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Homens provisórios. Corenelismo e jagunçagem em Grande sertão:veredas

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OMENS

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JAGUNÇAGEM

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SERTÃO

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VEREDAS

Sandra Guardini T. Vasconcelos*

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ESUMO

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ste estudo visa retomar a questão do coronelismo e jagunçagem em Gran-de sertão: veredas e discuti-lo, Gran-dentro Gran-de uma perspectiva histórica, como um agudo ensaio sobre a liquidação do coronelismo durante a Primeira Repú-blica. O banditismo e a violência atravessam seu enredo e lhe determinam, em grande parte, o movimento e desfecho. No cruzamento entre Literatura e His-tória, Grande sertão: veredas pode contribuir para iluminar, a partir da pers-pectiva de um participante do mundo da jagunçagem, o modo como se estabe-leceram as relações de poder vigentes no sertão brasileiro durante a República Velha, envolvendo fazendeiros, bandos de jagunços e milícias.

Palavras-chave: Guimarães Rosa; Sertão; Bandidos e violência; Relações de poder.

*Universidade de São Paulo.

1Rosa (1976). Todas as citações do romance serão indicadas por GSV, seguidas do número de página. Fazendeiro-mor é sujeito da terra definitiva, mas que jagunço não passa de ser homem muito provisório. (GSV)1

A

s anotações marginais no exemplar que se encontra no Acervo João

Guima-rães Rosa (Gueiros, 1953) comparecem de modo esparso e em pequeno nú-mero, mas são índice de leitura atenta e interessada. O relato de Optato Gueiros, o comandante das forças volantes que mataram Lampião em 1938 e liqui-daram com o cangaço no Nordeste brasileiro, certamente sugeriu ao escritor mineiro meios de construir, de forma verossímil, as ações e aventuras que compõem a saga

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dos jagunços em Grande sertão: veredas: a travessia do Raso da Catarina (área de-sértica ao norte do estado da Bahia), a passagem da Coluna Prestes, os coiteiros, a or-ganização interna e as regras de convivência dentro do bando, as práticas do saque, do confisco e da degola, as estratégias de guerra.

Não se limita ao livro de Gueiros a crônica sertaneja, na biblioteca de Rosa. A existência de diversos títulos que tratam do sertão e sertanejos, aí incluídos canga-ceiros e jagunços, indica que, para o estudioso da língua e leitor curioso, esses assun-tos mereceram atenção, evidenciada, com freqüência, na marginália que o autor dei-xou. São fontes documentais cuja presença, no acervo do escritor, me leva a arriscar a hipótese de que essas leituras contribuíram fortemente para a construção do subs-trato do romance. Coincidência ou não, só para mencionar alguns exemplos, no livro de Gueiros a Rosa chamou atenção o nome de um dos comandantes da

campa-nha contra o cangaço, Nelson Leobaldo2 de Morais (Gueiros, 1953, p. 52), enquanto

na longa crônica da família Queiroz Lima, do Ceará, destacou um trecho que, em-bora longo, vale a pena citar:

O vento nordeste, o constante vento das secas, soprava às vezes com furor, e vio-lentos redemoinhos, levantando do chão varrido turbilhões de poeira e detritos de folhas secas, que se erguiam em tortuosas colunas opacas, alcan[çavam grande al-tura e se deslocavam, rodopiando, e seguiam campo a fora, em sibilantes torveli-nhos, numa fragorosa contorção de galhos secos, e formava no céu uma nuvem de pó, que chegava a projetar sombras no solo.

Certa vez, em dezembro, na ocasião em que Benedito lhe trazia o almoço, passou ao pé do serrote vertiginoso redemoinho, num crepitar de galhos partidos, levan-tando retorcidas e contornadas colunas de pó e seguindo rapidamente sertão a dentro.

— Lá vai o “rio do demônio”, credo, cruzes! disse Benedito benzendo-se. — Deixe de tolice; isso são duas violentas correntes de vento que se cruzam e for-mam um rodopio, que passa levantando a poeira.

