Márcia Etelli Coelho
“... Que a vida é ciranda e este mundo, um moinho, girando entre o acaso e o implacável porquê...”
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https://sobramespaulista2018.blogspot.com/319 - JUNHO de 2019
Publicação mensal da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - São Paulo
O Bandeirante
Textos para publicação e concursos de prosa e verso devem ser enviados
EXCLUSIVAMENTEpara o E-mail:
SOBRAMES@UOL.COM.BRDocemente azedo
Luiz Jorge Ferreira Pág. 4
Veneza, a viagem
Josyanne Rita de Arruda Franco Pág. 5
“...Estridente e rouco. Destro e direito.
Docemente... Inutilmente...”
“...Veneza de doce saudade Nas ruelas do destino...”
E mais: Borboletas no café - Evanir da Silva Carvalho (Pág.6)
A pintura e o reencontro - José Hugo de Lins Pessoa (6)
Rosas que falam
Prêmio Bernardo de Oliveira Martins
Pág. 3
2
Márcia Etelli Coelho Presidente da Sobrames-SP
PREMIAÇÕES
EXPEDIENTE: Jornal O Bandeirante - ANO XXVII - nº. 319 - Junho 2019 | Publicação mensal da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores - Regional do Estado de São Paulo - SOBRAMES-SP. | Sede: Avenida Brigadeiro Luís Antônio, 278 - 7º. Andar - Sala 1 (Prédio da Associação Paulista de Medicina) - CEP 01318-901 - São Paulo - SP | Editores: Márcia Etelli Coelho e Marcos Gimenes Salun | Jornalista Responsável: Marcos Gimenes Salun (MTb 20.405-SP). | Redação e Correspondência: Av. Prof.Sylla Mattos, 594 - ap.12 – Jd. Sta.Cruz – CEP 04182-010 – São Paulo – SP E-mail: rumoeditorial@uol.com.br Tels.: (11) 2331-1351 Celular (11) 99182-4815. | Colaboradores desta edição:
(Textos literários): Evanir da Silva Carvalho, José Hugo de Lins Pessoa, Josyanne Rita de Arruda Franco, Luiz Jorge Ferreira e Márcia Etelli Coelho| (Olhar Paulista): Márcia Etelli Coelho. | Matérias assinadas são de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente, a opinião da Sobrames-SP | Revisão: Equipe Rumo Editorial | Diagramação e redação: Marcos Gimenes Salun | Rumo Editorial Produções e Edições Ltda. E-mail: rumoeditorial@uol.com.br | Impressão e Acabamento: Expressão e Arte Gráfica Editora - São Paulo | Tiragem desta edição: 300 exemplares impressos e mais de 1.500 exemplares em PDF enviados por e-mail e divulgados em redes sociais.
DIRETORIA - 2019/2020 - Presidente: Márcia Etelli Coelho. Vice-Presidente: Carlos Augusto Ferreira Galvão. Primeiro Secretário: Sérgio Gemignani. Segunda Secretária: Aida Lúcia Pullin Dal Sasso Begliomini. Primeiro Tesoureiro : José Francisco Ferraz Luz. Segundo Tesoureiro: Helio Begliomini. Conselho Fiscal Efetivos:
Josyanne Rita de Arruda Franco, Marcos Gimenes Salun e Josef Tock. Conselho Fiscal Suplentes: Maria do Céu Coutinho Louzã, Mário Santoro Junior e José Hugo de Lins Pessoa.
Editorial
FELIZ
ANIVERSÁRIO!
Bolo & Champanhe em junho
As Pizzas Literárias da SOBRAMES-SP acontecem na terceira quinta-feira de cada mês, a partir das
19h00, na PIZZARIA BONDE PAULISTA Rua Oscar Freire, 1.597 - Pinheiros - S.Paulo
8 - José Alberto Vieira 18 - Antônio Carlos Lima Pompeo
18 - Mário Santoro Junior 18 - Sérgio Gemignani 28 - Josias Pereira dos Santos
E sta edição de “O Bandeirante” con- templa as poesias vencedoras do Prêmio Bernardo de Oliveira Martins 2017-2018. Um prêmio significativo devido à alta qualidade dos textos apresentados nas Pizzas Literárias da SOBRAMES SP.
