ANAIS
RELAÇÃO ENTRE PERFORMANCE E ECO-INOVAÇÕES NA INDÚSTRIA TÊXTIL BRASILEIRA
MARCUS VINICIUS DE OLIVEIRA BRASIL ( mvobrasil@gmail.com , mvobrasil@ufc.br ) UFC - Universidade Federal do Ceará
JOSÉ CARLOS LÁZARO DA SILVA FILHO ( lazaro.ufc@gmail.com ) UFC - Universidade Federal do Ceará
AURIO LUCIO LEOCADIO ( aurio@ufc.br , aurioleocadio42@gmail.com ) UFC - Universidade Federal do Ceará
RESUMO:
O trabalho apresenta a relação entre performance e eco-inovações na indústria têxtil brasileira, tendo por base o modelo de Cheng, Yang, Sheu (2014), que analisa os efeitos de três tipos de eco-inovações (eco-processo, eco-produto, e eco-organizacional) na performance da indústria.
A pesquisa ao setor têxtil foi realizada em 70 empresas associadas à Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções (ABIT). O modelo demonstrou que não existe uma relação direta entre as inovações de eco-processos e a sua performance, mas que as inovações de eco- produtos e eco-organizacionais afetam a performance daquelas empresas. E, ainda, existem relações significativas entre as eco-inovações.
Palavras-chave: Inovação Sustentável, Eco-inovação, Performance Industrial, Indústria Têxtil, ABIT.
1 INTRODUÇÃO
O setor têxtil nacional tem se comprometido com o meio ambiente, na adoção de medidas que preservem a natureza, não tão-somente relacionadas à pressão regulatória, mas devido as inovações ambientais, que confrontam problemas típicos desse tipo de indústria que afetam a sua performance como a escassez de água, sistemas de tratamento de efluentes e o uso de materiais ecológicos (ABREU, SANTOS, RADOS; 2008; ABREU et al, 2008;
ABREU et al., 2010).
Quanto ao potencial inovador, no caso específico da indústria têxtil e do setor de vestuário, devido a presença de mais recursos tecnológicos na primeira é possível afirmar que o setor têxtil é mais inovador, principalmente devido a incursão da engenharia mecânica e do uso de tecnologias computacionais (ADLER, 2004).
A organização eco-inovadora adota ou explora um produto, processo de produção, serviço, gestão, ou método de negócio que reduz consideravelmente o risco ambiental. Esse tipo de inovação pode ser inédito ou não, contanto, que para a organização seja algo novo.
São exemplos de eco-inovação ou inovação ecológica: tecnologias de energia renováveis, sistemas de prevenção da poluição, agricultura orgânica, produtos financeiros denominados
“verdes” (KEMP; PEARSON, 2008; ARUNDEL; KEMP, 2009).
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Neste contexto surgiu a questão de pesquisa: como se dá o relacionamento entre a inovação eco-organizacional, a inovação de eco-produto, a inovação de eco-processo, e a performance da indústria têxtil no Brasil?
Assim, o objetivo geral desta pesquisa é identificar na Indústria Têxtil brasileira relações entre a performance das empresas têxteis com o seu uso de diferentes tipos de eco- inovações conforme proposto pelo modelo de eco-inovação e performance de Cheng e seus co-autores em dois trabalhos (CHENG, SHIU, 2012; CHENG, YANG, SHEU, 2014).
O modelo de Cheng, Yang, Sheu (2014) foi inspirado na Teoria Baseada em Recursos (BARNEY, 1991; COOK; BHAMRA; LEMON, 2006; BARNEY; HESTERLY, 2007) e investigou a relação entre as eco-inovações de processo, de produto e organizacionais e seu impacto na performance dos negócios. O modelo foi originalmente aplicado no contexto da indústria tailandesa. Tendo como objetivos específicos analisar os efeitos relativos e os efeitos de inter-relacionamento de três tipos de eco-inovações (eco-processo, eco-produto, e eco- organizacional) e estes com a performance da empresa.
A eco-inovação é fundamentada na novidade da mudança na organização desenvolvedora ou adotante, e pode ocorrer em seus processos, produtos (bens e serviços), tecnologias e métodos novos de gerenciamento, desde que contemplem a redução do risco ambiental, tais como, as práticas antipoluição e o uso de energias renováveis etc (KEMP, 2009). As indústrias voltadas para as práticas ecológicas estão envolvidas com eco-inovações (EKINS, 2010).
O tema é de suma importância para o surgimento e adequação de negócios sustentáveis com características diferenciadas no Brasil, já que o estudo das indústrias associadas à Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções (ABIT) verificaria como estão estruturadas essas ações inovadoras e sustentáveis.
2 INOVAÇÃO E SUSTENTABILIDADE
O marco regulatório e as pressões dos movimentos ambientalistas têm influenciado a atividade industrial, acabando por mudar as regras de competição e os padrões da indústria. A fabricação verde é um termo da década de 90, é definido como um sistema de abordagem integrada para redução e eliminação em todo o fluxo do processo produtivo de resíduos provenientes da fabricação de produtos e materiais, além de produzir mais utilizando menos recursos, diminunindo o consumo de energia e a poluição (SEZEN; ÇANKAYA, 2013).
Nesse sentido, as indústrias consideradas “verdes” têm a seu favor a opinião pública, pois os consumidores socioambientalmente responsáveis exigem produtos e processos inovadores, para tal é preciso estabelecer políticas econômicas ambientais (EKINS, 2010).
