpretações, segundo o contexto que é utilizada. Chuvieco, Aguado et al. (2010:47), definem o risco como o “produto de dois componentes vulnerabilidade e perigosidade.” A mesma ideia é definida por Julião, Nery et al. (2009:21), que define este conceito com a probabilidade de ocorrência de um processo (ou ação) perigoso e respetiva estimativa das suas consequências sobre pessoas, bens ou ambiente, expressas em danos corporais e/ou prejuízos materiais e funcionais, diretos ou indiretos.”

Já os autores Bachamann, Allgöwer et al. (2001) definem risco como a “probabilidade de um incêndio rural ocorra num local específico, sob determinadas circunstâncias, e as suas consequências esperadas, caracterizadas pelos impactes nos objetos afetados.”

Em suma, a palavra risco resulta da combinação de todos os conceitos referidos anteriormente, ou seja, não existe risco se não existir probabilidade, suscetibilidade, vulnerabilidade e valor.

Assim sendo, e no seguimento dos conceitos clarificados até aqui, pretende-se com este trabalho tratar apenas a suscetibilidade de ocorrência de incêndios rurais numa determinada área, neste caso, no concelho de Cinfães.

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Capítulo 3. – Índices Estruturais de Risco de Incêndio Rural

A avaliação do risco é um tema que muitos autores discutem, quer a nível nacional quer internacional, devido a este ser um fenómeno complicado e, na sua maioria, resultar da ação humana.

Segundo Antunes, Viegas e Mendes et al. (2011), a avaliação do risco baseia-se, em geral, num modelo de integração de fatores que contribuem para o risco de incêndio, nomeadamente, o coberto vegetal, topografia e meteorologia, acrescido dos fatores ou variáveis sociais.

Freire, Carrão et al. (2002) afirmam que o risco de incêndio está estreitamente relacionado com as condições determinadas pela meteorologia, que influenciam o estado de stress da vegetação, tais como, a temperatura, a humidade do ar e o vento. Como referem Castro, Serra (2002) e Muños (2000), são três os principais fatores que influenciam o comportamento dos incêndios rurais: Características dos Combustíveis (distribuição vertical e horizontal, dimensão, quantidade ou carga, humidade do combustível, combustibilidade e percentagem de combustíveis finos e mortos); Características do Relevo (forma, declive e exposição das vertentes); e Condições Meteorológicas (temperatura e humidade relativa do ar, rumo e velocidade do vento). Ainda segundo os mesmos autores, o aumento de cada uma destas variáveis corresponde ao aumento do perigo de incêndio rural.

Segundo os dados introduzidos, podemos identificar dois tipos de índices estruturais: índices meteorológicos ou dinâmicos, que recaem sobretudo nas condições meteorológicas que permitem avaliar o comportamento do fogo, e os índices estruturais, que têm por base a avaliação da favorabilidade do território perante a ocorrência de um incêndio.

3.1. Índices Dinâmicos

Diversas teorias têm sido desenvolvidas com o intuito de avaliar quais os fatores que incidem nas ocorrências, comportamento e efeitos dos incêndios rurais. O risco é a probabilidade de que um incêndio rural ocorra num local específico, sob determinadas

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circunstâncias, e as suas consequências esperadas, caracterizadas pelos impactes nos objetos afetados (Bachmann, Allgöwer et al. 1998).

Os índices dinâmicos apresentam uma evolução reduzida, variando muito pouco no período temporal, devido a elementos, como o relevo, condições climáticas, ocupação e uso do território, densidade demográfica e a ocorrência a incêndios rurais. Estes índices são usados, na maioria das vezes, para o ordenamento e planeamento florestal, de forma a prevenir um incêndio. O índice mais utilizado, desde 1998, é conhecido por Fire Weathe Index (FWI) foi criado no Canadá, mas tem sido utilizado em vários países. Este sistema pretende estimar o risco de incêndio através dos diversos combustíveis presentes nos espaços florestais. Viegas, Reis et al. (2004) refere que, para este sistema, entram em consideração todos os valores observados, às 12 UTC, da temperatura do ar, da humidade relativa, da velocidade do vento e da quantidade de precipitação ocorridas nas últimas 24 horas – 12-12 UTC (Figura 3).

