Agradeimentos i
Resumo iv
Abstrat v
Lista de Figuras vi
Lista de Tabelas ix
1 Introdução 1
1.1 O 4RA IPCC . . . 2
1.2 Região de Estudo . . . 9
1.2.1 OeanoAtlântio Sul . . . 9
1.2.2 Massas de Água . . . 15
1.3 Objetivos . . . 20
2 Material e Métodos 21 2.1 Os Dados . . . 21
2.1.1 Cenários de Simulação . . . 22
2.1.2 Portal de dados: PCMDI . . . 23
2.1.3 Modelos ClimátiosGlobais . . . 23
2.2 Metodologia . . . 28
2.2.1 EstatístiaBásia . . . 28
2.2.2 Funções Ortogonais Empírias . . . 29
2.2.3 CálulodaDensidade Potenial eDiagramas de Estado . . . . 32
3 Resultados e Disussão 34 3.1 Dados observaionais vs. modelos . . . 34
3.2 Diagramas de estado . . . 37
3.2.1 Seções Vertiais . . . 41
3.3 Tendênias das propriedades termohalinas . . . 46
3.3.1 Cenário203m . . . 46
3.3.2 Cenário1pto2x . . . 50
3.4 Diferenças entre os enários . . . 53
3.4.1 Água Intermediária Antártia . . . 53
3.4.2 Água Profunda Cirumpolar . . . 58
3.4.3 Água de Fundo Antártia . . . 62
3.5 Variabilidade . . . 66
3.5.1 Água Intermediária Antártia . . . 66
3.5.2 Água Profunda Cirumpolar . . . 72
3.5.3 Água de Fundo Antártia . . . 77
4 Conlusões 82
Oavanço datenologia omputaionalea sostiação damodelagemnuméria
nos últimos anos tornou possível a realização de diversas simulações do lima
ter-restre. Essas simulações busam reproduzir a dinâmia e a variabilidade do lima
global, e onsequentemente prever o lima futuro. Dentro do sistema limátio, o
oeanoé oompartimentoresponsável por manter estabilidade dolima. Proessos
oeânios omo a formação e distribuição de massas de água têm um papel have
noarmazenamentoe redistribuiçãode energia pelosistema. Mudanças nesses
fen-menos podem impliar em variações drástias do lima atual. Considerando isso,
opresentetrabalho visa desrever a estrutura espaço-temporal das massas de água
doOeano Atlântio Sul e doOeano Austral. Para issoforam utilizadosdados de
modelos limátios que foram utilizados na elaboração do
4
° Relatório de Avalia-ção do Painel Intergovernamental para as Mudanças Climátias. Os modelos são:
ECHAM5/MPI-OM,IPSL-CM4-V1,MIROC3.2eGFDLCM2.1. Dentreasdiversas
simulaçõessão omparados os experimentos para o séulo
XX
(20c3m
) e oexperi-mentoqueassumeaonentraçãode
CO
2
aumentandoaumataxade1
%aoanoaté ovaloriniial dupliar(1pctto2x
). Osresultados mostraram um aumento datem-peraturadaÁgua IntermediariaAntártia(AIA) e daÁguaProfundaCirumpolar
(CDW).Asdensidadesdelasdiminuíramsigniativamentetantonoenário
20c3m
quantono
1pctto2x
. A Águade Fundo Antártia (AFA) sofreu um resfriamento epassou a oupar níveis mais profundos em ambos os enários. As variações
regis-tradasno
1pctto2x
forammais intensasdo queaquelas observadas noexperimento20c3m
. Já variabilidade temporal das massas de água forambastante divergentesallowed to perform many limate system's simulations. Suh simulations aim to
reprodue the dynamis and variability of the limate and onsequently predit
future limate and possible limate hanges. Oeani proesses suh as formation
anddistributionofwatermasseshaveanimportantroleinunderstandingtheoeans
as a reservoir of salt, dissolved gases and heat. Considering that hanges in suh
proesses may have great impat in global and regional limate this work aims
to desribe spatial and temporal variability of water masses in the South Atlanti
Oean and Southern Oean. Data from the numerial simulations used for the
preparationof the Intergovernmental Panel on ClimateChange FourthAssessment
Report(4AR/IPCC)were used. Fourlimatemodelswere hosen:
ECHAM5/MPI-OM, IPSL-CM4-V1, MIROC3.2, GFDL CM2.1. Results from the Climate of the
20
th
Century
(
20c3m
)
and the1
%peryearCO
2
inrease (todoubling) experiment(
1pctto2x
)
were analyzed. The four models show a positive trend of temperatureand a freshening trend of the Antarti Intemediate Water (AAIW), Cirumpolar
DeepWater (CDW)and the AntartiDeep Water (AADW).The densities ofthese
water masses beome signiantly lighter in the
20c3m
senario. In the1pctto2x
senariointhe AAIWand CDW moved toupperlayers. Alsointhis senariothere
1.1 Projeçõesglobaisde emissõesantropogêniasdegases estufa
(gigato-neladas de
CO
2
)para os enáriosB1, A1T, B2,A1B, A2e A1F1. . . 4 1.2 Resoluçãoespaialdasdiferentesgeraçõesdosmodeloslimátiosuti-lizadosnosrelatóriosdoIPCC.Assiglasindiamoprimeiro,segundo,
tereiro e quarto relatório de avaliação. FAR (IPCC,
1990
), SAR(IPCC,
1996
),TAR (IPCC,2001
) eAR4 (IPCC,2OO7
). . . 81.3 Diagrama esquemátio representando a irulação de superfíie no
Oeano Atlântio Sul. Adaptado de Peterson & Stramma(1991) . . . 10
1.4 Figuraadaptadade Houghton etal.(2001),esquematizandoa
Ciru-lação Termohalina proposta por Broeker (1991). . . 12
1.5 Transporte médio de alor (1.5(a)) no oeano (em
PW
=
10
15
W
) e
transporte de massa médio (1.5(b))alulados a partir dos dados do
WOCE. As setas indiam a direção do transporte e os números os
respetivos valores. Figuraretiradade Ganahaud & Wunsh (2000). 14
1.6 Representaçãoesquemátiadairulaçãodas massasdeáguado
Oe-ano Austral. PF, Frente Polar; SAF, Frente Subantártia; STF,
Frente Subtropial. Retirado de Speer et al.(2000). . . 19
3.1 Erro quadrátiomédio(RMSE)naisopinalmédiados níveis
26, 9
≤
σ
≤
28, 4 kg.m
−
3
. As regiõesmais avermelhadas indiamas maiores
3.2 Diagramas de estado(
θ
−
S
)para o enário20c3m
. Linha vermelharepresenta a urva
θ
−
S
média para ada modelo. . . 383.3 Diagramasdeestado(
θ
−
S
)paraoenário1pctto2x
. Linhavermelharepresenta aurva
θ
−
S
média para ada modelo. . . 393.4 Seção vertial de salinidadeproduzidaa partirdos dadosdoWOA05
(Loarninietal.,2005). Contornos(linhaheia)indiamasisopinais
araterístias de ada massa de água. . . 42
3.5 Seção vertial de salinidade
(
h
)
. Contornos (linhaheia)indiamasisopinais
(
kg.m
−
3
)
araterístias de ada massa de água. . . 45
3.6 Tendênia linear de temperatura(
.ano
−
1
) -203m . . . 47
3.7 Tendênia linear de salinidade(unidades
.ano
−
1
)- 203m. . . 48
3.8 Tendênia linear de densidade (
kg.m
−
3
.ano
−
1
)- 203m . . . 49
3.9 Tendênia linear de temperatura(
.ano
−
1
) -1ptto2x . . . 50
3.10 Tendênia linear de salinidade(unidades
.ano
−
1
)- 1ptto2x . . . 51
3.11 Tendênia linear de densidade (
kg.m
−
3
.ano
−
1
)- 1ptto2x . . . 52
3.12 Diferença de temperatura() /
1pctto2x
−
20c3m
-AIA . . . 553.13 Diferença de salinidade/
1pctto2x
−
20c3m
- AIA . . . 563.14 Diferença de profundidade (metros)/
1pctto2x
−
20c3m
- AIA . . . 573.15 Diferença de temperatura() /
1pctto2x
−
20c3m
-CDW . . . 593.16 Diferença de salinidade/
1pctto2x
−
20c3m
- CDW . . . 603.17 Diferença de profundidade (metros)/
1pctto2x
−
20c3m
- CDW . . 613.18 Diferença de temperatura() /
1pctto2x
−
20c3m
-AFA . . . 633.19 Diferença de salinidade/
1pctto2x
−
20c3m
- AFA . . . 643.20 Diferença de profundidade (metros)/
1pctto2x
−
20c3m
- AFA . . . 653.21 Padrões espaiais doprimeiromodoespaialda temperatura(EOF1
-) esérietemporaldos oeientes de expansãodoprimeiromodo.
