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AS INTERFACES DO PLANO DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO E PLANO DE DESENVOLVIMENTO DA ESCOLA (PDE- ESCOLA).

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AS INTERFACES DO PLANO DE DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO E PLANO DE DESENVOLVIMENTO DA ESCOLA

(PDE-ESCOLA).

Elisangela Maria Pereira Schimonek – UNESP elisangela@educacaorc.com.br

Resumo

O presente trabalho tem por objetivo promover uma discussão a respeito do processo de implantação do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) e Plano de Desenvolvimento da Escola (PDE Escola), assim como analisar as conseqüências, possibilidades e limitações que os mesmos trazem para o ensino público. Convém destacar que o Plano de Desenvolvimento da Escola- PDE Escola é uma das várias ações implementadas pelo Governo Federal, inserido no atual Plano de Desenvolvimento da Educação- PDE. Neste contexto, abordaremos o PDE Escola sob égide do Plano de Desenvolvimento da Educação, destacando que o último surge no Governo Lula, com a intenção proclamada de enfrentar estruturalmente a desigualdade de oportunidades educacionais e garantir a melhoria da qualidade do ensino e, conseqüentemente, o Plano de Desenvolvimento da Escola- PDE Escola apresenta-se como uma ferramenta gerencial utilizada com o propósito de auxiliar a escola a realizar melhor o seu trabalho, viabilizando sua autonomia.

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O Planejamento Educacional constitui-se um importante mecanismo de organização e direcionamento das ações educacionais no país, sendo concebido pelo Governo Federal por meio de Planos Nacionais de Educação e legislação vigente. Este tipo de planejamento é uma forma de intervenção do Estado na educação, que gerencia e define as diretrizes da política educacional e prevê a estruturação e funcionamento do sistema.

O Planejamento Educacional constitui uma forma específica de intervenção do Estado em educação, que se relaciona, de diferentes maneiras, historicamente condicionadas, com outras formas de intervenção do Estado em educação (legislação e educação pública) visando a implantação de uma determinada política educacional do estado estabelecida com a finalidade de levar o sistema educacional a cumprir as funções que lhe são atribuídas enquanto instrumento deste mesmo Estado. (HORTA, 1987, p. 195).

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Desta forma, é fundamental reconhecer a importância da existência de um Planejamento para organizar e traçar os rumos da educação no país. Entretanto, é necessário adotar uma postura crítica e não ingênua acerca da intencionalidade do Planejamento Educacional. Este não é neutro e traz consigo mecanismos de intervenção do Estado na educação, garantindo meios para que o sistema educacional cumpra determinadas atribuições impostas pelo mesmo.

Convém ainda ressaltar, a existência de grande descontinuidade de políticas educacionais em virtude de mudanças de governos e sendo o planejamento educacional um exercício de controle do Estado sobre a educação, este, via de regra, passa por modificações, quer sejam no plano de elaboração ou no da implantação. Assim, a História da Educação Brasileira mostra que os planejamentos educacionais sofrem esta descontinuidade, ocorrendo uma fragmentação dos mesmos.

Desta forma, recentemente, em plena vigência do atual Plano Nacional de Educação, mais precisamente em março de 2007, o MEC divulga as linhas gerais do atual Plano de Desenvolvimento da Educação- PDE. Em abril do mesmo ano, o atual Ministro da Educação Fernando Haddad lança o PDE como um programa articulado para a educação, com estratégias e um conjunto de atos normativos, que apesar de centrar no Ensino Básico, traz ações para outros níveis e modalidades de ensino.

Em junho do mesmo ano, o MEC publica o documento Plano de Desenvolvimento da Educação- razões, princípios e programas, sendo alvo de muitas críticas e elogios.

De acordo com o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (apud MEC, 2007, p.3), “a educação, como sempre afirmamos, é um caminho sólido para o Brasil crescer beneficiando todo o nosso povo. O PDE é um passo grandioso neste sentido”.

O documento oficial O Plano de Desenvolvimento da Educação Razões

Princípios e Programas menciona que,

O PDE oferece uma concepção de educação alinhada aos objetivos constitucionalmente determinados à República Federativa do Brasil (...) A razão de ser do PDE está precisamente na necessidade de enfrentar estruturalmente a desigualdade oportunidades educacionais. Reduzir desigualdades sociais e regionais na educação exige pensá-la no plano do país. (MEC, 2007, p.6).

