ufpe – ´ area ii – c 2019 prof. fernando j. o. souza MA036 (geometria anal´ıtica 1) – 2019.1 – turma p6
RESUMO DA 2
aUNIDADE v. 0.9
1. Nota¸c˜ oes
Est´a fixado um sistema de coordenadas cartesianas Oxy para o plano euclidi- ano. Um ponto P de coordenadas (x
P, y
P) no plano euclidiano ser´a denotado por P (x
P, y
P), sem sinal de igualdade. A origem ´e O (0, 0). J´a um vetor − → v no plano de coordenadas (v
x, v
y) com rela¸c˜ao `a base canˆonica ξ
2(uma base ortonormal positiva fixada) ser´a denotado por − → v = (v
x, v
y), evitando confu- s˜ao com os pontos, apesar de valer −→ OP = (x
P, y
P).
Analogamente, est´a fixado um sistema de coordenadas cartesianas Oxyz para o espa¸co euclidiano. Um ponto P de coordenadas (x
P, y
P, z
P) ser´a denotado por P (x
P, y
P, z
P). A origem ´e O (0, 0, 0). J´a um vetor − → v no espa¸co de coordenadas (v
x, v
y, v
z) com rela¸c˜ao `a base canˆonica ξ
3= n
b i, b j, b k o (uma base ortonormal positiva fixada) ser´a denotado por − → v = (v
x, v
y, v
z).
2. Retas no plano euclidiano
Recordar os v´arios tipos de equa¸c˜ao de uma reta no plano que estudamos, representando os pontos aos quais ela incide
1por X (x, y):
Ponto-declividade: y − y
0= m(x − x
0) para a reta n˜ao-vertical de decli- vidade (inclina¸c˜ao) m e incidente ao ponto P
0(x
0, y
0);
Reduzida: y = mx + n para a reta n˜ao-vertical de declividade m que intercepta o eixo ← 0y → no ponto (0, n). A declividade determina a dire¸c˜ao da reta;
x = x
0para a reta vertical incidente a qualquer (e todo) ponto P
0(x
0, y
0).
Apesar de n˜ao ser nomenclatura padr˜ao, tamb´em chamaremos x = x
0de equa¸c˜ ao reduzida da reta vertical, de modo a toda reta admitir
“equa¸c˜ao reduzida” num sentido mais amplo do que o padr˜ao;
1Uma reta “incidir a um ponto” ou “ser incidente a ele” abstrai as no¸c˜oes intuitivas dela
“passar por ele”, “toc´a-lo”, “contˆe-lo”, e dele “estar sobre ela”.
Segment´ aria: x p + y
q = 1 para a reta n˜ao-horizontal, n˜ao-vertical que n˜ao incide `a origem O (0, 0) que incide aos pontos de coordenadas (p, 0) e (0, q) (onde intercepta os eixos coordenados Ox e Oy, respectivamente);
Vetorial: X = P
0+ t − → v , onde t (parˆ ametro) ´e um escalar real, para a reta r incidente ao ponto P
0(x
0, y
0) que admite − → v como vetor diretor (isto
´e, r tem a dire¸c˜ao de − → v ). Tal equa¸c˜ao descreve, como fun¸c˜ao X(t), os pontos X sobre a reta, os quais s˜ao exatamente aqueles paras os quais −−→ P
0X = t − → v , ou seja, −−→ P
0X ´e paralelo a − → v . Em coordenadas, uma equa¸c˜ao vetorial para r ´e (x, y) = (x
0, y
0) + t (v
x, v
y), onde t ∈ R ; Param´ etricas: E o sistema de duas equa¸c˜oes ´ x = x
0+ t v
xe y = y
0+ t v
y,
onde t ∈ R , cada uma correspondente a uma das coordenadas numa equa¸c˜ao vetorial da reta. Eliminando t do sistema, ou seja, escrevendo- o em termos dos demais valores em cada equa¸c˜ao, obtemos a equa¸c˜ao sim´etrica abaixo;
Sim´ etrica: x − x
0v
x= y − y
0v
y, para a reta n˜ao-vertical n˜ao-horizontal (ad- mite vetor diretor − → v com v
x6 = 0 6 = v
y) que incide ao ponto P
0(x
0, y
0);
“Pl¨ uckeriana”: Tal
2equa¸c˜ao ´e − → n · −−→ P
0X = 0 para a reta r incidente a P
0que admite vetor normal − → n = (A, B) (isto ´e, r tem dire¸c˜ao ortogonal a − → n ). Em coordenadas, tal equa¸c˜ao ´e 0 = (A, B) · (x − x
0, y − y
0), a qual equivale `a equa¸c˜ao cartesiana (abaixo) Ax + By + C = 0, onde C = − (A x
0+ B y
0);
Geral ou cartesiana: Ax + By + C = 0, onde A, B, C ∈ R s˜ao tais que (A, B) 6 = (0, 0), ou seja, A e B n˜ao s˜ao simultaneamente nulos, para a reta que admite − → n = (A, B ) como vetor normal e ´e a linha de n´ıvel
3para a fun¸c˜ao real ϕ(x, y) = ϕ(X) = − → n · −→
OP = Ax + By com n´ıvel igual a − C. Obs. Da equa¸c˜ao cartesiana, facilmente obtemos a equa¸c˜ao reduzida e, se a reta admitir, a equa¸c˜ao segment´aria por manipula¸c˜ao alg´ebrica.
2O nome “pl¨uckeriana” ´e pouco adotado. Esta equa¸c˜ao ´e, num certo sentido, an´aloga `a equa¸c˜ao vetorial trocando-se vetor diretor por vetor normal.
3E f´acil ver que ela ´e constante a partir disto: como´ −−→
OX = −−→
OP0+−−→
P0X, temos que ϕ(P) =−→n ·−−→
OP0+−−→
P0X
=−→n·−−→
OP0+−→n ·−−→
P0X=ϕ(P0) + 0. Logo,ϕ(X) =ϕ(P0) =−c.