As oportunidades inovadoras e sustentáveis têm diferentes motivações, dentre elas: um real engajamento na causa ambiental e social; para atender as exigências legais e ainda como falhas de mercado. Neste último caso, a organização lucra com práticas sustentáveis (RAUFFLE; BRES; FILION, 2014).
O empreendedorismo está fortemente ligado à inovação, que acaba por gerar
crescimento econômico, criando novas organizações, melhorando produtos e processos já
existentes ou criando algo totalmente novo (SCHUMPETER, 1988). A atividade
empreendedora também é causadora de falhas de mercado que impactam diretamente no meio
ambiente e na qualidade de vida das pessoas, daí a importância da inovação sustentável,
também nomeada eco-inovação ou inovação ambiental. O termo eco-inovação surge na
confluência do empreendedorismo, da inovação e da sustentabilidade (RENNINGS, 2000).
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A eco-inovação é fonte de vantagem competitiva sustentável por meio de processos e produtos mais eco-eficientes, que acabam por promover uma melhor performance da organização. A inovação tecnológica de produto e de processo tem impacto significativo na performance da firma. Uma empresa que tem uma capacidade tecnológica diferenciada possui um conjunto de recursos organizacionais valiosos, raros e difíceis de serem imitados (ATALAY; ANAFARTA; SARVAN, 2013).
3 ECO-INOVAÇÕES
De acordo com Rennings (2000), a Teoria Co-Evolucionária é mais apropriada para analisar a eco-inovação nas organizações já que inclui todos os subsistemas (tecnológico, social, ecológico e institucional) dando a mesma importância para cada um deles e suas interações. É importante frisar que ambas as correntes da ecologia ambiental neoclássica e a co-evolucionária dialogam na perspectiva de solucionar o impasse da degradação ambiental, que tecnologias com viés estritamente econômico possam provocar, na medida em que resolvem as externalidades negativas provocadas por falhas de mercado.
Para a vertente da teoria co-evolucionária é importante que a inovação não aborde somente o aspecto econômico, mas contemple igualmente as dimensões ambientais, sociais e institucionais (RENNINGS, 2000; NELSON; NELSON, 2002).
A pesquisa de Horbach, Rammer e Rennings (2012) apontou como os principais determinantes da eco-inovação, os seguintes aspectos: fatores específicos da firma, regulação, mercado e tecnologia. Nesse sentido, aqueles fatores são chamados de capacidades verdes, e podem ser: mecanismos de transferências de conhecimento, envolvimento em redes de trabalho etc.
Rennings (2000) classifica quatro tipos de inovações orientadas para o desenvolvimento sustentável: a institucional, a social, a tecnológica (econômica) e a ambiental. A inovação institucional alavanca novas formas organizacionais e em geral combinam aspectos institucionais diferentes na formação de uma nova lógica de como ver as coisas, provocando mudanças quebrando estruturas resistivas (TRACEY, PHILLIPS; JARVIS, 2011). A inovação tecnológica derivada do conceito inicial de Schumpeter (1988) é definida institucionalmente como “a introdução no mercado de um produto (bem ou serviço) que seja novo ou substancialmente aprimorado pelo menos para a empresa, ou pela introdução na empresa de um processo que seja novo ou substancialmente aprimorado pelo menos para a empresa”. A inovação tecnológica inclui a parceria de universidades, programas de financiamento de governo, e a implantação de laboratórios de Pesquisa e Desenvolvimento nas indústrias (NELSON; NELSON, 2002).
Mas como promover tecnologias que não deixem de fora a questão ambiental e mesmo assim serem lucrativas? Conforme Rennings (2000) a eco-inovação pode ser puxada pelo mercado, a partir de uma demanda (market pull), ou lançada a partir da organização (technology push), mas é o marco regulatório estatal (regulatory push), que influencia a implementação das eco-inovações através das leis ambientais, já que em geral, essas externalidades ambientais (push/pull effect) quase sempre representam custos para os empresários, sendo este marco o principal inibidor da eco-inovação (RENNINGS, 2000).
Cheng e Shiu (2012) propuseram analisar implementação de eco-inovação por via das
dimensões organizacional, de processos e de produtos. As três vertentes de inovações
mencionadas trazem melhoramentos ou desenvolvem eco-produtos, eco-processos e eco-
organizações (CHENG; SHIU, 2012; SEZEN; ÇANKAYA, 2013). O modelo de Cheng,
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Yang, Sheu (2014) investigou a relação entre as eco-inovações de processo (implantações de eco-processos), de eco-produtos e a estruturação de eco-organizações e seu impacto na performance da empresa.
3.1 Inovações Eco-organizacionais
No processo de desenvolvimento de um novo produto ou processo deve ser levada em consideração a infraestrutura organizacional. Para tal, em geral, as corporações dependem dos departamentos de Pesquisa e Desenvolvimento, Marketing e Produção. Na realidade, existe uma interação entre essas partes, para que seja possível lançar uma inovação sustentável no mercado, e acompanhar sua difusão, bem como a análise de todo o processo desde sua criação (HALLENGA-BRINK; BREZET, 2005).
