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Um fidalgo chamado Brás Cubas, nascido no Porto, foi o primeiro viticultor do Brasil

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Academic year: 2021

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História do Vinho no Brasil Como o vinho atingiu o status que tem hoje no Brasil? Quais os personagens dessa  história? Conheça as nuances da história do vinho desde a chegada de Cabral até os  nossos dias Daria um filme ou até uma série de televisão contar a história do vinho no Brasil. Seria  uma narrativa repleta de aventuras, frustrações, vitórias, sofrimentos, protecionismos e  até patriotismo maligno. O povo brasileiro, alegre por natureza, ainda não descobriu o quanto a sua felicidade  seria mais completa se consumisse mais vinho. Tratado até recentemente como  bebida de uma "elite esnobe", o vinho hoje já é encarado como uma bebida normal e o  consumidor neófito vem descobrindo que sempre existe um vinho para o seu gosto e  que cabe em seu bolso. Assistimos hoje uma revolução no consumo, mas essa euforia  tem só 40 anos, porque foi só a partir dos anos de 1970 que o vinho começou a se  expor ao consumidor e recebeu uma roupagem de comunicação que não tem volta. Desde Cabral a Brás Cubas Partindo rumo ao desconhecido, a frota de Pedro Álvares Cabral  zarpou de Lisboa no dia 9 de março de 1500. Para manter o nível  da tripulação em alta, preparar e higienizar alimentos, dar vinhos para as missas  diárias celebradas em cada uma das 13 naus de sua esquadra, um dos navios foi  ricamente abastecido de um vinho tinto adquirido na antiga propriedade conhecida  pelo nome de Pêra Manca, no Alentejo. Em uma viagem de aventura, com tempestades a assolar a frota, é natural que o vinho  não tenha se mantido bom, tanto que os dois índios que foram levados a presença do  almirante Cabral não gostaram do que provaram e cuspiram o líquido todo. Aqueles  nativos estavam acostumados a degustar o Cauim, um fermentado obtido da  mandioca. Sendo assim, o Cauim é o primeiro vinho dessa nova terra. Um fidalgo chamado Brás Cubas, nascido no Porto, foi o primeiro viticultor do  Brasil Em 1531, a coroa portuguesa envia Martim Afonso de Souza para dar  início ao domínio efetivo da "Nova Terra". A partir de março de 1532, um fidalgo  chamado Brás Cubas, nascido na cidade do Porto, torna­se o primeiro viticultor do  Brasil. Após fundar a Vila de Santos e o primeiro hospital dessa terra, ele manda  cultivar as cepas trazidas de Portugal nas encostas da Serra do Mar, onde hoje se 

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localiza a cidade de Cubatão. Não dando certa a experiência, Brás Cubas sobe a serra  e, aconselhado por João Ramalho, implanta um vinhedo "pelos lados de Tatuapé",  sendo este empreendimento mais bem produtivo, tendo recebido uma citação do  padre Simão de Vasconcelos como "as fecundas vinhas paulistanas". Ao mesmo  tempo, os índios que por aqui habitavam eram grandes mestres na arte de preparar  bebidas, tanto que esse padre conseguiu identificar 32 tipos diferentes de vinhos  fermentados de raízes de frutas.  A vinha como forma de assentar o homem São Paulo parecia ter a vocação para a grande produção de uvas e  consequentemente vinhos. As Bandeiras, que partiam de Piratininga, levavam estacas  de videiras para serem cultivadas, pois era mais um item que ajudaria nas conquistas  de nosso vasto interior, ao mesmo tempo por ser uma cultura de fixação do homem à  terra e que ajudava na ocupação do vasto território. Com a instituição por Dom João III das Capitanias Hereditárias, o Brasil foi loteado em  14 partes, embora só duas dessas Capitanias tiveram sucesso, a de Pernambuco e a  de São Vicente. Mesmo assim, o tráfego de vinhos vindos de Portugal aumentava a  cada dia em todo território brasileiro. O vinho comum, rude, sem nenhuma qualidade, já era parte da riqueza da cidade de  São Paulo por volta de 1640. Sua importância era grande e os vinhedos do município  se estendiam para além do Tamanduateí, chegando até Mogi das Cruzes. Com isso, a  primeira Ata da Sessão de implantação da Câmara de São Paulo, de 1640, tratou da  padronização da qualidade e dos preços dos vinhos aqui produzidos. Concorrência do açúcar e ouro Neste mesmo período, os holandeses chegaram ao nordeste do Brasil e logo se  dedicaram à exploração do açúcar. Quase uma centena de engenhos no entorno de  Recife e interior de Pernambuco pertencia a judeus holandeses e cristãos novos  portugueses. Para suprir o consumo de vinhos dessa gente, quer para acompanhar os  ritos religiosos ou para as refeições, Maurício de Nassau inicia o cultivo de videiras na  Ilha de Itamaracá e sem nenhuma modéstia revela: "São as melhores uvas desta terra", tanto que manda pôr três cachos das mesmas no  Brasão d'Armas da ilha, criado pelo pintor Franz Post. Logo toda a euforia agrícola que o vasto território oferecia foi posta de lado com a  descoberta de ouro "nas Gerais e em Goiás". Teve início então o abandono em todo o 