De certo, outros poemas poderiam estar classificados e seriam igualmente agraciados por mérito.
Pensando bem, diferente dos eventos esportivos em que os competidores são adversários, a cada página escrita todos nós nos tornamos vencedores. Vencemos quando superamos bloqueios e expressamos nossos autênticos pensamentos. Vencemos quando um verso transmite uma profunda emoção outrora contida.
Vencemos quando, depois de muitos rabiscos, alcançamos a frase exata que a prosa solicita. Vencemos quando dedicamos nosso escasso tempo para simplesmente compartilhar.
Mesmo quem diz “não ligar para prêmio”, sente-se envaidecido ao receber uma honraria que pode até vir além das formas tradicionais de medalha, troféu ou certificados. Por vezes, um elogio sincero já preenche a necessidade humana de recompensa.
Aplausos efusivos? Sim, são sempre bem- vindos! Eu, particularmente, considero que, no fundo, a maior premiação para um escritor é perceber que seu texto desperta um brilho no olhar de quem o lê.
E o que hoje me alegra é que, ao se aproximar a Jornada SOBRAMES, os textos ins- critos prenunciam sessões literárias “bri- lhantes”.
Textos com temas e estilos diversos,
sensíveis e reflexivos... Vencedores... Com cer-
teza... Todos... Vencedores... Afinal, o próprio
dom de escrever já é um grande prêmio, não é
mesmo?
Rosas que falam 3
Márcia Etelli Coelho Medicina do Trabalho
A trás da colina, ao raiar da alvorada, erguia-se um vasto e formoso jardim.
Eu era criança em curiosa jornada e as rosas contavam segredos “pra” mim.
Que a vida é ciranda e este mundo, um moinho, girando entre o acaso e o implacável porquê.
Depressa eu cresci... Procurei outro ninho, tentando encontrar nem eu sei mais o quê.
Talvez o desejo de ver bem feliz, em outros locais, natureza sorrindo.
Talvez tentação... Como um mero aprendiz sem hora ou demora, eu sorri... E fui indo.
Aos poucos, porém, muitas cordas de aço mudaram meu passo, abalaram a calma.
O peito vazio... E em vez de um abraço, sorriso chorado invadiu minha alma.
Perdi mocidade, ilusão e as apostas, restando somente o revés de um avesso.
Eu olho “pro” céu e procuro respostas.
Talvez as encontre de volta ao começo.
Então eu regresso e vislumbro a colina,
a mesma que tanto encantou minha infância.
Um sonho, esquecido, tenaz, me fascina, disperso no tempo e na longa distância.
Voltando ao jardim, eu me sinto criança e as rosas me falam do amor que há na prece.
O Sol a nascer tinge o céu de esperança.
Milagre da vida que ainda acontece.
VENCEDORA Prêmio Bernardo de
Oliveira Martins
2017/2018
4
Docemente azedo
Luiz Jorge Ferreira Clínica geral
V ou fechar janelas.
Para que os ventos noturnos.
Não tragam lembranças de outras terras... nem seus sons.
Não quero o azedo do limão que se descascou em Dublin.
Nem a silhueta da cortina com o desenho do Kilimanjaro.
Quero o calor do Pacoval.
Trazendo suor e sal. Grudando as axilas.
Secando o cuspe da boca.
Enquanto em mim brotam dissonantes notas afônicas.
...E a mim dizem que morreu o silêncio!
Aquele mesmo silêncio que eu pensei
ter colocado entre o desenho pautado de um Fado, e a encabulada ritmicidade de um Tango.
Desenhos rotos que se parecem tanto com rostos, que não se parecem tanto entre si mesmos.
Vou cerrar as janelas
Vou esfregar as pálpebras de encontro as lágrimas, e amordaçá-las com soluços.
Quiçá barulho de vidro quebrando...
deveras estalos de fraturas de ossos... acontecendo...
Estes sons da noite me acordam...
quando demoro... silenciam...
atiçando a ansiosidade de ouvi-los novamente.
Quando me enamoro da vida...
Mastigo sombras que entram pelo vão, entre os sons e os silêncios.
