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MOBILIDADE E MOBILIZAÇÃO: OS TRABALHADORES TEMPORÁRIOS DO SETOR AGROINDUSTRIAL SUCROALCOOLEIRO DA MESORREGIÃO NOROESTE PARANAENSE

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Academic year: 2022

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MOBILIDADE E MOBILIZAÇÃO: OS TRABALHADORES TEMPORÁRIOS DO SETOR AGROINDUSTRIAL SUCROALCOOLEIRO DA MESORREGIÃO

NOROESTE PARANAENSE

Vitor Hugo Ribeiro Mestrando em Geografia pela Universidade Estadual de Maringá- Bolsista CAPES. Integrante do Núcleo de Estudos de Mobilidade e Mobilização (NEMO). Email: Vitor.vhr@hotmail.com

Márcio Mendes Rocha Professor do departamento de geografia, e do Programa de Pós-Graduação em Geografia – PGE/UEM, coordenador do Núcleo de Estudos de Mobilidade e Mobilização (NEMO) da Universidade Estadual de Maringá. Email: mmrocha@uem.br

1- INTRODUÇÃO

Este trabalho visa estabelecer algumas considerações sobre a agroindústria canavieira da Mesorregião Noroeste Paranaense, focando, principalmente, a mobilidade dos trabalhadores do corte da cana-de-açúcar em função da territorialidade da área ocupada com cana-de-açúcar pelas empresas sucroalcooleiras. Para o desenvolvimento desta pesquisa, ressaltamos brevemente o processo de ocupação efetiva do Noroeste Paranaense e, posteriormente, a ascensão da atividade canavieira decorrente da modernização da agricultura e do programa nacional do álcool, ambos nas décadas de 1970/80, que intensificou essa atividade na região.

Utilizamos como metodologia, além do referencial teórico de pesquisadores que também estudam a problemática do cortador da cana-de-açúcar, mapas e dados informativos que contribuí para a problematização assinalada: a mobilidade forçada do trabalho assalariado. Esta é uma característica de relações de trabalho típica do modo capitalista de produção, refletida por Gaudemar (1977), que vem contribuindo para estudos das relações de trabalho, particularmente da mobilidade dos cortadores da cana- de-açúcar da região noroeste paranaense.

Essa mobilidade forçada desorganiza a classe trabalhadora dos movimentos sindicais, além da exploração da mais-valia pelos agentes do agronegócio da cana-de- açúcar. Este trabalho apresenta apenas uma síntese do que estamos trabalhando no curso de pós-graduação em Geografia da Universidade Estadual de Maringá.

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2- NOROESTE PARANAENSE: DA MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA À INTENSIFICAÇÃO DA AGROINDÚSTRIA CANAVIEIRA NA REGIÃO

A Mesorregião Noroeste Paranaense é composta por 61 municípios, compreendendo, ao todo, uma população de 652.605 habitantes (IBGE, 2007). Sua densidade demográfica se aproxima dos 26 hab/ km2. A Mesorregião é subdivida por três Microrregiões Geográficas: Microrregião Geográfica de Paranavaí, Microrregião Geográfica de Umuarama, e Microrregião Geográfica de Cianorte (Figura 1).

Figura 1- Paraná, localização geográfica da mesorregião Noroeste Paranaense Fonte: IPARDES, 2004.

Adaptado: RIBEIRO, V.H, 2010.

Historicamente, esta área que compreende o Noroeste Paranaense teve a sua ocupação efetiva principalmente ao longo do século XX, no auge da economia cafeeira do Estado do Paraná, atividade que veio a predominar por quase todo o setentrião Paranaense, fruto da expansão cafeeira paulista que, ao se expandir no oeste deste Estado, passa a ocupar espaços nas “terras virgens” do norte paranaense nas últimas décadas do século XIX, e meados do século XX.

No entanto, ao estudar a ocupação capitalista no território Paranaense, Padis (1981) afirma que, na região hoje que compreende o Noroeste paranaense foi ocupada por espanhóis logo nos primeiros séculos de colonização do Brasil, instalando as primeiras localidades urbanas. Contudo, esse contexto histórico do Norte paranaense foi apagado com as constantes ações dos bandeirantes paulistas e domínio português.

