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DOI:10.21715/GB2358-2812.2018321001

Geoquímica e condições

paleoambientais de deposição das rochas carbonáticas da Formação Sete Lagoas na região da Área de Proteção Ambiental Carste de Lagoa Santa, MG

Luisa Costa Martins Vieira1* Tânia Mara Dussin2

Leila Nunes Menegasse Velásquez2

1Programa de Pós-Graduação em Geologia Instituto de Geociências

Universidade Federal de Minas Gerais Avenida Presidente Antônio Carlos, 6627 Pampulha

Belo Horizonte, MG, Brasil.

CEP 31270-901

2Instituto de Geociências

Universidade Federal de Minas Gerais Avenida Presidente Antônio Carlos, 6627 Pampulha

Belo Horizonte, MG, Brasil.

CEP 31270-901 luisacmvieira@gmail.com tdussin@gmail.com menegase@yahoo.com.br

* Autora Correspondente

RESUMO

Elementos maiores e traços de rochas carbonáticas neoproterozóicas da Formação Sete Lagoas aflorantes na região englobando a Área de Proteção ambiental do Carste Lagoa Santa, a norte de Belo Horizonte, foram analisados para obter informações sobre as condições paleoambientais de deposição. A base Formação Sete Lagoas é representada pelo Membro Pedro Leopoldo de composição pelito-carbonática, caracterizado por teores variados de Ca (14,6- 39,4%) e Si (0,23-20,12%) e baixo conteúdo de Mg (0,05-1,98%) e Al (0,08- 3,9%). Os teores de Th, U e Zr são elevados e os padrões de ETR+Y são caracterizados por leve enriquecimento de ETR pesados, anomalias positivas de La e negativas de Ce. O Membro Pedro Leopoldo é sobreposto pelas rochas carbonáticas mais puras e escuras do Lagoa Santa. Estes mármores mostram altas concentrações de Ca (38,6 a 40,5%) e mais baixos teores de Si (0,02-1%), de Mg (0,08-0,23%) e de Al (0,01-0,27%). São caracterizados por concentrações mais baixas de Th, U e Zr relativamente à sequência inferior, anomalias negativas de La e positivas de Ce e Y, e por ampla variação do fracionamento de ETR leves e pesados. As características petrográficas e geoquímicas sugerem que a sedimentação começou em ambiente marinho, sob águas profundas, anóxicas e com marcada contribuição terrígena. As características químicas do Membro Lagoa Santa indicam que neste período o ambiente de deposição mudou, evoluindo para mais proximal e óxico.

Palavras-Chave: Formação Sete Lagoas, Geoquímica, Calcários, Ambiente deposicional.

ABSTRACT

Major and trace elements in Neoproterozoic carbonate rocks of Sete Lagoas Formation outcrop in region including Environmental Protection Area of Lagoa Santa Karst, north of Belo Horizonte, were analyzed for obtain depositional and paleo-environmental conditions information. Pedro Leopoldo is the basal member of Sete Lagoas Formation, with pelitic-carbonate composition, characterized by variable contents of Ca (14,6-39,4%) and Si (0,23-20,12%) and low content of Mg (0,05-1,98%) e Al (0,08-3,9%). Th, U and Zr contents are high and their PAAS-normalized (Post Archean Australian Shale) REE+Y patterns exhibit light enrichment of heavy REE, positive La and negative Ce anomalies. Pedro Leopoldo member is overlaid for purer and darker Lagoa Santa carbonate rocks. These marbles show high concentration of Ca (38,6 a 40,5%) and lower contents of Si (0,02-1%), of Mg (0,08-0,23%) and of Al (0,01-0,27%). They are characterized by lower concentrations of Th, U and Zr relatively by inferior sequence; negative La and positive Ce and Y anomalies, and REE+Y patterns showing wide variation of heavy and light REE fractionation. The petrographic and geochemical characteristics suggest the sedimentation began in marine environment, under deep, anoxic waters and

(2)

1. INTRODUÇÃO

Este estudo foi realizado no domínio das rochas carbonáticas da Formação Sete Lagoas que afloram na região da Área de Proteção Ambiental (APA) Carste Lagoa Santa, localizada na parte norte da Região Metropolitana de Belo Horizonte,

em Minas Gerais (Figura 1). A área abrange toda a APA, se extrapolando para norte e oeste, num total de 520 km

2

, sendo caracterizada por diversificada geomorfologia e feições típicas do ambiente cárstico.

Figura 1 Mapa de localização e municípios da área de estudo, a 30 km ao norte de Belo Horizonte, e abrangendo a APA Carste de Lagoa Santa.

with a marked terrigenous contribution. The chemical characteristics of Lagoa Santa member indicate in this period the deposition environment changed, evolving to more proximal and oxic.

Keywords: Sete Lagoas Formation, Geochemistry, Limestones, Depositional environment.

(3)

Na região de Lagoa Santa, as rochas carbonáticas da base do Grupo Bambuí, mostram significativo metamorfismo e deformação, com obliteração das estruturas primárias das rochas, aspectos que em muito as difere das rochas estudadas por Vieira et al. (2007) na região de Sete Lagoas, 60 km a noroeste, além dos limites desse estudo. Desta forma, a determinação de aspectos dos ambientes de deposição dos carbonatos de Lagoa Santa torna-se complexa e o problema demanda uma solução através de uma abordagem não convencional. A geoquímica tem se mostrado uma ferramenta de grande auxílio tanto para a classificação das rochas carbonáticas recristalizadas quanto para a análise do ambiente em que foram depositadas, contando com trabalhos em diversas regiões do mundo (Madhavaraju &

González-Léon 2012, Miche et al. 2013, Chen et al. 2014, Franchi et al. 2016). No Brasil estudos anteriores já foram realizados na bacia do Bambuí (Vieira et al. 2007, Caxito et al. 2012, Uhlein et al.

2012, Mora 2015), mesmo em áreas próximas à região de estudo, porém em sua maioria o foco é na geoquímica isotópica e em outras formações pertencentes ao Grupo.

A análise isotópica dos trabalhos anteriores enfatizam as sequencias carbonáticas depositadas a partir de transgressão marinha após períodos de glaciação, também chamadas de cap carbonates ou carbonatos de capa. Na borda sudeste do Cráton São Francisco, os cap carbonates identificados estão inseridos na Formação Sete Lagoas. Estudos combinados das características sedimentares e isotópicas dos cap carbonates da Formação Sete Lagoas, reportam uma forte relação entre fácies sedimentares e δ

13

C (Vieira et al. 2007, Caxito et al.