Têm gosto de limão.
Exatamente... o mesmo gosto que guardo em mim.
Quando no quintal o galo atônito e rouco...
desperta de súbito.
Firme com a lua presa no bico.
E finge estar surpreso com a Aurora.
Finge estar surpreso, com o que lhe cerca.
Vira-se pelo avesso
O sol lhe colore as entranhas.
Suas lembranças saem aos borbotões, como borboletas negras.
Diria que em Outubro voltarão libélulas.
Pode ser que em Morse. Cantem a Aurora.
1ª Menção Honrosa Prêmio Bernardo de
Oliveira Martins
2017/2018
5
Veneza, a viagem
Josyanne Rita de Arruda Franco Pediatria
Tragam Canções Americanas do Norte.
As que falam das Águias.
As que incluem corações indígenas, pintados nas montanhas...
As que grafitando o metrô em Amsterdã... acordem o Sol.
Ou as que simplesmente perduram afônicas em Macapá...
Porque tudo que é longe, é tão próximo.
Tudo que foi Ontem, será agora!
Como meus olhos, e teu olhar longínquo
desenhado na areia da poça d’água estreita, e rasa...
em qualquer rua após uma chuva das duas em Belém do Pará.
Avesso e não avesso.
Apagado e aceso. Estridente e rouco. Destro e direito.
Docemente... Inutilmente...
Com as mãos no bolso onde guardo uma lua Minguante.
Assovio melodias apaixonadas por silêncios!
No avesso dos silêncios, não sou sons... sou ímpar.
D e que é feita a viagem Nos canais do pensamento, Memórias entre muralhas, Camafeus entre medalhas, Palácios de sentimentos?
Deslizam, na superfície, Apelos de algum momento Embalados na cantiga Da nostalgia bem-vinda De antigos sentimentos.
No fosso da eternidade, Sob a Ponte dos Suspiros, A gôndola corta a tarde
Na mansidão da paisagem, Sem adeus definitivo.
Veneza de doce saudade Nas ruelas do destino Inscrevi, um pouco tarde, Quase na maturidade As linhas de um desatino.
Até um dia! Quem sabe Na voz de um gondoleiro Antes da grande viagem Eu não tenha só miragens, Mas um cais... E um paradeiro.
2ª Menção Honrosa Prêmio Bernardo de
Oliveira Martins
2017/2018
6 A pintura e o reencontro
José Hugo de Lins Pessoa Pediatria
Borboletas no café
Evanir da Silva Carvalho Reumatologia
F oram três longos anos. Pelo telefone avisei que chegaria em uma hora. Ela disse:
quando chegar pode entrar, a porta da sala estará aberta, estou no escritório escrevendo um relatório. Ao entrar na sala, com uma garrafa de vinho nas mãos, imediatamente percebi o quadro pendurado na parede e parei para visualizar. De repente, ela aproximou-se, tão bela quanto antes, e disse: arte abstrata, é ver e sentir, não é? Respondi sim, a arte é para criar o resgate da emoção particular do observador, transcende as aparências exteriores da realidade, nos sugere ideias e sentimentos. Por definição, entende-se a arte abstrata como aquela que não representa objetos concretos da nossa realidade exterior. O formato tradicional, realismo, é deixado de lado na arte abstrata. Ver a pintura, não é para procurar uma simbologia escondida, resolver um “quebra-cabeça”. Existe liberdade tanto para o artista quanto para o observador. Temos liberdade para apreciar e
interpretar a obra sob nossa própria visão. As cores falam e ouvem. Tudo depende de como você ouve e sente cada cor. O jogo das cores e das linhas. As cores se engendram mutuamente, assimilação e diluição. Predomina o azul, que transmite calma, compreensão, lealdade, mas também tem um tom vermelho que mostra alguma excitação, provocação, sexo e perigo.
Um pouco de branco, muito pouco, paz. Essa é a mágica da pintura, não é para descobrir uma
“história” que o autor pintou. Cada dia que olharmos esse quadro podemos ter um sentimento diferente. É a vida que percebemos na arte que fala com nossa vida. Se você não encontrou, siga até uma obra que fale com você.