— Qual, meu amo: isso é o diabo que passa galopando, vendo os horrores que ele espalhou pelo sertão: a seca, a fome, a peste e a guerra].3 (Lima, 1946, p. 136-137) Particularmente sugestiva é a descrição da travessia do Raso da Catarina, que comparece duas vezes na narrativa de Optato Gueiros. As dificuldades, o terreno arenoso e desértico, a falta de água, o sofrimento, o abandono de armamentos, bor-nais e munição: a passagem de volantes e cangaceiros por essa região seca e inóspita em tudo faz lembrar os dois episódios da travessia do Liso do Sussuarão – “o raso pior havente, era um escampo dos infernos”. Até mesmo o fracasso da primeira

ten-2Assinalado com um grifo e um X na margem, à p. 52 do livro de Gueiros. No exemplar de Trinta “estórias”

brasileiras, de Luís da Câmara Cascudo (1955), Rosa grifou ribaldos (patife, tratante, velhaco).

3Guimarães Rosa assinalou com um traço a lápis na margem todo o trecho entre colchetes. No romance, a

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tativa, sob a chefia de Medeiro Vaz, e a bem-sucedida campanha de Riobaldo se as-semelham ao malogro dos volantes e à façanha de Lampião. Um feito que nem mes-mo os próprios sertanejos ali nascidos e criados se atreveram a tentar, comes-mo assinala Gueiros nas memórias que escreveu com a colaboração de diversos informantes e que presentificam uma vida de andanças e aventuras no encalço de cangaceiros, nar-radas da perspectiva de quem as viveu pelo lado de dentro.

Os livros de Gueiros e Queiroz Lima constituíram não apenas fontes docu-mentais de natureza histórica e/ou jornalística que estiveram na base de estudos clássicos sobre o cangaço, como Os cangaceiros, de Maria Isaura Pereira de Queiroz, e Cangaceiros e fanáticos, de Rui Facó, mas também, tudo indica, parecem ter sido igualmente imprescindíveis para que Guimarães Rosa armasse o quadro referencial de seu monumental romance.

Da tradição oral, Guimarães Rosa registrou pelo menos duas variantes de “romances” sobre um dos mais ferozes e cruéis cangaceiros do sertão, Rio Preto, can-tadas pelos vaqueiros da comitiva de Manuelzão, que o escritor acompanhou pelo

interior mineiro em maio de 1952.4 Versões do romance de Rio Preto, o valentão que

se acreditava ter pacto com o diabo, eram correntes em Minas e narravam exatamen-te o momento de sua perseguição e morexatamen-te por vingança, exatamen-tema central, aliás, de gran-de parte gran-dessas estórias e crônicas sertanejas. Vingança que, não custa recordar, é também móvel da ação no romance de Rosa.

Até mesmo para o velho Riobaldo de “range-rede” Rosa encontrou exem-plos na crônica sertaneja. São inúmeros os casos de jagunços aposentados, como um certo Raimundo Lobo, que no início do século cuidava pacatamente de sua fazendi-nha no Pará (Audrin, 1963, p. 196), ou Luís Padre e Sinhô Pereira, que, no decênio de 1960, “habitavam ainda em suas propriedades ao norte de Minas Gerais” e, como [P]a-triarcas tranqüilos, pareciam ter esquecido seu passado de lutas, de quase cinqüenta anos antes”, segundo conta Maria Isaura Pereira de Queiroz. (Queiroz, 1977, p. 55) Trata-se, no geral, de um conjunto de materiais que têm como pano de fundo o período da história brasileira em que a política dos coronéis viveu seu apo-geu e declínio e como traço comum a descrição de um tipo sertanejo, com seus hábi-tos e costumes, cujo modo de vida Rosa ajudou fortemente a fixar num estudo quase antropológico da figura do jagunço.

A esta altura, deve estar claro que não pretendo, nesse ensaio, nem sequer tocar em qualquer uma das questões, a respeito de Grande sertão: veredas, a meu ver já suficientemente tratadas pela crítica para que sejam retomadas aqui. É sufici-ente lembrá-las: a medievalização do sertão e as aproximações entre o romance de

4Ver Pasta de Estudos E28, p. 20-23 e 30-33, no Arquivo João Guimarães Rosa, Instituto de Estudos Brasileiros

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Guimarães Rosa e o imaginário cavaleiresco, a discussão metafísico-religiosa, o pac-to, as questões de gênero, a linguagem. Interessa-me pensar num outro conjunto de problemas. Encobertas pela beleza da linguagem e pelo lirismo e dramaticidade do texto, a violência e a brutalidade que pautam as ações e práticas dos jagunços em

Grande sertão: veredas parecem ter ocupado uma espécie de segundo plano nas

lei-turas críticas do romance. Com raras exceções – Walnice Nogueira Galvão, em As

formas do falso, é a mais notável delas –, poucos foram os leitores do romance de

João Guimarães Rosa que se detiveram na questão do coronelismo e jagunçagem no romance.