As eco-organizações são aquelas que estão comprometidas e capacitadas com a implementação da eco-inovação, através de processos ecológicos na fabricação de produtos verdes. Em geral, incluem programas de capacitação e aprendizagem de técnicas na formação de pessoal voltado para a responsabilidade ambiental, e com o design de produtos inovadores que respeitem a causa ambiental e inclui todos os esforços organizacionais para reduzir impactos ambientais (CHENG; SHIU, 2012). As inovações na eco-organização incluem novas formas de gerenciamento preocupadas com a dimensão socioambiental. As maiores empresas tendem a investir mais em Pesquisa e Desenvolvimento, por conseguinte, elas têm mais facilidade de incorporar inovações eco-organizacionais do que as firmas de menor porte, principalmente por causa da sua estrutura e de seu nível de atividades (FARIAS et al., 2010).
Em termos das organizações, o desenvolvimento de inovações de eco-produtos incluem contribuições de marketing, tecnologia, estudos organizacionais e engenharia (PUJARI;
WRIGHT; PEATTIE, 2003).
A implantação de novos métodos organizacionais, que privilegiem as práticas de preservação ambiental, reduzindo os custos administrativos e de transações, e ainda incrementem a produtividade e consequentemente a performance, é considerada uma inovação eco-organizacional. As inovações administrativas e técnicas impactam positivamente a performance, pois em geral, tornam as organizações mais lucrativas. As inovações de produto e de processo impactam a performance das indústrias devido ao uso de capital intensivo para a produção em massa (ATALAY; ANAFARTA; SARVAN, 2013).
É necessário criar uma visão de inovação dentro da estrutura organizacional que contemple o meio ambiente. A estratégia de inovação deve levar em consideração elementos internos e externos à organização, acabando por determinar o grau de influência que o elemento ambiental terá na performance da firma (STEFAN; VARMUS; LENDEL, 2014).
3.2 Inovações de Eco-processo
A implantação de processos que envolvam a redução do impacto ambiental é denominada de eco-processo, que vai desde a reciclagem de materiais a uma gama de soluções que integrem processos de produção ecológicos, que substituam insumos e aperfeiçoem a fabricação de produtos que considerem o fator ambiental como parte do processo inovador (CHENG; SHIU, 2012).
As inovações de eco-processo no contexto da indústria reduzem o uso de insumos
danosos ao meio ambiente, bem como reduz custos de produção, ao utilizar a reciclagem e o
reuso de matérias-primas. As tecnologias são produtos de um contexto econômico e social,
que passam por complexos processos, para atingir uma melhor performance ambiental. É
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necessário dá uma maior ênfase na dimensão do meio ambiente no processo de inovação. As eco-inovações são desejáveis, do ponto de vista social, porque elas acabam por oferecer ganhos para as dimensões econômica e ambiental (EKINS, 2010).
O desenvolvimento de inovações de eco-processos requer a integração de materiais que contemplem a saúde humana e os efeitos ambientais, e que estejam de acordo com as regulamentações sugeridas pelos órgãos governamentais, bem como deve ter o planejamento de custos e riscos ao meio ambiente (PUJARI; WRIGHT; PEATTIE, 2003). Os estudos Sezen e Çankaya (2013) demonstraram que a inovação de eco-processo tem um impacto significativo na sustentabilidade corporativa, já que promovem práticas sustentáveis. As mudanças de processo de eco-inovação atingem toda a cadeia produtiva e as redes ligadas à mesma, permitindo a entrega de um produto que agrega valor ambiental e não somente econômico. Um exemplo, seria a entrega de produtos de origem florestal com certificação que comprovasse à sustentabilidade da cadeia produtiva (CARRILO-HERMOSILLA; RÍO;
KÖNNÖLÄ, 2010).
3.3 Inovações de Eco-produto
As inovações de eco-produtos são aquelas que trazem melhorias ou desenvolvem novos produtos ecológicos, para que assim incidam sobre o ciclo de vida do produto, na perspectiva de reduzir o impacto ambiental. São exemplos de eco-produtos, os biocombustíveis à base de oleaginosas como a mamona (CHENG; SHIU, 2012). As maneiras de minimizar o impacto de produtos no meio ambiente são: encerrar o ciclo dos materiais, reduzir o consumo ao escolher cenários alternativos, aumentar a produtividade dos recursos e incrementar a eficiência dos elementos do sistema (COOK; BHAMRA; LEMON, 2006).
Nesse sentido, a inovação de produtos ambientais leva em consideração a capacidade da natureza se recompor pela retirada de materiais do meio ambiente, assim como no produto final, o material utilizado para levar esse produto ao consumidor, como a questão das embalagens que utilizam reciclagem. Os consumidores têm dado atenção especial aos produtos ambientalmente responsáveis (JANSSON; MARELL, 2010).
De fato, produtos e serviços industriais não têm apenas o caráter técnico, mas são decorrentes de um processo sócio-técnico, já que são influenciados pelos atores que participam dele (MORELLI, 2006). O regime sócio-técnico é estabelecido pelas práticas e regras normatizadas que são compartilhadas por redes de atores (financiadores, usuários, fornecedores e autoridades constituídas) nas instituições. Em geral, a inovação de eco-produto vai contra o regime sócio-técnico pré-estabelecido, pois extrapolam a regulação, daí o seu caráter inovador (TUKKER; TISCHNER, 2006).