2012). Segundo Vieira et al. (2007) a sequência carbonática da Formação Sete Lagoas é subdividida em sete associações de fácies que formam dois megaciclos. O primeiro é iniciado em depósito de plataforma profunda supersaturada em CaCO

3

em que se depositam cristais de aragonita da base da formação, e termina em depósitos com influência de tempestade. Já o segundo megaciclo é caracterizado como depósitos de plataforma rasa

a profunda, ricos em matéria orgânica, com valores de δ

13

C positivos. Em função dos dados obtidos em seu trabalho, Vieira et al. (2007) correlacionaram a sequência a outros depósitos descritos no mundo e atribuíram à Fm Sete Lagoas idade Sturtiana (~800-635 Ma). Entretanto, Caxito et al. (2012) sugerem que as fácies de leques de aragonita e as finas capas de dolomita na base da sequência carbonática correlacionam com depósitos Ediacaranos (~635-541 Ma) de ocorrência mundial, sem nenhuma descrição em sequências Sturtianas. A idade Ediacarana da Formação Sete Lagoas pode ser corroborada a partir da recente descoberta do fóssil guia Cloudina sp. em Januária (Warren et al. 2014), em porções medianas da formação. Como aspecto peculiar deste depósito, Vieira et al. (2007) ressalta que a sucessão transgressiva com superfície de inundação máxima coincide com a transição de isótopos de C de valores negativos para positivos.

No mapeamento geológico em escala 1:50.000 já realizado por Ribeiro et al. (2003) no âmbito do Projeto Vida há a descrição da geologia local, entretanto não há um detalhamento geoquímico que se faz necessário para caracterização das rochas e ambiente deposicional devido à característica deformacional da área. Dessa forma, este trabalho tem como objetivo contribuir para a elucidação do aspecto deposicional e correlacionar os resultados encontrados com as interpretações feitas sobre a sequência na região e áreas adjacentes, a partir da apresentação de dados petrográficos e litoquímicos obtidos sobre estas rochas.

Para tanto, o trabalho se baseou em mapeamento geológico com descrição litológica e estrutural macro e micropetrográfica das rochas carbonáticas da Formação Sete Lagoas.

Considerando as posições geográficas e, quando possível, estratigráficas, além das decrições de lâminas petrográficas, foi realizada a amostragem de rochas para análise química de elementos maiores, traços e terra raras (ETR). Os resultados obtidos foram tratados estatísticamente e apresentados neste estudo.

1.1. CONTEXTO GEOLÓGICO

A área de estudo se insere na porção sudeste do Cráton do São Francisco que é recoberto na região por rochas metassedimentares neoproterozóicas detrítico-glaciais (Grupo Macaúbas e Formação Jequitaí, sequência basal) e pelítico-carbonáticos (Grupo Bambuí, sequência de topo) do Supergrupo São Francisco (Almeida 1977, Dardenne 1978, Campos & Dardenne 1997,

Alkmim & Martins-Neto 2001, Alkmim 2004).

Estas sequências estão diretamente sobrepostas ao complexo gnáissico-migmatítico que constitui o embasamento regional.

O Grupo Bambuí é interpretado como uma

sequência de sedimentos plataformais depositados

em ambiente marinho raso, durante uma sucessão

de ciclos transgressivos e regressivos (Ribeiro et al.

(4)

2003, Iglesias & Uhlein 2009, Uhlein 2014).

Afloram na região apenas as formações Sete Lagoas e Serra de Santa Helena pertencentes ao Grupo Bambuí. A Formação Sete Lagoas, que é o foco deste trabalho, foi subdividida em dois Membros: um inferior denominado Membro Pedro Leopoldo e um superior, Membro Lagoa Santa, conforme proposição original de Schöll (1972, 1973) mais tarde modificada por Dardenne (1978) e utilizada em mapeamento regional mais recente (Tuller et al. 2010).

Na área o Membro Pedro Leopoldo encontra-se em sobreposição ao Complexo Gnáissico-Migmatítico por falha de descolamento, sendo o contato entre eles brusco e discordante. O

Membro Lagoa Santa é sobreposto ao Pedro Leopoldo e sotoposto à Formação Serra de Santa Helena também por falhas de descolamento (Ribeiro et al. 2003). Os dois Membros apresentam recristalização intensa dos cristais de carbonato, sendo possível a observações de poucas estruturas diagenéticas. São identificados estilólitos e dissolução sob pressão, bandamento, laminação, acamamento gradacional normal e estratificação cruzada tabular (Tuller et al. 2010). Ainda de acordo com os autores, o grau de deformação é maior na porção leste do limite da área, na qual as rochas encontram-se bastante afetadas pelo tectonismo e em grande parte milonitizadas, além de muitas estruturas primárias estarem obliteradas.

1.2 GEOLOGIA LOCAL

As rochas metassedimentares neoproterozóicas pertencentes ao Grupo Bambuí são predominantes na área estudada. A sequência pelito-carbonática está diretamente sobreposta ao embasamento gnáissico- migmatítico, que possui uma ocorrência restrita. Coberturas cenozóicas são amplamente distribuídas e formadas por sedimentos detrito-lateríticos e aluvionares (Figura 2).

O complexo gnáissico-migmatítico designado Complexo Belo Horizonte (Tuller et al. 2010), restringe-se a uma faixa de direção NW-SE e delimita a área a sudoeste. As rochas são principalmente gnaisses acinzentados de composição granodiorítica, granulação média a grossa, exibindo orientação bem marcada de biotita e anfibólio. As principais alterações minerais são sericitização e saussuritização de feldspatos, uralitização do piroxênio e cloritização do anfibólio e biotita. Apresentam metamorfismo da fácies anfibolito, enquanto a paragênese formada pelo retrometamorfismo é típica de fácies xisto verde. O tipo litológico mais comum é um gnaisse com bandamento não orientado e porções migmatíticas. Estas estruturas estão relacionadas ao regime de deformação dúctil que acompanhou o metamorfismo da fácies anfibolito que caracterizou a orogênese Transamazônica do Paleoproterozóico, regionalmente.

O Grupo Bambuí é formado pelas Formações Sete Lagoas e Serra de Santa Helena, sendo a primeira mais antiga, composta por rochas carbonáticas e

diretamente sobreposta às rochas do complexo gnáissico. Este contato, não observado em campo, constitui uma discordância erosiva e angular (Ribeiro et al. 2003). A Formação Serra de Santa Helena, essencialmente constituída por metapelitos carbonáticos, sobrepõe-se à Formação Sete Lagoas em contato tectônico.

A Formação Sete Lagoas ocupa principalmente as porções central, noroeste e sudoeste. A unidade inferior é o Membro Pedro Leopoldo composto por metacalcários com intercalações pelíticas, e o superior é o Membro Lagoa Santa, constituído por metacalcários puros. O contato entre os membros é por vezes tectônico, e outras vezes gradacional.