Figura 3- Estrutura do Índice FWI, adaptado pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera.

O sistema FWI é composto por 6 sub-índices, sendo estes calculados tendo por base os elementos meteorológicos (Figura 3). O índice final da estrutura FWI é

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composta por cinco classes de risco: reduzido, moderado, elevado, muito elevado e máximo, que corresponde à mesma escala utilizada no período de Verão para caracterizar os incêndios rurais, e que incide no período temporal de 15 de maio a 15 de outubro.

Desde 2002 que o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) utiliza o índice FWI, que consiste no cálculo diário sem interrupções ao longo do ano, com utilizações operacionais nas ações de prevenção e combate dos incêndios rurais, inclusive na época de Inverno, em que passa a utilizar-se uma nova escala, também esta à escala distrital, com uma redução a três níveis: baixo, médio e alto.

O índice FWI é composto por3:

FMC (Índice de Humidade dos Combustíveis Finos) – Este índice, classifica os

combustíveis finos mortos, de secagem rápida, quanto ao seu conteúdo em humidade. Corresponde assim ao grau de inflamabilidade destes combustíveis, que se encontram à superfície do solo. O conteúdo de humidade destes combustíveis às 12 UTC de um determinado dia, depende do conteúdo de humidade à mesma hora, do dia anterior, da precipitação (mm) ocorrida em 24 horas (12-12 UTC) e da temperatura (ºC) e da humidade relativa do ar (%) às 12 UTC do próprio dia. A intensidade do vento influência apenas na velocidade de secagem destes materiais.

ISI (Índice de Propagação Inicial) – Este índice de propagação inicial do fogo,

depende do sub-índice FFMC e da intensidade do vento (km/h) às 12 UTC.

BUI (Índice de Combustível Disponível) – O índice combustível, é um fator

de avaliação dos vegetais que podem alimentar um fogo (combustíveis “pesados” que se encontram no solo) e é calculado a partir de dois sub-índices: DMC e DC.

DC (Índice de Húmus) – Este índice traduz o conteúdo de humidade do húmus

e materiais lenhosos de tamanho médio que se encontram abaixo da superfície do solo até cerca de 8 cm. O índice de húmus é calculado a partir da precipitação ocorrida em 24 horas (12-12 UTC), da temperatura e humidade relativa do ar às 12 UTC e do índice de húmus da véspera.

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DMC (Índice de Seca) – Este índice é um bom indicador dos efeitos da seca

sazonal nos combustíveis florestais (húmus e materiais lenhosos de maiores dimensões), que se encontram abaixo da superfície do solo, entre 8 e 20 cm de profundidade. O índice de seca é obtido a partir da precipitação ocorrida em 24 horas, da temperatura às 12 UTC e do índice de seca verificado na véspera.

FWI (Índice Meteorológico de Risco de Incêndio) – Este é o índice final do

sistema Canadiano, sendo calculado em função dos seus sub-índices ISI E BUI.

3.2. Índices Estruturais

Os índices estruturais são desenvolvidos através de diversas variáveis, cuja seleção e importância são normalmente definidas após estudos de correlação entre estas e o histórico de fogos durante um período significativo.

A vegetação, segundo Abhinnet, Shirish et al. (1996), é o fator mais importante na determinação de risco a incêndio, uma vez que, sem combustível, os incêndios não podem ocorrer, “During analysis, vegetation was given the highest weightage because even though the fire environment may be favourable,forest fires cannot occur unless there is inflammable material.” (ibidem: 931).

O mesmo autor refere que os elementos topográficos, como o declive e a exposição solar, advém dos impactos que estes têm no comportamento do fogo (Abhineet, Shirish et al., 1996). Para Chuvieco, Congalton et al. (1989), os declives são vistos como um fator crítico para o risco de incêndio, uma vez que, quanto mais inclinada for, maior é o seu efeito nas colunas de convecção que aquecem a vegetação acima do incêndio, aumentando, assim, a velocidade de propagação no seu sentido ascendente.

A exposição está relacionada com a quantidade de combustível seco e consequente facilidade de propagação de um incêndio rural. Já o fator da rede viária e densidade de caminhos agrícolas é visto como um fator redutor do risco de incêndio, sendo este muitas vezes “corta-fogos”, mas, por outro lado, pode ser forma de aumentar o incendiarismo.

