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Academic year: 2021

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Manejo florestal ecológico

J u d y M c K e a n R a n k i n *

A política f l o r e s t a l para a Amazônia deve garantir a preservação do patrimônio biótico da região, ao mesmo t e m p o que permita um desenvolvimento econômico voltado, p r i n c i - palmente, para melhorar as condições de vida do povo amazônico. Dada a grande extensão da floresta t r o p i c a l , que caracteriza a região amazônica, é lógico que um sistema de mane- j o florestal ecológico integre-se como um ele- mento chave, em qualquer política f l o r e s t a l , ou programa de desenvolvimento para esta parte do país.

Dois fatores t ê m que ser reconhecidos desde o início :

1 . a comunidade da f l o r e s t a tropical ama- zônica é um recurso não renovável (cf. Gómez- Pompa et al., 1972), porém c o m certos elemen- tos da comunidade que podem ser renovados de maneira s u s t e n t á v e l , quando tratados sob sistemas adequados de manejo e sem pres- são de uso intensivo (ex. Hopkins e t al., 1976;

Meijer, 1973);

2 . Dadas as leis e x i s t e n t e s , fatores histó- ricos, pressões populacionais e econômicas no país, a exploração da Amazônia é inevi- tável .

Diante desses fatores é preocupante que ainda não esteja definido o t i p o (ou tipos) de desenvolvimento apto e desejável, t a n t o eco- nomicamente como ecologicamente, para ser implantado na região f l o r e s t a l da bacia ama- zônica. O desafio geral no desenvolvimento de uma política f l o r e s t a l é reconciliar estes dois fatos de maneira que alcance o declarado o b j e t i v o .

OS RECURSOS DA FLORESTA A M A Z Ô N I C A A contemplação da formulação de uma política f l o r e s t a l para a Amazônia assume uma dimensão tão imensa em todos os sentidos como a região em si m e s m o . A floresta t r o p i - cal p l u v i a l , o ecossistema mais complexo no mundo, é a comunidade que domina a maioria dos 7 milhões de q u i l ô m e t r o s quadrados da

bacia amazônica, sendo a última extensão vas- ta, de floresta tropical existente no planeta.

Tão grande como a sua extensão é o seu valor para seres humanos. A comunidade da flores- ta tropical na Amazônia representa um repo- s i t ó r i o de inumeráveis espécies e linhas ge- néticas, produtos naturais, e interações eco- lógicas de coevolução entre as suas espécies, de grande utilidade atual e potencial para a agricultura (recursos genéticos de espécies domesticadas e domesticáveis, hormônios e compostos secundários para controle químico de pestes e pragas, espécies de insetos para controle biológico de pragas, e t c . ) , para a indústria (celulose, matéria-prima para cons- truções e fabricações, substitutos para produ- tos petrolíferos, etc.) e para medicina e far- macologia (fontes de compostos secundários, como alcalóides, utilizados no tratamento de doenças tais como câncer e problemas cardía- cos) .

Na escala global, a floresta tropical ama- zônica t e m um papel importante em vários dos ciclos biogeoquímicos. Por exemplo, a floresta amazônica é um elemento crítico no ciclo hidrológico da região. Cinqüenta por cento da chuva que cai na bacia amazônica v e m de água reciclada pela floresta, dinamiza- da pelo processo de evapotranspiração das plantas (Salati et al., 1978). A floresta ama- zônica é t a m b é m um grande reservatório de carbono que se fosse derrubada e queimada poderia provocar um impacto no clima global através de um aumento de C 0

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na atmosfera e as conseqüentes mudanças na temperatura ambiental ( W o o d w e l l , 1978; Stuiver, 1978).

O u t r o s s i m , a floresta tropical amazô- nica dada a sua riqueza biótica e a sua posição de um ecossistema ainda intacto é é um laboratório natural para a elucidação dos processos de evolução e os vários aspectos da biologia das suas e s p é c i e s . Tanto hoje, por exemplo, nos recentes debates sobre o papel de refúgio na evolução de espécies e a formação de comunidades, como historica-

S U P L . A C T A A M A Z Ô N I C A 9 ( 4 ) : 1 1 5 - 1 2 2 . 1 9 7 9

* Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Manaus - AM

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mente nos trabalhos de Darwin e Wallace, os estudos da floresta tropical t ê m f e i t o contri- buições chaves ao desenvolvimento da ciên- cia.