O Membro Pedro Leopoldo aflora

próximo ao limite oeste da área, desde a altura

de Matozinhos a São José da Lapa, e continua

na borda sul, acompanhando o Ribeirão da

Mata até Vespasiano. Aflora ainda a leste,

próximo ao curso do Rio das Velhas, em uma

faixa N-S que se estende de Fidalgo à Lagoa

Santa, e em uma pequena porção no extremo

norte da área, próximo a São Bento. É

constituído predominantemente pelos

metacalcários de granulação muito fina a

microcristalina, impuros, essencialmente

compostos por calcita, sericita e quartzo, e

eventuais ocorrências de sulfetos

disseminados. As rochas da base são

homogêneas, possuem coloração cinza claro e

aspecto sacaroide (Figura 3A).

(5)

Figura 2 Mapa geológico da área de estudo com a localização das amostras analisadas. Base geológica 1:100.000 de CPRM – Serviço Geológico do Brasil das folhas Belo Horizonte, Contagem, Sete Lagoas e Baldim. Disponível em geobank do site da empresa:

http://www.cprm.gov.br/

O Membro Lagoa Santa ocupa toda a parte central, norte e uma faixa estreita ao sul.

Seus afloramentos geralmente são grandes paredões de calcário com camadas sub- horizontais, bastante carstificados e fraturados (Figura 3B). É formado por metacalcários puros, cinza escuro, cristalinos médios a finos (Figuras 3C e 3D), em geral com granulação mais grossa que os do Pedro Leopoldo, e sulfetos estão disseminados pelas rochas.

Sobreposta principalmente ao Membro Lagoa Santa, algumas vezes sobre o Membro Pedro Leopoldo, a Formação Serra de Santa Helena ocorre principalmente nas regiões NE

(entre Fidalgo e São Bento) e SE (entre

Lapinha e Lagoa Santa, se estendendo até o

Aeroporto Internacional Tancredo Neves), em

contato tectônico entre essas unidades. É

representada por metassiltitos, com alto grau

de intemperismo, por isso predominantemente

friáveis, com textura argilosa, coloração muito

variada, em geral do amarelo ao vermelho e do

creme ao cinza claro. Quando fresca a rocha

tem coloração esverdeada. Os metassiltitos são

compostos essencialmente por sericita e

quartzo, secundariamente por argila e óxidos

de ferro.

(6)

Com o metamorfismo de fácies xisto verde, os calcários do Membro Pedro Leopoldo mostram recristalização metamórfica com a formação de uma foliação principal. As rochas do topo, mais impuras, apresentam intercalação pelítica frequente, cujas lâminas formam planos de fraqueza contendo uma evidente lineação de estiramento e textura sedosa pela presença da

sericita. As intercalações pelíticas conferem ainda ao Membro Pedro Leopoldo uma gama de estruturas deformacionais que são mais dificilmente encontradas nos calcários do Membro Lagoa Santa. São amplamente observadas foliações, clivagens de crenulação, mica fish, sombras de pressão, lineação mineral, estruturas S-C, dobras suaves a cerradas e de arraste (Figuras 3E e 3F).

Figura 3 A) Afloramento de calcário da base do Membro Pedro Leopoldo, com aspecto sacaroide, no município de Vespasiano/MG; B) Afloramento carstificado de calcário do Membro Lagoa Santa em Lapinha/MG; C) Calcarenito puro do Membro Lagoa Santa; D) Fotomicrografia de calcário calcítico do Lagoa Santa com nicóis paralelos e aumento de 40x; E) Calcário impuro do Membro Pedro Leopoldo crenulado; F) Fotomicrografia de calcário impuro com estruturas S-C do Membro Pedro Leopoldo com nicóis cruzados e aumento de 40 x.

As rochas do Membro superior, Lagoa Santa, exibem uma foliação bem marcada pela orientação de cristais de calcita, subparalela ao acamamento, lineação de estiramento nas superfícies dos estratos, veios de calcita de espessuras milimétricas a centimétricas, milonitização e dobras isoclinais intrafoliais, recumbentes com vergência para oeste. Assim

como no Membro Pedro Leopoldo, apresenta metamorfismo de fácies xisto verde.

O mesmo grau de metamorfismo é identificado nas rochas da Formação Serra de Santa Helena, que apresenta ainda laminação, caracterizada pela intercalação de lâminas espessas sericíticas e lâminas delgadas quartzosas, crenulação e frequentes dobras fechadas a abertas.

.

(7)

2. MÉTODO DE AMOSTRAGEM GEOQUÍMICAS E TÉCNICAS ANALÍTICAS

Foram analisadas amostras de rochas representativas da posição estratigráfica em afloramentos de maior grau de preservação. O estudo petrográfico ao microscópio representou nova etapa de triagem das amostras tendo sido consideradas principalmente a ausência de alteração visível ou vênulas de calcita secundária. Ao final deste processo, foram selecionadas para a realização de análises químicas 20 amostras de rochas carbonáticas do Membro Pedro Leopoldo e 19 amostras do Membro Lagoa Santa (Figura 2).

As amostras selecionadas para análise química foram britadas a 3 mm, homogeneizadas, submetidas a quarteamento e pulverizadas em moinho de aço a 150 mesh.

Para a determinação de óxidos maiores a amostra foi submetida à secagem a 105°C,

homogeneizada com o tetraborato de lítio e então levada à fusão. As pastilhas formadas nessa etapa foram encaminhadas para leitura no espectrômetro de raio-x utilizando curva de calibração preparada com matriz semelhante à amostra.

A determinação de elementos traços e terras raras foi feita por ICP (Induced Couple Plasma). As amostras foram preparadas por digestão multiácida e, então, transferidas para tubos de vidro com água deionizada no caso da determinação por ICP-OES (Induced Couple Plasma – Optic Emission Spectrometry) e com água ultrapura para determinação por ICP-MS (Induced Couple Plasma Mass Spectrometry). Os resultados estão apresentados na Tabela 1.

3. RESULTADOS

3.1 ELEMENTOS MAIORES

As rochas do Membro Pedro Leopoldo apresentam teores mais elevados de Si, Al, Fe, Mg, Ti, Na, K e Mn que aquelas do Membro Lagoa Santa. Apenas os teores de Ca e P são maiores no segundo Membro, variando de 38,6 a 40,5% e 0,03 a 0,09%, respectivamente, enquanto no Pedro Leopoldo varia de 14,6 a 39,4% e 0,01 a 0,06%, nesta ordem.

Os conteúdos de Mg, Al e Si entre os dois Membros são bem contrastantes, sendo os do Pedro Leopoldo de 0,05 a 1,98%, 0,08 a 3,9% e 0,23 a 20,12%, respectivamente, e do Lagoa Santa de 0,08 a 0,23%, 0,01 a 0,27% e 0,02 a 1%, na devida ordem.

As amostras do Membro Lagoa Santa exibem valores muito baixos para as concentrações de Fe, K, Na, Mn e Ti (0,02 a 0,19%, 0,01 a 0,12%, 0,01 a 0,03%, 0,01 a 0,05% e 0,003 a 0,01%, respectivamente), enquanto os calcários do Membro Pedro Leopoldo indicam valores mais altos (0,05 a 2,89%, 0,03 a 1,68%, 0,02 a 0,65%, 0,01 a 0,1% e 0,003 a 0,23%, nesta ordem).