Os índices mais conhecidos foram propostos por Chuvieco, Congalton et al. (1989), que analisam as seguintes variáveis: vegetação, declive, exposição, proximidade

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à rede viária e elevação. A integração das variáveis foi ponderada de acordo com o seu impacto no aumento do risco de incêndio, aplicando a seguinte fórmula:

H = 1 + 100v + 30s + 10a + 5r + 2e

Na fórmula, o H diz respeito ao índice de suscetibilidade, o v ao coeficiente da vegetação, o s representa o coeficiente do declive, o a ao coeficiente da orientação das vertentes, o r ao coeficiente da proximidade à rede viária e, por fim, o e diz respeito ao coeficiente da altimetria (Chuvieco, Congalton et al. 1989). Os valores variam entre 0 e 255, sendo que os valores superiores a estes foram reclassificados como 255. No cálculo final foram agrupados em três classes: alto (entre 1-100); médio (101-200); baixo (201-255). O valor zero (0) foi atribuído às áreas sociais e superfícies aquáticas, cujas variáveis não entram no modelo proposto.

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Em 2004, o IGP utilizou uma metodologia com uma resolução espacial de 25 metros o pixel para cartografar o risco de incêndio à escala distrital, constituindo um projeto de três anos (2006-2008). Esta cartografia foi realizada no Norte, com quatro distritos cartografados em 2006, seis em 2007 e os restantes em 2008 (Ferreira, 2010). Em suma, a metodologia é realizada, segundo a escolha dos critérios representativos do fenómeno de risco (cos, declives, rede viária, exposições, densidade demográfica e visibilidade dos postos de vigia), com a hierarquização e ponderação dos critérios, a geração dos critérios e, por fim, a agregação final por adição linear dos critérios ponderados. Em 2009, a metodologia sofreu alterações, pois foi retirado o critério da visibilidade dos postos de vigia e foram aumentados os critérios da densidade demográfica e rede viária, passando estes também a incluir no critério da rede viária a rede ferroviária, e as linhas de média e alta tensão - Figura 12.

Deste modo, a carta de suscetibilidade a incêndio rural é obtida através da sobreposição das diversas cartas temáticas, reclassificadas em função do seu contributo para a suscetibilidade a incêndio rural. O índice de suscetibilidade de incêndio rural varia entre zero (0) - o que significa baixa suscetibilidade e mil (1000) - que diz respeito à suscetibilidade alta. No final, os valores obtidos são classificados em 5 classes: “Muito Baixa” (0-100); “Baixa” (101-200); “Média” (201-350); “Alta” (351-700); “Muito Alta” (701-1000).

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Capítulo 4. – Área de Estudo – Concelho de Cinfães

4.1. Enquadramento Geográfico do Concelho de Cinfães

O concelho de Cinfães, situado na Região Norte (NUT II), integra a sub-região do Tâmega e Sousa, correspondente à NUT III, de acordo com as Nomenclaturas de Unidades Territoriais para fins estatísticos (NUT’S).

Fazendo parte do distrito de Viseu, faz fronteira, a Norte, com os municípios de Marco de Canaveses e Baião (ambos integrantes do distrito do Porto), a Este, com o município de Resende, a Sueste, com o município de Castro Daire (ambos integrantes do distrito de Viseu), a Sudoeste, com Arouca e a Oeste com Castelo de Paiva (ambos integrantes do distrito de Aveiro). A nível regional, o concelho de Cinfães integra a Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa (CIM – TS).

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4.2. Caracterização Física 4.2.1 Relevo

O concelho é marcado por uma dicotomia entre zonas ribeirinhas e áreas serranas (Figura 6). Sobressaem dois traços morfológicos bastantes marcantes, particularmente os volumosos maciços montanhosos que compõem a serra de Montemuro, que atingem uma altitude de 1 382 metros, e o vale do Douro, que limita o concelho a Norte. De Oeste para Este, localizam-se os vales do Paiva, Ribeiro de Piães, Ribeiro de Sampaio, rios Bestança e Cabrum.