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Entretanto, foi nas primeiras décadas do século XX que o Noroeste paranaense teve a sua ocupação efetiva e construção da maioria dos núcleos urbanos, resultados das frentes pioneiras de ocupação do Território paranaense, que teve origem em diversos ciclos econômicos. Em especial, no Noroeste paranaense, assim como em quase todo o Norte do Paraná, o café foi a principal atividade que inseriu a região no contexto econômico nacional (ENDLICH, 2009). Dentre os motivos de escala econômica nacional que ajuda a explicar a origem da economia cafeeira no Noroeste paranaense, um deles é o papel desempenhado pelo Brasil na Divisão Internacional do Trabalho, no contexto econômico global. O Brasil sempre foi conhecido como grande exportador de matérias-primas, e na primeira metade do século XX o País era o maior produtor mundial de café.

Esse contexto insere o Noroeste paranaense no bojo da economia nacional, e a atividade cafeeira, diferentemente das monoculturas assentadas nas grandes propriedades que predominam no meio rural brasileiro atualmente, consistia não apenas um cultivo, mas também nas culturas destinadas a alimentação, assentada em uma estrutura fundiária aonde predominava os pequenos e médios estabelecimentos, com o uso intensivo do trabalho.

Essa estrutura foi modificada com o processo de modernização agrícola iniciado na segunda metade do século XX, que originou novas culturas no campo com o uso intensivo de máquinas agrícolas, etc., e os antigos trabalhadores rurais inseridos no seu meio de trabalho, separaram-se dos seus meios de produção (que no caso do meio rural é a sua propriedade agrícola), e transferiram-se para o meio urbano em busca de trabalhos, e de novas oportunidades nesse processo de mudança que ocorria no País. Os núcleos urbanos do Noroeste paranaense não ofertaram infra-estrutura necessária para receber essa demanda de mão-de-obra que se mobilizava da área rural para o urbano, salvo em alguns núcleos regionais do Noroeste paranaense, ou pólos de desenvolvimento, como em Paranavaí, Cianorte e Umuarama, onde o Estado incentivou o desenvolvimento e industrialização nesta região do Paraná, via essas localidades (LIMA, 1998).

Em compensação, houve um grande mobilidade populacional de muitos municípios do Noroeste paranaense, para esses centros. Muitos trabalhadores que ainda resistiram e permaneceram nas suas localidades de origem, tiveram que se assalariar ou no meio urbano, ou no rural. Em se tratando da atividade canavieira, é dentro deste contexto que ela aparece e se intensifica na região: A modernização agrícola e a crise

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cafeeira, juntamente com o Programa Nacional do Álcool, condicionaram a formação e a expansão desse setor agroindustrial no Noroeste Paranaense.

A Mesorregião Noroeste Paranaense difere das demais Mesorregiões que compreende o Norte do Paraná, em decorrência das suas características físicas- geográficas. Nas Mesorregiões Norte Central e Norte Pioneiro, a monocultura de grãos, principalmente a soja predominou no espaço rural dessas localidades, em virtude das terras roxas dessas áreas. No Noroeste, o solo arenoso predomina na formação pedológica da região, e com o processo da modernização agrícola, as pastagens passaram a predominar no meio rural. Contudo, nas últimas décadas a cana-de-açúcar vem encontrando o seu meio físico ideal, propiciando a atividade nesta localidade do Estado do Paraná.

Atualmente, a cana-de-açúcar se apresenta como o principal cultivo agrícola de muitos municípios do noroeste paranaense, com a diminuição de outras atividades como as pastagens, a agricultura familiar, e dentre outras. A Tabela 1 apresenta os maiores produtores de cana-de-açúcar da região Noroeste.

Tabela 1- Maiores produtores de cana-de-açúcar da Mesorregião Noroeste Paranaense

Municípios Área plantada (hectares)

Área colhida (hectares)

Quantidade produzida (toneladas)

Cruzeiro do Oeste 15. 247 15.247 1.210.185

Ivaté 13.821 13.821 1.004.289

Paraíso do Norte 9.035 9.035 807.693

Paranacity 11.568 11.568 844.786

Rondon 19.988 19.988 1.548.710

São Carlos do Ivaí 11.372 11.372 934.403

São Tomé 10.200 10.200 867.000

Tapejara 20. 420 20.420 1.659.004

Fonte: IBGE, 2008.

Organização: RIBEIRO, V.H, 2010.

Levando-se em consideração a quantidade produzida e a área plantada com cana-de-açúcar, Tapejara vem liderando esses números na Mesorregião Noroeste, com 1.659.004 toneladas de cana-de-açúcar numa área de 20.420 hectares. Depois aparecem outros municípios como Rondon e Cruzeiro do Oeste, com uma produção acima de 1

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milhão de toneladas. No entanto, se formos considerar a concentração da gramínea em relação ao perímetro municipal (área que engloba as zonas rural e urbana), o resultado apresenta-se um pouco diferente, como se observa na Tabela 2.