3.22 Padrões espaiais do segundo modo espaial da temperatura (EOF2
- ) esérie temporaldos oeientes de expansãodo segundo modo
de variabilidade. As séries temporais são adimensionais -AIA
20c3m
703.23 Padrões espaiais doprimeiro modoespaialda temperatura(EOF1
-) esérietemporaldos oeientes de expansãodoprimeiromodo.
As séries temporais são adimensionais- AIA 1ptto2x . . . 71
3.24 Padrões espaiais doprimeiromodoespaialda temperatura(EOF1
-) esérietemporaldos oeientes de expansãodoprimeiromodo.
As séries temporais são adimensionais- CDW
20c3m
. . . 743.25 Padrões espaiais do segundo modo espaial da temperatura (EOF2
- ) esérie temporaldos oeientes de expansãodo segundo modo
de variabilidade. As séries temporais são adimensionais- CDW
20c3m
753.26 Padrões espaiais doprimeiro modoespaialda temperatura(EOF1
-) esérietemporaldos oeientes de expansãodoprimeiromodo.
As séries temporais são adimensionais- CDW 1ptto2x . . . 76
3.27 Padrões espaiais doprimeiro modoespaialda temperatura(EOF1
-) esérietemporaldos oeientes de expansãodoprimeiromodo.
As séries temporais são adimensionais- AFA
20c3m
. . . 793.28 Padrões espaiais do segundo modo espaial da temperatura (EOF2
- ) esérie temporaldos oeientes de expansãodo segundo modo
de variabilidade. As sériestemporais são adimensionais -AFA
20c3m
803.29 Padrões espaiais doprimeiro modoespaialda temperatura(EOF1
-) esérietemporaldos oeientes de expansãodoprimeiromodo.
2.1 Modelos utilizadose suas respetivas resoluçõesespaiais. . . 27
3.1 Índies araterístios (
θ
(
°C)
,S
(
h
)
eσ
θ
(
kg.m
−
3
)
) médios das
massas de água para ada modeloe para os dados observaionaisdo
WOA05
. Os índies desta tabela são referentes aos resultados doIntrodução
O avanço e a sostiação da modelagem numéria nos últimos anos permitiu que
fossem produzidas diversas simulações do lima terrestre. Tais simulações busam
reproduzir a omplexa dinâmia e a variabilidade do lima presente, e
onsequen-temente prever o lima futuro e as possíveis mudanças limátias. O
4
° Relatóriodo Painel Intergovernamental para Mudanças Climátias (Intergovernmental
Pa-nel on Climate Change - 4RA IPCC) utilizou-se de tais simulações para mostrar
quea emissãode gases estufa por açõesantrópiasprovoa mudanças signiativas
no sistema limátioterrestre levando à sérias impliaçõessoioeonmias. O
sis-tema limátio, pode ser entendido omo ino omponentes - atmosfera, oeano,
riosfera, litosfera ebiosfera - que armazename troam alor (energia) entre si. A
omponenteoeâniaéaquelaquerespondepelamaiorquantidadedeenergia
arma-zenada. Issoaontee devido àspropriedadesfísias,taisomo, amaior apaidade
térmiadaáguaemrelaçãoaoar,etambémdevidoamassaoeâniatotalsermuito
doque a massa das demais omponentes do lima. Dessa forma,os oeanos atuam
omoum "regulador"dosistema limátio(Tomzak, 1999). Entendere quantiar
os meanismos e taxas de mudanças de suas propriedades implia em entender a
variabilidade de mais baixafrequênia do limaterrestre.
de suas propriedades são ditas onservativas, fazendo om que as massas de água
atuem omo reservatórios de alor, sal e gases dissolvidos. Tomzak (1999) dene
massa de água omo um orpo de água om formação históriaomum, tendo sua
origem em sua região partiular do oeano. São ainda entidades físias de volume
mensurável e oupando um volume nito no oeano. Essas massas de água são
transportadas pelos sistemas de orrentes oeânias, e ao ontrário das massas de
ar,elas movem-selentamente, sendomenossusetíveisàsondiçõeslimatológiase
aeventos de mais altafrequênia. Desse modo,respostas àsmudanças do limaem
suaspropriedadessão maislentas. Asmassas deágua adquiremsuas araterístias
(assinaturas)apartirdeproessosatmosfériosesão,porisso,exelentesindiadores
para as alterações das ondições limátias (Leanue & Tomzak, 2004). Assim
sendo, estudos relaionados à estrutura e mudanças de propriedades de massas de
água são de grande importânia no entendimento da atuação dos oeanos omo
reservatório de sal, gases ealor.
1.1 O 4RA IPCC
Nos últimos anos, questões ambientais omo sustentabilidade e mudanças
limáti-as foram temas de muitos debates polítios gerando até mesmo diretizes
interna-ionais para os temas. Em 1988 foi riado o Intergovernmental Panel on Climate
Change, sendo esse um órgão ientío ligado às Nações Unidas responsável por
avaliar o onheimento a era da mudança limátia global. Ele é responsável
por avaliar informações ientías, ténias e também soioeonmias. O intuito
é entender osrisos das mudanças limátiase seu impatona população humana.
São aproximadamente
2500
ientisitas de diversos países e instituições envolvidosnessepainel. Osresultados destesesforços são reunidos emum Relatóriode A
http://www.ip.h/. Em
2007
oIPCC divulgouoseu quarto Relatóriode Avali-ação(4RA IPCC).Esse relatórioéestruturado basiamenteemtrês partes,sendo
ada uma dessas partes de responsabilidade de um Grupo de Trabalho (GT). O
GT1 produz um doumento intitulado As Bases Cientías, o GT2 Impatos,
Adaptação e Vulnerabilidade e o GT3 Mitigação. Um resumo de todos esses
relatóriostambém é disponibilizadoe intitulado Relatório para Tomadores de
De-isões. Comoopróprionomediz, esseúltimorelatórioédireionadoaostomadores
de deisões, om o objetivo de auxiliar as diretrizes ambientais e soioeonmias
globais,tendo um aráter mais polítio.
Em
2000
oIPCC apresentou umonjuntode enáriosdedesenvolvimentoglobal(SRES)e de emissão de gases estufa e aerossóis. Esses enários foramusados omo
forçantes para as projeções numérias do lima em seu tereiro e quarto relatório.
Os SRES mostram diferentes ontextos de mudanças limátias, denominados de
A1,A2,B1eB2. Aseguirsão apresentadasalgumasaraterístiasdessesenários:
A1 é o enário que desreve um mundo futuro em que a globalização é
do-minante. Nesse enário o resimento eonmio é rápido, o populaional é
pequeno e o desenvolvimento tenológio é mais rápido e eiente. Algumas
questões paralelassão aonvergênia eonmia eultural,om uma redução
signiativaemdiferenças regionaise rendaperapita. A famíliade enários
A1 sedivide emtrês grupos que desrevem direções alternativasda mudança
tenológia no sistema energétio. Os três grupos de A1 distinguem-se por
suaênfase tenológia: intensivanousode ombustíveisfósseis(A1F1),fontes
energétias não-fósseis (A1T) ou um equilíbrio entre todas as fontes (A1B)
(não dependendo exlusivamentede uma determinadafonte de energia);
A2 é o enário que desreve um mundo futuro muito heterogêneo no qual a
Figura 1.1: Projeções globaisde emissõesantropogênias de gasesestufa
rístias são o resimento populaional alto, menor preoupação em relação
ao desenvolvimento eonmio rápido. As mudanças tenológias são mais
fragmentadas e mais lentasdoque nos outros enários;
B1 é o enário que desreve um mundo onvergente om a mesma população
global, que atinge o pio em meados do séulo
XXI
e delina em seguida.Também oorre uma rápida mudança na estrutura eonmia mundial om
a introdução de tenologias limpas. A ênfase está em soluções globais para
sustentabilidade ambiental, eonmia e soial e inlui esforços ombinados
para odesenvolvimentode tenologia rápida;
B2éoenárioquedesreveummundonoqualaênfaseestáemsoluçõesloais
paraasustentabilidadeeonmia,soialeambiental. Éum mundoemquea
população global aumenta ontinuamente, a uma taxa inferior à do A2, om
níveis intermediários de desenvolvimento eonmio e mudança tenológia
menosrápidaemaisdiversadoquenosontextosB1eA1. Oenáriotambém
estáorientadoparaaproteçãoambientaleparaigualdadesoial,masseufoo
são em níveis loais e regionais. A mudança tenológia é mais diversa om
forteênfasenasiniiativasomunitáriaseinovaçãosoial,emlugardesoluções
globais.