O rio Douro drena de Este para Oeste, num vale encaixado e de vertentes com declives elevados. A Este, temos o rio Paiva, com um vale profundamente encaixado, com vertentes que descem progressivamente de 600 a 300-350 metros de altitude, cujo traçado meandrizante e o forte declive longitudinal conferem grandes velocidades à circulação das águas do Paiva.

Nota-se um escalonamento das elevações à medida que se caminha para SE, um aumento da altitude, que culmina na parte mais alta da Serra de Montemuro. As duas tendências que o relevo apresenta são o progressivo aumento da altitude, das margens do Douro para o interior, e o escalonamento das elevações, principalmente de Oeste para Este.

Como refere Lourenço (1992), zonas em que a altitude é inferior, nomeadamente nas áreas ribeirinhas, são propícias a uma maior fixação da vegetação, o que poderá favorecer uma maior propagação de incêndio rural.

No caso concreto de Cinfães, isto não se aplica, como poderemos observar mais à frente.

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Figura 6- Mapa Hipsométrico do Concelho de Cinfães. Tabela 7- Área ocupada por classe de declive.

Como se pode observar na Figura 7, o concelho em estudo é caraterizado por ter áreas montanhosas e acidentadas, com relevo vigoroso, vales profundos e encaixados. O grande elemento da paisagem é a Serra de Montemuro, constituída, essencialmente, por granitos. O concelho apresenta vertentes muito inclinadas e com declives acentuados, bem como desníveis de aplanamento, com destaque para o lado oriental da

Declives (°) Área % 0-5 180 390 7,6 5-10 507 350 21,33 10-15 655 841 27,58 15-20 546 117 23,42 Superior a 20 488 483 20,54 Total 2 378 181 100

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serra.

Figura 7- Mapa de Declives do Concelho de Cinfães.

No que diz respeito à distribuição da área ocupada por cada classe de declives (Figura 7) há a referir que a classe que apresenta uma maior representatividade no concelho é a classe dos 10 aos 15 graus (27,58% do total do concelho), seguindo-se a classe dos 15 aos 20 graus (22,96%) e, por último, a classe de declives, com menor área ocupada, é a classe dos 0 aos 5 graus, com apenas 7,59% de área total do concelho.

Como refere Chuvieco, Congalton et al. (1989), o declive exerce grande influência no efeito das colunas de convecção, afetando, muito rapidamente, o modo de velocidade de propagação. Mais importante é o efeito sobre a direção de propagação do fogo, que resulta do sobreaquecimento da parte superior da vertente.

As encostas na serra apresentam características que se destacam pelo facto de registarem temperaturas mais altas e mais vegetação. Durante a noite, formam-se cinturões térmicos (ar mais quente a meia encosta) e ocorrem variações bruscas de ventos.

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Outro aspeto importante que se manifesta na topografia, é a existência de linhas de água, formando vales encaixados e com declives acentuados. Nestes locais, a vegetação costuma ser mais densa e, geralmente, a velocidade de propagação do incêndio é reforçada. Nos locais onde os declives são mais acentuados, o fogo é mais difícil de controlar, quer pelo seu próprio comportamento, quer pela maior dificuldade de acessos a estes locais. Assim, nestas zonas existe a necessidade de medidas estratégicas ao nível da prevenção e combate de incêndio.

4.2.1 Clima

O concelho de Cinfães apresenta fortes contrastes térmicos e pluviométricos entre o vale do Douro e o topo da Serra de Montemuro.

O vale do Douro, mais quente no verão, é mais abrigado e submetido a nevoeiros persistentes, enquanto que o Montemuro, mais fresco, no inverno atinge temperaturas negativas.

O clima e as características do solo no concelho permitem a cultura de várias espécies agrícolas, destacando-se a cerejeira, a laranjeira e a vinha. Os lameiros permitem a criação de gado bovino de raça arouquesa. Este concelho apresenta um clima que permite um crescimento elevado de biomassa, com condições ótimas para a propagação de incêndios, devido aos verões quentes e secos que normalmente se fazem sentir em toda a região.