Mas, além de t u d o , a floresta tropical ama- zônica é um ecossistema f r á g i l . A comunida- de em si mesma, não é um recurso renovável ( c f . Gómez-Pompa eí al., 1972), embora que certos elementos da comunidade, por exem- plo, certas espécies de árvore, madeira de l e i , podem ser renovados quando tratados sob sistemas adequados de manejo e sem pressão de uso intensivo ( p . e . Hopkins eí al., 1976;

Maejer, 1973). A f l o r e s t a tropical da Amazó- nia é composta de uma quantidade enorme não só de espécies mas de relações ecológi- cas entre as m e s m a s . Uma das concepções errôneas e mais sérias sobre a floresta ama- zônica é que a simples presença de membros de uma espécie é suficiente para preservar a comunidade. Infelizmente, isto não é verdade.

Dada a longevidade de indivíduos de muitas espécies, por exemplo, de árvores da floresta clímax, a eliminação dos ú l t i m o s indivíduos aconteceria anos depois da perturbação que rompeu as relações ecológicas responsáveis para a manutenção da população reprodutiva e que assinalou através da extinção das inte- rações a eventual extinção da e s p é c i e . Este fenômeno implica que muitos elementos do ecossistema podem ser perdidos antes que o

impacto de uma perturbação comece a ser percebido, em t e r m o s g e r a i s .

A magnitude do ecossistema da f l o r e s t a tropical na Amazônia e na mesma hora a sua fragilidade, exige uma maior cautela em qual- quer modificação da sua composição, estrutu- ra e relações e c o l ó g i c a s .

PROBLEMAS NA FORMULAÇÃO DE U M A POLÍTICA FLORESTAL

Desde o início da época da colonização européia no século dezessete, as florestas da região amazônica v ê m sendo sujeitas a um amplo espectro de atividades de exploração com impacto ecológico desprezível, tais como a exploração extrativista de borracha, de se- ringais nativos, sorvas ou pau rosa, ao con-

grandes áreas a agroeossistemas de cultivos anuais ou pastagens. Tradicionalmente o de- senvolvimento da região amazônica deu ênfa- se à aplicação de métodos criados :

1 . nos trópicos, sob critérios de desenvol- v i m e n t o não ecológicos ( e g . desmatamentos vastos e completos, exploração predatória de madeira e outros produtos n a t u r a i s ) ;

2 . em áreas tropicais cujos comunidades e recursos naturais, já estão devastados (ex.

o sistema " t a u n g y a " ou agro-silvicultura muito utilizado nas regiões degradadas na África e no sudeste da Ásia ( c f . King, 1968);

3 . nas zonas temperadas e subtropicais com fortes mudanças de estações (ex. plan- tações homogêneas e x t e n s a s ) .

Gradualmente, está sendo reconhecido que dois destes modelos t ê m pouco potencial para realizar um " d e s e n v o l v i m e n t o " (igual a uma produção ou renda sustentável, que aumenta o padrão de vida para a população da região, aumenta a independência econômica da re- gião, etc.) da região de floresta tropical plu- vial da bacia amazônica dados numerosos pro- blemas econômicos e e c o l ó g i c o s . A s expe- riências com o primeiro e terceiro modelos indicam que há grandes problemas com a degradação de solos, queda brusca de produ- tividade, alta variabilidade da qualidade e a quantidade do produto, altos insumos em com- paração com o preço final do produto, etc. (cf.

A r k c o l l , 1979). A implantação de pastagens artificiais na zona da floresta tropical amazô- nica oferece um exemplo " c l á s s i c o " destes problemas ( F i g . 1 e 2 ) . (Fearnside, 1979;

Serrão, 1979). O segundo modelo não apre- senta a opção mais viável economicamente em áreas de floresta tropical ainda intacta como a maioria da bacia amazônica, mas t e m potencial excelente para áreas já perturbadas.

Ao mesmo tempo que falta ainda mode-

los aptos para florestas tropicais pluviais, a

região amazônica está sofrendo um esforço

acelerado em termos das extensas modifica-

ç õ e s . Isto v e m principalmente de pressões

políticas e econômicas exercidas na região

através de incentivos f i s c a i s . A estrutura eco-

nômica do sistema de incentivos, por exemplo,

no caso de grandes fazendas, permite a reali-

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rendimento do projeto em si m e s m o . Muitas vezes, isto t e m como resultado final uma área

desmatada completamente decapitalizada e não desenvolvida (Fig. 3 ) . M e s m o nos casos menos e x t r e m o s , a influência dos incentivos

Fig. 1 . Pastagens artificiais implantadas na zona da flo- resta tropical na Amazônia apresentam problemas com a manutenção de produtividades devido a erosão e compactação do solo e lixiviação [fazenda no rio Curuá- Una, Pará).