Tabela 2- Percentual da área municipal ocupada pela lavoura canavieira no ano de 2008

Municípios

Perímetro municipal (hectares)

Área colhida com cana-de-açúcar

(hectares)

Área plantada com cana-de-açúcar (%)

Cruzeiro do Oeste 77.922,20 15.247 19,5

Ivaté 41.090,70 13.821 33,6

Paraíso do Norte 20.456,50 9.035 44

Paranacity 34.895,10 11.568 33

Rondon 55.608,60 19.988 36

São Carlos do Ivaí 22.507,70 11.372 50,5

São Tomé 21.862,40 10.200 46,6

Tapejara 59.140 20.420 34,5

Fonte: IBGE, 2008; RIBEIRO, V.H, 2008.

Organização: RIBEIRO, V.H, 2010.

Percebe-se que dentre os maiores produtores, a cana-de-açúcar aparece mais concentrada nos municípios de São Carlos do Ivaí, São Tomé e Paraíso do Norte, com o percentual da área plantada com a cultura em relação ao perímetro municipal de 50,5;

46,6 e 44 % respectivamente. Esses números, juntando com outros de nossas pesquisas, além de trabalhos dos demais pesquisadores que também passam a estudar a problemática dessa expansão e concentração da cana-de-açúcar nos municípios em questão, trazem em pauta não apenas a precarização da policultura tão importante para o desenvolvimento local desses municípios, mas também a precarização do trabalhador temporário bóia-fria.

Se reproduz em muitas regiões brasileiras o trabalho exaustivo, aonde as usinas, através das propaladas políticas entorno do Etanol combustível, estão dispostas a produzir cada vez mais, para o abastecimento do produto no mercado interno e externo.

Com isso os trabalhadores são obrigados a cortar, cada vez mais, cana-de-açúcar para corroborar com o aumento da produção. Os salários baixos, pagos em decorrência da produtividade da cana-de-açúcar cortada pelo trabalhador, já vem com o estimulo de

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que se o bóia-fria cortar o máximo possível de cana-de-açúcar receberá mais dinheiro pelo seu trabalho. Sendo assim vem a reproduzir no País a precarização do trabalho em pleno século XXI, em uma atividade que predominou por mais de três séculos de trabalho escravo no Brasil.

Através de outras pesquisas já realizadas acerca desta temática, constatamos que há uma tendência de crescimento da gramínea no Noroeste Paranaense. Vem a corroborar com isso as próprias condições físicas da região, e com o Estado incentivando o cultivo da cana-de-açúcar nesta porção do Estado.

Na Região dos Campos Gerais e na região Oeste, jamais haverá cana.

A expansão da atividade deverá ocorrer na região Noroeste. Não entraremos na área de produção de grãos, mas vamos avançar para a área da pecuária, o que também, não vai acabar com a pecuária, pois quem permanecer na atividade vai aproveitar melhor as terras. Hoje ocupamos 3,2% da área agricultável do Paraná e, ainda que venhamos a duplicar, o que não é tarefa fácil, vamos chegar a apenas 5% ou 6% da área total (TORMENA, 2007, p.A8).

Esse fato, nos últimos anos vem a se confirmar através do número de Unidades de Produção de açúcar e álcool presentes no Noroeste Paranaense. É nesta localidade o maior número de unidades produtoras do Paraná.

Figura 2- Paraná, Unidades produtivas da região Noroeste Paranaense- 2008 Fonte: IPARDES, 2004 ; ALCOPAR, 2008.

Organização: RIBEIRO, V.H, 2009.

A Figura 2 apresenta a localização geográfica das Unidades de produção do setor sucroalcooleiro da Mesorregião Noroeste Paranaense. As unidades em construção

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nos últimos anos expressam o mais recente processo de crescimento do setor na região, apoiado na exportação do açúcar e no comércio interno e externo do álcool (RIBEIRO, V.H, 2008).

Esse avanço da cana-de-açúcar vem gerando, além da mobilidade da força de trabalho, mobilização por parte dos demais ruralistas da mesorregião Noroeste, em especial aqueles voltados à mandiocultura da microrregião de Paranavaí, pois como se vê na Figura 2, é nesta localidade que estão as unidades em construção, e é principalmente nesta área que se concentra as indústrias de amido da mesorregião (RIBEIRO, V.H, 2008). Há uma forte tendência aos arrendamentos de terras, aos privilégios agrícolas, etc., entre os agentes do agronegócio na região.