Para a análise da temperatura foram utilizados os valores referentes à estação da régua (Figura 8), devido à facilidade de recolha dos seus dados, que apresentam valores médio anual na ordem dos 15,5ºC, e que é influenciada não só pelo relevo, como também pela assimetria das vertentes, como é o caso da vertente ocidental do Montemuro, em que o verão apresenta valores >30ºC, e o inverno frio, valores entre os 3ºC e 5,1ºC. Os valores médios diários de temperatura registam um aumento progressivo desde o mês de janeiro até julho, altura em que atinge uma temperatura média mais elevada, correspondendo, aos períodos com maior probabilidade à ocorrência de incêndios rurais. Os valores médios diários da temperatura máxima oscilam entre os 12,4ºC, observados no mês de janeiro, e os 31,8ºC no mês de agosto. São vários os

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temperaturas relativamente baixas no Inverno, como é o caso do relevo (existência de montanhas com altitudes consideráveis - Serra de Montemuro), e a proximidade dos rios Douro e Bestança (zonas ribeirinhas).

A partir do mês de agosto, a temperatura média desce novamente, registando valores mais baixos nos meses de inverno, mais concretamente no mês de janeiro (8,1ºC) e dezembro (9,5ºC). Os valores médios diários da temperatura mínima são mais baixos nos meses de janeiro e fevereiro, registando valores de 3,8ºC e 5,1ºC, respetivamente.

Há medida em que a altitude aumenta, o relevo provoca, no seio das massas de ar, uma turbulência que, de forma direta ou indireta, dá lugar a movimentos com ascendência e subsidência. Estes movimentos terão grande influência na posição do relevo, relativamente ao trajeto das frentes frias e depressões barométricas que se fazem sentir.

Na serra de Montemuro, os movimentos de ascendência provocam, em grande medida, precipitações orográficas nas vertentes situadas a NW, enquanto que, as vertentes situadas a NE há uma descida pluviométrica significativa. O ar circula carregado de humidade e, à medida que encontra obstáculos de relevo, vai arrefecer e, se a temperatura do ponto de orvalho for atingida, dá lugar ao nevoeiro que se fixa a montante das grandes elevações. Também na serra de Montemuro, na época de Inverno, temos presente um fenómeno meteorológico natural, a neve. Este fenómeno ocorre em regiões cujo clima é frio ou temperado, e acontece quando as nuvens apresentam uma temperatura muito baixa, fazendo com que o vapor de água condense e dê lugar a cristais de gelo. Este fenómeno, muitas vezes, leva ao corte de estradas, o que atrai muitos turistas, mas que, muitas vezes, dificulta a deslocação de pessoas.

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Figura 8- Gráfico Termopluviométrico Fonte: Normais Climatológicas para a Estação da Régua (1971-2000), Instituto Português do Mar e da Atmosfera, 2012.

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez

Precipitação 113,6 103,9 53,9 76,2 59,9 34,8 14,5 13,7 40,1 93,5 100,5 144,3 Temperatura 8,1 10,3 12,7 14,4 17,3 21,1 23,9 23,9 21,4 16,8 12,1 9,5 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200 220 Tem p e ratu ra (ºC) Pr e ci p itaç ão ( m m )

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Capítulo 5. – Ocorrências e Causalidade dos Incêndios Rurais

O concelho de Cinfães é, todos os anos, afetado pela tragédia dos incêndios rurais. No período representado, registaram-se, segundo os dados do SGIF, um total de 2 268 incêndios. Neste período temporal, destacam-se os anos de 2010, 2011 e 2015 como aqueles que tiveram um maior número de ocorrências, contabilizando 330, 403 e 297 fogos, respetivamente (Figura 9).

No que diz respeito à área ardida, foram consumidos pelas chamas cerca de 12 493,56 hectares, com destaque para os anos de 2016 e 2017, com 4 419,32 e 2235,41 hectares.

Figura 9- Distribuição anual da área ardida e do número de ocorrências, no Concelho de Cinfães nos anos de 2010 a 2019 (Fonte: SGIF 2019).

5.1. Área ardida em espaços florestais

Analisando a Figura 10, que diz respeito à área ardida em espaços florestais, pode concluir-se que têm ardido no concelho de Cinfães, maioritariamente áreas de matos, num total de 12 492,80 ha de espaços florestais, 11 182,64 ha dizem respeito a matos e 1 310,16 ha a povoamentos florestais.