Asaraterístiasde adaenário,emrelaçãoàsonentraçõesde gasesdeefeito
estufa (
SO
2
,C0
2
,N
2
0
eCH
4
) apareem na gura 1.1, mostrando as diferentes onentrações destes gases nos enários SRES e suas variações no período de2000
até
2100
.O doumento produzido pelo GT1 é tido omo o estado da arte das pesquisas
limátias. Algunsresultadosimportantesparaopresenteestudodoúltimorelatório
divulgadopor este gruposão apresentados aseguir:
de
0, 10
°C. Esse resultado foi observado na amada de oeano que vai desdea superfíie até
700
metros. Do alor total armazenado pelos oeanos, doisterços desta quantidade foi observado nessa amada. Na última déadadeste
período(
1993
-2003
)foiregistradaasmaiorestaxasdeaqueimento,mas após2003
foi observado um resfriamentodos oeanos. Tendêniasdediminuiçãodesalinidadenosoeanosnoperíodode
1955
a1998
foram observadas nas altas latitudes de todos os oeanos. Já em latitudes
tropiaisesubtropiaisfoi observado tendêniasde aumentode salinidadeem
águas superiais. A diminuiçãode salinidadeé mais pronuniada nooeano
Paío,enquanto oaumentofoiobservado emmaiorintensidade nosoeanos
Atlântio e Paío.
As massas de água oeânias apresentaram mudanças signiativas de suas
propriedades. Algumasmassasdeágua doOeanoAustralsofreram um
aque-imento de
0, 17
°Centre1950
e1980
(Gille, 2002). Este valoré mais altodoque o observado nos demais oeanos. Ainda assim não são observadas
mu-danças signiativas nos padrões médios da irulação oeânia. Aredita-se
quehouvealgumasmudanças navariabilidadedosetoratlântiodairulação
termohalinaemesalas interanuais e deadais.
Com relação ao avanço da modelagem numéria, o grande triunfo dos
mo-delos limátios atuais é a apaidade dos mesmos em simular o lima atual
sema neessidadede orreções de uxos. Noentanto,uma deriva sistemátia
nas omponentes oeânias desses modelos ainda pode oorrer. Isso aontee
basiamente pelo desaoplamento das troas de alor, água e momento entre
o oeano e a atmosfera. Uma das prinipais impliações da deriva limátia
observada nas simulaçõesnumériasé aambiguidade emdenir oestado
Umoutroganhodamodelagemnumériaéorenamentodasresoluções
espai-ais. Esteganhoderesoluçãoestáintimamenteligadoaoavançoomputaional,
permitindo proessamentos mais eientes e maior apaidade de
armazena-mento. A gura1.2mostraoganhode resolução espaialpelosmodelos desde
a publiação do primeiro de avaliação do IPCC em
1990
(∼
500 km
) até apubliação do 4RA IPCC (
∼
110 km
). Ainda assim, muitos dos proessosfísiosqueontrolamolimanãosão melhoresrepresentadossomenteomum
renamento das grades numérias, mas sim om uma formulação físia mais
Figura 1.2: Resolução espaial dasdiferentes gerações dosmodeloslimátios
utilizadosnos relatórios doIPCC. Assiglas indiam oprimeiro, segundo,tereiroe
quarto relatóriode avaliação. FAR (IPCC,
1990
),SAR (IPCC,1996
), TAR (IPCC,1.2 Região de Estudo
Aregiãode interessenopresenteestudoéoOeanoAtlântioSul eosetorAtlântio
doOeanoAustral. Asaraterístias,adesrição eaimportâniadessasáreaspara
olima global são apresentadas a seguir.
1.2.1 Oeano Atlântio Sul
O Oeano Atlântio Sul está ompreendido entre as longitudes
70
°W a30
°E, eentre as latitudes
0
°N a70
°S.Desde a expedição alemã Meteor em1925
, o OeanoAtlântio Sul tem sido uma região de grande interesse nas pesquisas limátias e
oeanográas. Partiularmente, nos últimos anos, tem-se aprendido muito sobre
a irulação superial do Atlântio Sul. Contudo, as informações publiadas até
o presente estão longe de nos trazer o total onheimento sobre a dinâmia e a
variabilidade doAtlântio Sul.
Emregiõessubtropiaisairulaçãooeâniadegrandeesalaédeterminadapor
um giroantiilnio, em resposta atensão de isalhamento que osventos exerem
junto à superfíie. Essa irulação reebe o nome de giro Subtropial do Atlântio
Sul, e é responsável pela maior parte da irulação de superfíie do Atlântio Sul
(gura 1.3). Esse giro antiilnioé formado pela Corrente de Benguela (CBG) a
leste, Corrente Sul Equatorial (CSE) ao norte, Corrente do Brasil (CB) a oeste, e
CorrentedoAtlântio Sul (CAS)ao sul. Alémdessas quatro prinipaisorrentes, o
giroébastanteinueniadopelaCorrentedasMalvinas(CM),Correntedas Agulhas
(CA) epelaCorrenteCirumpolarAntártia (CCA). OGiroSubtropial do
Atlân-tio Sul é delimitado zonalmente pelos ontinentes afriano a leste e ameriano a
oeste,emeridionalmentepelooeanoAustralepeloequador(Peterson& Stramma,
1991).
araterísti-Giro Subtropical
Corrente Sul Equatorial
Corrente
do Brasil
Corrente das
Malvinas
Corrente
Circumpolar
Antártica
Corrente
das Agulhas
Corrente
de Benguela
Corrente do Atlântico Sul
Figura 1.3: Diagrama esquemátiorepresentando a irulação de superfíie no
as e propriedades bem difereniadas dos demais oeanos. Segundo Bryan (1962);
Holfort & Siedler (2001), o Atlântio Sul seria o únio oeano om transporte de
alor em direção as baixas latitudes. Isso pode ser expliado devido à formação
de massas de águas profundas oorrerprinipalmenteno Hemisfério Norte. Assim,
o Atlântio Sul serviria omo um anal ondutor para as águas profundas e frias
em direção aos demais oeanos. Por sua vez, as águas provindas da Corrente Sul
Equatorial ompensariam parialmente o transporte om direção ao sul das águas
profundasdo Atlântio Norte. Esse transporte atravésdo equador faz parte do
sis-temade irulaçãotermohalinaglobalhamadode inturãotermohalino (Gordon,
1986). Essa irulação é gerada pelas diferenças de densidade e foi desrita, entre
outros, por Broeker (1991). Ela é uma das áreas de pesquisas denida omo
ien-tiamente relevante para a manutenção do lima, sendo o oeano Atlântio uma
peça fundamental nesta irulação (Campos et al.,2001). Sua importâniadeve-se
aapaidade damesmaemmovimentargrandes quantidadesde energia térmiaao
redorde todoo globo.
Com relação aos níveis profundos dos oeanos, é esta irulação que garante a
manutenção ouaté mesmo aspossíveis variaçõesdas araterístiastérmiasdesses
níveis. Omovimentovertialéumaimportantearaterístiadestairulação,sendo
as regiões polares do oeano Atlântio as prinipais responsáveis pela formação de
águaprofunda. Deste modoooeanoAtlântioatua omoum ondutor,atravésdo
qual águas mais densas são introduzidas nos demais oeanos através da irulação
termohalina.