As concentrações de Ca e Mg foram utilizadas no cálculo do conteúdo de calcita, dolomita e resíduos sólidos (siliciclásticos) para classificação dos calcários da Formação Sete Lagoas segundo critérios e metodologia de Miche et al (2013). Esta categorização abrange rochas calcárias recristalizadas, nas quais a identificação de estruturas primárias e constituintes aloquímicos não é possível, como se verifica na área de estudo. A obliteração de estruturas ocorre principalmente em rochas carbonáticas mais antigas, de idade Neoproterozóica.

De acordo com essa classificação, as amostras do Membro Lagoa Santa são todas denominadas de calcários mais ou menos magnesianos, e as do Membro Pedro Leopoldo subdividem-se em 4 grupos (Figura 4): a) Calcários mais ou menos magnesianos; b) Calcários silicosos mais ou menos magnesianos; c) Calcários dolomíticos silicosos (predominantes); e d) Cherts calcários-dolomíticos.

3.2 ELEMENTOS TRAÇOS

Os elementos traços, incluindo terras raras, são característicos de sedimentos

terrígenos e apresentam maiores teores em

rochas siliciclásticas quando comparada com

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rochas de sedimentação marinha (Madhavaraju & González-Léon 2012, Piper

& Bau 2013, Chen et al. 2014). Como previsto para sedimentos marinhos, as rochas do Membro Lagoa Santa mostram baixas concentrações de elementos traços e ETR, enquanto a contribuição terrígena na sedimentação dos calcários do Pedro Leopoldo está refletida nas altas concentrações destes elementos (Vieira et al. 2016).

Os teores de Th, U e Zr para as amostras analisadas variam de 0,4 a 6,7 ppm, 0,1 a 1,87 ppm e 2,2 a 79,4 ppm,

respectivamente, no Membro Pedro Leopoldo, e de 0,1 a 0,5 ppm, 0,05 a 1,11 ppm e 0,5 a 5,9 ppm no Membro Lagoa Santa. Já o S apresenta maior concentração nas rochas do Lagoa Santa (0,01 a 0,06 ppm) que aquelas do Membro Pedro Leopoldo, em que 13 amostras indicaram teor de S abaixo do limite de quantificação (<0,01). Em contrapartida foram observados valores relativamente altos de S em amostras da base do Pedro Leopoldo (Lu 16A – 0,05 ppm, Lu 054 – 0,14 ppm e Lu 055 – 0,07 ppm).

Figura 4 Diagrama ternário da composição de calcita, dolomita e siliciclásticos dos calcários da Formação Sete Lagoas na área do projeto obtido através do software DIAGRAMMES, disponível em Miche et al. (2013).

(9)

Lu 016 A Lu 016 B Lu 020 Lu 036 A Lu 044 Lu 054 Lu 055 Lu 058 Lu 060 Lu 063 SiO2% 0,50 17,50 26,50 36,20 14,80 7,30 6,60 16,20 16,80 24,70

Al2O3 0,19 5,22 4,45 8,11 3,18 1,31 1,14 2,70 3,14 4,95

Fe2O3 0,09 2,51 1,97 3,90 1,48 0,57 0,27 1,09 1,24 2,33

CaO 55,20 37,80 35,40 24,40 42,90 49,70 49,70 41,00 42,30 32,00

MgO <0,1 3,04 1,40 3,20 1,83 0,67 1,76 3,33 1,79 3,39

TiO2 <0,01 0,29 0,22 0,42 0,16 0,06 0,06 0,12 0,16 0,26

P2O5 0,05 0,14 0,06 0,10 0,08 0,08 0,02 0,07 0,06 0,08

Na2O 0,29 0,05 0,05 0,37 0,05 0,05 0,16 0,21 0,34 0,43

K2O 0,02 1,54 1,17 2,04 0,64 0,44 0,24 0,75 0,78 1,20

MnO 0,01 0,03 0,09 0,07 0,08 0,04 0,02 0,03 0,02 0,04

LOI 43,48 31,72 29,01 21,61 34,97 39,46 40,07 34,77 34,15 28,86

TOTAL 99,83 99,84 100,32 100,42 100,17 99,68 100,04 100,27 100,78 98,24 Ba ppm 670,00 830,00 244,00 380,00 114,00 87,00 81,00 61,00 69,00 142,00