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Brasil das culturas agrícolas e o sonho de ficar rico com o ouro da noite para o dia  tomou conta do povo. Chegou­se ao cúmulo de faltar alimentos em todo o território,  porque os braços que antes cultivavam e colhiam agora lavravam o ouro. Assim, um barrilete de 5 litros de vinho era vendido em Vila Rica por 700 gramas de  ouro. O vinho acabou virando objeto de desejo e símbolo de riqueza. Tanto que, em  São Paulo, um certo padre Pompeu, que possuía grandes vinhedos e um enorme  rebanho foi assim descrito pelo historiador Charles Baxer: "Um paulista que era padre  secular e abastado senhor de terras, atuando igualmente como agiota e banqueiro". Proibição da manufatura à abertura dos portos Definitivamente nesta época, o vinho já era um item de primeira necessidade que  gerava uma boa receita no comércio, ao mesmo tempo em que era um prêmio a todos  aqueles europeus que aqui estavam, pois, esse néctar ajudava a matar um pouco a  saudade da terra natal. Com o Brasil crescendo, ficando rico, algumas pequenas indústrias iam surgindo, fato  que retirava um bom número de receita de Portugal. Então, como éramos colônia, a  rainha Dona Maria I baixa um alvará em 5 de janeiro de 1785 proibindo toda a  atividade manufatureira no Brasil. Nada podia ser transformado e depois vendido, tudo  tinha que vir de Portugal. Seguramente esse alvará sepultou a jovem indústria  vitivinícola no Brasil. Com Napoleão infernizando a Europa, a família real portuguesa chega ao Brasil em  1808. Com ela, 90% da corte e mais centenas de pessoas letradas e profissionais  liberais vieram também. Os 13 anos de permanência de Dom João VI no País, com a  sua corte e a abertura dos nossos Portos, trouxeram muitos vinhos para cá de todas  as partes do mundo. No entanto, não se pode esquecer que, a partir de setembro de 1756, Portugal nos  impôs grandes cotas de Vinho do Porto, através dos escritórios sediados em Recife,  Salvador e Rio de Janeiro, da Companhia Geral da Agricultura dos Vinhos do Alto  Douro. Todo Vinho do Porto que os ingleses não compravam, comprava o Brasil. Independência e imigrantes Em 1821, Dom João VI retorna a Portugal e grande parte da sua corte o acompanha.  Seu filho, o príncipe Pedro, já então casado com Dona Leopoldina, filha do Imperador  da Áustria, cuida dos destinos do Brasil, até que após o 7 de setembro de 1822 torna­ se o Imperador Dom Pedro I.