As eco-inovações de produto inclui o redesenho e o desenvolvimento de produtos ambientais que usam menos energia, reduzem o desperdício e contém menores quantidades de substâncias nocivas a saúde humana (EKINS, 2010). É um exemplo de inovação de eco- produto, uma roupa feita a base de algodão orgânico. Sendo assim, são eco-produtos inovadores, aqueles que têm o apelo de redução de energia, o menor uso de materiais, que evitam o desperdício e causam menos poluição. A dificuldade é contemplar soluções de desenvolvimento de produtos que suportem o meio ambiente e sejam viáveis do ponto de vista técnico e econômico (PUJARI, 2006).
O eco-produto tem a proposta de entregar benefícios especiais aos seus consumidores,
principalmente relacionados às questões ambientais. Essa diferenciação nos produtos pode
elevar os preços dos mesmos, já que a proposta é ser verde e competitivo ao mesmo tempo.
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Acabando por trazer alguns benefícios, que vão desde o aumento das vendas a uma melhor performance. A estratégia de desenvolvimento daqueles produtos concilia os objetivos sustentáveis (econômicos, sociais e ambientais) ao longo do processo de produção, alavancando a performance da organização (PUJARI; WRIGHT; PEATTIE, 2003).
3.4 Performance das Organizações
A performance organizacional basicamente tem três dimensões: mercado, produção e meio ambiente. A performance ambiental de um produto é determinada pelos seguintes atributos: envolvimento dos fornecedores com causas ambientais, desenho do produto, análise do seu ciclo de vida e o seu foco de mercado. A dimensão ambiental da performance é resultado do gerenciamento dos aspectos ambientais da organização, incluem os ecossistemas e os elementos terra, água e ar, bem como todos os sistemas vivos e não vivos (PUJARI, 2006; PUJARI; WRIGHT; PEATTIE, 2003; ATALAY; ANAFARTA; SARVAN, 2013;
SEZEN; ÇANKAYA, 2013).
Em termos de performance quando uma inovação é inédita pode competir com tecnologias existentes, tanto em eficiência (baixos custos), como em efetividade (com custos de redução maiores) principalmente em mercados abertos (EKINS, 2010). Vários estudiosos apontam uma influência positiva entre a eco-inovação e a performance da organização, nas seguintes perspectivas: retorno sobre o investimento, participação de mercado, rentabilidade e vendas (CHENG; SHIU, 2012; CHENG, YANG, SHEU, 2014).
As companhias podem incorporar dados ambientais para suas atividades de benchmarking, visando comparar a performance (PUJARI; WRIGHT; PEATTIE, 2003). Os produtos e processos de produção que reduzem o impacto ambiental, evitando a poluição, podem trazer benefícios de redução de custos. Os instrumentos de gestão ambiental e marketing verde são utilizados por eco-organizações visando uma melhor performance da firma, para tal é necessário redesenhar os produtos e adaptar novas tecnologias aos processos.
A existência de eco-inovações é um ponto chave para a avaliação de performance aos tomadores de decisão (SEZEN; ÇANKAYA, 2013; TARNAWSKA, 2013).
A dimensão econômica da performance corporativa envolve aspectos muito relacionados à dimensão social e ambiental. Em geral, os aspectos principais ligados de forma direta à dimensão econômica são: inovação, tecnologia, processos e produtos. O esforço de Pesquisa e Desenvolvimento (P & D) contempla aspectos sustentáveis na redução dos impactos ambientais de novos produtos e atividades ligadas aos negócios, tais como tecnologias ambientais, com baixa ou nenhuma emissão de poluentes, assim como a produção limpa (BAUMGARTNER; EBNER, 2010).
Sendo assim, o modelo de Cheng, Yang, Sheu (2014) têm as seguintes hipóteses:
H
1:Existe relação entre inovações eco-organizacionais e inovações de eco-processo.
H
2:Existe relação entre inovações eco-organizacionais e inovações de eco-produtos.
H
3:Existe relação entre inovações de eco-processos e inovações de eco-produtos.
H
4:Existe relação entre inovações de eco-processos e a performance.
H
5:Existe relação entre inovações de eco-produtos e a performance.
H
6:Existe relação entre inovações eco-organizacionais e a performance.
4 MÉTODOS, TÉCNICAS E INSTRUMENTOS DE PESQUISA
A estratégia de pesquisa escolhida foi o survey. O questionário foi desenvolvido por
Cheng e Shiu (2012), passando pelos processos de validação conceitual, sendo novamente
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aplicado em Cheng, Yang e Sheu (2014). Para a versão em português foram envolvidos dois especialistas da área de inovação e sustentabilidade com o domínio da língua inglesa. Neste trabalho foram pesquisadas empresas vinculadas à Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecções (ABIT).
O questionário é composto por duas partes. A primeira parte contém 29 questões agrupadas em escala likert de 1 a 5 pontos e uma segunda com dados demográficos como região, o tempo de existência da empresa, porte e atividade da empresa na cadeia têxtil.
Com o apoio da ABIT e sua ponte de contato da sua secretaria executiva, a pesquisa foi realizada tanto por via eletrônica, quanto presencial visando os responsáveis e principais colaboradores das indústrias do setor Têxtil.
O meio eletrônico foi utilizado inicialmente por via da ferramenta Googledocs onde o questionário foi montado em formulário eletrônico. Usando o sistema de Customer Relationship Management (CRM) da ABIT, foram enviados e-mails para os filiados com o link do formulário eletrônico. A Secretaria Executiva da ABIT responsabilizou-se pelo envio de 51.931 e-mails em agosto de 2014, conforme a gestão do CRM, apenas 3.093 associados abriram o email, o que resultou uma baixíssima taxa de retorno: somente 21 questionários foram respondidos (0,04%). Logo, após foram aplicados 225 questionários presencialmente nos circuitos da ABIT de Caxias do Sul (RS) e Maringá (PR), sendo que a taxa de retorno foi maior, com 49 (21,8%) questionários respondidos, mas também foi considerada baixa. Assim a amostra final chegou a 70 respondentes.
