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Origens do corporativismo brasileiro

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(1)

-CPOOC

ORIGErlS DO CORPORATIVISMO BRASILEIRO

Vanda Maria Ribeiro Costa

FUNDICÃO GETULIO VIRGIS

CENTRO DE PESQUISA E DOCUMENT AçAO DE

HISTÓRIA CONTEMPORANEA DO BRASIL

(2)

1/ • ....

I

FUNDAÇAQ GE�UllO

VARGAS INDIPo/cproc !

OR IGENS 00 COR P OR ATIVISMO B RASILEIRO

·Vanda Maria R i be i r o Cos t a

FUNOACAO GETULIO VARGAS

CENTRO DE PESQUISA E OOCUHENTACAO DE H ISTOR I A CONTEI'lPORANEA 00 B R ASIL

1991

c p O O C

(3)

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N 106/91

, . .

(4)

Coordenação editorial: Cristina Kar� Paes da Cunha

Revisão de texto: Dora Rocha Flaks.an Digitação: Marllla Krassluss do Amparo

C8370'

Costa; Vanda Maria Ribeiro

Origens do corporativismo brasileiro/ Vanda Maria Ribeiro Costa . Rio de Janeiro: Centro de Pesquisa e Documentação de Histó­ ria Contemporânea do Brasil. 1991 .

73 ,. ,- (Texto CrOOC)

1 . Corporativismo Brasil . 2 . Slndica -I llsmo . Brasil . 3 . Viana. Oliveira . 1883 -I 1951 . 4 . Brasil. Klnistérlo do Trabalho. I Indústria 'e Comércio . 5 . Empresários - São I Paulo <Estado) ! Centro de Pe�c:uisa e

!)��u-I .entação de História Contemporânea do Ora­ I sll. lI . Trtulo • . 1 I COU 322 . 20981 I COO 321 .65(81 ) )

(5)

SUMARIO

Introdução ei

A razão do Estado-Nacional 09

Corporativismo e JUG�rça social: o projeto de Oliveira Viana 27

Dispensando prerrogativas: o projeto corporativo da-elite

em-presarlal paulista 41

Notas 65

<

(6)

Introdução

No aras l l . • predom l ninc l . do I nt er e •• e pr i vado e a

apropr i ação pr i vada dos recursos soc l a l .ente gerados e ger i dos p e l o Estado estão I ndlssol uvel.en t e assoc i adas a o corporatlv l . . o . E . outros context os . prát i cas se.elhant es estão assoc i adas ao l l bera l l s- o . E.ta cur i osa convergênc i a d e resu l t ados der i vados d e prát i cas v i a de regra contrad i tór i as pode ser relac i onada ao 'formato paradoxal que o corporat i v i smo a.su.lu entre nó ••

Arranjos corporat i vos são fór.ulas d e I nst l t uc i onal l zação do confl i t o entre I nt eresses de clas.es antagÔn i cas que l eva. ao d i ál ogo ou • regr.s . r n i • • s de con v i vênc i a sob a arb l t rag •• do Estado . Entre

nós . " este .rranj o produz i u o co.p l eto d l stanc l a.en t o das c lasse. que ,suPolltament e dever i a aprox l .ar . .s qua i s per.anecera. ass i . d i ssoc i adas ao l ongo de décadas . Organ i zando-se .. estruturas

para lel as. se. nenhu.a art i culação I nst i t uc i onal l zada ent r e ti l . as

ent i dades represen t at i vas da classe patronal e da classe operária nunca chegar i a. a esse supo.to espaço d e I nt er l ocução que d ever i a ser cr i ad o p e l o corporat l v i s.o. O .a i s cur i oso

t er s i d o o corporat i v i s-o pensado . no Oras l l dos anos 3., co.o fóraula para d i sc i p l i nar os I n t eresses pr i vado. e estabel ecer as con d i ções organ i zac i ona l • • in i .as

para o con fron t o ent r e as c lasses , reservadas ao Estado a s funções' -d e' irb i t r o .

Este t exto, aborda est e ,paradOXO d e u . ângu l o be. espect flco, e)(a. i nando projetos de organ i zação corporat'i va e l aborados entr e 1930 e

(7)

1945 por alguns atores estratégicos: o governo central, a burocracia do Hlnl.térlo do Trabalho , Indústria e Ca.érclo (HTIC), e a elite eapresarlal paulista. Hlnha hipótese é que a elite eapresarial paulista deseMPenhou ua papel crucial no foraato do corporatlvisao brasileiro. Quero dizer coa Isso que a especificidade d.... .od.lo e"pllca-se ea parte pela atuaçio dessa elite na llderançà""""'da resistência ao projeto corporativo proposto pelo governo federal. Essa reslstincla seguiu uaa estratégia coapllcada, na aedlda ea que . 'tentou

• conseguiu deslocar o confronto coa o governo para seu 'braço técnlco-adalnlstratlvo, ou seja, a burocracia do HTIC. O confronto,

Iniciado liledlataaente após a Revolução de 3', atravessou a década entrando pelos anos 4. e ter.lnando por ocasiio da elaboração'-"ila Consolidação das Leis do Trabalho e. 1943.

As fontes utilizadas na análise dos projetos de.ses atores serio: para o projeto do governo, a legislação sindical e a Carta outorgada de 371 para o projeto da burocr�cla. dois livros de Oliveira Viana:

Prob1e.as de direito corporatlyO

(1939), no qual el<p8e sua concepção de corporatlvlsao, e

Prob1e.as de direjto sjodjçal

(1943 ), onde explica teórica e polltlcaaente sua oposição

à

versão 'dada ao corporatlvlsao , pela elite paulista. Flnalaente, o projeto da elite

ot.pre

... ial paUlista •• ,.

"

analisado co. ba_ ea ,U.ii

puhlic.çiio

'-'

''

iI.

FIESP, de aalo de 1948:

A CQDstltulcãQ de 1. de ooye.bro de 1937

e a

organ

ização corporativa

C sindiçal.

Estudos que trataa das relações entre classes e Estado no

Brasil refere.-se repetldaaente

à

polêalca travada na laprensa por

volta de 1941 por Euvaldo Lodl, engenheiro, deputado federal de 1934

a 1937, entio presidente da Confederação Nacional da Indústria, e

Oliveira Viana, jurista, consultor Jurldico do Hlnistérlo do Trabalho, Indústria e Coaérclo de 1932 a 1948 .1 Ea causa, o Modelo corporativo

(8)

·I nstltu r do pe l a Car t a d e 1937 e o format o a e l e I mpre5so pelos

J ur i st as e t écnicos do HTIC at rav�s da le i de s i nd i cal i zação de 1939 e

d e sua regul ament ação. Essa discussão correspondla n a verdade ao

paro�ls.o de um confl i t o I n i c i ad o ea 31. Del e nos fal a Evar i st o de Horaes Filho ao co.entar a host i l i dade d o eapresarlado ao M i n i st ério

do Trabalho Indúst ria e Comérc i o , financ i ando caapanhas sistemát i cas n a I mp ren sa, di fund i ndo a I d éia de que o a i

lstérlo estar i a I nventando a questão soc i al no Bras i l . 2

o con flito recrudesce .m 36, dest a vez ea t orno do proJet o de reorgan i zação da Justiça do Trabalho e l aborado pe l o HTIC sob a

11 derança . de Ol i ve i r a da agenda de

regul a.ent ação de disp ositivos da Const i t u i ção de 34 . Vea a púb l i co por I n i c i at i va de Oliveira V i an a , que defende o projeto d as cr r t i cas feitas por Wal demar Ferreir a , deputado paul i st a , Jur I st a , . catedrát ico da Facul dade de Direit o de São Pau l o . Re l at or de parecer con t r ár i o ao projeto na Câmara dos Deputados, Wal de.ar Ferre i ra arg úi sua inconst i -t ucionalldade , al'ldindo no cal or d o a-t aque

à

sua or i en t ação corpo­ r at i vist a e ao seu caráter fasclsta.3

Em 1939 , o debate sobre a d e f i nição das regras .,

que regul amen tar i am as r e l ações en tre cap i t al e tr abalho se transfor.a em

�ru conflito e. to,no

d

a

de�I":�ão das

regras do

JOgo polftico e

de

seus part I c i p antes . Ve. a plíb l i co nova.ente entre .alo e J unho de 1940 , quan d o , diante da pub l i cação do Decreto-Le i 1.4.2 , de 5 d e j1llho

de 1939 , que regulament ava a assoc i ação s i nd i cal, a e l i te paul i sta reage env i ando extensa representação ao m i n i st r o do Trabalho. Este d ocumen t o , pub l i cado e . mala d e 194. p e l a FIESP , pres i d i da ent ão· ·por Robert o Slmonsen , reslll t oll de UIII esforço con J un t o das ·prlnc i p als

ent I dades da c l asse patronal paul i st a . r elln I d as na F I ESP sob a liderança de Rober t o S i .onsen durante o segundo se�estre d e 39 . Ne l e