Be <0,1 1,10 1,00 1,70 0,70 0,40 0,30 0,90 0,80 1,60

Cd <0,02 0,03 0,02 0,03 0,03 0,02 0,03 0,09 0,03 0,04

Co 0,80 5,40 5,80 10,60 5,00 2,60 1,90 2,90 3,20 6,20

Cr 4,00 11,00 7,00 17,00 8,00 2,00 6,00 9,00 12,00 21,00

Cu <0,5 5,30 9,60 32,70 6,10 1,10 4,10 7,50 7,20 13,80

Ga 0,20 6,30 5,20 9,60 3,70 1,60 1,30 3,40 3,90 6,60

Hf 0,11 1,72 1,34 2,42 0,93 0,37 0,53 0,76 0,99 1,60

Li <1 56,00 31,00 58,00 23,00 11,00 12,00 13,00 17,00 22,00

Mo 5,37 0,18 0,12 0,25 0,11 0,13 0,19 0,16 0,13 0,16

Nb 0,30 4,80 4,00 10,50 2,70 1,10 1,40 1,60 2,70 4,80

Ni 0,25 11,00 8,90 19,10 7,70 2,50 <0,5 3,00 4,30 9,50

P 226,00 562,00 166,00 290,00 259,00 259,00 51,00 344,00 275,00 365,00

Pb 1,20 2,20 4,40 3,40 4,80 1,70 9,00 10,40 10,30 14,20

Rb 1,20 78,90 53,50 83,90 30,90 23,60 12,20 33,10 31,40 47,50

S 0,05 0,02 0,05 0,01 0,01 0,14 0,07 <0,01 <0,01 0,01

Sb <0,05 0,29 0,66 0,38 0,10 0,16 0,19 0,25 0,15 0,16

Sc <0,5 7,70 6,20 11,60 4,70 2,00 1,20 3,10 3,80 5,90

Sr 2788,00 266,50 230,40 217,80 275,70 414,50 415,30 382,80 364,40 219,40

Ta 0,05 0,28 0,26 1,16 0,19 0,07 0,34 0,16 0,46 0,75

Th 0,40 5,00 3,90 6,70 2,80 0,70 1,50 2,00 2,90 4,40

Tl <0,01 0,46 0,22 0,41 0,15 0,19 0,09 0,28 0,16 0,22

U 1,87 0,81 0,67 1,21 0,54 0,21 0,10 0,40 0,40 0,70

V 3,00 29,00 24,00 46,00 20,00 7,00 8,00 16,00 19,00 32,00

W <0,1 0,70 0,80 1,20 0,70 0,30 0,30 0,30 0,30 0,60

Zn 2,00 36,00 32,00 62,00 27,00 10,00 13,00 21,00 19,00 24,00

Zr 2,20 54,50 41,60 79,40 30,30 11,20 11,70 26,20 31,20 53,00

F 61,00 474,00 309,00 531,00 277,00 263,00 270,00 385,00 323,00 434,00

La 8,70 12,10 15,70 23,00 18,20 2,10 3,40 9,20 10,20 14,90

Ce 4,40 16,20 24,00 41,00 16,60 6,10 5,60 16,20 16,70 24,50

Pr 0,69 1,93 2,68 4,55 1,79 0,77 0,63 1,84 1,91 2,87

Nd 3,00 7,80 10,00 17,80 6,90 3,00 2,40 7,20 7,50 10,80

Sm 0,60 1,40 1,90 3,20 1,30 0,60 0,50 1,40 1,40 2,00

Eu 0,15 0,25 0,37 0,31 0,22 0,12 0,09 0,25 0,32 0,36

Gd 0,86 1,43 1,84 2,87 1,32 0,52 0,42 1,28 1,21 1,82

Tb 0,11 0,20 0,27 0,41 0,20 0,10 0,06 0,19 0,19 0,27

Dy 0,84 1,32 1,54 2,54 1,17 0,51 0,39 1,08 1,11 1,61

Y 6,56 6,82 8,37 13,31 6,23 3,11 2,13 6,49 6,53 9,23

Ho 0,17 0,27 0,30 0,53 0,23 0,11 0,08 0,21 0,21 0,33

Er 0,48 0,87 0,90 1,59 0,65 0,28 0,24 0,64 0,61 0,96

Tm 0,06 0,14 0,13 0,24 0,10 <0,05 <0,05 0,10 0,09 0,15

Yb 0,30 0,90 0,80 1,60 0,60 0,30 0,20 0,60 0,60 0,90

Lu <0,05 0,13 0,12 0,22 0,09 <0,05 <0,05 0,08 0,08 0,13

Membro Pedro Leopoldo

Tabela 1: Resultados litoquímicos das rochas da Formação Sete Lagoas aflorantes na área de estudo

Resultados analíticos dos óxidos por fluorescência de raios-X, menores e traços por ICP-MS (Laboratórios da SGS-Geosol)

(10)

Lu 065 Lu 066 Lu 067 Lu 068 Lu 069 Lu 070 Lu 071 Lu 072 Lu 073 Lu 074 SiO2% 24,20 31,00 28,00 42,80 31,80 26,90 20,90 28,20 23,30 21,00

Al2O3 3,51 5,34 5,90 7,71 4,77 2,74 2,29 4,63 3,70 3,12

Fe2O3 1,60 2,42 2,29 3,14 2,20 1,31 1,08 2,21 1,84 1,53

CaO 34,40 30,20 31,50 20,60 29,00 36,80 38,40 32,20 36,70 37,50

MgO 3,23 2,69 2,76 3,12 3,43 0,83 1,95 2,17 2,49 3,46

TiO2 0,15 0,26 0,26 0,37 0,24 0,13 0,11 0,24 0,20 0,15

P2O5 0,06 0,07 0,07 0,08 0,07 0,04 0,04 0,06 0,08 0,06

Na2O 0,28 0,39 0,41 0,61 0,64 0,49 0,31 0,79 0,38 0,58

K2O 1,05 1,36 1,33 1,84 1,22 0,59 0,50 0,51 0,94 0,54

MnO 0,14 0,10 0,10 0,11 0,12 0,07 0,08 0,07 0,09 0,11

LOI 30,73 26,20 26,78 18,59 26,48 29,78 32,82 27,16 31,03 32,52

TOTAL 99,35 100,03 99,40 98,97 99,97 99,68 98,48 98,24 100,75 100,57 Ba ppm 176,00 191,00 206,00 251,00 150,00 63,00 89,00 66,00 157,00 117,00