Com este número de respondentes desenvolveu-se a análise estatística multivariada dos resultados usando os softwares SPSS 20 e Smart PLS 3.0, sendo este último usado na análise de equações estruturais, pois facilita a interpretação dos dados. O Smart PLS 3.0 tem a vantagem de não exigir a normalidade dos dados, além de poder ser usado em amostras pequenas, como no caso desta pesquisa. Para a Análise Fatorial Exploratória (AFE) foi utilizado o método dos Componentes Principais com rotação Varimax, onde foi estudado o Alpha de Cronbach na análise da confiabilidade do construto resultante. Nesta parte da análise foram verificados os testes de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) e o índice de esfericidade de Bartlett. O primeiro teste indica que correlações entre pares não são explicadas por outras variáveis (base 0,5), e o segundo verifica se há uma quantidade adequada de correlação significante na matriz de correlação (CORRAR; PAULO; DIAS FILHO, 2009).
São relevantes para a análise estatística as estimativas dos coeficientes estruturais, das cargas fatoriais, das variâncias de erros e dos coeficientes de determinação. Existem recomendações de tamanho de amostra requeridas ao utilizar as propriedades da regressão OLS no Smart PLS 3.0, ao assumir um nível de poder estatístico de 80%, “quando o número máximo de variáveis independentes no modelo de medida e no modelo estrutural é 5, são necessárias 70 observações para atingir o poder estatístico de 80% para detectar os valores de R
2de pelo menos 0,25 (com a probabilidade de 5% de erro)”, (HAIR JR. et al., 2014, p. 21- 22). Alternativamente, os pesquisadores calculam suas amostras de pesquisas utilizando o software G* Power.
5 RESULTADOS DA PESQUISA
Dentre, as 70 respostas obtidas via questionário, os respondentes ficaram assim
distribuídos pelas regiões no Brasil: Norte (3), Nordeste (6), Centro-Oeste (1), Sudeste (21), e
Sul (39). O viés das respostas concentradas em uma região foi porque 49 questionários
presenciais vieram das rodadas de negócio da ABIT nas cidades de Caxias do Sul-RS e
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Maringá-PR. Os resultados quanto ao tempo de existência das empresas são os seguintes: 2 com menos de 1 ano, 2 de 1 a 3 anos, 4 de 3 a 5 anos, 62 com mais de 5 anos, ou seja, empresas mais maduras.
Ao pesquisar o porte das empresas, de acordo com a classificação do SEBRAE (2014), quanto número de empregados, os resultados foram os seguintes: 24 micro empresas com até 19 empregados, 20 pequenas empresas com 20 à 99 empregados, 15 médias empresas com 100 à 499 empregados, 11 grandes empresas com 500 ou mais empregados. Os principais tipos de atividade dessas empresas estão distribuídos assim: confecção (48), fiação (2), tecelagem (3), malharia (4), beneficiamento de tecidos (3) e outros (10). Algumas atividades apontadas foram: mesa e banho, fabricação de corantes e auxiliares têxteis etc.
A montagem da AFE apresentou para as 29 variáveis o alfa de Cronbach de 0,972 e cada construto apresentou um alfa de Cronbach aceitável próximo de 1: Construto Eco- organização (0,939), Construto Eco-processo (0,904), Construto Eco-produto (0,935), e o Construto Performance da Firma (0,964); o que demonstra a fidedignidade das dimensões dos construtos, (CORRAR; PAULO; DIAS FILHO, 2009). Constatada a confiabilidade, o passo seguinte foi aplicar a AFE.
O metódo dos componentes principais foi utilizado para a Análise Fatorial Exploratória (AFE) com rotação varimax. O teste de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) tem base 0,5 e indica que correlações entre pares não são explicadas por outras variáveis, no caso da pesquisa o seu valor foi de 0,902. O KMO encontrado indica que os fatores encontrados na AFE conjunta conseguem descrever satisfatoriamente a variação dos dados originais. O índice de esfericidade de Bartlett verifica se existe uma quantidade adequada de correlação significante na matriz de correlação, o valor do teste de significância geral não deve ser maior que 0,05, para uma boa AFE, esse critério também foi atendido, já que seu nível de significância é 0,000 (CORRAR; PAULO; DIAS FILHO, 2009; HAIR JR. et al., 2009).
Ao extrair as comunalidades, as 29 variáveis apresentaram um poder de explicação razoável acima de 0,50, sendo assim, Hair et al. (2009) sugerem que devem ser mantidas. De fato, elas indicam um bom poder de explicação da quantia total de variância que a variável original compartilha com todas as outras inseridas no processo de análise.
Foi observado que 77 % do total da variância acumulada são explicados por 5 fatores, na análise foram considerados autovalores (eigenvalues) maiores do que 1. Esse percentual indica que as variáveis foram bem selecionadas do ponto de vista conceitual, o que representa uma boa explicação. Para Hair Jr. et. al. (2009, p. 115), são necessários “Fatores suficientes para atender um percentual especificado de variância explicada, geralmente 60% ou mais”.