(9)

col aboraram representan t es da Assoc i ação Co�erc i al de São" Paulo

( ACSP). do Inst i t uto de Engenharia de São Paulo ( IE ) . do Inst i tuto dos Advogados de São Pau l o ( IASP ) . da B o l sa de Itercador i as de São Pau l o . d a Feder ação das Indúst r i as Paul i stas e da Federação Ca.erc l al de São Paulo (FCSP) . e a i nda consul tores J ur r d l cos dessas ent l dades.4

Re fl u l ndo para o c r rculo fechado dos atores d i r etamente envolv i d os . o con f l i t o se estenderia até 1943 . resolvendo-se . ao que

t udo I nd i ca . na Consol i dação das Le i s d o Trabalho. A solução ' da questão v i a CLT reve l a porém ua e qu l l rbr l o precár i o . SIl, por u. l ad o • a CLT consagrou uma l eg i slação que obedllc l a . n a letra da l e i , •

as

d i retr i zes da burocrac i a do .In i st érlo . por out r o , I nc l u i u d i spos i t i vos de exceção que abr i a. à e l i t e e�resar i al os espaços

re i v i nd i cados pel a llde"rança paul i st a . g arant i ndo sua par t i cipação n a

def i n i ção das regras de func i onament o d o s i stema de r epresent ação de Interesses no Bras i l daque l a époc a . 5

A CLT . ma i s que consagrar os d i re i t os dos t rabalhadore s . exprllssa o acordo entre b ur g ues i a e Estado sobre os l i m i tes d o

exerc r c i o desses d i re i t os d o pon t o d e v i st a pol r t l c o. Os s i na i s d a negoc i ação precedem a cod i f i cação das le i s t r aba l h i stas. e o ma i s ostens i vo deles é a nomeação de Marcondes F i lho para o It l n i stér i o" d o írabaiho . Indústr i a e Comércio. Ã part i r de então ass i ste-se ao

esforço con junto dos atores e. con fl i t o para agi l i zar esse s i stema. O esforço fo i l i derado por Harcondes F i lho , advogado paul i st a . am i DO pessoal de Roberto S i monsen . estreit amente l i g ado à e l i te eapresarial paul l st a . 6

Antec i pando a expos i ção dos projetos que ;tn i mara. o con f'l i t o . podemos ass i nalar os objet i vos bás i cos de cada um deles. Para o govern o . o corporat.fv l s.o era antes de t udo u. programa de I ntegração dos atores produt i vos ao Est ado . sob sua coordenação e v i g i l ânC i a. Na

(10)

I deolog i a do i nteresse nac i onal o governo preten d i a fundar sua leg i t i m i d ade . Suporte d o i nteresse colet i vo . o Estado renasc i a em , opos i ção aos i nteresses pr l �ados d e clãs Ir d e grupos. e às máqu i nas

part i d ár i as que sustentavam seu domln i o . Desleglt i má-las I mpl i cava a substlt'llção dos s i steaas de lealdade trad i c i on a i s por \UI outro que

subord i nasse essas lealdades ao Estado.

Colocada nestes termos. a questão d o Estado ex i g i a necessar i a�ente a redeflnlção da Nação . Obedecendo à sua própr i a lóg i ca - permanecer 'lno e i nd i v i s ível - o Estado d ever i a se organ i zar de forma a i ntegrar nele .esmo os i nteresses d a Nação. E da própr i a lóg i ca do Estado-uno q'le a Nação se faça nele e por ele representar . O corporat i v i smo fo i v i sto ass i m como fórmula d e representação da Nação no Estado e pelo Estado . 7 Por outro lado! os i nteresses d a Nação. não podendo ser representados pelo poder local - d os estados ou partes p olrt i cas do Estado contrár i o e oposto à Nação . devem ser representados por ent i dades rea i s . i dent i f i cadas como as forças v i vas da' Nação p or constlt'l ír em sua base real e concreta, A base produt i va .

Conduz i da por esta lóg i ca . a r eal i zação do projeto d o governo I mpl i cou a redef i n i ção do �Ign i ficado do públ i co e do pr i vado. Como espaço . coa0 conteúdo e como esfera de competênc i a. melhor d i zendo . d e

E . obed i ênc i a a esta .esma lóg i ca . o Estado gerava obstáculos ao seu própr i o programa. Impuls i onando reordenamentos soc i a i s a part i r d a mob i l i zação assoc i at i va por ele mesmo est i mulada. o Estado ele

própr i o sobrecarregava sua agen d a . produz i nd o cr i ses a

en frentadas . Não l h e r estar i a outra saída a não ser pos i c i onar-se frente às forças por ele mob i l i zadas e coa elas i nterag i r de acordo com o potenc i al d i srupt i vo d e cada uma . Repressão ou/e cooptação ."Esta

'resposta lóg i co-pragmát i ca ser i a a origem da 'd i ferenc i ação de

(11)

padrões

entre

i n t erat i vos entre Estado-Govern o e a forças d o t r abalho � .s forças d o

soc i edade·. a I st o capital. h.pr l a l ndo

é .

ao corporat i v i sao bras i le i ro ua foraato singular .

A despe i t o das d i f i culdades para se d i ferenciar o projeto d o govltrno daquele ql�e or i ent ava o deseapenho da burocrac I a.

poss f vel faze-lo a partir da d i reção d ad a aos projeto. que sa f aa do Hin l st ér l o do Trabalh o , Insp i rados por Oliveira V i an a . Não é correto pensar que o projeto do govern o-Est ado t enha s i d o o aesao d e Oliveira V i an a . Ser i a ma i a exato falar d e pon t os tangenc i a i s . Se Oliveira V i an a buscava a

i n tegração ao Estado-Nação med i an t e a organização do aund o econôa i co e o equ i lfbrlo das forças soc i a i s . a lóg i c a d e seu projeto era bem outra . Nesse sent i do pode-se ad i an t ar que o projeto de Ol i veira V i an a pode ter s e c on fun d i d o ·coa o do governo . aas não o con t r ár i o .

Para Ol i ve i ra V i an a . problemas. d e i nt egração . part i c i pação e represen tação eram problemas d e engenhar i a pol f t i co-adm i n i st rat i va . mecan i smos d e resolução d e uaa cr i se prévia e orig i nal . A cris� d i str i but i va. Est a crise não ser i a soluc i onada através d o l i vre .con fron t o entre forças d ot ad as d e recursos organ i zac i on ais desigua i s . O. fant asma d a desordem e do caos resultante d o con fl i t o entre a força

econôm i ca

prevenção

e a força das aassas desorgan i zadas ex i g i a um esforço d e que só o Estado pod i a real i zar . Ao Estaóo cab i a se

an t ec i par . ev i t an d o que a aut onom i zação d essas forças levasse ao seu puro e s i mples an i qu i laaent o .

A nat ureza ét i ca dessa ação p r even t i va deterainava a natureza do mecan i smo a ser cr i ad o . Se a questão era de e qu l l fbr l o e J ust i ça . o mecan i smo dever i a ser j urtd l co . O corporat i vismo c on st i t ufa ass i a ua prograaa normat i vo . um con j un t o d e noraas a serea I nst l t utdas ou l eg i t i madas ( r econhec i das pelo Estado> . O corporat l v i s�o era ua programa d e ordem . just i ça e progresso soc i al .

(12)

De sua utop i a sobrevivera. apenas mecan i saos

formais: o s i nd i cato ún i co com o monopólio d a rapresent a�io . o i mpost o .slnd l c al e a Just l �a do Trabalh o . Quan t o às c onv.n�ões colet i vas .

I nst rumentos de aprox l ma�ão entre as classas e solu�ão normat i va d e confl i t os .

servl�os.

aos poucos foram sendo reduz i das a contratos colet ivos d e Do edi fíc i o J uríd i co I mag i nado restar i a apenas uma estrutura s i nd i cal vert i c al à qual se acomodar i am pat rões e operár i OS . de for�a d i ferenc i ad a . I nst i tuc i onal i zando paradoxalment e o deseqU i l í br i o . A condu�ão do confl i t o d i str i but i vo. assum i d a pelo Est ado . transformou-se em cac i fe num J ogo do qual as for�as d o trabalho foram excluídas . Sem voz nem vot o . cab i a-lhes apo i ar seu porta-voz . o Est ado. A pro i b i ção d e greves e d e confederações para os trabalhadores fez do cont rato colet i vo uma farsa. As exceções abertas às assoc i ações patrona i s tornaram a letra da le i i noperante no que s e refere ao equ i l í br i o e s i metr i a d as forças produt i vas .

E absolut ament e verdad e i ra a percepção d a classe empresar i al paul i st a d e que o M i n i stér i o d o Trabalho est ava cr i ando a lut a d e

classes se entendemos. obv i amente. que esta lut a só é poss í vel através do e qu i l íbr i o d e forças antagônicas . O corporat i v i smo proposto pelo M i n i st ér i o do Trabalho v i sava de fato est a s i metr i a. A recusa d a elite �atronal e_ reconhecer '. leglti&idade dê u* prog�aaa qU� bus ava or gan i zar 05 trabalhadores d ando-lhes voz e voto levou Ol i ve i ra V i ana a adotar a ún i c a est ratég i a alternat i va : res i st i r às pret ensões . das ent i dades patrona i s . Alargou-se ass i m o espaço d e convergênc i a entre Olive i ra V i ana e um governo ans i oso por organ i zar e subord i nar falanges per i gosas . transformando-as em exérc i t os d i sc i pl i nados' sob seu comando ún i co . Por outro lad o . os espaços v i rt ua i s d e ajuste ent r e Ol i v e i r a V i ana e a el i t e empresarial paul i st a viraram conjuntos ·vazlos .

(13)

o proj eto paul i sta. como veremos. e.tlora a f i nado doutr i n ar i amente com Ol i ve i ra V i ana. tomou forma como d efesa c ontra a estratég i a do H l n l stérlo d o Trabalho . Até 1937. o m i n i stér i o seg u i u uma estratég i a que perm i t i u às el i tes paul i stas d ar i mpulsos à sua organ i zação en quanto a c l asse trabalhadora era duramente repr i m i da . Depo i s d e 37 . a l óg i ca d o Estado-uno af l r.au-se com v i gor renovado . O

-Cmpeto central i zador se fez acompanhar n o entanto de um propós i t o

I ndustr i al i zante . O corporat i v i smo se real i zar i a como um progra.a d e de.envolv l mento econôm i co .

Compat i bil i dade d e I ntere.ses e I ncompat i b i l i dade d e projetos const i tuem o d i lema a ser superado pela e l i te empresar i al p aul i sta . A tát i c a cons i st i u em l evar aos l i m i tes a d outr i n a corporat i va . cobrando s i stemat i camente coerênc i a entre o d i scurso e a prát i c a do Estado . A �rát i ca ( ação d o H l n i stér i o do Trabalho . Indústr i a e Comérc i o) . de acordo com os paul i stas. I nv i ab i l i zava o proj eto do" governo (retór i ca d e Varg as) . Enfrentando Ol i ve i ra V i an a . ut i l i zaram sua utop i a para bo i cotar seu proj eto .

A l eg i t i m i dade está "na soc i edade e d i fere d a legal i dade. que se or i gina no Estado . Autonom i a n ão se" deleg a . D i re i tos não são

prerrogat i vas . Interesses pr i vados são púb l i cos quand o d i zem resp e i t o � coletividades. As colet i vidades s e for.a. territõrlal.ente. e. função dos i nteresses d e reg i ões econôm i cas homogêneas . com o objet i vo de soluc i onar probl emas comuns.

O corporat i v i smo. aque l e I mag i nado para subst I tu i r a

representação polít i ca de I nteresses l oca i s . até então monopol i zada

pelos part i dos pol ít i cos . torna-se. nas mãos dos pau.l l stas . I n strumento d e resgate de i nteresses l oca i s pr i vados . representados

agora pelas federações estadu.a i s d a I ndústr i a e do c omérc i o .

(14)

expectat i vas l i gadas ao corporativ i smo segund o os obj et i vos dos atores e seua projetos .

QUADRO I CORPORAT IVISMO

.---*

.1 I • Organ i zar o Estado-Nação I

I Estado I • Subor d i nar a Nação ao Estado I

I I . D i sc i p l i nar os con fl i tos de I nteresses I

1---1---1

1 Ol i ve i ra I . Organ i zar as relações de c lasse 1

I V i ana 1 • Equ i l i brar o poder I

1 1 . Soluc i onar l egalmente os con f l i tos d e c lasse 1

I --- I ---�---1

1 El ite I • Representar i nteresses I

1 paul i sta I . Art i cular demandas I

1 I • Part i c i par das dec i sões de pol ft i caiõ púb l i cas 1 *---�---* Os obj et i vos resumidos ac i .a or i entaram a cr i ação de mecan i •• os e. torno dos qua i s se desenvolveu o con f l i to . Ao que tudo I nd i ca . a frustração .a l or terá s i do a de' Ol i ve i ra V i ana . O governo v i u e. parte real i zado seu programa . e pode-se atr i bu i r à e l i t e empresar i a l paul i sta u m resultado aals que sat i sfatór i o . Mes.o por que . os aecanlsmos I.ag l nados para a real i zação de objet i vos d i vergentes acabaram' por serv i r aos i nteresses comuns dos atores estratég i cos:

govern o e el i te empresar i a l . E o que vere.os através dos proj etos desses atores.

A razão do Estado-Nac i onal

A Intenção de mod i f i car o s i stema representat i vo é anunc i ada por Varg�s a 2 de Jane i ro de 1931 . decorr i dos portanto menos de três

mellEfS da v i tór i a da Revoluç ão de 30. Era necessár i o · ext i rpar as

011 gar qu i as pol ít

Icas

estabel ecend o a representação 'por c lasses ea vez do velho s i stema da representação i nd i v i dual . tão fal h o como expressão

(15)

d a von a e popu ar t d 1 · 9 • •

E Vargas a i nda que. adverte: ••• ·0 Estado. que é a soc i edade

. organ i zada. d i r i g i do e I .pú l s i onado p e l o I nteresse púb l i co. n�te soaente . deve encontrar os lla l tes nor.a i s a seu poder de interven�io . · 1 0 Motor e l i .lte d o. Estado. o I nteresse públ i co dever i a ser o cr i tér i o de de f l nl�ão d a nova orde • • aonopol l zado agora pe l o

Est ado . que ea seu no.e t entar i a se sobrepor a qua i squer outros

I nteresse s .

A 4 d e .a i o d e 1931 Vargas anunc i a o s ru.os a sere. i apressos

à

p.rt i cipa�ão pol í t i c a das .ssoc i a�ões de c l asse no novo reg i .e:

· E. vez d o i nd i v i dual i smo. s i nônl.o de excesso de l i berdade. e do co.un i s.o. nova .odal i dade de escrav i dSo. deve prevalecer a coordena�ão perfe i t a d e t odas as i n i c i at i vas . c i rcunscr i t as à órb i t a d o Estado. e o reconhec i .ent o das organ i za�ões de c l asse co.o

'bl.

. 1 1

pu Ica.

co I aboradoras d a ada i n i stra�ão

Burocrac i a e ent i dades de c l asse t rabalhar i a. ea conjunto sob coordena�io d o Est ad o . E o .ecan l s.o i deal i zado para esta

col�bor�c�o foi

o H i nlçtério

do Trabalho.

Indú5t r i a e

Co:ércio,

cr i ado

em noveMbro de 1930 .

A crla�ão de u • • i n i st érlo para o t rabal ho . prev i st a no progra.a do mov i ment o de 30 . v i nculava-se ao propós i to de subst i t u i r a repressão ao .ov i aento dos t rabalhadores por UMa polrt i ca o f i c i al de

proteção e aMParo às sua� re l v l nd i ca�ões . A adM i n i stração conjunta de

I nteresses con f l i t antes . resolv i da na aMP l i t ude dada ao . i n i st ér i o. agora também d a I nd úst r i a e co.érc i o . assu. l a por t anto UMa pr i or i dade . que não fora prev i st a . As razões dessa súb i t a t ransfor.a�ão podem ser

(16)

"a�50c l ada5 à d i nâmica da preserva�ão do poder rec é.-ad qu i r l do . E nela o corporatlv i s.o t e. u. pap e l funda.ental .

Instalados n o poder. os revo l uc i onár i os se deraa conta da pre.�nc i a dos probleaas a serea tn frentados . Os cont i nuados d éf i c i t s

Ind i cavaa a urgênc i a d e uaa pol r t i ca d e e qu i l rbrio f i nance i ro . probleaát l ca ea ua aoaent o d e cr ise política e d e decadên c i a da econoa l a cafee i ra . Faz i a-se necessár i o proteger n ossa ma i or fonte de d i v i sas. aumentar a arrecadação I nt erna. est l aular o cresc l aent o industr i al . e divers i ficar a p r odução . '0 Brasil deve ser u. ót i mo aercado para o Brasil . ' A proteção ao trabalhador d ever i a se fazer acompanhar da administ ração da i nt erdependênc i a natural ent r e o trabalho, a Indúst r i a e o comércio , e da adain i s tração da c i rculação da r i queza . Ist o por que as cidades. v i vendo u. processo de urbanização desordenada , parec i aa div i didas entre ' plutocratas e . i seriveis ·, i ncapazes de sobrev i ver devido ao encareciaento dos bens produz i dos por 'indústr i as art i f i c i ai� · . 12

Est i mular a industrial i zação acumulação cap i tal l stal

sign i ficava circulação

proaover a da r i queza s i gn i f i cava criar cond i ções para dia i nu i r" seu i apac t o soc i a l , Ist o é. d i m i nuir os efe i t os prev i s rve l s desta pol í t i ca n o ac i rraaent o dos conflitos de classe.