Nesse momento, vejo, e até ouço, uma história nesse quadro. Esses traços, essas linhas que mudam de cor e se cruzam, lembram-me de imediato os caminhos da minha vida. Caminhos que andei algumas vezes sorrindo, outras chorando, ganhando e perdendo. Aprecio histórias, e como já contei a mim mesmo a história da minha vida tantas vezes, vejo esse quadro e digo, como no poema de Menotti del Picchia, “eu conheço essa voz / essa voz eu conheço”. Nos abraçamos, sob os olhos da pintura.
B orboletas no café Fazem-me voar,
A última lágrima destes anos,
De muitos planos, desenganos e solidão.
Aperte a minha mão, e cante aquela música Não importa o tom; para mim já tá bom.
Nem se importe com o chão Espalhe as cinzas pela casa Incinere e nos dê asas
Para curtirmos a imaginação E o êxtase de sermos amigos
Nesta vida...Doce e amarga canção.
7
Autor: Camilo André Mércio Xavier Titulo: “Lembrança”
Gênero: Poesia
Obra: “Antologia Paulista”
Editora: Rumo Editorial - SP Ano da publicação: 2007
O ambiente etéreo / lá onde residem os sentimentos as percepções estacionadas / fruto de diálogos curtos propositadamente secos / sem recheios
mas cheios de emoções / configuram às vezes situações limites...
Livros em destaque
Guardados para sempre
Convidamos você a ler este texto na íntegra, além de outros de diversos autores publicados nesta obra e que lá permanecerão Guardados para Sempre.
(Disponível na Biblioteca da SOBRAMES-SP)
“ ”
MÁRCIA ETELLI COELHO
“No instante em que li estrelas”
Rumo Editorial- São Paulo - SP
Muitas são as fontes de inspiração para os escritores: vivências pessoais, uma notícia no jornal, uma conversa entre amigos, uma cena observada ao se caminhar pela rua... A autora se inspirou nas obras de alguns de seus escritores favoritos para escrever os 73 poemas contidos neste livro. Cada página homenageia um poeta da língua portuguesa e foi inspirada nos temas preferidos desse escritor e nos títulos editados por ele. Para
aquisições visite a loja virtual da editora
www.rumoeditorial.boxloja.comou faça contato direto com Dra. Márcia:
marciaetelli21@gmail.com CAMILO ANDRÉ MÉRCIO XAVIER (e outros-organizadores)“Incubadora Cultural”
Funpec Editora - Ribeirão Preto - SP
Este é o quarto livro da Incubadora Cultural, projeto de incentivo à leitura e escrita para alunos de escolas públicas de Ribeirão Preto, organizado por Camilo André Mércio Xavier, Heloísa Martins Alves e Filomena Elaine P.
Assolini, Nele constam os textos de jovens alunos, selecionados em concurso
que teve como tema “Eleições”. O projeto tem apoio da Faculdade de Medi-
cina de Riberão Preto - USP e do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Alfa-
betização, Leitura e Letramento, GEPALLE-USP. Para maiores informações
e aquisição do livro, faça contado com Dr. Camilo:
camxavier@terra.com.br8 Olhar paulista
PREMIADOS EM MAIO
Prêmio Bernardo de Oliveira Martins
N a Pizza Literária de 16 de maio o prêmio para a melhor poesia de 2017-2018 foi entregue a Márcia Etelli Coelho pela poema “Rosas que Falam”. Luiz Jorge Ferreira e Josyanne Rita de Arruda Franco fizeram jus a Menção Honrosa com os poemas “Docemente Azedo” e “Veneza, a Viagem”, respectivamente e que estão publicados nesta edição. Agradecemos aos avaliadores: Maria da Conceição Silva Andrade - Maria Flor (BA), Anniene Nascimento (AL) e Francisco José Soares Torres (CE).
Prêmio Aldo Miletto e Superpizza
N a mesma ocasião também mereceram destaque Helio Begliomini pela conquista do prêmio de Melhor Desempenho 2018 e Sérgio Gemignani pelo texto
“Genesis” que venceu a Super Pizza inspirada no quadro de Leila Lagonegro e cujos textos foram avaliados por Antônio Soares da Fonseca Junior. Parabéns!
Fotos: Chico Luz: