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Anatomia das madeiras do genero Acacia, nativas e cultivadas no Estado do Rio Grande do Sul

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JOSÉ NEWTON CARDOSO MARCHIORI

Anatomia das Madeiras do Gênero Acacia, Nativas e Cultivadas no Estado

do Rio Grande do Sul

Tese apresentada ao Curso de Pós-Gradua- ção em Engenharia Florestal do Setor de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Paraná, como requisito parcial à obten- ção do grau e Título de Doutor em Ciências Florestais

C U R I T I B A 1990

(2)

MINISTÉRIO DA EDUCAÇffO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANA

SETOR DE CIÊNCIAS AGRARIAS

COORDENAÇÃO DO CURSO DE POS-GRADUAÇAO EH ENGENHARIA FLORESTAL

P A R E C E R

O s m e m b r o s d a B a n c a E x a m i n a d o r a d e s i g n a d a p e l o C o i e g i a d o d o C u r s o d e P ó s - ^ G r a d u a ç ã o em E n g e n h a r i a F l o r e s t a l p a r a r e a l i z a r

a a r g u i ç ã o d a T e s e d e D o u t o r a d o a p r e s e n t a d a ,pe1 o c a n d i d a t o JOSE NEUTON CARDOSO MARCHIORI , sob o titulo "ANATOMIA DAS MADEIRAS DO GENERO Acacía, NATIVAS E CULTIVADAS NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL ", p a r a o b t e n ç ã o d o g r a u ' d e D o u t o r em C i ê n c i a s F l o r e s t a i s - C u r s o d e P ó s - G r a d u a ç ã o . em E n g e n h a r i a F l o r e s t a l d o S e t o r d e C i ê n c i a s A g r á r i a s d a U n i v e r s i d a d e F e d e r a i d o P a r a n á . A r e a d e c o n c e n t r a ç ã o em TECNOLOGIA E UTILIZAÇÃO DE PRODUTOS FLORESTAIS , a p ó s h a v e r a n a l i s a d o o r e f e r i d o t r a b a l h o e a r g u i d o o c a n d i d a t o , s ã o d e p a r e c e r p e l a "APROVAÇSO" d a T e s e , c o m p l e t a n d o a s s i m o s r e q u i s i t o s n e c e s s á r i o s p a r a r e c e b e r o g r a u e o D i p l o m a d e D O U T O R EM C I Ê N C I A S F L O R E S T A I S .

C u r i t i b a , 2 7 d e abril d e 1 9 9 0

P r o f a . Ü r a . M a r i a H e l e n a A c h u t t i

Prof'. D r . J o ã c y B a t i st a C h a v e s C o r r ê a P r e s i/Wente d á B a n c a

(3)

Das muitas coisas que recebi de DANIEL LENA MARCHI- ORI, e que por serem tantas, tornar-se-ia ocioso relacio ná-las neste momento; não posso deixar de lembrar o exemplo de seu obstinado amor ao trabalho.

Ao ofertar esta tese a ti, meu pai; ocorrem-me as palavras do grande poeta Jorge Luis Borges; ao reconhecer, com admirável lucidez, que "todo presente verdadeiro é recí^

proco".

Não poderia ser de outra forma ! Este estudo, que representa o maior esforço que empreendi em minha vida, dedi^

co à tua memória, com profundo carinho e saudade.

(4)

AGRADECIMENTOS

Ao Departamento de Ciências Florestais da Universi dade Federal de Santa Maria que possibilitou a realizaçao do Curso de Doutorado.

Ao Curso de Pos-Graduação em Engenharia Florestal da Universidade Federal do Paraná, em especial a seu Coorde nador, Prof. Roberto T. Hosokawa, e exemplares funcionários:

Maria de Lourdes de Silva Wos e Reinaldo Mendes de Souza.

Ao Prof. Dr. João Batista Chaves Corrêa, pela ori entação e leitura critica deste trabalho.

À Prof. Aracely Vidal Gomes, minha grande mestra , com o mais profundo e sincero reconhecimento deste seu disci_

pulo.

À Graciela I. Bolzón de Muñiz, pela amizade, cola- boraçao, orientaçao e estímulo nos momentos de crise.

Aos amigos do Laboratório de Anatomia da Madeira - Lincoln Lopes Teixeira, Soli Maria e Gláuci'a - pelos memorá- veis momentos compartilhados.

Aos funcionários da Biblioteca do Setor de Ciênci- as Agrárias da UFPR, Biblioteca Central da UFSM, Biblioteca Nacional (Rio de Janeiro) e Biblioteca do Instituto de Bota- nica Darwinion (San Isidro, Argentina), pela solicitude com que sempre fui atendido.

À CAPES, pela concessão da bolsa de estudo.

À Livone, Gaura e Daniel Neto, pelo estímulo e com preensão pelos longos dias de ausência.

iii

(5)

BIOGRAFIA

JOSÉ NEWTON CARDOSO MARCHIORI, filho de Daniel Le- n a Marchiori e Nilacyr Cardoso Marchiori, nasceu n a cidade de Jaguari, Rio Grande do Sul, no dia 2 de abril de, 1954. É casado com Li'vone Neu Marchiori e tem dois filhos: Gaura Neu Marchiori e Daniel Lena Marchiori Neto.

Realizou os cursos primario e secundario no Ginási^

o Sao José, em sua cidade natal. Cursou o Científico no C o l £ gio Estadual P r o fâ M a r i a Rocha, em Santa Maria, RS, no perío do 1969 - 1971.

Em 1972 iniciou o Curso de Engenharia Florestal na Universidade Federal de Santa Maria, graduando-se em 1975.

Ingressou em 1976 no corpo docente da UFSM como Au xiliar de Ensino, junto ao então Departamento de Engenharia Agrícola e Florestal. Atualmente é Professor Titular, do D £ partamento de Ciências Florestais, do Centro de Ciências Ru- rais da m e s m a Universidade,- onde é responsável p e l a Discipli_

na de "Anatomia da Madeira".

Realizou o Mestrado no Curso de PÓs-Graduação em Engenharia Florestal; da Universidade Federal do Paraná, n a Á r e a de Concentração "Tecnologia e Utilização de Produtos Florestais", tendo apresentado Dissertação versando sobre A - natomia de madeiras nativas, em março de 1980.

Iniciou o Doutorado em 1987,- no mesmo Curso de Pos Graduação, da Universidade Federal do Paraná.

Como pesquisador, tem publicado dezenas de traba- lhos em periódicos científicos do País, versando p r i n c i p a l - mente sobre A n a t o m i a da M a d e i r a e Fitossociologia.

iv

(6)

S U M A R I O

L I S T A DE I L U S T R A Ç Õ E S ix LISTA D E T A B E L A S xii'i LISTA DE V A R I Á V E I S E A B R E V I A T U R A S xv

R E S U M O xvi 1. I N T R O D U Ç Ã O 01

2. R E V I S Ã O D E L I T E R A T U R A 03 2.1. A B R A N G Ê N C I A DOS E S T U D O S A N A T O M I C O S 03

2.1.1. I d e n t i f i c a ç ã o e T a x o n o m í a 03 2.1.2. Em e s t u d o s filogenéti'cos 09

2.1.3. A n a t o m i a e c o l ó g i c a 13 2.2. A F A M I L I A LEGUMINOSAE 17

2.3. O G Ê N E R O ACACIA 20 2.3.1. E s t u d o s a n a t ô m i c o s no gênero Acacia 25

2.4. O G Ê N E R O ACACIA NO RIO G R A N D E DO SUL 28 2.4.1. Acacia bonariensis Gill, ex H o o k , et A r n . . 28

2.4.2. Acacia caven (Mol.) Mol. 29 2.4.3. Acacia dealbata Link 31 2.4.4. Acacia decurrens (Wendl.) W i l l d ... 31

2.4.5. Acacia farnesiana (L.) W i l l d .. 32

2.4.6. Acacia ibirocayensis M a r c h i o r i 33 2.4.7. Acacia longifolia (Andr.) W i l l d 34

v

(7)

2.4.8. Acacia mearnsii De Willd 34 2.4.9. Acacia melanoxylon R. Br 35 2.4.10. Acacia nitidifolia Speg 35 2.4.11. Acacia plumosa Lowe 36 2.4.12. Acacia podalyriaefolia A. Cunn 36

2.4.13. Acacia recurva Benth 37 2.4.14. Acacia tucumanens is Gris 37

2.4.15. Acacia velutina DC 38 3. MATERIAL E MÉTODOS 39 3.1. ESPÉCIES ESTUDADAS 39 3.1.1. Material analisado 39

3.2. MICROTÉCNICA 40 3.2.1. Preparação de lâminas de cortes a-

natômicos 40 3.2.2. Preparação de lâminas de macerado 42

3.3. DESCRIÇÕES DAS MADEIRAS E HISTOMETRIA 42

3.4. PROCESSAMENTO DOS DADOS 44

3.5. ILUSTRAÇÕES 45 4. DESCRIÇÕES ANATOMICAS 46

4.1. Acacia bonariensis Gill, ex Hook, et

Arn 46 4.2. Acacia caven (Mol.) Mol 52

4.3. Acacia dealbata Link 58 4.4. Acacia decurrens (Wendl.) Willd 63

4.5. Acacia farnesiana (L.) Willd 68

vi

(8)

4.6. Acacia ibirocayensis Marchiori 73 4.7. Acacia longifolia (Andr.) Willd 78

4.8. Acacia mearnsii De Willd 83 4.9. Acacia melanoxylon R. Br 88 4.10. Acacia nitidifolia Speg 93 4.11. Acacia plumosa Lowe . . 101 4.12. Acacia podalyriaefolia A. Cunn. 108

4.13. Acacia recurva Benth 113 4.14. Acacia tucumanensis Gris, (arbusto) 119

4.15. Acacia tucumanensis Gris, (liana) 125 4.16. Acacia velutina DC. (arbusto) 131 4.17. Acacia velutina DC. (liana) 137 5. ANALISE DOS ELEMENTOS ESTRUTURAIS DO XI-

LEMA 143 5.1. VASOS 143 5.2. PARÊNQUIMA AXIAL 150

5.3. RAIOS ... 153

5.4. FIBRAS ... .. 160

5.5. OUTROS CARACTERES 161 6. CHAVE DICOTÔMICA 164 7. CONSIDERAÇÕES ECOLOGICAS SOBRE A ESTRUTU-

RA DO LENHO 168 8. CONSIDERAÇÕES TAXONOMICAS 175

9. CONSIDERAÇÕES FILOGENÉTICAS 178 10. CONCLUSÕES

vi i

(9)

SUMMARY

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

184

APENDICES

. . . . . . . . . . . . . . . . . . .

.

. . . .

~

. . . . . .

.

.

185

APENDICE 1: MATERIAL ESTUDADO • . • . . . • . . . 186 APÊNDICE 2: DADOS QUANTITATIVOS DO XI-

LEMA

...

193

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 211

vfií

(10)

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURAS

1 LOCALIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS PONTOS DE COLETA

DO MATERIAL ESTUDADO 41 2 - 3 Acacia bonariensis 48-50

4 - 5 Acacia caven 54-55 6 - 7 Acacia ãealbata 60-61 8 - 9 Acacia decurrens 64-66 10 - 11 Acacia farnesiana 69-71 12 - 13 Acacia ibirocayensis 75-76 14 - 15 Acacia longifolia 80-81 16 - 17 Acacia mearnsii 84-86 18 - 19 Acacia melanoxylon 90-91 20 - 23 Acacia nitidifolia 94-99 24 - 26 Acacia plumosa 103-106 27 - 28 Acacia podalyriaefolia 110-112

29 - 31 Acacia recurva 115-117 32 - 33 Acacia tucumanensis (arbusto) 121-123

34 - 35 Acacia tucumanensis (liana) 127-129

ix

(11)

FIGURAS

36 - 37 Acacia velutina (arbusto ) 133-135 38 - 40 Acacia velutina (liana) 139-141

41 Percentagem dos tecidos constituintes da ma deira para as espécies estudadas do sub-gê- nero Aculeiferum Vassal e, em duas destas ,

segundo os hábitos de crescimento arbustivo

(a) e liana (1) 144 42 Percentagem dos tecidos constituintes da ma

deira para as espécies estudadas do sub-gê-

nero Acacia 145 43 Percentagem dos tecidos constituintes da ma

deira para as espécies estudadas do sub-gê-

nero Heterophyllum Vassal 146 44 Valores minimo; médio e máximo do diâmetro

de poros solitários (|J.m), para as 15 espécji es estudadas e, em duas destas, segundo os hábitos de crescimento arbustivo (a) e lia-

na (1) 148 45 Valores mínimo, médio e máximo do número de

2

poros por mm , para as 15 especies estuda- das e, em duas destas, segundo os hábitos

de crescimento arbustivo (a) e liana (1) .. 149 46 Valores mínimo, médio e máximo do comprimen

to de elementos vasculares (|xm)¿ para as 15 espécies estudadas e, em duas destas, segun do os hábitos de crescimento arbustivo (a)

e liana (1) 151

x

(12)

FIGURAS

47 Valores mínimo, médio e máximo da freqüênci a de raios (raios/mm) nas espécies estuda- das e, em duas destas, segundo os hábitos

de crescimento arbustivo (a) e liana (1) . 154 48 Valores mínimo, médio e máximo da largura

de raios multisseriados (|im) das espécies estudadas e, em duas destas, segundo os há- bitos de crescimento arbustivo (a) e liana

(1) 155 49 Percentagem das classes de raios quanto a

sua largura em numero de células, para as espécies estudadas do sub-gênero Aculeif e- rum Vassal, e segundo os hábitos de cresci-

mento arbustivo (a) e liana (1) 157 50 Percentagem das classes de raios quanto a

sua largura em numero de células, para as

espécies estudadas do sub-gênero Acacia ... 158 51 Percentagem das classes de raios quanto a

sua largura em número de células, para as espécies estudadas do sub-gênero Heterophyl_

lum Vassal 159 52 Valores mínimo, medio e máximo do comprimen

to de fibras (tim) nas especies estudadas e, em duas destas, segundo os hábitos de cres-

cimento arbustivo (a) e liana (1) 162 53 Caracteres quantitativos de Acacia tucuma-

nensis, em individuos arbustivos e lianas . 170

xi

(13)

FIGURAS

54 Caracteres quantitativos de Acacia velutina ,

em individuos arbustivos e lianas 171

xii

(14)

LISTA DE TABELAS

TABELAS

1 DADOS QUANTITATIVOS DO XILEMA DE Acacia

bonariensis Gill, ex Hook, et Arn 193

2 DADOS QUANTITATIVOS DO XILEMA DE Acacia

caven (Mol.) Mol 194

3 DADOS QUANTITATIVOS DO XILEMA DE Acacia

dealbata Link 195

4 DADOS QUANTITATIVOS DO XILEMA DE Acacia

aecurr ens (Wendl.) Willd 195

5 DADOS QUANTITATIVOS DO XILEMA DE Acacia

farnesiana (L.) Willd. 197

6 DADOS QUANTITATIVOS DO XILEMA DE Acacia

ibirocayensis Marchiori 198

7 DADOS QUANTITATIVOS DO XILEMA DE Acacia

longifolia (Andr. ) Willd 199

8 DADOS QUANTITATIVOS DO XILEMA DE Acacia

mearnsii De Willd 200

9 DADOS QUANTITATIVOS DO XILEMA DE Acacia

melanoxylon R. Br 201

10 DADOS QUANTITATIVOS DO XILEMA DE Acacia

nitidifolia Speg 202

xiii

(15)

TABELAS

11 DADOS QUANTITATIVOS DO XILEMA DE Acacia

plumosa Lowe 203

12 DADOS QUANTITATIVOS DO XILEMA DE Acacia

podalyriaefolia A. Cunn 204

13 DADOS QUANTITATIVOS DO XILEMA DE Acacia

recurva Benth 205

14 DADOS QUANTITATIVOS DO XILEMA DE ARBUS-

TOS DE Acacia tucumanensis Gri's 206

15 DADOS QUANTITATIVOS DO XILEMA DE LIANAS

DE Acacia tucumanensis Gris 207

16 DADOS QUANTITATIVOS DO XILEMA DE ARBUS-

tos de Acacia velutina DC 208

17 DADOS QUANTITATIVOS DO XILEMA DE LIANAS

DE Acacia velutina DC 209

xi'v

(16)

LISTA DE VARIÁVEIS E ABREVIATURAS

C - Comprimento céls. - células Coef. - Coeficiente

Det. - Numero de determinações E. - Espessura

F. - Fibras H - Altura L - Largura

Med. - Numero de medições 0 - Diâmetro

P.A. - Parênquima axial R. - Raios

fim - Micrômetros V. - Vasos

1-ser. - Raios unisseriados 2-ser. - Raios bisseriados 3-ser. - Raios trisseriados 4-ser. - Raios tetrasseriados

+ 4-ser. - Raios com mais de 4 células de largura

xv

(17)

RESUMO

O presente trabalho tem por objetivo o estudo ana tomico da madeira de 15 especies de Acacia, e contribuir pa ra o conhecimento taxonómico, fi'logenético e ecofisiologico do xilema secundario no Genero. As especies estudadas foram as seguintes : Acacia bonariensis Gill, ex Hook, et Arn., A_

cacia caven (Mol.) Mol., Acacia dealbata Link, Acacia decur- rens (Wendl.) Willd., Acacia farnesiana (L.) Willd., Acacia ibirocay ensis Marchiori, Acacia longifolia (Andr. ) Willd., A_

cacia mearnsii De Willd., Acacia melanoxylon R. Br., Acacia nitidifolia Speg., Acacia plumosa Lowe, Acacia podalyriaefo- lia A. Cunn., Acacia recurva Benth., Acacia tucumanensis Gris, e Acacia velutina DC. Em Acacia tucumanensis e Acacia velutina, as descrições foram feitas separadamente para indi_

víduos arbustivos e lianas, devido à ocorrência de diferen- ças estruturais relevantes na madeira, associadas aos referi_

dos hábitos de crescimento. Dentre as novidades anatômicas para o gênero, merecem destaque a ocorrência de canais celu- lares radiais em duas especies pertencentes ao sub-gênero He_

terophyllum Vassal, e de canais intercelulares axiais, em 3 das especies estudadas do mesmo sub-gênera. Foram reconheci^

das diferenças estruturais suficientes para a identificação anatômica dos três sub-gêneros propostos por Vassal, e a cor relação de diversos caracteres anatômicos com aspectos rela- tivos à ecologia e hábito de crescimento. Sob o ponto de vi^

ta da Anatomia da Madeira, constatou-se que o gênero Acacia apresenta um alto nivel de especialização, baseado em uma no tavel constância, em todas as especies investigadas, dos ca- racteres de valor filogenetico reconhecido.

xvi

(18)

1. INTRODUÇÃO

A flora brasileira notabiliza-se por sua extraordi_

nária riqueza de especies e pela abundancia de plantas lenho sas, componentes de distintas formações vegetais. A devasta- ção progressiva, que se verifica desde os primordios da colo nização e tem crescido notavelmente nos últimos tempos, tor na necessário e urgente o conhecimento mais profundo deste patrimônio, a fim de que se possa melhor preservá-lo, assegu rar uma exploração racional e garantir um aproveitamento mais eficiente do mesmo.

A anatomia da madeira ocupa um papel de destaque neste contexto, por tratar da estrutura interna da matéria prima mais importante, sob o ponto de vista econômico, dos chamados "produtos florestais". 0 estudo anatômico, além de possibilitar a identificação, fornece subsídios valiosos pa- ra o conhecimento tecnologico e utilizaçao das madeiras. A i_

dentificação de uma amostra de madeira, por sua vez, possibi_

lita a recuperação rápida de informações já adquiridas e ca talogadas sobre suas propriedades físico-mecânicas, que são mais ou menos constantes em uma mesma espécie.

Os caracteres anatômicos do lenho também estão sen do cada vez mais empregados em estudos de classificaçao e f_i logenia vegetal, tendo adquirido nas últimas décadas conside rável importância, tanto por seu significado taxonómico,quan to por seu valor na interpretação da evolução das plantas vasculares.

A estrutura da madeira reflete, por sua vez, a influência de fatores do meio em que a planta cresce, liga- dos notadamente à situação geográfica e disponibilidade de á gua. 0 estudo destes aspectos na xilogenese e habito da plan

(19)

O 2 ta tem atraído crescentemente a atençao dos anatomistas e fornecido importantes contribuições para o conhecimento da diversidade vegetal e estrategias adaptativas que garantem a sobrevivência das plantas.

Este trabalho visa o estudo anatômico da madeira de 15 espécies do gênero Acacia, entre nativas e exóticas cultivadas no Estado do Rio Grande do Sul. Trata-se do gên£

ro mais numeroso da sub-família Mimosoideae, de Legurninosae, incluindo desde sub-arbustos, arbustos e árvores, até lianas, que habitam condiçoes ecológicas distintas em seus locais de origem. 0 gênero reúne diversas espécies de grande importan cia econômica, como produtoras de madeira, gomas, tanino e outras substâncias obtidas da casca, além de plantas ornamen tais e de interesse conservacionista, sobretudo na fixaçao de dunas.

0 trabalho visa a descrição da estrutura macro e microscópica destas madeiras, o reconhecimento de caracteres anatômicos de valor taxonómico com vistas à classificaçao in terna do gênero, a análise filogenética da estrutura anatômi_

ca, e o estudo da influência do habito da planta e fatores <e cológicos em determinados aspectos do xilema.

(20)

03

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. ABRANGÊNCIA DOS ESTUDOS ANATÔMICOS

2.1.1. Identificação e Taxonomia

A identificação mediante o estudo microscópico cons titui assunto de grande interesse prático, sendo um dos obje tivos mais relevantes da Ciência da Madeira. A análise ana- tômica é particularmente importante em regiões tropicais, que associam uma grande riqueza florística, com regimes fenológi^

cos muito diferenciados entre suas numerosas espécies. Nes- tas condições, a análise estrutural da madeira pode contribu ir decisivamente para a identificação, tarefa básica e indijs pensável à atividade florestal.

A diversidade estrutural da madeira, associada com aspectos.; relativos à cor, peso, tipo de grã e figura, pro- porciona, com freqüência, elementos suficientes para a iden- tificação. Em outros casos, isto só é possível, aliando ca- racteres estruturais da madeira com aspectos dendrológicos , obtidos notadamente da casca e folhas.

A análise da estrutura da madeira também tem mos- trado grande utilidade na identificação de exsicatas de her- bário desprovidas de órgãos reprodutivos, tornando possível a determinação de espécimes estéreis até família ou gênero , simplificando desse modo a tarefa botânica. Métodos micros- cópicos são também freqüentemente necessários para confirmar identificações botânicas de amostras comerciais de plantas medicinais, madeiras, fibras, etc., e podem representar um importante papel na confirmação de adulteração, substituição e fraude. A pesquisa anatômica completa dos grupos taxonôrai

(21)

04

cos é ainda imprescindível para a identificação de restos pa

« 12 2 '

leobotânicos. De acordo com METCALFE & CHALK , estas prá ticas sao suficientes para justificar o uso de métodos anatõ micos em pesquisa taxonómica.

142

RECORD observa que a idéia de se empregar a es- trutura interna das plantas como um auxílio para a classifi- caçao vegetal e muito antiga e tem sido utilizada com fre- qüência.

A Anatomia Sistemática de madeiras se baseia em um numero mais reduzido de caracteres e espécies do que a Taxo- nomía Botânica. As informações obtidas da estrutura anatõnú ca, por este motivo, são mais apropriadas como complemento das classificações naturais, aumentando o numero de caracte- res disponíveis para comparaçao. 0 anatomista de madeiras ,

- 5 4

na opinião de CHALK , tende a comparar suas conclusoes com aquelas da Botânica Sistemática 71

De acordo com DADSWELL , a anatomia de madeiras pode ser de grande auxílio na classificação de certos gêne-

ros botánicamente incertos, no estudo do arranjo interno de famílias, e na determinação das prováveis afinidades entre famílias botânicas. 59

CHOWDHURY observa que a anatomia da madeira indi_

ca que grupos taxonómicos como ordens e famílias, nem sempre apresentam um conjunto oonstante de caracteres estruturais.

Algumas sub-famílias são, por outro lado, mais distintas do que certas famílias; outras, contudo, não mostram diferenças 54 significativas na estrutura de suas madeiras. CHALK cita como exemplo as Ordens Tiliales, Sterculiales e Malvales,n&s quais é mais fácil reconhecer uma madeira como pertencente ao grupo como um todo do que atribuí-la a uma determinada fa mília, apesar de algumas sub-famílias destes táxones serem distintas.

(22)

05

A anatomia da madeira tem mostrado maior utilidade na classificaçao interna de famílias, quando estas mostram

14-5-6

grande variabilidade estrutural. BAILEY & HOWARD , por exemplo, puderam reconhecer distintos níveis de avanço evolu cionário, e utilizaram caracteres do xilema para subdividir a familia Icacinaceae em sub-famílias e tribos anatómicamen- te distintas. A variabilidade estrutural no xilema secundá-

T r • 1 ' 166

rio de Vvoiaceae também possibilitou a TAYLOR , reforçar a

~ ' 75 divisão da sub-família Vio loideae em duas tribos. DICKISON ,

por outro lado, nao encontrou dados suficientes na estrutura da madeira em Connaraceae, para a sua classificação, por ter esta família estrutura anatômica relativamente uniforme.

A nível genérico, o xilema secundário usualmente mostra estrutura anatómica homogenea. A nivel especifico, a estrutura anatômica tem importância mais limitada, servindo 59 apenas ocasionalmente para a identificação (CHOWDHURY ).

As pequenas diferenças morfológicas que costumam distinguir espécies muito próximas nem sempre se refletem na 147 estrutura de suas madeiras. RENDLE , entretanto, destaca que nem sempre é necessário, para fins práticos, a determina ção exata da espécie, pois quando duas ou mais madeiras tem praticamente a mesma estrutura anatômica são geralmente tra-

tadas como se fossem uma única espécie para fins comerciais.

É importante notar que as características anatômi- cas com considerável valor diagnóstico em uma família não tem necessariamente valor equivalente em outra. 0 mesmo prin cípio se aplica quando se utilizam caracteres externos para proposiçoes taxonómicas.

Em identificação de madeiras é essencial discrimi- nar, dentre os caracteres anatômicos, aqueles que sao relati vãmente constantes, e os que são passíveis de variar sob d_i ferentes condiçoes de crescimento. Segundo RENDLE , e ne-147

(23)

06

c e s s á r i o u m a c o n s i d e r á v e l e x p e r i ê n c i a p a r a r e c o n h e c e r carac t e r e s de v a l o r d i a g n o s t i c o em u m a m a d e i r a , e e s t i m a r seu v a lor como t í p i c o da família, g ê n e r o ou e s p é c i e .

A p r e s e n ç a de o r n a m e n t a ç õ e s em p o n t u a ç õ e s i n t e r v a ^ c u l a r e s é, p o r e x e m p l o , c a r a c t e r í s t i c a o b s e r v a d a em f a m í l i a s i n t e i r a s o u d e t e r m i n a d o s g r u p o s d e n t r o de u m a f a m í l i a . P A N S -

1 3 4

H I N & D E Z E E U W r e p o r t a m a o c o r r ê n c i a do c a r a t e r p a r a to- das as e s p é c i e s n o r t e - a m e r i c a n a s d a f a m í l i a Leguminosae, com e x c e s s ã o de Ceróis. 0 n ú m e r o , t a m a n h o e d i s t r i b u i ç ã o d e s t a s o r n a m e n t a ç õ e s v a r i a m , ainda, c o n s i d e r a v e l m e n t e , p o d e n d o ter

» 9 1 3 3 132 v a l o r d i a g n o s t i c o (BAILEY ; O H T A N I et al. ; O H T A N I ;

177 179 V L I E T ; V L I E T & B A A S ).

A i g u m a s c a r a c t e r í s t i c a s , c o m o f r e q ü ê n c i a de p o r o s , c o m p r i m e n t o de e l e m e n t o s v a s c u l a r e s e f r a ç ã o de p a r ê n q u i m a axial, p o r o u t r o lado, p o d e m ser m a r c a d a m e n t e i n f l u e n c i a d o s

122

p e l o m e i o a m b i e n t e ( M E T C A L F E & C H A L K ).

0 d i â m e t r o de v a s o s , a p e s a r de v a r i a r s e g u n d o a po sição n a á r v o r e e com as c o n s i ç õ e s de c r e s c i m e n t o , é f r e q ü e n temente c o n s i d e r a d o i m p o r t a n t e p a r a a i d e n t i f i c a ç ã o . Q u a n t o aos r a i o s , o c a r á t e r de m a i o r u t i l i d a d e é a l a r g u r a , tanto em d i m e n s ã o l i n e a r como em n ú m e r o de c é l u l a s ; a a l t u r a pode t a m b é m ter v a l o r , p r i n c i p a l m e n t e se os .mesmos f o r e m o u m u i t o a l t o s o u m u i t o b a i x o s . A p r e s e n ç a de r a i o s e x c l u s i v a m e n t e u n i s s e r i a d o s é de g r a n d e u t i l i d a d e , p o d e n d o a u x i l i a r n a d i £ t i n ç ã o de g ê n e r o s e e s p é c i e s , e s p e c i a l m e n t e se e s t a c a r a c t e - r í s t i c a s t i v e r o c o r r ê n c i a e s p o r á d i c a no g r u p o em. q u e s t ã o 122 ( M E T C A L F E & C H A L K ).

0 c o m p r i m e n t o de e l e m e n t o s v a s c u l a r e s , p o r o s i d a - de ( d i f u s a - em a n e l ) , v a s o s a g r u p a d o s em c a d e i a s o u s o l i t á - rios, p r e s e n ç a o u a u s ê n c i a de c a n a i s i n t e r c e l u l a r e s e t i l o s , t i p o s de p a r ê n q u i m a a x i a l e p r e s e n ç a de e s t r a t i f i c a ç a o , t a m - b é m c o n s t i t u e m i m p o r t a n t e s c a r a c t e r e s p a r a a i d e n t i f i c a ç ã o 168,

de m a d e i r a s ( T I T M U S S ).

(24)

07

A u t i l i z a ç a o de c a r a c t e r í s t i c a s de v a l o r d i a g n ó s t i co r e c o n h e c i d o p o s s i b i l i t o u o d e s e n v o l v i m e n t o de u m a chave u

147 n i v e r s a l de i d e n t i f i c a ç ã o de m a d e i r a s c o m e r c i a i s . R E N D L E , e n t r e t a n t o , o p i n a que as i d e n t i f i c a ç õ e s b a s e a d a s em chaves, d e v e m ser c o n f i r m a d a s m e d i a n t e c o m p a r a ç ã o c o m u m a b o a descriL ção a n a t ô m i c a o u com u m e s p é c i m e a u t ê n t i c o . 110

K R I B S o b s e r v o u que os s i s t e m a t a s e m g e r a l nao v a l o r i z a m o s c a r a c t e r e s a n a t ô m i c o s em s e u s e s q u e m a s de c l a s -

s i f i c a ç ã o , n ã o d a n d o a d e v i d a c o n s i d e r a ç ã o a o s n u m e r o s o s es t u d o s que c o r r e l a c i o n a m c a r a c t e r e s m o r f o l ó g i c o s e a n a t ô m i - cos, em n u m e r o s a s f a m í l i a s .

A a n a t o m i a d a m a d e i r a , p o r o u t r o lado, é f r e q ü e n t £ m e n t e u t i l i z a d a p a r a o e x c l a r e c i m e n t o de p r o v á v e i s a f i n i d a - des entre g ê n e r o s o u f a m í l i a s de p o s i ç ã o t a x o n ó m i c a d u v i d o s a . E x i s t e m , c o n t u d o , a l g u m a s i m p o r t a n t e s d i s c r e p a n c i a s entre as c l a s s i f i c a ç õ e s t a x o n ó m i c a s a t u a i s e a a n a t o m i a d a m a d e i r a . 5 3 N e s t e s e n t i d o , C H A L K c o n s i d e r a i m p o r t a n t e d e t e r m i n a r onde e p o r q u e a a n a t o m i a d a m a d e i r a e a t a x o n o m í a d i v e r g e m .

1 7 5

V E S T A L o p i n a que n a o p o d e e x i s t i r u m a c l a s s i f i - cação n a t u r a l b a s e a d a somente n a a n a t o m i a v a s c u l a r . '0 princi_

pai v a l o r d a a n a t o m i a d a m a d e i r a , em ú l t i m a a n á l i s e , c o n s i s - te em f o r n e c e r u m a n o v a série de c a r a c t e r e s , o s q u a i s , c o m - b i n a d o s com o u t r o s c o n h e c i d o s , p o d e m c o n t r i b u i r p a r a o a r r a n jo n a t u r a l d a s p l a n t a s s u p e r i o r e s . P a r a B A I L E Y1 0, a u t i l i z a - ção e f e t i v a d a a n a t o m i a d a m a d e i r a n a c l a s s i f i c a ç ã o e identi_

f i c a ç ã o das e s p é c i e s a r b ó r e a s r e q u e r que s u a s i n f o r m a ç õ e s s £ jam a n a l i s a d a s e i n t e r p r e t a d a s em t e r m o s d i a g n ó s t i c o s s e g u - ros e de s i g n i f i c a n c i a , t a x o n ó m i c a .

A i d e n t i f i c a ç ã o de m a d e i r a s e a t a x o n o m í a b a s e i a m - se f u n d a m e n t a l m e n t e em d e t a l h e s d a e s t r u t u r a m a c r o e m i c r o s c o p i c a . Com a m i c r o s c o p i a e l e t r ô n i c a , a a n a t o m i a p a s s o u

(25)

08

a dispor de um poderoso meio de investigação, ampliando, com a observação de detalhes sub-microscópicos, o conjunto de caracteres disponíveis para comparação.

Novas técnicas, como as que se utilizam da computa ção eletrônica de dados, constituem também avanços tecnológi^

cos marcantes para a ciência anatômica.

172 111

VAROSSIEAU e KUKACHKA , desenvolveram, inde- pendentemente, sistemas de identificação de madeiras basea- dos na marcação de caracteres anatômicos em cartões de compu tador. Ambos os métodos utilizaram-se do princípio de múlti pia entrada. Estes métodos foram posteriormente revisados, sendo adotados por inúmeros pesquisadores em todo o mundo,

61 3 0 1 Q 2 dentre os quais, por CLARKE , BRAZIER & FRANKLIN , SUDO ,

135 130 PEARSON & WHEELER e NORMAND & PAQUIS

124

MILLER & BAAS prepararam uma lista de caracte- res para identificação computadorizada de folhosas.

Técnicas estereológicas, associadas à manipulação computadorizada de dados estatísticos, tem mostrado utilida de na identificação da madeira e distinção de especies a- fins, além de auxiliar na predição de propriedades e uso po-58 tencial de varias madeiras tropicais. CHIMELO e IFJU & CH.I M E L O1 0 9 utilizaram-se destas técnicas para caracterizar a es trutura de madeiras tropicais brasileiras.

(26)

09

2.1.2. Em estudos filogeneticos

A importância da anatomia da madeira e, particular mente, da evolução dos elementos vasculares para o conheci- mento da filogenia das angiospermas tem sido reafirmada soli_

damente por numerosas pesquisas nos últimos 70 anos.

A grande quantidade de dados sobre a estrutura de madeiras, disponíveis para estudos filogeneticos, deve-se,

76

na opinião de DICKISON , a importancia economica desta mate ria prima, à relativa facilidade de preparação (microtécni- ca) e ao fato do xilema ser freqüentemente bem preservado em espécimes de herbário e materiais fósseis, em conseqüência de suas paredes celulares rígidas. 17

Os estudos de BAILEY & TUPPER sobre a variaçao no tamanho das células traqueais em criptógamos vasculares,

8 ~ ginospermas e angiospermas, e de BAILEY , sobre as variações

no tamanho das células iniciais do câmbio em ginospermas e angiospermas, constituem importantes marcos para o estudo da filogenia da madeira. 84

Na opinião de ESAU , as tendencias evolutivas es taõ definidas de maneira mais clara no xilema secundário do que em qualquer outro tecido vegetativo. 0 grande valor des_

tas tendências deve-se ao fato de terem sido reconhecidas in dependentemente de qualquer outro sistema taxonómico existen te, estando, desta forma, livres de preconceitos sobre a re- lativa primitividade ou grau evolutivo das plantas nas quais 70 ocorrem ( CRONQUIST ). As contribuições da anatomia da ma

53-4

deira foram tratadas em diversas revisões (CHALK ; TIPPO i nr 1 O O i ri

; VESTAL ; METCALFE & CHALK ; STERN ).

104

HEYWOOD ressalta que a anatomia da madeira tem sido usada com sucesso em vários grupos de plantas, auxilian do a estabelecer a posição sistemática de famílias primiti- vas de angiospermas, desprovidas de vasos condutores, tais

(27)

10

como Winteraoeae e Trochoàenãraceae, entre outras.

1 20

McLEAN & IVIMEY-COOK observaram uma intima rela çao entre a anatomia e morfologia no estudo da evolução veg£

tal. BAILEY1 1 e M E T C A L F E1 2 1 consideram possível a constru- ção de uma classificação fenética das dicotiledóneas, refl£

tindo níveis de avanço evolutivo, com base apenas na informa ção anatômica. Uma tal classificaçao, entretanto, dificilmen te poderia ser realizada, na opinião destes autores, conside_

rando-se apenas os caracteres anatômicos do lenho.

Iío desenvolvimento de sistemas filogenéticos torna se necessário determinar a direção em que se verificam as mc5 dificações de determinado caráter e se estas sao reversíveis.

59 56 . -

Para CHOWDHURY e CHEADLE & TUCKER estas exigencias cons tituem a principal dificuldade na determinação das tendency as filogenéticas.

As tendências evolutivas em elementos vasculares foram reconhecidas com nitidez através de profundos estudos anatómico-comparativos, envolvendo tanto fósseis como mate riais vivos, análises e correlações estatísticas, e estudos ontogenéticos. A tendência evolutiva de traqueóides para e_

lementos vasculares, por este motivo, constitui-se, na opini_

104

ao de HEYW00D , na mais confiável ferramenta para o estudo da filogenia, por ser tanto fortemente unidirecional como ir reversível.

Os elementos vasculares mais primitivos tem forma semelhante a traqueóides, sendo longos, estreitos, e com nu merosas perfurações escalariformes era suas paredes terminais

(DICKISON7 5). 122

METCALFE & CHALK consideram que o tipo de placa de perfuração e um índice de especializaçao mais confiável do que o comprimento de elementos vasculares. As placas de perfuração mais primitivas são escalariformes, com numerosas

(28)

11

barras, evoluindo para o tipo reticulado e, finalmente, para / 52 v

placas de perfuraçao simples (CHALK ).

76

Para DICKISON , sao também importantes tendencias de especialização em elementos vasculares:

a) a variação no ângulo da placa de perfuração, de fortemente oblíqua (muita superposição dos ele mentos) a transversal;

b) o aumento no diámetro de poros;

c) a mudança na distribuição de poros, de solitári os a grandes agrupamentos.

COX^3 4 e ADAMS1 utilizaram a razão entre o com- primento e diâmetro médios de elementos vasculares como um índice evolutivo. A condição primitiva, neste caso, é ex- pressa por um índice elevado, ao passo que a condição rela- tivamente evoluída, corresponde a um baixo coeficiente.

Concomitante às mudanças em elementos vasculares, w /

A

ocorrem modificações nas células fusiformes do cambio vascu- lar; de longas iniciais, com muita superposição das extremi dades e que se dividem num plano psudotransversal, para ini- ciais evoluídas, que tem menor comprimento e que sofrem divi_ 76 são num plano longitudinal radial (DICKISON ).

A tendência evolutiva das pontuaçoes intervascula res vai do tipo escalariforme, para os arranjos multisseria-92 10 dos oposto e, finalmente, alterno (FROST ; BAILEY , EAMES

8 0 "

). 0 reconhecimento desta tendência, entretanto, foi con- 25

testada por BECK , com base na presença de pontuaçoes areo- ladas circulares, tanto no xilema primário como secundário, de progimnospermas coniferofíticas e pteridospermas primitif vas do Devoniano Médio.

Numerosas pesquisas tem comprovado a existência de importantes correlações entre a estrutura da madeira e fato_ 3-4 res ambientais. BAAS ressalta que os fatores climáticos

(29)

12

podem desempenhar importante papel na direção da especializa ção filogenética do xilema secundário. Segundo GRAAFF &

98

BAAS , a tendencia evolutiva de elementos vasculares longos a curtos é reversível em considerável extensão. Os últimos autores, com base no xilema de 24 gêneros de dicotiledóneas, dos quais Ilex foi o mais investigado, constataram uma forte redução no comprimento dos elementos de vaso com o aumento da latitude e altitude. A porosidade difusa, de acordo com EAMES e GIL-80

9 (3

BERT , é condição mais primitiva do que a porosidade em a- nel. Há, contudo, divergência de opinião a este respeito, sendo o caráter interpretado por alguns anatomistas como de natureza ecologico-adaptativa.

No desenvolvimento filogenético de fibras, a evolu çao procedeu-se de traqueóides a fibrotraqueóides e, destes, s a fibras libriiormes, através do aumento progressivo do com- primento celular (em relação aos elementos traqueais), acom- panhado por redução no tamanho e número de pontuaçoes (BAI- LEY & TUPPER ). Fibras libriformes ocorrem abundantemente 17 em famílias de dicotiledóneas com madeira mais especializa-

81 * da, como Legurmnosae (EAMES & McDANIELS ).

0 parênquima apotraqueal difuso é tido como primi- tivo, constituindo o padrão básico, do qual derivaram os ti_

pos paratraqueais mais evoluidos (vasicêntrico, aliforme e 54 - - confluente). Para CHALX , a ocorrência de parênquima para-

13 traqueal indica elevada especializaçao do xilema. BAILEY , entretanto, ressalta que nao há dados disponíveis para arran jar os diversos padrões de parênquima axial em uma única sé_

rie linear de especializaçao estrutural crescente. 0 signi- ficado filogenético da ausência do parênquima axial e obscu- ro (DICKISON ). 7 6

A especialização filogenetica dos raios foi estuda

(30)

13

23-4

da em detalhes por BARGHOORN . As madeiras primitivas tem raios- heterocelulares altos, que sao tanto unisseriados como muitisseriados, apresentando os últimos, longas margens u n i s s e r i a d a s A especi'alizaçao resulta na redução e perda dos multisseriados ou unisseriados, tornando-se os raios ho- mocelulares, de menor altura e, no caso de multisseriados, com margens unisseriadas reduzidas a uma única fileira de cé_

lulas. 110

KRIBS classificou os raios das dicotiledóneas de acordo com níveis distintos de especialização1 estrutural.

Sua seqüência evolutiva é de raio Heterogêneo Tipo I, o mais primitivo, para o transitório Heterogêneo Tipo II e Homogène o Tipo I, e finalmente para o altamente especializado raio Homogêneo Tipo II.

A estratificação de raios, bem como dos demais el£

mentos constituintes da madeira, representa um a-lto grau de to 122 65 8 especialização (BAILEY ; METCALFE & CHALK ; COZZO ;

69 54 COZZO & CRISTIANI ; CHALK ).

2.1.3. Anatomia Ecológica

Em todos os grupos de plantas vasculares encontram se evidencias da influência dos fatores ecológicos na evolu- ção do xilema.

A estrutura da madeira resulta de um complexo meca nismo de interação, incluindo o potencial genético e fatores do meio, que regula a atividade cambial e a morfogênese do xilema. Os principais fatores ecológicos envolvidos neste processo relacionam-se à adaptação ao grau de disponibilida- de de água e taxa transpiratória, à oscilação sazonal desta disponibilidade, e a requisitos de reforço mecânico (CARL-

45

QUIST ). A influencia do meio manifesta-se nas qualidades e propriedades da madeira, e pode intensificar, ou mesmo re

(31)

14

verter, tendencias filogenéticas estabelecidas para determi- 171 98.

nadas especies (TSOUMIS ; GRAAFF & BAAS ).

90

FORD , estudando a variabilidade era 15 especies australianas de Acacia, em diferentes habitats, comprovou a existencia de correlação entre diversos caracteres de elemen tos vasculares e fatores ambientais (ambiente mésico, xérico,

99

etc.). GREISS , por outro lado, trabalhando com ramos de Eucalyptus rostrata, Morus alba e Acacia arabica var. niloti ca, de árvores crescendo em condiçoes úmidas e secas, obser- vou, para a última espécie, que a taxa de crescimento não foi favorecida e o peso específico não aumentou sob a condição ú

mida. 40-1-2-3-4

CARLQUIST constatou que a xeromorfia en- contra-se correlacionada com elementos vasculares mais es- treitos e mais curtos, com agrupamentos de poros mais numero sos, raios mais baixos e elementos imperfurados mais curtos. 181

WEBBER observou que os arbustos do deserto e chaparral do sul da Califórnia apresentam elementos vascula- res muito mais curtos e estreitos do que na maioria das dico tiledôneas.

4 « g 153 9 y

VILLALBA , ROIG , e GOMES & MUÑIZ , entre ou- tros, observaram, em distintas especies, que a porosidade em anel ocorre em indivíduos de ambientes secos ou e produzida em anos de precipitação pluviométrica muito baixa, ao passo que as porosidades semi'-difusa e difusa, caracterizam locais mais úmidos ou anos mais chuvosos. 155

SASTRAPADJA & LAMOUREAE , por outro lado, estu- dando populações de Metrosideros (Myrtaceae) do Havaí, obser varam variações marcantes nas dimensões celulares, encontran do elementos vasculares mais curtos e estreitos nos individu *

os de pântanos montanhosos. Pontuações intervasculares pe-

< /

quenas foram encontradas principalmente em individuos de are as com baixa precipitação média anual, ao passo que pontua-

(32)

çoes grandes foram observadas em árvores crescendo em locais de elevada precipitação pluviométrica.

' 43 Em especies havaianas de Euphorbia, CARLQUIST ob

servou uma perfeita correlaçao entre o comprimento de elemen s

tos vasculares e o habitat, notadamente com a pluviosidade.

A maioria das espécies que ocorrem em áreas com elevada pre- cipitação média anual mostrou elementos, vasculares longos.

45 51 De acordo com CARLQUIST e CARLQUIST & HOEKMAN ,

a redução no comprimento de elementos vasculares tem impor- tância adaptativa por aumentar a resistência estrutural dos mesmos a fortes pressões negativas nas colunas de água do x_i lema.

7 ~ » BAAS et alii estudaram algumas tendências ecologjL

cas em vasos de espécies lenhosas de Israel e regiões adja- centes, comparando os componentes de diferentes tipos de ve- getação entre si, com informaçoes sobre madeiras de flores- tas tropicais e de monção de Java, e com a flora temperada fria mésica do noroeste da Europa. Os resultados destas comparações florísticas mostraram que o comprimento dos ele- mentos vasculares diminui de vegetações mésicas a xéricas e, dentro de floras mésicas, da região tropical a temperada fri_

a, ou latitudes árticas.

A influência da latitude e altitude na estrutura 3-4 do xilema foi analisada, entre outros, por BAAS , OEVER et

1 31 98 45 77 alii , GRAAF & BAAS , CARLQUIST e DICKISON & PHEND .

7 8

Para Ficea sitehensis, DINWOODIE observou que o comprimento de traqueóides diminui progressivamente com o au mentó da latitude. 98

GRAAFF & BAAS observaram que o aumento da latitu de ocasiona uma miniaturização das estruturas do xilema se- cundário, com a produção de elementos vasculares mais curtos e estreitos, fibras mais curtas e algumas vezes mais estrei_

(33)

16

' is tas, raios mais baixos, alen de um aumento na freqüencia de

vasos e na presença de espessamentos espiralados em suas pa redes.

WILKINS & PAPASSOTITIOU1 8 4 em estudo da variação da estrutura da madeira de Acacia melanoxylon de diferentes procedências, dentro da área de distribuição natural da esp£

cie no sudeste da Austrália e norte da Tasmania, observaram que o comprimento de elementos vasculares, a proporção de fi_

bras e proporção de raios multisseriados encontram-se positi_

vãmente relacionados com a latitude. Por outro lado, a fre- qüência de poros, diâmetro de vasos, abundância de cristais, bem como a proporção de raios unisseriados, vasos e parênqui_

ma axial, mostraram relaçao negativa com o aumento da latitu de. A proporção de tecido radial e a densidade básica nao mostraram correlaçao com a latitude.

A correlação entre anatomia do xilema e o habito 2 180 de crescimento foi abordado por AYENSU & STERN e WALSH , entre outros.

180 .

WALSH observou em Hzbxscus que especies herbá- ceas tem elementos traqueais relativamente longos em compara

. • 45 çao com especies lenhosas. CARLQUIST opina que elementos mais longos, especialmente os imperfurados, podem ser vanta-

josos para o suporte mecânico de espécies herbáceas, devido à pequena quantidade de xilema produzida nestas plantas.

Elementos vasculares curtos e de grandes diâmetros _ 2 45- sao característicos de lianas (AYENSU & STERN ; CARLQUIST

49 178 49 6

; VLIET ). CARLQUIST e BAAS & SCHWEINGRUBER referem, ainda, que lianas e xerófitas apresentam, freqüentemente, po ros de diâmetros distintos.

Em árvores de florestas tropicais de terras baixas também se encontram elementos vasculares de grandes diâme-4 tros, embora de maior comprimento. BAAS considera esta mor

(34)

fologia vascular como sendo uma adaptação ecológica em espé_

cies florestais de folhas grandes, por combinar uma abundan te disponibilidade de agua no solo com a elevada taxa trans piratória característica destas árvores.

88

FAHN & LESHEM reportam que fibras septadas vivas ocorrem principalmente em arbustos e sub-arbustos, que gera_l mente representam a vegetação lenhosa de habitats desfavorá- veis. Para estes autores, a presença destas fibras pode

ter valor adaptativo. 5

Na opinião de BAAS & CARLQUIST , o estudo da inte ração entre o complemento genético e os fatores do meio re- quer a integração de equipes multidisciplinares, sendo ainda necessário preencher muitas lacunas para se ter uma explica ção clara de todas as alternativas estruturais e estratégias ecológicas que garantem a sobrevivência das plantas.

2.2. A FAMÍLIA LEGUMINOSAE

A família Leguminosae Adans. é vasta, cosmopolita e geológicamente antiga. Encontra-se ausente apenas nas r£

giões árticas e antárticas e pobremente representada na Nova Zelândia. Os trópicos são particularmente ricos em espécies herbáceas e lenhosas desta família.

33 '

De acordo com BURKART , a familia compreende cer ca de 12.000 a 17.000 espécies em todo o mundo. POLHILL & RA

139

VEN , mais recentemente, estimaram para as leguminosas cer ca de 650 gêneros e 18.000 espécies, sendo depois de Composi_

tae e Orchidaceae, a maior família das angiospermas dicoti- ledóneas .

A família Leguminosae é polimorfa e natural. A sua unidade como grupo taxonómico, embora contestada por HUT-

107 160 70 163-4 , CHINSON , STRASBURGER , CRONQUIST e TAKHTAJAN

(35)

25 y g 83 33 tem sido defendida por BENTHAM ~ , ENGLER e BURKART

entre outros. 83

ENGLER reconhece em Legumrnosae as sub-familias Mimosoideae, Caesalpinioideae e Faboideae, nesta seqüência e

volutiva. A elevação destes taxones para a categoria de fa r > ~ 33 » mílias é, na opinião de BURKART , inadequada, devido à exis

tência de inúmeras espécies de transiça-o que impossibilitam uma delimitação satisfatória dos mesmos 70

Para CRONQUIST , o conjunto das leguminosas cor- responde à nova ordem "Fabales", composta pelas familias Mi-

, . . , 163 mosaceae, Caesalpiniaceae e Fabaceae. TAKHTAJAN também considera distintas as tres familias, designando a última.

por Papilionaceae, e incluindo-as na Ordem Leguminosales (Mi_

mosales ) .