A t arefa pol r tica i med iata exig i a taabéa soluções que neut ral l zas�em as dificul dades I nerentes

à

preservação d o poder revolucionár i o. Estas l ap l i cavam o desaont e da .áqu l na dos partidos Ol i gárqu i cos. sust entação do d o. í n l o das oligarqu i as r eg i ona i s. Era prec i so un i f i car a nação fragaentada ea l ea ldades l oca i s sob u. Estado que representasse os int eresses nac i onais até ent ão subordinados aos interesses das fac�ões . c l ãs . ou frações d e c l asse . Era prec i so reconstruir o Estado-Nação .

(17)

Equ i l i brar sa l d o e despesas. I mpul s i onar a I ndustrla l l za�ão. disc i p l i nar a clrcula�io da r i queza. e v i tar os con flitos de c l asse

assoc i ados

à

industrlallza�io. I ntegrar partes desgarradas. separadas

do Estado. eram premênclas que certaaente despertaram o novo governo

para I nterdependênc ias mais coap lexas entre polrt l ca. econom i a e

soc i edade . Entre governo. produ�io e c i rcula�ão da ri queza. entre

legit i m i dade e representa�io. A nova organ i za�io dada ao " I n l st ér l o d o Trabalho re flete estas premênc l as e I n dica os rumos seg u i dos para e n frentá- l a s .

o " i n l st ér i o do Trabal ho. Indúst r i a e Comér c i o assumiu por-tant o d i mensões que ultrapassavam aquelas com que fora pensado. t rans-formando-se em instrument o ade quado a um projeto de i ntegra�ão naclo-nal d i sc i p l i nado pelo Estad o . O novo m i n i st ro. d i rig i ndo-se aos lrderes emplrderesar i a i s no Rio de Jane i ro. t raduz i a bem a orienta�ão do reg i -ae: · Nio h á nenhuma classe. seja proletária. seja capitalista. que possa pretender que seus i nteresses valham ma i s que 05 interesses da comunhio nac i o�al ( • • • ) nem OB operár i os nem os patr ões têm o direito. por ma i s Justos que sejam seus I nteresses· e re i vind i ca�ões. de perder de v i sta a própr i a sorte do par s ( • • • ) Não há i nt eresse part i cular por mais leg r tlmo

que seja

que

possa subtra i r-se

à

destina�ão

na-. 1 3

clonal . ·

Regular e d i sc i p l inar o cap i tal e o t rabalho subor d i nando-os ao I nteresse geral era a meta de um projeto que ex i g i a a subordina�ão

da Na�ão ao i nt eresse comum. e fórmulas para vlab l lizá-Io . A I nten�ão

certamente ser i a I nsuf i c i ente para conter uaa l óg i ca der i vada d o r.Pet o d os i nteresses i ndiv i dua i s pr i vados de fra�ão e de grupo.

O propós i t o de ret i ficar padrões assoc iat i vos v i st os como i ncorretos por que contrár i os

à

solidariedade e colabora�ão i mag i nadas.

(18)

'term i nou por cr i ar espaços proteg i dos da compet i ção e do con fl i t o que

benef i c i ar i am alguns grupos em detr i mento de outros. Neste espaço se

fortalecer i am cada vez ma i s aqueles grupos c ujos I nteresses se preten d i a corr i g i r e d i sc i p l i nar .

o projeto de organ i zação da representação d e I nteresses n o

Bras i l . mov i do como fo i por esta I ntenção corret i va e d i sc i p l i nar .

avessa a05 I nteresses pr i vados em noae da razão d e um novo Estado .

acabou por I mped i r a I nstituc i onal i zação d e p r át i cas e proced i aentos

I nteraclona i s entre grupos de i nteresse d i ferentes e antagôn i co s . A

negação da greve como d i re i to l eg rtlao desde então e até mu i to

recentemente é a expressão d i sso. Ao mesmo tempo a organ i zação promov i d a pelo Estado não conseg u i u subst i tu i r total mente aquela que

lhe fora anter i or e espont ânea. obt i da por grupos que t er i am

soluc i onad o . sem o Est ado . os seus prob l emas d e formação . ou . como d i z Wander l e� Gu i lherme dos San t os . seus prob l emas d e ação colet l va.14

A adesão ao projeto o fic i al . est i mu l ada o lson l anamente por I ncent i vos espec i a i s em 1931 (a prerrogat i va de I nt egração ao Estad o )

e a part i r de 194. ( o Impost, o S i nd i cal ) . 'var i ou em função d o grau d e

autonom i a e força dos d i versos grUP05 d e 'I nt eresse . Se . por 5eu l ad o . as assoc i ações patrona i s d i spunha. d e recursos capazes d e transformar � s i nd i calização promov i da pelo Estado em arma d e res i stênc i a e ,aut onom i a . sol i d i f i cando seu acesso às esferas d ec i sór i as . a c l asse

operár i a . por não d i spor dos me5m05 recursos . fo i l evada a ace i tar a

subord i nação 'como ún i ca v i a de, acesso à organ i zação .15

A I m p lementação'do projeto do govern o c omeçou formalmente com o Decreto-Le i 19 . 77 •• de março d e 1931 . regul amentando a s i n d i cal i zação das assoc i ações patrona i s e operár i as . E. ma i o Vargas falou de sua esperança de ver real i zada a · un l f l cação nac i onal · no d i a ela que se reun i ssem . "numa me5aa assembl é i a . p l utocratas

(19)

'proletár i os, pat rões e s i nd i cal i st as, t odos os representantes das corporações de c l asse, I nt egradas ass i m n o organ i smo do Estado ( ••• )

ea uma col aboração e fet i va e I nt e l l gen t e·.16

o Decret o-Le i 1 9 .77. ser i a o I nstrumen t o l egal da revolução a ser r ea l i zada no iab l t o das relações d e c l asse . E l e i nt r oduz duas mod i f i cações fundament a i s no que se r e fere

à

i nst l tuc l onal i zação"das r e l ações entre Estado e soc i edade. A pr i me i ra d i z respe i to ao papel d o poder pÚb l i co como refundador das ent i dades de classe, através ' da

f i gura iegal 'do

reçonbeclaento.

A segunda refere-se ao estatut o l egal

do s i n d i cato, que passa a t er personal i dade J urld l ca de d i r e i t o

pÚb l i co .

o propós i t o ev i dente do Decreto-Le i 19 .77. é corr i g i r a

as. l .etr l � entre a c l asse patronal e a e lasse operár i a, equ i parando suas assoc i ações at ravés de um regulamento ún i co e-un i forme, ao qual

dever i a. se adaptar qua i squer assoc i ações que v l sas.em defender e

representar I n t eresses prof i ss i ona i s e de c l asse. Essas assoc i ações,

d i t as s i n d i catos , ser ia. con s i deradas I nt er l ocut oras do governo federal enquanto órgãos t écnicos e consult i vos, no estudo e solução de prob l emas soc i a i s ou econôm i cos que se, r e l ac i onassem com seus Int eresses . Aos s i n d i catos era perm i t i do col aborar 'na apl i cação das leis que regulava. os conflitos entre patroes e operár i os·, firmar ,convenções ou cont ratos colet i vos de t rabalho, ass i m co.o d efender seus assoc i ados peran t e as autor i dades J ud i c i ár i as. Suas funções portanto pod i a. ser exerc i das tanto no pÚb l i co COa0 no p r i vado .

Ao poder púb l'l co , cab i a agora deter. l nar o que era um

s i n d i cat o , regular sua organ i zação e func i ona.ent o, est abel ecendo as

cond i ções sob as qua i s r econhec i a aos s i n d i catos o

direito

d e exercer

as funções que se.pre hav i a. exerc i do . E. outr as pal avras, a ação

(20)

t roc� . ter i aa o reconhec i aento d o d i r�it o d e part l c i pa�ão nas dec i sões relativas aos seus I nt er�ss�s .

o sind i cato dn i c o foi a fóraula uti lizada para i nt egrar .

cont roland o . a a�ão associativa pr i vada à estrutura d o Est ado . A

reJ� I �ão das noraas estabel ecidas p e l o decreto i apor t ava na exc l usão

d o s l st eaa e na i n v l �b i l l dade da representação. coa e fe i tos óbv i os na ação colet i va . O sindicato único t ransforaava-se ea I nst ruaento de

I n t egração nacional . part i c i pação e representação.