Este número elevado de área ardida em matos advém da realização de queimas e queimadas, muitas das vezes associadas à substituição do pasto para os seus animais e diminuição das cargas de combustível existentes no solo.

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Figura 10- Distribuição da área ardida em espaços florestais, no Concelho de Cinfães, nos anos de 2010 a 2019 (Fonte: SGIF 2019).

A Figura 11 diz respeito à distribuição da área ardida e do número de ocorrências por classe de extensão, no período temporal de 2010 a 2019, e possibilita observar um elevado número de área ardida com área superior a 100 hectares.

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Capítulo 6. – Suscetibilidade a Incêndios Rurais

De acordo com os dois modelos conceptuais expostos anteriormente, o primeiro do IGP, e o segundo o modelo proposto por João Verde, a aplicação prática destes dois modelos levou a uma análise de diversas variáveis, sendo elas a hipsometria, os declives, a exposição solar das vertentes, cos, a rede viária, a densidade de caminhos agrícolas e, por fim, a densidade populacional. Passaremos a explicar a seguir no que consistem estes conceitos.

Como foi referido na introdução, a metodologia do IGP tem por base um conjunto de variáveis, tendo as mesmas já sido referidas anteriormente.

As variáveis existentes na metodologia do IGP apresentam uma ordem decrescente de importância, consoante os diferentes graus de inflamabilidade e combustibilidade que cada uma apresenta.

Assim sendo, o critério que mais se destaca é a cos, seguido do critério declive, e que apresentam uma influência determinante na propagação dos incêndios rurais, uma vez que, quanto maior for o declive, maior é o efeito das colunas de convecção, velocidade e propagação no sentido ascendente, como já referido anteriormente.

O critério da rede viária agrega duas variáveis distintas, sendo elas a distância em linha reta a estradas e a densidade de caminhos agrícolas. As exposições são um critério influenciador para o tema a tratar, uma vez que estas afetam a temperatura e humidade de uma encosta, provocando secura das espécies, sobretudo em vertentes viradas a sul, que registam valores mais elevados do que uma vertente que esteja virada a norte.

Por fim, o critério da densidade populacional, segundo o IGP, baseou-se na probabilidade de que uma grande densidade populacional é prejudicial à propagação de um incêndio, mas, em contrapartida, o abandono dos espaços agrícolas também o é (IGP, 2007).

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Figura 12- Critérios e ponderações, segundo a metodologia do IGP (2009).

O segundo modelo conceptual analisado diz respeito à proposta de João Verde (Verde, 2008), em que foram utilizadas as mesmas variáveis descritas anteriormente para a metodologia do IGP, de forma a perceber qual o modelo que melhor se adptaria ao concelho de Cinfães.

Como referido também na introdução, foi necessário proceder a uma divisão temporal das áreas ardidas, de forma a possuirmos dois grupos de trabalho,

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cálculo dos scores de favorabilidade, atráves de uma ponderação entre o número de unidades matriciais ardidas, pelo número de pixeis disponiveis para arder. Com este cálculo, obtivemos gráficos com valores absolutos e os scores de favorabilidade para cada variável expostos no subcapítulo seguinte.

Figura 13- Fluxograma correspondente à metodologia de João Verde (adaptado de Alves, 2012).

6.1. Variáveis 6.1.1 Declives

Em termos rurais, os declives consideram-se praticáveis pelas pessoas e veículos normais, sendo estes os veículos ligeiros de combate a incêndios até aos 10%, dos 10% aos 20% a marcha só é possível a passo, e os veículos normais apresentam algumas complicações, de 20% a 50% apenas são exequíveis veículos de todo o terreno e, acima dos 50%, a marcha só é possível a veículos especiais que aí conseguem atuar (ENB, 2003).

Os declives, têm por si só uma grande influência na propagação dos incêndios rurais. A maior, ou menor inclinação de uma vertente, tem influência direta e

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determinante na propagação, uma vez que, quanto maior o seu declive maior será o efeito das colunas de convecção, que provocam um aquecimento na vegetação acima do incêndio, aumentando, por sua vez, a velocidade de propagação, sobretudo no sentido ascendente.

