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1ª edição – Março de 2014 CONTATOS COM O AUTOR: Telefones: 27-9773-4158 (Vivo) e 8854-3678 (Oi) Por e-mail: roneycozzerhotmail.com Blog Fundamentos Inabaláveis

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PROFETAS MAIORES

A Mensagem Profética

da Bíblia Fala Hoje

Autoria de Roney Ricardo Cozzer

É permitida a reprodução parcial desta obra desde que citados o autor e o título da obra.

Diagramação e Consulta Ortográfica: Roney Ricardo Cozzer

1ª edição – Março de 2014

CONTATOS COM O AUTOR:

Telefones: 27-9773-4158 (Vivo) e 8854-3678 (Oi) Por e-mail: roneycozzer@hotmail.com

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ÍNDICE

Orientações Fundamentais Para o

Estudo Deste Livro ________________________________ 3

Lista de Siglas Utilizadas Neste Livro _________________ 5

Apresentação ____________________________________ 8

Prefácio ________________________________________ 10

LIÇÃO 1 Introdução ao Estudo

dos Profetas Maiores _____________________________ 12

LIÇÃO 2 O Livro de Isaías ________________________ 27

LIÇÃO 3 Os Livros de Jeremias e

Lamentações de Jeremias _________________________ 39

LIÇÃO 4 O Livro de Ezequiel ______________________ 46

LIÇÃO 5 O Livro de Daniel ________________________ 64

Bibliografia ______________________________________ 88

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ORIENTAÇÕES FUNDAMENTAIS PARA

O ESTUDO DESTE LIVRO

Estimado(a) leitor(a), preocupado com o seu aprendizado pessoal, e no sentido de contribuir para o seu tirocínio bíblico e teológico é que fazemos a você as seguintes recomendações logo a seguir. É importante ressaltar ainda que no esforço de aprender a Palavra de Deus é imprescindível observar alguns critérios, os quais contribuirão de forma decisiva para que colhamos e retenhamos o máximo possível de nossos estudos. Estes critérios, quando observados, dão ordem ao nosso processo de aprendizado; eles são uma metodologia a ser seguida por nós.

Abaixo, você tem uma lista com alguns itens que devem ser seguidos no estudo deste livro:

1) Procure sempre depender de Deus em seus estudos, orando sempre ao Senhor para que possa iluminá-lo através do Espírito Santo A Bíblia não é um Livro para ser lido e estudado sem oração!

2) Leia todo o conteúdo do livro tendo sempre ao seu lado um exemplar da Bíblia Sagrada a fim de ler as referências citadas isto é fundamental; é profundamente enriquecedor ler todas as referências citadas no texto.

3) Se ao ler determinado trecho você não conseguir entender o sentido do texto, releia novamente esta parte, de modo a chegar a compreensão correta do assunto tratado.

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1) Bíblia, em mais de uma versão, para estudo comparativo. 2) Um caderno para apontamentos individuais.

3) Dicionários Bíblico e Teológico 4) Dicionário da Língua Portuguesa 5) Concordância Bíblica

6) Atlas Bíblico

7) Comentários Bíblicos (existem vários)

O autor destas linhas deseja sinceramente que você possa sempre ter e alimentar em seu coração o desejo profundo de conhecer e prosseguir no conhecimento do Senhor (Os 6.3), e sabemos que este conhecimento nos é dado pela Bíblia Sagrada.

Deus o abençoe ricamente em Cristo Jesus!

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SIGLAS UTILIZADAS

Com o intuito de ganhar tempo e espaço, no decorrer deste livro utilizo algumas siglas. Uma sigla nada mais é do que uma abreviatura de um título ou denominação, sendo geralmente composta pelas letras iniciais das palavras que compõe este título ou denominação, como por exemplo, a sigla ARC, que remete ao título Almeida Revista e Corrigida, que é uma das versões da Bíblia em português publicada pela Sociedade Bíblica do Brasil (sociedade esta que também é representada por uma sigla: SBB).

Neste livro você também encontrará citações bíblicas e versículos bíblicos transcritos diretamente no texto. Com a finalidade de destacá-los, escrevemos sempre esses versículos entre aspas e em itálico. Neste trabalho, optamos também por usar a versão Almeida Revista e Atualizada (ARA) publicada pela SBB, por ser ela uma versão de grande aceitação entre o público brasileiro e de mais fácil compreensão para o leitor. A versão ARA também apresenta menos erros de tradução em alguns casos, sendo, portanto, mais fiel aos originais que a sua precursora - a ARC (Almeida Revista e Corrigida). Utilizo ainda outras versões como, por exemplo, a NTLH (Nova Tradução na Linguagem de Hoje) e a NVI (Nova Versão Internacional), que também são excelentes versões bíblicas, muito utilizadas em nossa nação.

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A seguir, você tem dispostas algumas siglas que utilizamos neste livro com seus respectivos significados:

ARA Almeida Revista e Atualizada ARC Almeida Revista e Corrigida cap. –―capítulo‖.

caps. –―capítulos‖ Cf. confira ou conferir i.e. –―isto é‖

NVI – Nova Versão Internacional

NTLH NovaTradução na Linguagem de Hoje

Op. Cit.- vem do latim e significa ―a obra citada‖ ou ―da obra citada‖. ss seguintes. Refere-se aos versículos seguintes que podem ir até o fim do citado capítulo.

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APRESENTAÇÃO

Estudar os livros proféticos do Antigo Testamento é muito gratificante para o cristão, hoje. Sua mensagem, embora oriunda de um tempo e contexto bem diferentes do nosso, transpôs os séculos e mesmo hoje, no século 21, Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel continuam nos falando e nos tocando através dos livros que escreveram! Muitos assuntos ali abordados perpassam nossa realidade. Podemos sim extrair lições maravilhosas para nossas vidas, no serviço cristão, sem necessariamente ferir a exegese do texto contido nos livros proféticos. De fato, isso é algo maravilhoso quanto à leitura da Bíblia: a aplicação é multiperspectiva enquanto que a hermenêutica bíblica, inflexível que é, não é por isso agredida. É possível sim aplicar verdades do texto bíblico sem ferir a exegese dele. Lembramo-nos do que diz Paulo logo após citar um verso do Salmo 69: “Porquanto, tudo que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que, pela constância e pela consolação provenientes das Escrituras, tenhamos esperança” (Rm 15.4). Por vezes, os autores neotestamentários escreveram desenvolvendo sua teologia com base nos livros proféticos do Antigo Testamento e interpretaram eventos com base neles. Aliás, o próprio Senhor Jesus, após ler a profecia de Isaías 61.1,2, na sinagoga de Nazaré, afirmou: “Hoje se cumpriu esta escritura aos vossos ouvidos” (Lc 4.21). Em Jesus se cumprem as profecias e expectativas contidas na mensagem profética do Antigo Testamento.

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em função da extensão de seus livros e, 2ª) por causa da extensão do ministério de seus autores. O livro de Daniel não é tão extenso quanto Isaías, Jeremias e Ezequiel, mas o ministério do profeta Daniel foi muito extenso (talvez o mais extenso de todos os outros três). O livro de Lamentações de Jeremias, embora muito pequeno, entra nessa classificação por sua ligação estreita com o de Jeremias. Alguns estudiosos chegam a classificá-lo como uma espécie de “apêndice” a Jeremias, ou ainda, uma continuação de Jeremias.

É importante pontuar aqui que este livro não se propõe a ser uma espécie de “comentário bíblico”. Reconhecemos nossa limitação teológica para tão elevada proposta e no mais, não teríamos espaço e tempo para tal produção. Todavia, me sentirei grato a Deus se esse livro for-lhe útil para introduzi-lo ao estudo dos livros bíblicos, mormente os profetas maiores, aqui em foco. O propósito dessa obra é abordar especialmente os aspectos principais, a fim de situá-lo na pesquisa dos acontecimentos e da mensagem que envolve esses livros tão extraordinários. Mesmo assim, me detive a comentar aquelas passagens ou trechos do livro que considerei dentre as mais relevantes dos livros proféticos aqui estudados. Neste livro, também não me preocupei em disponibilizar uma bibliografia ao final, visto que fiz as indicações das obras que consultei sempre ao rodapé das páginas. Sugiro a você que, dentro de suas possibilidades, adquira essas obras que lhe serão de grande valia no estudo e compreensão dos livros bíblicos.