O H l n l st ér i o do Trabalho. Indústr i a e COaércio passava a ser

o I nt eraed i ador ún i co das r e l ações ent r e sind i catos � governo . assuaindo UMa pos i ção estrat ég i ca na I nt era�ão ent r e ent i dades d e c l �sse e governo federal . Ea f'lnção de seu nível organizac i onal . de S�UB recursos e grau de aut onOM i a . as diferentes ent i dades d e aabas as c l asses ter i aa uaa I ns�rção d i ferenciada no Est ado . detera i nada ea parte por i nj unções do contexto pol f t i co espec í fico onde atuav .. .

Ea São Paul o . a rea�ão patronal ao decreto obedeceu à l ógica

dos con flitos da elite eapresar i al naque l e aoaent o . A Assoc i ação Coaerc l al de São Paulo CACSP ) e a Soc i edade Rural Bras i l eira CSRB ) .

deseapenhando naquela hora ua papel estratég i co n o jOgO pol ft l co . se

perM i t i raM i gnorar o decret o . dispensando ua recgnbeçlaentg j á

l eg i t i aado h i st ór i ca e pol i t i caaente ea •

1 1 17

nlve1 oca . Recusaraa-se

a adapt ar-se ao foraato sindical . t a l coa0 redefin i do p e l o Est ado .

Peraanecera. coa0 ent i dades d e c l asse d e natureza c i v i l . ev i denciando

UM grau de autonoa i a aa i or que o dos industria i s . O Centro das

Inddst rias do Estado de São Paulo CCIESP ) . v i nculado às foraa�

venc i das na Revolução d e 3e . ficar i a obr i gado a aanobrar coa per í cia para recuperar o acesso às esferas d e dec i são e sobreviver à hegeMonia pol í t i ca l ocal da ACSP e d a SRB . Ea aa l o d e 3 1 . aenos d e d o i s aeses após a pub l i cação do Decreto-Le i 19.77e . surg i u a Federação das

(21)

Indú�trl as dR São P aulo ( FI ESP ) , adaptada ao n ovo sl ndl call s.o .

A Expos i ção d e Mot i vos que acoapanha o DRcreto-Lel 19 .77e explica sua adequação ao proJRto do governo, fornecendo o quadro que

lhe dá sent i do naquele .o.ento. Ass i nada por L l ndol fo Col l or,

apresenta crescent e

In!erdePRndêncl a entre a s c lasses, cuja eKPressão jur r d ica ser i a o

·dl relto s i nd i cal ou d i reito colet i vo· . Essa l egislação · d e caráter

espec i al col ocava-se entre o d i re i to privado e o d i re i to púb l i co · ,

co.o · t raço d R un i ã o · entre u. e out r o . Argu.entando de for.a I.precl sa, o . i nl stro redefl ne os atores aos qu� i s se ap l i cava o n ovo d i r e i t o . Subst i t u i ndo o ·indiv f d uo-pat rão · e o · I ndiv rduo-operár i o · , SIJrge. o ·patrão-c l asse· e o · operár·l o-cl asse ·, cujas r e l ações cab i a ao Estado reg u l a.entar . O d i re i to sin d i cal era u. antedoto aos abusos do poder econô. i co e ao abuso do poder nu.érlco das .assas. A nova ordR., rRgulando d i r e i tos e deveres coletivos , se apresRntava coeo waa ten t at i va de organ i zação racional do con fl i to .18

E. agosto de 1932, o DRcreto-Lel 2 1 . 761 vel o regula.en t ar o Inst i tuto da convRnção colet i va de trabalho, na tentat i va de est i aular a negoc i ação e o d i ál og o entre as forças do capital e do trabalho . O poder púb l ico I nterv i nha co.o l egl tl .ador da convenção feita entre

s i nd i catos organ i zados, podendo estRndê-Ia à toda a categoria ( art .

1 1 , parágrafo 50 ) . Assl., se a extensão da nor.a dependia da autor i ­ dade púb l i ca, o conteúdo d a convenção e dos acordos era deter.l nado

exc l us i va.ente pela ·vontade concordada da .a l oria das c lasses

I n t eressadas · . Grad�al.entR a IRgl slação abr i a espaços de I nterl ocução

entre patrões e operár i os . Esta relação seria contudo i n viabil i zada

p e l a Const i tu i ção de 34. Consl dRrada de .ane i ra geral co.o a .al s

Il bRral de nossas Const i tu i ções , a Carta dR 34 SR dRstaca taabé. por

(22)

s l st e.at l ca.ent e b o i cotadas quando d e sua regula.entação. 1 9

A nova l e i .ant eve para os s i nd i catos e assoc i ações c i v i s o

e.tatuto Jurrd l co obt i do e. 31 . I st o

i:

per.anec l a. dotadas d e per sonal i dade Jurrd i ca de d i re i t o púb l i c o. No entanto. a fon t e e natureza de .ua l eg l t l . l dade fo i t raz i da d e vol t a para o .undo pr i vado. S i nd i catos ou as.oc l ações de c l asse vol tava. a ser v i .t os co.o órgãos natura l . de d efesa e representaçã o . funções or i g i nár i as e anter i ores ao reconhecl.ent o 'do Estado . que reçonbeçla o. s i n d i cato.

co.o órgio. de çoordenaçãO do. d i r e i t o. co.un. a e�regados e

e.pregadores e d e çoJabpcação co. o Estado • . E. outras palavras .

prerrOgatlya.

vol t av .. a ser

direitos.

As funções de defesa e representação per.anec i .. v i nculadas . en ql.1ant o 'd i r e i t os prév i os ao rllconhec l .ento d o E.tado e exerc i dos e. sua p l en i tude sob u. regl.e d e p lural i dade. A recuperação dest a q'.lalldade v i nha as.oc i ad a . no entan t o . ao re.tabelec l llen t o da des i gualdade de 't rat a.en t o e da a.s i .et r l a ent re assoc i ações patrona i s e operár i as . O retorno à desigualdade organizacional correspondia ao pr i nc(p l o de que a des i gualdade é u.a questão d e co.pet ênc i a na d l .puta no 'aercado da repre.ent ação d e I ntere.se.. O reçonbeçjmento de i xava de ser fundador e pas.ava a ser co.preend i do coa0 i nst ru.ent o de legal i zação de u. status adqu i r i do no aundo p r i vado. No que d i z respe i t o à c l asse operár i a . a prevalênc i a de.t a or i entação i ap l i cou-ea co.pet i ções que afastara. de .eu hor i zont e a. po.s l b i l i d ades d e represent ação autôno.a e ação un i f i cada. Suas organ i zações of i c i al i zadas pelo decret o- l e i d e 3 1 não l ograr .. a adesão dos setores ma l . co.bat l vos . A perda de autonoa i a fo i acoapanhada . as.i •• do de.perd fc i o de recursos organ l zac l ona i . event ua l .ente d i spontve i s . As assoc i ações patrona i s . por seu l ad o . recuperara • • ua autonoa l a l egal cap i tal i zando recursos organ i zaciona i s acu.ulados e acresc i dos pela

(23)

adapt ação à l ei anterior .

A Constituição de 34 abria 05 espaços legais para a I n serção

diferenciada das en t i dades de c lasse no Estado. "as ls vésperas da sua

votaç'io , o governo se antecipou , pro.ul gando o Decreto 2 4 . 964 .

Curiosament e , est e decreto assegurava o .onopól i o da representação às

federações J á exist ent e s .

Hovendo-se nesse espaço l ega

contraditório, a c l asse patron�l foi .anobrando co. perrcia e .anha , utilizando a I nvasão do púb l i co no privado e. seu próprio bene f ício. Os sindicat os , cujo reconhecimen t o dependia agora de u.a formalidade . í n i .a , podiam reassu. i r suas funções ' n at ura i s ' , revestidos de u.a l egalidade que l hes permitia ocupar u. espaço púb lico-legal antes inexist ente .

A Carta' de 37 e quacionou o prob l ema da represent ação de I nt eresses e. outros t er.os , reorgan i zand o-o co.o pedra fundaaent al da const rução corporativa . Se , pela l et r a, da Cart a , a organ i zação corporat i va se l i . l t ar i a l esfera da econo.ia e da produção . seu esp ír i t o era o de que , assi. organ i zada , esta esfera constit uir i a a v i ga .est r a d o regi.e pOl í tico por e l a instit u í d o . O papel pol í tico atrib u r d o às associações econô.lcas pel a Carta d e 37 seria o

argumen t o definitivo par, a Justificar a int ervenção violenta do Estado

na vida associat i va e a subordinação t otal das entidades de c l asse ao Est ado .