A irulação termohalinaestá dividida basiamenteem dois ramos (gura1.4):
umramo superialque transportaáguasmais quentes, menossalinaseom menos
oxigênio, e outro mais profundo om águas mais frias, salinas, e om muito mais
oxigênio. A veloidade destas orrentes é de era de
1 cm
·
s
−
1
e através dela
Figura 1.4: Figura adaptada de Houghton etal. (2001),esquematizando a
Oeano Atlântio fosse reilada. Esta irulação faz dooeano Atlântio Sul uma
baiabastantepeuliar. Enquantoamédiazonalglobaldouxode alormeridional
portodos osoeanos éemdireçãoaos pólosepratiamentesimétriaemrelaçãoao
equador,ouxode alornoAtlântio Sulsedánosentido norteatravésdalinhado
equadorHolfort& Siedler(2001). Ganahaud & Wunsh(2000)quantiaramesse
transporteapartirdosdadosobservaionaisdoWorldOeanCirulationExperiment
(WOCE),eseusvalorespodemservistosnagura1.5(a). Nessa gura,naregiãodo
Atlântio Sul observa-se um transporte de alor predominanteemdireçãoàsbaixas
latitudes.
O Oeano Austral
OOeanoAustraltem omolimitesuloContinenteAntártioeseu limitenorteéa
FrenteSubtropial. A região doOeanoAustral engloba oMar de Amundsen, Mar
de Bellingshausen, Mar de Ross, Mar de Weddell, parte do Mar da Sotia e parte
daPassagemde Drake. Este oeano apresenta araterístiasbastantepartiulares,
tais omo: pequenas diferenças de temperatura entre a superfíie e o fundo, não
ultrapassando
5
°C, pequena variação de densidade ao longo da oluna de água, etambém tem-se que a força gradiente de pressão é bastante homogênea em toda
oluna de água. Com isso as orrentes geostróas não estão restritas às amadas
superiores, estendendo-se à grandes profundidades, predominando uma dinâmia
barotrópia.
Uma outra importante araterístia desse oeano é que ele funiona omo o
prinipal meio pelo qual oorrem as troas de energia, alor e massa entre as três
baias oeânias, fazendo também a ligação dos ramos superiores e inferiores da
irulação termohalina global. O afundamento de águas mais densas no Oeano
Austral ontribui signiativamente para a formação do ramo inferior dessa
(a) Transportedealor
(b) Transportedemassa
Figura1.5: Transporte médiode alor (1.5(a)) no oeano (em
PW
=
10
15
W
) e
transporte de massamédio(1.5(b)) alulados a partir dosdados do WOCE.As
setasindiam a direção dotransporte eos númerosos respetivos valores. Figura
OeanoAustral, destaa-seaCorrenteCirumpolarAntártia(CCA).Esta onsiste
de um uxo geostróo que irunda o ontinente Antártio de oeste para leste e
é a prinipal ligação entre as grandes baias oeânias (Oeano Atlântio, Oeano
Paío eo OeanoÍndio).
OOeanoAustralpossuiumaimportâniaúniaparaosistemalimátioglobal.
Seusetoratlântioétidoomoamaiorregiãodeperdadealordosoeanos,sendode
extrema importânianairulação termohalina global. Essa perda de alor resulta
em águas frias e em uma irulação profunda, uma alta absorção de
CO
2
e outros gases atmosférios, partiularmente via águas intermediárias (Sabine et al., 2004).É nesse setor que são formadas as massas de água om as maioresdensidades, que
são responsáveis por ventilar as regiões abissais dos oeanos, tais omo a Água de
Fundo Antártia.
O Oeano Austral está submetido à um forte regime de ventos zonais, sendo
araterizado por um grande transporte oeânio via CCA, o qual atinge
∼
135
sverdrups naPassagemde Drake (Cunningham et al.,2003).
1.2.2 Massas de Água
Foivistoquegrandesorposdeágua,referidosomomassadeágua,sãoidentiados
nosoeanosdevidoàssuaspropriedadesfísio-químiasbastantearaterístias. Em
oeanograaumamassadeáguaéaraterizadaatravésdeseusíndiestermohalinos
(temperatura e salinidade). Elas adquirem essas araterístias termohalinas em
suas regiões de formação e são advetadas pelos sistemas regionais de orrentes
oeânias. Algumas araterístias adquiridas em sua formação são onsideradas
onservativas,tornando possívelidentiarelassiar asdiferentes massasdeágua
presente em todos os oeanos. Uma denição rigorosa desse oneito é: um orpo
de água om história de formação omum e originadade uma região partiular do
Tomzak (1999) destaa três proessos físios envolvidos na formação de uma
determinadamassa de água: onveção,subdução emistura emsub-superfíie.
Conveção: nesseproessoáguassuperioresaumentamsuadensidade,devido
àevaporaçãoouresfriamentodaáguade superfíie, fazendoom queoorra o
afundamentodelaspara níveisemqueo equilíbriohidrostátioseja
restabele-ido. Dessa forma esse é um proesso não hidrostátio, sendo as veloidades
horizontale vertial damesma ordem de magnitude. Após formada, amassa
de água é transportada pelo sistema de orrentes loais. A homogeinização
dessanovaáguaéfeitaporproessosde misturanaregiãodeonveção,oque
resultaempropriedadesextremamenteuniformes poruma largafaixa de
pro-fundidade. Mediçõesdiretasdessefenmenosão bastantedifíeisnos oeanos,
prinipalmente devido às pequenas esalas horizontais envolvidas. A
onve-ção éo proesso araterístioenvolvidonaformação de águas profundas e
águas de fundo.
Subdução: esse é um proesso que resulta da ação do vento om o
resfria-mentoda superfíieoeânia. Quando oorre aonvergênia de duas orrente
geradaspelovento, tem-se um bombeamento de Ekman negativo (sentido ao
fundo), fazendo om que essa água afunde ao longo de superfíies isopinais.
Esse movimentoemsentido aofundo éextremamentelento,sendo muitas
ve-zes ultrapassadopeloespaçamentodaamadade misturadurante oinverno e
fazendoomquesejammisturadasdevidoaoresfriamentodas amadas
super-iais. Duranteaprimaveraquandooolunadeáguaestámaisestratiada,a
amadademisturaéisolada,oupandoumapequenaamadaquentena
super-fíie. ComobombeamentodeEkmannegativoatuando,eledesloaáguapara
regiõesprofundasepara foradoalanedaamadademisturadopróximo
ção de águas entrais e depois veriado por Williams et al. (1995), entre
outros. Tomzak & Godfrey (1994) atribuem a esse proesso a formação de
águas intermediárias emregiõesde altas latitudes. As águas formadas por
este proesso são araterizadas pelas baixas salinidades e tambémpor serem
saturadas emoxigênio.
Mistura em subsuperfíie: nesse proesso, ao ontrário dos demais, não
estão envolvidas as troas entre o oeano e a atmosfera. Também não é tão
omum quanto os proessos itados anteriormente. É um meanismo
deor-rente doenontrodeduas oumais diferentes massas deágua quesemisturam
ompletamenteadquirindopropriedadestotalmentediferentesdasmassas
on-tribuintes. Essareémformadamassadeáguaseespalhapelooeanoenquanto
éadvetadapelas orrentesoeânias. Aáguairumpolaré
predominante-mente formadapelamisturaem subsuperfíie(Thompson & Edwards, 1981).
Na prátia, a formação de uma massa de água não oorre exlusivamente por
apenas um dos proessos físios aima desritos e sim por uma ombinação dos
mesmos(Ribbe,2001; Santoso & England,2008). Depoisde formadasasmassasde
água tendema aomodar-seao longo daoluna de água de modo a estabeleer um
equilíbrio hidrostátio. Após esse proesso a massa de água não tem mais ontato
om a atmosfera,permitindoque elapreserve asaraterístias adquiridasdurante
sua formação.