Além desse conflito entre os capitalistas do agronegócio da mesorregião Noroeste, o aumento da cana-de-açúcar é em detrimento da diversificação da produção.

Quanto mais aumenta a área de cana-de-açúcar, menos diversificada é a produção dessas regiões, e isso entra em choque com o projeto de agricultura familiar e com a policultura, muito necessário para o desenvolvimento local.

3- MUNICÍPIOS PERIFÉRICOS E A MOBILIDADE DOS TRABALHADORES DA CANA

A construção das unidades vem movimentando esses municípios de mão-de- obra. Muitos trabalhadores se mobilizam de várias localidades à procura de empregos nas unidades de produção. Pelo fato do setor sucroalcooleiro se localizar em municípios periféricos e demograficamente pequenos, estas localidades muitas vezes não ofertam a mão-de-obra necessária ao corte da cana-de-açúcar. Com isso as usinas e destilarias mobilizam trabalhadores de outros municípios da Mesorregião, para suprir essa demanda de trabalhadores no corte.

O trabalho é um fator importante no processo de acumulação do capital em uma atividade econômica e, conseqüentemente, no processo de reprodução ampliada do capital (LUXEMBURG, 1970). Sendo assim, para a reprodução do capital na atividade canavieira da Mesorregião Noroeste Paranaense, os capitalistas desse setor buscam mão-de-obra assalariada em municípios entorno das localidades onde estão instaladas as unidades de produção, como nos mostra a Figura 3. Gaudemar (1977) afirma que a mobilidade da força do trabalho no modo capitalista de produção é forçada, para satisfazer as exigências do capitalista. Constata-se então, que na região em questão,

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existe a mobilidade forçada do trabalho no setor agroindustrial sucroalcooleiro, em virtude dessas localidades apresentarem certas problemáticas em seu meio urbano, como por exemplo, nas relações de trabalho que esses municípios ofertam para a classe trabalhadora. Além disso, a mobilidade forçada como se vê a diante corrobora com a desorganização da classe dos trabalhadores rurais frente aos sindicatos.

Estes municípios apresentam, além dessas relações contraditórias no mercado de trabalho, diversas carências em infra-estrutura básica que poderiam gerar novas perspectivas no futuro para seus moradores.

Figura 3: Abrangência territorial das agroindústrias canavieiras sobre a mão-de- obra do corte da cana-de-açúcar na mesorregião Noroeste Paranaense.

Fonte: CARVALHO, 2008.

Em se tratando da atividade canavieira, a maior parte dos serviços ofertados para os trabalhadores desses municípios estão ligados a esse setor. Como se observa na Figura 3, no município de Perobal, a usina Sabarálcool mobiliza trabalhadores de outros núcleos urbanos, como em Brasilândia do Sul, Alto Piquiri, Cafezal do Sul, Pérola, Esperança Nova, Xambré, Mariluz e Umuarama. Em alguns municípios ainda, duas unidades de produção ou mais mobilizam trabalhadores, como no caso de Mariluz que está ligada às usinas Sabarálcool de Perobal, e da Usaçúcar de Tapejara.

Existem ainda, alguns municípios da Mesorregião Noroeste que não produzem cana-de-açúcar, ou a sua produção é muito baixa, como por exemplo, no município de Brasilândia do Sul, onde a produção canavieira se aproxima dos 4.286 toneladas, numa

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área de 59 hectares (IBGE, 2008). A atividade em Brasilândia é pouco expressiva, no entanto o município oferece mão-de-obra para a unidade de Perobal, e muitas vezes os cortadores da cana-de-açúcar trabalham um dia num município próximo a Brasilândia, no outro eles vão para outros municípios1. Essa mobilidade se torna forçada, pois muitos cortadores de cana-de-açúcar não teriam outras oportunidades de empregos no meio urbano. Sendo assim, o setor sucroalcooleiro encontrou nestes municípios as condições ideais para a geração de sua mais-valia, através do trabalho exaustivo e precarizado do corte da cana-de-açúcar.

Nos municípios onde a cana-de-açúcar mais se concentra, tomando como base a Tabela 2, em São Tomé a usina Usaçúcar mobiliza trabalhadores assalariados no corte da cana-de-açúcar de Cianorte, Jussara, Japurá, São Manoel do Paraná, São Carlos do Ivaí, além também de São Tomé. No entanto, essas localidades não são áreas exclusivas da unidade de produção de São Tomé. Como se observa na Figura 3, outras unidades de produção de outros municípios também abrangem áreas e mobilizam trabalhadores dos municípios citados como, por exemplo, a destilaria Melhoramentos de Jussara, e entre outras.