Be 1,20 1,80 1,60 2,00 1,50 0,70 0,60 0,80 0,80 0,60

Cd 0,10 0,08 0,04 0,07 0,06 0,06 0,39 0,05 0,07 0,09

Co 4,80 6,40 6,70 8,70 5,90 3,30 3,20 5,70 4,10 4,20

Cr 14,00 22,00 20,00 32,00 19,00 12,00 2,00 8,00 7,00 4,00

Cu 13,20 9,30 13,30 33,70 9,20 6,30 3,30 14,70 11,50 14,30

Ga 4,20 6,80 7,30 10,10 5,70 3,20 2,80 5,30 4,00 3,40

Hf 0,95 1,65 1,73 2,28 1,37 0,72 0,60 1,31 1,03 0,81

Li 19,00 30,00 32,00 35,00 23,00 10,00 11,00 26,00 17,00 16,00

Mo 0,34 0,17 0,16 0,28 0,15 0,11 0,13 0,22 0,17 0,11

Nb 2,50 4,40 4,30 5,30 2,80 2,10 1,90 3,20 2,60 2,40

Ni 3,80 8,70 7,90 14,30 7,50 4,90 3,30 9,50 7,60 4,40

P 273,00 303,00 373,00 386,00 284,00 127,00 120,00 255,00 306,00 237,00

Pb 12,70 242,40 6,80 95,20 7,60 36,20 8,90 37,20 5,40 24,10

Rb 39,80 55,40 52,10 77,30 46,90 22,00 17,90 16,30 28,70 16,90

S <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01

Sb 0,50 0,57 0,40 0,88 0,39 0,37 0,15 0,16 0,13 0,32

Sc 4,00 6,00 6,00 8,50 5,40 3,30 3,10 6,30 4,50 3,90

Sr 296,80 198,60 169,80 118,90 173,00 195,30 191,70 159,20 260,10 191,00

Ta 0,25 0,71 0,64 0,58 0,31 0,27 0,06 0,12 0,09 0,08

Th 2,70 4,50 5,10 6,30 3,70 2,00 1,80 4,00 3,00 2,60

Tl 0,23 0,24 0,21 0,32 0,20 0,10 0,09 0,08 0,17 0,09

U 0,60 0,70 0,60 1,20 0,60 0,30 0,40 0,90 0,50 0,60

V 26,00 34,00 29,00 49,00 30,00 17,00 12,00 28,00 23,00 18,00

W 0,40 0,80 0,70 1,10 0,60 0,40 0,40 0,50 0,40 0,60

Zn 21,00 44,00 34,00 45,00 25,00 10,00 17,00 27,00 22,00 23,00

Zr 33,10 52,70 53,10 72,50 44,80 27,00 19,80 44,40 35,10 28,40

F 486,00 415,00 476,00 578,00 400,00 241,00 247,00 377,00 383,00 286,00

La 12,70 14,10 14,30 21,40 15,90 11,90 10,70 15,90 10,70 9,50

Ce 22,60 24,60 25,30 38,20 29,40 17,30 14,90 23,40 17,70 14,90

Pr 2,52 2,79 2,86 4,29 3,26 2,01 1,67 2,65 2,01 1,66

Nd 9,60 11,00 11,00 16,60 12,60 7,70 6,40 10,10 7,90 6,30

Sm 1,90 2,10 2,10 3,20 2,40 1,60 1,20 1,80 1,50 1,30

Eu 0,24 0,37 0,34 0,52 0,49 0,34 0,29 0,38 0,31 0,21

Gd 1,67 1,76 1,93 2,73 2,34 1,64 1,22 1,74 1,36 1,14

Tb 0,26 0,29 0,30 0,42 0,33 0,27 0,19 0,27 0,22 0,17

Dy 1,56 1,67 1,84 2,58 2,00 1,65 1,07 1,53 1,27 1,04

Y 8,98 9,60 10,26 14,14 11,12 9,10 6,28 9,14 7,47 5,98

Ho 0,30 0,35 0,36 0,51 0,39 0,32 0,21 0,32 0,25 0,20

Er 0,85 0,96 1,06 1,49 1,08 0,82 0,57 0,90 0,75 0,60

Tm 0,12 0,14 0,15 0,22 0,17 0,13 0,07 0,14 0,11 0,09

Yb 0,80 1,00 1,00 1,40 1,00 0,70 0,50 0,90 0,70 0,50

Lu 0,11 0,15 0,14 0,22 0,15 0,10 0,07 0,12 0,10 0,08

Membro Pedro Leopoldo

Resultados analíticos dos óxidos por fluorescência de raios-X, menores e traços por ICP-MS (Laboratórios da SGS-Geosol) Tabela 1: Resultados litoquímicos das rochas da Formação Sete Lagoas aflorantes na área de estudo (continuação)

(11)

Lu 002 A Lu 002 B Lu 009 B Lu 014 A Lu 014 B Lu 015 B Lu 019 Lu 038 Lu 043 Lu 050

SiO2% 0,60 0,73 0,15 0,38 0,45 1,89 0,32 1,13 0,23 2,14

Al2O3 <0,1 0,22 <0,1 <0,1 <0,1 0,22 0,05 0,34 <0,1 0,26

Fe2O3 0,16 0,23 0,06 0,10 0,05 0,13 0,09 0,15 0,09 0,15

CaO 56,20 55,30 56,80 55,40 56,00 55,00 55,90 55,50 55,90 54,40

MgO 0,19 0,24 0,11 0,22 0,22 0,37 0,30 0,38 0,17 0,29

TiO2 <0,01 0,03 <0,01 <0,01 <0,01 0,01 <0,01 0,02 <0,01 <0,01

P2O5 0,14 0,12 0,11 0,12 0,06 0,11 0,12 0,21 0,06 0,20

Na2O <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 0,46

K2O <0,01 0,01 <0,01 <0,01 <0,01 0,01 0,01 0,10 <0,01 0,08

MnO 0,04 0,02 0,03 0,02 0,03 0,03 0,02 0,03 0,07 0,08

LOI 43,39 43,64 43,70 43,44 43,65 42,74 43,47 43,06 43,56 42,58

TOTAL 100,72 100,54 100,96 99,68 100,46 100,51 100,28 100,92 100,08 100,64 Ba ppm 120,00 55,00 34,00 55,00 45,00 46,00 120,00 50,00 30,00 196,00