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Desse período do Brasil Colônia até o início da República, em 1889, nossas relações  com os vizinhos do Sul (Argentina, Uruguai e Paraguai) sempre tiveram problemas. As  terras do hemisfério sul eram muito disputadas devido às suas riquezas naturais. Para  pôr fim a isso, Dom Pedro I autoriza o fluxo migratório para a ocupação daquelas  terras. Em 1824, chegam os alemães formando a primeira colônia, a de São Leopoldo,  próxima a Porto Alegre. Logo se deu início a uma atividade industrial. Fluxo imigratório italiano para a região da Serra Gaúcha perdurou por 10 anos Já no reinado de D. Pedro II, o movimento pelo fi m da escravidão crescia a cada dia.  Em 1857, a Lei Euzébio de Queiroz decreta o fim do tráfego negreiro para o Brasil.  Fatores como esse e mais a necessidade da ocupação territorial do País intensificam  a criação de uma política imigratória. Os italianos A Itália que hoje conhecemos, criada a partir de 1870, vivia dias de miséria, incertezas  e amargura. Atravessar o Atlântico e ter um punhado de terra só seu ­ de onde  pudesse tirar o sustento de sua família ­ era o sonho dourado de milhares de italianos.  As duas necessidades se completaram entre os anos de 1870 e 1875. Assim, o  exército brasileiro mapeia uma grande porção de terra na Serra Gaúcha, traça  estradas, divide lotes com tamanhos diversos e inicia a venda desses lotes às famílias  italianas, que tinham 12 anos para pagarem por essas terras. Então, uma verdadeira odisseia implantou­se na Serra, abastecida de determinação e  coragem desses imigrantes italianos nascidos no Vêneto, Lombardia e Trento. Um  grande fluxo migratório perdurou por 10 anos e esse povo deu início ao que  chamamos de "indústria vinícola brasileira". Implantando vinhedos idênticos aos de sua terra, mas com uma uva americana, a  Isabel, o vinho brasileiro saiu da produção familiar e, aos poucos, foi virando um  negócio. Enquanto esse vinho circulava na Serra Gaúcha, as dificuldades eram  poucas, mas novos mercados precisavam ser abertos. Então, os carroções e até  mesmo o lombo dos burros eram os meios de transporte para que o vinho descesse a  Serra e encontrasse o consumidor final. Muitas foram as perdas nesses primeiros  tempos. A falta de higiene e cuidados básicos, muitas vezes, comprometia safras  inteiras.

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Em 1912, é fundada a Federação das Cooperativas do Rio Grande do Sul A mão do governo e as cooperativas Alguns produtores mais ousados não gostavam de ver seus vinhos comprados a  preços irrisórios, especialmente depois de saberem que esses mesmos vinhos eram  vendidos por até cinco vezes mais nos grandes centros de consumo. O governo  estava atento, não pelo fato de proteger o produtor, mas sim porque essas transações  comerciais não rendiam nada de impostos. É do ano de 1910 em diante que vão surgindo as empresas de vinho no Brasil, pois o  governo federal queria arrecadar impostos sobre a produção e comercialização das  uvas e dos vinhos. Para instruir os novos produtores a se organizarem, o governo  contratou o advogado italiano José Stefano Paterno, expert em montagem de  cooperativas, que obtivera muito sucesso com a implantação das mesmas na Itália e  no Paraguai. Assim, em pouco tempo, mais de 30 cooperativas estavam organizadas  e, em 1912, é fundada a Federação das Cooperativas do Rio Grande do Sul. Após esse júbilo, uma série de crises durante o governo do Marechal Hermes da  Fonseca fez com que o sistema de cooperativas praticamente se desfizesse e os  negociantes individuais de vinhos assumissem a posição de "única salvação" para a  jovem e inexperiente indústria vinícola. Vinhos com nome e sobrenome Ficava patente que o agricultor familiar deveria ser treinado com  afinco nas artes de preparar e implantar vinhedos, colher e  elaborar vinhos e gerir o comércio dos mesmos. Para colocar a casa em ordem, a  Escola de Engenharia de Porto Alegre contrata, na Itália, um grupo de experientes  professores liderados pelo enólogo e engenheiro Celeste Gobbato, que se tornaria o  líder de uma revolução pacífica na Serra Gaúcha, cujos resultados podemos sentir até  os dias de hoje. A partir desse período, o brasileiro começa a conhecer vinhos que tem  nome e sobrenome. É esse o marco divisório da cultura artesanal para uma indústria  forte que nunca mais parou de crescer. A partir de 1920, o produtor, agora com mais experiência de campo, dá os primeiros  passos na busca de maior qualidade para os seus vinhos. Ele começa a olhar para as  uvas vitiviníferas, cujo rendimento na produção é menor, mas a qualidade do produto é  muito maior.