Obs. De uma equa¸c˜ao cartesiana da reta, todas as equa¸c˜oes cartesianas da mesma reta se obtˆem multiplicando-se os lados da equa¸c˜ao cartesiana dada por um n´ umero real n˜ao-nulo.
Obs. As retas r
1: Ax + By + C
1= 0 e r
2: Ax + By + C
2= 0, com mesmo vetor normal, s˜ao necessariamente, coincidentes (“paralelas iguais”) ou paralelas (“paralelas distintas”), e a distˆancia entre elas ´e dada por
dist(r
1, r
2) = | C
1− C
2|
||− → n || = | C
1− C
2|
√ A
2+ B
2Obs. Equa¸c˜oes vetoriais e pl¨uckerianas de retas no plano podem ser obtidas umas da outras facilmente porque − → v ⊥ − → n . Ex.: Dado um vetor − → n = (A, B) normal a r, o vetor (B, − A) ´e um dos vetores diretores de r.
Das equa¸c˜oes acima, apenas a reduzida (para cada reta no plano) e a segment´aria (para cada reta no plano que admite tal equa¸c˜ao) s˜ao ´ unicas, uma vez que h´a infinitas escolhas de ponto sobre a reta, e de vetor diretor ou normal para ela.
3. Retas no espa¸co euclidiano
Eis os tipos de equa¸c˜ao de uma reta no espa¸co que estudamos, representando os pontos aos quais ela incide por X (x, y, z):
Vetorial: X = P
0+ t − → v , onde t (parˆ ametro) ´e um escalar real, para a reta r incidente ao ponto P
0(x
0, y
0, z
0) que admite − → v como vetor diretor (isto ´e, r tem a dire¸c˜ao de − → v ). Tal equa¸c˜ao descreve, como fun¸c˜ao X(t), os pontos X sobre a reta, os quais s˜ao exatamente aqueles paras os quais −−→ P
0X = t − → v , ou seja, −−→ P
0X ´e paralelo a − → v . Em coordenadas, uma equa¸c˜ao vetorial para r ´e (x, y, z) = (x
0, y
0, y
0) + t (v
x, v
y, v
z), onde t ∈ R ;
Param´ etricas: E o sistema de trˆes equa¸c˜oes ´ x = x
0+ t v
x, y = y
0+ t v
ye z = z
0+ t v
z, onde t ∈ R , cada uma correspondente a uma das
coordenadas numa equa¸c˜ao vetorial da reta. Eliminando t do sistema,
ou seja, escrevendo-o em termos dos demais valores em cada equa¸c˜ao,
obtemos as equa¸c˜oes sim´etricas abaixo;
Sim´ etricas: x − x
0v
x= y − y
0v
y= z − z
0v
z, para a reta que n˜ao ´e paralela a plano coordenado algum (isto ´e, ela admite vetor diretor − → v com v
x6 = 0 6 = v
ye v
z6 = 0) que incide ao ponto P
0(x
0, y
0, z
0);
Planares: a
1x + b
1y + c
1z + d
1= 0 = a
2x + b
2y + c
2z + d
2, onde os veto- res − → n
1= (a
1, b
1, c
1) e − → n
2= (a
2, b
2, c
2) s˜ao L.I. Tal sistema de equa¸c˜oes descreve a reta como interse¸c˜ao de dois planos transversais, sendo cada um deles dado por uma equa¸c˜ao geral.
Obs. Das equa¸c˜oes planares, temos um vetor diretor para a reta facil- mente, a saber, − → n
1∧ − → n
2. Resolvendo o sistema de equa¸c˜oes planares, que ´e um sistema poss´ıvel indeterminado com 1 grau de liberdade, seu conjunto-solu¸c˜ao (a reta) ´e descrito por uma equa¸c˜ao vetorial da reta.
4. Planos no espa¸co euclidiano
Eis os tipos de equa¸c˜ao de um plano no espa¸co que estudamos, representando os pontos aos quais ele incide por X (x, y, z):
Segment´ aria: x p + y
q + z
r = 1 com p 6 = 0 6 = q e r 6 = 0 para o plano que n˜ao ´e paralelo a plano coordenado algum, e que incide aos pontos de coordenadas (p, 0, 0), (0, q, 0) e (0, 0, r) (onde intercepta os eixos coordenados Ox, Oy e Oz, respectivamente);
Vetorial: X = P
0+ s − → v + t → − w , onde s e t (parˆ ametros) s˜ao escalares reais, e os vetores − → v e − → w s˜ao L.I. Tal equa¸c˜ao descreve, como fun¸c˜ao X(s, t), os pontos X sobre o plano π incidente ao ponto P
0(x
0, y
0, z
0) que admite − → v como vetores diretores. Os pontos X sobre π s˜ao exatamente aqueles paras os quais −−→
P
0X = s − → v + t − → w , ou seja, −−→
P
0X ´e combina¸c˜ao linear (C.L.) de − → v e − → w . Em coordenadas, uma equa¸c˜ao vetorial para π ´e (x, y, z) = (x
0, y
0, z
0) + s (v
x, v
y, v
z) + t (w
x, w
y, w
z), onde s, t ∈ R ;
Param´ etricas: E o sistema de trˆes equa¸c˜oes ´ x = x
0+ s v
x+ t w
x,
y = y
0+ s v
y+ t w
ye z = z
0+ s v
z+ t w
z, onde s, t ∈ R , cada uma
correspondente a uma das coordenadas numa equa¸c˜ao vetorial da reta;
“Pl¨ uckeriana”: − → n · −−→ P
0X = 0 para o plano π incidente a P
0que admite vetor normal − → n = (A, B, C). Em coordenadas, tal equa¸c˜ao ´e
0 = (A, B, C ) · (x − x
0, y − y
0, z − z
0), a qual equivale `a equa¸c˜ao carte- siana (abaixo) Ax +By + Cz +D = 0, onde D = − (A x
0+B y
0+C z
0);
Geral ou cartesiana: Ax + By + Cz + d = 0, onde A, B, C, D ∈ R s˜ao tais que (A, B, C) 6 = (0, 0, 0), ou seja, A, B e C n˜ao s˜ao simultaneamente nulos, para o plano que admite − → n = (A, B, C) como vetor normal e ´e a superf´ıcie de n´ıvel para a fun¸c˜ao real ϕ(x, y, z) = ϕ(X) = − → n · −→ OP = Ax + By + Cz com n´ıvel igual a − D.