Fig. 2 . Pastagens artificiais implantadas na zona da flo- resta tropical na Amazônia com problemas de invasão de ervas daninhas (fazenda no rio Curuá-Una, Pará).

M a n e j o . . .

fiscais existentes é no sentido de descapita- lização parcial ou completa que ultrapassa a taxa de pesquisas sobre a conservação e utilização de maneira sustentável destes re- c u r s o s .

Fig. 3. Incentivos fiscais para o desmatamento de grandes áreas muitas vezes resulta na descapitalização completa da área (fazenda na Estrada Manaus-Caraca- raí, perto de Manaus, Amazonas).

Então, uma política florestal eficaz t e m que alterar esta tendência e estabelecer um novo modelo para desenvolvimento na região econômico e ecologicamente apto, para apro- veitar o potencial dos recursos nativos levan- do em conta os seus l i m i t e s . Implícito nisso é a formulação de um sistema de manejo da floresta tropical pluvial amazônica de modo e c o l ó g i c o .

RELAÇÕES ECOLÓGICAS E MANEJO FLORESTAL

Na análise de possíveis modelos para de- senvolvimento f l o r e s t a l , Rankin (1979a) elabo- rou sete características da floresta tropical pluvial que por seus singulares aspectos ou chaves no funcionamento do ecossistema, po- dem indicar o rumo dos modelos de manejo para a região florestal da bacia amazônica.

Tirou-se a conclusão de que o sistema de ma- nejo f l o r e s t a l , baseado em regeneração natu- ral das árvores, seria o mais. viável face à sua máxima similaridade com o ecossistema natural e a possibilidade de manter uma pro- dução auto-sustentávèl à longo prazo. Das características citadas nesta análise, o fato de ter-se um alto grau de coevolução de relações ecológicas entre as espécies, é o mais im- portante e entendido no contexto de um ma-

nejo florestal ecológico.

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A sobrevivência e a manutenção do estado reprodutivo das populações de muitas espé- cies dç plantas na f l o r e s t a tropical dependem quase inteiramente das relações coevolutivas com outras espécies, tais como polinizadores, dispersores de sementes, protetores contra predadores, e t c . A l g u m a s das árvores da flo- resta amazônica, de alto valor c o m e r c i a l , não podem reproduzir-se sem as interações com várias espécies de animais durante todo o ciclo de v i d a . Por exemplo, a castanha-do-Pará

(Beriholetia excelsa) depende completamente da polinização de uma espécie de abelha, que por sua vez, depende de outras espécies de árvores para pólen e néctar (Lovejoy, 1973).

Na falta de um elo desta rede de relações ou o recurso para a abelha ou o recurso poliniza- dor para a árvore, a regeneração da população não pode ser m a n t i d a . Uma vez que a casta- nha-do-Pará consegue produzir f r u t a s , a dis- persão das sementes depende das atividades de roedores silvestres que utilizam uma parte da safra como alimento enquanto dispersam o resto para lugares longe da matriz (Goodland

& Irwin, 1975). Isto diminui a probabilidade de transmissão de doenças ou pragas da ma- triz às plântulas (Janzen, 1970) e também reduz as pressões de competição intra-especí- f i c a . Interações semelhantes podem ser ci- tadas para várias outras espécies de árvores amazônicas de valor c o m e r c i a l , por exemplo, a andiroba (Carapa guianensis) com cutias (Rankin, 1979b).

O caso da castanha-do-Pará salienta o problema de preservação de espécies e con- servação de recursos bióticos de valor eco- nômico da floresta amazônica. Dado o valor das suas sementes, a derrubada de árvores de castanha-do-Pará não é permitida na Ama- zônia Legal mas a lei só protege a árvore-in- divíduo e não as condições físicas e as rela- ções ecológicas necessárias para a manuten- ção de uma população r e p r o d u t i v a . Árvores isoladas por desmatamentos t ê m pouca pro- babilidade de serem polinizadas e as suas sementes dispersadas. A probabilidade do estabelecimento de novas plantas sob tais condições é menor ainda. Sem outras provi- dências, não só a produção das sementes va- liosas mas a espécie castanha-do-Pará corre

amazônica dada a extinção das interações eco- lógicas entre a planta, a abelha, o roedor e o a m b i e n t e .