Be <0,1 <0,1 <0,1 0,10 <0,1 <0,1 <0,1 0,20 0,10 0,10

Cd 0,03 <0,02 <0,02 <0,02 <0,02 0,03 <0,02 <0,02 0,25 0,05

Co 0,80 1,10 0,70 0,80 0,60 0,90 0,80 0,90 0,70 1,00

Cr 3,00 7,00 <1 7,00 4,00 5,00 <1 <1 <1 1,00

Cu <0,5 <0,5 <0,5 <0,5 <0,5 <0,5 <0,5 <0,5 <0,5 1,30

Ga 0,10 0,30 0,10 0,20 0,20 0,30 0,20 0,50 0,20 0,40

Hf 0,04 0,10 0,03 0,04 0,02 0,08 0,03 0,09 <0,02 0,10

Li <1 13,00 4,00 3,00 2,00 5,00 8,00 7,00 <1 2,00

Mo 0,13 17,07 0,20 0,27 0,10 0,15 0,07 0,10 0,07 0,10

Nb 0,20 0,80 0,10 0,20 0,10 0,30 0,30 0,40 0,10 0,50

Ni 0,70 1,10 0,25 0,25 0,25 0,80 0,90 0,80 0,25 0,80

P 511,00 449,00 349,00 369,00 160,00 360,00 531,00 790,00 195,00 790,00

Pb 2,10 0,80 0,90 1,30 <0,5 1,40 0,90 1,30 19,90 2,20

Rb 51,80 2,40 0,80 15,70 3,30 2,30 1,50 6,70 1,00 5,20

S 0,02 0,03 0,02 0,03 0,03 0,06 0,03 0,03 0,02 0,03

Sb 0,05 0,21 <0,05 <0,05 <0,05 0,06 <0,05 <0,05 <0,05 <0,05

Sc <0,5 0,70 <0,5 <0,5 <0,5 <0,5 <0,5 0,60 <0,5 0,80

Sr 1147,90 1198,30 767,80 1601,90 2051,90 1774,10 2040,60 1958,80 762,00 1250,70

Ta <0,05 <0,05 <0,05 <0,05 <0,05 <0,05 <0,05 <0,05 <0,05 0,05

Th <0,1 <0,1 <0,1 0,50 0,30 0,40 0,40 0,50 0,10 0,20

Tl 0,03 0,06 <0,01 0,03 <0,01 0,04 0,05 0,19 0,03 0,17

U <0,05 1,01 0,99 0,84 0,55 1,11 1,02 1,03 0,70 0,75

V 2,00 5,00 2,00 2,00 2,00 3,00 2,00 4,00 2,00 3,00

W 0,10 0,20 <0,1 <0,1 <0,1 0,10 <0,1 0,10 <0,1 0,10

Zn 10,00 16,00 3,00 3,00 <1 37,00 4,00 4,00 12,00 8,00

Zr 0,70 3,10 <0,5 0,90 <0,5 2,10 1,00 3,10 <0,5 2,80

F 444,00 690,00 890,00 658,00 439,00 551,00 427,00 385,00 74,00 271,00

La 0,70 5,50 3,30 6,10 5,00 7,30 6,60 3,60 5,40 4,80

Ce 1,00 3,60 1,40 2,30 1,50 3,40 3,00 3,70 2,40 3,00

Pr 0,12 0,40 0,11 0,21 0,12 0,33 0,27 0,41 0,22 0,31

Nd 0,50 1,40 0,40 1,10 0,40 1,30 1,10 1,70 0,90 1,20

Sm 0,10 0,20 <0,1 0,20 <0,1 0,30 0,20 0,40 0,20 0,20

Eu 0,05 0,05 <0,05 <0,05 <0,05 0,06 <0,05 0,07 <0,05 0,06

Gd 0,18 0,22 0,08 0,20 0,13 0,33 0,24 0,36 0,22 0,25

Tb <0,05 <0,05 <0,05 <0,05 <0,05 <0,05 <0,05 0,06 <0,05 <0,05

Dy 0,17 0,20 0,14 0,19 0,10 0,30 0,25 0,33 0,20 0,21

Y 1,97 1,72 1,77 1,81 1,16 2,25 2,07 2,70 1,89 1,73

Ho <0,05 <0,05 <0,05 <0,05 <0,05 0,06 0,06 0,07 <0,05 <0,05

Er 0,05 0,12 0,11 0,13 0,09 0,18 0,16 0,22 0,14 0,14

Tm <0,05 <0,05 <0,05 <0,05 <0,05 <0,05 <0,05 <0,05 <0,05 <0,05

Yb <0,1 <0,1 <0,1 0,10 <0,1 0,10 0,10 0,20 <0,1 0,10

Lu <0,05 <0,05 <0,05 <0,05 <0,05 <0,05 <0,05 <0,05 <0,05 <0,05

Resultados analíticos dos óxidos por fluorescência de raios-X, menores e traços por ICP-MS (Laboratórios da SGS-Geosol) Tabela 1: Resultados litoquímicos das rochas da Formação Sete Lagoas aflorantes na área de estudo (continuação)

Mb Lagoa Santa

(12)

Lu 018 Lu 030 Lu 046 Lu 047 Lu 049 Lu 051 Lu 052 Lu 057 Lu 064

SiO2% 1,41 0,43 0,27 0,63 0,66 0,54 <0,1 1,49 0,76

Al2O3 0,13 <0,1 <0,1 <0,1 0,11 <0,1 <0,1 0,33 0,22

Fe2O3 0,09 0,05 0,04 0,09 0,09 0,06 0,05 0,23 0,12

CaO 54,80 55,60 55,50 54,70 54,30 55,50 55,60 55,10 55,10

MgO 0,15 0,19 0,25 <0,1 <0,1 0,30 0,19 0,31 0,20

TiO2 <0,01 0,02 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 <0,01 0,02 <0,01

P2O5 0,19 0,17 0,15 0,07 0,15 0,13 0,08 0,11 0,15

Na2O <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1

K2O 0,04 0,03 0,02 0,02 0,03 0,03 0,01 0,09 0,08

MnO <0,01 <0,01 0,01 <0,01 <0,01 0,01 0,03 <0,01 0,01

LOI 42,84 43,38 43,31 43,40 43,21 43,20 43,71 42,85 42,98

TOTAL 99,65 99,87 99,55 98,91 98,55 99,77 99,66 100,53 99,62 Ba ppm 39,00 38,00 52,00 29,00 33,00 61,00 41,00 41,00 79,00

Be <0,1 <0,1 0,10 <0,1 0,10 0,10 <0,1 0,10 0,10

Cd 0,03 0,03 0,04 <0,02 0,42 0,03 0,10 0,04 0,31

Co 0,90 0,90 0,80 0,90 1,00 0,90 0,60 1,00 0,90

Cr <1 <1 1,00 <1 2,00 2,00 <1 <1 3,00

Cu 2,70 2,70 3,00 3,10 2,90 2,80 <0,5 3,50 2,60

Ga 0,30 0,30 0,20 0,20 0,30 0,20 0,20 0,50 0,40

Hf 0,04 0,03 <0,02 0,06 0,03 0,03 0,04 0,10 0,14

Li 4,00 4,00 4,00 3,00 3,00 4,00 2,00 5,00 4,00

Mo 0,15 0,11 0,12 0,11 0,11 0,09 0,11 0,13 0,14

Nb 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20 0,10 0,40 0,60

Ni <0,5 <0,5 <0,5 <0,5 <0,5 <0,5 <0,5 <0,5 <0,5

P 838,00 798,00 679,00 427,00 748,00 551,00 353,00 424,00 674,00

Pb 19,40 3,10 4,00 21,30 3,60 11,40 2,60 9,60 17,10

Rb 1,90 1,50 1,10 1,00 1,70 1,80 0,80 4,20 2,80

S 0,04 0,01 0,03 0,02 0,02 0,03 0,01 0,02 0,05

Sb 0,07 <0,05 <0,05 0,07 0,07 0,11 <0,05 0,12 0,09

Sc <0,5 <0,5 <0,5 <0,5 <0,5 <0,5 <0,5 <0,5 <0,5

Sr 3681,20 1244,20 1454,80 1594,40 1651,90 2310,90 1548,10 1965,00 2697,60

Ta <0,05 <0,05 <0,05 0,07 <0,05 <0,05 <0,05 <0,05 0,18

Th <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 0,30 0,40

Tl 0,09 0,02 0,03 <0,01 0,03 0,07 0,02 0,75 0,06

U 1,10 0,90 0,90 0,50 0,90 0,90 0,90 0,70 1,10

V 3,00 3,00 2,00 3,00 3,00 3,00 <1 5,00 4,00

W <0,1 <0,1 <0,1 <0,1 0,10 0,10 <0,1 <0,1 0,20

Zn 3,00 2,00 6,00 <1 22,00 <1 5,00 8,00 5,00

Zr 2,60 2,70 2,30 3,80 2,90 3,30 <0,5 4,60 5,90

F 908,00 786,00 2704,00 632,00 921,00 1384,00 847,00 653,00 988,00

La 3,00 4,40 2,20 3,70 2,60 4,90 3,80 3,30 2,20

Ce 2,50 3,20 1,70 2,10 2,50 3,30 2,00 3,50 2,60

Pr 0,28 0,33 0,19 0,22 0,27 0,37 0,19 0,39 0,32

Nd 1,20 1,40 0,80 0,90 1,30 1,60 0,70 1,60 1,40

Sm 0,30 0,30 0,20 0,20 0,30 0,30 0,10 0,40 0,30

Eu 0,06 0,06 <0,05 <0,05 0,06 0,06 <0,05 0,07 <0,05

Gd 0,33 0,33 0,22 0,21 0,34 0,45 0,18 0,37 0,28

Tb 0,05 0,06 <0,05 <0,05 0,06 0,07 <0,05 <0,05 <0,05

Dy 0,33 0,36 0,21 0,20 0,31 0,34 0,18 0,31 0,28

Y 3,01 3,10 2,08 1,64 3,00 3,16 1,83 2,32 2,32

Ho 0,08 0,08 <0,05 <0,05 0,08 0,07 <0,05 0,06 0,06

Er 0,22 0,22 0,15 0,11 0,22 0,21 0,13 0,20 0,17

Tm <0,05 <0,05 <0,05 <0,05 <0,05 <0,05 <0,05 <0,05 <0,05

Yb 0,20 0,10 <0,1 <0,1 0,10 0,10 <0,1 0,10 0,10

Lu <0,05 <0,05 <0,05 <0,05 <0,05 <0,05 <0,05 <0,05 <0,05

Resultados analíticos dos óxidos por fluorescência de raios-X, menores e traços por ICP-MS (Laboratórios da SGS-Geosol) Mb Lagoa Santa