É objetivo desse ensaio retomar essa questão e discutir, a partir de uma perspectiva histórica, a inserção de Grande sertão: veredas numa linhagem de estu-dos de interpretação do Brasil que abordaram esse traço das relações sociais e de po-der em nosso país. O banditismo e a violência que lhe é inerente atravessam o ro-mance e determinam em grande parte seu movimento e desfecho, permitindo ins-crevê-lo no cruzamento entre o literário e o histórico. Através desse entrecruze o ro-mance pode contribuir para iluminar, a partir do ponto de vista de um participante do mundo da jagunçagem, o modo como se estabeleceram as relações de poder vi-gentes no sertão brasileiro durante a República Velha, envolvendo fazendeiros, ban-dos de jagunços e milícias. Na sua representação desse mundo, Guimarães Rosa deu voz às contradições e dilaceramentos do nosso país, cuja imagem desenhou como um espaço em que o processo de modernização nunca se deu de maneira homogê-nea. O Brasil urbano, progressista e moderno aparece sugerido graças à presença e intervenção de Zé Bebelo e das forças do governo, que põem fim ao mundo jagunço, símbolo de um Brasil rural, arcaico e atrasado. Ao mesmo tempo, a morte desse mundo, ainda que vivida enquanto perda, representa também a morte do arcaísmo do favor, tão arbitrário e violento quanto o Estado que o destruiu. Grande sertão:

ve-redas expõe a face contraditória do país ao sugerir que o arcaísmo não é apenas

re-síduo do passado, mas um dos modos mais efetivos do presente e, como tal, corolário do projeto de modernização do país.

A ação de Grande sertão: veredas se situa, todos sabemos, nos entornos da República Velha, durante o processo político de consolidação nacional que se seguiu a 1889. As propaladas imprecisão dos marcos temporais e escassez de referências

históricas5 são amplamente compensadas pela recriação, no plano ficcional, dos

con-flitos e lutas políticas entre facções locais, das disputas entre famílias e grupos que tanto marcaram esse período. Proclamada a República, a manutenção da estrutura econômica do país, baseada no latifúndio, e o desmantelamento da ordem

escravo-5Ver o ensaio de Flávio Aguiar, “Grande Sertão em Linha Reta”, em que ele situa as guerras dos jagunços entre

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crata colocaram em disponibilidade um contingente de homens livres que, sem terra e sem trabalho, foram encontrar no banditismo uma forma de sobrevivência, seja como capangas – homens assalariados a serviço de um fazendeiro que formava as-sim seu exército privado –, seja como cangaceiros – homens independentes que se organizavam em bandos sob a direção de um chefe prestigioso. Os conflitos entre parentelas, entre fazendeiros e chefes políticos, agravados por movimentos milena-ristas como Canudos, na Bahia, o Contestado, em Santa Catarina, e o Caldeirão, no Ceará, fizeram do sertão uma zona conflagrada, no primeiro período republicano.

Entendido como “uma forma específica de poder político brasileiro, que floresceu durante a Primeira República, e cujas raízes remontam ao Império” (Quei-roz, [19--], p. 155), o coronelismo tinha como base os feudos políticos constituídos nos municípios e comandados por chefes locais, cuja autoridade se exercia também em nível econômico e social e cujos aliados e apaniguados formavam sua clientela. Se o mandonismo local havia desde sempre caracterizado a vida política brasileira, como demonstra Maria Isaura Pereira de Queiroz (Queiroz, 1969), o documento assinado em Juazeiro (Ceará) em 4 de outubro de 1911, passando por cima de rivali-dades e ódios, propunha o estabelecimento de “uma solidariedade política entre to-dos” (cf. preâmbulo dos artigos), ficando conhecido como o pacto dos coronéis. O poder privado desses coronéis incluía, muitas vezes, o controle não apenas do voto dos eleitores, mas até mesmo o domínio sobre quase todas as esferas de atuação pública, tais como o judiciário, a saúde, a polícia. Como explica Maria Isaura Pereira de Queiroz, o coronel, título que tinha origem na velha Guarda Nacional e corres-pondia ao topo da hierarquia, “nomeava então, na maioria dos casos, não apenas o indivíduo que detinha uma grande soma de poder econômico e político, como tam-bém o que se encontrava na camada superior dos grupos de parentela” (Queiroz,

1969, p. 166).6 A manutenção desse poder dependia, em grande parte, da reunião,

em torno do coronel, de um grupo de homens que formavam uma espécie de guarda pessoal. Esses capangas não só “pertenciam” ao chefe político como habitavam suas terras, não sendo nem independentes nem errantes. Nesse sentido, se diferenciavam dos cangaceiros, em geral pequenos proprietários rurais que, abandonando família, bens e uma vida comum, optavam por uma existência errante e independente, mui-tas vezes motivados por desejo de vingança ou simples atração pela aventura.

