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MÓDULO 4 A ênfase no cliente

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Academic year: 2021

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MÓDULO 4 – A ênfase no cliente 

O conceito de qualidade confere ao cliente um grau de importância que o  transforma  no  referencial  básico  de  toda  a  estrutura  da  Qualidade  Total.  Como  se  pode facilmente imaginar, esta ênfase requer um conjunto bem definido de ações na  empresa.  Estas  atividades  envolvem  um  modelo  específico  de  missão  da  organização e incluem ações específicas, que vão do processo de conhecimento do  cliente  até  a  definição  das  formas  mais  adequadas  que  a  empresa  dispõe  para  atendê­lo. 

4.1. A qualidade e a missão da empresa 

Constitui­se  como  missão  básica  de  qualquer  empresa  o  pleno  atendimento à sociedade em que se insere, independente das fronteiras deste grupo  social, suas características ou seu porte. A existência da empresa é justificada pelo  produto,  método  ou  serviço  que  ela  fornece  à  comunidade,  independentemente  de  sua natureza ou utilidade. 

A Qualidade Total é um meio de atendimento das empresas à sociedade,  e  não  se  trata  de  um  modo  simples  de  atuação,  caracterizado  apenas  por  embalagens  bem  cuidadas,  vendedores  educados,  produtos  entregues  no  prazo  e  preços acessíveis. Em vez de alguns itens a considerar, o que deve­se considerar é  o pleno atendimento ao cliente. 

No contexto da Qualidade Total, a missão das organizações pode ter dois  referenciais básicos, um interno e outro externo a elas: 

a)  Plano  Interno:  a  missão  da  organização  dispõe  sobre  a  adequação  dos  elementos  que  compõem  todo  o  processo  produtivo,  de  forma  direta  ou  indireta,  à  sua  melhor  condição  de  operação.  Isso  inclui  a  seleção  de  equipamentos  compatíveis  com  o  processo;  utilização  de  materiais  que  atendam  plenamente  ao 

“uso  esperado”  e  a  definição  de  métodos  de  trabalho,  de  acordo  com  as  especificidades  de  todas  as  fases  do  processo.  É  dado  ênfase  ao  ser  humano  na  organização, ao  qual são  oferecidas  condições de  trabalho  e  recursos;  formação  e  qualificação  adequadas  às  funções  que  as  pessoas  irão  exercer  e  procedimentos  motivacionais que atendam as expectativas. 

b)  Plano  Externo:  considere­se,  inicialmente,  que  se  as  organizações  desejam  alcançar  a  qualidade  devem  procurar  a  interação  não  somente  com  o  cliente,  mas  também  com  o  meio  ambiente  e  com  a  comunidade  onde  ela  está  inserida. 

Proporcionar  uma  qualidade  de  vida  ao  ambiente  onde  as  empresas  atuam  é,  atualmente,  um  dos  fatores  analisados  pelos  consumidores  mais  conscientes.  Por  exemplo, engana­se a  empresa  que fabrica carros econômicos,  mas  que  poluem  o  ar;  ou  aquelas  que  fabricam  produtos  com  embalagens  que  os  conservam  perfeitamente,  mas  não  são  degradáveis  e  agridem  a  natureza;  ou  ainda  aquelas  que extraem os recursos naturais e não os repõem; ou as empresas que operam em  cidades  interioranas,  mas  não  a  desenvolvem  com  inovação  tecnológica  ou  transferência  de  informação.  Em suma,  a  qualidade  é  o elo  que  liga  a empresa  ao  ambiente externo de forma estável e duradoura.

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4.2. Quem é seu cliente 

Não há outra forma de uma empresa se manter no mercado que não seja  procurar  atender  ao  seu  consumidor.  Daí  decorre  a  dependência  que  as  organizações têm dos seus clientes, e não os clientes das organizações. 

Logo,  cabe  perguntar  por  que  o  consumidor  compra  este  e  não  aquele  produto.  Uma  possibilidade  pode  ser  a  falta  de  opção,  outra  pode  ser  porque  ele  gostou  da  embalagem,  ou  mesmo  era  o  melhor  que  havia,...  Enfim,  sabendo  que  nenhuma  dessas respostas  gera a fidelidade  do cliente, a  empresa  deve  rever sua  estratégia,  pois  se  ela  não  conquistou  a  fidelidade  do  cliente,  a  sua  perda  para  a  concorrência  ou  a  substituição  do  produto  adquirido  por  outro  similar  são  possibilidades presentes e ameaçadoras. 

Por  outro  lado,  pode  ser  que  ele  tenha  adquirido  o  produto  pela  marca,  que lhe inspira confiança; ou porque ele sabe, por experiência própria, que o produto  tem um bom desempenho, é econômico e atende as suas necessidades ou, ainda,  porque pessoas que ele conhece garantiram que se trata de um bom produto e isso  lhe transmite confiança. 