Obs. De uma equa¸c˜ao cartesiana do plano, todas as equa¸c˜oes cartesianas do mesmo plano se obtˆem multiplicando-se os lados da equa¸c˜ao cartesiana dada por um n´ umero real n˜ao-nulo.
Obs. Planos π
1: Ax +By +Cz+D
1= 0 e π
2: Ax +By +Cz +D
2= 0, com mesmo vetor normal, s˜ao necessariamente, coincidentes (“paralelos iguais”) ou paralelos (“paralelos distintos”), e a distˆancia entre eles ´e dada por
dist(π
1, π
2) = | D
1− D
2|
||− → n || = | D
1− D
2|
√ A
2+ B
2+ C
2Obs. Se um plano ´e dado por uma equa¸c˜ao vetorial π : X = P
0+ s − → v + t − → w , onde s, t ∈ R , ent˜ao uma equa¸c˜ao geral dele ´e: π : h −−→ P
0X, − → v , − → w i
= 0.
5. Posi¸c˜ oes relativas, distˆ ancias, interse¸c˜ oes, ˆ angulos e proje¸c˜ oes no espa¸co euclidiano
A distˆ ancia (distˆancia euclidiana) dist(P, Q) = dist(Q, P ) entre os pontos P e Q ´e dada por:
dist(P, Q) = q
(x
p− x
Q)
2+ (y
p− y
Q)
2no plano euclidiano; e dist(P, Q) = q
(x
p− x
Q)
2+ (y
p− y
Q)
2+ (z
p− z
Q)
2no espa¸co euclidiano.
J´a a distˆ ancia (distˆancia de Hausdorff) dist( P , Q ) entre os objetos ge-
om´etricos P e Q minimiza todas as distˆancias dist(P, Q) entre um ponto P
de P e um ponto Q de Q , varrendo-se todos os pontos daqueles objetos ge-
om´etricos. Dizemos que um ponto P
′de P e um ponto Q
′de Q realizam
a distˆancia dist( P , Q ) se, e somente se, dist( P , Q ) = dist(P
′, Q
′). Observe- mos que, se P e Q se interceptam, ent˜ao, gra¸cas a qualquer dos pontos em comum, dist( P , Q ) = 0.
5.1. Ponto e reta
Dados um ponto P e uma reta r no espa¸co, P est´a sobre r (isto ´e, r incide a P ) se, e somente se, P satisfaz a equa¸c˜ao de r que for dada.
Se r passa pelo ponto P
0e admite o vetor diretor − → v , ent˜ao, utilizando proje¸c˜ao ortogonal do vetor −−→ P
0P sobre a dire¸c˜ao de − → v , obtemos:
dist(P, r) = −−→ P
0P − proj
−→v−−→ P
0P
O ponto R de r que realiza a distˆancia dist(P, r) (ou seja, dist(P, r) = dist(P, R)) ´e a proje¸c˜ ao ortogonal de P sobre r, dada por:
R = P
0+ proj
−→v−−→ P
0P 5.2. Ponto e plano
Dados um ponto P e um plano π no espa¸co, P est´a sobre π (isto ´e, π incide a P ) se, e somente se, P satisfaz a equa¸c˜ao de π que for dada.
Se π : Ax + By + Cz + D = 0, ent˜ao, utilizando a fun¸c˜ao ϕ(x, y, z) = Ax + By + Cz, dos n´ıveis − D do plano π e A x
P+ B y
P+ C z
Pde P (que ´e o n´ıvel do plano “paralelo” a π que passa por P – cf. Subse¸c˜ao 5.3.), obtemos:
dist(P, π) = | A x
P+ B y
P+ C z
P− ( − D) |
|| (A, B, C) || = | A x
P√ + B y
P+ C z
P+ D | A
2+ B
2+ C
2O ponto H de π que realiza a distˆancia dist(P, π) (ou seja, dist(P, π) =
dist(P, H )) ´e a proje¸c˜ ao ortogonal de P sobre π, que ´e o ponto em que
a reta r perpendicular a π passando por P intercepta o plano π (vide reta
transversal a plano na Subse¸c˜ao 5.6.). Ora, r admite, como vetor diretor seu,
o vetor − → n = (A, B, C), que ´e normal a π. Logo: r : X = P +t − → n , onde t ∈ R ,
ou seja, r : (x, y, z) = (x
P+ At, y
P+ Bt, z
P+ Ct), t ∈ R . O valor t
Hde t cor-
respondente a H fornece H (x
H, y
H, z
H) = (x
P+ A t
H, y
P+ B t
H, z
P+ C t
H)
e ´e, portanto, aquele que satisfaz a equa¸c˜ao de π:
0 = A (x
P+ A t
H) + (y
P+ B t
H) + (z
P+ C t
H) + D =
A x
P+B y
P+C z
P+D +(A
2+ B
2+ C
2) t
H∴ t
H= A x
P+ B y
P+ C z
P+ D
−|| (A, B, C) ||
2Combinando esta informa¸c˜ao com dist(P, π) e H = P +t
H− → n , obtemos que H
´e a transla¸c˜ao de P pela distˆancia dist(P, π) na dire¸c˜ao normal a π seguindo o sentido oposto ao de − → n :
H = P − dist(P, π) − → n − → n
5.3. Dois planos
Dados os planos π : Ax + By + Cz + D = 0 e π
′: A
′x + B
′y + C
′z + D
′= 0 planos no espa¸co, o vetor − → n = (A, B, C) ´e normal a π, e − →
n
′= (A
′, B
′, C
′)
´e normal a π
′. Ambos os vetores n˜ao s˜ao nulos. Distinguimos as posi¸c˜oes relativas:
1. π e π
′s˜ao coincidentes (“paralelos iguais”) se, e somente se, os vetores normais s˜ao paralelos (ou seja, − → n = k − →
n
′para algum escalar k 6 = 0), e D = k D
′para aquele mesmo escalar k. Neste caso, a interse¸c˜ao deles
´e igual a π (e π
′), dist(π, π
′) = 0, e o ˆangulo entre eles ´e nulo;