Os princ ípios d e liberdade e autono.ia sindical e o regime d e p 1o.1ra I i ".0

considerados

I nstitu í dos pela Constituição d e 34 então

vest í gios de u.a época que findar a . Sua razão de ser ext i nguia-se ea face d o novo papel que as associações privadas era. c ha.adas a desempenhar no Estado Nac i onal . 2t

O fato de muitas das proposições da Car t a d e 37 t erem

(24)

const l tuldo o parâmetro legal dentro d o qual condutas e proced i mentos foram ' i ns;t i tuc i onal l zados. Sob sua proteção. a el i te empresar i al paul Í!ita organ i zou s'.1a res l stênc i a contra ameaças à sua autonoM i a . ampl i ou seu espaço de atuação e sed i .. entou sua i dent i d ad e como ator pol rt i co . i nst i tuc i onal i zando um' corporat i v i smo à sua med i da e

con. forme aos seus i nteresses .

A Carta de 37 fo i u. programa d e 'restauração d a ordemo que

obedece • .1 ao segl.1 i nte cronograma: após o golpe de novembro e a

d i ssolução do parlamento . segu i u-se a ext i nção dos part i dos . L i mpo o

terreno. i n i c i ava-se propr i amente a construção . prev i sta ass i m:

pr i me i ro, organ i zavam-se as categor i as econôm i cas em s i nd i catos que . uma vez const i t u í dos . agrupar-se- i a. em federações e confederações .

Estas d es i gnar i am seus representantes para comporem o Conselho da

Econom i a Nac i onal. com a tar e fa de organ i zar a econom i a nac i onal

dentro do

parlamento .

formato corporativ o . Isto fe i to .

Esta rig i da cronolog i a ev i denc i ava

pr i or i dades do novo reg i me.

i nstalar-se- i a a h i erarqu i a

o d e

A pos i ção estratég i ca do Conselho d a Econo. i a Nac i onal ( CEM) . cons i derando-se a extremada concentração d os poderes Execut i v o e Leg i slat i vo nas mãos do pres i dente d a Repúbl i ca . era um aceno claro às assoc i ações patrona i s. O conselho era u. órgão de natureza corporat i va que reun i r i a representantes i nd i cados por federações' 'e confederações reconhec i das em le i . Em 1 937. ex i st i a. c i nco federações reg i ona i s patrona i s . em São Paulo . "Inas Gera i s . R i o Grande d o Sul . D i str i to Federal e Pernambuco. Essas federações correpond i am ao que ma i s se assemelhava a corporações e ao corporat i v i smo no B r as i l. i sto é . representava. i nteresses de categor i as d i versas que se art i culavam horizontalmente na busca d e soluções gera i s .ed i ante consultas e entend i mentos mútuos . T i nha. acesso a i nstânc i as d ec i sór i as e se

(25)

faz i alll ouvir através dos canais dispon íveis .

A classe operária , en frentando os proble.as clássicos d e organização d e sua ação coletiva, acrescidos d e profundas divisões Ideológ i cas , co.pet i a I nternalllente por u.a r epresentatividade que não lograva obter . A unidade de ação era episód i ca e. greves duramente repri.ldas .

Nestas c i rcunstânc i as, a Carta d e 37 abria espaços que

50.ente a classe patronal tinha condições d e ocupar . A Carta, n a verdad e , legitimava u. papel que as entidades representativas d a classe patronal allllejava_ havia longo te.po . O artigo 13 e seu parág rafo único estabelecia que o decreto-lei , e.bora d e c Olllpetênc i a exc ll�s i va do pres I dente da Repúb I i c a , depender i a , para prolllu 19ação, d a lIani festação do Cons.elho da Econo_ia Nacional ( CEM) n as lIatérias d e sua cOlllpetência consultiva. A participação n o P oder Legislativo, através d o CEN , i a ao encontro das aabições de autonomia das elites patrona i s , re forçando suas expectativas de participação .

O artigo 39 estabelecia que o Poder Legislativo seria exercido pelo Parlallento Nacional, co. a colaboração d o CEN e do presidente da República . O artigo 65 era en fático:

' Todos os projetos d e lei que Interesse. à econo.ia

nac i onal suj e i tos

ell à

qualquer dos seus

d eI iberação d o Parla.ento ,

re.etidos à consulta d o Conselho d e Nacional . '

ser.ão Econ o.ia

Ao CEN era. atr i buldas , entre outras competências , as de:

il. prolllover a organização corporativa da econo!J i a nacional I b. ed i tar normas reguladoras d os contratos c oletivos d e

(26)

t rab alho entre os s i nd i catos d a aesaa categor i a d a produção ou entre assoc i ações r epresen t at i vas d e duas ou aals categor I.asl

c . em i t i r parecer sobre todos os proj e t o s , de i n i c i at i va d o g overn o ou d e qual quer d a s cáaaras , que i nteressem dlretaaent e à produção nac i onall

d . ea i t i r parecer sobre todas as questões r e l at i vas à organ i zação e reconhec i mento dos s i nd i catos ou assoc i ações prof i ss i on a i s ( art . 61 ) •

. Atr i bu i ção i mportante , que nunca ser i a

equ i parava-o formalmente poder de des i gnar aetade

ao Poder Leg i slat i v o . Era- l h e

regulamentada , atr i bufdo o dos e l e i t ores que compor i aa o c o l ég i o e l e i toral para el eger o pres i dent e d a Repúb l i ca . A outra aetade ser i a des i gnada pe l as câmaras mun i c i pa i s e pe l a Cá�ara dos Deputados (art . 82) . Embora a i nd i cação de empregados e empregadores t i vesse o mesmo peso , é fác i l i mag i nar a expect at i va dos patr ões coa relação a esta eventual i dade .

O art i go 1 4e prev i a a organ i zação da produção ea corporações como órgãos do Estado , exercendo funções del egadas de poder púb lico . A c l asse empresar i al pod i a se con s i derar como parce i ro pr i v i l eg i ado ao qOlal se promet i a um poder i néd i to :

· A todo tempo podem ser con fer i dos ao Conselho d a Econom i a Nac i onal , aed i ante p l eb i sc i to a regular­ se em l e i , poderes de l eg i sl ação sobre a lgumas ou t odas as matér i as de sua competênC i a . · ( ar t . 63 )

Ass i m como o par l amen t o nunca fo i i nstalado e o p l eb i sc i t o prev i sto para a aprovação d a Carta nunca fo i · real i zado , o Conselho de

(27)

Econom i a Nac i onal nunca fo i cr i ad o . No entanto , as expectat i vas d e sua I mp l antação sio cruc i a i s para entendermos o sent i do da atuação da c l asse empresar i al paul i sta e seu empenho em formu l ar sua prop osta alternat i va em face da regul amentação i mposta p e l o Decreto-Le i 1 . 442 . Pub l i cado em 5 de Jul ho de 1939 , o 1 .4�2 faz i a t ábul a rasa da l e i de

1934 e , obedecendo ao esplr i to d a Carta de 37 , então em v i gor , retomava o Impeto corret i vo d o Decreto-Le i 19 .77& , de 1931 . O Estado

i ntervinha no s i stema de representação de i nteresses para restab e l ecer a ordem desmante l ada p e l a exper i ênc i a que v i nha sendo v i v i da des­ de 34 . 21

O novo decreto redef i nla o s i nd i cato , f i xand o com r i gor e deta lhe sel� t ítulo Jur í d i co e as formas de obtê-l o , e restab e l ecendo

cri. ter i osamente a s i metr i a entre as assoc i ações patrona i s e operár i as .

O proced i mento era aparentemente s i mp l es . Cons i st i a em cr i ar ua reg i stro no H i n i stér i o do Trabal h o , Indústr i a e Coaérc i o , no qual dever i am se i nscrever todas as assoc i ações prof i ss i ona i s . • Soment e depo i s do personal i dade reg i stro , as Jur í d i ca . · assoc i ações (art. 45 ) O dessa natureza parágrafo 40 adqu i r i rão deste art i go determ i nava:, · Nenhum ato de defesa prof i ss i on a l será perm i t i do à assoc i ação não reg i strada na forma deste art i go , não podendo ser reconhec i do qual quer ped i d o seu ou representação . ·

O art i go 50 estab e l ec i a a denom i n ação d e s i nd i cato coa0 pr i vat iva das assoc i ações reconhec i das na forma d a l e i . Ia além. As assoc i ações Já dotadas de personal i d ade J urld i c a a perder i am , caso não se reg i strassem na forma da l e i , anul ando ass i m toda e qualquer forma de legal i dade anterior .