Nesse estudo serão abordadas três massas de água que possuem uma grande
importânia na manutenção e variabilidade limátia global. São elas: Água
In-termediária Antártia (AIA), Água Profunda Cirumpolar(CDW, dá sigla
em inglês referente à Cirumpolar Deep Water) e a Água de Fundo Antártia
(AFA) (gura 1.6). A formação e irulação dessas três massas de água são um
A seguir enontra-se uma desrição mais detalhada das mesmas:
Água Intermediária Antártia - AIA
A AIA, além da região de sua formação, é enontrada aproximadamente entre as
profundidades de
600
-1000
metros, hegando até1200
metros. Seus índiester-mohalinos segundo Sverdrup et al. (1942) variam entre
3
e6
°C para temperaturae entre
34, 2
e34, 6
h
para salinidade. Essa massa de água é enontrada em todosos setores do Oeano Austral ao norte da Frente Polar Antártia. Ela se espalha
pelo oeano em amadas intermediárias (
∼
1000
metros), atingindo até mesmo oAtlântio Norte porvoltade
30
°N (Pikard & Emery, 1982). AAIA pode seriden-tiadaemobservaçõesassoiada àumvalormínimode salinidade(Sørensenetal.,
2001). Seu proesso de formação é bastante omplexo e ainda não é totalmente
ompreendido pela omunidade oeanográa (MCartney, 1977; Molinelli, 1981),
mas é atribuídoàuma ombinaçãodos três proessos anteriormentedesritos.
A AIA desempenha um papel fundamental e dominante no sequestro de
CO
2
antropogênio pelo oeano e também no armazenamento e distribuição de alor(Santoso & England,2004). De fato,estudos observaionais mostraram que a AIA
temum papelfundamentalnesseproesso (osfortes ventosemsua regiãode
forma-ção promovem atransferênia de gases entre ooeano eatmosfera) e alor (Sabine
et al., 2004; Gille, 2002). Daí segue a importânia de entender e quantiar os
meanismosde variabilidade dessa massa de água.
Água Profunda Cirumpolar - CDW
ACDW representa omaior volume de águado OeanoAustrale éuma misturada
ÁguaProfunda doAtlântioNorte (APAN),daÁguadeFundo Antártia,daÁgua
Intermediária Antártia e também de águas profundas reiruladas do Índio e do
AFA
CDW
AIA
Figura1.6: Representação esquemátia da irulação dasmassasde água do Oeano
Austral. PF, Frente Polar;SAF, Frente Subantártia; STF, FrenteSubtropial.
Retiradode Speer etal. (2000).
(UCDW) e ramo inferior (LUCW). O seu ramo superior ontribui na formação da
AIA, enquanto o inferior ontribui naformação da AFA (Sloyan & Rintoul, 2001).
Nopresente estudoaCDWé onsideradanasua totalidade, enão divididaemdois
ramos. A prinipal araterístia da CDW são os seus altos valores de salinidade,
entre
34, 70
e34, 74
h
, podendoser enontrada entre asprofundidades de1000
até3000
metros.Água de Fundo Antártia - AFA
A AFA é enontrada emtodas as baias oeânias, sendo onsiderada a água mais
omum no mundo (Brown et al., 1989). Seus índies termohalinos são
temperatu-ras inferiores a
2
°C e salinidades menores do que34, 86
h
. Sua formação oorredurante o inverno ao redor do ontinente Antártio, partiularmentenos mares de
Weddel e Ross. Após formada ela ui em direção ao norte e ao alançar o
2008). AvariabilidadedaAFApossuigrandeinuênianaestabilidadedairulação
termohalina,e om issonavariabilidadede mais baixafrequênia dolima.
O proesso de formação da AFA, ao ontrário da formação da AIA, já é bem
onheido e desrito, entre outros, por Orsi (1999); Foldvik et al. (2004). Já a
sua representação por modelos de irulação geral ainda é bastante limitada, pois
implia em ter uma representação realístias de proessos de plataforma de gelo
e proessos onvetivos. Até hoje nenhum modelo limátio foi apaz de simular
orretamente as propriedades dos fundos do oeano (Santoso & England, 2008).
A diuldade dessa questão está no fato deles representarem as águas profundas
omo não sendo suientemente densas e tambémsendo pouo salinas. Uma outra
diuldade se deve a grande esala de tempo envolvida na variabilidade da AFA.
Para uma melhor simulação é neessário integrações numérias om períodos da
ordem de entenas de anos, o que atualmente só é possível em resoluções espaiais
bem baixas.
1.3 Objetivos
Em vista da importânia do Oeano Austral e prinipalmente do setor Atlântio
dele, o presente estudo visa desrever a variabilidade espaço-temporal das massas
deáguadessesoeanos. Oobjetivoaquiéidentiar,araterizar(viaDiagramasde
Estadoeseçõesvertiais)eanalisararepresentaçãodetrêsprinipaismassasdeágua
nosmodeloslimátiosutilizadosparaaelaboraçãodo
4
°RelatórioAnualdoIPCC.As massas de água são: Água Intermediária Antártia (AIA), Água Cirumpolar
Antártia (CDW) e a Água de Fundo Antártia (AFA). Uma vez identiadas,
é analisada a variabilidade das estruturas termohalinas (via Funções Ortogonais
Empírias) dessas massas de água, bem omo suas tendênias temporais ao longo
Material e Métodos
Nesse apítulo são desritos os modelos limátios globais utilizados, bem omo
os enários limátios para os quais foram realizadas as simulações numérias. É
feita uma rápida desrição dos dados observaionais que foram utilizados para a
omparação om os resultados dos modelos. Também enontra-se desrita nesse
apítulo a metodologia adotada no trabalho, tais omo as análises estatístias e
outrasferramentas de análise.
2.1 Os Dados
Osdadosutilizadosnessetrabalhosão resultadosde simulaçõesnumériasom
mo-delos limátiosaoplados usadosno desenvolvimento do
4
° Relatório de Avaliaçãodo IPCC (Intergovernamental Panel on Climate Change). Essas simulações levam
em onta diferentes enários de aqueimento global em função do aumento na
li-beração de gases estufa. Am de averiguar o quão próximos esses modelos estão
da realidade, os resultados numérios são omparados aos dados observaionais do
2.1.1 Cenários de Simulação
OIPCC emseu tereirorelatóriodivulgadonoano de
2001
(MCarthy, 2001)esta-beleeu enários de desenvolvimento mundiais que serviriam omo padrão nas
for-çantes utilizadasnosmodeloslimátiosatuais. Para esseestudoserãoonsideradas
assimulaçõesque levamem onsideraçãoos dois seguintes enários:
203m: Essa simulação é iniiada a partir do último ano de uma integração
de ontrole denotada de pintrl. Essa simulaçãode ontrole utiliza os dados
oeânios de temperaturaesalinidadedalimatologiaLevitus (Levitus, 1982)
omoondiçõesiniiais. Já a omponenteatmosfériaé iniializadaom uma
onentração xa de gases estufa, representando a onentração do período
pré-industrial (
1870
),348 ppmv
. Essa simulação é rodada para um períodode
100
anos(1761
-1860
). A simulaçãoparaoséuloXX
(Climate of the20
th
Century experiment - 203m) onsiste de um esquema de
5
ensembles, emqueseutilizaamédiadosensembles paraeliminaradependêniade ondições
iniiaise variabilidade interna. Cada rodada obre o períodoque vai de
1850
até
2000
.Osagentes forçantes nesseexperimentoinluemosregistroshistóriosdegases
estufa (
CO
2
,CH
4
,N
2
O
eCFC
s
), sulfatos troposférios, atividadesvulânias eforçantes solares(Yukimoto& Kodera,2005). Asonentraçõesdessesgasesnesse enário é baseado nos registros histórios de Hansen et al. (1998). O
propósito desse enárioéreproduzirdamaneiramais realistapossívelo lima
doiníio doséulo
XX
até oano de2000
. 1ptto2x: O enário
1
% per yearCO
2
inrease experiment (to doubling) busafazerumaprojeçãodolima omasonentraçõesdeCO
2
aumentando a uma taxa de1
% ao ano até atingir um nível ujo valor é o dobro daorresponde àquele do ano de
1870
. A onentração de todos os gases estufaé mantida onstante (
CH
4
=
1650 ppmv
,N
2
O
=
306 ppbv
, onstante solar=
1367 W.m
2
),omexeçãodogásarbnio(
CO
2
),ujaonentraçãoiniialéde
348 ppmv
eatinge696 ppmv
aonal daintegração.2.1.2 Portal de dados: PCMDI
OWorldClimateResearhProgramme(WCRP)atravésdoportaldedadosProgram
forClimateModelDiagnosisandInteromparison(PCMDI-www-pmdi.llnl.gov/ip/a bout _ip .ph p)
organizaedisponibilizamaisde
35
terabytes de dadoslimátiosresultantes desaí-das de modelos limátios globais de última geração (Meehl et al., 2007). Um dos
objetivosdessainiiativaédeserviromodivulgador/servidordosdadosqueservem
para arealização das análisese projeções feitaspelos Working Group
1
do IPCC.2.1.3 Modelos Climátios Globais
O PCMDI disponibiliza a saída dos resultados de
23
diferentes modelos limátiosom
12
diferentes enários de emissão de gases estufa. Dentre os enários deemis-sãode gases estufa utilizadosnesse estudo,não sãotodososmodelos numériosque
disponibilizamsuas saídas para tais enários. Para tanto foram esolhidos quatro
modelos utilizados na realização do 4RA do IPCC que possuem as saídas para os
dois enários de interesse que são apresentados a seguir. Todos os modelos
esolhi-dos, emsuas omponentes oeânias utilizamasequaçõesprimitivasdomovimento
onsiderandoas aproximações hidrostátiae de Boussinesq (equação2.1).