2. π e π
′s˜ao paralelos (“paralelos distintos”) se, e somente se, os vetores normais s˜ao paralelos (ou seja, − → n = k − →
n
′para algum escalar k 6 = 0), mas D 6 = k D
′. Neste caso, a interse¸c˜ao deles ´e vazia, e o ˆangulo entre eles ´e nulo. Descrevendo ambos os planos com o mesmo vetor normal
−
→ n , de modo que π
′: Ax + By + Cz + k D
′= 0, obtemos:
dist(π, π
′) = | D − k D
′|
|| (A, B, C) ||
3. π e π
′s˜ao transversais (ou concorrentes) se, e somente se, os vetores
−
→ n e − →
n
′n˜ao s˜ao paralelos (ou seja, − → n n˜ao ´e m´ ultiplo de − →
n
′). Neste caso, a interse¸c˜ao deles ´e uma reta, a qual admite vetor diretor − → n ∧ − →
n
′. Tal
reta pode ser descrita por meio de uma equa¸c˜ao vetorial ao se resolver o
sistema de duas equa¸c˜oes Ax+By +Cz +D = 0 = A
′x +B
′y +C
′z +D
′,
o qual possui um grau de liberdade (correspondendo a um parˆametro
real t). Enquanto dist(π, π
′) = 0, o ˆangulo θ
Π,Π′entre eles ´e o menor dentre os ˆangulos θ
−→n,−→n′entre − → n e − →
n
′e seu suplemento
4, sendo este suplemento igual ao ˆangulo θ
−→n,−−→n′entre − → n e − − →
n
′. Em suma, tomando o m´odulo, obtemos:
θ
Π,Π′= arccos
− → n · − →
n
′||− → n ||
− →
n
′
5.4. Trˆ es planos
Analisamos a posi¸c˜ao relativa e a interse¸c˜ao (simultˆanea) entre trˆes planos no espa¸co, obtendo 8 casos distintos, interpretados por meio dos vetores normais aos planos e os respectivos n´ıveis destes planos como superf´ıcies de n´ıvel:
1. Trˆes planos coincidentes (“paralelos iguais”). A interse¸c˜ao deles ´e igual a eles;
2. Dois planos coincidentes (“paralelos iguais”) e um paralelo a eles (“pa- ralelo distinto” deles). A interse¸c˜ao deles ´e vazia;
3. Dois planos coincidentes (“paralelos iguais”) e um transversal a eles. A interse¸c˜ao deles ´e uma reta;
4. Trˆes planos que s˜ao dois a dois paralelos (“paralelos distintos”). A interse¸c˜ao deles ´e vazia;
5. Dois planos paralelos (“paralelos distintos”) e um transversal a eles.
A interse¸c˜ao deles ´e vazia (O plano transversal intercepta cada plano paralelo numa reta, sendo as duas “paralelas distintas”);
6. Trˆes planos que s˜ao dois a dois transversais e cuja interse¸c˜ao ´e uma reta (Os trˆes vetores normais s˜ao L.D., mas nenhum deles ´e paralelo a outro deles; os n´ıveis concordam ao longo dos pontos da reta);
7. Trˆes planos que s˜ao dois a dois transversais e cuja interse¸c˜ao ´e vazia (Os trˆes vetores normais s˜ao L.D., mas nenhum deles ´e paralelo a ou- tro deles; os n´ıveis dos trˆes n˜ao concordam; de dois em dois, eles se interceptam em uma reta, mas as trˆes retas obtidas s˜ao duas a duas
“paralelas distintas”); e
4Osuplementode um ˆanguloθ ´e igual aπ−θ.
8. Trˆes planos que s˜ao dois a dois transversais e cuja interse¸c˜ao ´e um ´ unico ponto (Os trˆes vetores normais s˜ao L.I.).
5.5. Duas retas
Dadas as retas r : P = P
0+ t − → v (para t ∈ R ) e r
′: P = P
1+ s − → w (para s ∈ R ) no espa¸co, o vetor − → v ´e diretor para r, e − → w ´e diretor para r
′. Ambos os vetores n˜ao s˜ao nulos. O ˆangulo θ
r,r′entre elas ´e o menor dentre os ˆangulos θ
−→v,−→w
entre − → v e − → w e seu suplemento, sendo este suplemento igual ao ˆangulo θ
−→v,−−→w
entre − → v e −− → w . Em suma, tomando o m´odulo, obtemos:
θ
r,r′= arccos
− → v · − → w
||− → v || − → w
!
Distinguimos as quatro posi¸c˜oes relativas entre duas retas no espa¸co abaixo, sendo as trˆes primeiras os casos em que as retas s˜ao coplanares, isto ´e, existe ao menos um plano que as cont´em (exceto no caso de retas coincidentes, o plano ´e ´ unico):
1. r e r
′s˜ao coincidentes (“paralelas iguais”) se, e somente se, − → v e −−→ P
0P
1s˜ao m´ ultiplos de − → w (observar que −−→ P
0P
1pode ser nulo). Neste caso, a interse¸c˜ao entre elas ´e r, e o ˆangulo e a distˆancia entre elas s˜ao nulos;
2. r e r
′s˜ao paralelas (“paralelas distintas”) se, e somente se, − → v ´e m´ ulti- plo de − → w mas −−→ P
0P
1n˜ao o ´e. Neste caso, a interse¸c˜ao entre elas ´e vazio, o ˆangulo entre elas ´e nulo, e dist(r, r
′) = dist(P
0, r
′) = dist(P
1, r) (cf.