Estes aspectos são consistentes e não são conquistados da noite para o  dia.  É  necessário  investimento  em  pesquisa  e  desenvolvimento  tecnológico  e  em  capacitação  humana,  e  isso  custa  dinheiro  e  necessita  de  tempo.  Então,  tem­se  a  consolidação de uma marca no mercado conquistando a qualidade. 

Por isso, a única forma de conquistar e manter uma posição no mercado é  através do pleno atendimento às necessidades dos clientes e conquistar a qualidade  é básico para atuar no mercado altamente competitivo que se vê hoje. 

A  importância  do  consumidor  é  consensual  e  não  se  discute  mais.  Mas  quem é ele?

A  identificação  do  consumidor  deve  ser  feita  em  termos  de  quem  vai  utilizar o produto, independente da pessoa física ou de detalhamentos de seu perfil. 

Por isso, o cliente é uma pessoa que tem expectativas, necessidades, conveniências  e exigências acerca de determinado produto; identificá­lo significa listar itens fixados  por ele e checar quais e como o produto os contempla. 

Essa  é  a  parte  essencial  do  processo.  Em  certas  regiões,  um  produto  é  preferido por determinada embalagem; consumidores masculinos optam por menos  detalhes  que  as  consumidoras  femininas;  os  produtos  infantis  requerem  cuidados  com  sua  forma  e  composição;  há  produtos  que  são  comprados  para  consumo  próprio  e  outros  para  revenda  ou  transformação;  enfim,  há  uma  infinidade  de  características  e  correlações  entre  produtos  e  consumidores  que  a  empresa  deve  identificar  para  segmentar  o  seu  público  de  acordo  com  o  que  ela  produz  e/ou  comercializa.

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Em suma, deseja­se criar um perfil integrado consumidor­produto. Quanto  à  questão  “atendimento”  fica  dividida  em  duas  áreas:  especificações  gerais  (necessidades,  expectativas,  conveniências)  e  particularidades  (regionalização  do  produto, especificidade por público­alvo, etc). 

4.3. O que deseja o consumidor 

As  expectativas  do consumidor  quanto  ao  produto nem sempre  são  bem  definidas.  Há  um  nível  mínimo  de  expectativas  que  diz  respeito  às  necessidades  básicas  para  as  quais  o  produto  está  direcionado.  A  partir  daí,  passam  a  interferir  fatores complementares, que acrescentam algo ao produto. 

Pode­se pensar que o atendimento às expectativas não expressadas pelo  consumidor  é  um  conjunto  de  idéias  de  importância  relativa.  Contudo,  estes  itens  podem determinar a perda de um consumidor, ou a conquista de um novo ou, pelo  menos,  a  manutenção  de  nosso  consumidor  mesmo  diante  de  um  produto  concorrente.

Existe uma sutil diferença entre satisfação de necessidades e atenção às  expectativas.  Se  o  produto  atende  ao  que  se  propôs,  tem­se  um  consumidor  satisfeito;  se  não  atende,  tem­se  um  consumidor  frustrado.  Sem  atender  às  necessidades  básicas,  é  difícil  ter  um  consumidor  cujas  expectativas  possam  ser  superadas, na realidade o que se vê, quando isso acontece, são clientes revoltados  e  perdidos  para  a  concorrência.  Se,  agora,  além  de  atender  às  necessidades  básicas,  o  produto satisfaz às  expectativas  não  expressadas,  passa­se  à  figura  do  consumidor maravilhado com o produto, ou seja, cativo. Um consumidor satisfeito a  empresa tem; um consumidor cativo, a empresa mantém. Atender ao que ele espera  pode garantir a sobrevivência da empresa no mercado. 

4.4. O que é conveniente para o consumidor 

Imagine  um  retroprojetor  que consome  baixa quantidade  de energia,  que  utiliza  uma  lâmpada  extremamente  resistente  e  que  quase  nunca  queima;  que  projeta  as  transparências  de  forma  nítida;  que  tem  detalhes  relevantes  de  acabamento, como cores bonitas; e que apresenta extrema facilidade de operação. 

À  primeira vista,  trata­se  de um  produto  que  atende  às  necessidades  usuais  e,  por  aspectos  de  apresentação  do  produto  e  índices  surpreendentes  de  desempenho,  pode superar aquilo que se espera dele. Pode­se pensar que se trata de um produto  de ótima qualidade, se não fosse um detalhe pouco observado na compra, mas logo  percebido  que  é  um  equipamento  que  pesa  55  quilos.  Com  este  peso  dificulta  o  transporte  do  equipamento,  o  que  o  torna  pouco  prático,  pois  retroprojetores  são  produtos que precisam ser deslocados com muita freqüência e isso lhe prejudica por  ser inconveniente. 