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tem um teor profético preditivo. Mas vemos nos profetas uma preocupação maior por temas da sua vivência diária, da sua realidade social: a situação do culto a Iavé1, do órfão, da viúva, do estrangeiro,

da violência social, da confiança no Senhor ao invés da confiança em alianças estrangeiras e outros temas contemporâneos ao profeta. O interesse de Deus, em relação ao seu povo, era que eles ouvissem a sua voz pela mediação profética. Os profetas eram aqueles homens escolhidos e vocacionados por Deus para transmitir a mensagem divina que poderia conduzir o povo à uma vida justa e santa, se eles considerassem essa mensagem em seus corações. Essa mensagem, todavia, nos alcança hoje! Tudo o que foi escrito, foi escrito para nosso ensino, escreveu Paulo referindo-se ao Antigo Testamento. Jesus baseou seu ensino, seu evangelho, também nos livros proféticos. Portanto, concluímos com isso, que essa mensagem, mesmo que originalmente destinada a um povo numa alocação histórica, tem aplicabilidade para nós hoje, em pleno século 21. Os profetas continuam clamando, continuam anunciando os oráculos divinos. Você consegue ouvi-los?

Ótima Leitura Para Você!

Professor Roney Ricardo Porto de Santana, Cariacica, Es Março de 2014

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“Iavé” é a transliteração do nome de Deus em hebraico, que é geralmente

traduzido nas Bíblias de versão protestante por “SENHOR”. É o nome mais pessoal

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LIÇÃO 1

INTRODUÇAO AO ESTUDO DOS

PROFETAS MAIORES

“Talvez o valor máximo da profecia do Antigo Testamento para nós esteja no desafio de seu elemento devocional e ético.

Em todos esses escritos, o leitor encontra garantias que a fé pode incorporar para o fortalecimento da vida espiritual e da esperança”.

G.C.D. Howley2.

INTRODUÇAO

A seção profética do Antigo Testamento contém tesouros espirituais não apenas para o povo a que foi destinada originalmente – Israel – mas também para nós, Igreja do Senhor, hoje, no aceleradíssimo século 21. Essa seção do Antigo Testamento compreende ao todo 17 livros, chamados proféticos por causa do seu conteúdo e porque foram escritos por profetas de Iavé, homens que viveram durante o período monárquico de Israel, ao longo de mais de quatro séculos! É importante ressaltar aqui que o que foi dito e escrito por estes homens de Deus do passado, os profetas de Israel, não é apenas material literário restrito àquele período, mas as verdades espirituais que encontramos nestes livros são também para nosso tempo, de modo que muito podemos

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aprender e apreender para nossa vida de devoção a Deus, relacionamento com e na Igreja e também na vivência cotidiana, social. Neste livro, nos debruçaremos sobre os cinco ―profetas maiores‖, como são chamados os livros de Isaías, Jeremias, Lamentações de Jeremias, Ezequiel e Daniel.

Os profetas bíblicos ainda falam, depois de mais de 2.400 anos!3 Peça ao Espírito Santo que possa guiá-lo na compreensão da mensagem profética contida no Antigo Testamento. As profecias que foram transmitidas por estes homens de Deus formam a base teológica e cristológica do próprio Novo Testamento. São, portanto, a base para assuntos teológicos, desenvolvidos no Novo Testamento, da mais alta importância e profundidade, tais como Soteriologia, Antropologia, Hamartiologia, as Dispensações, Escatologia, etc. Mas o que acontece é que esses livros, apesar de serem tão vitais para nossa compreensão teológica do Novo Testamento e da Bíblia como um todo, são muitas vezes ignorados por nós, Igreja de Cristo. Esperamos que através do estudo contido neste livro, você possa reconhecer a importância dos livros proféticos do Antigo Testamento e dedicar-se a lê-los e estudá-los.

QUEM ERA O “PROFETA” NO ANTIGO TESTAMENTO?

Evidentemente precisamos começar entendendo o que a Bíblia nos revela sobre ―o ser profeta‖. A palavra ―profeta‖ aparece no Antigo Testamento na palavra hebraica Nabi e o sentido dela em toda a extensão do Antigo Testamento

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aplicado aos profetas de Deus é ―aquele que fala ou declara uma mensagem em nome do Senhor‖. Ele era o porta-voz de Iavé, comunicando aos seus ouvintes (e leitores) a vontade DEle. É claro que nem sempre isto acontecia, pois o Antigo Testamento cita também os falsos profetas, como vemos no caso de Jeremias em seu embate com o falso profeta Hananias (Jr 28), por exemplo.

A palavra grega para profeta é prophetes que significa ―aquele que fala sobre aquilo que está por vir ou adiante‖. O prophetes é aquele que conhece o futuro porque Deus lhe revelou e assim ele comunica o que recebeu de Deus por inspiração. Nota-se aqui o teor preditivo do ministério profético, subentendido no sentido da própria palavra ―profeta‖. Uma parcela significativa do profetismo bíblico dedicou-se a anunciar o futuro. Isto é visto nas profecias messiânicas, por exemplo. As profecias messiânicas são aquelas profecias contidas no Antigo Testamento que fazem referência ao Messias, por vezes, em detalhes.

―Já foi feita uma estimativa de que várias centenas de profecias relacionadas a Cristo já se cumpriram em seu primeiro advento. Arthur T. Pierson (1837-1911) afirmou que há 332 referências a Cristo no Antigo Testamento que foram expressamente citadas no Novo Testamento como profecias cumpridas durante a sua vida e ministério, ou como previsões de seu caráter...‖4.

No Antigo Testamento, o profeta é também chamado em alguns momentos de ―vidente‖. Não deve o estudante da Bíblia

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confundir o conceito bíblico de ―vidente‖ com o conceito do espiritismo sobre esta palavra. Na Bíblia, o profeta do Altíssimo era assim chamado porque ―via as mensagens que recebia de Deus‖, em alguns casos. De fato, livros como o de Ezequiel, Daniel, Zacarias e outros estão repletos de visões. A palavra ―vidente‖ significa ―aquele que vê‖.

Mas além de ser o porta-voz de Deus, o profeta no Antigo Testamento era aquele que sentia o que o próprio Deus estava sentindo. Deus comunicava o Seu próprio coração ao coração do profeta! Vemos isso claramente nas Lamentações de Jeremias, por exemplo! O profeta chora ao ver a devastação de Judá. Também o profeta Oséias, igualmente sentiu o que Deus estava sentindo em relação à Sua infiel esposa Israel. Dura missão recebeu aquele profeta de Deus: “Vai, toma uma mulher de prostituições e terás filhos de prostituição, porque a terra se prostituiu, desviando-se do Senhor” (Os 1.2). O seu próprio casamento seria um símbolo vivo da infidelidade de Israel! O profeta nestes casos se tornava, muitas vezes, uma espécie de mensagem ambulante! Enfim, vemos que os profetas veterotestamentários tornavam-se assim os recipientes dos tornavam-sentimentos do próprio Senhor. É claro que um coração humano não conteria todo o amor de Deus pelo povo. O amor divino é incomensurável! Mas aqueles homens5 eram de tal modo impactados pelo zelo do Senhor

que suas emoções rendiam-se à causa divina.

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Os Falsos Profetas

Assim como havia profetas verdadeiros no desenrolar da História do povo hebreu, havia também falsos profetas. Em Jeremias 28 temos um caso muito interessante em que um profeta do Altíssimo se depara com um falso profeta. Enquanto Jeremias profetizava um cativeiro com duração de 70 anos, Hananias, ali representando todo o grupo de profetas profissionais, refuta a mensagem de Jeremias, diante de um grande ajuntamento de sacerdotes e do povo, dizendo que o cativeiro duraria apenas dois anos. O curioso é notar a reação do profeta de Deus, que responde a Hananias com um enfático ―Amém!‖, como que dizendo: ―Que o Senhor possa assim fazer!‖ Vemos nisso que Jeremias não estava tão preocupado com o seu status como profeta, mas sim com a mensagem em si e o que ela iria repercutir nos ouvintes. Todavia, Jeremias estava de posse da verdade divina, não Hananias. Este incidente ali registrado destaca o quanto esses homens prejudicavam a nação desviando o povo da real vontade de Deus, com suas mensagens enganosas. O juízo de Deus sobre Hananias foi severo, como bem sabemos.