É assim que Maria Isaura Pereira de Queiroz explica o nascimento do que ela chama de verdadeiro cangaço:

6Parentela, segundo a autora, é um termo que define de modo mais adequado a realidade brasileira, designando

“um grupo de parentesco de sangue formado por várias famílias nucleares e algumas famílias grandes (isto é, que ultrapassam o grupo pai-mãe-filhos), vivendo cada qual em sua moradia, regra geral economicamente independentes”.

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É em fins do séc. XIX que alguns cangaceiros, apoiados em seu próprio prestígio, se destacam dos chefes de parentela e dos coronéis, perseguindo livremente seu destino. Enquanto no período anterior os bandos, ligados a um chefe de clã, esta-vam sediados nas terras a estes pertencentes, ou a um de seus aliados, agora o grupo se torna nômade e vagueia pelo Sertão, ao bel prazer dos chefes e das alian-ças que estabelecem.

Quando um chefe político local ou regional busca se aliar com um bando inde-pendente de cangaceiros, imediatamente seus adversários solicitam o apoio da polícia, e vice-versa. A população se divide então entre os que auxiliam os canga-ceiros, – os famosos coiteiros; e os que auxiliam as volantes, destacamentos mó-veis da polícia. São estas as duas grandes facções em luta no Nordeste seco, entre 1894 e 1940. (Queiroz, 1977, p. 55)

O decênio de 1920 parece ter sido um desses momentos em que o sertão se encontrava particularmente infestado de grupos de homens armados, espalhados numa vasta área que ia do Maranhão à Bahia. Um jornal do Rio dava voz à inquie-tação provocada por essa presença:

A que atribuir este fenômeno generalizado, que de Norte a Sul, em zonas separa-das por centenas de léguas, e só no meio de uma classe de habitantes, deflagra com o mesmo caráter violento? Por que motivo, sem entendimento prévio, e sem nenhuma ligação, a rebeldia sertaneja estoura em uma extensão de oitocentas lé-guas, e depois de escrever as páginas de Canudos, rebenta em Mato Grosso, aparece em Goiás, salta para o Contestado, pipoqueia em pontos distantes como irrupções locais de um fogo subterrâneo no subsolo da sociedade, e centralizando sua ação principal, devasta o Nordeste até as brenhas do Maranhão, em luta renascente e exaustiva, visando sempre os depositários da autoridade?”. (Facó, 1972, p. 184)7 A disseminação dos bandos de cangaceiros e jagunços, a violência generali-zada, a impunidade, se tinham causas sociais evidentes (as secas, a fome), eram o corolário do sistema político vigente, baseado no coronelismo e no mandonismo, e da ausência do poder público central ou, no mínimo, da sua conivência com os che-fes políticos locais. Uma ausência que, ainda no presente da narrativa de Riobaldo, causa espécie ao jagunço já retirado das lutas:

(...) Por que o Governo não cuida?!

Ah, eu sei que não é possível. Não me assente o senhor por beócio. Uma coisa é pôr idéias arranjadas, outra é lidar com país de pessoas, de carne e sangue, de mil-e-tantas misérias. Tanta gente – dá susto se saber – e nenhum se sossega: todos nascendo, crescendo e se casando, querendo colocação de emprego, comida, saú-de, riqueza, ser importante, querendo chuva e negócios bons... (GSV, 15)

O jagunço, empregado a soldo dos latifundiários e fazendeiros, arregimen-tado entre aqueles que não tinham terra nem trabalho ou entre os homens livres da

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plebe rural, como os agregados ou moradores, colocavam-se a serviço dos coronéis e estabeleciam com eles uma relação de dependência, oferecendo seu braço armado em troca de proteção. Fruto da condição semi-servil de agregados, camaradas e ren-deiros e do monopólio da terra, os apaniguados dos grandes proprietários exerciam função policial ao mesmo tempo que constituíam uma força utilizada para o exercí-cio do poder.