Há  um  número  infinito  de  situações  a  considerar  no  caso  da  análise  da  conveniência do produto. Os exemplos são muitos, e em todos o que se observa é a  falta de atenção da empresa para com o consumidor. Por isso, tem­se enfatizado o  emprego  de  técnicas  de simulação  do  produto  em  uso.  A  falta  desta  análise  pode  comprometer o próprio uso do produto. 

Portanto, tem­se os três elementos básicos para a adequação do produto  ao consumidor: Œ a satisfação das necessidades; • o atendimento às expectativas,

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principalmente aquelas não expressadas e; Ž a atenção à conveniência do produto  em uso. 

4.5. Como saber o que o consumidor quer 

O problema pode ser tratado sob dois ângulos: o primeiro, estático, refere­ 

se  à  natureza  da  demanda  atualmente;  o  segundo,  dinâmico,  diz  respeito  à  alteração das preferências do consumidor. 

Há  aqui  dois  equívocos:  primeiro,  achar  que  a  empresa,  por  ser  quem  fabrica o produto, sabe exatamente o que quer o consumidor; segundo, a empresa  firmar­se na posição de que a opinião do consumidor nunca muda. 

Existem muitos modos de saber o que o consumidor quer. Há métodos de  pesquisa  direta,  com  o  uso  de  formulários,  questionários,  entrevistas,  contatos  telefônicos,  etc.  Estas  estratégias  são  dirigidas,  em  geral,  aos  clientes  potenciais. 

Para consumidores que já utilizam o produto, há métodos mais eficientes, como as  pesquisas  motivacionais  do  produto,  que  aferem  a  verdadeira  razão  que  levou  o  consumidor  a  adquirir  o  produto.  Têm  sido  utilizados  modelos  de  pesquisas  que  envolvem  rastreamento  de  produtos  comprados  por  determinados  consumidores,  cujo  uso  é  acompanhado  pela  empresa.  Esses  consumidores  podem  ser  considerados como “padrões”, ou seja, representativos de segmentos específicos de  mercado. Sua posição sobre o produto pode ajudar a definir o que, em linhas gerais,  preferem os clientes. 

Tão importante quanto determinar exatamente a vontade do consumidor é  repassar  esta  informação, de forma  precisa, inicialmente  à  área  de  planejamento  e  projeto de  produtos  e  daí,  para  a  fábrica.  É  essencial,  para  que  haja  qualidade  no  produto,  saber  o  que  os  clientes  preferem.  Logo,  fica  clara  a  importância  da  estruturação de um sistema de informações entre o mercado e a empresa (fábrica),  com permanente atualização. Essa é a única forma de produzir o que o consumidor  quer. 

4.6. Como satisfazer o consumidor 

O  primeiro  aspecto  a ser atendido acerca  da  satisfação  do consumidor  é  que  ela é  dinâmica.  A segunda,  é  que  nem  o  próprio consumidor  sabe quando  ela  muda.  Assim,  a  satisfação  do  consumidor  pode  ser  encarada  pela  empresa  como  um  processo  de  melhoria  contínua.  Trata­se  de  dois  movimentos:  quando  o  consumidor  está  à  frente,  a  empresa  precisa  acelerar  suas  ações  para  voltar  a  atingir sua satisfação;  a  outra  é  quando  a  empresa  está  à  frente  do  consumidor,  e  todas  as  necessidades  dos  consumidores  estão  sendo  superadas,  tratando­se  de  um momento extremamente positivo para a empresa. 

A seguir são descritos alguns estágios que devem ser entendidos e postos  em prática pela empresa para promover a satisfação dos consumidores:

· O  esforço  deve  ser  organizado:  primeiro  desenvolve­se  o  trabalho  e  em  seguida a estrutura para atender às necessidades dos clientes;

· O sistema deve ser permanentemente abastecido a partir do consumidor;

· A orientação da atividade para o consumidor requer disciplina;

· O  processo  produtivo  deve  ser  repensado,  já  que  não  se  admite  esquema  rígido de trabalho nem valores elevados de custos de alterações.

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Há  várias  formas  de  identificar  o  que  satisfaz  o  consumidor  e  de  determinar  como  fazê­lo.  O  aspecto  mais  importante,  porém,  é  a  compreensão  da  importância  desta  questão,  que  deve  ser  entendida  por  todos  como  um  objetivo  básico da empresa. Isso envolve decisões de alto escalão, incluídas, geralmente, no  Planejamento Estratégico da organização. As demais ações e reflexos no processo  produtivo são, apenas, decorrências naturais da compreensão correta da questão e  do propósito de colocá­la em prática.

Referências

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