As relações coevolutivas entre as espé- cies da floresta tropical não são todas mutua- lísticas mas também não-mutualísticas como no caso da evolução de compostos secundá- rios para evitar ataques de herbívoros (Levin, 1976). Estes compostos secundários são a base de muitas das preparações farmacológi- cas de origem v e g e t a l .

Finalmente, este alto grau de coevolução de espécies permite o funcionamento de um ciclo fechado de nutrientes na floresta ama- zônica através da relação entre plantas supe- riores e os fungos micorrizas que minimiza a perda de nutrientes do ecossistema (Went &

Stark, 1968).

ESTRATÉGIA DUPLA PARA U M A POLÍTICA FLORESTAL

Na formulação de uma política florestal para o desenvolvimento das florestas da bacia amazônica, é importante reconhecer as opções para a implantação de um sistema de manejo florestal ecológico i m p l í c i t o na identificação das duas categorias principais de terras que se encontram nesta região :

1 . terras de floresta intacta (floresta vir- gem ou floresta não intensivamente explorada);

2 . terras degradadas ou subprodutivas (capoeiras, roças abandonadas, pasta- gens degradadas, florestas extrema- mente exploradas, e t c . ) .

Estas duas categorias de terras oferecem-

se como a base para uma política florestal

respaldada numa estratégia dupla como fases

de curto e longo prazo. O objetivo é que as

diretrizes a curto prazo modificariam o com-

portamento econômico atual na região para

d i m i n u i r a taxa de exploração predatória, dan-

do tempo para implementar as diretrizes mais

demoradas na sua realização e para as pesqui-

sas de longo prazo fornecerem soluções mais

definitivas, para a utilização dos recursos

renováveis e para o desenvolvimento da re-

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SISTEMA DE MANEJO FLORESTAL ECOLÓGICO

F L O R E S T A S I N T A C T A S E REGENERAÇÃO N A -

TURAL — a utilização racional de t e r r a s , com floresta tropical da Amazónia ainda intacta, representa uma meta a longo prazo na política florestal para a região. Dado o grande número de produtos e recursos que a floresta intacta dispõem, a estratégia de manejo florestal mais apropriada baseia-se em regeneração natural da f l o r e s t a após a exploração madei- reira não-intensiva (cf. Bell, 1971). Dado o fato de que a vida de uma planta ou a sus- tentação de uma população de árvores depen- de intimamente das relações e interações eco- lógicas entre a planta e seus predadores, dis- persores, polinizadores, c o m p e t i d o r e s , etc., na f l o r e s t a intacta, estes elementos t a m b é m en- tram no quadro de regeneração populacional e da manutenção de um estado de equilíbrio comunitário em floresta sob exploração por seres humanos. O s i s t e m a de manejo de re-

generação natural, que p e r m i t e o aproveita- mento de produtos e recursos, com o mínimo de perturbações das espécies e as suas inte- rações bióticas obrigatórias, oferece a maior probabilidade de auto-sustentabilidade perma- nente destes r e c u r s o s . Especificamente, c sis- tema de manejo de regeneração natural ofere- ce as vantagens de :

1 . perturbação ecológica mínima;

2 . despesas de manejo e t r a t a m e n t o pós- exploratório mínimas;

3. renda permanentemente sustentável das espécies desejáveis;

4 . não interferência com a exploração simultânea de outros produtos flores- t a i s (frutas, óleos essenciais, f i b r a s , e t c ) ;

5. manutenção intacta do " c a p i t a l " bióti- co tanto de espécies conservadas para material genético c o m o de espécies cuja utilização atualmente não é conhe- cida ou não apresenta condições eco- nômicas para exploração.

O fator crítico neste sistema é o uso não- intensivo da f l o r e s t a . Experiência indica que as diversidades de espécies na regeneração depois de exploração madereira é cada vez menor de acordo com a intensidade da explo- ração da floresta original ( F i g . 4 e 5) . Tam-

Fig. 4 . A combinação de exploração madeireira inten- siva e tratamento silvicultural pós-exploratório reduz a diversidade de espécies na regeneração (floresta tro- pical de Dipterocarpaceae e m Sarawak, Malasia depois de exploração e tratamento mostrando regeneração de apenas Anthocephalus e Macaranga com pouco poten- cial comercial).