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Além disso, o aspecto exaltado pelo PDE refere-se à questão da garantia da qualidade do ensino:

O PDE foi saudado como um Plano que, finalmente, estaria disposto a enfrentar esse problema, focando prioritariamente os níveis de qualidade do ensino ministrado em todas as escolas de educação básica do país. O “Plano” mostra-se bem mais ambicioso, agregando ações que incidem sobre os mais variados aspectos da educação em seus diversos níveis e modalidades. (SAVIANI, 2007, p.1232).

Assim sendo, o PDE é visto por muitos como positivo, considerando sua singularidade e preocupação em atacar o problema qualitativo da educação brasileira, uma vez que até então, mormente no Ensino Fundamental, a ênfase dada pelas políticas educacionais foi posta na questão quantitativa.

Outro ponto importante que o concebeu como um avanço é o fato do caráter pioneiro do MEC que assumiu o papel de executor de políticas educacionais, dialogando diretamente com os municípios, estabelecendo metas, firmando convênios e repassando recursos de forma a atender os municípios considerados prioritários pelo governo federal, em virtude de fragilidades socioeconômicas que refletem nas educacionais.

O IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) passou a ter centralidade no debate sobre a qualidade de ensino.

Entretanto, algumas opiniões contrárias foram tecidas, e dentre elas podemos destacar:

1. O PDE não pode ser considerado como um Plano e sim como um programa de metas, que traz consigo um aglomerado de ações distintas e desconexas.

2. Tal Plano não foi concebido através da participação de toda a sociedade civil, fato este que vai contra aos princípios do Partido dos Trabalhadores. O interlocutor privilegiado neste processo foi o grupo Compromisso Todos Pela Educação, constituído por empresários e representantes de fundações empresariais, que trazem para a educação uma concepção de gestão empresarial. 3. O PDE é formulado de forma independente e à margem do Plano Nacional de

Educação, concebido em 2001, cujo prazo de vigência é de 10 anos.

4. Os resultados das metas implementadas serão avaliadas somente em 2022. Desta forma, o MEC está perdendo a oportunidade de estimular a avaliação sobre a adequação das políticas e ações implementadas, protelando para o futuro a responsabilidade de avaliar a eficiência das políticas educacionais.

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5. Não existe clareza e informações sobre as fontes de recursos disponíveis para financiar o PDE.

6. O PDE prioriza a Educação Básica, desconsiderando outras modalidades e níveis de ensino, ou os menciona de forma superficial.

Convém ainda ressaltar, que uma, entre as várias ações do MEC, é o PDE Escola, que foi incorporado ao PDE, mas é um programa que teve início no Governo de Fernando Henrique Cardoso, com financiamento do Banco Mundial.

O PDE Escola objetiva melhorar a qualidade de ensino das escolas prioritárias do Brasil, ou seja, escolas públicas com IDEB/2005 de até 2.7 (nas séries iniciais) e 2.8 (nos anos finais) ou com IDEB/2007 de até 3.0 (nas séries iniciais) e 2.8 (nos anos finais). É ainda considerado público-alvo do PDE Escola, as escolas públicas não prioritárias, mas que apresentaram IDEB/2007 abaixo da média nacional de até 4.2 (nas séries iniciais) e 3.8 (nos anos finais).

É importante destacar que o IDEB de cada unidade educacional é calculado tendo como base os resultados das avaliações do INEP- Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Prova Brasil e SAEB) e indicadores (taxas de aprovação, retenção e evasão).

O IDEB representa um avanço importante ao combinar os dados relativos ao rendimento dos alunos com os dados da evasão e repetência e ao possibilitar aferir, por um padrão comum em âmbito nacional, os resultados de aprendizagem de cada aluno, em cada escola. (SAVIANI, 2007, p. 1246).

Os municípios com desempenho aquém do esperado receberão apoio técnico e recursos financeiros, desde que se comprometam formalmente a cumprir as metas estabelecidas. Uma delas é fazer com que os nossos estudantes apresentem performance semelhante aos dos países desenvolvidos até 2022, ano do bicentenário da Independência Brasileira.

Assim sendo, o PDE Escola, segundo o MEC, é uma ferramenta gerencial de Planejamento Estratégico que busca uma melhor organização da escola. Além disso, viabiliza a gestão democrática e autonomia das unidades educacionais e o fortalecimento da gestão pedagógica, ou seja, busca elevar o desempenho dos alunos e da escola a partir da melhoria de sua organização e funcionamento.