Os 5 fatores foram extraídos por meio da Matriz de Componentes Rotacionada (Tabela 1), com a rotação é aumentado o poder explicativo dos fatores, eles foram submetidos ao teste de confiabilidade Alfa de Cronbach, onde o valor mínimo é de 0,6 para pesquisa exploratória (CORRAR; PAULO; DIAS FILHO, 2009; HAIR JR. et al., 2009).
Tabela 1 – Composição dos fatores com respectivas cargas pela Matrix de Componentes Rotacionadaa
Fator Variável Significado Carga Comuna-
lidades α
1
EP4 Na empresa são introduzidas constantemente novas tecnologias em processos de fabricação para economizar energia.
0,628 0,670 0,943
EP5
Os equipamentos envolvidos nos processos de fabricação são sempre atualizados na empresa para economizar energia.
0,627
0,741
EPD1 Em diversas ocasiões, o desenvolvimento de novos 0,818 0,849
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Fator Variável Significado Carga Comuna-
lidades α
produtos ecológicos na empresa é assinalado através de novas tecnologias para simplificar suas embalagens.
EPD2
O desenvolvimento de novos produtos ecológicos da empresa é continuamente marcado por novas tecnologias para simplificar sua construção.
0,711
0,783
EPD3
O desenvolvimento de novos produtos ecológicos da empresa é constantemente evidenciado através de novas tecnologias para simplificar os seus componentes.
0,738
0,820
EPD4
O desenvolvimento de novos produtos ecológicos da empresa é sucessivamente enfatizado através de novas tecnologias que possam reciclar facilmente os seus componentes.
0,782
0,859
EPD5
O desenvolvimento de novos produtos ecológicos da empresa é frequentemente acentuado através de novas tecnologias que possam facilmente decompor seus materiais.
0,724
0,770
EPD7
Na empresa são exploradas novas tecnologias que utilizam materiais naturais no desenvolvimento de novos produtos ecológicos.
0,541
0,565
2
EO1 São utilizados novos sistemas para gerenciar a eco-
inovação na nossa empresa. 0,714 0,678 0,943
EO2 A utilização da eco-inovação é uma das nossas políticas
de gestão da nossa empresa. 0,769 0,767
EO3 Na nossa empresa são recolhidas informações sobre as
tendências de eco-inovações. 0,783 0,767
EO4 A empresa se envolve ativamente em atividades de eco-
inovações. 0,700 0,775
EO5 São transmitidas informações sobre eco-inovações aos
empregados da nossa empresa. 0,641 0,746
EO6 O conceito de eco-inovação tem sido aplicado à nossa
gestão empresarial. 0,711 0,816
EO7
Na nossa empresa são investidas parcelas significativas de recursos de Pesquisa & Desenvolvimento em eco- inovação.
0,632
0,727
EO9
As experiências de eco-inovação são comunicadas entre
os vários
departamentos envolvidos na empresa.
0,593
0,756
3
EO8
A organização vê a pressão externa relativa às questões
ambientais como
importante.
0,607
0,602 0,890
EP1 Os processos de fabricação da empresa são atualizados
usualmente para protegê-la contra contaminação. 0,694 0,696 EP2
Os processos de fabricação da empresa são atualizados frequentemente para atender aos padrões de direito ambiental.
0,807
0,778
EP3
Na empresa novos processos de fabricação são empregados geralmente de modo a não contaminar o ambiente.
0,839
0,811
EP6 São estabelecidos comumente na empresa sistemas de
reciclagem em processos de fabricação. 0,610 0,714 4
PF1 Nos últimos 3 anos, os nossos eco-produtos têm melhor desempenho em relação aos concorrentes quanto ao retorno dos investimentos.
,671 0,850 0,960
ANAIS
Fator Variável Significado Carga Comuna-
lidades α
PF2
Nos últimos 3 anos, os nossos eco-produtos têm melhor desempenho em relação aos concorrentes quanto às vendas.
0,718
0,881
PF3
Nos últimos 3 anos, os nossos eco-produtos têm melhor desempenho em relação aos concorrentes quanto à fatia de mercado alcançada.
0,747
0,878
PF4
Nos últimos 3 anos, os nossos eco-produtos têm melhor desempenho em relação aos concorrentes quanto à rentabilidade.
0,754
0,927
EPD10
O desenvolvimento de novos produtos ecológicos é frequentemente destacado na empresa através de novas tecnologias que utilizem o mínimo de energia possível.
0,576
0,853
5
EPD6
As novas tecnologias no desenvolvimento de novos produtos ecológicos da empresa raramente utilizam material processado.
0,659
0,617 0,768
EPD8
O desenvolvimento de novos produtos ecológicos é seguidamente enfatizado na empresa através de novas tecnologias que reduzam, tanto quanto possível, o desperdício.
0,738
0,824
EPD9
O desenvolvimento de novos produtos ecológicos é sucessivamente ressaltado na empresa através de novas tecnologias que reduzam, tanto quanto possível, danos causados por resíduos.
0,635
0,828
Fonte: Pesquisa de campo (2014).
Nota: Métodos: Extração- Análise dos Componentes Principais. Rotação- Varimax com Normalização Kaiser a. Rotação convergiu em 8 interações. α. Alfa de Cronbach.