Sob o ponto de vista da anatomia da madeira, RE- 143 157

CORD & HESS e SENN consideram vantajosa a manutençao da unidade da familia, devido à inexistência de uma linha ní_

tida de diferenciação entre as sub-familias. 6 7

COZZO , em estudo anatômico acurado e extensivo das leguminosas argentinas, constatou que as madeiras de Mi- mosoideae e Caesalpinioideae são estruturalmente mais homo- gêneas do que as de Papilionoideae, sendo dificil o estabel£

cimento de diferenciações práticas entre seus gêneros e tr£

bos. Segundo o mesmo autor, a sub-família Mimosoideae mostra, ainda, menor variação anatômica do que Caesalpinioideae. 122

METCALFE & CHALK descrevem separadamente a ana tomia das três sub-familias de Leguminosae. Segundo os mes- mos, a estrutura da madeira em Mimosaceae e menos evoluida,

sendo Papilionaceae a mais especializada. 122

Segundo METCALFE & CHALK , Mimosaceae parece ter, á primeira vista, os raios mais altamente especializados dos três grupos, pois são sempre homogêneos, compostos tipicamen

(36)

19

*

te de pequenas células procumbentes, e com unisseriados rela tivamente escassos. Os autores esclarecem melhor suas con- clusões filogenéticas dizendo que, apesar de Mimosaceae apre sentar um nível mais uniformemente alto de desenvolvimento radial, em Caesalpiniaceae e, mais especialmente, Papiliona- ceae encontram-se tanto raios ainda mais especializados, co- mo tipos menos evoluídos. 22

BARETTA-KUIPERS , em extenso estudo incluindo 35 gêneros de Mimosoideae, 85 de Caesalpinioideae e 68 de Papi-

lionoideae, constatou que a estrutura dos raios é a caracte- rística anatômica mais importante para a Taxonomia da Madei- ra em Leguminosae, e que Caesalpinioideae tem a estrutura me nos evoluída da família.- Segundo a autora, esta sub-família constitui' a base, a partir da qual' a especialização anatômi- ca progride em duas direções distintas : em direção a Mimoso_

ideae, com a especialização dos raios, e em direção a Papi- lionoideae, com a estratificação de todos os elementos. É in

33

teressante observar que BURXART chegou praticamente a mes- ma conclusão, com base na morfol'ogia externa." 144

REINDERS-GOUWENTAK realizou uma analise da es- trutura complexa da madeira de alguns gêneros da América do Sul, tirando conclusões sobre o status taxonómico das sub-fa mílias. De acordo com o autor, a distribuição do caráter es trutura estratificada torna conveniente a divisão das legumi nosas em duas familias, Mimosaceae e Papilionaceae, esta úl- tima sendo composta de duas sub-familias.

Para a caracterização anatômica da madeira dos di- ferentes táxones de Leguminosae, REINDERS-GOUWENTAK & RIJS-

145

DIJK utilizaram caracteres da estratificaçao, a estrutura e forma das células marginais dos raios.

As madeiras de Mimosoideae, segundo BARETTA-KUIPERS 22 podem ser fácilmente distinguidas pela ausencia de estra-

(37)

tifiícação de todos os elementos, e por ter raios sempre homo

' «w celulares, compostos por células procumbentes de secçao pe-

quena quando vistas em secção tangencial, e baixas, quando vistas em secção radial. A autora refere que este último aspecto é dificilmente encontrado em gêneros de Caesalpinio- ideae e Papilionoideae, estando, quando presente, associado à estratificação dos raiios.

Na identificação de tribos de leguminosas, BARETTA 21

KUIPERS destaca como importantes o tipo de raios (homocelu lares ou heterocelulares), a presença de raios uni ou multi- seriados e a ocorrência de estratificação. A distribuição do parênquima axi'al tem maior utilidade na distinção de gêne ros e espécies.

2.3. 0 GÊNERO ACACIA

0 gênero Acacia foi1 estabelecido por Miller, em 1754, com base no nome proposto por TOURNEFORT . 0 termo 170 originarse do grego "akakia", um substantivo que se traduz

123.

por ponta ou fiio (MILLER ) , e deve-se a presença conspicua de espinhos no caule e ramos de muitas de suas espécies.

As acácias habitam as regiões tropicais e subtropi cai)s da América, África, Ásia e Austrália, apresentando nes- te continente sua maior diversidade. Não se encontra repre-

~ 33 sentado nas floras da Europa e Nova Zelandia (BURKART ). 0

gênero compreende atualmente cerca de 1.200 espécies (PEDLEY

136 * ), das quais aproximadamente 700 são endêmicas da Austra-

lia (POLHILL & RAVEN ). 139 100

GUINET & VASSAL , com base na morfol'ogia compara da das espécies vivas, e na ausência de restos paleontologi- cos significativos, afirmam que a diversificação do gênero teve inicio nas regiões tropicais do oeste gondwânico, em á-

(38)

rea do atual continente americano.

Do ponto de vista taxonómico, deve-se destacar iniJ 113

cialmente que LINNAEI , no clássico "Genera PI ant arum", re uniu todas as plantas da atual sub-família Mimosoideae de que teve conhecimento no gênero Mimosa T., com exceção de A- denanthera pavonia. 0 grande botânico do século XVIII reco- nheceu para Mimosa os taxa infragenéricos Mimosae T, Acaciae T. e Inga Pl., com base na presença de legumes articulados, cilíndricos e carnosos, respectivamente. 112

LAMARK , na celebre "Encyclopédie Méthodique" or ganizada por Diderot e D'Alembert relacionou 58 espécies de Mimosa L., atribuindo a todas o nome comum de Acácia (acaci-74 e). DESFONTAINES , por sua vez, reuniu estas especies sob o gênero Acacia T. 185

WILLDENOW , com base em caracteres do fruto, sub dividiu o gênero Mimosa L., reconhecendo também os gêneros A cacia, Desmanthus, Inga e Shrankia, Para Acacia, o autor ei' ta 102 espécies, segregando-as em 5 grupos, de acordo com a morfología de folhas, inflorescencias e presença de acúleos no caule. Muitas das espécies por ele citadas passaram com o tempo a gêneros distintos, como Albizi'a e Piptadenia, entre outros.

73 ~ DE CANDOLLE restabeleceu o genero Acacia em seus limites atuais, reconhecendo 4 secções, com base na morfolo- gía de folhas e inflorescências : Phyllodineae, Congugato- pinnatae, Spiciflorae e Globiflorae.

8 2

ENDLICHER distinguiu Acacia de Vachellia Wight &

Ara., reconhecendo para o primeiro, os táxones infragenéri- cos Rhacospermae e Acacia verae,alicerçados na ocorrência ex cludente de filódios e folhas bipinadas, respectivamente.

26 ' ~ BENTHAM , em estudo detalhado das ricas coleções de leguminosas que até então haviam sido reunidas nos mais

(39)

22

*

renomados herbarios europeus, concluiu que os limites estabe lecidos entre os gêneros da sub-ordem "Mimoseae" eram muito vagos e confusos, necessitando de remodelação "ab initio" . Sob princípios diferentes,1 e dando primazia a caracteres do androceu, que até então tinham sido em grande parte desconsji derados, o grande leguminólogo do século XIX construiu uma sólida base para a Taxonomía.

A sub-ordem Mimoseae, que para Bentham tem a exten ção da atual sub-família Mimosoideae, foi subdividida pelo mesmo em 6 tribos : Parkieae, Piptadenieae, Adenantherae, Eu mimoseae, Acacieae e Ingeae. 0 gênero Acacia, único em sua tribo, foi, por sua vez, classificado em 6 séries fundamen- tais, baseadas em caracteres taxonómicos clássicos, forneci- dos pela morfología floral e do aparelho vegetativo.

A série Phyllodineae Benth. caracteriza-se pela r£

dução das folhas a filódios, os quais raramente sao ausentes.

Reúne 204 espécies da Austrália e ilhas do oceano Pacífico

26 27 (BENTHAM ). Na revisão de 1875, BEfíTHAM enumerou 277 es

péc'i'es para a série, distribui'ndo-as em 8 sub-séries distin- tas .

A série Botryocephalae Benth. compôe-se de espéci- es inermes, oriundas da mesma região geográfica da série pr£

cedente, apresentando folhas bipinadas, capítulos racémosos e pedúnculos solitários. 0 trabalho de 1842 relaciona 13 e£

pécies para esta série; no de 1875, este número foi reduzido para 10.

A Serie Pulchellae Benth. é formada por arbustos i nermes ou armados de espinhos axilares, com folhas bipinadas, e flores em capítulos globosos ou espigas cilíndricas, dis- postas axilarmente ou em racemos terminais pedunculados. Tem distribuição australásica, sendo composta por 11 (BENTHAM ) 2 6

27 '

ou 8 (BENTHAM ) espécies.

(40)

23

A Serie Gummzferae Benth. caracteriza-se pela pre sença de estípulas espinescentes, acúleos nulos e folhas bi-

' ' / 2 6 \ pinadas. A serie compoe-se de 48 especies (BENTHAM ), ori- ginárias da América, África e Ásia. Na segunda revisão, o autor ampliou o grupo para 60 espécies, agrupando-as em três

s

sub-series.

A Serie Vulgares Benth. reúne árvores e arbustos providos de estipulas nao espinescentes, acúleos infraestipu

lares esparsos ou ausentes, folhas bipinadas e pecíolo glan- dulífero. 0 trabalho de 1842 relaciona 53 espécies, distri- buídas em 5 sub-séries. Na segunda revisão, o número de es- pécies aumentou para 75 e estas foram reorganizadas em ape_

nas 4 sub-séries.