A Subse¸c˜ao 5.1.);
3. r e r
′s˜ao concorrentes se, e somente se, − → v n˜ao ´e m´ ultiplo de − → w e
−−→ P
0P
1´e C.L. de − → v e − → w . Tais condi¸c˜oes equivalem a: − → v n˜ao ´e m´ ultiplo de − → w mas h − → v , − → w, −−→
P
0P
1i
= 0. Neste caso, a interse¸c˜ao entre elas consiste de um ´ unico ponto, a distˆancia entre elas ´e nula, mas o ˆangulo entre elas ´e ou agudo ou reto;
4. r e r
′s˜ao reversas (ou seja, nenhum plano cont´em ambas) se, e somente se, − → v , − → w e −−→ P
0P
1s˜ao linearmente independentes, o que, por sua vez, equivale a h
−
→ v , − → w, −−→
P
0P
1i
6
= 0. Neste caso, a interse¸c˜ao entre elas ´e
vazia, o ˆangulo entre elas ´e ou agudo ou reto, e a distˆancia entre elas
pode ser calculada como a distˆancia entre os planos paralelos a − → v e − → w que passam, respectivamente, por P
0e P
1: sendo (A, B, C) = − → v ∧ − → w vetor normal `aqueles planos paralelos, temos que:
dist(r, r
′) = h
−
→ v , − → w, −−→
P
0P
1i
− → v ∧ − → w
5.6. Reta e plano
A proje¸c˜ ao ortogonal de uma reta r sobre um plano π ´e a reta que con- siste das proje¸c˜oes ortogonais dos pontos de r sobre π (cf. Subse¸c˜ao 5.2.).
O ˆ angulo entre r e π ´e o ˆangulo entre r e sua proje¸c˜ao ortogonal sobre π (Sobre ˆangulo entre retas, vide a Subse¸c˜ao 5.5.), que ´e o complemento
5do ˆangulo entre r e qualquer reta normal a π.
Dados o plano π : Ax + By + Cz + D = 0 e a reta r : P = P
0+ t − → v (para t ∈ R ) no espa¸co, temos que − → v ´e vetor diretor para r, e − → n = (A, B, C)
´e vetor normal a π. Ambos os vetores n˜ao s˜ao nulos. Denotemos P
0por P
0(x
0, y
0, z
0).
Distinguimos as posi¸c˜oes relativas:
1. r est´a contida em π se, e somente se, − → v ´e paralelo a π (ou seja,
−
→ n ·− → v = 0) e P
0est´a sobre π (ou seja, A x
0+B y
0+C z
0+D = 0), Neste caso, a interse¸c˜ao entre eles ´e r, o ˆangulo entre eles ´e nulo, dist(r, π) = 0, e a reta ´e sua pr´opria proje¸c˜ao ortogonal;
2. r ´e paralela a π se, e somente se, − → v ´e paralelo a π (ou seja, − → n ·− → v = 0) mas P
0n˜ao est´a sobre π (ou seja, Ax
0+By
0+Cz
0+D 6 = 0). Neste caso, a interse¸c˜ao entre eles ´e vazia, o ˆangulo entre eles ´e nulo, e a proje¸c˜ao ortogonal de r sobre π ´e a reta paralela a r que passa pela proje¸c˜ao ortogonal H de P
0sobre π, ou seja, a reta r
′: X = H + λ − → v , onde λ ∈ R . A distˆancia entre r e π ´e a mesma entre Π e o plano paralelo a Π que cont´em r (e que, em particular, cont´em P
0). Logo:
dist(r, π) = dist(P
0, π) = | A x
0+ B y
0+ C z
0+ D |
√ A
2+ B
2+ C
2;
5Ocomplemento de um ˆangulo θ´e igual a π2 −θ. As fun¸c˜oes cosseno, cotangente e cossecante deθnada mais s˜ao que as fun¸c˜oes seno, tangente e secante do complemento de θ, respectivamente.
3. r ´e transversal a π se, e somente se, − → v n˜ao ´e paralelo a π (ou seja,
−
→ n · − → v 6 = 0). Neste caso, dist(r, π) = 0, pois a interse¸c˜ao entre eles consiste de um ´ unico ponto P , o qual ´e o ponto P = X(t
P) = P
0+ t
P− → v da reta determinado pelo ´ unico valor de t
Ppara o qual X(t
P) satisfaz a equa¸c˜ao do plano, ou seja:
A(x
0+ t
Pv
x) + B(y
0+ t
Pv
y) + C(z
0+ t
Pv
z) + D = 0 ∴
0 = Ax
0+ By
0+ Cz
0+ D + t
P− → n · − → v ∴ t
P= − Ax
0+ By
0+ Cz
0+ D
−
→ n · − → v
O ˆangulo θ
r,πentre r e π ´e o complemento do ˆangulo entre r e qualquer reta normal a π, de modo que o cosseno deste complemento ´e o seno de θ
r,π. Assim:
θ
r,π= arcsen
− → v · − → n
||− → v || ||− → n ||
!
6. A circunferˆ encia
6.1. Equa¸c˜ oes da circunferˆ encia
A circunferˆ encia de raio r > 0 e centro C (x
0, y
0) ´e o L.G.
6dos pontos X (x, y) que distam r de C, ou seja, dados pela equa¸c˜ao abaixo:
dist(X, C) = r.
Elevando ao quadrado ambos os lados da equa¸c˜ao em coordenadas, temos a equa¸c˜ao reduzida ou cartesiana da circunferˆencia, que equivale `a anterior porque distˆancias n˜ao s˜ao negativas (ou seja, tomamos a raiz principal de ambos os lados):
(x − x
0)
2+ (y − y
0)
2= r
2.