Tabela 1: Resultados litoquímicos das rochas da Formação Sete Lagoas aflorantes na área de estudo (continuação)

(13)

A substituição de Ca por Ba e Sr na estrutura de carbonatos é bem comum, principalmente do Sr pela alta concentração em águas marinhas. Entretanto devido a intercalação pelítica existente no Membro Pedro Leopoldo, o conteúdo de Ba tende a ser maior nesta unidade do que no Lagoa Santa (61 a 830 ppm e 29 a 196 ppm, nesta ordem). Em relação a concentração de Sr, o Membro superior apresenta os maiores valores (762 a 3681 ppm), enquanto a concentração desde elemento no Pedro Leopoldo varia de 118,9 a 2788 ppm.

Os teores de ETR+Y obtidos na análise química foram normalizados ao PAAS (Post

Archean Australian Shale) segundo valores de Piper & Bau (2013). As anomalias comumente encontradas no padrão ETR típico de águas oceânicas, quando normalizadas ao PAAS, são apresentadas como La/La* = La/(3Pr - 2Nd), Ce/Ce* = Ce/(2Pr - Nd) e Pr/Pr* = Pr/(0,5Ce + 0,5Nd) (Madhavaraju & González-León 2012).

A concentração total de Elementos Terras Raras é significantemente mais elevada nas amostras do Membro Pedro Leopoldo do que nas do Membro Lagoa Santa (16,19 a 113,17 ppm e 4,99 a 15,99 ppm, respectivamente), conforme representada na Figura 5.

Figura 5 Padrões de ETR+Y para amostras dos Membros Pedro Leopoldo e Lagoa Santa normalizados com PAAS (Post Archean Australian Shale, valores de Nance & Taylor 1976)

(14)

O padrão da curva de ETR normalizado ao PAAS para as águas marinhas é caracterizado por leve empobrecimento de terras raras leves em relação aos pesados, leve anomalia positiva de La, anomalia negativa de Ce e anomalia positiva de Y (Madhavaraju &

González-Léon 2012, Chen et al. 2014). As rochas do Membro Pedro Leopoldo apresentam leve empobrecimento de ETR leves (Nd/Yb

n

= 0,721 a 1,065), evidenciado também pelo padrão praticamente reto de suas curvas no diagrama, anomalia levemente negativa a positiva de La (La/La* = 0,65 a 3,97), anomalia levemente positiva a negativa de Ce (Ce/Ce* = 0,82 a 1,03) e anomalia

levemente negativa a positiva de Y (Y* = 0,911 a 1,384). Além disso, os calcários deste Membro exibem anomalia negativa a levemente positiva de Eu (Eu/Eu* = 0,512 a 1,189) e razão Y/Ho = 25,1 a 38,6. Nas rochas do Membro Lagoa Santa identifica-se ampla variação do fracionamento de ETR pesados e leves (Nd/Yb

n

= 0,499 a 1,497), anomalia levemente negativa a positiva de Ce (Ce/Ce* = 0,917 a 1,911) e anomalia positiva de Y (Y* = 1,337 a 2,378). A anomalia de Eu dos calcários Lagoa Santa é bastante variada (Eu/Eu* = 0,494 a 2,037) e as rochas apresentam, ainda, altas razões Y/Ho (34,5 a 83,2).

4. DISCUSSÃO

4.1 ELEMENTOS MAIORES

A composição essencialmente calcítica para rochas do Membro Lagoa Santa foi comprovada a partir das altas concentrações de CaO obtidas pelas análises geoquímicas. Os calcários do Membro Pedro Leopoldo, por sua vez, apresentam composição diversificada.

Para estas rochas, as concentrações de elementos típicos de sedimentos terrígenos, como Al e Si, são altas em relação aos valores destes na unidade superior. Estes teores, quando comparados com as concentrações de Ca destas mesmas rochas (Figura 6), sugerem períodos de sedimentação clástica intercalada com carbonatos em ambiente de baixa energia.

As concentrações de Ca e Al, bem como de Ca e Si, são inversamente proporcionais, indicando a variação composicional durante a deposição. Já os calcários Lagoa Santa

destacam-se pelas altas e constantes concentrações de P que, juntamente com sua coloração escura característica, sugerem forte presença de matéria orgânica.

Além do aporte detrítico identificado nos calcários Pedro Leopoldo, sua composição dolomítica é também variada, atingindo teores de aproximadamente 15%, diferentemente das rochas carbonáticas do Membro Lagoa Santa, que apresentam valores de dolomita próximos a 0%. A abundância de dolomita em sequências carbonáticas é registrada principalmente em rochas neoproterozóicas e sua origem tem sido atribuída a bactérias redutoras de sulfato em ambientes anóxicos (Fairbridge 1957, McKenzie 1991, McKenzie

& Vasconcelos 2009, Boggiani 2010).

4.2 ELEMENTOS TRAÇOS

Rochas carbonáticas depositadas em ambiente marinho usualmente preservam assinatura geoquímica das águas oceânicas (Deer 2011, Chen et al. 2014, Franchi et al.

2016). Segundo Chen et al. (2014), a entrada de sedimentos siliciclásticos no sistema de deposição, mesmo que em concentrações muito pequenas, colabora para a alteração do padrão geoquímico típico de águas marinhas.

A contribuição terrígena é apenas um dos

fatores que podem ser responsáveis por estas

mudanças, juntamente com processos de

remoção, condições paleo-redox,

hidrotermalismo e diagênese (Deer 2011,

Madhavaraju & González-León 2012, Ling et

al. 2013, Chen et al. 2014, Franchi et al. 2016,

Madhavaraju et al. 2016).

(15)

Figura 6 Gráficos da concentração de Ca (%) versus concentrações de Al (%), Si (%),

Mg (%) e P (%) para rochas dos Membros Pedro Leopoldo e Lagoa Santa.

Elementos traços característicos de sedimentos terrestres e suas relações com ETR são muito utilizados para interpretação da contaminação terrígena na sedimentação carbonática (Madhavaraju & González-León

2012, Chen et al. 2014). A boa correlação entre ETR, Zr e Th, como observada nos gráficos da Figura 7 para as rochas do Pedro Leopoldo, sugerem forte contribuição siliciclástica na formação destas rochas.

Figura 7 Gráficos de ETR (ppm) e Zr (ppm), ETR (ppm) e Th (ppm) e Zr (ppm) e Th (ppm) para amostras da Formação Sete Lagoas.

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