De acordo com o MEC, o PDE Escola favorecerá a integração da equipe escolar, que refletirá e diagnosticará as principais dificuldades encontradas no tocante ao

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processo ensino-aprendizagem, participação dos pais e comunidade, clima escolar, gestão de pessoas, gestão de processos, infra-estrutura, resultados.

A partir daí ocorrerá a elaboração de um Plano de Suporte Estratégico que oportunizará a melhoria dos critérios de eficácia escolar, acima descritos com foco na melhoria da aprendizagem dos alunos.

Além disso, é desenvolvido pela equipe da escola, o Plano de Ações Financiáveis (PAF), através do qual, é realizado um levantamento de prioridades que requeiram a aplicação de recursos financeiros. É importante destacar que tais recursos são disponibilizados via PDDE (Programa Dinheiro Direto na Escola) para cada escola com baixo IDEB.

O PDE Escola é uma ação de melhoria da gestão escolar fundamentada centralmente na participação da comunidade. No PDE Escola, a comunidade escolar é diretamente envolvida em um plano de auto-avaliação, que diagnostica os pontos frágeis da escola e, com base neste diagnóstico traça um plano estratégico (...). (HADDAD, 2007, p. 25)

Desta forma, o Plano da Escola é desenvolvido pela própria equipe escolar com apoio técnico do Comitê Estratégico das Secretarias de Educação (Municipais ou Estaduais). Este Comitê é previamente capacitado pelo MEC, para atuar na orientação da elaboração dos planos.

Convém ressaltar que o PDE Escola também é alvo de muitas críticas, por ser um instrumento altamente burocrático, que compreende a escola sob uma perspectiva empresarial, por possuir um cunho de monitoramento constante e incapaz de garantir uma aprendizagem significativa dos alunos. É um instrumento que vislumbra o resultado e não o processo.

Ainda, possui um viés tecnicista que se contrapõe à concepção de Projeto Político Pedagógico enquanto identidade coletiva da escola. Proclama-se enquanto mecanismo que favorece o fortalecimento da autonomia da gestão das escolas, no entanto, apenas a autonomia financeira é “considerada”, tendo em vista que recursos são destinados via PDDE cabendo à equipe escolar gerenciá-lo.

Isso posto, convém destacar que tal verba é irrisória, incapaz de possibilitar a autonomia financeira da escola e, além disso, os valores a serem aplicados em cada ação do Plano de Suporte Estratégico são definidos previamente pelo MEC. O que de fato ocorre, segundo várias críticas tecidas sobre o PDE Escola, é uma desresponsabilização

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do Estado para com a Educação, em nome da garantia de uma autonomia que não existe.

Concluindo, conforme já abordado anteriormente, reconhecemos a importância dos Planejamentos Educacionais para um país, entretanto é fundamental a adoção de uma postura crítica diante dos mesmos, reconhecendo suas interfaces, limitações e possibilidades, sendo ainda imprescindível a discussão coletiva e o diálogo no redimensionamento de ações que possibilitem a garantia do direito a uma educação de qualidade.

Referências

BOSI, A.; SAVIANI, D.; MENDES, D. T.; HORTA, J. S. B. Filosofia da Educação Brasileira. São Paulo: Civilização Brasileira, 1987.

FONSECA, M. Projeto Pedagógico e o Plano de Desenvolvimento da Escola: duas concepções antagônicas de gestão escolar. Cadernos Cedes, Campinas, v. 23, n. 61, 2003.

SAVIANI, D. O Plano de Desenvolvimento da Educação: análise do projeto do MEC. Educação & Sociedade, Campinas, v. 28, n.100, p. 1231-1255, out. 2007.

SAVIANI, D. PDE – Plano de Desenvolvimento da Educação. 1ª Ed. Campinas: Autores Associados, 2009.

BRASIL. Como elaborar o Plano de Desenvolvimento da Escola. 3. Ed. Brasília: FUNDESCOLA/DIPRO/FNDE/MEC, 2006.

_______.Congresso Nacional. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, Centro Gráfico, 1988.

_______. Lei nº.9.394, de 20/12/1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 1996.

_______. Lei nº.10.127, de 09/01/ 2001. Plano Nacional de Educação. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília: Senado Federal, 2001.

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_______. Lei nº. 6094, de 24/04/2007. Dispõe sobre a implementação do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília: Senado Federal, 2007.

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