D
~
v
o
Dt
+
f
(
~
k
×
~
v
o
) = −
1
ρ
w
h
~
∇
H
(
p
+
ρ
w
gη
) +
~
F
H
+
~
F
V
i
,
(2.1)apressãointerna,
g
éaaeleração devidoà gravidadeeη
é aelevaçãodasuperfíielivre do oeano.
~
F
H
e~
F
V
são parametrizações para as forças de atrito horizontal e vertialrespetivamente. Aveloidadevertialéobtidaapartirdoampohorizontalde veloidade,assumindo a ondição de uidoinompressível (equação2.2).
∂w
o
∂z
= −
∇
~
H
·
~
v
o
(2.2)A temperatura potenial(
θ
) ea salinidade(S
) obedeem as equações deadveção-difusão (equações 2.3, 2.4):
∂θ
∂t
=
∇
~
H
·
K
∇
~
H
θ
(2.3)
∂S
∂t
=
∇
~
H
·
K
∇
~
H
S
,
(2.4)em que
K
é um tensor utilizado na parametrização horizontal/vertial da difusão.Detalhesdosdemaismodeloseenáriossão dadosporMeehletal.(2007). Aseguir,
segue uma brevedesrição dos quatro modelos adotados nesse estudo.
GFDL-CM2.1
O modelo limátio GFDL-CM2.1 é desenvolvido e mantido pelo NOAA's
Ge-ophysialFluid Dynamis Laboratory (GFDL) daUniversidade de Prineton. Ele é
ompostodequatroomponentesquesimulamaterra/biosfera,ariosfera,a
atmos-feraeooeano. Aresoluçãohorizontaldomodeloatmosférioéde
2, 5
°delongitudepor
2, 0
° latitude, om24
níveis vertiais. Algumas das inovações mais marantesdessaúltimaversãodomodeloatmosférioéavariaçãodaradiaçãosolaraolongodo
dia. Essa novaformulaçãopermiteumtratamentoexplíitodediversosgasestraços,
taisomo oznio,aerossóis naturais(vulânios) e atropogênios (arbono negro) e
partíulas de pó. Uma desrição ompleta e detalhada da omponente atmosféria
édada porDelworth et al.(2006).
A omponente oeânia (Gnanadesikan et al., 2006; Gries et al., 2005) do
diminuindo meridionalmenteem direção aos trópios, hegando a
1/3
° próximo aoequador. Possui
50
níveis vertiais om22
níveis equi-espaçados (10
metros) nosprimeiros
220
metrosde olunade água.O aoplamentoentre o oeano e atmosfera oorre emum intervalo de duas
ho-ras, aoplando o ilo diurno da atmosfera e do oeano (Knutson et al., 2006).
Vale ressaltar que esse modelo não emprega orreções de uxos. O resultado
-nal do GFDL-CM2.1 é disponibilizado em uma grade regular om
200
pontos delatitude,
360
de longitude e50
níveis vertiais para o oeano. Maioresinforma-ções sobre adisponibilização eformatos de saída desse modelo são enontradas em
http://nomads.gfdl.noaa.gov /CM2 .X/.
IPSL-CM4 V1
Omodelolimátioaoplado IPSL-CM4V1(Marti etal.,2006)édesenvolvidopelo
Institut Pierre SimonLaplae (IPSL)naFrança. Umdos prinipaisobjetivosdessa
iniiativa é entender as omplexas interações entre a atmosfera, oeano, gelo
mari-nho,superfíieterrestreeglaiares,etambémomoosdiferentes aoplamentos
des-ses ompartimentos podem modular a variabilidade limátia natural e
antropogê-nia(viaemissãodegasesestufa). Comessepropósito,omodeloIPSL-CM4é
desen-volvido omoum onjunto de quatro modelos, ada um representando um
ompar-timento limátio. Cada omponentepode ser utilizadaseparadamente ouem
on-juntoomasdemais. Aomponenteoeânia,denominadaORCA,apresentao
oe-anodividoem
31
amadas,sendo osprimeiros100 m
de olunade águarepresenta-dospor
10
amadas. Osníveismaisaltosrepresentam profundidadesdeaté5000 m
.Tanto a omponente oeânia quanto a atmosféria apresentam uma grade regular
eomresoluçãohorizontalde
2
◦
×
2
◦
. Maioresinformaçõessobreessemodelopodem
serenontradasemhttp://dods.ipsl.jussieu. fr/o mam e/IP SLCM 4/D oIP SLCM 4/HT ML/.
om
180
pontos de longitude,170
pontos latitude e31
níveis vertiais no oeano.Esse modelo também não utilizaorreções eajustes de uxo.
MIROC3.2-hires
O Modelo de Pesquisa Interdisiplinar do Clima (Model for Interdisiplinary
Rese-arh on Climate -MIROC) é um projetomantido pelos Center for Climate System
Researh (CCSR), Universidade de Tóquio, National Institute for Environmental
Studies (NIES) epeloFrontier Researh Center forGlobalChange (FRCGC). Esse
modelo onsiste de 5 omponentes: atmosfera, terra, rios, gelo marinho e oeano.
A interação entre essas omponentes oorre por um aoplador de uxos. As troas
entre a atmosfera e o oeano oorrem exlusivamente através da atmosfera e do
gelo marinho e não diretamente entre a atmosfera e o oeano (Hasumi & Emori,
2004). A omponente oeânia desse modelo é o CCSR Oean Component Model
(COCO).Essa omponenteinteragesomente omo gelomarinho. Esse modelo
uti-lizaasequaçõesprimitivasdomovimentoemumaesfera, adotandoasaproximações
hidrostátias e de Boussinesq. Apresenta resolução horizontal zonal de
0, 28125
◦
e
meridionalde
0, 1875
◦
om
47
amadasvertiais que vãoda superfíieaté o fundo.O intervalo de tempo entre as integrações é de três segundos para as equações do
modo barolínio e três minutos para as demais. Uma desrição ompleta e
deta-lhada é dada por Hasumi & Emori (2004). O resultado nal do MIROC3.2-hires é
disponibilizadoemuma resolução horizontalom
320
×
320
pontose om33
níveisvertiais para o oeano.