Essa territorialização dos trabalhadores segue a lógica capitalista das unidades de produção, que se baseia nas áreas arrendadas e ocupadas com cana-de-açúcar para as empresas sucroalcooleiras. Esse princípio de organização territorial da mão-de-obra assalariada, gera um conflito na organização desses trabalhadores na medida em que a territorialidade da mão-de-obra extrapola aquela que é representada pelos sindicados de base territorial municipal. Sendo assim, o trabalhador assalariado se identifica com este ou aquele sindicato dependendo da localização da empresa pela qual trabalha, e não no sindicato dos trabalhadores rurais do município no qual reside (THOMAZ JÚNIOR, 2002).

Esse modo de organização sindical impossibilita o diálogo acerca dos conflitos impostos pelas empresas, e com isso diminui a organização da classe trabalhadora que não se vê representada nem em seu município de moradia, nem no município onde trabalha (CARVALHO, 2008).

1 Informação coletada através de estudos de campo de orientação científica, de alunos do Núcleo de Estudos de Mobilidade e Mobilização- NEMO-UEM, coordenado pelo professor Dr. Márcio Mendes Rocha.

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4- CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa procurou ressaltar breve consideração sobre a expansão da atividade canavieira no Noroeste Paranaense, e conforme exposto ao longo deste texto, a mobilidade forçada da força produtiva que exerce seu trabalho no corte da cana-de- açúcar se apresenta como uma exigência dos agentes do agronegócio da cana-de-açúcar, com a desculpa de que o setor sucroalcooleiro gera emprego e renda para esses municípios, que já se deparam com diversas precariedades e carências em seu meio urbano em decorrência do avanço capitalista nestas áreas. Contudo é preciso atenção e acompanhar os moldes de organização desses trabalhadores no corte da cana-de-açúcar, para que o setor canavieiro não vem a reproduzir em pleno século XXI novamente relações desumanas de trabalho como na época em que predominava o trabalho escravo nas lavouras de cana-de-açúcar, nos quatro primeiros séculos de história dessa atividade no País.

5- REFERÊNCIAS

ALCOPAR, Disponível em: < http://www.alcopar.org.br/associados/mapa.php >

acesso em: 22/06/2008.

CARVALHO, Josiane Fernandes. Os assalariados rurais da agroindústria canavieira na mesorregião noroeste paranaense. 2008, 199 p. Dissertação (Mestrado em Geografia). Programa de pós- graduação em geografia, Universidade Estadual de Maringá. Maringá.

ENDLICH, Ângela Maria. Pensando os papéis e significados das pequenas cidades do Noroeste do Paraná. UNESP, Presidente Prudente, 2009, 357p.

GAUDEMAR, Jean Paul de. Mobilidade do trabalho e acumulação do capital.

Lisboa, Estampa, 1977, 405p.

IBGE, Disponível em: < www.ibge.com.br > acesso em: 17/06/2010.

IPARDES, Disponível em:

<http://www.ipardes.gov.br/biblioteca/docs/leituras_reg_meso_noroeste.pdf> acesso em: 18/03/2009.

LIMA, Rosalina Ferreira de. A experiência paranaense de planejamento. 1998, 160p.

Dissertação (Mestrado em economia). Programa de pós-graduação em economia, Universidade Estadual de Maringá. Maringá.

LUXEMBURG, Rosa. A Acumulação do capital: Estudos sobre a interpretação Econômica do Imperialismo. Rio de Janeiro, ZAHAR, 1970. 516 p.

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PADIS, Pedro Calil. Formação de uma Economia Periférica: o caso do Paraná. São Paulo, HUCITEC, 1981, 235p.

RIBEIRO, Vitor Hugo. O avanço do setor sucroalcooleiro do Paraná: dos engenhos às usinas. 2008. 60 f. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Geografia).

Universidade Estadual de Maringá, Maringá, 2008.

TORMENA, Anísio. A Cana vai avançar sobre a pecuária. O Diário do Norte do Paraná, Maringá,10 mai. 2007. Cidades, p. A8.

THOMAZ JÚNIOR, Antonio. Por trás dos canaviais, os “nós” da cana: a relação capital x trabalho e o movimento sindical dos trabalhadores na agroindústria canavieira paulista. São Paulo. Annablume. 2002. 388p.

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