Declives mais suaves são favorecidos pelas alturas fortes do sol, ao contrário das vertentes de maiores declives e bem orientadas em relação ao sol, encontrando-se estas a uma altura privilegiada.

Na Figura 14, podemos observar que grande parte dos scores de favorabilidade são elevados, o que significa que em todas as classes temos um elevado potencial para uma rápida propagação de um incêndio, sobretudo na classe dos 0-5.

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Figura 15- Favorabilidade e valores absolutos das classes de declives (⁰).

6.1.2 Exposição Solar das Vertentes

A exposição solar das vertentes revela-se uma característica essencial para a rápida propagação dos incêndios rurais. Desta forma, no hemisfério Norte, as vertentes orientadas a Sul são soalheiras, ao ponto em que as vertentes voltadas a Norte só recebem radiação direta quando a altura do sol for superior ao declive da vertente. A variável em questão manifesta também um comportamento importante sobre a temperatura (ocorrência de fenómenos como a ação da geada) e a precipitação.

A quantidade de radiação solar varia consoante as diferentes exposições, existindo elementos climáticos, como a humidade e a temperatura do solo que variam consoante o tipo de vegetação existente e a quantidade de radiação solar incidente.

As vertentes voltadas a Sul e Sudoeste apresentam normalmente condições mais favoráveis à propagação de incêndios rurais, uma vez que os combustíveis sofrem uma maior dissecação e o ar é também mais seco, devido à maior quantidade de radiação solar incidente (Silva, 2002).

Através da Figura 17, podemos observar os diferentes graus de favorabilidade nas diferentes vertentes. Verifica-se que as vertentes orientadas a Oeste e a Norte são

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aquelas que apresentam maior predominância no território, em oposição, temos as vertentes planas.

Concluindo, e segundo o que o autor refere, as vertentes orientadas a Sul e Sudoeste são aquelas que apresentam condições mais favoráveis à rápida propagação de incêndios rurais no concelho de Cinfães. As vertentes com esta exposição significam apenas 11,22% da área total do concelho (Tabela 8). No concelho de Cinfães, a exposição das vertentes não são um fator que apresentam maior favorabilidade aos incêndios rurais.

Na Figura 16, e segundo o autor, podemos afirmar que no concelho de Cinfães não existe uma favorabilidade de incêndios rurais por motivo da orientação solar das encostas, uma vez que existe uma predominância das vertentes orientadas a Norte.

Relativamente à DFCI, importa referir que as vertentes orientadas a Sul se assumem mais favoráveis à deflagração e propagação de incêndios, uma vez que nestas temos temperaturas mais elevadas devido à quantidade de radiação solar incidente (Silva, 2002).

Tabela 8- Área ocupada por classe de exposição solar das vertentes.

Exposição Área % Plano 3 676 0,16 Nordeste 310 497 13,11 Este 336 055 14,19 Sudeste 198 819 8,39 Sul 117 550 4,96 Sudoeste 148 295 6,26 Oeste 318 851 13,46 Noroeste 484 832 20,47 Norte 449 924 19,00 Total 2 368 499 100

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Figura 16- Classes de exposição solar das vertentes.

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6.1.3 Ocupação do Território

Para a caracterização da ocupação e uso do território, foi utilizada a cos de 2018, disponibilizada pela DGT.

Na Figura 19, temos a análise segundo os códigos das classes de ocupação do solo da Tabela 9.

Na Figura 18, podemos observar a distribuição espacial das espécies, em todo o concelho de Cinfães.

Com a Figura 19, podemos também observar quais as espécies que apresentam maior favorabilidade à ocorrência de incêndio, sendo que as espécies que predominam são as pastagens espontâneas, vegetação esparsa e os matos.

Em oposição, temos os espaços destinados à agricultura, as florestas de espécies invasoras e de castanheiros, que oferecem maior entrave ao fogo.

Tabela 9- Códigos das classes de ocupação do território.