A sexta série de Acacia, denominada Filicinae, por Bentham, compõe-se de 11 espécies americanas de arbustos i- nermes, com f

olhas bipinadas e peciolo eglanduloso ( BENTHAM ). Na revisão de 1875, o mesmo autor considerou apenas 2 espécies para a série, citando-as como originárias da "regi_ 100 ao mexicana". De acordo com GUINET & VASSAL esta serie e a mais arcaica do genero, devido ao elevado numero de carac- teres indiferenciados que contem.

Diversos botânicos tem comprovado, mediante estudos comparativos, a naturalidade das séries propostas por Bentham. 39

CACCAVARI , em estudo palinologico das especies argentinas, observou que os grãos de pólem de Acacia bolivia_

na Rusby, a única do país pertencente à Serie Filicinae, di- ferem notavelmente dos grãos de polem das demais espécies a- nalisadas, tendo em comum apenas o tipo e a posição dos poros.

No mesmo trabalho, o autor constatou que as 6 espécies examina das da série Gummiferae constituem um grupo homogêneo, carac- terizado pela presença de sulcos na face distai dos graos de pólem; as 11 espécies da série Vulgares incluidas no trabalho, distinguiram-se, por sua vez, pela ausencia destes sulcos.

(41)

A classificação de Bentham foi utilizada por gran- de número de botânicos, em importantes monografias do gêne-

18 102 lee c o ro: BAILLON , HARVEY & SONDER , TAUBERT , CHEVALIER ,

85 152 33 29 60 EWART , ROBERTY , BURKART , BLACK e CIALDELLA .

19

BAKER agrupou as especies de Acacia da flora da índia em 3 séries. A série Vulgares Benth. foi mantida, mas Gummiferae foi dividida em Gummiferae Globiflorae e Gummiferae Spicatae, de acordo com a natureza das inflorescências. 159

SPEGAZZINI realizou um importante estudo sobre as espécies argentinas da tribo Acacieae, 0 autor reconhe- ceu os gêneros Manganaroat Vachellia e Acacia, incluindo den tro deste apenas as espécies com filetes estaminais completa mente livres e anteras sem glândula apical. 0 gênero Mangana roa Speg. foi caracterizado pela presença de glândula conetjL vai. Vachellia Wight & Arn. diferencia-se pela fusão dos fi_

letes estaminais em sua base. 129

NEWMAN , em estudo das especies australianas do gênero, rejeitou o sistema de Bentham, propondo uma classifi- cação original que dá primazia aos caracteres da inflorescên cia : Racemosae, Constatae, Singulares, Capitatae, Spicatae, Oblongae, etc. Esta classificação, entretanto, não teve se- guidores .

V A S S A L ^3 4 propôs uma nova classificação natural da tribo Aeaaieae, baseada em caracteres filéticos da morfo- logía da semente e plántulas. Suas observações, baseadas no estudo de 127 espécies, levaram-no a restaurar o gênero mono típico Faidherbia (F. albida (Del.) A. Chev.), e a dividir A_

cacia nos sub-gêneros Aculeiferum, Acacia e Heterophyllum.

Segundo o autor, Aculeiferum baseia-se nas séries Vulgares e Filicinae de Bentham; o sub-gênero Acacia compreende as e£

pécies da série Gummiferae Benth., com exceção de Acacia al- bida Del'., e Heterophyllum reúne as séries Phyllodineae, Bo-

(42)

tryocephalae e Pulchellae de Bentham. Esta classi'ficaçao foi 139 148-9-50 adotada por POLHILL & RAVEN e ROBBERTSE , entre ou t ro s.

No sub-gênero Beterophyllum, que agrupa a maioria das especies do genero (650-900), VASSAL reconhece 3 sec-174 ções : Beterophyllum, Uninervea e Pulchelloidea. PETTIGREW

137 ^ A t

& WATSON , mediante extensas observações anatômico-morfoló gicas e análises numéricas envolvendo 171 espécies australia nas, discorda neste aspecto de Vassal, preferindo dividir ta xonomi'camente o sub-gênero Beterophyllum em duas séries pri'n cípai's, mediante a associação das Botryocephallae Benth. , de folhas bipinadas, com as espécies filodíneas uninervadas, que formam um grupo distinto de Pulchellae Benth.

2.3.1. Estudos anatômicos no gênero Acacia

A literatura anatômica sobre madeiras de Acacia é bastante escassa em relação à importância econômica e exten- são do gênero. Mesmo em obras clássicas de anatomia da ma- deira, as referências ao gênero são bastante pobres. RECORD

143 ~

& HESS , por exemplo, nao tratam do mesmo apesar das cente_

nas de espécies nativas no continente americano.

67

COZZO , em importante estudo sobre a anatomia do lenho secundário das leguminosas mimosoídeas e cesalpinioíde_

as argentinas, observou que Acacia constitui um grupo estru- turalmente homogêneo, no qual não se registram diferenças a natômicas relevantes.- 0 autor relaciona uma série de deta lhes estruturais, colhidos da análise de 13 espécies, forn£

cendo uma chave dicotômica para a identificação das mesmas, baseada em caracteres anatômicos.

M A R C H I O R I1 1 5 estudou a anatomia da madeira e casca de Acacia caven (Mol.) Mol., Acacia tucumanensis Gris, e Acá

(43)

cia bonariensis Gill, ex Hook, et Arn. Suas observações in- dicaram grande semelhança estrutural entre as duas espécies da série Vulgares Benth. (4. tucumanensis, A. bonariensis), e diferenças importantes entre estas e A. caven, pertencente à série Gummiferae Benth. Para a distinção das 3 espécies , o autor baseou-se na presença ou não de septos em fibras, no arranjo do parênquima axial e morfología dos raios.

151

ROBBERTSE et alii , em estudo de 37 especies sul_

africanas, encontrou pouca variação na anatomia da madeira . A dimensão dos raios e, com menor importância, a presença de 2 anéis de crescimento, numero de poros por mm e a distribui- ção do parênquima axial, foram os principais caracteres uti- li'sados para a distinção dos sub-gêneros de Acacia. Os auto- res salientam que todas as 14 espécies examinadas do sub-gê- nero Aculeiferum tem raios estreitos (2-5-seriados), ao pas- so que as 23 espécies do sub-gênero Acacia caracterizam-se por terem raios mais largos (4-14-seriados).

117

MARCHIQRI , em estudo descritivo da madeira de Acacia recurva Benth., observou a presença de fibras libri- formes septadas, parênquima axial pouco abundante, fibras vi vas e de paredes finas na periferia do parênquima paratraqu£

al1, e raios predominantemente uni e biseriados. Estes carac- teres, segundo o autor, são comuns entre espécies da série Vulgares Benth.

A madeira de Acacia caven foi1 também estudada por 183 169

WTEDENBRUG .• TORTORELLI fez uma descrição mais minucuo sa da mesma, Incluindo informações sobre a distribuição geo- gráfica, caracteres botânicos e utilizações desta espécie.

A madeira de "cobi", uma espécie não determinada de Acacia, nativa no Estado do Espírito Santo, foi descrita pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas1 5 4. Foram também testadas as propriedades físico-mecânicas desta madeira, sua durabilidade natural, seu comportamento face tratamento pre

(44)

servativo, sua aptidão para a produção de celulose para pa- pel, e seu teor de substâncias voláteis e tanantes. Os re- sultados indicaram elevada resistência mecânica, baixa dura- bilidade natural e permeabilidade, qualidade razoável para a obtenção de papel, e produção de tanino e substâncias volá- teis de reduzido interesse econômico. 0 estudo tecnológico recomendou a madeira para aplicações em construção civil e u sos externos, desde que preservada.

72

DADSWELL & ECKERSLEY referiram para a madeira de Acacia melanoxylon a presença de anéis de crescimento tipica mente distintos, com densas faixas de lenho tardio; poros so

li'tários ou em curtos múltiplos radiais, vasos com diâmetro entre 100 e 300 (im, parênquima paratraqueal e raios homogène os, 1-3-seriados, com até 40 células de altura.

86

FAHN estudou a anatomia da madeira e o ritmo anu al de crescimento de Acacia tortilis e A. radâiana. As duas espécies, que são típicas de região desértica, apresentam po rosidade difusa com anéis indistintos, pontuações intervascu lares ornamentadas, raios homogêneos, fibras gelatinosas, e poros solitários, em múltiplos de 2 a 4 ou em grandes grupos 8 6 racemiformes. Para Acacia cyanophylla, FAHN referiu vasos predominantemente arranjados em múltiplos de 2 a 4, mas com grupos racemiformes e vasos solitários também comuns, pontua ções ornamentadas, ausência de anéis de crescimento e ativi- dade cambial contínua ao longo do ano. 95

GH0USE et alii' , em estudo da estrutura cambial de 6 espécies de Acacia de zonas áridas, observaram que a percentagem de células iniciais fusiformes varia de 57%, em A. nilotica, a 82?á, em A. melanoxylon. 94

GHOSH & PURKAYASTHA referem que a goma de Acacia Senegal Willd. é produzida em cistos que se desenvolvem na casca interna de algumas árvores, formando fileiras tangenci;

ais no parênquima floemático axial seriado, adjacente à regi_

ao cambial.

Referências

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