ECHAM5/MPI-OM
O modelo limátio aoplado ECHAM5/MPI-OM é desenvolvido pelo Max-Plank
Institute demeteorologiadeHamburgo. Asduasomponentesdomodelo,ECHAM5
2003; Roekner et al.,2003). Dentre os modelosde estudo esse é únio queontêm
apenas duas omponentes. O ECHAM5 possui uma resolução horizontal
T63
e31
níveis vertiais híbridos om o nível mais alto a
10 hPa
. O modelo oeânioMPI-OM é um modelo de equações primitivas de oordenadas
z
. A resolução é maior,O
(
20
−
40km
)
,emregiõesde formaçãode águaprofunda(MardeLabrador,MardaGroenlândiaeMardeWeddell). Aolongodoequadoraresoluçãomeridionaléera
de
0, 5
◦
. Existem
40
amadas vertiais om uma espessura variando de10
metrospróximo à superfíie e
600
metros próximo ao fundo. O resultado nal doMPI-OM/ECHAM5é disponibilizadoemumagrade regularomresolução horizontalde
1
◦
×
1
◦
e
40
níveis vertiais.A tabela2.1mostra um resumo das saídas dos modelos aqui utilizados.
Tabela2.1: Modelosutilizados esuas respetivas resoluçõesespaiais.
Modelo Climátio Resolução Referênia
GFDL-CM2.1
1
◦
×
1
◦
×
50
Delworth etal. (2006)
IPSL-CM4 V1
1
◦
×
2
◦
×
31
Martiet al.(2006)
MIROC3.2
0, 56
◦
×
1, 125
◦
×
33
Hasumi & Emori (2004)
ECHAM5/MPI-OM
1
◦
×
1
◦
×
40
Roekner et al.(2003)
2.1.4 Dados Observaionais
OWorldOeanAtlas 2005 WOA05(Loarninietal.,2005)éumonjuntode dados
observaionaismantidopeloOeanClimateLaboratory(OCL)sendodisponibilizado
através do National Oeanographi Data Center (NODC). Ele onsta de dados de
temperatura, salinidade, oxigênio dissolvido, nutrientes, lorola, ente outros. Os
omunidade ientía os dados sofreram um tratamento através de proedimentos
de análise objetiva. Devido à ausênia de dados, muitas vezes os organizadores
doAtlasutilizaram-sede interpolaçõespolinomiaisde modoaompletaruma grade
regular. OWOA05édisponibilizadoatravésdeumalimatologiamensaleapresenta
uma resolução espaialde
1
°×
1
° em33
níveis vertiais.2.2 Metodologia
As variáveis analisadas são: temperatura potenial(
θ
) do oeano e salinidade(
S
). As saídas dos modelos disponibilizamtais variáveis emníveis vertiaisz
(m
).Iniialmenteosdadosforamre-mapeadoseinterpolados(interpolaçãolinear)para
níveis
sigma
,de maneiraapermitiranalisá-losaolongode superfíies isopinais(
σ
θ
). Comooobjetivodesseestudonãoéinvestigaravariabilidadedealtafrequênia optou-se por trabalhar om médias anuais, apesar das saídas estarem em médiasmensais. Feito isto as variáveis são analisadas através de diagramas de estado,
seções vertiais longitudinais médias e de mapas ao longo de superfíies isopinais
quearaterizam asmassas de água de interesse.
2.2.1 Estatístia Básia
Com o intuito de averiguar a onabilidade dos resultados numérios foi alulado
o erro quadrátio médio (
RMSE
) entre ada modelo e os dados observaionais(equação2.5).
RMSE
=
v
u
u
u
t
n
P
i
=
1
(
F
i
−
Obs
)
2
n
(2.5)Emque
F
i
éai-ésima medidaanualdomodelo,Obs
émédialimatológiadosdados observaionais en
é número de anos da série temporal. Essa medida nos permitePara a análise das tendênias das séries temporais foi utilizada a regressão
linear. Dada uma série temporal de uma variável
y
, para se obter a tendênialinearbusam-se funçõesquepassemomais próximopossíveldos pontosdados. Os
oeientes dessa função forneem respostas relativas às tendênias dos dados em
funçãodotempo. Porexemplo, seafunçãoenontradaquemelhorseaproximados
pontosdados for uma reta (
y
=
a
+
bx
) então, ooeienteangularb
dela forneea informação de o quanto essa reta rese om o tempo, ou seja, sua tendênia de
resimento.
Para oálulodaregressão linearéutilizadoométodo dos mínimos
quadra-dos, oqual pode utilizardiferentes urvas,tais omo:
y
=
a
+
bx
y
=
a
+
bx
+
cx
2
Para se obter a reta dos mínimos quadrados basta resolver o sistema linear de
duas equações e duas inógnitas
a
eb
:
n
n
P
i
=
1
x
i
n
P
i
=
1
x
i
n
P
i
=
1
x
2
i
·
a
b
=
n
P
i
=
1
y
i
n
P
i
=
1
x
i
y
i
,
(2.6)podendoser resolvidopelaregra de Cramer:
b
=
n
·
n
P
i
=
1
x
i
y
i
−
n
P
i
=
1
x
i
n
P
i
=
1
y
i
n
·
n
P
i
=
1
x
2
i
−
n
P
i
=
1
x
i
!
2
(2.7)a
=
n
P
i
=
1
x
2
i
n
P
i
=
1
y
i
−
n
P
i
=
1
x
i
y
i
n
P
i
=
1
x
i
n
·
n
P
i
=
1
x
2
i
−
n
P
i
=
1
x
i
!
2
(2.8)
2.2.2 Funções Ortogonais Empírias
alOrthogonalFuntions -EOF),tambémonheidoomoAnálisedeComponentes
Prinipais. Essa ténia é utilizadapara se obter os prinipais modos espaiais de
variabilidade,sua variação notempoe aquantiação daimportâniarelativa
des-ses padrões (Venegas, 2000; Bjornsson & Venegas, 1997). Nesse método busa-se
enontrarum novoonjuntodevariáveisapazde"apturar"omáximodavariânia
observada dos dados a partir de uma ombinaçãolinear das variáveis originais. O
métodojáfoiexaustivamenteutilizadoemestudoslimátiosedesriçõesmais
om-pletas,desdeoseudesenvolvimentonumérioatésuaapliabilidadesãoenontradas
em Jollie (1986); Wilks (1995); von Storh & Zwiers (2002). Em linhas gerais, a
EOFserveparareduzirumonjuntodedadosomgrandenúmerode variáveispara
umonjuntomenordenovasvariáveisquerepresenteumagrandefraçãodavariânia
ontida noonjuntooriginal.
Suponha-se medidas de erta variável (onde a média foi retirada da série) em
determinado loal
x
1
, x
2
, . . . , x
p
, nos tempost
1
, t
2
, . . . , t
n
, dispostas numa matrizF
, de forma que ada oluna tem média zero. Para ada tempot
j
(j
=
1, . . . , n
)assoia-seas medidasde
x
i
omoum ampoF
.F
=
x
11
x
12
. . . x
1p
x
21
x
22
. . . x
2p
. . . . . . . . . . . .
x
n1
x
n2
. . . x
np
(2.9)Calula-se, primeiramente, a matrizovariânia(
R
) deF
,R
=
F
t
F
(2.10)e,posteriormente, resolve-se o problema dos autovalores
RC
=
CΛ
,
(2.11)C
sãoosautovetoresdeR
orrespondentes aos autovaloresλ
i
.Λ
eC
têm dimensõesp
×
p
.Para ada autovalor
λ
i
esolhido, enontram-se o orrespondente autovetorc
i
, denominadoEOF. AprimeiraEOF éo autovetor assoiado omo maiorautovalor,a segunda EOF é assoiada om o segundo maior autovalor, subsequentemente, de
forma que os menores autovalores são tidos omo ruídos. Cada auto-valor
λ
i
, dá uma medida dafração datotal variâniaemR
expliada pelo modo. Essa fração éobtidadividindo-seo
λ
i
pela somade todos os outros autovalores(o traço deΛ
). A matriz de autovetoresC
tem a propriedade da identidadeI
, isto é,C
t
C
=
CC
t
=
I
. Isto signia que as EOF's não são orrelaionadas sobre o espaço, ou
em outras palavras, os autovetores são ortogonais entre si, originando o nome do
método Funções OrtogonaisEmpírias.
O padrão espaial obtido da EOF representa uma estrutura estaionária. Para
determinaromo a EOF1,porexemplo, osila notempo,alula-se:
~
a
1
=
F
c
~
1
.