Classe Designação

2111 Culturas temporárias de sequeiro e regadio

2211 Vinhas

2221 Pomares

2231 Olivais

231.1 Culturas temporárias e/ou pastagens melhoradas associadas a vinha

231.2 Culturas temporárias e/ou pastagens melhoradas associadas a pomar

231.3 Culturas temporárias e/ou pastagens melhoradas associadas a olival

2321 Mosaicos culturais e parcelares complexos

2331 Agricultura com espaços naturais e seminaturais

2411 Agricultura protegida e viveiros

3111 Pastagens melhoradas

3121 Pastagens espontâneas

511.3 Florestas de outros carvalhos

511.4 Florestas de castanheiro

511.5 Florestas de eucalipto

511.6 Florestas de espécies invasoras

511.7 Florestas de outras folhosas

5121 Florestas de pinheiro bravo

6111 Matos

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Figura 18- Classes de ocupação do território.

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6.1.4 Proximidade à Rede Viária

A proximidade à rede viária denota um papel de grande importância para a suscetibilidade, uma vez que estas, muitas das vezes, são utilizadas para travar um incêndio rural, mas, se permitem acesso a todos os operacionais, também permitem um fácil acesso para o incendiarismo.

Através da Figura 20, podemos concluir que, à medida que aumenta a distância à rede viária, as condições de favorabilidade aumentam também, o que significa que os terrenos que se localizam mais distantes das estradas são aqueles que requerem uma atenção especial, por apresentarem maiores áreas ardidas.

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Figura 21- Favorabilidade e valores absolutos das classes de proximidade à rede viária.

6.1.5 Densidade de Caminhos Agrícolas

A densidade de caminhos agrícolas interfere, também, na suscetibilidade de incêndios rurais, uma vez que estes podem também facilitar o acesso aos meios de combate, bem como à população em geral. Por outro lado, estes caminhos, muitas vezes, são em terra batida, com menor largura e, frequentemente, com ausência de sítios para inversão de marcha dos veículos de combate a incêndios.

Com a Figura 22, podemos concluir que as melhores condições para a ocorrência e rápida propagação de incêndio se localiza em áreas de pouca densidade de caminhos agrícolas, o que pode significar um grande abandono dos espaços florestais por parte dos seus proprietários.

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Figura 22- Classes de densidade de caminhos (m/ha).

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6.1.6 Densidade Populacional

A análise aos valores correspondentes à variável da densidade populacional retrata que, à medida que os aglomerados populacionais vão aumentando, a favorabilidade de incêndio diminui.

Como podemos observar na Figura 24, temos uma grande favorabilidade de incêndio na classe dos 0-10, ou seja, um aglomerado pequeno, quando comparado com a classe superior a 500, que apresenta uma baixa favorabilidade de incêndio rural. Poderá isto estar relacionado com a presença de áreas urbanas e outros tipos de ocupação do território, que provê menos suscetibilidade a incêndios rurais.

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Figura 25- Favorabilidade e valores absolutos das classes de densidade populacional (hab/km2).

6.1.7 Probabilidade de Ocorrência de Incêndio Rural

A probabilidade anual, foi utilizada como fator condicionante, na qual não são calculados os scores de favorabilidade para esta.

Segundo Alves (2012), para este cálculo teve-se em conta o histórico da área ardida do território, utilizada na construção do modelo, calculando-se para o efeito a percentagem média anual para a série de observações, o que irá permitir avaliar a suscetibilidade no tempo.

A probabilidade anual é expressa pela seguinte fórmula: P = f / N *100

P – Probabilidade anual

f – Número de vezes que cada pixel ardeu N – Número de anos da série

Podemos, assim, constatar que um pixel que arde todos os anos tem uma probabilidade de 100%, enquanto que um pixel que nunca ardeu terá uma probabilidade de zero. O pixel que tenha probabilidade zero não quer dizer que nunca irá arder, apenas

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valor de zero é um elemento neutro da multiplicação, todos os pixéis com valor zero foram reclassificados com o valor de um, de forma a serem considerados valores neutros no resultado final (Ferreira, 2010).

Imagem

Tabela 3- Número de Ocorrências e Área Ardida, entre 2010 e 2019, em Portugal Continental
Tabela 6- Número de Ocorrências e Área Ardida, entre 2010 e 2019, no Concelho de Cinfães
Figura 3- Estrutura do Índice FWI, adaptado pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera
Figura 6- Mapa Hipsométrico do Concelho de Cinfães.
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Referências

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