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de fato, sozinho, mas como Paulo, pode dizer: “antes, todos me abandonaram. Que isto não lhes seja posto em conta! Mas o Senhor me assistiu e me revestiu de forças, para que, por meu intermédio, a pregação fosse plenamente cumprida, e todos os gentios a ouvissem; e fui libertado da boca do leão” (2 Tm 4.16a, 17).

Os falsos profetas em Israel e Judá – ao que parece, numerosos apelavam para as bênçãos prometidas na Aliança entre Deus e o seu povo e garantiam ao povo que Deus não permitiria que seu templo e a própria nação fossem destruídos. Todavia, como bem afirma Halley, esses falsos profetas com suas falsas mensagens

esqueciam-se, de modo conveniente para eles, de que a aliança também explicava detalhadamente a maldição que a desobediência traria sobre o povo e sobre a terra. Esqueciam-se, também, de que o fundamento da aliança não eram os rituais religiosos, mas o amor de Deus pelo seu povo e o de seu povo para com ele. Rituais religiosos só seriam relevantes se expressassem uma atitude do íntimo. Deus consegue passar muito bem sem um templo e sem os respectivos sacrifícios – mas, no seu amor, deseja grandemente o amor de seu povo6.

O PROFETISMO EM ISRAEL

Afinal, o ministério profético no Antigo Testamento existiu como uma instituição organizada, como a dos sacerdotes? Houve de fato uma escola de profetas? Com base no que lemos em Números 11.16-30, entendemos que a

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atividade profética inicia-se já nos tempos de Moisés. Aliás, o próprio Moisés é chamado nas Escrituras de profeta (cf. Dt 34.10). Mas é interessante observar que esta atividade já era conhecida no tempo do patriarca Abraão. Veja que Abimeleque ouve o próprio Deus dizer que Abraão era profeta! (Gn 20.6,7). Mas certamente essa atividade profética só veio a ser mais amplamente desenvolvida no tempo de Moisés mesmo.

Acreditamos que o profetismo como movimento surgiu mesmo no oitavo século antes de Cristo e que ―tinha por objetivo restaurar o monoteísmo hebreu, combater a idolatria, denunciar as injustiças sociais, proclamar o Dia do Senhor e reacender a esperança messiânica num povo que já não podia esperar contra a esperança. Tendo sido iniciado por Amós, foi encerrado por Malaquias. João Batista é visto como o último representante deste movimento‖7.

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CLASSIFICAÇÃO DOS PROFETAS

Veremos a seguir quatro tipos de classificação para os profetas do Antigo Testamento8:

1. Profetas “literários”, também chamados de “profetas

clássicos”. São os profetas que nos legaram os livros que levam os seus nomes. Deixaram-nos uma mensagem escrita.

2. Profetas “não literários”, também chamados de

“profetas orais”. São aqueles cujas profecias não chegaram até nós na forma de livros, embora encontremos as suas palavras registradas nos livros bíblicos, mas esse registro era sempre feito por um escritor9.

3. Profetas Maiores – refere-se aos livros de Isaías, Jeremias, Lamentações de Jeremias, Ezequiel e Daniel. São assim chamados por causa da grande quantidade de volume literário de seus livros e também por causa da extensão dos seus ministérios.

4. Profetas Menores são assim chamados por causa do pequeno volume literário de seus livros.

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Essa classificação tem estreita ligação com a distribuição dos livros bíblicos no cânon conforme a Septuaginta, que nossas versões protestantes e católicas seguem. Na Bíblia Hebraica, a classificação difere.

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Nas tabelas10 a seguir, temos a classificação dos profetas em literários e não literários, de acordo com o tempo em que profetizaram:

Profetas Não Literários

M

on

arqu

ia Um grupo incluindo Saul

Gade Natã Aías R eino D ividi do P rof etas do N ort e

Dois anônimos mencionados em 1 Reis 13 Elias (1 Re 17 a 2 Re 2) 875-848 a.C. Outro anônimo mencionado em 1 Reis 20.13 Micaías (1 Re 22) – 849 a.C.

Eliseu (1 Re 19; 2 Re 2-13) – 848-797 a.C. Obede (2 Cr 28.9)

R eino Div idido P rof etas do S u l an tes d o C ati ve iro B ab ilôn ico

Semaías (2 Cr 12.5) Ido (2 Cr 12.15) Azarias (2 Cr 15.1) Eliézer (2 Cr 20.37)

Um anônimo (2 Cr 25.15) Hulda (mulher - 2 Rs 22.14) Profetas anônimos (2 Rs 23.2) Urias (Jr 26.20-23)

Hanani (2 Cr 16.7-10) Jaaziel (2 Cr 20.14-18)

Tabela 1

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Tabelas elaboradas a partir das informações colhidas dos livros A Bíblia Através

dos Séculos, de Antonio Gilberto, CPAD., e Manual Bíblico Halley, de H.H. Halley,

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Profetas Literários

Rei no Div id id o Profe ta s d o Nor

te Jonasa.C.) , com mensagem especial para Nínive (770

Oséias (760-730 a.C.)

Amós. Este foi profeta de Judá, mas com mensagem para Israel (760 a.C.)

Miquéias. Caso idêntico ao de Amós (737-690 a.C.) R eino D ividi do P rof etas de Judá

Jeremias (627-580 a.C.) Ezequiel (593-570 a.C.) Daniel (605-530 a.C.) Ageu (520 a.C.)

Zacarias (520-518 a.C.) Malaquias (443 a.C.)

Tabela 2

Poderíamos ainda classificar os profetas em ―profetas do pré-exílio‖ e ―profetas do pós-exílio‖. Conhecer e entender essa classificação ajuda muito na compreensão da mensagem dos livros proféticos. De fato, o exílio babilônico foi um marco na história do povo judeu, delimitando um ―antes‖ e um ―depois‖ na vida daquele povo.

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exerciam o ensino, os Profetas ao ministério profético que declarava a mensagem de Iavé e os Escritos, que correspondem aos conselhos, verdades, reflexões profundas da sapiência hebraica transmitida pelos sábios.

CONCLUSÃO

Os profetas do Altíssimo foram aqueles homens

extraordinários que são chamados de ―vidente‖ (1 Sm 9.9,19) e ―homem de Deus‖ (1 Sm 9.6). Elias e Eliseu, por exemplo, foram

considerados assim, como podemos ler, por exemplo, em 2 Reis 1.9

e 4.9. Eles também foram conhecidos como ―mensageiro‖ e ―servo‖ como em Isaías 42.19, ―sentinela‖ ou ―atalaia‖, como em Ezequiel 33.7. Em Oséias 9.7 ele é o ―homem do espírito‖ conforme o original

hebraico. Sua famosa máxima “Assim diz o Senhor...” era uma

espécie de ―selo‖ que autenticava suas mensagens como de fato

procedentes do Senhor. Embora os falsos profetas pudessem usar também essa expressão, os verdadeiros profetas do Altíssimo sobressaíam pela exatidão de suas predições e pelo seu caráter elevadíssimo. Esses profetas eram chamados por meio de uma visão, como aconteceu com Isaías e Ezequiel, por exemplo, ou por meio do chamado que apanhava o profeta nas circunstâncias normais de sua vida, como aconteceu com Amós e Jeremias11. O Senhor escolhia para esse ministério homens jovens, muito jovens, como Daniel, e outros mais maduros, como Ezequiel. Uns eram do campo, outros profetizaram na corte, ainda outros entre os exilados e para os exilados. Deus sempre terá os seus, comprometidos com a transmissão da sua verdade ao longo dos séculos. Deus não fica sem testemunho!