(2.12)As
n
omponentes do vetora
~
1
são as projeções do autovetorc
~
1
na matriz o-variâniaF
dos dados. Em geral, para adaEOF
j
alulada pode-se enontrar um~
a
j
orrespondente. O vetor~
a
é denominado oeiente de expansão. Como asEOFs são ortogonaisnoespaço, osoeientes de expansão nãosão orrelaionados
no tempo, isto é, as séries temporais também são ortogonais no tempo. Pode-se
reonstruiros dados a partirdas EOFs e dos oeientes de expansão omo segue:
F
=
p
X
j
=
1
~
a
j
(
EOF
j
)
.
(2.13)Osautovaloresom suasomponentes EOF eos oeientes de expansão
onsti-tuem omodode variabilidade. Preisendorfer (1988); Hannahi etal.(2007)
Embora sejam bons desritores da variabilidade de um onjunto de dados, os
modos obtidos via EOFs não neessariamente onduzem às interpretações dos
pro-essos físios envolvidos no onjunto original de dados. A inuênia de diferentes
proessos físiospode estar ontida emum só modo(Tashetto, 2008). Vale
ressal-tarentãoqueestaténiarepresentaessenialmenteosmodosestatístiosenvolvidos
nos dados.
2.2.3 Cálulo da Densidade Potenial e Diagramas de Estado
Adensidade potenial(
ρ
θ
)éadensidadequeumapareladeáguadeomposição xaadquire quando émovida adiabatiamente(semtroas de alor) paraum dadonível de pressão (
p
). Ela pode ser obtida através da equação internaional deestado da água do mar (Millero,1980; Gill, 1982),e é função apenas da
tempe-ratura potenial, salinidade e pressão (
ρ
θ
=
ρ
θ
(
S, θ, p
)
). O método numério para o álulo dadensidade potenialé denido pelo Joint Panel on Oeanographi Ta-bles and Standards (Uneso, 1980). Como seus valores são quase sempre próximos
de
1000 kg m
−
3
, a densidade potenial é usualmente expressa em termos de uma
quantidade hamada sigma-theta -
σ
θ
- que nada mais é queσ
θ
=
ρ
θ
−
1000
. Em oeanograa,linhas de densidade potenialonstante são hamadasde isopinais.Nessetrabalhoanotação
σ
27,2
seráutilizadapara referir-seaisopinaldedensidade potenialde27, 2 kg m
−
3
.
Os diagramas de estado (
θ
−
S
) são diagramas nos quais uma urvaθ
−
S
érepresentada emumplanoartesiano, noqualosvaloresdesalinidadesão oloados
noeixodasabsissaseosdetemperaturanoeixodasordenadas. Aindasãotraçadas
as urvas de densidade potenial onstantes (isopinal). Cada ponto
(
S, θ
)
dessediagrama é denominado omo um tipo de água, enquanto uma linha/região ou
onjunto de pontos é denominada uma massa de água (Pikard & Emery, 1982).
dasmesmasforamdenidasatravésdoruzamentodasinformaçõesde temperatura,
salinidadeeisopinaldessesdiagramas. Paraadamodeloéelaboradoumdiagrama
Resultados e Disussão
Nesse apítulo são apresentados os resultados aompanhados de uma disussão dos
mesmos. Iniialmente é realizada uma validação das simulações numérias para o
enáriodoClimateof the
20
th
Centuryexperiment (203m)omosdadosdoWorld
Oean Atlas
2005
. Em seguida são mostrados osdiagramas de estado (θ
−
S
) paraos dois enários de estudo. Através deles e das seções vertiais de salinidade são
identiados osíndies termohalinose tambémasisopinaisque araterizamada
massa de água desse estudo. Após seleionadas as isopinaisde interesse, são
mos-tradas as tendênias de temperatura, salinidade e densidade apenas para os níveis
de interesse. Para umaomparação das propriedadestermohalinas entre os
resulta-dos do séulo
XX
(20c3m
) e o experimento 1% per yearCO
2
inrease experiment (to doubling) (1pctto2x
) é feita a diferença entre as médias limatológias dessesenários para ada nível isopinal. Por m, é mostrado os mapas de variabilidade
datemperaturapara ada superfíieisopinal.
3.1 Dados observaionais vs. modelos
A gura 3.1 mostra o erro quadrátio médio (
RMSE
) entre a rodada20c3m
e osor-responde aointervalo entre as isopinais de
26, 9
e28, 4 kg.m
−
3
. São mostradas as
diferençastanto para o ampo de temperaturaquanto para o ampo de salinidade.
Esses níveisforamesolhidos de formaa ompreender omáximo daregião oupada
pelas três massasde água envolvidas nesse estudo, a ÁguaIntermediária Antártia
(AIA),aÁgua ProfundaCirumpolar(CDW)eaÁguade FundoAntártia(AFA).
Os resultados de todos osmodelos apresentaram diferenças om relação à
limato-logia
WOA05
. Para a região do Oeano Austral o GFDL-CM2.1 foi o modelo queapresentou asmaioresdiferençasde temperatura(gura3.1(a)) esalinidade(gura
3.1(b)), prinipalmente entre as latitudes de
60
°S e70
°S. Já para toda a região deestudo o modelo que apresentou os maiores erros em relação à limatologia foi o
ECHAM5/MPI-OM (guras 3.1(g), 3.1(h)). As maiores diferenças foram
enon-tradas entre as latitudes de
10
°S e50
°S. Já o modelo MIROC3.2 (guras 3.1(e),3.1(f)) mostrou-se bastante próximo da limatologia, onentrando os maiores
er-ros noampo de salinidadee na região do Mar de Weddel. É importante destaar
aqui que ainda que os dados da limatologia
WOA05
sejam dados observaionais,dadosamostrados no hemisfériosule emprofundidades inferioresa
500
metros sãobem menos numerosos do que dados superiais, e muitas vezes para se ter uma
graderegular obrindo todos os níveise regiõesoeânias os organizadoresdoatlas
fazem uso de interpolações e análise objetiva (Loarnini et al., 2005). Uma outra
araterístia que já é bastante onheida dos modelos limátios são alguns
des-vios sistemátios (bias). Para a maioria das latitudes entre
200
até3000
metrosos modelos limátiosostumam superestimar a temperatura (Meehl et al., 2007).
Também na salinidadeé observado um erro sistemátio nessas profundidade,
RMS GFDL − 20c3m / OBS
Latitude
Longitude
−60
−40
−20
0
20
−70
−60
−50
−40
−30
−20
−10
0
0
1
2
3
4
5
6
(a)Temperatura-GFDL-CM2.1
RMS GFDL − 20c3m / OBS
Latitude
Longitude
−60
−40
−20
0
20
−70
−60
−50
−40
−30
−20
−10
0
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
(b)Salinidade -GFDL-CM2.1
RMS IPSL − 20c3m / OBS
Latitude
Longitude
−60
−40
−20
0
20
−70
−60
−50
−40
−30
−20
−10
0
0
1
2
3
4
5
6
() Temperatura-IPSL-CM4
RMS IPSL − 20c3m / OBS
Latitude
Longitude
−60
−40
−20
0
20
−70
−60
−50
−40
−30
−20
−10
0
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
(d) Salinidade-IPSL-CM4
RMS MIROC − 20c3m / OBS
Latitude
Longitude
−60
−40
−20
0
20
−70
−60
−50
−40
−30
−20
−10
0
0
1
2
3
4
5
6
(e) Temperatura- MIROC3.2
RMS MIROC − 20c3m / OBS
Latitude
Longitude
−60
−40
−20
0
20
−70
−60
−50
−40
−30
−20
−10
0
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
(f) Salinidade-MIROC3.2
RMS MPI − 20c3m / OBS
Latitude
Longitude
−60
−40
−20
0
20
−70
−60
−50
−40
−30
−20
−10
0
0
1
2
3
4
5
6
(g) Temperatura
-ECHAM5/MPI-OM
RMS MPI − 20c3m / OBS
Latitude
Longitude
−60
−40
−20
0
20
−70
−60
−50
−40
−30
−20
−10
0
0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1
(h) Salinidade -
ECHAM5/MPI-OM
Figura3.1: Erro quadrátio médio(RMSE)na isopinalmédia dosníveis
26, 9
≤
σ
≤
28, 4 kg.m
−
3
. As regiõesmaisavermelhadasindiam as maioresdiferenças