De fato , o Decreto.-Lel 14�2 readotava os parâmetros doutr

Inár

ios d o decreto de 31 . rev i gorando-os. Tudo aqu i l o ql�e const i tu ía a a l ma do s i nd i c ato. sua razão de ser; tudo aqu i lo que de

(28)

d i re i to d i ferenc i ava os s i nd i catos das d eaa i s assoc i ações o d i re i to e a função de representar - voltava a ser prerrogativas outorg adas pelo Estado .

Se o reconhec i aento fora v i sto até então coa0 o bat i sao d o s i nd i c ato , passava agora a const i tu i r sua cert i dão d e nasc i mento. A I ntenção c orret i va coab i n ava-se a uaa i ntenção polrt i ca no seu sent i do aa l s restr i t o . O reg i stro ser i a o I nstruaento através do qual o

a l n l stérlo poderia · mals fac i l mente sel ec i onar aquelas (assoc i ações ) a que deveriÍ con fer i r a prerrogat i va de representar, na foraa d a

22 Const i tu i ção, as respect i vas prof i ssões · .

O s i nd i cato ún i co era agora a foraa d e sobrev i vên c i a

assoc i at i va l egal , c i v i l , pollt i ca e púb l ica . Oes l ocava.-se ass i a, através da prerrogat i va do aonopól i o , funções natur a i s e l egít i aas do

âmb ito pr i vado para o espaço púb l i c o , agora rede f i n i do .

Alé. d e · c olaboradores · , os s i nd i catos reconhec i dos passava. a ser órgãos do gover n o . U.a vez l egal i zados , passavaa a aonopol i zar o

poder de representar , de part i c i par , de d ec i d i r, I sto é , d e governar o .'lndo pr i vad o , através de sua i n serção n o Estado.

-O aonopól i o da representação era o aecan i s.o atravÉs do qual

s'lbord i n ava-se pol i t i caaente as assoc i ações de c l asse e ao aesao tellPo

control ava-se sua atuação na esfera pr i vada. R epresentar e part i c i par da defesa de I nteresses era uaa questão púb l i c a e i mp l i cava portanto· a s'lbord i n ação ao Estado :

.( • • • )

se uma assoc i ação vea ao Estado ped i r que l he outorgue a coapetênc i a , que é del e , Estad o , para a prát i ca de atos de autor i d ade púb l i ca , aI

cabe ao Estado , i apor- l h e as cond i ções que entender .a i s úte i s ou' necessár i as ao dese.penho d e funções

) t t" " I" .23 ( . . . que es a prerroga Jva .ap .ca.

23

(29)

�--(FUNDAÇAO GETÚLIO VARGAS '

INOIPO I cPooc

I

Trat ava-se , ass i . de uaa rede f i n i ção d o espaço púb l i c o

um espaço coapul sór i o fora d o qual não h av i a ex i stênc i a l egal . Este esfor ç o , no entant o , não d i spensava a l eg l t i aação do pr i vado , ret i rada coa o fórceps da pr oaessa de aonopól l os d e outra natureza.

· F i ca a!isegurado s i n d i ca l i zadas

preferênc i a , em I gual d ade de cond i ções . nas concorrênc i a!i para exp l oração de !ierv i ços púb l i cos , b ea como nas concorrênc i as para fornec i ment o às

repart i ções federa i s , estadua i s e .un i c i pa i s .

-( art . 36 )

De um só golpe , o Estado usurpava ua espaço que não era seu , expul sava d e l e aqueles que ant es o ocupavaa e cond i c i onava o retorno de . lIe'�s hab i t an t es pr i a l t l vo!i à subord i naç ão , proaet endo-Ihes poder ,

r i queza e , ma i s que i sso , uma parcer i a I rrecusável ne!ise novo s i st eaa :

<

· Const i tu rdo o Conse l h o da Econoa i a Nac i onal

( pr ev i st o na Car t a d e 37 , c oapost o por r epresentan-t es das aS!ioc l ações de c l asse ) , 015 processos de reconhec i .ento de assoc'i açõell prof i ss i on a i s , depo i s

d e d ev l daaent e I n foraados p e l os órgãos compet entes do H i n i st ér i o d o Trab a l h o . Indúst r i a e Coaérc i o , e ant es de serea subaet l dos ao despacho f i nal do

H i n i stro , serão encaa l nhados àque l e consel ho • •

(art . 48)

o controle d a ação c o l et i va das assoc i ações prof i ss i on a i s . d i ga-se , s i nd i catos d e t r ab a l hadores . era uaa sugestão sut i l . Faz i a sen·t l do portanto o i n f l ac i onaaento dos preços da l egal i zação .

o novo decret o . no ent an t o , ameaçava a estrutura assoc i at i va patronal , ao subord i nar a organ i zação das federações aos c r i t ér i os est abelec i dos para a assoc i ação s i nd i cal , i st o é : s i nd i catos e

(30)

federações dever i am se organ i zar d en t r o d e c r i t ér i os d e i dent i dade , conexão ou s i m i l i t ude de funções . Est e c r i t ér i o contrar i ava o padrão h i st ór i co de formação d as assoc i aç ões pat r ona i s .

A caracter ' st l ca marcan t e d o assoc i at i v i smo pat r onal era proceder de c i ma par a b a i xo , I st o é : a c l asse pat ronal se org an i zava pr l m. l ro em assoc i ações que se estrut uravam Coa0 ' federações ' , ou assoc i aç ôes heterogêneas . A FIESP , como seu antecessor , o CIESP , surg i u ' com esse ' caráter federat i vo ' , heterogêneo . e se eapenhou em promover a organ i zação dos s i nd i catos patrona i s que agr egavam eapresas de ramos conexos ( l adr i l h os e mosa i cos . al . ment ação . met alur g i a . borracha et c . ) .

A Assoc i ação Comerc i al de São Paulo se or i g i nou d a d i ferenc i ação dos i nt eresses comer c i a i s e agr í colas . quand o da cr i se v i v i da co. a ab ol i ç ão d a escravat ura . E l a surg i u de uma d i ferenc i aç ão gradual ocorr i da dentro da Assoc i ação Comer c i al e Agr í c o l a . fundad a em 1884 e congregava comerc i an t es de t odos 05 setores do comérc i o . O CIESP , por sua vez . surg i u de uma c i são na ACSP . a qual . segundo os I ndust r i a i s , se ' acut e l ava os I nt eresses do comérc i o . não ag i a d a mesma forma com referênc i a aos i nt eresses das i ndúst r i as ' . que t er m i navam por v i ver ' na rabad i lha d o comérc i o . sendo a l ém do ma i s . alvo d e at aques i n cessan t es d a l avoura · . 24 Na h i st ór i a d a formação das assoc i aç ôes pat r ona i s . a I dent i dade . conexão ou s i m i l i t ude v i nham sendo rgãultado d o processo assoc i at i vo e não

origem

desses processos .

O que é i mpor t an t e acent uar é que o Decreto 1 . 4.2 reverteu as exp ectat i vas geradas p e l a Car t a de 37 no ae i o d a e l i t e eapresar i al paul i st a . que reag i u na exat a med i da d essa r eversão. Teve i n fc i o ent ão uma mob i l i zação sem preceden t es no sent i do d e e l aborar ua projeto d e organ i zação assoc i at i vo que perm i t i sse à e l i t e paul i st a p reservar o

espaço as funções at é então desempenhadas. Esse proj eto ,

(31)

paradoxal ment e , tentou recolocar nos t r i l hos d o corporat i v i s.o c l áss i co o desv i o e. que parec i a i ncorrer o Decreto 1 . 4.2 , ao est abe l ecer co.o base .exc lus l va do corporat l v i s.o a assoc i a�ão s i nd i cal homogênea .

o decreto de 1939 mar c a o auge da autonom i a da burocrac i a do

M i n i stér i o do Trabalho como I nt érpret e d o p r oj e t o do gover n o . Da r até 1943 , observa-se uma d i ferenc i ação ent r e a I nt erpreta�ão a e l e dada pelo m i n i stér i o e aque l a que l h e davam I n t electua i s que c o l aboravam

Ih . . I t ' I 25 com o gover n o , a e l os ao . I n s er o .