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EXERCÍCIOS DE REVISÃO LIÇÃO 1

MARCE “C” PARA CERTO E “E” PARA ERRADO

1) Em se tratando daquilo que Deus desejava para o seu povo, Israel, no Antigo Testamento, encontramos pouca coisa nos livros proféticos.

2) G.C.D. Howley chama a nossa atenção para o fato de que o Senhor se comunicava no Antigo Testamento por três meios, a saber: os sacerdotes, os profetas e os sábios. O sacerdote associava-se à Lei, os profetas à profecia ou mensagem e os sábios ao conselho.

3) Os ―Profetas Não-literários‖, também chamados de ―Clássicos‖, são aqueles que não registraram por escrito as suas mensagens.

4) Acreditamos que o profetismo como movimento surgiu mesmo no oitavo século antes de Cristo e que ―tinha por objetivo restaurar o monoteísmo hebreu, combater a idolatria, denunciar as injustiças sociais, proclamar o Dia do Senhor e reacender a esperança messiânica num povo que já não podia esperar contra a esperança.

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LIÇÃO 2

O LIVRO DE ISAÍAS

“Isaías é chamado o profeta messiânico porque estava completamente imbuído da ideia de que seu povo seria uma nação mediante a qual, em algum dia futuro, viria da parte de Deus uma bênção portentosa e maravilhosa para todas as nações: o Messias que Deus enviaria e que traria paz, justiça e cura ao mundo inteiro. Ele focalizava continuamente sua atenção no dia em que seria realizada essa obra grande e maravilhosa”.

H. H. Halley, conhecido comentarista bíblico.

INTRODUÇAO

O livro de Isaías possui os escritos que estão entre os mais profundos de toda a literatura bíblica. Numa visão panorâmica do livro, percebemos também a amplitude de temas que compõem o livro. O livro pode ser estudado reconhecendo-se nele três seções12: a primeira, englobando os caps. 1 a 39, a segunda, 40 a 55 e a terceira, 56 a 66. A primeira seção tem um caráter de correção, indicação do pecado do povo e dos líderes da nação Israelita. Grande parte da mensagem de Isaías é endereçada a líderes políticos e militares que firmavam alianças com nações estrangeiras e não confiavam no Senhor. Na segunda seção, temos um vibrante discurso de consolo que é direcionado, profeticamente, aos israelitas exilados nas distantes terras da Babilônia. Esta seção

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já inicia com palavras de grande conforto: “Consolai, consolai o meu povo, diz o vosso Deus.Falai ao coração de Jerusalém...” (Is 40.1,2a). A terceira seção, que compreende os caps. 56 a 66 avança no tempo, com mensagens aos judeus repatriados da Babilônia. A descrição das condições históricas contida nesta última seção indica uma época por vir, posterior às que fazem referência às outras duas seções anteriores do livro13.

O profeta

Isaías, o filho de Amoz, é conhecido entre os estudiosos como o ―príncipe dos profetas do Antigo Testamento‖. É também por excelência o ―profeta messiânico‖, devido as várias referências que faz ao Messias, Jesus. Seu nome dá título ao livro por ele escrito, como acontece com todos os demais livros proféticos no Antigo Testamento. O significado é ―Iavé é Salvação‖ ou ―O Senhor é Salvação‖. Seu ministério foi extenso – profetizou por mais de 60 anos, desde antes da morte do rei Uzias, que era seu tio, até depois da morte de Senaqueribe, rei Assírio, i.e., de 740 a.C. até 681 a.C. (cf. 1.1; 6.1; 37.38).

O ministério do profeta Isaías foi centrado em Jerusalém e abrangeu os reinados de quatro reis: Uzias, Jotão, Acaz,

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Ezequias e Manassés (1.1). A tradição judaica (livro apócrifo de Ascensão de Isaías) afirma que Isaías morreu cerrado ao meio por ordens do filho do rei Ezequias, o ímpio rei Manassés. Possivelmente, foi à este fato que o escritor da epístola aos Hebreus tenha se referido em Hebreus 11.37. Isaías foi casado com uma profetisa e com ela teve dois filhos, cujos nomes eram mensagens simbólicas à nação de Judá: Sear-Jasube (7.3), que significa ―Um-Resto-Volverá‖ e Maer-Salal-Has-Baz (8.3), ―Rápido-Despojo-Presa-Segura‖.

A Mensagem de Isaías

Certamente a maior parte do livro de Isaías (caps. 1 a 39) foi escrita durante os reinados de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias e o restante do livro, caps. 40 a 66, durante o reinado do ímpio e perverso rei Manassés. Talvez os sofrimentos que tenha enfrentado por causa da perseguição deste malvado rei possa ter contribuído para os seus escritos a respeito do Servo Sofredor que viria no futuro (52.13-15; 53).

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não de acordos e alianças com outros países e nações. O livro de Isaías apresenta Iavé como ―O Libertador de Israel‖ ou ―O Redentor de Israel‖ (45.15; 49.26; 62.11).

“Eu, eu sou o Senhor, e fora de mim não há salvador”.

Isaías 43.11

O Livro de Isaías, Uma Mini-Bíblia Dentro da Bíblia

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Israel e ao Messias, mas agora como estando presente. A primeira seção anuncia o Messias. A segunda apresenta o Messias manifesto!

Um, Dois ou Três Isaías?

Partindo do ponto de vista cristão e judaico da autoria do livro de Isaías, a conclusão é simples e direta: sua autoria é única: foi Isaías, o profeta, que viveu no oitavo século antes de Cristo, o autor desse livro, capítulo por capítulo. Essa posição conservadora a respeito da autoria do livro de Isaías, no entanto, vem sendo questionada pela erudição moderna.

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proféticos (como Daniel), os autores bíblicos tinham o hábito de escrever fatos históricos já ocorridos como se ainda fossem ocorrer. Pode até ser que isso tenha sido prática corrente na Antiguidade, mas resta-nos perguntar se isso de fato se aplica aos livros proféticos do Antigo Testamento.

Mas a erudição moderna não defende apenas a posição de dois ―Isaías‖, mas chega a propor um terceiro Isaías. David F. Payne chega a afirmar que

―a maioria dos estudiosos defenderia um quadro mais ou menos assim: os oráculos do próprio Isaías estão contidos nos caps. 1-39; os caps. 40-55 são em grande parte obra de um profeta exílico do século VI; os caps. 56-66 contém os oráculos de ao menos mais um homem, que trabalhou na Palestina no final do século VI; e o livro todo também incorpora muitas notas editoriais, em geral breves, mas algumas bem extensas‖14.

Em resumo, o livro de Isaías seria na verdade a reunião de textos de pelo menos três autores diferentes, percebendo-se isso por causa das diferenças de estilo literário e abordagens teológicas distintas contidas ao longo do livro de Isaías. Segundo os teólogos defensores dessa posição, o

14

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conteúdo do ―Proto-Isaías‖ volta-se mais para julgamento, ao passo que o ―Deutero-Isaías‖ oferece conforto e sua mensagem concentrava-se mais no Servo sofredor do Senhor, além do fato de que os capítulos 40 a 55 teriam sido escritos no contexto do Cativeiro. Essas evidências seriam indicativos de autorias diferentes e de que partes do livro teriam sido escritas em data posterior àquela que é proposta pela posição tradicional, como já explicado anteriormente. Se essa posição estiver correta, então a profecia espantosa a respeito de Ciro, sendo chamado pelo nome pelo profeta Isaías 150 antes do seu nascimento na verdade não passaria de um mero relato de algo contemporâneo ao escritor dessa ―profecia‖. Em outras palavras, a profecia deixa de ser profecia no sentido preditivo, perdendo assim o seu valor profético. Sob essa ótica, Isaías não teria predito nada, acontece apenas que o ―segundo Isaías‖ ou ―Deutero-Isaías‖ escreveu fatos que ele mesmo já conhecia por terem já ocorrido, portanto, sem nenhum caráter profético de fato!