Utilizando o ciclo trigonom´etrico e mudan¸ca de escala pelo raio r, obtemos equa¸c˜ oes param´ etricas para a circunferˆencia:
x(θ) = r · cos (θ), y(θ) = r · sen (θ),
6O lugar geom´etrico (L.G.)dos pontos que satisfazem uma ou mais condi¸c˜oes dadas
´e o objeto geom´etrico que consiste exatamente daqueles pontos. Este conceito ´e o an´alogo geom´etrico ao conceito alg´ebrico de conjunto-solu¸c˜ao.
onde o parˆametro θ admite v´arias escolhas de dom´ınio. Ex.: θ ∈ [0, 2π); ou, se n˜ao nos importarmos com repeti¸c˜oes de pontos `a medida que o valor do parˆametro cresce, θ ∈ R .
6.2. Posi¸c˜ ao relativa e distˆ ancia entre reta e circunferˆ encia
Dadas uma reta s e a circunferˆencia O de centro C e raio r > 0 no plano, obtivemos as seguintes posi¸c˜oes relativas com base no raio e na distˆancia entre o ponto C e a reta s:
1. s ´e secante a O quando elas se interceptam em dois pontos distintos.
Portanto, a distˆancia entre elas ´e nula. Neste caso, dist(C, s) < r;
2. s ´e tangente a O quando elas se interceptam em um ´ unico ponto P (dito ponto de tangˆ encia entre elas). Portanto, a distˆancia entre elas ´e nula. Neste caso, dist(C, s) = r, e uma equa¸c˜ao vetorial para os pontos X sobre s ´e dada por s : X = P + t − → v , onde t ∈ R , e
−
→ v ⊥ −→ CP . De fato, podemos mostrar que −→ CP = (A, B) normal a s, e escolher − → v = (B, − A), por exemplo. J´a a reta n : X = P + λ −→ CP , onde λ ∈ R , ´e normal a s. Dizemos que ela tamb´em ´e a reta normal a O no ponto P ;
3. s ´e exterior a O quando elas n˜ao se interceptam. Neste caso, temos que dist(C, s) > r. A distˆancia entre a reta e a circunferˆencia ´e dada por dist( O , s) = dist(C, s) − r. A reta perpendicular a s por C intercepta O e s nos ´ unicos pontos que realizam a distˆancia dist( O , s) entre elas.
6.3. Posi¸c˜ ao relativa e distˆ ancia entre duas circunferˆ encias
Sejam as circunferˆencias O de centro C e raio r > 0, e Q de centro Q e raio R ≥ r no plano. Obtivemos as seguintes posi¸c˜oes relativas entre O e Q com base nos raios e na distˆancia entre os centros:
1. O e Q s˜ao coincidentes quando seus centros coincidem (C = Q, isto
´e, 0 = dist(C, Q)) e seus raios tamb´em (r = R, isto ´e, 0 = R − r).
Sendo a mesma curva, a distˆancia entre elas ´e nula: dist( O , Q ) = 0 =
R − r − dist(C, Q);
2. O e Q s˜ao concˆ entricas quando seus centros coincidem (C = Q, isto
´e, 0 = dist(C, Q)) mas r < R, isto ´e, 0 < R − r. Pela defini¸c˜ao de cir- cunferˆencia (como L.G.), elas n˜ao se interceptam. De fato, Neste caso, 0 < dist( O , Q ) = R − r = R − r − dist(C, Q), e qualquer semirreta com origem em C intercepta ambas as circunferˆencias em pontos que reali- zam a distˆancia entre elas. O se encontra no disco aberto delimitado por Q , regi˜ao esta que ´e dita o interior de Q ;
3. O ´e interior (n˜ao-concˆentrica) a Q quando seus centros diferem (C 6 = Q, isto ´e, 0 < dist(C, Q)) e dist(C, Q) < R − r. Tamb´em neste caso, O se encontra no interior de Q . Temos a distˆancia 0 < dist( O , Q ) = R − r − dist(C, Q) entre as circunferˆencias, e a semirreta com origem em Q que passa por C intercepta ambas as circunferˆencias em pontos que realizam a distˆancia entre elas;
4. O tangencia Q interiormente quando seus centros diferem (C 6 = Q, isto ´e, 0 < dist(C, Q)) e dist(C, Q) = R − r. A semirreta com origem em Q que passa por C intercepta ambas as circunferˆencias no ´ unico ponto comum a elas (ponto de tangˆ encia, que tamb´em ´e ponto de tangˆencia para a ´ unica reta tangente comum a O e Q . Portanto, dist( O , Q ) = 0 = R − r − dist(C, Q);
5. O e Q s˜ao secantes quando seus centros diferem (C 6 = Q, isto ´e, 0 < dist(C, Q)) e R − r < dist(C, Q) < R + r. Elas se interceptam em exatamente dois pontos distintos, sim´etricos com rela¸c˜ao `a reta ←→ CQ.
Portanto, dist( O , Q ) = 0;
6. O tangencia Q exteriormente quando dist(C, Q) = R+r. Logo, seus centros diferem (C 6 = Q, isto ´e, 0 < dist(C, Q)). A reta ←→ CQ intercepta ambas as circunferˆencias no ´ unico ponto comum a elas (ponto de tan- gˆ encia, que tamb´em ´e ponto de tangˆencia para a ´ unica reta tangente comum a O e Q . Portanto, dist( O , Q ) = 0 = dist(C, Q) − (R + r);
7. O ´e exterior a Q quando dist(C, Q) > R + r. Logo, seus centros dife-
rem (C 6 = Q, isto ´e, 0 < dist(C, Q)) e, pela defini¸c˜ao de circunferˆencia
(como L.G.), elas n˜ao se interceptam. Neste caso, 0 < dist( O , Q ) =
dist(C, Q) − (R + r).
Podemos verificar que, de uma maneira geral, dist( O , Q ) ´e o maior dentre trˆes n´ umeros:
dist( O , Q ) = max { 0, (R − r) − dist(C, Q), dist(C, Q) − (R + r) } .
