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PROCESSO: RTOrd. Acórdão 7a Turma

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Academic year: 2021

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PODER JUDICIÁRIO FEDERAL

JUSTIÇA DO TRABALHO

TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 1ª REGIÃO Gab Des Jose G da Fonseca

Av. Presidente Antonio Carlos,251 11o andar - Gab.13 Castelo Rio de Janeiro 20020-010 RJ

PROCESSO: 01318-2006-023-01-00-0 – RTOrd Acórdão

7a Turma

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Ação anulatória de multa aplicada por Fiscal de Trabalho pelo descumprimento do artigo 459, §1º da CLT.

Incontroverso o atraso no pagamento dos salários de parte de seus empregados e considerando que a União tem o poder-dever de autuar a empresa ao verificar violação à legislação trabalhista, é incontestável a aplicação da multa.

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Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso ordinário em que são partes DELTA CONSTRUÇÕES LTDA e UNIÃO, como recorrente e recorrida, respectivamente.

Trata-se de recurso ordinário interposto por DELTA CONSTRUÇÕES LTDA contra a decisão de f. 74/78, complementada a f.88, que julgou improcedentes os pedidos por ela deduzidos na ação anulatória em face da UNIÃO.

A empresa diz que a sentença merece reforma por ser inconcebível que a recorrente seja condenada ao pagamento da exorbitante multa de R$635.750,84, imposta pelo Fiscal do Trabalho, uma vez que a lavratura do Auto de Infração nº 11423676 decorreu de ato administrativo viciado, porque dito fiscal não atentou para os princípios da legalidade, proporcionalidade e razoabilidade, e não verificou os seguintes critérios: dupla visita, a reincidência do infrator, o número de empregados prejudicados, a intenção ou dolo do agente e o fato de a empresa não ter criado qualquer resistência. Diz que a multa imposta contempla a hipótese de atraso no pagamento de todos os 3.734 empregados da empresa, quando na verdade apenas 180 teriam sido supostamente prejudicados, ou seja, apenas 5%, o que fere a razoabilidade do ato, entendendo o Juízo, de forma equivocada, que a recorrente não teria comprovado que apenas parte de seus empregados foram pagos com atraso, o que não condiz com a realidade, tendo em vista que a relação dos que receberam seus salários em atraso consta do próprio auto de Infração (f.22/25), no total de 178 empregados, sendo incontroverso o fato de que apenas parte dos empregados recebeu após o 5º dia útil (f.178). Diz que há desrespeito às limitações do poder de polícia, no caso à proporcionalidade, e ausência de validade do ato. Alega que o Juízo a quo deixou de se manifestar acerca da Portaria nº 290, de 11/4/97, expedida pelo Ministério do Trabalho, que prevê no Anexo I que a multa aplicável para a infração em caso de atraso no pagamento de salário (art. 459, §1º da CLT) deve incidir sobre o número de empregados prejudicados, como não faz menção acerca do cálculo adotado pelo Fiscal, que originou a sanção administrativa e a não-manifestação sobre a necessidade de anulação do Auto de Infração importa injustificado cerceamento de defesa. Diz que, se a multa for mantida, a empresa corre sérios riscos de quebrar e insiste na nulidade do auto de infração por vício do objeto, a saber, violação aos princípios da legalidade, razoabilidade, proporcionalidade e ampla defesa e contraditório, chamando atenção para o fato de que o ato administrativo não é anulável e sim nulo pela gravidade do vício praticado, o que torna todos os atos posteriores nulos, especialmente a sentença proferida. Pede seja declarada a nulidade do Auto de Infração nº 11423676, bem como a multa respectiva no valor de R$635.750,84 ou,

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subsidiariamente, seja reduzida a multa imposta, com base no efetivo número de empregados que trabalhava na obra realizada em Barra Mansa, qual seja, 178.

Contra-razões a f. 109/110. É a síntese necessária.

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V O T O

I ¾ C O N H E C I M E N T O Recurso vindo a tempo e modo. Conheço-o.