Fig. 5. Exploração controlada e não intensiva, com le- ve tratamento silvicultural pode diminuir em até 20 anos o prazo entre os cortes de madeira numa floresta, em comparação com florestas de uso intensivo (floresta tropical de Dipterocarpaceae apresentando forte rege- neração natural de Shorea curtissii na Malásia).

M a n e j o . — 119

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bém existem indicações de que quanto maior a área perturbada, menor a diversidade de

vegetação regenerada ( M e i j e r , 1973). Estas informações juntas com o fato que a escala de perturbações na floresta intacta são de áreas relativamente pequenas sugerem como uma diretriz para a exploração de florestas t r o p i c a i s , que quanto mais intensiva a pertur- bação, menor deve ser a área perurbada para poder manter a regeneração natural adequada de floresta (Rankin. 1979 a ) .

É também importante observar que depois de anos de manejo f l o r e s t a l , via de regra, ba- seado em sistemas de tratamento s i l v i c u l t u r a l , tais como o " M a l a y a n Uniform S y s t e m " ou

" l i b e r a t i o n t h i n n i n g " , este sistema está sendo suplantado pelo sistema de manejo dando o mínimo de tratamento pós-exploratório em combinação com a exploração não intensiva, por exemplo, em floresta de caráter amazôni- co em Trinidade e Tobago (Bell, 1971) ( F i g . 6 e 7) e em algumas áreas no sudeste da Á s i a .

Fig. 6. Floresta tropical de M o r a excelsa, após a explo- ração predatória, oferece poucas condições para rege- neração natural da floresta e a possibilidade de futuras safras ( M a t u r a , Trinidad, I . O . ) .

Fig. 7. — A forte regeneração natural de M o r a excelsa admite a possibilidade de manter-se uma fonte susten- tável de madeira sob um sistema de manejo adequado e não predatório (Victoria-Mayaro Reserve, Trinidad, I . O . ) .

Este sistema de manejo, baseado em rege- neração natural da floresta, está sendo pes- quisado desde 1963 num projeto-piloto, na floresta tropical da Amazônia brasileira, com bastante êxito ( F i g . 8 ) .

TERRAS DEGRADADAS E AGRO-SILVTCULTURAIS

— as terras degradadas ou sub-produtivas na

Amazônia ( F i g . 9) já se apresentam como um

problema sério, desde que representam uma

área grande, aproximadamente o tamanho do

Estado de São Paulo (Kerr, W . c o m . p e s . ) .

A adoção da recuperação de terras degra-

dadas ou subprodutivas sob o sistema de ma-

nejo agro-silvicultural ou " t a u n g y a " (cf. King

1968), como consorciações de plantas pere-

nes ou plantas anuais com plantas perenes,

no reestabelecimento de uma vegetação natu-

ral como a fase de curto prazo de uma política

f l o r e s t a l , oferece as vantagens de aumentar a

produtividade regional agrícola e madeireira,

a conservação dos solos com a cobertura de

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plantações perenes, estabelecimento de uma vegetação com características ecológicas de- sejáveis e uma solução do problema das pres- sões de migração das áreas rurais às áreas

Fig. 8. Goupia glabra apresenta uma forte regeneração natural depois da exploração madeireira sob um sistema que conserva árvores matrizes, como fontes de semen- tes (Estação Experimental da S U D A M , Curuá-Una, Pará].

Fig. 9 . Depois da exploração predatória muitos terre- nos localizados perto de centros urbanos ficam abando- nados ou subprodutivos (floresta explorada e roças abandonadas, perto de Manaus, A m a z o n a s ) .

urbanas. Igualmente importante é que esta estratégia com ênfase em tais áreas, a curto prazo, reduz a pressão para a exploração das florestas ainda intactas para f i n s agrícolas inapropriados, como cultivos anuais e para ex- ploração madeireira intensiva, enquanto que ainda não existe um programa de manejo flo- restal suficientemente elaborado para garan- t i r a sustentabilidade de produtos florestais a longo prazo.

Outras vantagens que tornam muito válida a recuperação de terras degradadas são as se- guintes :

1 . a maioria está ao longo ou perto de vias de acesso principais, os rios ou as rodovias;

2 . a maioria está localizada perto de cen- tros de concentrações da população humana com grandes demandas para alimentos e matérias de construções;

3. as áreas já estão desmatadas, redu- zindo os custos de preparação do ter- reno para o plantio;

4 . tais áreas podem fornecer lugar para cultivos intensivos para energia, celu- lose, matéria-prima para construções, alimentos, etc. sem prejudicar mais florestas v i r g e n s .

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