Ao analisar as cargas fatoriais dos 5 fatores resultantes da Matrix de Componentes Rotacionada, todas as variáveis apresentaram carga acima de 0,50, esse valor é o mínimo aceitável, como recomendam Hair Jr. et al. (2009), sendo que grande parte das cargas ficaram em torno de 0,70, comprovando a boa validade estatística dos fatores. Sendo assim, os 5 fatores foram denominados: (1) Inovação de Eco-Produto 1, (2) Inovação Eco- Organizacional, (3) Inovação de Eco-processo, (4) Performance da Firma e (5) Inovação de Eco-Produto 2.
Os fatores 1 e 5 podem ser considerados duas partes do mesmo construto- Inovação de Eco-Produto, visto que, o fator 1 reúne as variáveis EPD1, EPD2, EPD3, EPD4, EPD5, EPD7 e o fator 5 congrega as variáveis EPD6, EPD8 e EPD9. Logo, os elementos para eco-inovação na indústria têxtil brasileira são: Inovação de Eco-Produto, Inovação Eco-Organizacional, Inovação de Eco-Processo, e Performance da Firma, confirmando os construtos achados na pesquisa de Cheng, Yang, Sheu (2014).
Para a análise de equações estruturais, inicialmente, foi verificada a multicolinearidade, a estatística apresentada é a Variance Inflation Factor (VIF) que indica a existência ou não de multicolinearidade, que não pode estar presente na relação entre os construtos, ou seja, VIF acima de 5,00 é inaceitável e indica multicolienaridade (HAIR et al., 2014). Os valores de VIF entre os construtos são aceitáveis e foram: EO e EP (1,000); EO e EPD (2,298); EP e EPD (2,298); EO e PF (2,416); e EPD e PF (2,416).
Ao comparar os resultados da pesquisa com o modelo original de Cheng, Yang, Sheu
(2014, p. 87) é percebido que o coeficiente de caminho (beta= 0,15) entre Inovação de Eco-
processo e Performance da Firma é abaixo do valor original (beta= 0,42). Hair et al. (2014)
recomendam que no caso de “amostras de até 1.000 observações, os coeficientes de caminho
ANAIS
com seus valores padronizados acima de 0,20 são geralmente significantes, e que aqueles com menos que 0,10 são usualmente não significantes”. Nessa pesquisa, ao realizar o bootstraping antes do modelo final, verificou-se que a ligação entre os dois construtos Inovação de Eco- processo->Performance da Firma tinha um p-value de 0,301, ou seja, não significativo, logo, a relação foi retirada do modelo. Para a análise do modelo final de equações estruturais (Fig.1), como resultado houve uma melhoria dos demais betas, com exceção da ligação entre Inovação Eco-organizacional e Inovação de Eco-produto em que o beta se manteve praticamente o mesmo, em torno de 0,46.
Figura 1- Análise do Modelo de Equações Estruturais (com os valores da AFC)
Fonte: Pesquisa de campo (2014)
Foi verificada a validade discriminante do modelo, ao comparar a raiz da Variância Explicada (AVE) com as correlações (critério de Fornell-Larcker). A raiz da AVE é apresentada na diagonal da matriz de correlações da Tabela 2, como cada raiz da AVE de cada construto é maior que as correlações entre os construtos, o modelo possui validade discriminante, sendo um resultado satisfatório. No modelo para análise final, todas as cargas fatoriais se mantiveram acima de 0,50 e os coeficientes de determinação (R
2) também estão acima de 0,50, já que em pesquisas acadêmicas esse valor é considerado recomendável e aceitável. (HAIR et. al., 2014).
Tabela 2- Matriz de validade discriminante
EO EP EPD PF
EO 0.823
ANAIS
EP 0.752 0.821 EPD 0.766 0.749 0.799
PF 0.775 0.721 0.785 0.950 Fonte: Elaboração dos autores
O índice de desempenho do modelo é apresentado na Tabela 3, onde são mostradas a Variância Explicada (AVE), a confiabilidade composta, o coeficiente de determinação (R
2) e a comunalidade de cada construto.
A Variância Média Extraída, em inglês Average Variance Extracted (AVE), deve ser maior que 0,50. A confiabilidade composta, juntamente com o Alfa de Cronbach, é utilizada para verificar se os construtos são confiáveis. Nesta pesquisa foi demonstrado que as respostas estão livres de vieses (CORRAR; PAULO; DIAS FILHO, 2009; HAIR et al., 2014).
O R
2indica a qualidade do modelo ajustado, são considerados, respectivamente, os valores de 0,75, 050 e 0,25 como substanciais, moderados e fracos (HAIR; RINGLE; SARSTED, 2011;
HENSELER; RINGLE; SINKOVICS, 2009).
Tabela 3- Índices de desempenho
AVE Confiabilidade Composta
R2 Redundância
(Q2)
Comunalidade (f2)
EO 0.678 0.950 0 0 0.593
EP 0.674 0.925 0.565 0.370 0.538
EPD 0.638 0.945 0.656 0.404 0.557
PF 0.902 0.973 0.690 0.614 0.816
Valores de Referência
>0,50 >0,70 0,25 pequeno, 0,50 moderado, 0,75 substancial
Positivo Positivo
Fonte: Elaboração dos autores
Segundo Hair et al. (2014, p. 186) “A comunalidade (f
2) permite avaliar a contribuição de um construto exógeno para o valor de uma variável latente endógena R
2. Os valores de (f
2) de 0,02, 0,15, 0,35 indicam um efeito no construto pequeno, médio ou grande, respectivamente”. Esses valores são similares para efeito de avaliação na redundância (Q
2), na pesquisa foi utilizada uma distância de omissão de 9, esse valor deve estar entre 5 e 10. A redundância avalia a precisão do modelo ajustado. Os valores de f
2e de Q
2devem ser positivos (HAIR et al., 2014).