7. Outras curvas cˆ onicas n˜ ao-degeneradas
7.1. Equa¸c˜ oes e dados para elipses e hip´ erboles
Recordar que, para elipses e hip´erboles, dados dois pontos distintos F
1e F
2(focos) no plano, o segmento de reta F
1F
2´e dito eixo focal. Seja o n´ umero c =
12dist(F
1, F
2) > 0. O n´ umero 2c ´e dito distˆ ancia focal. Com isto:
Equa¸c˜ ao bifocal: Dado um n´ umero real a > c, a elipse E determinada pelos dados (F
1, F
2, a) ´e o L.G. dos pontos X no plano tais que:
E : dist(X, F
1) + dist(X, F
2) = 2a.
Dado um n´ umero real a tal que 0 < a < c, a hip´ erbole H determinada pelos dados (F
1, F
2, a) ´e o L.G. dos pontos P no plano tais que:
H : | dist(P, F
1) − dist(P, F
2) | = 2a.
Ambas as equa¸c˜oes podem ser expressas em coordenadas cartesianas;
Equa¸c˜ ao reduzida ou cartesiana:
7Com os mesmos dados (F
1, F
2, a), consideremos o sistema de coordenadas cartesianas Oxy determinado por: a origem O coincide com o centro C da curva, que ´e o ponto m´edio do segmento de reta F
1F
2; o eixo Ox ´e a reta ←−→ F
1F
2orientada no sentido do vetor −−→ F
1F
2, e o sistema est´a orientado positivamente
8. Com isto, C(0, 0), F
1( − c, 0), e F
2(c, 0). Os pontos X(x, y) sobre a elipse E satisfazem, para b = √
a
2− c
2> 0:
E : x
2a
2+ y
2b
2= 1.
Os pontos X(x, y) sobre a hip´erbole Hsatisfazem, para b=√
c2−a2>0:
H : x
2a
2− y
2b
2= 1;
7Aplicamos o nome “equa¸c˜ao cartesiana” `as equa¸c˜oes gerais para retas e planos, e `a equa¸c˜ao reduzida para curvas cˆonicas.
8Uma rota¸c˜ao no sentido sinistr´ogiro (anti-hor´ario) por um ˆangulo reto leva o eixo (orientado)Oxno eixo (orientado)Oy.
(Sistema de) equa¸c˜ oes param´ etricas: Consideremos os mesmos dados acima (F
1, F
2, a) e o sistema de coordenadas acima.
A elipse admite a parametriza¸c˜ao abaixo x(θ) = a · cos (θ),
y(θ) = b · sen (θ),
onde o parˆametro θ admite v´arias escolhas de dom´ınio. Ex.: θ ∈ [0, 2π);
ou, se n˜ao nos importarmos com repeti¸c˜oes de pontos `a medida que o valor do parˆametro cresce, θ ∈ R . Tal parametriza¸c˜ao ´e devida a
x(θ) a
2+
y(θ) b
2= (cos (θ))
2+ (sen (θ))
2= 1.
Uma das parametriza¸c˜oes consagradas da hip´erbole ´e:
x(θ) = a · sec (θ), y(θ) = b · tg (θ),
onde o parˆametro θ admite v´arias escolhas de dom´ınio. Ex.:
θ ∈
− π 2 , 3π
2
\ n π 2
o =
− π 2 , π
2 ∪
π 2 , 3π
2
; ou θ ∈ ( − π, π] \ n
± π 2
o =
− π, − π 2
∪
− π 2 , π
2
∪ π 2 , π i
. Os pontos retirados permitem que se passe de um ramo da hip´erbole ao outro.
Esta parametriza¸c˜ao ´e devida a:
x(θ) a
2−
y(θ) b
2= (sec (θ))
2− (tg (θ))
2= 1.
Outras parametriza¸c˜oes consagradas envolvem as fun¸c˜oes abaixo. Dado um n´ umero real B > 1 para servir de base para fun¸c˜oes exponenciais:
f
B: R −→ R
t 7−→ f
B(t) = B
t+ B
−t2
g
B: R −→ R
t 7−→ g
B(t) = B
t− B
−t2 Estas fun¸c˜oes foram, aqui, denotadas arbitrariamente. No entanto, quando B = e (o n´ umero de Euler), elas s˜ao denominadas cosseno e seno hiperb´ olicos, e denotadas por cosh (t) e senh (t), respectiva- mente
9. Tais fun¸c˜oes s˜ao cont´ınuas e tˆem imagens Im(f
B) = [1, + ∞ )
9Uma curiosidade ´util em C´alculo 4 ´e: cosh′(t) = senh (t) (sem troca de sinal), e senh′(t) = cosh (t), de modo que cada uma destas fun¸c˜oes ´e sua pr´opria segunda derivada.
e Im(g
B) = R . As restri¸c˜oes de ambas as fun¸c˜oes ao intervalo real [0, + ∞ ) s˜ao estritamente crescentes. Elas verificam as propriedades abaixo:
1. f
B´e uma fun¸c˜ao par;
2. g
B´e uma fun¸c˜ao ´ımpar; e
3. Para todo n´ umero real t, tem-se que (f
B(t))
2− (g
B(t))
2= 1.
Com isto, temos as seguintes parametriza¸c˜oes da hip´erbole H , onde os sinais + e − de x(t) correspondem, respectivamente, aos ramos dos lados direito e esquerdo de H :
x(t) = ± a · f
B(t),
y(t) = b · g
B(t), t ∈ R . Em particular:
x(t) a
2− y(t)
b
2= (cosh (t))
2− (senh (t))
2= 1.