Que uma série de rebeliões envolvendo os habitantes do campo tenha eclo-dido entre os últimos anos do século XIX e as primeiras décadas do século XX é evidência inegável das crises, seja de ordem econômica, social ou política, que asso-laram o período a que chamamos de República Velha. Crises essas agravadas pelos movimentos das massas sertanejas como Canudos, o Contestado e o Caldeirão, só para mencionar os mais conhecidos. A eclosão e a motivação dessas insurreições tiveram como pano de fundo o abandono em que viviam as populações do sertão, terra sem lei onde a violência foi (e continua sendo) endêmica. É difícil deixar de concordar com o argumento de Rui Facó de que o misticismo e o messianismo desses grupos teriam tido uma base “perfeitamente material”, dada a exploração e o atraso a que essas populações estiveram submetidas. O fanatismo seria, dessa forma, de um lado a resposta desses contingentes à miséria e, de outro, a justificativa perfeita das classes dominantes para o esmagamento dos insubmissos e revoltosos. Na esteira desse argumento, Facó ressalta que, longe de ser os “retardatários” da civilização, como os definiu Euclides da Cunha, os jagunços de Canudos e do Contestado, as-sim como os cangaceiros que infestaram o sertão nordestino, foram todos produto de uma mesma estrutura agrária e fundiária, de um mesmo quadro de exploração, atra-so e miséria.

Wilson Lins, no entanto, estabelece uma distinção entre eles, conferindo ao jagunço uma certa nobreza de caráter e desprendimento que não enxerga no cangaceiro:

Ser jagunço não é ser cangaceiro. Há uma profunda diferença entre o jagunço, sertanejo que possui sua arma de fogo, seu punhal de aço bom, e está sempre pronto a lutar por um amigo, sem lhe custar um centavo, e o cangaceiro, indiví-duo sem pouso, que vive do crime, assaltando os viajeiros nas estradas ou os mo-radores em suas casas.

O jagunço é homem que, sem abandonar o seu roçado ou o seu curral de bois de cria, participa das lutas armadas ao lado de amigos ricos ou pobres. (Lins, 1983, p. 98-99)

Essas diferenças são grandemente atenuadas no romance. Nem capangas, como os que se associavam a um chefe de parentela ou a um chefe político, nem cangaceiros, como os que se organizavam nos bandos que percorreram as caatingas áridas do polígono das secas, os jagunços de Grande sertão: veredas são

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representa-dos como homens livres que optaram pelo modo de vida provisório e nômade da jagunçagem pelos mais variados motivos. Não recebem soldo, como os primeiros, mas são parte integrante do esquema político que impera no sertão e que coloca em choque diferentes grupos e facções. São independentes, como os segundos, de quem imitam a organização do bando e certas práticas cotidianas, fruto da vida nômade que abraçam. Recriados a partir de dados da realidade, figuram, portanto, no roman-ce como uma mistura que, combinando traços de um e outro tipo, resulta num tipo compósito que retém características dos dois.

A composição dos bandos e as motivações de seus componentes são diver-sas e heterogêneas, como esclarece Riobaldo ao explicar a seu interlocutor que “Joca Ramiro – grande homem príncipe! – era político”, “Antônio Dó – severo bandido”, “Andalécio, no fundo, um homem-de-bem, estouvado raivoso em sua toda justiça”, Ricardão “queria mesmo era ser rico em paz” e Hermógenes “nasceu formado tigre, e assassim” (GSV, p. 16). Da guerra civil entre bandos, participam desde fazendeiros como Ricardão e Hermógenes ou ex-fazendeiros, como Medeiro Vaz, até as fileiras que se originam do exército industrial de reserva, desta vez não a serviço da produ-ção mas da violência, sob o mando dos patrões, donos da terra. Vários coronéis, en-volvidos nas lutas dos medeiro-vazes, dos sô-candelários, dos joca-ramiros, dos

zebe-belos8 ao longo do romance, aparecem referidos no relato de Riobaldo: coronel

Adal-vino, “forte político”, coronel Horácio de Matos (figura referenciada na história),9

coronel Juca Sá, coronel João Duque, de Carinhanha (também figura histórica), co-ronel Caetano Cordeiro e doutor Mirabô de Melo, para citar alguns.