Refutações à Hipótese

(30)

única. De fato, o ministério dos profetas era mais oral que literário. O que diziam estava dito, mas quando escreviam suas mensagens, esse conteúdo necessitava sim de edição em função das ―amplificações, explanações e elos de ligação entre os oráculos‖15. Se aceita, por exemplo, a autoria única do Pentateuco (Moisés), mas reconhece-se como plausível a inserção de determinados textos adicionais, complementares, a fim de completar a narrativa, como por exemplo Deuteronômio 34 (afinal, como Moisés poderia ter escrito sobre sua morte?). É claro que os termos em que os livros bíblicos foram escritos eram bem distintos dos que envolvem toda a produção literária no século 21, mas mesmo hoje, quando se lança uma edição post mortem do autor, de um dado livro, por exemplo, costuma-se fazer correções e incostuma-serções, costuma-sem, contudo, comprometer a unidade autoral do livro.

Outro fator interessantíssimo a se considerar na questão da unidade autoral de Isaías é que um argumento que poderia ser contrário torna-se favorável: o anonimato do suposto ―segundo Isaías‖. Sobre isso, citamos mais uma vez David F. Payne:

15

(31)

... se realmente houve esse profeta extraordinário [que teria escrito os caps. 40-55 no sexto século a.C. – grifo meu), ministrando aos exilados na Babilônia, como é possível que até o seu nome e toda lembrança dele se tenham perdido?16

Embora se reconheça que um profeta, anunciando a queda da Babilônia, precisaria sim, por questões de segurança, omitir-se, é ainda sim estranho quando pensamos, todavia, que houve profetas que lá estiveram e cujas identidades não foram ocultadas como Ezequiel e Daniel (este último chegou a interpretar os sonhos do rei que prenunciavam a substituição da Babilônia por outro reino cf. Dn 2). De fato, alguns problemas permanecem em relação à autoria dupla ou tripla como eruditos modernos têm sugerido. Embora David F. Payne, aqui citado, se incline mais à hipótese de mais de um autor para Isaías, reconhece, todavia, que há algumas lacunas nessa hipótese17.

Quanto ao argumento da diferença de estilos literários para se defender a dupla e/ou tripla autoria de Isaías, é importante considerar que o estilo de um autor pode variar de acordo com sua idade, contexto social, destinatário e o assunto que está sendo abordado. É inegável que elementos estilísticos

16

Idem, p. 991. 17

(32)

são sim propensos às mudanças. Portanto, eruditos da ala conservadora afirmam que esse é um argumento de pouca força para se defender um autoria dupla ou tripla para o livro de Isaías e mesmo para outros livros do Antigo Testamento.

(33)

Por fim, um ponto muito importante a se considerar na questão da autoria de Isaías e a hipótese de uma dupla ou tripla autoria, é que muitos eruditos da Alta Crítica

notadamente apresentam uma rejeição ao

sobrenaturalismo bíblico, o que não deixa de ser um fator norteador em sua pesquisa. Mas estudiosos sérios (mesmos os que se inclinam a negar o sobrenaturalismo bíblico) reconhecem que esse é um elemento muito presente nas narrativas bíblicas, sendo que os autores bíblicos tencionaram relatar fatos e eventos sobrenaturais. Muitos estudiosos, em geral de linha liberal, procuram explicar esses milagres e eventos sobrenaturais como sendo meramente mitos do povo judeu, e não ocorrências de fato sobrenaturais, no sentido exato da palavra, denotando assim uma interferência divina direta.

Em favor ainda da unidade autoral do livro de Isaías citamos ainda três fatores ou evidências:

(34)

doutrinária, é claro e embora reconheçamos que a questão autoral não era o foco dos autores neotestamentários, todavia, o próprio Payne, que admite a possibilidade de vários Isaías, reconhece que ―segundo o que sabemos, na época do Novo Testamento ninguém nunca questionou a unidade do livro de Isaías‖18. Pensamos que seria um grande erro ignorar a questão da autoria do livro de Isaías face ao Novo Testamento, já que seus autores estavam mais próximos da autoria de Isaías do que nós, hoje. Um texto muito contundente em relação ao fato de que os escritos neotestamentários consideravam o livro de Isaías escrito por um personagem histórico apenas – o profeta Isaías, filho de Amoz – é João 12.38-41, onde João cita dois textos de Isaías (primeiro, 53.1 e depois, 6.9,10) e afirma que “Isto disse Isaías porque viu a glória dele e falou a seu respeito” (Jo 12.41). ―Obviamente o mesmo Isaías que viu a glória de Cristo na visão do Templo de Isaías 6 foi aquele que também fez a declaração que está registrada em Isaías 53.1‖19.

18

Idem, p. 991. 19

(35)

2. Em contraste com Ezequiel, que profetizou entre os cativos da Babilônia, o suposto ―Deutero-Isaías‖ demonstra não conhecer ou estar familiarizado com o ambiente babilônico.

3. Norman L. Geisler, uma das vozes conservadores de maior erudição na atualidade, menciona o fato de que ―os Papiros do Mar Morto incluem uma cópia completa do livro de Isaías, e não há interrupção alguma entre os capítulos 39 e 40. Isso significa que a comunidade de Qumran aceitava a profecia de Isaías como sendo um único livro, no século II a.C. A versão grega da Bíblia hebraica, que também data do século II a.C., considera o livro de Isaías como um único livro, escrito por um único autor, o profeta Isaías‖20.

Terminamos esta seção sobre a autoria de Isaías com o seguinte comentário contido no Dicionário Bíblico Wycliffe:

Muitos que aceitam a opinião [de mais de um autor para o livro de Isaías – grifo meu) falham por não perceber que esse argumento prova muitas coisas. Se o texto em 41.2-4 deve conter as

20

GEISLER, Norman L. HOWE, Tomas. Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e

(36)

palavras de um contemporâneo de Ciro, então o cap. 53 deve conter as palavras de uma testemunha da crucificação. Isto é naturalmente impossível. Consequentemente, aqueles que negam que Isaías poderia ter pronunciado as profecias a respeito de Ciro devem defender que o mesmo argumento não se aplica ao cap. 53, ou devem negar que Isaías 53 seja uma profecia messiânica, apesar do claro testemunho do Novo Testamento ao cumprir-se na morte do Senhor Jesus (Mc 15.28; Lc 22.37: At 8.35; 1 Pe 2.22).

Por trás desse argumento contra a unidade de Isaías, está naturalmente a doutrina moderna a respeito da profecia, segundo a qual o profeta era um homem de seu próprio tempo que falou somente ao povo de seu próprio tempo, e não às gerações futuras. Esta é uma meia-verdade muito perigosa. Os profetas testemunharam muito seriamente aos homens de sua própria época. Mas eles também falaram sobre coisas futuras, sobre ―aquele dia‖, ―o dia do Senhor‖. Sem usar muitas palavras, essa definição modernista da profecia minimiza ou elimina dela o elemento profético. Contudo, de acordo com os claros ensinos das Escrituras, o cumprimento das profecias representa a evidência mais clara de que a palavra do profeta é uma mensagem de Deus; e nenhuma passagem declara esta verdade de uma forma mais clara do que os escritos do próprio Isaías‖21.

21

(37)

O Livro de Isaías e o Novo Testamento

O livro de Isaías foi muito utilizado pelos escritores do Novo Testamento: são pelo menos 67 citações feitas em Mateus, Marcos, Lucas, João, Atos, Romanos, 1 e 2 Coríntios, Gálatas, Hebreus e 1 Pedro. Vários textos de Isaías citados no Novo Testamento são de caráter preditivo, de modo que os eventos narrados pelos autores neotestamentários eram o cumprimentos desses textos. A vinda de João Batista, pregando antes de Cristo e preparando-lhe o caminho (40.3-5 com Mc 3.1-1) e vários textos que se cumpriram na Pessoa de Cristo: sua encarnação e divindade (7.14 com Mt 1.22,23, Lc 1.34,35 e 9.6,7 com Lc 1.32,33; 2.11), sua missão (11.2-5; 42.1-4; 60.1-3 e 61.1 com Lc 4.17-19, 21) e sua morte expiatória (53.4-12 e Rm 5.6)22. Diante desses e de tantos outros textos sobre a vida, ministério, sofrimento, morte e ascensão do Messias, não temos dúvida de que Isaías predisse a vinda do Messias e deu muitas informações sobre Ele. Diante desse fato, muitos estudiosos tem considerado Isaías ―O Evangelho do Antigo Testamento‖.