II ¾ M É R I T O

§1º

NULIDADE DO AUTO DE INFRAÇÃO OU REDUÇÃO DA MULTA IMPOSTA

1 ¾ A autora ajuizou ação anulatória em face da UNIÃO

postulando a declaração de nulidade do Auto de Infração nº11423676, lavrado pelo Auditor Fiscal do Trabalho baseado no art. 4º da Lei nº 7.855/89 e capitulação no art. 459, §1º da CLT, e da multa imposta pela Delegacia Regional do Trabalho do Rio de Janeiro ou, subsidiariamente, a redução do valor da multa de R$635.750,84 em razão de atraso mínimo no pagamento dos salários de parte de seus empregados nos meses de maio e abril de 2005. Alega que o Auto de Infração está eivado de vício na medida em que “o poder de polícia só deve ser adotado para evitar ameaças reais ou prováveis de perturbação ao interesse público”, que “a medida deve ser adequada a impedir o dano ao interesse público” e que a regra da proporcionalidade exige “uma relação necessária entre a limitação ao direito individual e o prejuízo a ser evitado”, de modo que “os limites do poder de polícia administrativa não foram respeitados”. Acrescenta que houve violação ao principio do contraditório na medida em que não ocorreu a dupla visita prevista no artigo 627, “b” da CLT, que o Auto de Infração apresenta vício de objeto, eis que violados os princípios da legalidade, da razoabilidade, da proporcionalidade e da ampla defesa, e que a multa foi aplicada tomando por base a totalidade dos seus empregados, ou seja, 3.734, e não aqueles que efetivamente foram pagos com atraso, ou seja, 180. A ré se defende afirmando que a autora confessou o pagamento em atraso, que a aplicação da multa se deu de forma lícita e que a autora não apresentou defesa quanto ao Auto de Infração, de forma que o processo administrativo foi julgado à sua revelia, sendo que a multa foi fixada observando os parâmetros legais. Julgados

improcedentes os pedidos insurge-se a autora insistindo na reforma da sentença por ser

inconcebível que a recorrente seja condenada ao pagamento da exorbitante multa de R$635.750,84, imposta pelo Fiscal do Trabalho, uma vez que a lavratura do Auto de Infração

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nº 11423676 decorreu de ato administrativo viciado, porque dito fiscal não atentou para os princípios da legalidade, proporcionalidade e razoabilidade, e não verificou os seguintes critérios: dupla visita, a reincidência do infrator, o número de empregados prejudicados, a intenção ou dolo do agente e o fato de a empresa não ter criado qualquer resistência. Diz que a multa imposta contempla a hipótese de atraso no pagamento de todos os 3.734 empregados da empresa, quando na verdade apenas 180 teriam sido supostamente prejudicados, ou seja, apenas 5%, o que fere a razoabilidade do ato, entendendo o Juízo, de forma equivocada, que a recorrente não teria comprovado que apenas parte de seus empregados foram pagos com atraso, o que não condiz com a realidade, tendo em vista que a relação dos que receberam seus salários em atraso consta do próprio auto de Infração (f.22/25), no total de 178 empregados, sendo incontroverso o fato de que apenas parte deles recebeu após o 5º dia útil (f.178). Diz que há desrespeito às limitações do poder de polícia, no caso à proporcionalidade, e ausência de validade do ato. Afirma que o Juízo a quo deixou de se manifestar acerca da Portaria nº 290, de 11/4/97, expedida pelo Ministério do Trabalho, que prevê no Anexo I que a multa aplicável para a infração em caso de atraso no pagamento de salário (art. 459, §1º da CLT) deve incidir sobre o número de empregados prejudicados, como não faz menção acerca do cálculo adotado pelo Fiscal, que originou a sanção administrativa, e a não-manifestação sobre a necessidade de anulação do Auto de Infração importa injustificado cerceamento de defesa. Diz que, se a multa for mantida, a empresa corre sérios riscos de quebrar e insiste na nulidade do auto de infração por vício do objeto, a saber, violação aos princípios da legalidade, razoabilidade, proporcionalidade e ampla defesa e contraditório, chamando atenção para o fato de que o ato administrativo não é anulável e sim nulo pela gravidade do vício praticado, o que torna todos os atos posteriores nulos, especialmente a sentença proferida. Pede seja declarada a nulidade do Auto de Infração nº 11423676, bem como a multa respectiva no valor de R$635.750,84 ou, subsidiariamente, seja reduzida a multa imposta, com base no efetivo número de empregados que trabalhava na obra realizada em Barra Mansa, qual seja, 178.