No sertão conflagrado de Grande sertão: veredas, há grupos de todo tipo: desde bandos armados que espalham a desordem e o terror, invadindo cidades, arra-sando o comércio, saqueando, desafiando as autoridades e ofendendo mulheres e fa-mílias (cf. GSV, p. 102), ou bandos jagunços como o de Joca Ramiro e Medeiro Vaz, que, sendo contrários ao Governo, buscam instaurar a justiça e coibir a ação de ban-didos e desordeiros, até bandos de homens a soldo como o de Zé Bebelo, que almeja liquidar com os jagunços, “relimpar o mundo da jagunçada braba” e trazer o pro-gresso e a civilização para o sertão.

Valentões assalariados ou camaradas em armas, a jagunçagem, “estado de lei” em oposição à lei do Governo e do Estado, se rege por seu próprio código de

hon-8Ao assim se referir aos jagunços de Grande sertão: veredas, Rosa repete uma prática comum no cangaço, a de

utilizar a antonomásia para nomear os membros dos bandos: “os Brilhantes, os Serenos, os Viriatos, os Simplí-cios, os Meireles, os Calangros, os Quirinos, que em geral tomavam o nome ou apelido de seu chefe.” (Facó, 1972, p. 166). O toque rosiano aparece, sem dúvida, no belo efeito resultante da composição de nome e sobre-nome.

9Rui Facó menciona o coronel Horácio de Matos, dono de vastos garimpos que se envolveu numa disputa nas

Lavras Diamantinas, em 1919-1920. Registra também que Horácio de Matos foi “senhor absoluto” desde as Lavras Diamantinas até o São Francisco. Ver Facó (1972, p. 55-56). Sobre Horácio de Matos, ver ainda Morais (1963).

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ra e se organiza segundo normas próprias, ditadas pelas necessidades de sobrevivên-cia do grupo, e segundo uma espécie de acordo tácito entre seus membros. Caracteri-za-a forte senso de hierarquia, que determina que aos chefes cabe ditar as ordens e aos subordinados, cumpri-las. Guimarães Rosa é preciso na reconstituição da organiza-ção interna dos bandos, assim como de seu cotidiano, divisão de trabalho e costumes, como o da lavração de dentes à ponta de faca, hábito compartilhado por jagunços e cangaceiros e devidamente registrado na literatura antropológica. (Arroyo, 1984)

Se há ressonâncias da cavalaria andante na caracterização de certas perso-nagens do romance, através da atribuição de valores como a coragem, a lealdade e a perseverança, a luta pela justiça e o respeito à amizade, os grandes feitos de armas e o heroísmo convivem com a brutalidade e a crueza de cenas que expõem o lado per-verso das relações entre os habitantes do sertão. A aura da cavalaria, fruto da difusão

e permanência da História de Carlos Magno e dos doze pares de França10no

imagi-nário sertanejo, encobre, até certo ponto, a sanha sanguinária dos jagunços e em-presta um sentido ambivalente às suas ações, misto de abuso da força e de generosi-dade cavaleiresca.

Chefes e subordinados integram, todos, a ordem privada instaurada pelo mandonismo que transforma empregados fiéis e homens livres em jagunços, utiliza-dos para os “ajustes pela violência” de que fala Maria Sílvia Carvalho Franco, e para a manutenção de uma estrutura de poder, com seus chefes, parentelas e “cabras”, que Selorico Mendes, apreciador das “altas artes de jagunços”, descreve com acerto:

— Ah, a vida vera é outra, do cidadão do sertão. Política! Tudo política, e potentes chefias. A pena, que aqui já é terra avinda concorde, roncice de paz, e sou homem particular. Mas, adiante, por aí arriba, ainda fazendeiro graúdo se reina manda-dor – todos donos de agregados valentes, turmas de cabras do trabuco e na carabi-na escopetada! Domingos Touro, no Alambiques, Major Urbano no Macaçá, os Silva Salles na Crondeúba, no Vau-Vau dona Próspera Blaziana. Dona Adelaide no Campo-Redondo, Simão Avelino na Barra-da-Vaca, Mozar Vieira no São João do Canastrão, o Coronel Camucim nos Arcanjos, comarca de Rio Pardo; e tantos, tantos. Nisto que na extrema de cada fazenda some e surge um camarada, de sentinela, que sobraça o pau-de-fogo e vigia feito onça que come carcaça. Ei. Mesma coisa no barranco do rio, e se descer esse São Francisco, que aprova, cada lugar é só de um grande senhor, com sua família geral, seus jagunços mil, ordei-ros: ver São Francisco da Arrelia, Januária, Carinhanha, Urubú, Pilão Arcado, Chique-Chique e Sento-Sé. (GSV, p. 87-88)11

10 A popularidade do livro pode ser atestada de norte a sul do país, pela presença do mito desde o cangaço de

Lampião até o Contestado, em Santa Catarina. Aqui, não só a história de Carlos Magno era o livro de cabecei-ra de José Maria como também os 24 cavaleiros que constituíam a vanguarda armada dos rebeldes ecabecei-ram cha-mados de os “Doze Pares de França”.