22

(38)

Esboço do Livro de Isaías

1. Profecia de denúncia e convite (primeira seção do livro) 1.1-35.10

Mensagem de Julgamento e promessas - 1.1-6.13 Mensagem concernentes ao Emanuel - 7.1-12.6

Mensagem de Julgamento sobre as nações - 13.1-24.23 Mensagem de Julgamento, louvor, promessa - 25.1-27.13 Os infortúnios dos descrentes imorais em Israel - 28.1– 33.24 Resumo - 34.1-35.10

2. O procedimento de Deus com Ezequias 36.1-39.8 Deus liberta Judá - 36.1-37.38

Deus cura Ezequias - 38.1-22 Deus censura Ezequias - 39.1-8

3. Profecia de consolo e paz (segunda seção do livro) 40.1-66.24

A garantia de consolo e paz - 40.1-48.22

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BREVE ANÁLISE DE ALGUNS TEXTOS DO LIVRO DE ISAÍAS

Declarada a Impiedade de Judá e o Vislumbre de Esperança Is 1-5

Já no primeiro versículo deste livro, Isaías se situa no tempo em que profetizava: “... nos dias de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá”. Ele informa que sua visão era a respeito de Judá. Nesse texto, o profeta denuncia a religiosidade hipócrita do povo e, a semelhança de outros profetas do Altíssimo, salienta que atos meramente exteriores, vazios de significado, não podem purificar ―Sodoma‖, termo aqui usado pelo profeta para indicar o tão baixo nível a que havia chegado a nação. O profeta é enfático em dizer que Deus já não suportava mais a hipocrisia do povo, de modo que, diz o Senhor por intermédio de Isaías, “quando estendeis as mãos, escondo de vós os olhos; sim, quando multiplicais as

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Os capítulos 1 a 5 não contém material biográfico, sendo destinados a indicar quão grave era a situação em Jerusalém e Judá. Interessante notar que já nestes capítulos iniciais Isaías prediz primeiro o castigo de Judá, mas profetiza a respeito de um tempo de restauração espiritual para a nação. Profetiza que o “Renovo do Senhor será de beleza e de glória...” (4.2). ―Renovo‖ aqui indicando o Messias que haveria de vir para fundar um novo Israel, agora redimido. É comum na literatura profética encontrarmos mensagens com esse teor tão esperançoso após profecias de juízo e castigo. Deus sabe como tratar com seu povo! Isso nos faz lembrar que a graça e a verdade aparecem juntas nas Escrituras. O salmista afirma que “encontraram-se a graça e a verdade” (Sl 85.10) e Davi pede ao Senhor: “... guardem-me sempre a tua graça e a tua verdade” (Sl 40.11). João informa-nos que a “... a lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio

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Uma Profecia com Duplo Cumprimento Is 7

Judá havia sido invadida pelos reis da Síria e de Israel que intentavam substituir Acaz por outro rei, como vemos no versículo 6, que favorecesse mais aos seus interesses políticos. Acaz, por sua vez, recorrendo às manobras políticas típicas, recorre a Tiglate-Pileser, rei da Assíria, a maior potência de sua época, que atende sua solicitação atacando a Síria e o norte de Israel. Mas foi no início do ataque siro-israelita que Isaías pronunciou sua profecia indicando que esse ataque contra Judá haveria de fracassar: “... Isto não subsistirá, nem tampouco acontecerá” (cf. v. 7b). Com o intuito de confirmar a veracidade dessa profecia, o próprio Deus oferece a Acaz “... um sinal, quer seja embaixo, nas profundezas, ou em cima, nas alturas” (v. 11). A rejeição desse sinal por parte de Acaz indicava sua propensão a confiar mais na aliança com o rei da Assíria do que no Senhor. O próprio Deus então oferece o sinal: “Portanto, o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará

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-Despojo-Presa-Segura‖ – 8.3). Ross E. Price afirma que mais ―uma vez vieram aquelas alternativas inescapáveis para Acaz: Confie em Deus e aceite o significado de Isaías (―Deus é salvação‖) ou confie no homem e conheça o signficado de Sear-Jasube (―somente um remanescente deverá escapar‖)23. Esse sinal extraordinário oferecido pelo Senhor a Acaz – o nascimento de uma criança com o nome de Emanuel (―Deus conosco‖) – indicava a iminência de um livramento dentro de um curto prazo. A frase no versículo 15 – “Ele comerá manteiga e mel quando souber desprezar o mal e escolher o

bem” – pode indicar a idade de 12 ou 13 anos,

... o momento da determinação da responsabilidade moral sob a Lei. Assim, ―quando‖ o menino tivesse 12 ou 13 anos de idade (722/721 a.C.), ele estaria comendo coalhada (um tipo de iogurte) e mel, em vez de produtos agrícolas, por causa da devastação de Israel, provocada pela Assíria. Alguns acreditam que a expressão envolvia um período de tempo mais curto, em razão do que lemos no versículo 16 e em 8.424.

Interessante notar que Mateus viu no nascimento de Jesus o cumprimento completo e cabal dessa profecia, quando

23

PRICE, Ross E. Comentário Bíblico Beacon. vol. 4, 2ª ed., 2005, CPAD, p. 47. 24

(43)

afirma que “... tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que fora dito pelo Senhor por intermédio do profeta: eis que a

virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado

pelo nome de Emanuel (que quer dizer: Deus conosco)” (Mt 1.22,23). Mais de uma vez os autores neotestamentários aplicaram profecias do Antigo a eventos ocorridos no período do Novo Testamento como cumprimento da Palavra do Senhor, por intermédio dos profetas, indicando um segundo cumprimento ou um cumprimento maior da profecia, conforme a Lei da Dupla Referência25 (cf. Os 11.1 e Mt 2.15).

Um Versículo Muito Debatido Is 7.14

Certamente esse é um dos versículos mais debatidos da Bíblia; leiamos: “Portanto, o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará

Emanuel”. O centro da discussão gira em torno da palavra hebraica para ―virgem‖ nesse texto, que no hebraico é ̀almah e indica não exclusivamente uma mulher virgem, mas uma mulher muito jovem, inclusive em condições de se casar ou já casada! Interessante notar que o hebraico bíblico possui outra

25

(44)

palavra para indicar uma virgem de fato, bethulah. Portanto, o texto não indicaria ―uma jovem concebendo sem ter mantido relações sexuais‖. A LXX26 traduziu o termo hebraico pela palavra grega parthenos, que significa virgem, dando ao texto um enriquecimento messiânico que originalmente não possuía. Diante do exposto, pergunta-se em que consistiria exatamente o sinal: uma virgem (no sentido exato da palavra) conceber ou o nascimento comum de uma criança chamada Emanuel?

... podemos interpretar o texto da seguinte forma: Acaz se negara a buscar um sinal, visto que ele sabia no seu coração que um sinal demonstraria que Isaías estava certo. Mesmo assim, um sinal iria confrontá-lo; e este sinal foi que, antes que pudessem passar nove meses, os invasores sírios e israelitas teriam partido de forma tão dramática que muitas mulheres grávidas dariam o nome Emanuel – ―Deus está conosco‖ – a seus recém-nascidos27. (O nome Icabode, ―a glória se foi‖, cf. 1 Sm 4.21,22, é uma boa comparação e contraste). Em outras palavras, ―Emanuel‖ se tornaria um nome de criança muito comum no ano seguinte. No entanto, o nome seria um sinal ou prova para Acaz, não de que a ameça siro-efraimita28 já tinha passado (esse fato seria auto-evidente), mas de que o Deus que dessa

26

LXX refere-se à Septuaginta, a tradução do Antigo Testamento hebraico para o grego feita por 70 ou 72 tradutores judeus em Alexandria, no Egito.