2 ¾ O poder de polícia consiste na atividade estatal destinada a limitar o exercício dos direitos individuais em benefício do interesse público, sendo o conceito legal de tal poder dado pelo artigo 78 do Código Brasileiro Tributário. Incide em duas esferas, a saber, a administrativa e a judiciária, tendo a primeira caráter preponderantemente preventivo e a segunda caráter preponderantemente repressivo, sendo a discricionariedade, a auto-executoriedade e a coercibilidade seus atributos. Sendo um ato administrativo, o poder de polícia é limitado pela lei quanto à competência, à forma, aos fins e

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aos motivos, tendo sempre como finalidade o atendimento do interesse público. Até aqui não há controvérsia. No caso dos autos, o poder de polícia utilizado pela UNIÃO consiste no poder vinculado estabelecido pela Lei nº 7.855/89, pois efetivamente houve violação ao artigo 459, §1º da CLT, eis que comprovado por documentos e confessado pela própria autora que empregados seus foram pagos com atraso. Ora, comprovado o atraso, é cabível sem dúvida a aplicação da penalidade prevista em lei. O princípio do contraditório não foi violado, eis que a empresa foi notificada para apresentar defesa no processo administrativo, deixando decorrer o prazo in albis (f.26), razão pela qual foi considerada pelo órgão administrativo procedente a penalidade aplicada (f.28 e 29), sendo certo que poderia haver redução de 50% do valor se pago dentro de 10 dias da data da notificação (f.19). Também não há violação ao princípio do contraditório neste processo, eis que a recorrente dispôs de todos os meios legais para se defender. O Auto de Infração levou em conta o número de empregados que tiveram os salários pagos em atraso, inclusive sendo juntada lista dos mesmos (f.22/25), e não sobre o total de empregados, como alegado pela recorrente, que poderia administrativamente ter solicitado esclarecimentos sobre a forma de cálculo do valor cobrado, não apresentando ainda o valor que considera devido, requerendo apenas a anulação do ato administrativo por vícios inexistentes. Não houve ainda violação aos princípios e regras que limitam o poder de polícia, eis que a penalidade foi aplicada pela autoridade competente, sendo válido seu objeto (multa). Não foi violado também o princípio da dupla visita, eis que incabível à hipótese a aplicação do artigo 627 da CLT, eis que não se trata de promulgação de novas leis, regulamentos ou instruções ministeriais, nem a empresa foi recentemente inaugurada, eis que reconhece ter sido constituída em 1961. Também não há violação ao princípio da proporcionalidade, já que o descumprimento pela recorrente da regra do artigo 459, §1º da CLT é incontroverso, devendo ser levada em conta a dignidade da pessoa do trabalhador, que não foi respeitada quando do pagamento de salários com atraso, além do caráter punitivo e pedagógico da medida, de forma a ensinar que a violação de normas trabalhistas não compensa financeiramente. A recorrente deveria, em Juízo, desconstituir os fatos encontrados pela fiscalização para atuação através de provas, o que não conseguiu fazer, buscando apenas com alegações a declaração de nulidade do auto lavrado pela fiscalização, que atuou na forma e medida que lhe impõe a lei e as atribuições do cargo. A sentença não merece reparos e deve ser mantida na íntegra. Apelo improvido.

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em conclusão de julgamento, colhidos os demais votos, por maioria, vencido o Desembargador Fernando Antonio Zorzenon da Silva que dava provimento ao recurso para julgar procedente o pedido e determinar a nulidade do Auto de infração nº 111423676, com inversão dos ônus da sucumbência, NEGAR-LHE PROVIMENTO, tudo na conformidade da fundamentação do voto do Relator. O Desembargador Fernando Antonio Zorzenon da Silva requereu justificativa de voto.

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Rio de Janeiro, 15 de Abril de 2009.

Juiz do Trabalho Convocado Paulo Marcelo De Miranda Serrano

Relator

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