Associados a ambas as curvas, temos os seguintes dados:
• A excentricidade
10e = c/a (0 < e < 1 para E , e e > 1 para H ). A forma da curva cˆonica ´e determinada por e: duas curvas cˆonicas s˜ao figuras geom´etricas semelhantes se, e somente se, possuem mesma excentricidade;
• As retas diretrizes
11, dadas, respectivamente, por d
1: x = a/e e d
2: x = a/e (verticais). Observemos que, para elipses e hip´erboles, a/e = a
2/c;
• O parˆ ametro focal p = dist(F
1, d
1) = dist(F
2, d
2) = b
2/c;
10Em geral, a excentricidade ´e uma medida decrelativa ao parˆametroa. J´actamb´em ´e chamado de excentricidade linear. Uma circunferˆencia satisfaz a defini¸c˜ao “bifocal” coma igual ao raio eF1=C=F2, ou seja, os focos coincidem com o centro. Disto,c= 0∴e= 0 para circunferˆencias. Tamb´em temos e = 1 para as par´abolas. Em particular, todas as circunferˆencias s˜ao semelhantes umas `as outras, e todas as par´abolas s˜ao semelhantes umas
`as outras.
11Vide a defini¸c˜ao unificada de curvas cˆonicas por foco e diretriz na Subse¸c˜ao 7.3..
• Os v´ ertices A
1( − a, 0), A
2(a, 0), B
1( − b, 0), e B
2(b, 0). Todos eles est˜ao sobre as curvas, exceto B
1e B
2no caso da hip´erbole;
• Os v´ertices fornecem os segmentos de reta ditos eixo maior A
1A
2e eixo menor B
1B
2, cujos comprimentos s˜ao 2a e 2b, respectivamente.
Tais n´ umeros tamb´em chamados de eixos maior e menor. Da´ı, a e b serem denominados semieixos maior e menor, respectivamente.
Agora, muito cuidado: No caso da elipse, a > b mas, no caso da hi- p´erbole, a pode ser maior que, igual a, ou menor que b. Por isto, h´a os nomes alternativos eixo real ou transverso para A
1A
2, e eixo imagin´ ario ou conjugado para B
1B
2no caso da hip´ erbole;
• No caso da elipse, a curva passa pelos quatro v´ertices e est´a na interse-
¸c˜ao de duas regi˜oes: o retˆ angulo fundamental da elipse, dada por
− a ≤ x ≤ a; − b ≤ y ≤ b; e a coroa fundamental da elipse, que ´e a regi˜ao fechada delimitada pelas circunferˆencias concˆentricas de raios a e b e centro na origem (centro da elipse); e
• No caso da hip´erbole, tamb´em temos as retas ass´ıntotas, dadas por y = b x/a e y = − b x/a, respectivamente. Elas s˜ao as retas-suporte das diagonais da regi˜ao denominada retˆ angulo fundamental da hi- p´ erbole: − a ≤ x ≤ a; − b ≤ y ≤ b.
Se tivermos a elipse e a hip´erbole rotacionadas por um ˆangulo de π/2 radianos em torno da origem, todas as descri¸c˜oes acimas ficam com x e y trocados. Em particular, a reta focal passa a ser o eixo Oy. As equa¸c˜oes reduzidas ficam modificadas da seguinte maneira:
• Para a elipse, a equa¸c˜ao se distingue com o n´ umero a
2(maior) no deno- minador correspondente ao y
2, e o n´ umero b
2(menor) no denominador correspondente ao x
2:
y
2a
2+ x
2b
2= 1;
• Para a hip´erbole, que pode ter a maior que, igual a, ou menor que b, a equa¸c˜ao se distingue com o sinal de menos defronte x
2:
y
2a
2− x
2b
2= 1.
7.2. Equa¸c˜ oes da par´ abola
Dados um ponto F (foco) e uma reta d (diretriz) no plano, a par´ abola P determinada pelos dados (F, d) ´e o L.G. dos pontos X no plano tais que:
dist(X, F ) = dist(X, d). O v´ ertice V de P ´e o ponto m´edio do segmento cujas extremidades s˜ao F e a proje¸c˜ao de F sobre d. O parˆ ametro da pa- r´ abola
12p de P ´e p = dist(F, V ).
Aten¸c˜ ao: Neste texto e nas listas de exemplos e exerc´ıcios, chamaremos de parˆ ametro focal de P a distˆancia dist(F, d) = 2p.
Atribu´ımos excentricidade e = 1 `as par´abolas, correspondendo `a defi- ni¸c˜ao por foco e diretriz na Subse¸c˜ao 7.3. e ao fato de que todas as par´abolas s˜ao figuras semelhantes umas `as outras (possuem a mesma forma).
Consideremos o sistema de coordenadas cartesianas Oxy determinado por: a origem O coincide com o v´ertice V da par´abola P ; o eixo Ox ´e a reta ←→ F V , perpendicular a d, orientado de V para o foco F (p, 0); e o eixo orientado Oy ´e obtido por uma rota¸c˜ao de Ox por π/2 radianos no sentido sinistr´ogiro (anti-hor´ario). Com isto, a diretriz tem equa¸c˜ao d : x = − p, P passa por V tendo F na regi˜ao em que P ´e cˆoncava, e admite as equa¸c˜oes abaixo para seus pontos X(x, y):
Equa¸c˜ ao reduzida ou cartesiana: P : 4p x = y
2;
(Sistema de) equa¸c˜ oes param´ etricas: Com a pr´opria ordenada y como parˆametro, obtemos a seguinte parametriza¸c˜ao para a par´abola P :
x(t) = t
24p ,
y(t) = t, t ∈ R .
Estudamos a par´abola em outras posi¸c˜oes com rela¸c˜ao `a descri¸c˜ao acima:
1. Refletindo o foco, a diretriz e a par´abola com rela¸c˜ao ao eixo Oy:
y
2= − 4p x;
12Diversos autores usam a nota¸c˜aoapara dist(F, V), e a nota¸c˜aop= 2apara dist(F, V), de modo quepdenota parˆametro focal para todas as cˆonicas. Tais autores costumam usar o nome “parˆametro da par´abola” para se referir ap, e n˜ao aa.