27

O autor, nesse caso, abre um precedente para a ideia de que a referência em Is 7.14 não seja a uma mulher específica, mas seja uma referência geral.

28

Outra designação para “siro-israelita”, a coalizão das duas nações contra Judá. É

(45)

maneira era reconhecido como estando ―com‖ o seu povo tinha o propósito de causar graves dificuldades a eles por meio da Assíria. Quando essa ameaça se concretizaria? Em pouquíssimos anos, diz Isaías – antes que crianças que agora estavam no útero pudessem crescer até o discernimento maduro (v. 16)29.

29

(46)

EXERCÍCIOS DE REVISÃO LIÇÃO 2

ASSINALE COM “X” A ALTERNATIVA CORRETA

1) O livro de Isaías tem sido chamado o ________________ do Antigo Testamento.

a) Apocalipse b) Evangelho c) Apóstolo

d) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

2) Em função das muitas profecias preditivas a respeito do ___________________, Isaías tem sido chamado o ___________________________.

a) profeta, Profeta Messiânico b) Profeta Messiânico, Messias c) Messias, Profeta Messiânico

d) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

3) Certamente a maior parte do livro de Isaías (caps. 1 a 39) foi escrita durante os reinados de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias e o restante do livro, caps. 40 a 66, durante o reinado do ímpio e perverso rei _________________.

a) Joaquim b) Josias

(47)

4) A terceira seção, que compreende os caps. 56 a 66 avança no tempo, com mensagens aos judeus repatriados da __________________.

a) Assíria b) Babilônia c) Etiópia

d) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

5) O significado do nome Isaías é _________________.

a) ―Iavé é Salvação‖ b) ―Iavé fortalece‖ c) ―Iavé consola‖

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LIÇÃO 3

O LIVRO DE JEREMIAS E DE

LAMENTAÇÕES DE JEREMIAS

“Jeremias foi um homem sensível, de compleição delicada, para quem deve ter sido uma grande provação ser chamado para representar papel tão proeminente naqueles tempos escuros e tormentosos, e ter de ser posto “por muros de bronze, contra todo o país”. Mas ele é uma evidência do que pode fazer um homem em quem habita o Espírito de Deus com poderosa e viva força”.

F. B. Meyer, antigo comentarista devocional da Bíblia.

INTRODUÇAO

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palavras” (1.9). É impossível não ver em Jeremias um homem que se importava com aquilo que importava para Deus – um homem consumido por aquilo que Deus queria para seu povo e que sofria em consequência da desobediência desse povo. C. Paul Gray observa que

Um dos maiores valores do livro [de Jeremias – grifo meu] é que Jeremias nos permite ver as suas lutas interiores, a extensão das suas emoções, à medida que busca levar a cabo uma tarefa que corta seu coração. Para seus inimigos e o público em geral ele parece inflexível e exageradamente teimoso. Mas Jeremias compartilha conosco seus pensamentos e sentimentos mais íntimos. Sabemos mais a respeito dele do que de qualquer outro profeta do Antigo Testamento. Nós o vemos nos momentos mais tristes e desesperadores da sua vida, mas também nos seus momentos de exultação e esperança. As oscilações da sua vida emocional podem ser tornar doloridas para o leitor, bem como alegres, visto que ele não hesita em expressar cada pensamento que desponta na superfície. Mas é a expressão desinibida dos seus sentimentos que nos intriga. Jeremias mostra exatamente quem ele é. Temos, portanto, o privilégio de ver um jovem imaturo desenvolver-se em um gigante espiritual30.

O Profeta

O profeta Jeremias teve suas profecias muito atacadas em sua época. No capítulo 28 do livro temos narrado o seu embate com o falso profeta Hananias e no capítulo 29 ele prediz a morte do falso profeta Semaías no exílio. O nome ―Jeremias‖ significa ―O Senhor (Iavé) designa ou estabelece‖. A

30

(50)

mensagem profética de Jeremias indicava um cativeiro de 70 anos, ao passo que os falsos profetas diziam que o cativeiro duraria apenas dois anos: “Dentro de dois anos, eu tornarei a trazer a este lugar todos os utensílios da Casa do Senhor, que daqui tomou Nabucodonosor, rei da Babilônia, levando-os para a Babilônia” (28.3). Jeremias profetizava contra as melhores expectativas geradas pelos falsos profetas, o que tornava sua mensagem não tão agradável. Todavia, ele não declinou de sua posição de portador da verdade divina para o povo.

Pouco mais de um século depois que Isaías exerceu o seu ministério, o Senhor agora chama o jovem Jeremias para o ofício profético, que era natural de uma família de sacerdotes. Seu pai se chamava Hilquias e a vila de onde era natural se chamava Anatote. O próprio significado do nome Jeremias é um indicativo de que ele fora de fato chamado e enviado pelo Senhor a profetizar a uma nação rebelde: ―a quem Iavé designou‖.

Foi chamado ao ministério profético através de uma visão (1.4-10). Profetizou durante 40 anos, nos reinados dos cinco últimos reis de Judá (627 a 587 a.C.). A seguir, uma ordenação do livro a partir dos reinos em que as profecias de Jeremias foram anunciadas:

1. Josias (1.1-19; 2.1-6.30; 7.1-10.25; 18.1-20.18 2. Jeocaz – nenhuma referência

3. Josias ou Jeoaquim (11.1-17-27) 4. Jeoaquim (25 e 26, 35 e 36, 45-48) 5. Joaquim (31.15-27)

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7. Gedalias [e Egito] (40-44)31

As autoridades não recebiam bem as suas mensagens, pois Jeremias era tido como alguém que ―enfraquece as mãos dos homens de guerra que restam nesta cidade e as mãos de todo o povo‖ (38.4). Desse modo, Jeremias foi rejeitado, perseguido e preso. O livro de Jeremias possui alguns dados biográficos do profeta, pois alguns episódios de sua vida estão narrados no seu livro (caps. 26, 28, 32, 35-43). Nabucodonosor cuidou dele depois da destruição de Jerusalém (39.11-12). Foi forçado a ir para o Egito (43.6-7) e lá, em adiantada velhice, morreu martirizado na cidade de Mênfis.

A Mensagem de Jeremias

A mensagem do profeta Jeremias tinha aspectos de repreensão ao pecado do povo de Judá, a previsão do cativeiro babilônico e várias palavras de juízo contra as nações inimigas, como o Egito, Filístia, Moabe, Amom, Síria, etc. Mas o livro do profeta Jeremias não é só de juízo e castigo divinos sobre o povo. Há também a promessa do regresso da Babilônia após os 70 anos de cativeiro, o que significa dizer que há a esperança de reconstrução nacional da nação (cf. 25.11; 29.10). No livro também há uma referência ao Messias, futuro Rei da descendência de Davi (23.5,6).

Jeremias é conhecido entre os estudiosos como o profeta das lágrimas, dado o teor melancólico de sua mensagem. E não era para ser diferente! O profeta Jeremias

31

(52)

na extensão do seu ministério viu o povo afastar-se do Senhor e como conseqüência, ocorrer a devastação da cidade de Jerusalém pelos exércitos babilônicos. Israel já tinha sido completamente destruído. Agora, chegara a vez de Jerusalém e Judá.

I O LIVRO DE JEREMIAS

É importante estar atento quanto ao fato de que as narrativas do livro não estão em uma ordem cronológica exata. Temos no livro uma espécie de antologia das profecias e das experiências pessoais de Jeremias. Os caps. 1 a 6 parecem estar em ordem cronológica, mas do capítulo 7 em diante o livro não apresenta uma sequência cronológica bem definida. Alguns trechos do livro não indicam sequer uma data. Isso dificulta a sequenciação dos fatos em Jeremias. É preciso considerar, entretanto, que só o ―simples‖ fato de o livro existir, apesar do contexto turbulento em que ele foi escrito, seja em Judá ou concernente ao cenário internacional, já é resultado da providência divina. Os sofrimentos a que Jeremias foi submetido foram tantos que seria difícil organizar um documento, de maneira mais meticulosa. Podemos ter no capítulo 36 um vislumbre de como o livro foi escrito.