11 Muitas dessas localidades aparecem referidas numa toada registrada por Lins (1983), citada por Arroyo (1984,

p. 134). Arroyo explica que se trata de “exemplo flagrante de rivalidades locais (alicantinas) na beira do São Francisco”: “Juazeiro da lordeza/ Petrolina dos missais/ Santana dos Cascais/ Casa Nova da carestia/ Sento Sé

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É para decidir questões políticas que Alarico Totõe, fazendeiro do Grão-Mogol, e seu irmão Aluiz Totõe encomendam o “auxílio amigo” dos jagunços, sem-pre chamados, como ensina a crônica, quando se fazia necessário intervir em elei-ções, liquidar inimigos, resolver querelas. Sobre a violência que grassou no sertão brasileiro, Riobaldo também dá testemunho, declarando a seu ouvinte que “sertão é onde manda quem é forte, com as astúcias. Deus mesmo, quando vier, que venha armado!” (GSV, p. 18), para logo depois se referir às atrocidades que assolavam “tan-tos pobrezinhos arraiais”, com gente “(...) baleando, esfaqueando, estripando, furan-do os olhos, cortanfuran-do línguas e orelhas, não economizanfuran-do as crianças pequenas, atirando na inocência do gado, queimando pessoas ainda meio vivas, na beira de estrago de sangues”. (GSV, p. 40)

E, embora Riobaldo procure distinguir entre os hermógenes e cardões, que “roubavam, defloravam demais, determinavam sebaça em qualquer povoal atôa”, e os medeiro-vazes liderados pelo “rei dos gerais” paladino contra os “desmandos de jagunços” e em prol da justiça, num tempo de guerra atenuam-se as diferenças entre bandidos e heróis, porque nem mesmo um Medeiro Vaz, que “não maltratava nin-guém sem necessidade justa, não tomava nada à força, nem consentia em desatinos de seus homens”, nem ele escapa das imposições e vicissitudes da guerra deflagrada no sertão, seja na sua primeira etapa, apenas entre os bandos rivais, seja na sua se-gunda fase, em que entram também os soldados do Governo. Pois, como salienta Antonio Cândido (1970), no mundo da violência pouco variam os métodos de transgressores e defensores da lei.

Mesmo aposentado, Riobaldo não descarta a possibilidade de voltar a in-cendiar o sertão e, precavido, soube rodear-se de sua gente:

Chegassem viessem aqui com guerra em mim, com más partes, com outras leis, ou com sobejos olhares, e eu ainda sorteio de acender esta zona, ai, se, se! É na boca do trabuco: é no té-retê-retém... E sozinhozinho não estou, há-de-ó. Pra não isso, hei coloquei redor meu minha gente. Olhe o senhor: aqui, pegado, vereda abaixo, o Paspe – meeiro meu – é meu. Mais légua, se tanto, tem o Acauã, e tem o Compadre Ciril, ele e três filhos, sei que servem. Banda desta mão, o Alaripe: soubesse o senhor o que é que se preza, em rifleio e à faca, um cearense feito esse! Depois mais: o João Nonato, o Quipes, o Pacamã-de-Presas. E o Fafafa – este deu lances altos, todo lado comigo, no combate velho do Tamanduá-tão: limpamos o vento de quem não tinha ordem de respirar, e antes esses desrodeamos... O Fafafa tem uma eguada. Ele cria cavalos bons. Até um pouco mais longe, no pé-de-serra,

da nobreza/ Remanso da valentia/ Pilão Arcado da desgraça/ Xiquexique dos Bundão/ Icatu cachaça podre/ Barra só dá ladrão/ Morporá casa de palha/ Bom Jardim da rica flor/ Urubu da Santa Cruz/ Triste do povo da Lapa/ Se não fosse o bom Jesus/ Carinhanha é bonitinha/ Malhada também é/ Passa Manga e Morrinho/ Paga imposto em Jacaré/ Januária carreira grande/ Corrente meia carreira/ Bate o prego em Santa Rita/ Pra cagar mole em Barreira/ São Francisco da Arrelia/ São Romão das feiticeiras/ Extrema dos Cabeludo/ Pirapora é da poeira”. A toada, cantada por remeiros do São Francisco, é citada por Riobaldo, à página 129 do romance.