Ent r e' 194e e 1943 , as d i scussões e. t orno d o corporat i v i smo e as d i f i culdades para sua i mp l elH!ntaçio al can�am o áp i ce . A CLT marca o f i m dos con fl i t os . Em seu art . 51 1 , parágrafos p r i me i ro e segun d o , são rede f i n i das . as bases da sol i dar i edade i nt ra-c l asses . A sol i dar i edade

dos I n teresses econôm i c os v i ncula as cate90r i as econôm i c d'� ,

i st o é as

assoc i a�ões pat ron a i s , que poder i am portan t o se organ i zar a part i r de I nt eresses econô. l cos gerais , i dênt i cos , s l . i l ares ou conexos . A d i nt i n�ão é cruc i al , po i s per. i te a sol i dar i edade hor i zontal de c l asse , o f i c i al i zada em n ível organ i zac i onal . Quan t o às assoc i ações operár i as , a · s i m l l i t ude d e cond i ções d e v i da or i unda d e p r o f i ssão ( • • • ) em s i t ua�ão de emprego na mesma at i v i dade econô. i ca · ou s i m i lar , ser i a o v inculo d e uma sol i dar i edade estr i t a.en t e pro f i ss i onal . Assegurava-se ass i m a vert i cal i dade e por t anto a pulver i zação da c l asse operár i a .

Segundo o art . 515 , parágrafo ún i co , os c r i t ér i os de reconhec i llent o e a i nvest i dura s i nd i cal p oder i a. ser a l terados em caráter excepc i onal p e l o min

istro

d o Trabalho e Comérc i o . O art . 559 das D l spos l � ões Gera i s autor i zava o pres i dente da Repúb l i c a , .ed i an t e .proposta do m i n i st r o , a conceder por decreto a prerrogat i va · d e colaborar com o Est ado , como órgãos t écn i cos e consul t i vos · às

(32)

aSSQciacões civis

const i t u ídas para a defesa e coordena�ão de I n t eresses econôm i cos e prof i ss i ona i s não obrigadas ao r eg i st r o no

M i n i st ér i o do Trab a l h o . O art . 563 .prev i a a i nda a const l tu i �ão d o Conse l h o da Econom i a. Nac i onal , com a s fun�ões prev i stas n o art . 61 , al ínea g , da Car t a de 37 , ou sej a , man t i nh a a necess i dade d o parecer d o Con se I h o p ar a o r ec onh ec i men t o d e ... a .. so.;s;tJo ..

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( s i nd i catos operár i os ) ant es do despacho f i nal d o m i n i st r o .

A CLT parece con f l rlllar uma d i ferenc i a�ão ocorr i da - entre o lIIode lo propost o na Car t a de 37 e o mod e l o que a l eg l s l a�ão el aborada p e l o M i n i st ér i o do Trabalho pret end i a i mp l emen t ar . Para aval i ar o grau dessa d i ferenc i a�ão e seu s i gn i f i cado , é necessár i o r ecorrer ao projeto corporat i vo de Ol i ve i ra V i an a , que or i en t ou a atua�ão d o m i n·i st ér i a . e a seg u i r cOlllpará.-l o com o proj e t o c orporat i vo d a e l i t e empresar i al p aul i st a .

Corporat i v i smo e J ust i �a soc i al : o projeto d e Ol i ve i ra V i ana

O paradoxo d as utop i as é que os fragment os dos sonhos por elas sonhados acabam encont rando um ol�t ro l ugar onde se real i zam d e lIIodo perver so . O sonho dos anos 30 era corr i g i r o B r as i l . O l i ve i r a V i a:na col ocava-se sem dúv i da na vangl�ard a desse esfor�o correi: I vo .

preocupava-o fundamental .ent e uma ' cul t ur a assoc i at i va ' cujos efe i tos

se lIan i fest avalll na nossa organ l za�ão pol rt i ca e econôlll i c a ,

subord i nando-a aos i n t eresses I n d i v i dua i s e pr i vados que

ql�atrocentos anos v i nham. ag i nd o ( • • • ) com o (lIIpeto e excl us i v i smo d e b " � ( ) d " b t i · " d d

. 26 sua am I �ao • • • • e sua energ i a e com a V I a R .

Sl�a utop i a era acred i t ar na l e i C 01110 I nst rulllent o d esse projeto corret i vo e no d i r e i t o como for�a lIIoral de mudan� a soc i al . A t arefa dos j ur i st as ser i a observar as t ransfor5a�ões d as soc i edades

(33)

'cont emporâneas e a part i r d e l as constru i r os parâmetros l eg a i s para a correção das des i gual dades e desequ i l í b r i os produz i dos pela I ndust r i al i zação . Ass i m ser i a p oss Cvel t ransformar . dentro d a ordem e de aC,ord o com a l e i . as cond i ções de des i gual dade e I nj ust i ç a e ev i tar

1 - 27

as revo uçoes .

De acordo com seu d i agnóst i co . as soc i edades em seu mov i ment o

natural v i nham respondendo aos desaf i os d o mundo cont emporâneo

produz i ndo novos atores soc i a i s que se organ i zavam Ir i nt erag i am através de páutas de comportamento cr i adas nesta i n t eração . As normas ass i m cr i adas e segu i d as estar i am i mpr i m i nd o uma nova d i nâm i ca à ação colet i va . N i sso const i t u l a o fenômeno do c or p orat i v i smo .

Ao mundo J ur í d i co cab i a responder às mod i f i cações . reconhecendo as novas fon t es de normat i v i dade da soc i edad e , e

absorvê-l as . dando-absorvê-l hes un i d ade e est at ut o j 'Jr íd i co .

Trat ava-se port ant o d e proceder a um reordenamento l egal , em

nome da preservação e e f i các i a da p róp r i a l e i . Const i t u i ndo-se como l e i s v i vas que v i nham se i mpondo de modo · t ão ef i c i ent e · , t ão i mp erat I vo · . essas novas fontes de normat'l v l dade assum i am uma força coerc i t i va que se equ i parava à força l egal d o Estado . 28 Cab i a ao d i re i t o . p ortan t o , elab orar uma mol dura l egal capaz de abr i gar est e .undo normat i vo que estava sendo cr i ad o . mu i t as vezes em opos i ção até Ile'limO à 1 e I do Est ado .

o d i r e i t o corporat i vo v i nha sendo desenvo l v i do de forma a

I ncor p orar essa normat i v i dade,or i g i nada no mund o pr i vado e os novos

atores soc i a i s . com seu5 i nt eresses e força , portadores d e d i re i t os t ambém i nt e i ramente novos . n ão ma i s de natureza i nd i v i dual' mas colet i va .

Incorporar esses atores - cart é i s . assoc i aç õe s . corporações e federações seus d i re i t os e as normas por e l es estabe l ec i das

(34)

I mp l i cava conceber o d i re i t o coa0 algo aa i s abrangen t e . v i vo . aa i or que a própr i a l e i en quan t o noraa pos i t i va e foraal . O d i re i t o não pod i a ma i s se resum i r à l e i . ou à sua l e t r a . Soc l ol og l zando o d i re i t o .

Ol l v� l ra V i ana o conceb i a coa0 a l g o v i vo a ser constr u í d o e

reconstru rdo I ncessant eaent e a part i r do mov i ment o das soc i edades . de

seus I nt eresses , sua estrutura e necess i dades . 29

As mudanças que produz l raa essa nova rede d e relações se l ocal i zavam no mercad o . Um mercado que se reorgan i zava não ma i s

at ravés de cont ratos i nd i v i dual i zados . aas como um · me i o contratual

colet i vo · . A era dos cont ratos i nd i v i dua i s de compra e venda t i nh a s i do superad a . As t r ocas i nd i v i dua i s embut i am cont ratos prév i os . colet i vos , fe i t os entre grupos de produtores e grupos d e coapradores d e merca or l as , d · 30 ' at estando a evolução das econom i as I nd i v i dual i -zadas e pr i vadas para ua estág i o em que as t r ocas e cont ratos passavam a ser colet i vos . Tudo po i s nas econom i as modernas era colet i vo .

Não ex i st i ndo con t r at os I nd i v i dua i s d e compra e venda de

mercador,i as , não se adm i t i a ma i s cont ratos I nd i v i dua i s de coapra e

venda de trabalh o . O d i re i to corporat i vo , atento a essa real i dade .

pretend i a fornecer o aparat o j ur r d i c o para a n ova e pr i vada

l egal i dade , com o objet i vo de ev i t ar o desequ l l r b r i o soc i al . Ao novo

d i r e i t o cab i a equ i l i brar e ajustar as r e l ações econôm i cas e as r e l ações soc i a i s de mercad o .

Este d i r e i t o não cr i ava normas. Sua t ar e fa era dar un i dade e estatuto Jur r d i co às normas cr i adas p e l os atores soc i a i s , const i t u ídas c omo l e i do própr i o grupo e i nst rument o de d i sc i p l i na e con t r o l e d e

1 - 31

suas re açoes . Esta l e i d o grup o . colet i va . que v i nh a se

cada vez ma i s ao produtor 01.1 ao t rabal hador i nd i v i dual . d ever i'a ser organ i zada e un i f i cada p e l o d i re i t o d e foraa que f i casse j ur i d i cament e est ab e l ec i do o d i re i t o das categor i as econôm i cas de regularem por s i

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