Contexto Histórico

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assim como Jeremias, era oriundo da classe sacerdotal, mais jovem que Jeremias, e diferentemente dele, ministrou entre os cativos da Babilônia. O teor de sua mensagem era basicamente o mesmo da de Jeremias. Daniel, de linhagem real, também ministrava no cativeiro, mas no palácio de Nabucodonosor. Habacuque e Sofonias ajudaram Jeremias em Jerusalém.

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Em Judá, os precedentes históricos eram assustadores.

Jeremias iniciou seu ministério no reinado de Josias, um rei bom que adiou temporariamente o juízo de Deus prometido por causa do governo terrível de Manassés. Os acontecimentos estavam mudando rapidamente o Oriente Próximo. Josias tinha iniciado uma reforma, a qual incluía a destruição dos lugares altos pagãos em Judá e Samaria. Entretanto, a reforma teve um efeito pouco duradouro sobre o povo. Assurbanipal, o último grande rei assírio, morreu em 627 a.C. A Assíria estava enfraquecendo, e Josias expandindo o seu território para o norte. A Babilônia, sob o domínio de Nabopolasar, e o Egito, sob Neco, estavam tentando sustentar sua autoridade sobre Judá.

Em 609 a.C, Josias foi morto em Megido ao tentar impedir o Faraó Neco de ir contra o que restava da Assíria. Três filhos de Josias (Joacaz, Jeoaquim e Zedequias) e um neto (Joaquim) sucederam-no no trono. Jeremias viu a insensatez da linha de ação política desses reis e alertou-os sobre os planos de Deus para Judá, mas nenhum deles deu atenção à advertência. Jeoaquim foi abertamente hostil a Jeremias e destruiu um rolo enviado a ele, cortando-o em algumas colunas e jogando-as no fogo. Zedequias foi um governante fraco e vacilante, buscando às vezes os conselhos de Jeremias, outras vezes permitindo que os inimigos de Jeremias o maltratassem e o aprisionassem32.

A Mensagem do Livro de Jeremias

Jeremias sempre insistiu que a Babilônia prevaleceria sobre Judá. Chegou a sugerir que se Judá se submetesse à Babilônia, seria poupada. Se Isaías, cem anos antes, não contemplou a destruição de Israel pela Assíria, Jeremias não teve a mesma felicidade em relação à Judá, pois ele

32

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contemplou a destruição da cidade e do templo. Ele inicia seu ministério em 626 a.C. e durante 40 anos profetiza. Em 606 a.C., 20 anos após sua chamada, Babilônia invade Jerusalém deixando-a parcialmente destruída. Tem início aí o cativeiro babilônico, que duraria 70 anos. Em 586 a.C. o ―profeta das lágrimas‖ vê Jerusalém ser arruinada até as cinzas!33

É interessante notar que Deus, para corrigir seu povo, irá usar uma nação pagã, a Babilônia. Pode parecer estranho, muitas vezes, a maneira de Deus agir. O profeta Habacuque, contemporâneo de Jeremias, também foi avisado por Deus de que a Babilônia invadiria Jerusalém. Inicialmente, ele clama a Deus por causa da injustiça e da violência praticadas em Judá, e Deus lhe responde dizendo que os caldeus castigarão Judá. O profeta Habacuque acaba por ficar ainda mais confuso, afinal, como Deus poderia usar um povo ainda mais cruel para corrigir Jerusalém e Judá? Todavia, o Senhor lhe diz: “Eis o soberbo! Sua alma não é reta nele; mas o justo viverá pela sua fé” (Hc 2.4). A História, sob a ótica bíblica, não é cíclica, mas linear e Deus está no controle dos eventos a fim de que eles cumpram a Sua vontade. A perversa Babilônia foi o braço executor do juízo de Deus sobre a pecadora Judá, mas ela também foi castigada pelo Senhor por sua grande impiedade. Assim como aconteceu com Judá, Babilônia também seria castigada pela sua impiedade.

33

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O Livro de Jeremias e o Novo Testamento

Os escritores do Novo Testamento por vezes citaram e desenvolveram sua teologia com base em escritos do livro do profeta Jeremias. Exemplo muito interessante temos no livro de Hebreus, onde o autor ao falar da nova aliança, da qual Cristo é o Mediador, menciona textos de Jeremias (cf. Hb 8.8-13; 10.15-17 com Jr 31.31ss).

Mateus, quando narra a matança dos inocentes por ordem de Herodes, no afã de tentar matar também o menino Jesus, cita Jeremias 31.15, afirmando enfaticamente que aquilo era o cumprimento do que “... fora dito por intermédio do profeta Jeremias” (cf. Mt 2.17,18).

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Esboço do Livro de Jeremias

1. O chamado de Jeremias - 1.1-9

2. Coleção de discursos - 2.1-33.26 Primeiro oráculos - 2.1-6.30

Sermão do templo e abusos no culto - 7.1-8.3 Assuntos diversos - 8.4-10.25

Eventos na vida de Jeremias - 11.1-13.27 Seca e outras catástrofes - 14.1-15.21 Advertência e promessas - 16.1-17.18 A santificação do sábado - 17.19-27 Lições do oleiro - 18.1-20.18

Oráculos contra leis, profetas e povo - 21.1-24.10 O exílio babilônico - 25.1-29.32

O livro de consolação - 30.1-35.19

3. Apêndice histórico - 34.1-35.19 Advertência a Zedequias - 34.1-7

Revogada a libertação de escravos - 34.8-22 O exemplo dos recabitas - 35.1-19

4. Julgamentos e sofrimentos de Jeremias - 36.1-45.5 Jeoaquim e os rolos - 36.1-32

Cerco e queda de Jerusalém - 37.1-40.6 Gedalias e o seu assassinato - 40.7-41.18 A fuga para o Egito - 42.1-43.7

(59)

5. Oráculos contra nações estrangeiras - 46.1-51.64 Contra o Egito - 46.1-28

Contra os filisteus - 47.1-7 Contra Moabe - 48.1-47 Contra os amonitas - 49.1-6 Contra Edom - 49.7-22 Contra Damasco - 49.23-27

Contra Quedar e Hazor - 49.28-33 Contra Helão - 49.34-39

Contra a Babilônia - 50.1-3

6. Apêndice histórico - 52.1-34 O reinado de Zedequias - 52.1-3 Cerco e queda de Jerusalém - 52.4-27 Sumário de três deportações - 52.28-30 Libertação de Joaquim - 52.31-34

ANÁLISE DE ALGUNS TEXTOS DO LIVRO DE JEREMIAS

O chamado de Jeremias caps. 1-3

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aceitar o chamado divino (cf. Êx 3.11; 4.10). F. B. Meyer comenta que ―Jeremias era muito jovem e tentou esquivar-se da grande missão a ele confiada. Os mais nobres sempre agem assim‖. Como é interessante perceber que Deus, nas Escrituras, frustra as intenções de alguns que quiseram postar-se arrogantemente, e a outros que agiram com humildade Ele os presenteava com bênçãos grandiosas. Em Gênesis 11, Ele frustra os projetos daqueles que em rebelião contra Ele haviam dito: “... tornemos célebre o nosso nome...” (v. 4). No capítulo 12, no entanto, para um homem que não buscava fama, Ele promete: “... te engrandecerei o nome” (v. 2). Mas o chamado de Jeremias, “... para arrancares e derribares, para destruíres e arruinares e também para edificares e para plantares” (1.10), implicaria em grande sofrimento para ele. Em geral, os profetas do Senhor foram homens sofredores. Jeremias foi ameaçado de morte por anunciar a mensagem divina com integridade (26.7ss), foi preso e depois lançado numa cisterna e finalmente ajudado por um etíope (um africano – cf. caps. 37 e 38) e por fim, segundo a tradição, foi morto no Egito, tendo sido levado para lá como uma espécie de amuleto pelos que restaram do cativeiro babilônico e depois foi apedrejado pelos seus compatriotas (cf. caps. 43 e 44).

Uma Visão Interessante – 1.11 e 12

Referências

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