Foi utilizado o método bootstraping com o intuito de verificar se o modelo está ajustado à amostra obtida. Na tabela 4, os resultados com o cálculo de 500 sub-amostras mostram que a médias obtidas para cada relação entre os construtos estão próximas das médias da amostra original.
Tabela 4- Índices do método Bootstraping
Amostra Original Média das Amostras Erro Padrão p-value
EO->EP 0.752 0.756 0.055 0.000
EO->EPD 0.465 0.463 0.109 0.000
EO->PF 0.420 0.410 0.148 0.005
EP->EPD 0.400 0.405 0.105 0.000
EPD->PF 0.464 0.473 0.151 0.002
Fonte: Elaboração dos autores
Na interpretação dos resultados do modelo é preciso testar a significância das relações
do modelo estrutural, todas elas apresentaram os p-valores (p-values) significativos ao nível
de 5%. Resta analisar os efeitos diretos, indiretos e totais. A Tabela 5 traz os efeitos diretos,
indiretos e totais de mediação do modelo de equações estruturais.
ANAIS
Tabela 5- Os efeitos diretos, indiretos e totais da eco-inovação
Efeitos diretos Efeitos Indiretos Efeitos Totais
EO EP EPD PF EO EP EPD PF EO EP EPD PF
EO - 0,752 0,465 0,420 1 - 0,300 0,355 1 0,752 0,766 0,775
EP - - 0,400 - - 1 - 0,185 - 1 0,400 0,185
EPD - - - 0,464 - - 1 - - - 1 0,464
PF - - - - - - - 1 - - - 1
Fonte: Elaboração dos autores
O maior efeito dentre os três tipos de eco-ínovações na Performance da Firma é o da Inovação Eco-organizacional (β
1=0,775), devido ao seu efeito direto (β
2=0,420) e aos seus efeitos indiretos (β
3=0,355), via inovações de eco-processo e a de eco-produto. Esse resultado é semelhante ao modelo original de Cheng, Yang, Sheu (2014, p. 87), cujo teste teve resultados semelhantes (β
1=0,77; β
2=0,51; β
3=0.26) para o efeito total, direto, e indireto, respectivamente, do construto Inovação Eco-organizacional na Performance da Firma. Foi observado também que o efeito total da inovação de eco-produto (β
1=0,464) tem maior influência na Performance da Firma, que a inovação de eco-processo (β
1=0,185), no modelo original aconteceu o inverso, o efeito total na Performance da Firma foram da inovação de eco-produto (β
1= 0,36) e da inovação de eco-processo (β
1=0,67).
6 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
A análise dos resultados da pesquisa do modelo estrutural nos permite apontar o teste das hipóteses. Segundo Hair et al. (2014, p. 173) podem ser utilizados para análise da significância das relações do modelo estrutural “tanto o teste t, como o p-valor, ou o intervalo de confiança de bootstrapping, e que não existe a necessidade de reportar os três tipos de teste de significância, já que levam a mesma conclusão”. Nessa pesquisa optou-se pelo p-valor ao nível de significância de 0,05.
Sendo, assim, a hipótese H
1: Existe relação entre inovações eco-organizacionais e inovações de eco-processo foi confirmada, pois o p-valor é significativo (0,000) e o coeficiente de caminho é positivo (0,752).
A hipótese H
2: Existe relação entre inovações eco-organizacionais e inovações de eco- produtos foi confirmada, pois o p-valor é significativo (0,000) e o coeficiente de caminho é positivo (0,465).
Da mesma forma, o coeficiente de caminho positivo (0,400) e o p-valor significativo (0,000) confirmam a hipótese H
3: Existe relação entre inovações de eco-processos e inovações de eco-produtos.
No entanto, a hipótese H
4: Existe relação entre inovações de eco-processos e a performance, não foi confirmada, como explicado anteriormente, pois o beta= 0,15 é baixo e tinha um p-valor de 0,301, ou seja, não significativo.
O coeficiente de caminho relacionado à hipótese H
5: Existe relação entre inovações de eco-produtos e a performance foi positivo em (0,464) e seu p-valor significativo (0,002), confirmando a hipótese H
5.
A hipótese H
6: Existe relação entre inovações eco-organizacionais e a performance
também foi confirmada, pois o coeficiente de caminho é positivo (0,420) e o p-valor é de
(0.005). Ao comparamos os resultados empíricos do modelo original de Cheng, Yang, Sheu
(2014, p. 87) e o modelo resultante nesta pesquisa temos a tabela 6 como demonstrativa dos
achados:
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Tabela 6- Comparação entre o Modelo Original e o Modelo testado Hipóteses Modelo Original de Cheng,
Yang, Sheu (2014)
Modelo encontrado na pesquisa
R2 Situação R2 Situação
H1 0,59 Confirmada 0,75 Confirmada
H2 0,46 Confirmada 0,46 Confirmada
H3 0,41 Confirmada 0,40 Confirmada
H4 0,42 Confirmada 0,15 Não Confirmada
H5 0,36 Confirmada 0,46 Confirmada
H6 0,51 Confirmada 0,42 Confirmada
Fonte: Elaborado pelos autores (2015)