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Os vinhos elaborados com a uva Isabel e alguns de Bonarda começam a fazer escola,  primeiro envasados em cartolas (pipas) de 400 litros, de madeira de grápia, e são  comercializados a granel nos grandes centros, como São Paulo e Rio de Janeiro. Em  seguida, surge a figura do garrafão de 5 litros que, depois de arrolhado, recebia um  lacre de gesso branco. Uma vez aberto, o ideal era consumi­lo todo, mas tal não  acontecia, o que prejudicava muito a qualidade. A prática de falsificar o vinho gaúcho nos grandes centros consumidores do Brasil foi o  ponto alto para a criação, em 1927, do Sindicato Vinícola do Rio Grande do Sul, com  sede em Porto Alegre, que passou a funcionar como regulador da oferta e da procura,  e controlando a produção e a comercialização de todo o vinho produzido no Rio  Grande do Sul. Em 1929, José de Moraes Velhino reúne um grupo de amigos e funda a Sociedade  Vinícola Riograndense, cujo rótulo nascido dessa sociedade ­ Granja União ­ faria  história no Brasil. Além de comprar e escoar toda a produção de uva e vinho de  Caxias do Sul, a Sociedade implantou o projeto Granja União, cultivando muitos  hectares com diversas cepas vitiviníferas europeias. Até um grande parreiral da uva  portuguesa do Douro, a Souzão, foi implantado. Naquela época, o vinho mais vendido  no Brasil era o Porto. Então, não custava sonhar em fazer um vinho semelhante. A partir de 1920, os produtores começam a olhar para a qualidade Como resultado positivo, a Sociedade estimulou aos demais produtores e, assim, no  início dos anos 30 a Serra Gaúcha assistiu ao nascimento de mais de 25 cooperativas,  muitas delas resistindo bravamente até os dias de hoje e fazendo muita história com a  gama de vinhos que disponibiliza no mercado. As referências do vinho da Serra Gaúcha Acompanhando o crescimento do comércio, o vitivinicultor gaúcho ia, aos poucos, se  escolarizando em sua arte. Deve­se ao grande professor italiano que fincou raízes no  Brasil, Celeste Gobbato a edição do livro "Manual do Vitivinicultor Brasileiro", onde  tudo o que fez e testou na Estação Experimental de Viticultura e Enologia, instalada  em Caxias do Sul, era apresentado de forma ilustrada e muito didática. Este manual  foi tão lido quanto a Bíblia na Serra Gaúcha. Chegamos à década de 1940 e o Brasil conheceria três grandes "leões" nesse mundo  da uva e do vinho: os médicos Luiz Pereira Barreto e Campos da Paz e o agrônomo 

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Julio Seabra Inglez de Sousa. Os dois primeiros insistindo e provando que o Brasil  tinha grande potencial para investir na vitivinicultura, fazendo cultivar cepas resistentes  ao nosso clima, em que os altos índices de umidade provocaram muitas doenças nas  castas mais delicadas. Já o professor Inglez de Sousa, da Escola de Agronomia Luiz  de Queiroz, de Piracicaba, em São Paulo, estudava in loco e academicamente toda a  vitivinicultura brasileira. Seu livro "Uvas para o Brasil" até hoje é considerado um  clássico e um marco nesse assunto. Varietais, Sangue de Boi e nomes alemães e franceses Reinava no início dos anos 50 a coleção de vinhos varietais da Granja União de  Caxias do Sul. A fama desses vinhos era tanta que o brasileiro foi se acostumando a  pedir vinhos pelo nome de suas castas. Assim Cabernet, Merlot, Riesling, Bonarda,  Malvasia di Candia e tantas outras foram criando nichos de admiradores pelo território  nacional. No campo dos vinhos populares, o Sangue de Boi da Cooperativa Vinícola  Aurora iniciou seu domínio e alguns milhões de garrafões de 5 litros passaram a  conviver intimamente nos lares do Brasil. No início da década de 70, a indústria vinícola nacional dá o seu segundo grande salto.  A qualidade encontrou no marketing a sua grande aliada, os rótulos começam a ser  bem elaborados e as marcas com nomes franceses e alemães passaram a dominar o  mercado, como Château Duvalier, Château D'Argent, Saint Honore, Jolimont, Château  Lacave, Clos de Nobles, St. Germain, Conde Foucauld, Bernard Tailand, Forestier,  Gran Bersac, Katzwein, Nachtliebewein, Loreley, Kiedrich, Johannesberg etc. Os  nomes alemães, por sua vez, ainda aproveitam a grande onda de sucesso no Brasil  dos vinhos alemães importados de garrafa azul. Nos anos 50, reinava a coleção de vinhos varietais da Granja União, de Caxias Ações isoladas de qualidades superiores como as apresentadas pelo viticultor e  sonhador Oscar Guglielmone, com o seu vinhedo localizado em Viamão, despertavam  curiosidades entre os enófilos de primeira viagem. Mas a grande virada ainda estava  por vir. E ela seria dada com o interesse das multinacionais das bebidas pelos vinhos  do Rio Grande do Sul. "Invasão estrangeira" e o vinho como negócio Em um espaço de quase 10 anos instalaram­se no sul do Brasil as poderosas  Heublein e a Seagram. Da Itália vieram a Martini e Rossi e a Cinzano, associada à  Chandon, da França. Dos Estados Unidos, a Almadén.