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de bando meu foram o Sesfrêdo, Jesualdo, o Nelson e João Concliz. Uns outros. O Triol... E não vou valendo? Deixo terra com eles, deles o que é meu é, fechamos que nem irmãos. Para que eu quero ajuntar riqueza? Estão aí, de armas areiadas. Inimigo vier, a gente cruza chamado, ajuntamos: é hora dum bom tiroteiamento em paz, expr’imentem ver. (GSV, p. 21-2)

Tal como uma de suas fontes, o livro de Optato Gueiros, que relata o fim do cangaço, Guimarães narra, em Grande sertão: veredas, a morte do mundo jagunço, representando ambas as obras dois olhares diversos e complementares sobre um pe-ríodo importante da história brasileira, em que também entrava em declínio uma forma de organização política que havia marcado as primeiras décadas do século XIX brasileiro. O principal golpe contra o poder político dos coronéis foi desferido pelo movimento de 1930, numa investida da burguesia por uma maior participação no poder. Com a Revolução de 30, entretanto, apesar da transferência do foco de poder dos Estados para a União e do enfraquecimento do coronelismo, apenas se alterava a correlação de forças no interior da aliança de interesses entre latifundiários e burguesia, sendo que a balança passou a pender mais, nesse caso, para essa última. Sem mudanças substanciais na estrutura agrária, alicerçada na grande propriedade, ou na base econômica, os latifundiários, no entanto, perderam suas prerrogativas políticas, com a Carta Constitucional de 1937. O surto industrial iniciado com a deflagração da Segunda Guerra Mundial, abrindo oportunidades de trabalho no sul do país, ampliou o êxodo rural, levando os habitantes do campo a migrar para a cidade. Romperam-se os laços de dependência ou lealdade entre fazendeiro e traba-lhador e ser jagunço deixou de ser um meio de vida. Sem que se tenham resolvido muitos dos problemas que estiveram na origem da jagunçagem e do cangaço, hoje os homens sem terra e sem trabalho continuam em busca de seu pedaço de chão e os grandes latifundiários já não se valem de jagunços e capangas, mas de pistoleiros, homens a soldo que matam por escolha e profissão. Em seus atos, não há vestígio da mescla de valentia e ferocidade, bravura e vileza que cercou a fama e a legenda dos bandoleiros do sertão. Hoje os pistoleiros são matadores profissionais.

Dessa forma, para a pergunta feita numa ocasião por Roberto Schwarz a respeito de Grande sertão: veredas – por que uma situação exótica como a dos ja-gunços pode ser paradigmática para a nossa autocompreensão – a resposta parece residir na própria história escrita com sangue, iniqüidade e violência que marca nos-so país. Na sua mescla de ficção e história, o romance de Guimarães Rosa é não apenas o “mais profundo e mais completo estudo até hoje feito sobre a plebe rural brasileira”, como avalia Walnice Nogueira Galvão, mas é sobretudo um agudo en-saio sobre a liquidação do coronelismo durante a Primeira República, narrado de dentro e de baixo, da perspectiva de uma personagem que viveu todo o processo. Só por isso já mereceria figurar ao lado dos melhores ensaios de interpretação de um dos períodos mais conturbados da história do Brasil que nossa historiografia produziu.

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A

BSTRACT

T

he aim of this paper is to consider the question of coronelismo (the reign of colonels) and jagunçagem (from jagunço or backlands ban-dit) in Grande sertão: veredas and discuss the novel from an historical perspective as an extremely perceptive study about the collapse of

coro-nelismo during the First Republic, between 1889 and 1930. Bandits and violence constitute an essential feature of its plot and largely determine its development and denouement. Between fiction and history, Grande

sertão: veredas can help illuminate, from the viewpoint of somebody

who participated in that world, the way power relations were estab-lished in the Brazilian sertão during the Old Republic, involving farm-ers, bandits and the military police.

Keywords: Guimarães Rosa; Sertão (backlands); Bandits and violence;

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Referências

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