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Comprando vinícolas familiares tradicionais ou simplesmente começando do zero,  esse pessoal acordou o vitivinicultor gaúcho ao mostrar que a modernização era um  fato real e a administração científica viria para se sobrepor à administração familiar.  Ou seja, todos acordaram para uma realidade que não haveria de ter retorno: o vinho  é um negócio. Embora todos sempre tivessem muito do que se orgulhar de seus antepassados, o  negócio do vinho era mais forte e ágil do que as lembranças. Profissionais tarimbados  de outros países foram chegando e, aos poucos, impuseram suas teorias e práticas.  Junto delas, o pessoal do Colégio de Viticultura e Enologia (CVE) iniciou esse  progresso, refez seu currículo e amadureceu para que anos mais tarde pudesse ser  implantado um curso superior de enologia. Nomes como Phillipe Coulon, Dante  Calatayud, Adolfo Lona, Ernesto Cataluña iam se firmando como criadores de novos  estilos de vinhos. Renovação, busca de novos terroirs e novo saber Muitas famílias descendentes dos primeiros imigrantes italianos entenderam bem o  que se passava e não deixaram escapar a oportunidade de se profissionalizarem  oficialmente, criando então novas empresas ou solidificando as já existentes com um  alto nível de sofi sticação técnica e muito conhecimento empresarial. Daí surgem Miolo,  Pizzato, Lovara, Dal Pizzol, Dom Cândido, Valduga, Lidio Carraro, Dom Giovanni,  Pedrucci, Marson, Valmarino e tantos outros que, junto dos mais antigos como  Cooperativa Aurora, Salton, Cooperativa Garibaldi, La Cave, redesenham todo o  cenário vinícola nacional. Eles não se sentem mais intimidados em inovar, chegando a  descer a Serra e buscar novos horizontes para os seus vinhedos, indo cultivar grandes  extensões de parreiras projetadas e ordenadas no Vale do São Francisco, no nordeste  do Brasil, na Serra Catarinense e na região da Campanha Gaúcha, no extremo sul do  Brasil, na fronteira com o Uruguai. Junto com tudo isso surge, a partir de 1980, o movimento organizado dos enófilos  através da criação de confrarias e entidades profissionais que proliferam por todo o  território nacional. No início dos anos 90, caem as barreiras de importação e o Brasil,  juntamente com os Estados Unidos, Inglaterra e Japão, forma o quarteto que mais  dispõe de vinhos do mundo todo. Brasil vive atualmente o desafio de aumentar o consumo per capita

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Aparecem os especialistas, jornalistas ou não, que se dedicam a disseminar o  conhecimento do vinho, pois o brasileiro tem sede de saber, embora ainda com o  consumo pífio de 3 litros de vinho per capita. Vivemos o nosso melhor momento, embora alguns retrógrados e aventureiros do vinho  sonhem em voltar ao início do século XX, querendo impor controles tributários sobre o  vinho, como se tivéssemos governos competentes para fazê­lo. O nosso vinho é uma  realidade, ainda iremos nos orgulhar e muito dos espumantes que produzimos. Por  hereditariedade, o brasileiro é alegre e o vinho do Brasil só ajuda a manter esse perfil  diferenciado de nosso povo. Fonte: • Revista Adega – edição nº 61 – 11/2010 por Carlos Ernesto Cabral De Mello História do vinho, Serra gaúcha, empresa familiar  Perguntas:  Como o vinho evoluiu no Brasil?  Qual a história do vinho no Brasil?

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